CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA – COFECON
COMISSÃO DE POLÍTICA ECONÔMICA E DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL
INSTITUTO BRASILIENSE DE ESTUDOS DA ECONOMIA REGIONAL – IBRASE
SÉRIE ESTUDOS DAS DESIGUALDADES REGIONAIS
O DISTRITO FEDERAL E O EIXO
BRASÍLIA-ANÁPOLIS-GOIÂNIA
EM 2030
PROJEÇÕES DEMOGRÁFICAS E ECONÔMICAS
PARA A REGIÃO
Brasília, julho de 2012
1
INTRODUÇÃO
O Distrito Federal tem se destacado nos últimos anos como a unidade da federação de maior
PIB per capita e, não obstante ser apenas a 20ª maior em população, possui o 8º maior PIB do País.
Concebida para desempenhar funções de natureza político-administrativas, a administração pública
e os serviços públicos têm sido os segmentos propulsores da economia local, responsáveis por sua
prosperidade e respondendo por mais de 50% de seu PIB. Ocorre que o Distrito Federal e, em
particular, a área metropolitana que se formou ao seu redor, tem se mostrado reféns desta excessiva
dependência e de uma estrutura econômica pouco diversificada.
De outro lado, a fundação de Brasília foi a responsável direta pela vigorosa expansão
demográfica e econômica ocorrida na região Centro-Oeste nas últimas cinco décadas, constituindose, atualmente, na mais dinâmica macrorregião do País e Brasília ocupa posição privilegiada para
capitalizar parte dessa prosperidade, em particular, a partir da consolidação do eixo de
desenvolvimento Brasília-Anápolis-Goiânia.
Diante desse contexto, a questão colocada na ordem do dia na Capital da República é sobre
as trajetórias que poderão ser seguidas nas duas próximas décadas: a continuidade da forte
dependência do setor público ou a diversificação de sua estrutura produtiva.
Este estudo busca analisar as características da economia local e regional e, baseado em
cenários prováveis para a economia brasileira e do Centro-Oeste, traçar dois cenários possíveis para
a economia do Distrito Federal, de sua área metropolitana e do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia em
2030.
2
1. A ECONOMIA DO DISTRITO FEDERAL
A estrutura econômica do Distrito Federal está quase que, exclusivamente, assentada no
setor terciário, responsável por 92,8% do PIB local em 2009. Tal participação decorre, sobretudo,
do enorme peso do setor público (administração e serviços públicos), que representou nada menos
que 55,4% do PIB neste ano, percentual 3,5 vezes superior à média nacional, da ordem de 16%.
Dessa forma, conforme revela o Quadro 01, desde a fundação de Brasília, o setor público
tem funcionado como segmento propulsor da economia local, responsável pelo grau de dinamismo
dos demais segmentos do setor terciário no Distrito Federal, particularmente em função dos salários
pagos, elevados para os padrões brasileiros.
Quadro 01: Evolução da composição do PIB do Distrito Federal e do Brasil por setor de atividade
econômica no período 1980 a 2009 (a custo de fatores) (em %)
Distrito Federal
BRA
1980
1985
1990
1995
2000
TOTAL
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
AGROP. , SILVICULT. E PESCA
0,7
1,0
0,5
0,4
0,5
0,45
5,46
INDÚSTRIA
17,6
12,9
10,4
9,3
7,1
6,75
27,53
Transformação/mineração
3,9
4,6
3,8
2,9
2,3
1,76
18,68
Construção civil
12,2
6,6
5,2
4,7
3,7
4,26
5,78
Energia elétrica e água
1,5
1,7
1,4
1,7
1,1
0,72
3,08
81,7
86,1
89,1
90,2
92,4
92,80
67,01
Administração e serviços públicos (1)
33,0
36,8
38,2
30,3
54,2
55,38
16,33
Comércio
10,2
8,3
8,7
8,8
5,8
6,10
12,65
Interm. financ./serviços à empresas
11,3
11,8
14,3
21,2
13,6
12,41
10,48
Transportes, armazenagem, comunic.
5,8
4,4
3,5
4,7
2,1
2,46
5,13
Outros serviços (2)
21,4
24,8
24,3
25,2
16,7
16,44
22,42
SERVIÇOS
2009
Fonte: CODEPLAN e IBGE (1) até 1995 não incluía os serviços públicos de saúde e de educação; (2) até
1995 incluía os serviços públicos de saúde e de educação
Quanto aos demais setores, a construção civil vem apresentando uma participação
decrescente, embora tenha se estabilizado na última década, ao passo que a agropecuária e a
3
indústria de transformação têm participações marginais, muito abaixo da encontrada nas demais
unidades da federação. A exiguidade do território naturalmente concorre para a pequena dimensão
da atividade agropecuária no Distrito Federal, notadamente em consequência das pressões urbanas,
resultando em um elevado custo da terra para a produção agrícola.
Em relação à atividade industrial, a sua diminuta expressão no Distrito Federal tem raízes na
própria concepção da cidade, visto ter sido planejada para desempenhar, quase que exclusivamente,
funções de natureza político-administrativas, como pode ser verificado no próprio edital do
concurso nacional para o Plano Piloto da nova Capital do Brasil, no qual a Comissão de
Planejamento, Construção e Mudança da Capital Federal formulara o seguinte informe aos
candidatos em seu item 6º sobre indústria e comércio: "deverá prever-se (para a indústria e
comércio) desenvolvimento limitado, em vista do caráter político-administrativo da nova capital".
Não surpreende, portanto, o pífio desenvolvimento industrial no Distrito Federal, pois
durante muitos anos os investimentos industriais foram inclusive desestimulados. Devem-se
destacar também as restrições decorrentes dos fatores ambientais, considerando ser o Distrito
Federal berço de três grandes bacias hidrográficas brasileiras.
Sustentado, portanto, pelo setor público, o PIB do Distrito Federal totalizou 166,5 bilhões de
reais em 2011 (estimativa preliminar), correspondente a 3,9% do PIB nacional. No Quadro 01,
observa-se a partir de 2000 um aumento substancial no peso da administração pública, decorrente
também de mudanças na metodologia de cálculo do PIB pelo IBGE. Os gráficos 01 a 04, abaixo
apresentados, mostram a evolução da composição do PIB do DF entre 1980 e 2007 e a comparação
com a composição do PIB brasileiro neste último ano.
Gráficos 01 a 04: Evolução da composição do PIB do DF entre 1980 e 2007 e do Brasil em 2007
Composição do PIB no Distrito Federal por setor
de atividade econômica
(2000)
13,7%
0,7%
3,9%
AGROP. , SILVICULT. E
Composição do PIB no Distrito Federal por
setor de atividade econômica
(1980)
0,7%
13,7%
33%
3,9%
AGROP. , SILVICULT. E
PESCA
INDÚSTRIA
PESCA
INDÚSTRIA
transformação/mineraçã
o
SERVIÇOS
transformação/mineraçã
o
SERVIÇOS
54%
administr. e serv.
públicos (2)
48,7%
13,7%
3,9%
AGROP. , SILVICULT. E
PESCA
INDÚSTRIA
PESCA
INDÚSTRIA
3,9%
transformação/mineraçã
o
SERVIÇOS
53%
48,7%
administr. e serv.
públicos (2)
Composição do PIB no Brasil por setor de
atividade econômica
(2007)
0,7%
16%
13,7%
AGROP. , SILVICULT. E
Composição do PIB no Distrito Federal por
setor de atividade econômica
(2007)
0,7%
48,7%
transformação/mineraçã
o
SERVIÇOS
administr. e serv.
públicos (2)
48,7%
4
administr. e serv.
públicos (2)
Comparativamente à composição do PIB brasileiro, observam-se situações absolutamente
distintas com vários segmentos apresentando na média nacional participação superior a do Distrito
Federal, com destaque para a enorme diferença no setor industrial (27,53% no Brasil em 2009 e
6,75% no DF), sobretudo, na indústria de transformação e extrativa mineral (18,68% e 1,76%
respectivamente) e na agropecuária (5,46% e 0,45%). Em contrapartida, no DF, o setor público
(administração e serviços públicos), com 55,38%, supera amplamente a média nacional (16,33%).
Quanto ao ritmo de crescimento do PIB, o desempenho no Distrito Federal foi superior à
média nacional em 10 dos 14 anos, entre 1996 e 2009. No período, o PIB nacional acumulou
crescimento de 48,4%, ao passo que o do DF cresceu 69,4%. A partir de 2010, contudo, os
resultados do Distrito Federal ficaram aquém e, provavelmente, em 2012 ocorrerá o mesmo,
sinalizando, talvez, uma reversão da tendência histórica (Quadro 02).
Quadro 02: Taxa média anual de crescimento do PIB do Brasil e do DF
no período de 1995 a 2011 (em%)
ANO
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: IBGE
BRASIL
DF
2,7
3,6
0,0
0,8
4,3
1,3
2,7
1,1
5,7
3,2
4,0
6,1
5,1
-0,3
7,5
2,7
2,0 (estimativa)
3,0
3,8
2,3
3,1
3,3
3,3
4,1
1,6
5,0
5,2
5,4
5,9
3,8
4,0
3,4 (preliminar)
2,4 (preliminar)
-
Perfil do mercado de trabalho do Distrito Federal
Quanto ao perfil da ocupação, o quadro não é muito distinto, com ampla predominância das
atividades do setor terciário, que respondem por 90% dos postos de trabalho no Distrito Federal,
igualmente com forte concentração destes na administração pública e nos serviços públicos.
Em face da absoluta incipiência dos setores agropecuário e industrial, o segmento indutor do
desenvolvimento local tem sido o setor público, compreendendo a administração pública e os
5
serviços públicos, responsáveis no início da década de 1990 por cerca de um terço da ocupação na
cidade. Foi com base na contínua geração de emprego no setor público, até fins da década de 1980,
aliada ao seu elevado nível salarial, que se deu o forte incremento no comércio, na construção civil
e nos serviços, particularmente, os serviços pessoais.
Entretanto, como pode ser visto no Quadro 03 e no Gráfico 05, a partir de meados da década
de 1990, com a complementação do processo de transferência de órgãos da antiga capital para
Brasília e com o agravamento da crise fiscal do Estado, declinou a capacidade do setor público de
continuar funcionando como principal gerador de postos de trabalho.
Quadro 03: Evolução do mercado de trabalho do Distrito Federal no período 1992 A 2011 (médias
anuais).
População
Pessoal
Assalar.
Assalar.
Economic.
Ocupado
Setor
Setor
Ativa
Total
Público
Privado
Outros
1992
730.400
618.900
196.700
211.200
211.000
111.500
15.3
1993
755.500
643.500
202.600
222.000
218.900
112.000
14,8
1994
778.500
667.800
212.300
227.400
228.100
110.700
14.2
1995
806.600
684.500
215.800
229.800
238.900
122.100
15.1
1996
840.100
699.400
214.500
236.100
248.800
140.700
16.7
1997
884.800
724.600
211.500
257.900
255.200
160.200
18.1
1998
916.700
738.100
212.700
272.100
253.300
178.600
19.5
1999
950.400
740.700
216.500
279.300
244.900
209.700
22,1
2000
994.100
793.400
226.200
312.000
255.200
200.700
20,2
2001
1.030.300
819.700
230.000
334.200
255.500
210.600
20.4
2002
1.084.300
859.900
224.500
353.200
282.200
224.400
20.7
2003
1.122.200
866.300
226.400
357.100
282.800
255.900
22,8
2004
1.160.100
915.500
232.700
384.900
297.900
244.600
21,0
2005
1.199.800
970.800
235.700
422.200
312.900
229.000
19,1
2006
1.242.700
1.009.100
235.900
442.600
330.600
233.600
18,8
2007
1.282.000
1.055.000
240.000
467.000
348.000
226.000
17,7
2008
1.341.000
1.119.000
251.000
510.000
358.000
222.000
16,6
2009
1.378.000
1.160.000
259.000
542.000
359.000
218.000
15,8
2010
1.400.000
1.209.000
270.000
577.000
362.000
191.000
13,6
2011
1.403.000
1.229.000
277.000
588.000
364.000
174.000
12,4
Anos
Fonte: PED/DF - Secretaria do Trabalho/DF / DIEESE
6
Autôn.
Taxa
Domést. e Desempregados Desemp.
(%)
Observa-se, dessa forma, que, enquanto a População Economicamente Ativa (PEA) cresceu
91,4% entre 1992 e 2011 e a ocupação total cresceu 97,9% no mesmo período, o contingente
ocupado no setor público cresceu apenas 40,6%. Dessa forma, sua participação no total do pessoal
ocupado caiu de 32% em 1992 para 22% em 2011.
A lacuna deixada pelo setor público na geração de postos de trabalho fez recair quase que
exclusivamente sobre o setor terciário privado a “responsabilidade” de gerar postos de trabalho em
quantidade suficiente para absorver a PEA que a cada ano incorpora-se ao mercado,
particularmente, devido à debilidade dos setores agropecuário e industrial em compartilharem esta
tarefa.
Gráfico 05: Evolução do mercado de trabalho no Distrito Federal no período 1992 A 2011 (médias
anuais).
Evolução do mercado de trabalho do Distrito Federal no
período 1992 a 2009
1.600.000
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000
1992
600.000
1998
400.000
2003
200.000
2009
0
PEA
Pessoal
Ocupado
Assalar. Setor
Público
Assalar. Setor
Privado
Autôn . Domést.
Desempregados
E Outros
.
7
.
2. A ÁREA METROPOLITANA DE BRASÍLIA
Brasília teve seu dinamismo garantido pelo processo de consolidação como Capital da
República e sua constituição em centro político-administrativo, atraindo fluxos migratórios das mais
diversas partes do País. Em 1970, sua população já superava os 500 mil habitantes e em 1980
aproximava-se de 1,2 milhão.
Se até então o crescimento populacional esteve circunscrito aos limites do quadrilátero, a
partir daí extrapolou esses limites, iniciando a formação de um aglomerado urbano com municípios
goianos que se situam em seu entorno, constituindo-se numa efetiva área metropolitana1, com
população em 2010 de quase 3,5 milhões de habitantes (Quadro 04).
Quadro 04: Evolução da população na Área Metropolitana de Brasília no período 1960 a 2010
Região/Município
1960
1970
1980
1991
2000
2010
Área Metrop. Brasília
208.098
625.916
1.357.198
1.980.432
2.753.414
3.484.451
Distrito Federal
140.164
537.492
1.176.935
1.601.094
2.051.146
2.570.160
67.934
88.424
180.263
379.338
702.268
914.291
(1)
(1)
(2)
(2)
105.746
159.378
8.022
9.390
12.124
16.472
20.047
23.814
(1)
(1)
(1)
(1)
40.377
55.915
Formosa
21.708
28.874
43.296
62.982
78.651
100.085
Luziânia
27.444
32.807
80.089
207.674
141.082
174.531
(1)
(1)
(1)
(1)
74.380
95.018
Padre Bernardo
4.637
8.381
15.857
16.500
21.514
27.671
Planaltina de Goiás
6.123
8.972
16.172
40.201
73.718
81.649
(1)
(1)
12.725
35.509
51.897
63.248
Perif. Metrop. Brasília
Águas Lindas de Goiás
Alexânia
Cidade Ocidental
Novo Gama
Santo Ant. Descoberto
1
Existem duas definições de área metropolitana de Brasília: uma instituída oficialmente, pela lei
complementar n. 94 de 19/02/1998, e denominada Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal
e Entorno - RIDE, constituída pelo Distrito Federal e 21 municípios goianos e mineiros. A outra, engloba o
Distrito Federal e os municípios que preenchem os critérios selecionados para enquadramento em
aglomeração metropolitana, e que são apenas 10 (Luziânia, Valparaíso de Goiás, Cidade Ocidental, Novo
Gama, Formosa, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas de Goiás, Alexânia e
Padre Bernardo) entre esses 21 municípios. Esta delimitação, não oficial, foi inicialmente apresentada no
Seminário "Alternativas de Gestão Territorial para o Aglomerado Urbano de Brasília", realizado em 19 e 20
de novembro de 1997, através do estudo "Delimitação do Espaço Metropolitano de Brasília: estudo
preliminar para subsidiar a proposta de criação da Região Metropolitana de Brasília", elaborado por Júlio
Miragaya e Luiz Alberto Cordeiro, da CODEPLAN. Em 1999, esta definição foi adotada no estudo do
IPEA/IBGE/UNICAMP "Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil".
8
Valparaíso de Goiás
(1)
(1)
(1)
(1)
94.856
132.982
Fonte: Censos Demográficos/IBGE
(1) Incluído em Luziânia; (2) Incluído em Santo Antônio do Descoberto.
O ritmo de crescimento nessa região foi, durante a década de 1960, mais forte no Distrito Federal do
que na periferia metropolitana, tornando-se similares na década de 1970 e sendo bem mais acelerado nos
municípios periféricos nas duas décadas seguintes, conforme o Quadro 05. Na década de 2000, o ritmo de
crescimento populacional reduziu-se acentuadamente também na periferia.
QUADRO 05: TAXAS MÉDIAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO NA ÁREA
METROPOLITANA DE BRASÍLIA NO PERÍODO 1960 A 2010.
Períodos
1960/70
1970/80
1980/91
1991/00
2000/10
Área Metropolitana Brasília
11,64
8,05
3,50
3,72
2,38
Distrito Federal
14,39
8,15
2,84
2,77
2,28
Perif. Metropolitana Brasília
2,67
7,37
6,99
7,05
2,67
Águas Lindas de Goiás
-
-
-
-
4,20
Alexânia
1,59
5,47
0,27
2,21
1,74
Cidade Ocidental
-
-
-
-
3,30
Formosa
2,89
4,14
3,46
2,50
2,44
Luziânia
1,80
9,34
9,04
-
2,15
Novo Gama
-
-
-
-
2,48
Padre Bernardo
6,10
3,49
2,92
3,19
2,56
Planaltina de Goiás
3,83
6,07
8,63
6,95
1,02
Santo Antônio Descoberto
-
-
9,46
4,64
1,98
Valparaíso de Goiás
-
-
-
-
3,43
Fonte: Censos Demográficos/IBGE
(1) Incluído em Luziânia; (2) Incluído em Santo Antônio do Descoberto.
Quanto à atividade econômica na área metropolitana de Brasília, deve-se assinalar o elevado
grau de concentração do PIB em seu núcleo, o Distrito Federal. Tal situação difere radicalmente da
encontrada em outras áreas metropolitanas, onde a participação das periferias no PIB metropolitano
chega mesmo a superar a participação do núcleo (município da capital).
