22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina I-179 – CICLO NICTEMERAL E VERTICAL DE VARIÁVEIS AMBIENTAIS NO AÇUDE EPITÁCIO PESSOA, SEMI-ÁRIDO PARAIBANO Célia Regina Diniz(1)Engenheira Química – Universidade Federal da Paraíba/ UFPB Brasil. Mestre em Engenharia Sanitária e Ambiental - UFPB. Doutoranda em Recursos Naturais - Universidade Federal de Campina Grande/UFCG. Professora Adjunta da Universidade Estadual da Paraíba/UEPB. Tel: 0 (xx) 833341147; 0(xx) 83 99739644 email: [email protected] Beatriz Susana O. de Ceballos Bioquímica – Universidade Nacional de Tucumán/Argentina. Mestre em Microbiologia e Imunologia – Escola Paulista de Medicina/SP. Doutora em Ciências - Área de Concentração Microbiologia Ambiental/ USP. Professora Adjunta/. Chefe do Laboratório de Saneamento Ambiental. UFCG/DEC/CCT/AESA Tel:0(xx) 833333011Fax:0(xx)833101011.email: [email protected] José Etham Lucena Barbosa Biólogo - Universidade Estadual da Paraíba/Brasil.Mestre em Botânica – Universidade Federal de Pernambuco. Doutor em Ecologia e Recursos Naturais – Universidade Federal de São Carlos. Professor Titular da Universidade Estadual da Paraíba/UEPB. Tel: 0(xx) 832355340; e-mail: [email protected] Annemarie Konig Bióloga - Universidade Federal de São Carlos/Brasil. Doutora em Botânica - Universidade de Liverpool/Inglaterra. Professora Adjunta Coordenadora da Área de Engenharia Sanitária e Ambiental - UFCG/DEC/CCT/AESA. Tel: 0(xx) 833101154; 0 (xx) 83 3311041- e-mail: [email protected] Endereço(1): Rua Antônio José Santiago, 115, Bloco C, Aptº 402, Condomínio Santa Bárbara II, Centenário, Campina Grande - PB, Brasil, CEP: 58.105.125. Tel.: 0xx833341147, email: [email protected] RESUMO O estudo das variações nictemerais (24 horas) tem grande importância para indicar os principais mecanismos e as interações que ocorrem em curtos períodos de tempo nos sistemas aquáticos. Este trabalho tem por objetivos estudar as variações físicas, químicas, biológicas, na superfície e na coluna d’água durante um ciclo nictemeral no Açude Epitácio Pessoa (Paraíba), no período de chuva. A amostragem ocorreu em um período de 24 horas, em cinco profundidades (100%, 50%, 1% de intensidade luminosa, intermediário e fundo). Foram analisados: temperatura da água, OD, pH, CE, turbidez, alcalinidade, bicarbonato, dureza total, cálcio, magnésio, cloretos, sódio, potássio, fósforo total, ortofosfato solúvel, DBO5 e clorofila ‘a’. A temperatura da água foi mais elevada durante o dia e na zona eufótica, com pequenas variações entre a superfície e o fundo. Houve estratificação térmica durante o dia e mistura durante a noite. OD seguiu o mesmo padrão de estratificação térmica, com perfil clinogrado. O pH, alcalinidade e bicarbonato não apresentaram variação nictemeral nem vertical acentuada. A CE foi mais elevada à noite e no hipolímnio. A turbidez foi maior no fundo do açude. Dureza, cálcio e magnésio, tiveram maiores concentrações durante o dia. Sódio e potássio foram mais elevados à noite, diminuindo com a profundidade. Cloretos e DBO5 não apresentaram um padrão definido de variação. Fósforo total aumentou com a profundidade e no período noturno. Ortofosfato solúvel foi mais elevado durante o dia, sem variações acentuadas com a profundidade. A clorofila "a" teve concentrações mais elevadas durante o dia (atividade fotossintética), diminuindo com a profundidade. A ACP mostrou que o fator 1 teve correlações positivas com magnésio e CE, e negativas com dureza, cálcio , clorofila ‘a’, OD e temperatura da água. No fator 2, houve relações negativas com sódio e potássio, e positivas com bicarbonato e cloretos. No fator 3, as associações entre variáveis não foram significativas ao nível de 10%. O agrupamento entre horas e profundidades teve como fonte de maior variabilidade as mudanças entre o dia e a noite em detrimento das variações entre a superfície e o fundo. PALAVRAS-CHAVE: Ciclo Nictemeral, Qualidade