Em 2006, enquanto nas áreas metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, as periferias
metropolitanas participavam, respectivamente, com 31% e 37% do PIB metropolitano total, essas
participações chegavam a 50% nas áreas metropolitanas de Recife e de Salvador e ultrapassavam
largamente este patamar nas áreas metropolitanas de Belo Horizonte (56%) e Porto Alegre (59%).
9
Na área metropolitana de Brasília, contudo, a periferia metropolitana participava com apenas
4% do PIB metropolitano total (Gráficos 06 a 12 abaixo apresentados). Nos últimos anos, o quadro
não sofreu maiores alterações.
Gráficos 06 a 12: Composição do PIB nas principais áreas metropolitanas do país em 2006,
segundo seus núcleos e periferias
SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
31%
37%
Núcleo Metropolitano
Núcleo Metropolitano
Periferia Metropolitana
Periferia Metropolitana
63%
69%
BELO HORIZONTE
PORTO ALEGRE
41%
44%
Núcleo Metropolitano
Núcleo Metropolitano
Periferia Metropolitana
Periferia Metropolitana
56%
59%
RECIFE
BRASÍLIA
4%
49%
51%
Núcleo Metropolitano
Núcleo Metropolitano
Periferia Metropolitana
Periferia Metropolitana
96%
SALVADOR
Núcleo Metropolitano
50%
50%
Periferia Metropolitana
10
O mesmo panorama é verificado em termos de PIB per capita, conforme revela o Gráfico
13.
Gráfico 13: PIB per capita nas principais áreas metropolitanas do país, considerando seus
núcleos e periferias, em 2006
PIB Per Capita (2006)
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
Total
10.000
Núcleo Metropolitano
5.000
Periferia Metropolitana
Região Metropolitana
11
SÍL
IA
BR
A
E
SA
LV
AD
OR
SA
LV
AD
OR
(1
)
RE
CI
F
HO
RI
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EG
RE
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DE
JA
NE
IR
O
PA
UL
O
0
SÃ
O
R$
3. O DESEMPENHO ECONÔMICO DA REGIÃO CENTRO-OESTE
O Centro-Oeste tem sido, nas últimas décadas, a região que tem apresentado o melhor
desempenho econômico entre as macrorregiões brasileiras. A sua participação no PIB nacional, que
em 1970 era de 3,8%, alcançou 10,6% em 2009.
Esse processo de expansão da atividade econômica iniciou-se no começo do século XX,
com um notável processo de ocupação e desenvolvimento econômico da Região Oeste (aqui
considerando o Centro-Oeste ampliado2, incluindo os Estados de Tocantins e Rondônia), e teve na
fundação de Brasília a expressão maior do processo de interiorização da ocupação e do
desenvolvimento do Brasil.
Do início do século XX até o final da década de 1950, a região recebeu expressivas
correntes migratórias, o que propiciou um substancial aumento do contingente populacional e da
atividade econômica, e que teve na “Marcha para Oeste” sua maior expressão. Estimulada pelo
processo de “espraiamento” da economia paulista para além das barrancas dos rios Paraná e
Paranaíba, a ocupação da região sofreu forte aceleração nas seis primeiras décadas do século
passado, saltando sua população de 370 mil para 3 milhões. De outro lado, a atividade econômica
ampliou-se de forma significativa, com a produção de grãos saltando de 210 mil para 1,46 milhão
de toneladas entre 1920 e 1960 e a criação de gado passando de 5,85 milhões para 10,75 milhões de
cabeças no mesmo período.
Foi a partir da fundação de Brasília em 1960, contudo, que o processo de ocupação do oeste
brasileiro ganhou uma dimensão ainda maior, tendo ela cumprido a função de força motriz do
processo de interiorização da economia brasileira, inclusive por ter funcionado como ponto de
recepção de migrantes das distintas regiões litorâneas e de distribuição rumo às terras desocupadas
do oeste, beneficiando-se do fato de ser o epicentro da malha rodoviária nacional, então em
estruturação, e que passou por exponencial expansão nas décadas seguintes.
Dessa forma, entre 1960 e 2010, a população da região quase sextuplicou, alcançando 17,34
milhões (9,0% do total nacional); a produção de grãos cresceu para 54,7 milhões de toneladas
(37,5% do total nacional) e o rebanho bovino para 92,4 milhões de cabeças (44,1% do total
nacional).
2
A Região Centro-Oeste ampliada compreende, além dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul e do Distrito Federal, os estados de Tocantins e de Rondônia, ambos situados na Região Norte, mas com
fortes vínculos econômicos e históricos com os estados do Centro-Oeste. O Estado de Rondônia foi criado
em 1943 (ainda como Território Federal, denominado Guaporé), formado principalmente com terras de Mato
Grosso, e, em pequena escala, do Amazonas. Já o Estado do Tocantins foi criado em 1988, emancipado de
Goiás. Com a incorporação dos dois estados, trata-se de uma vasta região com 2,12 milhões de Km² (25% do
território brasileiro).
12
Muito embora seja ainda uma região de fronteira agrícola, a sua taxa de urbanização chegou
a 85%, a segunda maior do Brasil devido, principalmente, ao modelo agrário predominante. Nela
encontram-se duas das principais áreas metropolitanas do País: Brasília com 3,63 milhões de
habitantes e Goiânia, com cerca de 2,26 milhões, que, juntamente com a aglomeração urbana de
Anápolis, formam o Eixo Brasília - Anápolis - Goiânia, com população de 6,26 milhões de
habitantes (estimativa para 2012).
A dinâmica econômica na região no período recente
No período 1960 a 1980, o rápido crescimento da economia do Centro-Oeste se deu baseado
na atividade agropecuária e a expansão desta se fez, sobretudo, pela ampla incorporação de terras ao
processo produtivo. A partir da década de 1980, contudo, o Oeste brasileiro tem baseado o
crescimento de sua economia e da atividade agropecuária em particular, num excepcional aumento
da produtividade.
Sem dúvida, a grande responsável por esta verdadeira revolução no campo foi a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fundada em 1973, tendo desenvolvido sementes de
soja, milho, feijão e algodão especialmente adaptadas ao solo do cerrado, resistentes e de elevada
produtividade, fornecidas a baixo custo aos produtores. Paralelamente, houve também a ampliação
das áreas irrigadas e o desenvolvimento de tecnologias de correção e manejo do solo, de rotação de
culturas, de controle de pragas e de adubação.
Muito embora o maior progresso realizado pela Embrapa tenha sido registrado na pesquisa
de grãos, deve-se registrar que a pesquisa na área da pecuária, especialmente na bovinocultura, teve
enorme impacto na economia regional. Como exemplo, em três décadas, o tempo médio para o
gado atingir o peso de abate caiu de 72 para 24 meses, em média, na região.
O desenvolvimento tecnológico no campo ocorrido no Brasil neste período, e com
resultados extraordinários no Centro-Oeste, caracterizou-se, nas suas primeiras fases, pela
concentração das atividades modernas e dinâmicas, tanto do ponto de vista econômico quanto
geográfico. Apenas na sua última fase, quando já havia se consolidado um capitalismo maduro, é
que vai ocorrer uma difusão da modernização, tanto em relação aos capitais, como quanto à
tecnologia e às formas de organização. O progresso da biotecnologia e a possibilidade de se criar e
adaptar sementes permitiu, no espaço de duas gerações, transformar o que parecia um deserto, o
cerrado, numa imensa e próspera região agrícola.
E o motor principal deste processo foi, sem dúvida, a soja. De fato, ao longo desses dois
decênios, a soja literalmente ganhou as terras do cerrado, parte dela anteriormente ocupada pelo
arroz, e avançou em direção às bordas da Floresta Amazônica, mudando a face da região.
13
Em 1975, o Brasil cultivava 5,65 milhões de hectares de soja e já era o segundo produtor e
exportador mundial, estando a produção fortemente concentrada na Região Sul e, secundariamente,
em São Paulo e Minas Gerais (Região do Triângulo). O cultivo da leguminosa na região CentroOeste começou muito timidamente nos anos 1970, em face do espraiamento do cultivo da Região
Sul. A partir do noroeste do Paraná, o cultivo alcançou o sul do Mato Grosso do Sul (Região de
Dourados) e a partir do Triângulo Mineiro, atingiu o sudeste e o sudoeste de Goiás. Em 1975, o
Centro-Oeste já cultivava 180 mil hectares da leguminosa (3,3% do total nacional) e, em 1980, a
área cultivada avançou para 880 mil hectares (11,3% do país), ainda muito concentrada no sudeste
do Mato Grosso do Sul e no sul goiano, mas já tendo o Mato Grosso colhido 56 mil hectares.
Em 1985, a região respondia por 25,4% da área colhida com soja no Brasil, ou 2,45 milhões
de hectares, sendo o Mato Grosso do Sul ainda o maior produtor regional, mas tendo sido Goiás
superado pelo Mato Grosso, onde despontava a região de Rondonópolis. Em 1995, a área cultivada
subiu para 3,38 milhões de hectares (35,7% da área do país), já aparecendo o Mato Grosso como o
principal produtor da região, com o crescente cultivo do produto no norte do estado, entre Cuiabá e
a fronteira com o Pará.
Em 2000, a soja cultivada na região (5,6 milhões de hectares) já representava 41% do total
cultivado no Brasil, percentual que cresceu para cerca de 48,4% na safra 2005, quando foram
colhidos mais de 11,3 milhões de hectares, constituindo-se já na principal região produtora do país,
participação ampliada para mais de 50% em 2010.
Deve-se mencionar também o transbordamento, desde a década de 1990, do cultivo da soja
em direção às terras de cerrado da região Nordeste, limítrofes ao Centro-Oeste (regiões de
Barreiras, na Bahia; de Balsas, no Maranhão; e de Uruçui, no Piauí, conhecida como MAPIBA) e
situadas na área de influência direta de Brasília. Estas regiões cultivaram, em 2010, mais de 2
milhões de hectares de soja, representando cerca de 8% da área cultivada no País.
Somando-se as duas regiões de cerrado (Centro-Oeste e Nordeste), atingiu-se o total de
quase 15 milhões de hectares, ou quase 60% da área plantada com soja no País em 2010.
Para se ter uma real dimensão da acelerada expansão da soja na região Centro-Oeste
(incluindo o chamado MAPIBA), deve-se registrar que ela respondeu por 1,5% da ampliação da
área plantada com soja no País no período 1960/70; por 15,3% no período 1970/80; e por nada
menos que 79,7% no período 1980/2010 (Quadro 06 e Gráficos 14 a 16).
14
Quadro 06: Ampliação da área plantada com soja no Brasil e no Centro-Oeste - 1960 a 2010.
Períodos
Ampliação da área plantada c/ soja
CO-NE/
(em mil hectares)
BRASIL
Brasil
C. Oeste/Nordeste
(%)
Sul/Sudeste
1960 a 1970
2.000
30
1970
1,5
1970 a 1980
5.598
857
4.741
15,3
1980 a 2010
14.603
11.637
2.966
79,7
Fonte: Produção Agrícola Municipal (PAM) e Censos Agropecuários/IBGE.
Gráficos 14 a 16: Evolução da expansão da produção de soja no Brasil entre 1960 e 2010
CO-NE / Brasil (1960 a 1970)
CO / NE
S / SE
1,5%
98,5%
CO-NE / Brasil (1970 a 1980)
CO / NE
S / SE
15,3%
84,7%
CO-NE / Brasil (1980 a 2010)
CO / NE
S / SE
20,3%
79,7%
15
Mas se a incorporação de novas áreas à exploração agrícola na região foi extraordinária nas
últimas décadas, tendo passado a área cultivada de 6,9 milhões de hectares em 1980 para quase 11
milhões em 2000 e superado os 17 milhões em 2010, mais notável ainda foi o desempenho da
produtividade. Dos seis principais grãos cultivados, apenas no caso do arroz, a produtividade média
da Região Centro-Oeste ficou abaixo da média nacional devido, sobretudo, ao excepcional
rendimento médio da rizicultura gaúcha. Mas, mesmo neste caso, a produtividade cresceu 167%,
saltando de 1.120 kg/ha em 1980 para 2.985 kg/ha em 2010. No caso da soja, aumentou em 83%,
passando de 1.657 kg/ha em 1980 para 3.038 kg/ha em 2010. Quanto ao milho, a progressão foi
ainda mais espetacular, tendo aumentado nada menos que 330%, saltando de 1.005 kg/ha em 1980
para 4.322 kg/ha em 2010. No mesmo período, a produtividade do algodão, passou de 1.518 kg/ha
para 3.802 kg/ha (aumento de 150%); a do feijão saltou de 423 kg/ha para 1.905 kg/ha (350%) e a
do sorgo de 1.571 kg/ha para 2.830 kg/ha (80%). Progressão vertiginosa foi observada também na
produtividade média da cana-de-açúcar, que mais que dobrou, saltando de pouco mais de 35 mil
kg/ha em 1980 para quase 80 mil kg/ha em 2010, superando também a média nacional.
Deve-se destacar também o avanço da atividade pecuária regional. A área total de pastagens
não teve propriamente uma grande expansão, tendo passado de 68,4 milhões de hectares em 1980
para 76,8 milhões em 1995 e caído para cerca de 70 milhões em 2010. O que de relevante ocorreu
foi a crescente substituição das pastagens naturais por pastagens plantadas, o que resultou em
significativos ganhos de produtividade. O rebanho bovino mais que duplicou entre 1980 e 2010,
atingindo 92,4 milhões de cabeças, representando 44% do efetivo nacional.
Do mesmo modo, a produção de leite avançou de forma ainda mais expressiva, tendo
crescido 170% no período, para mais de 6 bilhões de litros, ou 20% da produção brasileira. Outros
segmentos da pecuária avançaram, como a suinocultura e a ovinocultura, mas, sobretudo o setor de
aves teve desempenho excepcional. Entre 1980 e 2010, o efetivo avícola na região cresceu quase
500%, saltando de 20,7 para 120 milhões de cabeças.
O processo de modernização acelerada do setor agrário na região se expressa também na
redução do contingente de pessoas ocupadas e na mecanização crescente da atividade agrícola, com
significativo impacto social. Existem na região cerca de 150 mil famílias de agricultores
(proprietários, arrendatários, parceiros, posseiros, cessionários) com acesso precário à terra
(insuficiência de área), significando em torno de 40% das famílias rurais e cerca de 330 mil
assalariados dependentes exclusiva ou majoritariamente da renda proveniente da agricultura.
Entretanto, não obstante as distorções geradas no quadro social, a expressiva expansão da
atividade agropecuária representou uma mudança no panorama econômico regional. Um dos
segmentos que se beneficiou desta situação foi a indústria de alimentos. Os maiores destaques ficam
16
com a indústria de esmagamento e processamento de soja; a indústria de ração animal; a indústria
frigorífica (incluindo, além da carne bovina, a suína e de frango) e a indústria de laticínios.
Desenvolveram-se também de forma expressiva a indústria de processamento de couro e de
algodão e o setor sucroalcooleiro. Da mesma forma, alguns setores voltados para o suprimento da
agropecuária também se expandiram. Foi o caso da indústria de fertilizantes (que vai constituir em
Uberaba, às portas do Centro-Oeste, o principal parque do País); a indústria de sementes e a de
implementos agrícolas.
Outra consequência notável foi o desenvolvimento do setor terciário, estimulado pela
dinâmica demanda do setor agroindustrial, pelos fortes investimentos demandados em infraestrutura
e, obviamente, pela demanda de uma população em forte processo de urbanização. Dessa forma,
considerando o fraco desempenho da economia brasileira nas últimas décadas, a performance dos
principais núcleos urbanos da região Centro-Oeste pode ser tida como destacada.
O Quadro 07 apresenta a evolução da participação do Centro-Oeste, segundo as suas seis
unidades, e das demais macrorregiões no PIB nacional entre 1970 e 2007, observando-se que a
região vem gradativamente ganhando terreno na composição do PIB nacional, tendo passado de
3,8% em 1970 para 10,6% em 2009.
Quadro 07: Participação das regiões no PIB do Brasil de 1970 a 2009 (em %).
ANOS
1970
1975
1980
1985
1990
1995
1998
2001
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
NORTE (1)
2,10
2,00
3,30
3,36
4,29
3,99
3,77
4,00
4,00
NORDESTE
12,10
11,30
12,20
14,10
12,86
12,78
13,05
13,10
13,50
SUDESTE
65,00
64,40
62,10
60,15
58,83
58,72
58,16
57,10
55,30
(SP)
39,40
nd
nd
36,12
37,02
35,47
35,46
33,40
33,50
SUL
17,00
18,10
17,40
17,10
18,21
17,89
17,48
17,80
16,50
C. OESTE (2)
3,80
4,20
5,00
5,29
5,80
6,63
7,55
8,00
10,60
GO
nd
nd
nd
1,80
1,75
1,84
1,91
2,10
2,60
TO
-
-
-
-
0,16
0,19
0,21
0,30
0,40
DF
Nd
nd
nd
1,37
1,61
2,05
2,75
2,80
4,10
MT
Nd
nd
nd
0,69
0,83
1,01
1,08
1,20
1,80
MS
-
nd
nd
0,95
0,96
1,08
1,10
1,10
1,10
RO
Nd
nd
nd
0,48
0,49
0,46
0,50
0,50
0,60
BRASIL
Fonte: IBGE e BANCO CENTRAL DO BRASIL
(1) exceto Rondônia e Tocantins
(2) inclui Rondônia e Tocantins
17
2009
100,00
Observa-se uma evolução na participação de todas as unidades que integram a Região, com
maior destaque para o Distrito Federal, Mato Grosso e Goiás.
Já o Quadro 08 e o Gráfico 17 apresentam a evolução do PIB e do PIB per capita (em
valores constantes de 2009) e da população entre 1970 e 2009.
Quadro 08: Evolução do PIB, da população e do PIB per capita no Brasil e no Centro-Oeste,
em valores constantes de 2009
Anos
PIB (R$ bilhões)
População (mil hab)
PIB per capita (R$)
BRA
CO
CO/BRA
BRA
CO
CO/BRA
BRA
CO
CO/BRA
1970
691,3
26,27
3,80
93.139
5.184
5.57
7.422
5.068
68,3
1975
1.117,2
46,92
4,20
106.000
6.600
6,23
10.540
7.109
67,4
1980
1.581,5
79,08
5,00
118.562
8.037
6,78
13.339
9.839
73,8
1985
1.683,1
89,04
5,29
132.999
9.600
7,22
12.655
9.275
73,3
1990
1.849,5
107,27
5,80
146.593
11.160
7,61
12.617
9.612
76,2
1995
2.115,9
140,28
6,63
158.875
12.650
7,96
13.318
11.089
83,3
2001
2.397,7
191,82
8,00
173.700
14.488
8,34
13.804
13.240
95,9
2005
2.715,6
268,30
9,88
183.383
15.861
8,65
14.808
16.916
114,2
2007
2.996,5
295,15
9,85
187.536
16.454
8,77
15.978
17.941
112,3
2008
3.149,3
321,29
10,20
189.613
16.751
8,83
16.609
19.177
115,5
2009
3.143.0
331,16
10,60
191.481
17.047
8,90
16.414
19.543
119,1
Fonte: IBGE e Cálculos IBRASE
Gráfico 17: Evolução do PIB, da população e do PIB per capita no Brasil e no Centro-Oeste
(em valores constantes de 2009)
PIB per Capita (R$)
20.000
15.000
10.000
BRA
5.000
CO
0
1970
1990
2009
Mesmo considerando-se o maior crescimento populacional da região, observa-se que o
Centro-Oeste avançou de forma expressiva em termos de PIB per capita, tendo passado de um valor
30% inferior à média nacional na década de 1970, para o patamar atual de 20% superior à esta
média.
18
Fluxos migratórios, crescimento demográfico e urbanização acelerada
Em relação ao crescimento demográfico, a população regional passou de 8,04 para 17,3
milhões de habitantes entre 1980 e 2010, aumentando sua participação no total da população
brasileira de 6,8% para 8,8%. O crescimento populacional na região tem se situado em cerca de um
ponto percentual ao ano acima da média nacional, sugerindo a absorção média anual superior a 100
mil migrantes. Estas correntes migratórias são majoritariamente provenientes do Nordeste
(especialmente Bahia, Piauí e Maranhão) e de Minas Gerais, e mais recentemente incorporando
parcelas expressivas advindas da Região Sul.
Segundo o Censo Demográfico de 2000, o contingente de migrantes representava
expressivos 29,8% da população total da região, muito acima dos 11,7% do Sudeste; 11,4% do
Norte; 5,5% do Sul; e 2,2% do Nordeste. Tais números revelam a importância das correntes
migratórias para a região.
Uma parte expressiva, senão majoritária destes migrantes, por ser de origem rural e por estar
se deslocando para uma região de fronteira agrícola, buscou uma colocação no campo. Mas,
diferentemente do quadro existente no período 1960/80, devido à modernização e à capitalização da
atividade agropecuária, o meio rural do Centro-Oeste não mais absorvia, mas ao contrário, suprimia
postos de trabalho e expulsava população.
Desta forma, a alternativa para estas pessoas passou a ser o deslocamento para os centros
urbanos da região, o que vai explicar o excepcional crescimento da taxa de urbanização local. Esta
movimentação significou um acentuado crescimento demográfico dos principais núcleos urbanos
regionais, notadamente aqueles que polarizam as regiões agrícolas mais prósperas. Nestas cidades,
tem ocorrido uma relativa oferta de empregos, seja no setor terciário voltado para o atendimento das
demandas da atividade agropecuária; seja na emergente atividade agroindustrial ou mesmo como
assalariado temporário em atividades agrícolas.
Estes centros urbanos consolidaram-se como pólos das áreas onde predomina a atividade
agrária moderna e capitalista, tecnificada e de elevada produtividade, constituindo-se em
verdadeiros bolsões de prosperidade, dividindo espaço com outras áreas onde prevalece uma
agricultura atrasada, de subsistência e de baixíssima produtividade, e cujos núcleos urbanos
encontram-se absolutamente estagnados.
A prosperidade do norte do Mato Grosso, capitalizada por Cuiabá, propiciou o vertiginoso
crescimento desta cidade, há décadas mergulhada em profunda estagnação. Entre 1970 e 2010, o
aglomerado urbano de Cuiabá/Várzea Grande saltou de 119 mil para 804 mil habitantes. A principal
cidade do norte do estado, Sinop, inexistente em 1970 e com 8,6 mil habitantes em sua área urbana
em 1980, passou para 93,7 mil habitantes em 2010. No sudeste do estado, Rondonópolis se
19
consolidou como principal centro urbano, tendo sua população crescido de 25,1 mil para 188,1 mil
ao longo desses 40 anos.
Quase que uma continuidade do processo de expansão mato-grossense, a capital de
Rondônia, Porto Velho, tem sua população urbana aumentada de 47,9 mil em 1970 para 391,0 mil
em 2010. Ji-Paraná, polo agrícola no centro do estado, cresceu de zero para 104,8 mil no mesmo
período. No Mato Grosso do Sul, ocorreu a consolidação de Campo Grande, que passou de 131,1
mil para 776,5 mil habitantes e de Dourados, principal centro da rica região agrícola do sul do
estado, cuja população urbana evoluiu de 31,6 mil em 1970 para 181,1 mil em 2010.
No Estado de Goiás, foram as cidades da próspera região sudoeste que tiveram crescimento
mais acelerado nestes 30 anos, com destaque para Rio Verde (de 26,9 mil para 163,6 mil),
Itumbiara (33,9 mil para 89,0 mil) e Jataí (27,2 mil para 81,0 mil). Quanto ao Tocantins,
destacaram-se Araguaína, no norte do estado, cuja população urbana saltou de 16,5 mil em 1970
para 143,0 mil em 2010; Gurupi, no sul do estado (de 14,1 mil para 75,0 mil) e a nova capital,
Palmas, fundada em 1988 e já com 221,7 mil habitantes em 2010.
Deve-se mencionar também o extraordinário crescimento populacional neste período das
cidades-polos localizadas fora, mas bastante próximas da região em estudo, com as quais ela
mantém intensas relações econômicas, compreendendo as cidades do Triângulo Mineiro, como
Uberlândia (de 111,5 mil para 583,9 mil) e Uberaba (de 108,3 mil para 289,4 mil); do noroeste do
estado, como Patos de Minas (de 45,0 mil para 127,9 mil) e Unaí (de 14,0 mil para 62,4 mil); das
novas áreas produtoras de soja, como Barreiras, no oeste da Bahia (de 9,8 mil para 123,7 mil) e
Balsas, no sul do Maranhão (de 7,1 mil para 72,8 mil).
A prosperidade destas áreas contrasta com a estagnação observada em vastas porções do
território da região, como o centro-norte goiano, o leste e nordeste mato-grossense, o centro-norte e
a zona pantaneira do Mato Grosso do Sul, o vale do Guaporé em Rondônia e o leste e sudeste
tocantinense.
O reduzido peso da atividade industrial na região Centro-Oeste
A participação da indústria de transformação na formação do PIB nos estados da região
Centro-Oeste é bastante reduzida, conforme mostra o Quadro 09. Observa-se que, enquanto em
estados das regiões Sudeste e Sul essa participação oscila entre 15% e 25% (com a exceção do Rio
de Janeiro, em função do peso representado pela extração de petróleo e gás natural), nos estados do
Centro-Oeste, apenas em Goiás a participação supera o patamar de 10%.
Quanto ao Distrito Federal, não obstante o avanço nos últimos anos, a indústria de
transformação ainda apresenta uma participação muito pequena na formação do Produto Interno
20
Bruto do DF: em 2008 foi de tão somente 1,5%, enquanto a média nacional é mais de dez vezes
superior (17%).
Quadro 09: Participação das atividades econômicas no valor adicionado bruto a preço básico em 2008,
segundo as unidades da federação (em %).
UFs
Indústria
PIB
Administração,
Construção
Eletricidade,
Educação e
Civil
Gás, Água
Saúde Públicas
2,3
4,9
3,6
15,5
6,7
0,3
4,5
3,1
28,8
100,0
4,8
0,1
7,9
1,9
34,3
AM
100,0
32,8
2,2
5,5
2,0
16,8
RR
100,0
1,8
0,3
7,7
1,7
48,4
PA
100,0
12,4
6,4
6,7
5,5
18,4
AP
100,0
2,6
1,6
4,8
1,0
44,8
TO
100,0
3,3
0,3
13,6
7,0
24,5
MA
100,0
8,1
1,3
6,4
2,1
20,7
PI
100,0
6,4
0,2
6,5
3,8
30,2
CE
100,0
12,2
0,6
5,5
5,3
21,3
RN
100,0
7,8
8,0
6,0
2,3
27,5
PB
100,0
9,5
0,5
5,9
6,5
30,6
PE
100,0
11,0
0,1
5,7
5,1
23,5
AL
100,0
11,7
2,1
5,3
5,4
25,3
SE
100,0
9,7
6,2
6,6
8,1
24,5
BA
100,0
14,0
1,8
7,0
5,4
16,6
MG
100,0
18,6
2,7
5,4
4,8
13,6
ES
100,0
15,3
11,4
6,7
1,0
14,0
RJ
100,0
10,0
12,3
4,8
2,8
18,1
SP
100,0
22,7
0,1
3,9
2,9
8,9
PR
100,0
17,8
0,2
4,3
5,3
10,6
SC
100,0
24,2
0,3
5,2
6,0
11,1
RS
100,0
19,6
0,2
4,3
2,5
13,4
MS
100,0
8,2
0,4
5,9
2,3
20,0
MT
100,0
8,2
0,1
4,7
3,4
14,3
GO
100,0
13,6
1,7
6,4
5,3
14,3
DF
100,0
1,5
0,0
3,6
1,4
53,8
Total
Transformação
Extrativa
Brasil
100,0
17,0
RO
100,0
AC
Fonte: IBGE
21
Trata-se da menor participação na composição do PIB entre as 27 unidades da federação,
inferior mesmo a de estados como Roraima (1,8%), Amapá (2,6%) e Tocantins (3,3%).
Comparando-o com os demais estados da região Centro-Oeste, aparece bem abaixo de Goiás
(13,6%), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (ambos com 8,2%).
A indústria extrativa tem participação relativa ainda menor no PIB, próxima a zero (média
nacional de 2,3%), ao passo que a construção civil, com 3,6% do PIB, tem peso mais próximo do
verificado na média do País (4,9%). Por fim, o setor de eletricidade, gás e água responde por 1,4%
do PIB, substancialmente abaixo da média nacional (3,6%). Os gráficos 18 a 22 comparam a
composição do PIB do DF com a do Brasil e de três outras unidades da federação.
O pequeno peso do setor industrial contrasta com o enorme peso representado pelo setor
público, compreendendo a administração, educação e saúde públicas e seguridade social, com nada
menos de 53,8% do total do PIB, enquanto a média nacional é de apenas 15,5% (Quadro 10).
Gráficos 18 a 22: Composição do PIB no Brasil, no DF e em três estados em 2008
Brasil
DF
2%
17%
16%
Indús tria - Trans formação
45%
Indús tria - Trans formação
Administração
Administração
Outros
53%
Outros
67%
SP
RS
20%
23%
Indústria - Transformação
Indústria - Transformação
Administração
9%
Administração
13%
Outros
67%
68%
GO
14%
14%
Indús tria - Trans formação
Administração
Outros
72%
22
Outros
Quadro 10: Participação das Unidades da Federação no valor adicionado bruto a preço básico,
segundo setor de atividade econômica em 2008 (em %).
UFs
Indústria
PIB
Administração,
Construção
Eletricidade,
Educação e
Civil
Gás, Água
Saúde Públicas
100,0
100,0
100,0
100,0
0,2
0,1
0,5
0,5
1,1
0,2
0,1
0,0
0,4
0,1
0,5
AM
1,5
2,9
1,4
1,7
0,8
1,7
RR
0,2
0,0
0,0
0,3
0,1
0,5
PA
1,9
1,4
5,3
2,7
3,0
2,3
AP
0,2
0,0
0,2
0,2
0,1
0,7
TO
0,4
0,1
0,0
1,2
0,9
0,7
MA
1,2
0,6
0,7
1,6
0,7
1,7
PI
0,6
0,2
0,1
0,7
0,6
1,1
CE
1,9
1,4
0,5
2,2
2,9
2,7
RN
0,9
0,4
3,0
1,1
0,6
1,6
PB
0,9
0,5
0,2
1,1
1,6
1,7
PE
2,3
1,5
0,1
2,7
3,3
3,5
AL
0,7
0,5
0,6
0,8
1,1
1,1
SE
0,7
0,4
1,8
0,9
1,5
1,1
BA
4,2
3,4
3,2
6,0
6,2
4,5
MG
9,2
10,0
10,5
10,3
12,4
8,1
ES
2,1
1,9
10,3
2,9
0,6
1,9
RJ
11,0
6,5
57,3
10,9
8,4
12,8
SP
33,2
44,4
1,1
27,0
26,5
19,0
PR
6,2
6,5
0,5
5,5
9,2
4,2
SC
4,0
5,7
0,5
4,3
6,7
2,9
RS
6,7
7,7
0,5
5,9
4,7
5,8
MS
1,0
0,5
0,2
1,3
0,7
1,4
MT
1,7
0,8
0,1
1,6
1,6
1,5
GO
2,5
2,0
1,9
3,3
3,7
2,3
DF
3,9
0,4
0,0
2,9
1,6
13,6
Total
Transformação
Extrativa
Brasil
100,0
100,0
RO
0,6
AC
Fonte: IBGE
23
Da mesma forma, fica evidente a fragilidade do setor industrial do Distrito Federal. Se o DF
participa com 3,9% do PIB do País, a participação de sua indústria de transformação no total
nacional foi de apenas 0,4% em 2008. Todos os demais segmentos industriais apresentam
participação abaixo da representada pelo PIB total, com a construção civil respondendo por 2,9%, o
setor de eletricidade, gás e água, com 1,6% e a extrativa com participação próxima a zero.
De outro lado, o setor público, compreendendo a administração, educação e saúde públicas e
seguridade social do Distrito Federal participa com nada menos que 13,6% do total nacional do
setor, superado apenas por São Paulo (19%), ficando à frente do Rio de Janeiro (12,8%) e Minas
Gerais (8,1%).
Ocupação no setor industrial
Se o setor público explica o elevado PIB do Distrito Federal, a elevada taxa de desemprego é
explicada pela reduzida geração de emprego na atividade industrial. O Quadro 11 e os gráficos 23 a
27 mostram que a atividade industrial gera um número muito reduzido de empregos no Distrito
Federal (46 mil), ou tão somente 4,1% do total do pessoal ocupado. Estimando-se o mesmo
percentual para o Entorno Metropolitano, seriam pouco mais de 50 mil postos na atividade
industrial em toda a região metropolitana.
Quadro 11: Pessoal ocupado total, na indústria e no setor público em 2008
Região
Metropolitana
Pessoal
Pessoal Ocupado
Pessoal Ocupado
Ocupado
Indústria
Setor Público
(mil pessoas)
(mil pessoas)
(%)
(mil pessoas)
(%)
SÃO PAULO
9.064
1.722
19,0
707
7,8
RIO DE JANEIRO
nd
nd
nd
nd
nd
B. HORIZONTE
2.364
362
15,3
307
13,0
PORTO ALEGRE
1.769
317
17,9
214
12,1
RECIFE
1.372
136
9,9
181
13,2
SALVADOR
1.462
129
8,8
275
18,8
BRASÍLIA
1.119
46
4,1
251
22,4
Fonte: IBGE e DIEESE
Observa-se que este percentual é substancialmente inferior ao observado nas demais regiões
metropolitanas. Se a área metropolitana de Brasília tivesse o mesmo grau de ocupação na indústria
de Recife e Salvador (cerca de 10% do pessoal ocupado total), o número de postos de trabalho na
indústria na área metropolitana de Brasília seria em torno de 120 mil. Se esse grau de ocupação na
24
indústria fosse equivalente aos de Belo Horizonte e Porto Alegre (de 15% a 18%), esse contingente
superaria os 200 mil.
Deve-se ressaltar que para cada emprego na atividade industrial, são gerados, em média, 1,7
empregos em serviços de apoio à indústria. Parece evidente que a industrialização da região
metropolitana, particularmente de sua periferia, é uma questão vital para o seu futuro.
A conclusão central é de que o diminuto PIB da periferia metropolitana de Brasília, assim
como a sua reduzida geração de emprego (e elevada taxa de desemprego), decorre de seu baixo
nível de atividade econômica. O caminho percorrido pelas periferias metropolitanas do País para a
elevação do nível de atividade econômica (e consequentemente do PIB e da geração de emprego)
foi o da industrialização.
Gráficos 23 a 27: Pessoal ocupado na indústria de transformação, no setor público e
em outras atividades econômicas em cinco áreas metropolitanas do país em 2008
SÃO PAULO
PORTO ALEGRE
19%
18%
8%
Pessoal Ocupado Indústria
Pessoal Ocupado Indústria
12%
Pessoal Ocupado - Setor
Público
Pessoal Ocupado - Setor
Público
Outros
Outros
70%
73%
BELO HORIZONTE
RECIFE
10%
15%
13%
13%
Pessoal Ocupado Indústria
Pessoal Ocupado - Setor
Público
Pessoal Ocupado - Setor
Público
Outros
Outros
72%
77%
SALVADOR
9%
19%
Pessoal Ocupado Indústria
Pessoal Ocupado Indústria
Pessoal Ocupado - Setor
Público
Outros
72%
25
4. O EIXO DE DESENVOLVIMENTO BRASÍLIA – ANÁPOLIS - GOIÂNIA
A formação do Eixo Brasília – Anápolis – Goiânia
Uma das consequências mais marcantes do processo de ocupação e desenvolvimento da Região
Centro-Oeste foi a extraordinária expansão de suas duas principais cidades, Brasília e Goiânia. Distantes
entre si pouco mais de 200 km, as duas cidades desenvolveram-se quase que alheias uma à outra, mas nos
últimos anos, a intensificação dos fluxos econômicos com a região de influência comum e objetivos
estratégicos convergentes as têm aproximado. Atualmente desenha-se claramente um eixo de
desenvolvimento interligando as áreas metropolitanas de Brasília e Goiânia, incluindo a aglomeração urbana
de Anápolis, localizada entre ambas.
O desenvolvimento das duas metrópoles obedeceu, contudo, a processos distintos. Nas suas duas
primeiras décadas de existência, Esse processo tem sido alimentado por fortes e crescentes fluxos
migratórios. Estima-se, com base em dados do Censo Demográfico de 2000, em cerca de 50 mil/ano o fluxo
líquido de migrantes para a área metropolitana de Brasília na década de 1990, sendo 20 mil no Distrito
Federal e 30 mil nos municípios da periferia metropolitana, o chamado "Entorno Metropolitano".
Já o surgimento de Goiânia foi decorrência do deslocamento do eixo dinâmico da economia estadual
de sua região oeste, polarizada pela cidade de Goiás, decadente núcleo urbano do ciclo da mineração, para a
região sudeste do estado, onde despontavam as cidades de Ipameri, Catalão e principalmente Anápolis.
Construída a partir de 1933, e capital estadual a partir de 1937, a transferência das atividades políticoadministrativas e as demandas por elas geradas foram o primeiro impulso para o crescimento da cidade. Em
1940, já era a principal cidade do estado, com 40 mil habitantes, mas apenas 15 mil em sua área urbana.