de Água, Açude do Semi-árido Paraibano. INTRODUÇÃO As interações múltiplas entre as variáveis físicas, químicas e biológicas que ocorrem no interior da massa aquática com a bacia de drenagem e com os fatores climáticos regionais determinam a qualidade da água dos corpos aquáticos. O aporte intenso de nutrientes, pelo lançamento de esgotos domésticos e industriais e com as águas de escoamento superficial de terras agropastoris, altera a qualidade dessas águas e principalmente, afeta o abastecimento humano. No Nordeste Brasileiro (1.663.230 Km2) a água é fundamental na determinação das condições de vida das populações (VIEIRA, 1999), e devido à freqüência de grandes secas, os açudes têm assumido um papel preponderante na solução para o abastecimento de água da região (GUERRA, 1981; MOLLE; CADIER, 1992). O clima semi-árido é típico do interior do Nordeste, sendo conhecido como Polígono das Secas, que corresponde a quase todo sertão nordestino, caracteriza-se por temperaturas elevadas (média de 27ºC) e chuvas relativamente escassas (médias anuais de 700 mm) e irregulares, que se concentram de 3 a 6 meses do ano (SILVA et al., 1987). Na Paraíba, destaca-se o Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), 7º29’20"S e 36º17’3"W que represa as águas dos rios Paraíba e Taperoá. Está inserido no Trópico Semi- árido, foi construído entre 1952 e 1956 na região dos Cariris Velhos, com o menor índice pluviométrico do Brasil (<100mm anuais). Possui uma área de 26.784ha, capacidade 450.421.000 m3 e volume de 150.081.000m3 (33,34% da capacidade máxima). Serve como reservatório de abastecimento d'água das cidades de Campina Grande, Pocinhos, Boqueirão, Queimadas, Caturité, Riacho de Santo Antônio e de outros centros populacionais menores, rurais e urbanos. Ao todo, beneficia uma população estimada em mais de meio milhão de pessoas (REGO; ALBUQUERQUE; RIBEIRO, 2000). Alguns estudos sazonais das variáveis físicas, químicas, biológicas e microbiológicas foram feitos neste reservatório (CEBALLOS, 1995), porém não foram analisadas suas variações nictemerias. Em regiões tropicais, as variações sazonais são meno s pronunciadas que as que ocorrem num ciclo de 24 horas (ESTEVES et al., 1988) e se caracterizam, principalmente, pela alternância de períodos de seca e de chuva. A diferença de apenas 0,5ºC entre a superfície e a parte inferior da coluna d’água, permitem que um corpo d’água em regiões tropicais apresente estratificação térmica relativamente estável (PAYNE, 1986), visto que as altas temperaturas observadas nestas regiões, fazem com que pequenas diferenças na temperatura da água correspondam a grandes diferenças de densidade (BOZELLI et al., 1992). Portanto, diferentes pesquisas têm buscado evidenciar nesses ecossistemas as modificações de qualidade que ocorrem na água ao longo do dia, já que as alterações das variáveis ambientais e o comportamento das comunidades aquáticas, neste espaço de tempo, podem ser marcantes. Os objetivos desse estudo são conhecer a amplitude de variação de parâmetros ambientais e sua influência na qualidade da água num ciclo de 24 horas, ao longo da coluna d’água, do Açude Epitácio Pessoa (Paraíba), durante a estação chuvosa, na busca de subsídios para a compreensão da dinâmica deste Açude. A complementação do estudo com ciclo nictemeral na época seca poderá servir para o planejamento do gerenciamento de ecossistemas aquáticos do semi-árido. MATERIAIS E MÉTODOS A amostragem ocorreu num período de 24 horas (28 e 29/05/2002), a intervalos de três horas em cinco profundidades: 100%, 50% e 1%, de intensidade luminosa, zona intermediária e no fundo. A transparência foi medida com o disco de Secchi, e foi usada para estimar ao longo da coluna d'água a penetrabilidade da luz e determinar a extensão da zona eufótica. As amostras de água foram coletadas com garrafa de Van Dorn (5 litros). A temperatura da água foi medida com um termômetro de reversão (0,01 de resolução). Imediatamente após as coletas, as amostras de água foram levadas ao laboratório para seu processamento. A determinação dos parâmetros físicos e químicos seguiram as determinações especificadas em APHA (1995). Foram avaliados, pH, condutividade elétrica (CE); oxigênio dissolvido (OD) pelo método de Winkler – modificação azida, DBO5 pelo método dos frascos padrões, alcalinidade (titulométrico – potenciométrico – H2SO4), a turbidez pelo método nefelométrico, bicarbonato (HCO3), dureza total, cálcio (Ca), magnésio (Mg) e cloretos (Cl-) foram medidos através do método titulométrico, sódio (Na) e potássio (K) através do fotômetro de chama, fósforo total (Pt) e ortofosfato solúvel (PO4), quantificados pelo método do ácido ascórbico e leitura em espectrofotômetro e clorofila "a" (extração a quente com metanol 90%). O tratamento estatístico dos dados foi a análise descritiva: média aritmética, desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV). A Análise de Componentes Principais (ACP) foi utilizada para ordenar a variabilidade entre as profundidades e as horas em relação as variáveis estudadas e para comparar as diferentes unidades amostrais. Foi utilizado o programa Statistics versão 5.5 (Statsoft Inc., 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO A média da temperatura da água foi de 26,1ºC e CV = 0,5% (Tab. 1, Fig.1), teve os maiores valores durante o dia (max = 26,4/11:00h e 14:00h) na zona eufótica. As diferenças entre superfície e fundo foram inferiores a 1,0ºC (14:00-17:00h), mas permitiram estratificações térmicas estáveis durante o dia. O resfriamento noturno, entre 23:00h e 08:00h, provocou mistura na coluna d’água. As concentrações de OD (Tab. 1, Fig. 2), seguiram o mesmo padrão de estratificação térmica, com amplitude de 3,4mg/l, revelando um perfil clinogrado com concentrações mais elevadas na zona eufótica (7,9 mg/l) entre 14:00 e 20:00h, e mais baixas (4,5 mg/l), na zona afótica (entre 17: 00 e 08:00h). Os maiores valores médios ocorreram durante o dia (6,6 mgO2/l) e os menores (6,4 mgO2/l) durante a noite, embora as diferenças foram pequenas. Tabela 1- Valores de tendência central, dispersão absoluta e relativa para parâmetros físicos, químicos e biológicos do açude Epitácio Pessoa - PB, período de chuva (maio/02). Estatística Temp. (ºC) pH CE m mho/cm Turbidez (UT) Alcal (mg/l) Dur (mg/l) Ca (mg/l) Mg (mg/l) HCO3 (mg/l) Média 26,1 7,1 520,0 4,3 82,3 102,1 19,4 39,3 109,4 Vmáx 26,4 8,00 533 6 90 125 46 54 128 Vmin 25,9 6,25 505 3,3 65 80 8 12 92 DP 0,14 0,4 6,1 0,6 4,1 8,9 8,0 9,1 8,1 CV 0,5% 5,6% 1,2% 12,9% 5,0% 8,8% 41,2% 23,2% 7,4% Estatística Na (mg/l) K (mg/l) Cl (mg/l) Ptot (mg/l) PO4 (mg/l) Cl "a" (m g/l) DBO5 (mg/l) OD (mg/l) Média 67,6 5,4 75,4 0,018 0,004 2,7 3,2 6,5 Vmáx 72,2 5,7 99,0 0,080 0,020 3,7 6,0 7,9 Vmin 58,3 5,0 45,0 0,000 0,000 1,7 2,0 4,5 DP 4,0 0,2 10,9 0,013 0,006 0,4 1,2 1,0 CV 5,9% 3,7% 14,5% 72,2% 150,0% 14,8% 37,5% 15,4% Figs. 1 e 2: Variação vertical e nictemeral de temperatura e OD, no Açude Epitácio Pessoa, PB. Os valores de pH (Tab. 1, Fig. 3) não apresentaram variação nictemeral nem vertical acentuada (média = 7, CV = 5,6%), típico de ambientes tamponados. A condutividade elétrica (Tab. 1, Fig. 4) variou de 533m mho/cm (02:00h) a 505m mho/cm (14:00h), sendo mais elevada no período noturno e em direção à região mais profunda. Este gradiente vertical de concentração pode estar associado ao acúmulo de íons e processo de decomposição nas regiões mais profundas. Figs. 3 e 4: Variação vertical e nictemeral de pH e CE, no Açude Epitácio Pessoa, PB. Os valores de turbidez (Tab. 1, Fig. 5) variaram de 3,3 a 6,0 UT, aumentando com a profundidade, pelo revolvimento do material no fundo do açude. Alcalinidade e Bicarbonato (Tab. 1, Figs. 6, 7) não apresentaram variação nictemeral nem vertical acentuada. Dureza (média = 102,1 mg/l, CV = 8,8%) cálcio (média = 19,4 mg/l, CV = 41,2%) e magnésio (média = 39,3 mg/l, CV = 23,2%) tiveram maiores concentrações durante o dia (Tab. 1, Figs. 8, 9, 10). Figs. 5, 6, 7, 8, 9, 10: Variação vertical e nictemeral de Turbidez, Alcalinidade, Bicarbonato, Dureza, Cálcio e Magnésio no Açude Epitácio Pessoa, PB. As concentrações de sódio (Tab. 1, Fig. 11) foram mais elevadas à noite (70mg/l) e inferiores no hipolímnio (65,3mg/l). Potássio (Tab. 1, Fig. 12) teve comportamento semelhante, variando pouco: entre 5,7 e 5mg/l. Cloretos (Tab. 1, Fig. 13) e DBO5 (Tab. 1, Fig. 14) não apresentaram um padrão definido de variação. A DBO5 apresentou valores baixos (média = 3,2mg/l). Figs. 11, 12, 13, 14: Variação vertical e nictemeral de Sódio, Potássio, Cloretos e DBO5 no Açude Epitácio Pessoa, PB. Fósforo total (Tab. 1, Fig. 15) variou entre min = 0,0mg/l e max = 0,08mg/l (média = 0,018 mg/l, CV = 72,2%) sendo crescente com a profundidade e com a chegada da noite. O aumento da concentração de fósforo total com a profundidade pode estar relacionado com baixas concentrações de OD na parte inferior da coluna d’água. Os valores médios de ortofosfato solúvel (Tab. 1, Fig. 16) apresentaram média = 0,004 mg/l e CV = 150%, e foram mais altos durante o dia (0,006mg/l), não havendo variações acentuadas com a profundidade. Figs. 15, 16: Variação vertical e nictemeral de Fósforo Total e Ortofosfato Solúvel, no Açude Epitácio Pessoa, PB. A clorofila ‘a’ (Tab. 1, Fig. 17) variou entre 3,7m g/l e 1,7m g/l (média = 2,7m g/l, CV = 14,8%) , com valores mais elevados durante o dia, pela atividade fotossintética, decrescendo com o aumento da profundidade devido a atenuação da luz solar. Figs. 17: Variação vertical e nictemeral da Clorofila ‘a’, no Açude Epitácio Pessoa, PB. A ACP mostrou que os três primeiros fatores acumulam 44% da variância do sistema, como ilustra a Tabela 2. O fator 1 (Tab. 3, Fig. 19) apresentou associações positivas com Mg e CE, e negativas com dureza, Ca, clorofila ‘a’, OD e temperatura da água. No fator 2 (Tab. 3, Fig. 19), as relações significativas estabeleceram-se negativamente com o Na e K, e positivas com HCO3 e cloretos. Para o fator 3, a disposição gráfica manteve-se inalterada, no entanto, as associações entre variáveis foram baixas (não significativas ao nível de 10%). A forte variabilidade horária e vertical das variáveis, contribuiu para que a maioria das Componentes Principais representem apenas sinais aleatórios, sendo não consideradas pelo critério de Kaiser; e as três únicas significativas acumulem relativamente pouca variância. O agrupamento entre horas e profundidades teve como fonte de maior variabilidade as mudanças temporais (dia/noite) em detrimento das espaciais (superfície/fundo). O componente 2, segregou positivamente os horários de luz correspondentes às maiores concentrações de Ca, Mg, HCO3 e turbidez da água, e negativamente os horários noturnos e sua relação com os íons K e Na. Nas Figs. 18 e 19 a dinâmica dos íons Ca, Mg, HCO3 e cloretos em escalas horárias, têm relação com as propriedades geológicas da bacia de drenagem que favorecem a presença de uma água de dureza elevada assim como as variáveis DBO5, CE e cloretos se relacionam com a entrada de esgotos. Tabela 2– Autovalores dos três componentes principais extraídos através da Análise de Componentes Principais (ACP) dos dados da nictemeral do eixo vertical do açude Epitácio Pessoa, período de chuva, 2002. Extração Autovalores % de variância Autovalores acumulado % de acumulação 1 3,7 19,5 3,7 19,5 2 2,7 14,1 6,4 33,6 3 2,0 10,6 8,4 44,1 Tabela 3 – Coeficientes de correlações entre as variáveis físicas, químicas e biológicas analisadas e os três primeiros eixos da ordenaçãona ACP para a distribuição da nictemeral no eixo vertical do açude Epitácio Pessoa, no período da chuva, 2002. Componentes Principais Variáveis Fator 1 Fator 2 Fator 3 Variáveis Fator 1 Fator 2 Fator 3 Temperat. -0,472 -0,158 0,669 HCO3 0,061 0,498 0,184 pH -0,150 -0,414 -0,275 Na 0,218 -0,854 -0,042 CE 0,541 0,242 0,168 K -0,050 -0,846 -0,085 Turbidez -0,265 0,079 -0,686 Cl0,336 0,461 -0,069 Alcal. -0,294 -0,066 -0,183 Pt 0,360 -0,094 -0,401 Dureza -0,467 0,424 -0,003 PO4 -0,499 0,031 -0,425 Ca -0,821 0,121 -0,226 Clor_"a" -0,673 0,159 0,117 Mg 0,837 0,017 0,186 DBO5 0,293 0,246 -0,050 OD -0,508 -0,282 0,637 Fig. 18. Ordenação (ACP) dos horários e profundidade para o Açude Epitácio Pessoa, O número representa o horário e as letras as profundidades (A=superfície; B=3,5m; C=5m; D = 10m;E=20m). Fig. 19. Ordenação (ACP) das Variáveis Físicas, Químicas e Biológicas, no Açude Epitácio Pessoa, PB. CONCLUSÕES O açude Epitácio Pessoa apresentou estratificação térmica estável no período iluminado, apesar da baixa amplitude de variação entre a superfície e o fundo, devido às altas temperaturas das regiões semi-áridas, que possibilitam que pequenas amplitudes de temperatura na água correspondam a grandes diferenças na sua densidade. O comportamento de OD seguiu o da temperatura, onde os valores mais elevados durante o dia (zona eufótica), podem estar associados à atividade fotossintética, evidenciada pelos resultados de clorofila "a". Dos parâmetros restantes, alguns (pH, turbidez e alcalinidade) tiveram poucas variações ao longo do dia enquanto outros cresceram à noite e com a profundidade (CE, fósforo total) e outros nas horas de luz (ortofosfato solúvel, dureza, cálcio, magnésio e bicarbonato). A análise de componentes principais apresentou (ACP) como fonte de maior variabilidade as mudanças temporais (dia/noite) em detrimento das espaciais (superfície/fundo). Os ventos, correntes e o funcionamento hidráulico da represa são funções de força consideráveis à variabilidade dos parâmetros analisados na escala tempo-espaço nictemeral/vertical o que, certamente, propiciou a redução da inércia hidrodinâmica do sistema. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION - Standard Methods for Examination of Water and Wastewater. 19th ed. Washington D. C.: American Public Health Association, 1995, 1600p. BOZELLI, R. L.; THOMAZ, S. M.; ROLAND, F.; ESTEVES, F. A. Variações nictemerais e sazonais de alguns fatores limnológicos na represa municipal de São José do Rio Preto, Acta Limol. Brasil., v. 4, p. 53-66, 1992. CEBALLOS, B. S. O. Utilização de Indicadores Microbiológicos na Tipologia de Ecossistemas Aquáticos do Trópico Semi-árido. São Paulo. 1995.192f. Tese de Doutorado. Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São CarlosUniversidade de São Paulo. ESTEVES, F. A; BOZELLI, R. L.; CAMARGO, A. F. M.; ROLAND, F.; THOMAZ, F. M. Variação diária (24 horas) de temperatura, O2 dissolvido, pH e alcalinidade em duas lagoas costeiras do Estado do Rio de Janeiro e suas implicações no metabolismo destes ecossistemas. In: Acta Limnologica Brasiliensia. São Carlos: Sociedade Brasileira de Limnologia, 1988. p.99-127. GUERRA, P. B. A Civilização da Seca. Fortaleza: Ministério do Interior, DNOCS 1981, p. 324. KAISER, H. F. The application of electronic computers to factor analysis. Educational and Psychological Measurement, 20, p. 141-151, 1960. MOLLE, F.; CADIER, E. Manual do Pequeno Açude. Recife: SUDENE-DPG-PRN-DPPAPR, 1992, 524p. PAYNE, A. I. The Ecology of Tropical Lakes and Rivers. Chichester: John Wiley & Sons, 1986, 301p. REGO, J. C.; ALBUQUERQUE, J. P. T.; RIBEIRO, M.M.R. Uma análise da crise de 1998-2000 no abastecimento de água de Campina Grande-PB. In: Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste, 5. 2000, Natal. Anais em Cd room... Natal: ABRH, 2000. SILVA, M. A. V. BRAGA, C.; AGUIAR, M. J. N.; NITZCHE, M. H. SILVA, B. B.; VENTURA, E. Atlas climatológico do Estado da Paraíba. 2. ed. Campina Grande: Núcleo de Meteorologia Aplicada, UFPB, 1987. VIEIRA, V. P. P. B. Água Doce no Semi- Árido. In: REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. (org.). Águas Doces do Brasil. São Paulo: Escrituras, 1999. p. 509-532.