Na década de 1940, em pleno processo da "Marcha para o Oeste", movimento lançado no fim da
década anterior pelo Governo Vargas, Goiânia se consolidou como principal cidade do estado, mas ainda
travava disputa com Anápolis pela condição de principal centro econômico. Anápolis se tornara o maior
centro do comércio atacadista goiano e beneficiara-se da expressiva expansão da rizicultura no estado. Era
para a cidade que convergia a quase totalidade da produção de arroz goiano (e parte da produção do norte de
Mato Grosso) destinada ao beneficiamento e à comercialização.
A disputa econômica com Anápolis só se resolveu a favor de Goiânia já na década de 1950, quando
passou a dividir com Uberlândia a condição de principal entreposto de comercialização da produção agrícola
do sudoeste goiano, região que rapidamente se constituiu na principal área de atividade agropecuária do
estado. Em 1950, alcançava a condição de principal cidade do Centro-Oeste, com 76 mil habitantes,
consolidando-se como principal centro comercial e de serviços de uma economia em franca expansão,
passando a receber importantes contingentes migratórios, principalmente do interior do estado e de Minas
Gerais.
26
Em 1960, quando Brasília foi fundada, Goiânia já comportava uma população urbana de 132 mil
pessoas e a população no conjunto dos municípios que hoje formam sua área metropolitana, alcançava 182
mil habitantes. No decorrer das décadas de 1950 e 1960, a cidade ampliou suas funções econômicas,
tornando-se então o principal centro de suprimento de bens e serviços para as regiões agrícolas do estado,
notadamente a próspera região sudoeste. Em 1970, a população da cidade alcançava 380 mil habitantes, e já
começava a se desenhar sua futura área metropolitana, somando então com os municípios vizinhos, 424 mil
habitantes.
A década de 1970 vai ser a de transição da atividade agrária na Região Centro-Oeste, de seu estágio
semicapitalista para o de plena hegemonia capitalista, processo que vai se consolidar nas duas décadas
seguintes. Este processo de modernização da atividade agrícola regional teve em Goiânia seu centro difusor.
A cidade comandou a acentuada expansão do consumo intermediário (fertilizantes, sementes, implementos
agrícolas etc.), resultando na forte expansão da produtividade e no consequente aumento da produção e
colheu as vantagens deste processo, pois ampliou sua influência para além das fronteiras do estado e para ela
passaram a convergir grande parte das riquezas geradas em sua ampla área de influência.
Em 1980, a população de sua área metropolitana já ganhava contornos mais definidos, duplicando
sua população para 808 mil habitantes. Posteriormente, esta cresceu para 1,2 milhão em 1991 e 1,6 milhão
em 2000. Goiânia efetivamente se consolidava como uma das metrópoles nacionais. Neste contexto de
rápida ocupação e transformação do Centro-Oeste brasileiro, o notável crescimento de Brasília e o
igualmente acelerado crescimento de Goiânia, e a emergência de ambas como metrópoles nacionais
consolidaram estas duas cidades como pólos de toda a região, consolidando um novo eixo de
desenvolvimento formado por Brasília-Anápolis-Goiânia3.
Em resumo, entre 1970 e 2010, a área metropolitana de Brasília cresceu de 625 mil para 3,48 milhões
de habitantes; a de Goiânia, de 425 mil para 2,17 milhões e a da Aglomeração Urbana de Anápolis de 120
mil para 357 mil. No total, a população cresceu de 1,17 milhão para 6,02 milhões. Nada menos que 40% do
crescimento da população urbana de toda a região concentrou-se neste Eixo. O Quadro 12 apresenta a
evolução populacional no Eixo entre 1991 e 2010.
3
O Eixo Brasília-Goiânia é apresentado neste estudo como um eixo de desenvolvimento compreendendo a
Área Metropolitana de Brasília, a Área Metropolitana de Goiânia (envolvendo os municípios de Goiânia,
Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Trindade, Goianira e Nerópolis) e a Aglomeração Urbana de
Anápolis (Anápolis, Abadiânia, Goianápolis e Teresópolis de Goiás). Sua proposição foi feita no estudo "O
Eixo Brasília-Goiânia como foco dinâmico da economia do Brasil Central", elaborado em março de 2000
pelo Presidente do Sindicato dos Economistas/DF, Júlio Miragaya. Esta definição foi adotada pela Secretaria
do Planejamento e Desenvolvimento do Governo de Goiás no estudo "Eixo de Desenvolvimento GoiâniaAnápolis-Brasília", elaborado em 2002.
27
Quadro 12: Evolução da população no Eixo Brasília – Anápolis – Goiânia de 1991 a 2010
População Total
2000
Taxa Crescim.
91/00 00/10
Dens.
Demog.
3,72
2,38
137,3
2.570.160
2,77
2,28
449,3
702.268
914.291
7,05
2,67
46,2
-
105.746
159.378
-
4,20
749,6
848
16.472
20.335
23.814
2,21
1,74
24,4
388
-
40.377
55.915
-
3,30
135,0
Formosa
5.807
62.982
78.651
100.085
2,50
2,44
16,6
Luziânia
3.962
207.674
141.082
174.531
-
2,15
53,0
192
-
74.380
95.018
-
2,48
462,7
Padre Bernardo
3.138
16.500
21.514
27.671
3,19
2,56
8,9
Planaltina GO
2.539
40.201
73.718
81.649
6,95
1,02
31,4
Santo Antônio
938
35.309
51.897
63.248
4,64
1,98
62,3
Valparaíso GO
60
-
94.856
132.982
-
3,43
2.057,4
AU de Anápolis
Anápolis
Abadiânia
Campo Limpo GO
2.118
918
1.044
156
248.780
239.378
9.402
-
299.537
283.134
11.452
4.951
357.054
335.032
15.752
6.270
2,08
1,88
2,22
-
1,77
1,70
3,27
2,46
167,8
366,0
12,8
38,6
AM Goiânia
Goiânia
Peiferia Metrop.
Abadia GO
Aparecida Goi
Aragoiânia
Bela Vista GO
Bonfinópolis
Brazabrantes
Caldazinha
Caturaí
Goianápolis
Goianira
Guapó
Hidrolândia
Inhumas
Nerópolis
Nova Veneza
Sto Antônio GO
Senador Canedo
Teresópolis GO
Trindade
7.397
739
6.658
147
289
219
1.277
122
123
312
207
162
200
518
944
613
204
123
133
245
107
713
1.312.709
922.222
390.487
178.483
4.910
17.316
3.324
2.334
4.134
10.716
12.896
11.785
10.254
38.368
12.987
5.003
23.905
54.072
1.743.297
1.093.007
650.290
4.971
336.392
6.424
19.210
5.353
2.772
2.859
4.330
10.671
18.719
13.863
13.086
43.897
18.578
6.414
3.106
53.105
5.083
81.457
2.173.006
1.301.892
871.114
6.868
455.735
8.375
24.539
7.536
3.240
3.322
4.670
10.681
34.061
14.002
17.398
48.212
24.189
8.129
4.690
84.399
6.562
104.506
3,20
1.91
5,83
7,30
3,03
1,16
5,44
1,93
0,52
-0,05
4,23
1,82
2,75
1,51
4,06
2,80
9,27
4,66
2,23
1,76
2,97
3,36
3,08
2,74
2,50
3,54
1,71
1,64
0,85
0,05
6,19
0,13
2,92
0,95
2,69
2,45
4,31
4,75
2,66
2,53
294,8
1.733,6
135,0
43,0
1.771
35,2
17,0
60,0
27,1
10,7
22,5
71,8
131,4
27,0
15,6
76,3
99,2
58,7
31,9
316,7
55,6
147,2
35.168
3.541.921
4.796.248
6.014.511
3,47
2,29
172,3
Discriminação
Área
(Km²)
AM Brasília
25.653
1.980.432
2.753.414
3.484.451
Distrito Federal
5.802
1.601.094
2.051.146
Periferia Metrop.
19.851
379.338
Águas Lindas GO
191
Alexânia
Cidade Ocidental
Novo Gama
EIXO
1991
2010
Fonte: IBGE
(1) Incluído em Luziânia; (2) Incluído em Santo Antônio do Descoberto
28
Fatores que explicam a acelerada expansão populacional no Eixo
A forte concentração desta população no eixo Brasília – Goiânia (45% da população urbana regional)
é expressão da fragilidade da rede urbana regional (fora do eixo, apenas Cuiabá e Campo Grande possuem
população urbana superior a 300 mil habitantes), situação decorrente do baixo grau de industrialização da
Região. No cenário econômico, a Região Centro-Oeste tem sido, nas últimas décadas, também a que tem
apresentado o melhor desempenho entre as macrorregiões brasileiras, tendo a sua participação no PIB
nacional saltado de 3,8% em 1970 para 10,6% em 2009.
O acelerado crescimento demográfico ao longo do Eixo Brasília-Goiânia pode ser explicado por
diversos fatores. Nos casos da área metropolitana de Goiânia e da aglomeração urbana de Anápolis, a
justificativa é o estímulo proporcionado pela dinamização de suas economias. Quanto a Brasília, decorre
certamente da retomada do fluxo migratório direcionado ao Distrito Federal e, principalmente, ao aumento
no contingente migratório para a sua periferia metropolitana.
A questão que se coloca é: por que a área metropolitana de Brasília atraiu um grande número de
migrantes nos últimos vinte anos, sem que tenha apresentado desempenho econômico que o justifique?
A resposta é o elevado nível de renda do Distrito Federal, proporcionado essencialmente pelo setor
público. A administração pública e os serviços públicos (federal e distrital) respondem ainda por 22% dos
postos de trabalho no Distrito Federal e, principalmente, por nada menos que por 55% do total da massa de
rendimentos do trabalho, em função dos salários médios do segmento situarem-se num patamar bem mais
elevado que o observado nos demais setores de atividade locais e também dos níveis salariais das demais
unidades da federação, tanto do setor público como do privado.
Tal fato acontece por se concentrarem em Brasília os extratos superiores das carreiras da
administração pública, no Executivo, Legislativo e Judiciário. Também o nível de remuneração dos
servidores do Governo do Distrito Federal (GDF) situa-se num patamar mais elevado.
Outro fator que também tem concorrido para esta atratividade tem sido a excelência dos serviços
públicos do Distrito Federal, levando-se em conta os padrões da região. Como a rede de cidades do sistema
urbano-regional de Brasília-Goiânia é bastante frágil, com oferta precária de infraestrutura nas áreas de
saúde e educação públicas, naturalmente a disponibilização desses serviços em Brasília (assim como em
Goiânia) passam a ser importantes fatores de atração populacional para as duas metrópoles regionais. Nesta
mesma linha, sempre foi objeto de polêmicos debates em Brasília o real impacto da política de distribuição
de lotes na atração de correntes migratórias no Governo de Joaquim Roriz, entre 1991 e 1994.
Parece inquestionável que esta política estimulou estas correntes migratórias. Mas certamente há um
exagero em creditar a ela a total responsabilidade pelo inchaço populacional em Brasília no período. Uma
simples observação da evolução populacional do Distrito Federal e de sua área metropolitana de Brasília na
década de 1990 permite constatar que o ritmo de crescimento demográfico se manteve igualmente acelerado,
mesmo após o fim da política de distribuição de lotes em 1995, já no governo Cristovam Buarque. A
29
conclusão lógica é que não foi esta política a maior responsável pelo acelerado crescimento populacional de
Brasília, suplantada por outras causas aqui apresentadas.
Dentre essas causas está certamente a "expulsão" da população do campo. Deve-se ressaltar o fato de
que o avanço das relações capitalistas no campo, ao concentrar a propriedade fundiária, com a redução de
dezenas de milhares de estabelecimentos agrícolas nas duas últimas décadas e, ao expandir a mecanização,
levou à supressão de cerca de 300 mil postos de trabalho no mesmo período. Naturalmente, boa parte destes
desalojados teve como destino as duas metrópoles da região.
Nas três últimas décadas, já foi observada a expressiva expansão da atividade econômica na região
Centro-Oeste, não obstante o fraco desempenho da economia nacional. Não é nada surpreendente, portanto,
que as duas metrópoles regionais tenham sido as de maior crescimento populacional no País nos últimos 30
anos. Mas surpreende o fato de que, ao contrário das demais áreas metropolitanas, que mantêm a tendência
de desaceleração do crescimento populacional desde as décadas de 1950 e 1960, Brasília e Goiânia tenham
mantido crescimento demográfico tão acelerado, sendo que em Brasília deu-se incremento ainda maior no
período 1991/2000 que em 1980/1991.
De fato, de acordo com os dados dos Censos Demográficos, o crescimento médio populacional das
demais regiões metropolitanas vem caindo a cada década, com taxas anuais de 3,78% em média, na década
de 1970, 2,00% na de 1980, 1,76% na de 1990 e cerca de 1,50% na de 2000. Enquanto isso, o da Área
Metropolitana de Brasília foi de 3,50% na década de 1980, bem superior ao da média das outras regiões
metropolitanas, e, contrariamente à tendência geral, cresceu para 3,72% nos anos 1990 (e para 3,21% em
Goiânia), valor superior ao da década anterior e o dobro do ocorrido nas demais metrópoles, decaindo para
2,75% na década de 2000.
Entre as possíveis explicações desta dinâmica demográfica, podemos citar a pobreza da região do
Semi-Árido nordestino e das áreas rurais economicamente deprimidas da própria região Centro-Oeste e de
Minas Gerais, principais focos de origem dos fluxos migratórios no País; a estagnação do emprego industrial
nas metrópoles do Centro-Sul, tradicionais absorvedoras de migrantes; e a condição de fronteira em
expansão do Centro-Oeste.
Até fins da década de 1970, os fluxos migratórios originários de regiões economicamente deprimidas
direcionavam-se principalmente para as metrópoles do Centro-Sul, notadamente São Paulo e Rio de Janeiro.
Contudo, a estagnação da economia e o processo de reestruturação econômica a partir dos anos 1980, com
impacto negativo sobre o nível de emprego, sobretudo o industrial, levou à retração desses fluxos. Desse
modo, a Região Centro-Oeste, que já captava parcela significativa desses contingentes, dadas suas
características de região de fronteira agrícola, adquiriu ainda maior expressão.
Entretanto, como o modelo agrário regional rapidamente evoluiu para o de produção de grãos
altamente mecanizada e pecuária bovina tecnificada, principalmente nas suas áreas mais prósperas, a
capacidade de absorção de mão-de-obra no campo logo se viu esgotada. Como a rede urbana regional é
bastante frágil, também incapaz de gerar ocupação em larga escala, o que ocorreu foi uma forte
30
concentração dos fluxos migratórios nas duas metrópoles, Brasília e Goiânia. Dessa forma, formou-se na
região a ocorrência do fenômeno da macrocefalia urbana, que é a disparidade de dimensão entre as duas
metrópoles e as cidades de porte intermediário de sua área de influência.
De outro lado, o que ocorreu com as demais metrópoles do País é que, concomitantemente à
desaceleração dos seus crescimentos populacionais, ocorreu uma aceleração do crescimento nas cidades de
porte médio de suas regiões de influência. Entretanto, na Região Centro-Oeste tem ocorrido o oposto, ou
seja, salvo raras exceções, as duas metrópoles tem crescido num ritmo mais acelerado que as principais
cidades intermediárias de sua hinterlândia (área de influência).
Deve-se, contudo, neste panorama positivo, destacar três questões preocupantes. A primeira é que o
desenvolvimento e modernização do campo tem se dado de forma absolutamente discricionária, ou seja,
prosperidade para os grandes produtores e atraso e miséria na pequena produção. Os problemas começam
com a estrutura fundiária altamente concentrada. Os estabelecimentos acima de 500 hectares representam
pouco mais de 9% do total, mas ocupam 76% da área. Já os estabelecimentos com até 50 hectares,
representando 54% do total, ocupam tão somente 3% da área.
A disparidade entre os níveis de produtividade e capitalização da propriedade empresarial e da
unidade familiar é maior no Centro-Oeste que em qualquer outra região do País. O mapa hoje existente
revela a coexistência de bolsões de prosperidade e de regiões agrícolas atrasadas e deprimidas. Certamente a
medida para superar tais problemas é um amplo programa de distribuição de terras e de apoio à agricultura
familiar por parte dos governos federal e estaduais, que abordaremos mais adiante.
A segunda envolve entraves existentes na infraestrutura regional e que concorrem para reduzir a
elevada competitividade da sua atividade agropecuária. Entre esses entraves, destacam-se a limitada
capacidade de armazenamento de grãos e o elevado custo de escoamento da safra.
A terceira questão diz respeito à incipiência da industrialização. Não obstante o avanço neste terreno
ocorrido nas duas últimas décadas, o Centro-Oeste permanece com baixíssimo grau de industrialização de
sua economia, situando-se no último posto entre as cinco macrorregiões do País.
O Produto Interno Bruto no Eixo Brasília – Anápolis – Goiânia somou R$ 176,9 bilhões em 2009,
correspondente a 5,46% do total nacional. Neste ano, o PIB da área metropolitana de Goiânia representava
36,8% do total do Estado de Goiás e o da aglomeração urbana de Anápolis, 9,6% (Quadro 13).
Para 2011, estima-se o PIB do Eixo em R$ 222,2 bilhões, sendo 169,1 bilhões na área metropolitana
de Brasília (161,5 bilhões no Distrito Federal e R$ 7,6 bilhões em sua periferia metropolitana); 42,1 bilhões
na área metropolitana de Goiânia e 11,0 bilhões na aglomeração urbana de Anápolis.
31
Quadro 13: PIB nos municípios do Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia em 2007, segundo setores de atividade e PIB
total e per capita em 2009
Municípios
AM Brasília
Distrito Federal
Periferia Metrop.
Águas Lindas GO
Alexânia
Cidade Ocidental
Formosa
Luziânia
Novo Gama
Padre Bernardo
Planaltina GO
Santo Antônio Desc.
Valparaíso GO
PIB: valor adicionado por setor em 2007
Total
Agropecuária
Indústria
Serviços
Impostos
PIB total
em 2009
PIB per
capita 2009
104.373.759
99.945.620
4.428.139
399.113
294.218
175.461
561.334
1.628.876
277.530
123.673
293.226
182.400
492.308
518.398
262.256
256.142
1.402
18.482
8.793
43.293
127.769
1.172
27.049
20.956
7.128
98
6.907.575
5.878.896
1.028.679
53.845
109.805
25.905
80.571
587.496
43.763
13.408
34.991
23.810
55.085
86.427.335
83.658.220
2.769.115
322.498
98.002
131.173
392,679
764.629
217.510
76.913
221.560
142.398
401.753
10.520.750
10.146.248
374.502
21.367
67.929
9.590
44.491
148.982
15.084
6.903
15.720
9.063
35.373
137.153.307
131.487.268
5.666.039
548.630
304.262
212.909
746.357
2.040.828
352.585
160.106
376.269
233.395
690.698
40.205
50.438
6.344
3.832
14.699
4.065
7.752
9.175
3.969
5.716
4.724
3.991
5.595
AU Anápolis
Anápolis
Abadiânia
Campo Limpo GO
4.769.223
4.681.250
62.251
25.722
49.249
32.612
12.754
3.883
1.370.589
1.357.961
7.503
5.125
2.305.835
2.252.949
37.572
15.314
1.043.851
1.037.729
4.722
1.400
8.226.503
8.109.760
82.400
34.343
23.417
24.139
6.159
5.703
AM Goiânia
Goiânia
Periferia Metrop.
Abadia GO
Aparecida Goiânia
Aragoiânia
Bela Vista GO
Bonfinópolis
Brazabrantes
Caldazinha
Caturaí
Goianápolis
Goianira
Guapó
Hidrolândia
Inhumas
Nerópolis
Nova Veneza
Sto Antônio GO
Senador Canedo
Teresópolis GO
Trindade
25.178.707
17.867.338
7.311.994
30.366
3.082.081
37.274
273.988
35.378
22.502
24.038
26.863
47.466
171.832
64.119
159.223
346.958
258.382
52.538
25.778
2.036.085
36.190
580.929
248.173
17.298
230.875
3.665
4.721
5.153
31.788
8.867
7.961
10.996
9.870
5.056
9.456
10.434
20.385
43.245
10.835
8.725
6.165
5.645
3.231
24.677
4.220.212
2.704.258
1.515.954
5.391
673.777
7.977
118.478
3.988
3.336
1.830
2.482
6.966
55.819
10.264
48.716
64.792
114.675
15.101
3.167
185.513
4.401
189.281
17.112.463
12.375.398
4.737.065
19.293
2.081.438
21.916
100.735
20.790
10.179
10.387
13.280
32.405
92.386
39.794
74.756
210.741
105.938
24.466
14.466
1.517.870
24.959
321.266
3.597.850
2.769.753
828.097
2.017
322.144
2.229
22.987
1.733
1.026
826
1.231
3.039
14.172
3.626
15.366
28.180
26.933
4.246
1.981
327.057
3.600
45.704
31.520.068
21.386.530
10.133.538
38.975
4.601.373
43.015
330.241
45.528
37.125
33.231
40.064
60.013
189.322
88.644
257.723
452.559
338.302
74.444
37.718
2.658.435
47.221
759.605
14.798
16.682
11.935
6.186
9.009
5.585
15.233
6.206
11.099
9.946
8.585
5.143
7.189
6.344
17.511
9.673
16.698
10.282
8.917
34.298
7.935
7.236
134.332.765
832.585
12.505.922
105.887.554
15.166.039
176.899.878
30.020
EIXO
Fonte: IBGE
A consolidação do Eixo: problemas e potencialidades
Como visto, a rede urbana brasileira está organizada em sistemas urbano-regionais, encabeçados
pelas principais metrópoles do País. Mas, no caso do Centro-Oeste, ocorre uma dupla polarização. Isso
32
ocorre pela equivalência entre as duas metrópoles regionais, Brasília e Goiânia, mas notadamente pela curta
distância entre elas.
Essa proximidade, somada ao acelerado crescimento das metrópoles, particularmente quanto aos
papéis que desempenham no plano regional, conduzirá, inevitavelmente, à consolidação de um forte eixo
econômico unindo as duas áreas metropolitanas, tendo a aglomeração urbana de Anápolis como ponto de
interseção. Esse eixo tenderá a se fortalecer com a recente duplicação da BR-060, que liga Brasília e
Goiânia, e com a conclusão da duplicação da BR-153 entre Goiânia e Itumbiara, e do trecho da BR-365
entre Itumbiara e Uberlândia, conectando as duas metrópoles do Centro-Oeste, por rodovia em pista dupla,
com São Paulo, principal centro econômico nacional, e com os Estados do Sul e os países do Mercosul. Por
outro lado, o projeto de construção de um ramal do gasoduto Brasil – Bolívia, partindo de Paulínia (SP) em
direção ao Triângulo Mineiro e, a partir daí, a Goiânia e Brasília, disponibilizaria uma nova e vantajosa
fonte energética, ampliando a competitividade do Eixo na atração de investimentos, notadamente industriais.
O forte incremento populacional nas áreas metropolitanas de Brasília e Goiânia, que a princípio gera
grandes problemas, projeta também algumas potencialidades. Em relação aos problemas, o principal deles é,
sem dúvida, a necessidade de geração de postos de trabalho além da capacidade de ambas as economias. No
caso da área metropolitana de Brasília, para uma PEA estimada em pouco mais de 1,85 milhão, o
contingente desempregado estimado fica pouco abaixo de 300 mil, configurando uma taxa de desemprego
próxima de 15%, num quadro em que a economia brasileira vê recuperando-se de um período de 20 anos no
qual viveu uma prolongada estagnação, saldo de um modelo neoliberal de inserção subordinada à economia
internacional, que teve como um dos subprodutos a concepção de “Estado Mínimo”, com consequências
drásticas para Brasília, devido à forte dependência de sua economia ao desempenho do setor público.
Por outro lado, a pressão demográfica também implicou em maior demanda por serviços sociais,
particularmente os do Distrito Federal e de Goiânia, na medida em que eles servem à população da periferia
metropolitana, onde ocorre o crescimento populacional mais acelerado. Retornando à questão da retração do
setor público, constatamos que a situação atual da economia de Brasília mostra um quadro preocupante.
Normalmente, o processo de expansão das cidades que se consolidam como pólos regionais deve seu
desenvolvimento à expansão das atividades agropecuária e/ou industrial, que, por sua vez impulsionam o
setor terciário, atuando como fator indutor do desenvolvimento.
Brasília, entretanto, desde a sua concepção, definida como cidade com funções quase que
exclusivamente político-administrativas, não só não estimulou, como, inclusive, repudiou qualquer processo
de industrialização. Por outro lado, a exiguidade do seu território e o custo do fator terra não tornam viável
uma ampla exploração agropecuária. O resultado dessa situação singular é que apenas 43 e 0,5% do pessoal
ocupado no Distrito Federal estão nos setores da indústria de transformação e agropecuário respectivamente,
enquanto a média nacional é de 12% e 10%. Face à absoluta incipiência dos setores secundário e primário, o
fator indutor do desenvolvimento local foi o setor público, notadamente a administração pública, que ainda
hoje emprega quase 1/4 do pessoal ocupado residente no Distrito Federal.
33
Foi com base no excepcional aumento do emprego na administração pública até o final da década de
1980, aliado à elevada remuneração (para padrões brasileiros) praticada nesse segmento, que se deu um forte
incremento no comércio, nos serviços e na construção civil da Capital Federal. Entretanto, desde a década de
1990, tem se verificado queda relativa na geração de empregos no setor público, associada à contração da
renda real do pessoal ocupado no setor, fruto da “crise fiscal” do Estado. O esgotamento da possibilidade de
o setor público funcionar como fator indutor do desenvolvimento do Distrito Federal é problemático, na
medida em que não há perspectivas de expansão imediata de segmentos alternativos.
Outro problema específico de Brasília diz respeito à sua forte dependência de recursos da União.
Como se sabe, ela foi concebida para ser centro político e administrativo. Decerto, seria uma cidade distinta
das demais, centralizando as atividades da União, e manter-se-ia a partir de verbas federais, prescindindo de
maior preocupação quanto à geração de receitas próprias. Desde sua fundação, uma parcela majoritária do
orçamento do Distrito Federal tem sido constituída de transferências da União. Por vários anos não houve
questionamento quanto a esse modelo, pois a nova capital fora uma opção de todas as unidades federativas.
Como desempenhava funções exclusivamente político-administrativas, não estimularia o
desenvolvimento de um parque produtivo, até mesmo porque não precisava gerar receita própria, uma vez
que era sustentada pela União. Não há nenhuma novidade nesse modelo; afinal, esse sistema funciona em
diversas capitais, como Washington (EUA), Bonn (Alemanha) e Camberra (Austrália). Contudo, com a
promulgação da Constituição Federal de 1988 e o advento da autonomia política do Distrito Federal,
aumentando as necessidades de transferência de recursos da União, num quadro de crescente crise fiscal do
Governo Federal, e ainda tendo como pano de fundo uma imagem negativa de Brasília junto à população do
País, cresceu o questionamento em relação a essas transferências voluntárias. Por isso, tornou-se crucial para
o Distrito Federal institucionalizar estas transferências voluntárias, sendo instituído o Fundo Constitucional
do Distrito Federal (FCDF).
Mas, mesmo vencida essa etapa, o problema não se resolve. A parcela do orçamento do DF que
advém de receita própria apresenta limitações para fazer frente às demandas sociais crescentes. Parte dessa
receita é de natureza municipal (IPTU, IPVA, ITBI etc.) e pode ser ampliada via aumento de alíquotas. A
outra parcela é formada por tributos de natureza estadual (ICMS) e pela participação na receita da União
(FPE, FPM etc.). Estas fontes estão vinculadas à amplitude e ao dinamismo da atividade econômica. O
montante arrecadado neste grupo é relativamente reduzido, pois é resultado da debilidade de nosso parque
produtivo. Estimular a atividade econômica é, portanto, condição indispensável para ampliar a receita
tributária do Distrito Federal.
Outro grave problema é o baixo grau de industrialização, não só do Eixo, mas de toda a região do
Planalto Central. Apenas para ilustrar essa situação, em Goiânia, maior centro industrial regional, o valor da
produção industrial (VPI) é quase dez vezes menor que o da Aglomeração Urbana de São José dos Campos,
cidade do interior paulista. Deve-se ressaltar que o incipiente desenvolvimento industrial no Centro-Oeste
decorre, em boa parte, da inexistência de políticas de desenvolvimento industrial voltadas para a região.
34
O desafio, portanto, é colocar-se dentro dessa “nova fronteira” e capitalizar parte desse processo de
relocalização da atividade industrial. Para tanto, torna-se necessário a formulação de políticas concretas e a
superação de gargalos na sua infraestrutura.
Tais projetos alavancariam a competitividade de Brasília e Goiânia na atração de investimentos, e
consolidariam as duas metrópoles como polos econômicos da região Centro-Oeste. Outra necessidade
premente da região é a de modernização das áreas agrícolas mais atrasadas, e que abrangem a maior parte de
seu território, notadamente sua porção centro-norte, que passa pela ação ativa do Estado em termos de
concessão de crédito, apoio técnico, garantia de preços mínimos e formação de canais de comercialização da
produção. O desenvolvimento agrário, além de incrementar o emprego e a renda da região, atuará como
fator inibidor das correntes migratórias em direção às cidades, notadamente Brasília e Goiânia.
Por fim, deve-se implementar uma política ativa de desenvolvimento e consolidação dos pólos
regionais, que tendem a se localizar nos principais núcleos urbanos espalhados pelo sistema urbanoregional,
elevando a qualidade do perfil da rede urbana regional, reduzindo a pressão que se estabelece sobre Brasília
e Goiânia. Mas, para que tal situação se altere, não se pode confiá-la à ação das leis do mercado. Estas
tendem sempre a perpetuar e agravar as disparidades regionais, pois obedecem à lógica das vantagens
comparativas locacionais, e estas concentram-se, naturalmente, nas regiões mais ricas.
Só há desenvolvimento regional por meio da ação coordenada e dirigida do Estado, e não se está
falando de guerra fiscal. Já no início do século XX, essa questão se colocava na Europa e nos EUA. Esta
discussão, que os teóricos neoliberais julgam superada, emerge com toda a atualidade na questão regional
que envolve Brasília e sua região. Em suma, Brasília e toda a sua imensa área de influência possuem um
potencial extraordinário, que foi apenas parcialmente aproveitado nas últimas décadas. A ação planejadora
do Estado, tão desprezada nos últimos anos, deve ser resgatada, para permitir o desenvolvimento com maior
equilíbrio regional e socialmente mais justo.
35
5. RESTRIÇÕES E OPORTUNIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL NO
CENTRO-OESTE E NO DF
A discussão sobre a industrialização do Centro-Oeste vem de longa data e, em particular, do Distrito
Federal, vem sendo travada desde a fundação da Capital.
Durante vários anos, particularmente nas décadas 1960 e 1970, os investimentos industriais na região
foram praticamente privados de incentivo do governo federal. Esta situação decorreu em parte da reduzida
articulação política das lideranças regionais, assim como de uma percepção equivocada de que a vocação da
região estava na atividade agropecuária, notadamente no binômio grãos/gado. E deve-se observar que este
período correspondeu precisamente a fase de mais acelerada industrialização do País.
Em relação especificamente ao Distrito Federal tem raízes na própria concepção da cidade, visto que
esta foi planejada para desempenhar exclusivamente funções de natureza político-administrativas. Durante
muitos anos os investimentos industriais não somente deixaram de ser estimulados no Distrito Federal, mas
foram mesmo desestimulados. Deve-se destacar também que fatores ambientais tiveram também influência
decisiva nesta orientação.
As raízes históricas do baixo nível de industrialização do Centro-Oeste
Nas décadas de 1960 e 1970, que corresponderam à fase de mais acelerada industrialização do País, a
ausência de estímulo à atividade industrial não atingiu apenas Brasília, mas praticamente toda a Região
Centro-Oeste. Não por acaso, a Superintendência de Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (SUDECO)
foi a última superintendência de desenvolvimento regional a ser criada, a que dispôs de menor estrutura por
parte do Governo Federal e a primeira a ser extinta. Mais do que isto, enquanto as demais regiões foram
contempladas com instituições financeiras federais de fomento, tais como o BNB (Nordeste), BASA (Norte)
e BRDE (Sul), o Centro-Oeste ficou privado de tal instrumento, de fundamental importância para a
promoção do desenvolvimento econômico, particularmente o industrial.
Já a partir dos anos 1980, quando o País vivenciou um forte processo de desconcentração industrial,
com o deslocamento dessas atividades das áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro em direção
aos estados da Região Sul, ao centro-sul de Minas Gerais e ao interior de São Paulo, o Centro-Oeste e
Brasília mais uma vez se viram excluídos.
Portanto, não obstante o excepcional avanço da atividade agropecuária ocorrido nas últimas décadas,
o Centro-Oeste permanece com um baixíssimo grau de industrialização, respondendo por cerca de 4% da
produção industrial nacional, percentual muito inferior à participação da região no PIB nacional, acima de
10%.
36
Deve-se, assim, buscar a industrialização como forma de dar um salto qualitativo em sua estrutura
produtiva, estabelecendo como desafio a transposição da linha divisória do novo mapa da relocalização da
indústria brasileira; inserir-se dentro desta nova fronteira e capitalizar parte deste processo ainda em curso.
Algumas condições para almejar este objetivo estão dadas como a existência de um amplo mercado
consumidor e de renda acima da média nacional, alto grau de instrução da população, uma razoável
infraestrutura econômica, uma variada disponibilidade de insumos industriais e ampla base produtiva no
setor agropecuário. Somente a área metropolitana de Brasília representa hoje um mercado de 3,63 milhões
de pessoas, com renda disponível para consumo superior a R$ 90 bilhões, e se considerarmos o eixo
Brasília-Anápolis-Goiânia, este mercado ascende a 6,26 milhões, com renda disponível para consumo de
quase 130 bilhões de reais, o 3º maior mercado do País, superado apenas pelas regiões metropolitanas de
São Paulo e Rio de Janeiro.
O que Brasília tem de singular? A principal vocação estratégica de Brasília, ou mais precisamente do
Eixo Brasília-Goiânia, continua sendo a sua condição de “portão de entrada” para a mais dinâmica região do
país, estando na origem de dois dos principais eixos de conexão: ao sul, com os principais mercados
consumidores e grandes portos exportadores (Santos, Paranaguá, Sepetiba e Tubarão) e ao norte, com os
portos de Itaqui (São Luís) e Vila do Conde (Belém).
Em síntese, as escalas das transformações ocorridas na Região Centro-Oeste no último século, e,
particularmente, nas últimas cinco décadas, foram de tal magnitude que colocaram a região numa situação
de relativo destaque no cenário nacional. Hoje, contudo, trata-se de definir novos rumos, e a questão da
industrialização tem enorme relevância. Durante muitos anos os investimentos industriais não somente
deixaram de ser estimulados no Distrito Federal, mas foram mesmo desestimulados, na medida em que a
cidade foi planejada para desempenhar exclusivamente funções de natureza político-administrativa.
A questão da industrialização no Centro-Oeste e em Brasília: razões da não industrialização
Não obstante o avanço ocorrido nas duas últimas décadas, o Centro-Oeste permanece com um
baixíssimo grau de industrialização de sua economia, situando-se no último posto entre as cinco
macrorregiões do País, tendo respondido em 2009 por cerca de 4% da produção industrial do País, muito
inferior à participação da região no PIB nacional (10,6%). Em 1990, esta participação era de 1,8%; de 1,1%
em 1980 e de 0,8% em 1970. Para efeito de comparação, Santa Catarina, com população equivalente a um
terço da existente no Centro-Oeste, ostentava uma produção industrial de quase 6% do total nacional. Não
surpreende, portanto, o pífio desenvolvimento do setor industrial no Distrito Federal.
Certamente que o baixo grau de industrialização da região está relacionado à inegável vocação do
Centro-Oeste para a atividade agropecuária e à formação muito recente de sua economia. Mas talvez o fator
decisivo tenha sido o fato do Estado Brasileiro, na fase mais importante do desenvolvimento industrial,
quando teve papel ativo na definição da localização dos investimentos industriais (por meio de de projetos
37
estatais ou de políticas que favoreciam a desconcentração industrial) não ter dedicado ao Centro-Oeste a
mesma atenção dedicada às demais regiões periféricas (Nordeste, Norte e Sul).
A ausência de estímulo à atividade industrial não atingiu apenas Brasília, mas praticamente toda a
Região Centro-Oeste, embora em menor intensidade. Expressão disto foi que, entre todas as
superintendências de desenvolvimento regionais criadas (e que tinham um forte objetivo de promoção da
industrialização), a da Região Centro-Oeste (SUDECO) foi a última a ser criada, a que dispôs de menor
estrutura e suporte por parte do Governo Federal e a primeira a ser extinta. Mais do que isto, enquanto as
demais regiões foram contempladas com instituições financeiras federais de fomento, tais como o Banco do
Nordeste do Brasil (BNB), na Região Nordeste; o Banco da Amazônia (BASA), na Região Norte e o Banco
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), na Região Sul, o Centro-Oeste ficou privado de tal
instrumento, de fundamental importância para a promoção do desenvolvimento econômico, particularmente
o industrial.
Do mesmo modo, não houve nenhum grande investimento industrial estatal na região, como, por
exemplo, a Zona Franca de Manaus e o Projeto Grande Carajás na Região Norte; o Pólo Petroquímico de
Camaçari e o Complexo de Suape no Nordeste e o Pólo Petroquímico de Triunfo e a Refinaria de Araucária
na Região Sul. Não é fortuito, portanto, o reduzido grau de industrialização regional.
O processo em curso de desconcentração industrial
Por essas razões e decorrente deste “desaparelhamento”, o Centro-Oeste ficou às margens do
processo de desconcentração espacial da atividade industrial, em curso no País nos últimos trinta anos, das
áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, em direção à Região Sul, Minas Gerais e ao interior do
estado de São Paulo.
Em 1970, 57% do produto industrial brasileiro concentrava-se nas regiões metropolitanas de São
Paulo e do Rio de Janeiro (44% e 13%, respectivamente). Já em 1990, havia refluído para 33,4%. O
deslocamento se deu sobretudo em direção à Região Sul (de 12% para 17,4%), a Minas Gerais (de 6,3%
para 8,8%), e notadamente ao interior de São Paulo (de 14% para 23%), formando um polígono que passa
pela Grande Vitória, Região Metropolitana de Belo Horizonte, as aglomerações urbanas de Uberlândia, São
José do Rio Preto e Londrina e a Região Metropolitana de Porto Alegre, ficando o Centro-Oeste e Brasília
precisamente no limite externo deste polígono.
Este processo, para alguns autores como Diniz e Crocco em “Dinâmica Regional Recente da
Economia Brasileira e suas Perspectivas”, constitui-se na verdade numa nova reconcentração, só que
envolvendo um território muito mais amplo que as duas grandes áreas metropolitanas do País.
Nos últimos anos, vultosos investimentos tem sido feitos nesta área (Gasodutos Brasil-Bolívia e São
Paulo-Porto Alegre; Hidrovia do Paraná-Tietê; Rodovia do Mercosul), inversões que tendem a acentuar as
vantagens comparativas locacionais desta região em relação às demais áreas do País.
38
A simples observação de um mapa permite constatar que o Eixo Brasília - Anápolis-Goiânia fica
exatamente no limite exterior deste contorno, do processo de desconcentração espacial da indústria, assim
como tem ficado também às margens desses novos investimentos em infraestrutura.
O desafio para a região é se inserir no “novo mapa” da localização industrial brasileira e capitalizar
parte desse processo de desconcentração industrial ainda em curso. Deve-se destacar ainda a relativa
proximidade do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia com o eixo dinâmico da economia nacional.
Aliás, o acentuado crescimento nos últimos anos de algumas cidades médias (Joinville, Caxias do
Sul, Londrina, Uberlândia, Vitória), e mesmo metrópoles (Curitiba, Campinas, Fortaleza) com base na
expansão industrial vem desmistificar o argumento daqueles que hoje descartam a indústria como fator de
desenvolvimento econômico, e que em Brasília, constitui-se num contingente numeroso e influente.
O argumento apresentado é que Brasília deve desenvolver-se apenas como centro prestador de
serviços, notadamente os de alta especialização. Inicialmente, deve se ter claro que as duas opções (indústria
e serviços) não são excludentes, pelo contrário.
A análise das experiências internacionais bem sucedidas de forte desenvolvimento e especialização
em serviços de algumas metrópoles (Boston e Baltimore, nos EUA, Frankfurt e Paris, na Europa) revela que
o notável desenvolvimento, nestas metrópoles, de serviços especializados, foi enormemente facilitado pela
ampla base industrial existente em suas regiões.
Isto ocorre porque parcela determinante destes serviços é demandada exatamente pelo setor
industrial. Para não irmos tão longe, basta verificarmos o caso da região metropolitana de São Paulo, maior e
mais complexo centro de prestação de serviços do País, e não por acaso, seu maior centro industrial.
39
6. PERSPECTIVAS PARA A ECONOMIA MUNDIAL E BRASILEIRA
No segundo semestre de 2008, o mundo mergulhou em sua maior crise econômica desde a Grande
Depressão de 1929. O comércio mundial sofreu, em 2009, sua maior queda desde a década de 1930 e o PIB
mundial decresceu pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. A gravidade da crise decorre das
próprias limitações e contradições do sistema econômico, notadamente da superacumulação de capitais, que
freneticamente buscam a maximização dos lucros.
Dessa forma, 2008 foi um ano de pífio crescimento econômico; 2009 passou por forte retração
econômica mundial e 2010 foi um ano de tímida recuperação, conforme revela o Gráfico 28, que apresenta
as taxas de crescimento do PIB por região. Em 2011, a recuperação foi estancada e em 2012 o mundo
aprofundou sua crise.
Gráfico 28: Taxas de crescimento do PIB entre 2008 e 2010 nas diversas regiões do mundo
Taxas de crescimento do PIB (%)
10
8
6
4
PIB
2
0
O rie
n tal
2010
Ásia
ion a
l
M erid
Ásia
2009
nte M
édio
e
Áfri c
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l
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a
Áf ric
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sil)
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p
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volv
im
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is
Indu
Paí s
es
-6
Paí s
es
-4
Mun
do
-2
2008
Deve-se ressaltar, todavia, que a crise atingiu mais fortemente as economias dos países industriais,
que apresentaram estagnação da economia em 2008 e uma forte retração em 2009, com perspectivas de uma
tímida recuperação em 2010 e novo mergulho em 2011. Já os países em desenvolvimento, em boa parte,
reagiram positivamente à crise, notadamente os países asiáticos.
Pode-se observar também que o desempenho da economia brasileira tem se situado próximo à média
das economias em desenvolvimento, apresentando um expressivo crescimento em 2008, uma pequena
retração em 2009, estabelecendo uma vigorosa recuperação em 2010.
A economia mundial tem passado por mudanças expressivas nas últimas décadas, decorrentes de
fatos históricos de enorme dimensão, capazes de mudar de forma radical a sua trajetória. Nos últimos anos,
além da atual crise econômica, outro fenômeno tem demonstrado forte capacidade de gerar incertezas e
40
provocar mudanças no panorama internacional, que é o crescente peso dos chamados países emergentes na
economia mundial.
As 15 principais economias emergentes possuem 4,1 bilhões de habitantes (quase 60% do total
mundial) e totalizam um PIB da ordem de 30 trilhões de dólares (dados do Banco Mundial, segundo o
critério de paridade do poder de compra das moedas), praticamente idêntico a soma do PIB dos 10 principais
países ricos (32 trilhões).
As projeções dos organismos internacionais indicam que a economia deverá continuar crescendo de
forma mais acelerada entre os países em desenvolvimento, num ritmo quase duas vezes superior ao das
economias industriais. O Banco Mundial estima um ritmo de crescimento do PIB da América Latina cerca
de 15% a 20% acima da média mundial, muito embora abaixo da média dos países em desenvolvimento.
Também é praticamente consenso entre os analistas econômicos de todo o mundo que será o Brasil o
país que estará “puxando” o crescimento da América Latina. Dessa forma, estima-se um crescimento médio
anual entre 4,0% e 4,5% para a economia brasileira até 2030.
O Brasil foi um dos países que apresentou um dos melhores desempenhos econômicos ao longo do
século XX, particularmente a partir do final da Segunda Guerra Mundial. A análise, contudo, da série de
crescimento do PIB nos últimos 70 anos, apresentada no Quadro 04, revela uma grande oscilação.
Uma apreciação mais apurada, contudo, permite a identificação de cinco períodos históricos,
conforme mostram o Quadro 14 e os gráficos 29 e 30.
A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946, as taxas de crescimento do PIB mantiveramse em níveis elevados até 1962, com a exceção de dois anos (1947 e 1956). Tratou-se do período de
consolidação da industrialização brasileira iniciada com a Revolução de 1930. Nesses 17 anos, o PIB per
capita, medida mais apropriada de real crescimento, mais que duplicou (104,6%), expandindo-se a taxa
média de 4,3% ao ano. A partir de 1963 e até 1967 ocorreu um curto período de baixo crescimento, reflexo
da acentuada crise política vivida pelo País naquele momento, com o PIB per capita crescendo tão somente
0,6% ao ano.
Quadro 14: Taxas de crescimento do PIB do Brasil de 1946 a 2010,
segundo períodos históricos
Períodos
históricos
PIB
PIB per capita
(em %)
1946 - 1962
7,00
4,30
1963 - 1967
3,50
0,60
1968 - 1980
9,00
6,20
1981 - 2003
2,00
0,05
2004 - 2010
4,40
3,05
Fonte: IBGE
41
Gráficos 29 e 30: Taxas de crescimento do PIB total e do PIB per capita no Brasil entre 1946 e 2010, segundo
períodos históricos
Taxas de crescimento do PIB do Brasil de 1946
a 2010, segundo períodos históricos
20
10
20
04
-
20
03
19
81
-
19
80
19
68
-
19
46
19
63
-
-1
96
2
19
67
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
PIB
Taxas de crescimento do PIB Per Capita do
Brasil de 1946 a 2010, segundo períodos
históricos
7
6
5
4
3
2
1
20
10
20
04
-
20
03
19
81
-
-1
98
0
19
68
19
67
19
63
-
19
46
-
19
62
0
O período iniciado em 1968 e até 1980 caracterizou-se como o de mais acentuado crescimento
econômico da história do país, promovido a “ferro e fogo” pela ditadura militar instalada em 1964, e que em
sua fase áurea, entre 1968 e 1973 ficou conhecido como “Milagre Brasileiro”, em alusão aos “milagres
econômicos” alemão e japonês, ocorridos na década de 1950. Em 13 anos, o PIB per capita cresceu 118,6%
(taxa média anual de 6,2%).
Dessa forma, nos 35 anos entre 1945 e 1980, o PIB brasileiro cresceu nada menos que 10,5 vezes
(taxa média anual de 7,23%), com o PIB per capita crescendo 360,7% (4,46% ao ano).
A partir de 1981, contudo, e até 2003, o Brasil vivenciou um longo período de quase estagnação da
economia, que ficou caracterizado como “as duas décadas perdidas”. Neste longo período, o PIB brasileiro
cresceu apenas 57,7%, com a diminuta taxa anual de 2,0%. Em todo o período, o PIB per capita do país
praticamente ficou estagnado, tendo aumentado pífios 1,2%.
42
Apenas em 2004, iniciou-se um processo de retomada do crescimento em bases sustentáveis, que
sofreu um percalço em 2009 com a crise econômica mundial, mas já retomado em 2010. Nos últimos sete
anos, incluindo o resultado negativo de 2009 e já considerando 2010, a economia brasileira terá expandidose 35,2%. O PIB per capita, por sua vez, terá crescido 23,4%, com a taxa anual (3,05%) aproximando-se da
taxa verificada no período de forte crescimento econômico, de 1946 a 1980 (4,46%).
O fato é que a economia brasileira está hoje melhor estruturada para absorver os impactos da crise
econômica mundial, notadamente pela superação da sua conhecida vulnerabilidade externa. A crise
econômica mundial certamente provocou mais do que uma “marola” no País, mas, diferentemente do
ocorrido no período recente, a capacidade de reação do Brasil às crises é substancialmente maior.
Pode-se com certeza afiançar que as perspectivas para o desempenho econômico do Brasil nos
próximos quinze ou vinte anos são bastante alvissareiras.
A projeção de crescimento para a economia brasileira
As projeções dos organismos internacionais para o desempenho da economia brasileira nas próximas
décadas são muito positivas. Tendo como referência as projeções do Banco Mundial, que, em linhas gerais,
aproximam-se das efetuadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), estima-se um crescimento sustentável para a
economia latino-americana até 2030, em grande parte fundamentado na expectativa de crescimento da
economia brasileira.
Para efeito desse Estudo, considerando-se as condições mais favoráveis e o maior potencial de
crescimento econômico encontrado no Brasil em relação aos demais países latino-americanos, projetou-se o
crescimento da economia brasileira num patamar 10% acima da média da América Latina para todo o
período 2013/2030.
Dessa forma, considerando-se as estimativas de crescimento da economia latino-
americana para o período de 2013 a 2030, as estimativas para as taxas médias de crescimento da economia
brasileira no período são as seguintes: 2013/15: 4,5% ao ano e 2016/30: 4,8% ao ano.
Em 2010, o crescimento foi de 7,5 %, em franco processo de recuperação da crise vivida em 2009 e
em 2011 de 2,7%. Para 2012, as estimativas são de crescimento de 2,5%. Em suma, considerando as
projeções do Banco Mundial e tendo 2009 como ano-base, o PIB brasileiro deverá crescer 58,3% até 2020 e
184,1% até 2030.
Dessa forma, o PIB brasileiro, que em 2009 foi de R$ 3.239 bilhões, equivalentes em dólares
correntes de 2009, a US$ 2.089 bilhões, segundo cálculo do Banco Central do Brasil (BACEN), deverá
apresentar os valores mostrados no Quadro 15, em dólares constantes de 2010, até 2030, com os respectivos
PIB per capita. Observa-se que em vinte anos, a economia brasileira deverá aumentar em 152% o valor de
seu PIB, devendo este superar, em valores constantes de 2010, a barreira dos cinco trilhões de dólares, valor
atualmente apresentado pelo Japão, a terceira maior economia do planeta.
43
Quadro 15: Projeção do PIB e do PIB per capita do Brasil, em dólares constantes de 2009, de
2015 a 2030
População (mil hab)
Anos
PIB (US$ bilhões)
2010
2.089,0
190.750
10.950
2015
2.615,7
200.880
13.020
2020
3.299,7
207.140
15.930
2025
4.164,3
212.430
19.600
2030
5.257,3
216.410
24.290
(1)
PIB per capita (US$)
Fonte: Banco Mundial e Cálculos IBRASE (1) Projeção do IBGE
Os próprios organismos econômicos internacionais prevêm que em 2030 a economia brasileira
ascenderá à condição de quinta maior do planeta, superada apenas pelas economias da China, Estados
Unidos, Índia e Japão, nesta ordem. Em termos de PIB per capita, este deverá crescer 125% até 2030,
passando ao equivalente hoje a de um país de padrão médio de desenvolvimento, como a República Checa
ou Nova Zelândia (Gráficos 31 e 32).
Gráfico 31 e 32: Projeção do PIB e do PIB per capita do Brasil, em dólares constantes de 2009,
de 2015 a 2030
PIB (US$ bilhões)
6.000,00
5.257,30
5.000,00
4.164,30
4.000,00
3.000,00
2.615,70 3.299,70
2.089,00
2.000,00
1.000,00
0,00
2010
2015
2020
2025
2030
PIB per capita (US$)
30.000
24.290
25.000
19.600
20.000
15.000
15.930
10.820
13.020
10.000
5.000
0
2010
2015
2020
44
2025
2030
7. CENÁRIOS DEMOGRÁFICO E ECONÔMICO PARA A REGIÃO CENTRO-OESTE, DF E
EIXO BRASÍLIA-ANÁPOLIS-GOIÂNIA
A projeção de crescimento demográfico no Centro-Oeste, no DF e no Eixo
A região Centro-Oeste tende a continuar sendo, pelo menos nas duas próximas décadas, como a de
maior crescimento demográfico do País, em face notadamente do grande dinamismo de sua economia,
motivo da atração de expressivos fluxos migratórios.
O Quadro 16 apresenta as estimativas do IBGE para o crescimento populacional no País, na região e
nos estados que a compõem, até 2030. Observa-se que há uma clara tendência de desaceleração do
crescimento populacional em todos os casos, reflexo da mudança de padrão demográfico em curso no País.
Se entre 1960 e 1980 a população cresceu de 3,01 para 8,04 milhões, expansão de 167%, no vicênio
seguinte, entre 1980 e 2000, quando a população atingiu 14,2 milhões, a expansão foi de 77%. Em 2010, o
contingente populacional na região passou a de 17,0 milhões de habitantes.
Quadro 16 - Estimativas populacionais para a região Centro-Oeste (em mil habitantes)
UF/Anos
2010
2015
2020
2025
2030
BRASIL
190.755,8
200.881,7
207.143,2
212.430,0
216.410,0
C. OESTE
17.003,9
18.708,6
19.952,9
21.137,0
22.182,0
DF
2.570,2
2.808,9
3.016,8
ND
ND
GO
6.003,8
6.660,6
7.115,3
ND
ND
MS
2.449,0
2.579,1
2.716,6
ND
ND
MT
3.035,1
3.307,7
3.528,1
ND
ND
RO
1.562,4
1.795,8
1.910,0
ND
ND
TO
1.383,4
1.556,5
1.666,1
ND
ND
CO/BRA (%)
8,92
9,31
9,63
9,95
10,25
Fonte: IBGE e Projeções IBRASE
Embora o IBGE não divulgue as projeções populacionais para 2025 e 2030 por unidade da federação,
as projeções de saldo migratório anual (Quadro 17 e Gráfico 33) permitem concluir que o crescimento na
região permanecerá bem acima do registrado na média do País.
45
Quadro 17: Saldo migratório anual em anos de referência
Região/UF
2010
2015
2020
2025
2030
Norte (1)
11.147
10.754
10.360
9.966
9.572
Nordeste
- 149.375
- 143.939
- 138.498
- 133.056
- 127.617
Sudeste
71.463
68.939
66.414
63.886
61.363
Sul
- 3.802
- 3.667
- 3.534
- 3.398
- 3.265
C. Oeste
70.871
68.367
65.864
63.359
60.851
RO
2.037
1.966
1.894
1.822
1.749
TO
2.453
2.367
2.280
2.194
2.106
MT
8.192
7.903
7.614
7.324
7.034
GO
39.060
37.679
36.299
34.918
33.538
DF
21.261
20.509
19.758
19.007
18.255
MS
- 2.132
- 2.057
- 1.981
- 1.906
- 1.831
Fonte: IBGE
Gráfico 33: Saldo migratório anual em anos de referência
Saldo Migratório Anual em anos de referência
100.000
50.000
0
Norte (1)
Nordeste
Sudeste
Sul
C. Oeste
2010
População -50.000
2020
2030
-100.000
-150.000
-200.000
Região
Ocorre que a projeção demográfica do IBGE é tida como relativamente conservadora. A Organização
para a Alimentação e a Agricultura (FAO na sigla em inglês), órgão da ONU, projeta a população brasileira
em 230 milhões em 2030.
Este Estudo admitiu dois cenários demográficos: o primeiro, baseado na projeção demográfica do
IBGE (Cenário A) e outro (Cenário B), baseado na projeção da FAO/ONU.
46
No Cenário A, trabalhou-se com a projeção da população regional do IBGE. Neste cenário, a
hipótese central foi a de manutenção da atual estrutura produtiva, significando que para a projeção da
população das três subáreas que compõem o Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia, admitiu-se uma ampliação
residual da atual participação de sua população no total regional.
No Cenário B, admitiu-se a mesma ampliação da participação da população do Centro-Oeste na
população nacional prevista pelo IBGE. Neste cenário, a hipótese central foi a de intensificação do processo
de industrialização no Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia e, dessa forma, para a projeção da população das três
subáreas, admitiu-se uma significativa ampliação da atual participação na população regional, situações
expostas no Quadro 18.
Quadro 18: Projeção populacional para 2030 no Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia
Estimativa 2012
Região
População
Projeção 2030
(%)
Cenário A
Cenário B
Projeção IBGE e sem
Projeção FAO/ONU e com
industrialização
industrialização
População
(%)
População
(%)
Brasil
195.000.000
-
216.500.000
-
230.000.000
-
Região Centro-Oeste (IBGE)
14.500.000
7,44%BRA
18.130.000
8,37% do Brasil
20.700.000
9,00% do Brasil
Distrito Federal
2.680.000
18,5% CO
3.450.000
19,0% CO
4.050.000
19,5% CO
Periferia Metropolitana Brasília
960.000
6,6% CO
1.270.000
7,0% CO
1.650.000
8,0% CO
Área Metropolitana de Brasília
3.640.000
25,0%CO
4.720.000
26,0%CO
5.700.000
27,5%CO
Área Metropolitana de Goiânia
2.260.000
15,6%CO
2.900.000
16,0%CO
3.620.000
17,5%CO
Aglomeração Urbana Anápolis
370.000
2,6%CO
490.000
2,7%CO
620.000
3,0%CO
Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia
6.270.000
43,2%CO
8.110.000
44,7%CO
9.940.000
48,0%CO
Fonte: Cálculos do autor
Gráfico 34: Projeção populacional para 2030 – Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia
Projeção populacional para 2030
Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia
10.000.000
8.000.000
6.000.000
2012
4.000.000
Cenário A
Cenário B
2.000.000
0
DF
Periferia
Brasília
AM Brasília AM Goiânia AU Anápolis Eixo Brasília
Anápolis
Goiânia
47
Para a área metropolitana do Distrito Federal, as projeções são apresentadas no Gráfico 35.
Gráfico 35: Evolução e estimativa populacional na área metropolitana de Brasília
Evolução e Estimativa Populacional
na Área Metropolitana de Brasília
6.000.000
5.000.000
4.000.000
População
3.000.000
2010
2020
2.000.000
2030
1.000.000
0
Área Metropolitana
Distrito Federal
Entorno Metropolitano
Região
Um cenário intermediário seria o de projeção demográfica nacional da FAO/ONU, ou seja, teríamos
20,7 milhões de habitantes no Centro-Oeste em 2030, mas sem processo de intensificação da
industrialização no Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia, a participação das três subáreas na população regional
seria de 44,7%, a mesma do cenário A. Dessa forma, a população ao longo do Eixo seria em 2030 de 9,25
milhões de habitantes.
A projeção no Cenário B, com a intensificação da atividade industrial no “Eixo”, de 9,94 milhões
de habitantes, significa, portanto, uma diferença de 690 mil pessoas na projeção populacional e reflete a
geração adicional de cerca de 325 mil postos de trabalho, além dos que seriam gerados mantida inalterada a
atual estrutura produtiva. Seriam 120 mil empregos adicionais diretamente na atividade industrial e 205 mil
empregos em serviços de apoio à atividade industrial, considerando a relação média de 1,7 empregos
indiretos para cada emprego diretamente gerado na indústria de transformação.
Os empregos adicionais gerados seriam em torno de 150 mil na área metropolitana de Brasília (sendo
55 mil no DF e 95 mil nos municípios da periferia metropolitana), cerca de 145 mil na área metropolitana de
Goiânia e cerca de 30 mil na aglomeração urbana de Anápolis.
A projeção de crescimento econômico no Centro-Oeste e no DF
Da mesma forma, é de se esperar que o Centro-Oeste deva se manter nas duas próximas décadas
como a macrorregião de maior crescimento econômico do País, em face notadamente de seu enorme
potencial no setor agropecuário (setor em que o Brasil deverá assumir uma posição de crescente destaque) e
da perspectiva de desenvolvimento a ele associadas, devendo-se esperar um desempenho da economia do
48
Centro-Oeste acima da média nacional. Conforme visto anteriormente, o PIB per capita do Centro-Oeste
passou do equivalente a 67% da média nacional na década de 1970 para atuais 112%.
Mantida a tendência, e considerando a projeção populacional, o Quadro 19 apresenta a projeção do
PIB per capita e do PIB da região Centro-Oeste até 2030. Em dólares constantes de 2009, o PIB regional
deverá superar em 2030 o patamar de 533 bilhões, representando quase 13% do PIB nacional.
Quadro 19: Projeção do PIB per capita e do PIB da região Centro-Oeste de 2015 a 2030
PIB per capita (US$)
População (mil)
PIB (US$ bilhões)
Brasil
CO/BRA
CO
CO
CO
BRA
CO/BRA
2010
10.820
115,0
12.443
17.047,0
212,1
2.089,0
10,15
2015
13.020
117,5
15.299
18.708,6
286,2
2.615,7
10,94
2020
15.930
120,0
19.116
19.952,9
381,4
3.299,7
11,56
2025
19.600
122,5
24.010
21.137,0
507,5
4.164,3
12,19
2030
24.290
125,0
30.363
22.182,0
673,5
5.257,3
12,81
Fonte: Banco Mundial e Cálculos IBRASE
Já o Quadro 20 apresenta dois cenários de composição do PIB do Distrito Federal em 2030 (Quadro
20). No Cenário A, sem industrialização, o setor da indústria de transformação manteria a atual reduzida
participação no PIB total, da mesma forma que a administração e serviços públicos manteria seu enorme
peso no PIB.
Quadro 20: Projeção da composição do PIB em 2030 em dois cenários
Composição em 2009
Setores de atividade econômica
Brasil
DF
Cenário DF 2030
Cenário A
Cenário B
(sem industrialização)
(com industrialização)
Agropecuária
5,46
0,45
0,50
0,90
Indústria
27,53
6,75
6,50
16,10
Indústria extrativa mineral
4,08
0,05
0,05
0,10
Indústria de transformação
14,60
1,71
1,50
10,00
Construção Civil
5,78
4,26
4,20
5,00
Eletricidade, gás , agua
3,08
0,72
0,75
1,00
67,01
92,80
93,00
83,00
Comércio e serviços de manutenção
12,65
6,10
6,00
8,00
Transportes, armazenagem e correio
5,13
2,46
2,00
4,00
Serviços de informação
3,05
2,83
3,00
3,00
Intermediação financeira, seguros
7,43
9,58
9,00
10,00
Atividades Imobiliárias e aluguel
7,88
5,59
5,00
6,00
Administração, saúde e educação públicas
16,33
55,38
58,00
40,00
Outros serviços
14,54
10,85
10,00
12,00
Serviços
Fonte: cálculos do autor
49
No Cenário B, todavia, a hipótese é de plena industrialização do Distrito Federal, projetando um
acentuado aumento da participação deste segmento no PIB, dos atuais 1,5% para 10,0%, com ampliação de
alguns segmentos do setor terciário vinculados a este processo e uma forte contração da participação da
administração, saúde e educação públicas.
Gráfico 36: Composição da atividade econômica em 2009 (Brasil)
Brasil 2009
Agropecuária
Indústria de transformação + extrativa
minerao
Construção civil + eletricidade, gás e
água
Administração, saúde e educação
públicas
Comércio e serviços de manutenção
Serviços diversos
Gráfico 37: Composição da atividade econômica em 2009 (Distrito Federal)
DF 2009
Agropecuária
Indústria de transformação + extrativa
minerao
Construção civil + eletricidade, gás e
água
Administração, saúde e educação
públicas
Comércio e serviços de manutenção
Serviços diversos
Gráfico 38: Composição da atividade econômica do DF – Projeção para 2030 (Cenário B)
DF 2030 (Cenário B)
Agropecuária
Indústria de transformação + extrativa
minerao
Construção civil + eletricidade, gás e
água
Administração, saúde e educação
públicas
Comércio e serviços de manutenção
Serviços diversos
50
Principais obstáculos ao desenvolvimento regional
O processo de desenvolvimento do Oeste brasileiro, se por um lado levou a região a um rápido
processo de crescimento, por outro levou a uma configuração econômica que, de algum modo, atua como
obstáculo a um pleno desenvolvimento da região: a forte predominância do binômio grãos/gado na atividade
econômica e a conformação espacial dicotômica, onde convivem regiões modernas e atrasadas. Ainda como
obstáculo de peso, aparece a precariedade da infraestrutura, particularmente na área de transportes e energia.
A extrema especialização da economia regional na atividade agropecuária, não obstante o
excepcional avanço tecnológico nesta área, expressa, por outro lado, um notável atraso na esfera industrial,
com a região respondendo por cerca de 4% da produção industrial nacional, percentual baixíssimo se
considerarmos que a região participa com mais de 10% do PIB nacional.
Quanto à distribuição espacial da atividade econômica, o que se observa é a coexistência de bolsões
de prosperidade com regiões agrícolas atrasadas e deprimidas, decorrente do modelo agrário da região.
O fosso verificado no campo se repete na rede urbana, emergindo prósperas cidades no coração das
ricas zonas agrícolas, especializadas, com uma expressiva expansão da oferta de empregos, seja no setor
terciário voltado para o atendimento das demandas da atividade agropecuária, seja na emergente atividade
agro-industrial (indústria de esmagamento e processamento de soja e outras leguminosas, a indústria de
ração animal, a indústria frigorífica, principalmente carne bovina, e a indústria de laticínios). Nas zonas
agrícolas atrasadas, os centros urbanos, de pequeno porte e estagnados, tornaram-se exportadores de mão de
obra não qualificada para as regiões dinâmicas.
Conforme visto, a economia da Região Centro-Oeste está fortemente concentrada no setor agrário.
Na safra 2010/11, respondeu por 37,5% da produção nacional de grãos. Nos últimos anos tem se
desenvolvido o setor industrial diretamente vinculado à produção agrária, o chamado complexo
agroindustrial. Da mesma forma, tiveram grande expansão os setores voltados para o suprimento do setor
agrícola, como a indústria de fertilizantes, de sementes e de implementos agrícolas. Em consequência do
desenvolvimento dos setores agrário e agroindustrial, ocorreu uma forte expansão do setor terciário,
estimulado também por expressivos investimentos em infraestrutura e pela demanda de uma população em
forte expansão e em crescente processo de urbanização.
Os pontos de estrangulamento na infraestrutura
É preciso ter claro que a consolidação do processo de desenvolvimento, e num sentido mais
específico, de industrialização da região não se dará por acaso. Se é verdade que algumas condições
fundamentais estão dadas, como a existência de um amplo mercado consumidor e grande disponibilidade de
vários insumos industriais, há grandes entraves na área de infraestrutura, e uma boa oferta neste setor é fator
decisivo na alocação dos investimentos industriais.
51
Ocorre que, nos últimos anos, os principais investimentos em infraestrutura têm se concentrado no
polígono anteriormente descrito, tais como a Rodovia do Mercosul (duplicação das rodovias que interligam
Belo Horizonte – São Paulo – Curitiba – Florianópolis – Porto Alegre); o gasoduto Brasil – Bolívia e suas
ramificações para diversos polos na região Sul; a Hidrovia do Paraná – Tietê etc, inversões que tendem a
acentuar as vantagens comparativas locacionais desta região em relação às demais áreas do País.
Não obstante o expressivo desempenho da economia regional nos últimos anos, o Centro-Oeste ainda
apresenta inúmeros gargalos em sua infraestrutura que impedem uma melhor performance de sua economia.
Tais gargalos encontram-se notadamente nas áreas de transportes e de energia. A insignificante malha
ferroviária regional, a insuficiente e precária rede rodoviária e a subutilizada rede hidroviária acarretam
graves dificuldades para o escoamento da enorme e crescente safra de grãos, tanto para os principais centros
urbanos do País quanto para o mercado externo.
Principais investimentos estruturantes na escala regional
No setor de transportes
Dada suas características específicas, de grande produtora de commodities e que precisam percorrer
grandes distâncias, tanto em relação aos grandes centros consumidores quanto aos principais portos
exportadores, a infraestrutura de transportes assume uma importância vital para a região. Atualmente, a
insuficiente e precária rede rodoviária, a insignificante malha ferroviária regional e a subutilizada rede
hidroviária acarretam graves dificuldades para o escoamento da enorme e crescente safra de grãos.
Ao nos defrontarmos com os problemas na logística de transportes, emerge o debate sobre as várias
alternativas que existem, e que efetivamente não têm sido devidamente consideradas. Tal situação deriva do
desmonte da área de planejamento de transportes ocorrida no País nos últimos anos. Análise elementar,
entretanto, revela que são várias as alternativas de escoamento da produção agrária regional, com amplas
vantagens comparativamente à realizada pelos portos de Santos e Paranaguá. Essas várias alternativas de
escoamento envolvem as três modalidades de transporte.
A Região Centro-Oeste tem dois principais eixos de conexão:
a) Ao sul, com os principais mercados consumidores do País e grandes portos exportadores (Santos,
Paranaguá, Sepetiba e Tubarão);
b) Ao norte, com os portos de Itaqui, Belém e Vila do Conde e os localizados ao longo do rio
Amazonas (Santarém e Miritituba), possibilitando acesso privilegiado aos mercados asiático,
europeu, caribenho e norte americano.
Há, ademais, duas outras conexões secundárias:
a) Com os portos do Pacífico (Ilo, Mollendo e Matarani, no Peru e Antofagasta, Arica e Iquique, no
Chile), pela nova rodovia Transoceânica, possibilitando acesso aos mercados doa Bacia do
52
Pacífico com redução significativa nos custos de transporte das exportações de grãos
direcionadas ao mercado asiático;
b) Com a Bacia do Prata (rios Paraguai e Paraná), conectada aos mercados do Mercosul (Argentina,
Uruguai e Paraguai).
São muitos os investimentos em infraestrutura necessários para alavancar a competitividade da
atividade agropecuária regional e impulsionar um processo de industrialização. Em relação à ampliação e
melhoria da malha rodoviária, além dos já citados, outros projetos são fundamentais para a região:
pavimentação da BR-163 entre Guarantã do Norte (MT) e Santarém (PA), possibilitando o escoamento da
safra do centro-norte mato-grossense com os portos da calha do rio Amazonas e a pavimentação da BR-158
entre Ribeirão Cascalheira (MT) e fronteira MT/PA, possibilitando o escoamento da safra do leste matogrossense pelo porto de Itaqui (MA).
Em relação à ampliação da malha ferroviária na região, dois projetos estão em curso: a) a extensão da
Ferronorte, desde Alto Araguaia, em direção a Rondonópolis e Cuiabá (facilitando a ligação do território
mato-grossense com os portos de Santos e Paranaguá) e b) a extensão da Ferrovia Norte-Sul até Anápolis,
conectando Goiás com o porto de Itaqui. Nesse cenário, o porto de Itaqui surge como uma excepcional
alternativa para o escoamento da produção da Região Centro-Oeste, pela proximidade com as regiões
produtoras, por ser um porto não saturado, apropriado ao atracamento de super-graneleiros e por estar mais
próximo dos mercados consumidores do Hemisfério Norte.
Destaque ainda para os projetos de implantação, pela Valec, da Ferrovia Leste-Oeste (FIOL), ligando
Figueirópolis (TO), no traçado da Ferrovia Norte-Sul, ao porto de Ilhéus (BA) e da Ferrovia Centro-Oeste
(FICO), ligando Uruaçu (GO), também na Ferrovia Norte-Sul, às cidades de Lucas do Rio Verde (MT) e
Vilhena (RO), interligando o porto de Ilhéus (BA) às regiões graníferas do Oeste da Bahia, Tocantins, Mato
Grosso e Rondônia.
Na área hidroviária, merecem destaque: a) melhorias na Hidrovia do Madeira, entre Porto Velho
(RO) e Itacoatiara (AM); b) prolongamento da Hidrovia Paraná – Tietê até Anhanguera (GO); c)
investimentos na Hidrovia do Paraguai; d) aprofundamento dos estudos de viabilidade das Hidrovias do
Araguaia – Tocantins e do Teles Pires – Tapajós.
São muitos, portanto, os investimentos em infraestrutura necessários para alavancar a
competitividade da atividade agropecuária regional e impulsionar um processo de industrialização. Em
suma, a realização desses vultosos investimentos em infraestrutura é uma condição básica para a Região dar
um salto em seu processo de industrialização e de desenvolvimento.
Investimentos em energia
A matriz energética nacional deverá passar por sensível transformação nos próximos anos, segundo o
Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (PDEE 2006-2015) do Ministério das Minas e Energia.
Algumas fontes, como o gás natural, a biomassa, o carvão e a nuclear devem aumentar suas participações na
53
matriz, com o deslocamento principalmente da energia hidráulica. Toda a região Brasil Central, com
exceção de Rondônia e do noroeste de Mato Grosso, está atualmente interligada ao sistema nacional,
havendo, todavia, previsão de interligação dessas duas regiões, com a conclusão da Linha de Transmissão
Samuel (RO) – Jauru (MT), com 947 km de extensão.
O PDEE, em seu cenário de expansão da oferta de energia, prevê grandes investimentos na região.
Em relação às usinas hidrelétricas, destacam-se as seguintes, na bacia do Araguaia-Tocantins:
- Estreito, no rio Tocantins, com potência de 1.087 MW (operação em dezembro/2010);
- São Salvador, no rio Tocantins, com 243 MW (operação em março/2011);
- Água Limpa, no rio das Mortes, com 320 MW (operação em maio/2012)
- Serra Quebrada, no rio Tocantins, com 1.328 MW (operação em dezembro/2012)
- Tocantins, no rio Tocantins, com 480 MW (operação em dezembro/2012);
- Torixoréu, no rio Araguaia, com 408 MW (operação em maio/2013);
- Tupirantins, no rio Tocantins, com 620 MW (operação em novembro/2013)
Principais investimentos estruturantes na escala local (Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia)
No setor de transportes
A ampliação da malha de transportes é um elemento crucial para a transformação do Eixo BrasíliaAnápolis-Goiânia em um importante centro industrial e de logística. O principal investimento em
infraestrutura de transportes seria a conexão de Brasília com a Ferrovia Norte-Sul em Anápolis,
possibilitando o escoamento da produção local para os portos das regiões Norte (Vila do Conde) e Nordeste
(Itaqui). Outro projeto importante seria a construção do ramal ferroviário Luziânia – Unaí – Pirapora,
conectando a região com a Ferrovia Vitória-Minas e o porto de Tubarão (ES) e com a MRS e o porto de
Sepetiba.
Ainda no setor de transportes, deve-se mencionar como obra de fundamental importância a conclusão
da duplicação da BR-153, no trecho entre Goiânia e Itumbiara e da BR-365, no trecho entre o
entroncamento com a BR-153 e Uberlândia, seguindo daí, pela BR-050, toda já duplicada, até a área
metropolitana de São Paulo e o porto de Santos.
Investimentos em energia
A oferta de energia ao longo do Eixo é relativamente limitada, insuficiente para garantir energia
firme para um grande parque industrial. O principal projeto para dotar a região de energia abundante e
segura é prolongar a extensão do gasoduto que, partindo de Paulínia (SP), já alcançou Ribeirão Preto e está
sendo construído até Uberaba (MG), levando-o até Goiânia e Brasília, passando por Uberlândia, Araguari e
Catalão.
54
As oportunidades para o desenvolvimento e a expansão industrial
Vimos que alguns gargalos persistem e entravam as perspectivas de um efetivo desenvolvimento
industrial, e eles se localizam principalmente na área de infraestrutura econômica. Dessa forma, a realização
de investimentos em infraestrutura é uma condição básica para a Região dar um salto em seu processo de
desenvolvimento.
O Centro-Oeste deve almejar a industrialização como forma de dar um salto qualitativo em sua
estrutura produtiva. É notório que o País vivencia, há cerca de 30 anos, um processo de desconcentração da
atividade industrial. O desafio para a região é transpor a linha divisória do novo mapa da localização da
indústria brasileira, inserir-se dentro desta nova fronteira e capitalizar parte deste processo de relocalização
da atividade industrial, ainda em curso. Deve-se destacar a relativa proximidade do eixo Brasília-AnápolisGoiânia com o eixo dinâmico da economia nacional, São Paulo. Algumas condições para almejar o objetivo
estão dadas, como a existência de um amplo mercado consumidor (e, no caso do Distrito Federal, com renda
média acima do dobro da média nacional), o alto grau de instrução da população, razoável infraestrutura
econômica, variada disponibilidade de insumos industriais e ampla base produtiva no setor agropecuário.
Somente a região metropolitana de Brasília representa hoje mercado superior a 3,6 milhões de
pessoas, com renda disponível para consumo de quase R$ 100 bilhões, configurando-se como o 3º maior
mercado consumidor do País. Se considerarmos o eixo Brasília-Anápolis-Goiânia, este mercado ascende a
6,2 milhões, com renda disponível para consumo em torno de R$ 140 bilhões de reais em 2011. Enfim, as
condições para o desenvolvimento industrial no Distrito Federal são amplamente favoráveis, devendo a
sociedade local se armar de uma estratégia para a sua efetiva promoção. E a industrialização da região
metropolitana de Brasília, particularmente de sua periferia metropolitana, pode ser um dos caminhos, talvez
o principal, para a resolução dos graves problemas sociais que a atingem.
Se no caso do Distrito Federal a estratégia de industrialização deve focar os segmentos intensivos em
capital e tecnologia (informática, por exemplo), no Entorno Metropolitano a estratégia deve visar atrair os
segmentos intensivos em mão de obra (alimentação e bebidas, calçados e confecções, metalurgia, mobiliário
etc), mais adequados ao perfil local, e geraria pelo menos quatro consequências diretas e positivas para o
DF:
a) reduziria a pressão sobre o mercado de trabalho do DF;
b) atrairia investimentos em atividades de apoio ao setor industrial (serviços de manutenção,
financeiros, de transporte, comercialização etc) que em boa parte se instalariam no DF;
c) aumentaria o poder aquisitivo da população local, que em larga medida seria dispendido no DF; e
d) aumentaria a capacidade de arrecadação das prefeituras locais e, consequentemente, a capacidade
de investimento na ampliação e melhoria dos serviços e equipamentos urbanos, reduzindo a pressão sobre os
mesmos do DF.
55
Desse modo, torna-se premente que a sociedade brasiliense, e não somente o Governo, se
conscientize que o Entorno Metropolitano é uma questão afeita ao DF, tão ou mais que à Goiás. A
elaboração de uma estratégia de desenvolvimento para a região metropolitana, envolvendo o GDF, o
Governo de Goiás e o Governo Federal é o primeiro passo para a superação dos graves problemas que
atingem a região.
As potencialidades setoriais
A Região Centro-Oeste apresenta um enorme potencial de crescimento econômico, particularmente,
no setor agroindustrial. Destaque maior para a sojicultora. Estima-se que a produção regional de soja deverá
saltar do atual patamar de cerca de 70 milhões de toneladas para cerca de 100 milhões em 2020, devendo
ocorrer intenso deslocamento do parque industrial de esmagamento de grãos, assim como de abate e
processamento da avicultura e suinocultura.
Também a produção de outras culturas deve experimentar forte expansão, notadamente o algodão e a
cana-de-açúcar. Na base desta expansão está o fato de ser esta uma das poucas regiões do mundo com
possibilidades de ampla expansão da área agricultável, associado ao forte avanço da produtividade que se
tem obtido na região. Do mesmo modo, estima-se expressivo crescimento da pecuária bovina, notadamente
da leiteira.
A cana-de-açúcar merece, inclusive, apreciação especial, devendo a Região Centro-Oeste ser o
principal foco da ampla expansão da produção brasileira de etanol prevista para os próximos dez ou quinze
anos, e que deverá transformá-lo no principal exportador mundial desta commodity. Na base deste
crescimento está o fato de ser esta uma das poucas regiões do mundo com possibilidades de ampla expansão
da área agricultável, associado ao forte avanço da produtividade que se tem obtido na região. Do mesmo
modo, estima-se expressivo crescimento da pecuária bovina, notadamente da leiteira, assim como da
avicultura e suinocultura.
A expansão da base produtiva agropecuária deve propiciar aceleração do crescimento das atividades
industriais e de serviços a ela associadas, como a produção de insumos, como fertilizantes e sementes, de
máquinas e implementos agrícolas, de serviços de transportes, de armazenamento e financeiros.
Análise preliminar das possibilidades de consolidação da estrutura produtiva local, envolvendo os
segmentos tradicionais e com maior vocação na região, por meio de estratégias que resultem em uma maior
agregação de valor à produção, permite considerar as seguintes cadeias produtivas:
a) Grãos: desenvolvimento do segundo ciclo (plantas de esmagamento e processamento) e do terceiro
(avicultura e suinocultura);
b) Pecuária bovina: desenvolvimento da indústria frigorífica, de laticínios e de beneficiamento e
industrialização do couro;
c) Algodão: beneficiamento da pluma e da indústria têxtil;
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d) Madeira: beneficiamento da madeira, da indústria de mobiliário e de celulose e papel;
e) Minério: beneficiamento da bauxita (alumina e alumínio) das minas de Oriximiná;
f) Recursos Florestais: beneficiamento da produção extrativa local;
g) Outros segmentos: desenvolvimento de indústrias de bens de consumo e voltadas ao suprimento
das demandas do parque produtivo agrícola (implementos agrícolas, sementes, fertilizantes, etc).
Além desses segmentos já tradicionais na região, algumas atividades emergentes devem ser
identificadas:
A agroenergia é uma de grande potencial. A crescente demanda por energia no planeta e o
esgotamento das fontes energéticas não renováveis, particularmente petróleo, gás natural e carvão mineral,
aumentaram a procura e o valor de fontes energéticas alternativas e renováveis. Entre essas fontes, algumas
aproximam-se de sua capacidade potencial, como a hidroelétrica, outras enfrentam fortes resistências, como
a nuclear, e algumas outras buscam ainda se viabilizarem economicamente, como a energia solar e a eólica.
Uma das alternativas renováveis que tem ganhado progressiva participação na matriz energética
mundial é a derivada da biomassa. Resultante do óleo extraído do processo de esmagamento de plantas (ou
da queima dos resíduos do processo), a energia derivada da biomassa, como o etanol e o biodiesel, tem um
imenso potencial de produção no Brasil por se tratar de um dos países com maior disponibilidade de terras
agricultáveis do planeta, principalmente, na Região Centro-Oeste, que é a que dispõe de maiores extensões
de terra no País. A demanda mundial de etanol e biodiesel tem apresentado um ritmo de crescimento da
ordem de 8% ao ano.
Nesse contexto, destaca-se o setor sucroalcooleiro. A produção de etanol no Brasil está quase que
exclusivamente vinculada ao uso da cana de açúcar como matéria-prima, muito embora outras culturas
agrícolas como o milho e o sorgo sejam comumente utilizadas em outros países.
A produção de cana-de-açúcar do Brasil é, disparadamente, a maior do mundo, situando-se
atualmente no patamar de 600 milhões de toneladas/ano. Dessa imensa produção, resulta uma produção de
33 milhões de toneladas de açúcar e 28 bilhões de litros de álcool, sendo que o excedente exportável supera
3 bilhões de litros. Mais da metade da produção nacional é gerada em São Paulo, mas o Centro-Oeste
(incluindo a mesorregião mineira do Triângulo) já responde por cerca de 20% da oferta nacional.
A projeção da CONAB/MAPA é de que a produção nacional de cana cresça de forma expressiva até
2020, alcançando 1 bilhão de toneladas, permitindo a produção de 55 milhões de toneladas de açúcar e 45
bilhões de litros de álcool.
A área cultivada com cana-de-açúcar em 2011 foi de 8,5 milhões de hectares, crescimento de 97%
sobre a área cultivada em 1990 (4,32 milhões de hectares). O cultivo da cana no Brasil ainda está fortemente
concentrado em São Paulo (mais de 50% do total), secundado pela Região Nordeste (16%), aparecendo em
terceira posição a Região Centro-Oeste (12%), seguida pelo Paraná (8%) e Minas Gerais (7%), sendo que,
neste estado, cerca de 55% da área cultivada se situa na mesorregião do Triângulo e Alto Paranaíba.
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Ocorre que, nesses últimos anos, o incremento na área cultivada com cana se deu de forma mais
acentuada no Centro-Oeste. Junto com a mesorregião mineira do Triângulo, a área cresceu de 340 mil
hectares em 1990 para cerca de 1,25 milhão em 2011, crescimento de 253%, incorporando 900 mil hectares
ao cultivo da cana (22% do acréscimo da área no País). Deve-se registrar que São Paulo registrou também
crescimento excepcional na área cultivada com cana, ocupando áreas anteriormente destinadas a pecuária
bovina ou a produção de grãos. Este processo de substituição, contudo, tem seus limites, em função da
exiguidade do território, devendo o Centro-Oeste ocupar percentuais cada vez maiores no total da área
cultivada com cana-de-açúcar no Brasil.
A vastidão territorial, o clima apropriado, a fertilidade das terras, a disponibilidade hídrica, sua
topografia, a insolação e o ainda relativamente baixo preço da terra tornam a Região Centro-Oeste a área
mais propícia para o incremento do plantio de cana no Brasil. Estima-se que dos 22 milhões de hectares
apropriados ao seu cultivo no País, cerca de 15 milhões estejam no Centro-Oeste. Precisamente por esse
motivo, dos quase 15 bilhões de dólares previstos de investimentos pelo setor sucroalcooleiro no Brasil,
cerca de 1/3 vão ocorrer na região (incluindo o Triângulo Mineiro).
A estimativa para 2020 é de um plantio de 11,0 milhões de hectares com cana-de-açúcar no Brasil,
com a incorporação de 2,5 milhões de hectares ao plantio da cultura. Desse total, pode-se estimar que entre
30% e 50% desse incremento se dê no Centro-Oeste, elevando a área cultivada com cana na região para 2 a
2,5 milhões de hectares em 2020, com produção entre 150 e 200 milhões de toneladas.
Também o setor de biodiesel apresenta enorme potencial na região. O biodiesel é um tipo de óleo
diesel produzido a partir do esmagamento de sementes oleaginosas ou leguminosas (soja, mamona, dendê,
girassol, algodão, colza etc), cujo produto deve ser misturado ao óleo diesel obtido através do refino do
petróleo.
A demanda de óleo diesel no Brasil, segundo a Petrobras, deverá superar a marca de 50 bilhões de
litros em 2012. Como a legislação já ampliou para 5% a adição do biodiesel ao diesel produzido nas
refinarias de petróleo, a demanda de biodiesel no Brasil alcança o volume de 2,5 bilhões de litros. A partir
de 2013 (etapa que poderá ser antecipada), o percentual de adição poderá subir para 10%, resultando em
demanda de pelo menos 3 bilhões de litros de biodiesel.
Deve ser destacado também que a Petrobras desenvolveu um outro tipo de biodiesel, puro, o
chamado Hbio, que, diferentemente dos demais, é produzido a partir do óleo vegetal nas próprias refinarias
de petróleo, não necessitando de mistura com o diesel de petróleo.
A demanda mundial, por sua vez, também é explosiva, devendo, segundo estimativa do Credit Suisse
Group, atingir 25 bilhões de litros em 2015, sendo a maior parte constituída pelo consumo da União
Europeia, que determina a mistura de 5,75% de biodiesel em todos os combustíveis automotivos. A União
Europeia tem como meta para 2020 ter 25% de sua matriz energética seja representada por biocombustíveis,
sendo que metade deverá ser importada.
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Outro setor com forte potencial de expansão é o mineral. Muito embora a região não comporte
grandes reservas minerais, na dimensão das que são encontradas na região central de Minas Gerais e na
província mineral de Carajás, no Pará, a atividade mineral revela um grande potencial na Região CentroOeste, particularmente em algumas de suas sub-regiões.
O Estado de Goiás, por exemplo, é o maior produtor nacional de níquel, com produção superior a 50
mil toneladas, localizada no município de Niquelândia, norte do estado. Destaca-se também na produção de
amianto crisolita (município de Minaçu, também na região norte), com 230 mil toneladas; nióbio
(municípios de Catalão e Ouvidor), com mais de 5 mil toneladas de concentrado, além do ouro (10 mil Kg).
Outro minério importante no estado é a rocha fosfáltica (município de Catalão, no sudeste), com 2,5
milhões de toneladas. Deve-se mencionar a ocorrência em grande volume desse minério na região do
Triângulo Mineiro. O Grupo Fosfértil/Ultrafértil, maior produtor nacional, investe na ampliação do
complexo minero-químico de Catalão e no aumento da produção de ácido fosfórico no complexo de
Uberaba. Já a Copebras (Grupo Anglo American) investe na ampliação de fertilizantes. Já são dez empresas
misturadoras de adubos operando no município.
Na produção de níquel, dois projetos se destacam. A Cia. Níquel Tocantins (Grupo Votorantim) tem
em curso investimentos de R$ 900 milhões no estado, sendo R$ 300 milhões na ampliação da jazida e R$
600 milhões na planta industrial de ferro-níquel, também em Niquelândia. Já a Codemin (Grupo Anglo
American) já investiu R$ 1 bilhão na mina de Barro Alto e na implantação da planta industrial para a
produção de liga de ferro-níquel, integralmente destinada ao mercado externo.
Quanto ao nióbio, a Anglo American Brasil Ltda realiza investimentos na ampliação de sua planta
industrial em Catalão. Em relação ao amianto, a sua exploração é realizada pela Sociedade Anônima
Mineração Amianto (SAMA), desde 1967 na mina de Cana Brava.
Já os os segmentos da indústria mais dinâmicos têm reduzida expressão na economia regional. No
setor metal mecânico, por exemplo, registra-se apenas a planta da Mitsubishi, em Catalão e da
Hyundai/CAOA, em Anápolis. Já no setor químico e petroquímico não há registro de investimentos
importantes. Dificilmente no curto prazo essa situação deva se alterar, pois depende da adoção de políticas
específicas.
Deve ser mencionado ainda o importante parque industrial do setor farmacêutico instalado em
Anápolis.
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Conclusão
O exercício de se projetar o futuro pode comportar algumas incertezas e apostas, mas também
algumas certezas. É praticamente consenso que nas duas próximas décadas o Brasil, na condição de uma das
principais economias emergentes, apresentará um desempenho positivo em termos econômicos e sociais.
Também é universalmente aceito que a região Centro-Oeste continuará sendo a de maior dinamismo do País
nesse próximo período. O que não está ainda desenhado é a trajetória da economia das duas grandes
metrópoles regional, Brasília e Goiânia, e do eixo econômico que se forma entre as duas.
Mantidas as atuais estruturas produtivas, a perspectiva é de que o Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia
saltará dos atuais 6,3 milhões de habitantes para 8,1 milhões em 2030, sendo que a área metropolitana de
Brasília passaria dos atuais 3,64 milhões para 4,72 milhões de habitantes.
Ocorre que ainda está em curso no País um processo de desconcentração da atividade industrial, com
seu espraiamento para um conjunto de polos regionais. A plena inserção das áreas metropolitanas de Brasília
e de Goiânia neste processo poderá resultar numa grande alteração em suas estruturas produtivas, na geração
de dezenas de milhares de empregos na atividade industrial e em serviços de apoio à indústria e,
consequentemente, numa forte expansão populacional, podendo sua população atingir o patamar de 10
milhões de habitantes, sendo 5,7 milhões na área metropolitana de Brasília.
A discussão com o Governo federal e o governo de Goiás para a implementação do PAC do DF e
Entorno, ainda que tardia, é da maior importância e pode viabilizar um conjunto de projetos estruturantes,
capazes de fazer a balança pender para o Cenário B. Mas se os investimentos em infraestrutura de
transportes e em energia mencionados serão determinantes para o sucesso desse processo, não são
suficientes. Deve-se também viabilizar a implantação do aeroporto de cargas em Planaltina, um projeto
estratégico, assim como a implantação do arco viário circundando o quadrilátero.
Ademais, deve-se adotar uma política agressiva de atração de investidores industriais, com a
viabilização de áreas propícias à implantação desses investimentos. Além da ampliação do polo JK, deve-se
identificar e dotar de infraestrutura quatro ou cinco áreas no DF ou nos municípios metropolitanos, ao longo
dos principais eixos viários, para a instalação de grandes plantas industriais.
Em suma, o perfil econômico, demográfico e social do Distrito Federal, de sua área metropolitana e
do Eixo de desenvolvimento Brasília-Anápolis-Goiânia em 2030 é absolutamente impreciso e qual cenário
irá acontecer, dependerá, sem dúvida, das ações que serão adotadas nos próximos quatro ou cinco anos.
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o distrito federal e o eixo brasília-anápolis-goiânia em 2030