5° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel Teor de Biodiesel em Diesel - Método Volumétrico Carla Cristina C.M. da Silva (Greentec/UFRJ, [email protected]), Luana Castilho Neves (LACOL/INT, [email protected]), Elizabeth da Silva Figueiredo (LACOL/INT, [email protected]), Ana Paula da Silva (Greentec/UFRJ, [email protected]), Donato A. G. Aranda (Greentec /UFRJ, [email protected]) Palavras Chave: biodiesel, quantificação, volumetria 1 - Introdução Desde o século XVIII, a análise volumétrica tem aplicação intensa e consagrada na indústria, além de outros laboratórios de rotina. Porém, nos dias de hoje tem surgido certo desinteresse pela volumetria nas novas gerações de químicos, impressionáveis pelo apelo mais tecnológico dos métodos instrumentais. Assim, como muitos conceitos químicos foram consolidados com o desenvolvimento da volumetria, é inegável a relevância dos métodos volumétricos para química analítica1. A mistura B5, 5% de biodiesel em diesel, atualmente comercializada no país deve seguir especificações determinada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O teor de biodiesel em blends com diesel pode ser detectado por cromatografia2 e espectroscopia 1HRMN3 e análise por infravermelho4, mas estas análises têm alto custo. Este trabalho apresenta uma metodologia simples e de baixo custo para detectar o teor de biodiesel em diesel. Partindo-se do princípio que na mistura biodiesel/diesel, apenas o biodiesel é a matéria saponificável, foi utilizado o conceito de saponificação para mensurar o teor de biodiesel. Além disso, também foi realizada uma comparação entre os resultados obtidos pela análise por infravermelho e pelo método volumétrico. A técnica aprovada pela ANP para análise do teor de biodiesel no diesel é a espectroscopia no infravermelho médio por calibração univariada e multivariada. A técnica multivariada exige a necessidade de conhecimentos técnicos em estatistica. Com isso buscou-se uma técnica de quantificação que necessite de instrumentação, reagentes e conhecimentos básicos em Química, rápida e de fácil execução. É importante ressaltar que se partiu do pressuposto de que o biodiesel deverá estar dentro das especificações brasileiras (estabelecidas pela portaria 255/2003 da ANP), antes de ser adicionado ao diesel em distribuidoras credenciadas. amostra de biodiesel de soja foi obtida da Bioverde também em conformidade com as especificações técnica constantes na Resolução ANP vigente em 2011. Vale citar que no processo de formulação das misturas, utilizou-se biodiesel composto de ésteres metílicos. O trabalho experimental consistiu na formulação das misturas diesel/biodiesel em diversas concentrações utilizando biodiesel de soja; determinação do teor de biodiesel através no método proposto que consiste em utilizar o valor da saponificação, o qual determina a fração da mistura diesel/biodiesel que pode reagir com hidróxido de potássio para formar sabão; e comparação dos resultados com o método vigente na especificação do óleo diesel. A metodologia descrita a seguir parte do princípio que todo o éster (biodiesel) reagirá com o álcali (KOH, NaOH, LiOH ou outro) consumindo esse reagente que se encontra em excesso na reação. A partir da diferença do volume gasto no branco e na amostra, é possível saber a quantidade de números de mols de álcali consumidos. Baseado nesta quantidade é realizado o cálculo para determinação do teor de éster. A metodologia usada está exemplificada nos itens abaixo: 1-Em um balão com boca esmerilhada, introduzir aproximadamente 1,5000 g de amostra. Anotar a massa (ma). 2-Adicionar 25,00 ml de solução alcoólica de hidróxido de potássio 0,5 mol /L. 3- Colocar o balão na chapa de agitação e aquecimento, ajustar a temperatura de refluxo do etanol e adaptar o condensador. 4- Após 45 minutos, retire o balão à placa de agitação e aquecimento e espere esfriar até a temperatura ambiente. 5- Introduzir duas gotas de fenolftaleína no balão. 6- Preencher a bureta de 50,00 ml com solução de ácido clorídrico 0,5 mol/L e iniciar a titulação. Interromper a titulação quando a coloração rósea da solução desaparecer. Anotar o volume gasto (Va). 7- Fazer um ensaio em branco paralelamente. Para o ensaio em branco repetir os procedimentos dos itens 2 ao 6. Anotar o volume gasto (Vb). . Cálculos: 2 - Material e Métodos Ester (%) = {[(Vb – Va) x M x 56,1 / ma] – IA} PM / F x 10 A amostra de óleo diesel foi obtida do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Miguez de Mello (CENPES), em conformidade com as especificações técnicas constante da Resolução ANP vigente em 2011. A Onde: Vb = volume de HCl gasto no branco, mL Va = volume de HCl gasto na amostra, mL M = concentração da solução de HCI em mol/L SALVADOR - BAHIA 16 a 19 DE ABRIL DE 2012 5° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel IA= índice de acidez, mgKOH/g ma = massa de amostra , g PM = peso molecular do éster F = 56,1 para mono ésteres 3 - Resultados e Discussão A Tabela abaixo mostra comparação do método proposto (saponificação) e o método vigente (infravermelho) na especificação do diesel. A tabela apresenta a média dos testes realizados em duplicata. Tabela 1. Comparação entre o método proposto e o método vigente. Concentração Concentração (%v/v) Concentração Real (% v/v) saponificação (%v/v) IV 1,05 1,3 1,11 2,03 2,36 2,03 2,99 3,5 3,00 4,05 4,45 4,24 5,14 4,95 5,16 5,94 6,54 5,92 7,22 6,87 7,27 8,20 8,49 8,27 4,99 % v/v 40,3 40,5 40,5 40,5 40,5 40,5 40,3 40,5 40,5 40,4 1,5545 1,5022 1,5018 1,5235 1,5198 1,5002 1,5112 1,5157 1,5063 1,5041 (%v/v) 5,51 4,75 4,75 4,69 4,70 4,76 5,67 4,71 4,74 5,22 4,95 A técnica proposta quando comparada com o método aprovado pela ANP mostrou bons resultados. Porém a limitação deste método é a quantidade do volume gasto de HCl entre concentrações muito próximas de biodiesel. Será testado, em trabalhos futuros, a titulação potenciométrica como uma medida de se obter resultados mais precisos. 4 - Agradecimentos Ao INT pelas instalações cedidas e ao CNPQ pelo apoio financeiro. 5 - Bibliografia 1 Terra, J., Rossi, A. V. ; Sobre o desenvolvimento da análise volumétrica e algumas aplicações atuais; Quím. Nova 2005, 28,n°1 . 2 Foglia, T.A., K.C. Jones and J.G. Phillips,. Determination of biodiesel and triacylglycerols in diesel fuel by LC. Chromatographia, 2005, 62, 115-119. 3 9,06 8,83 9,13 10,05 10,41 10,05 Através dos resultados obtidos pode-se observar que o índice de saponificação permitiu a determinação da quantidade de biodiesel em diesel (B0 a B10) mostrando-se uma técnica viável, utilizando reagentes de baixo custo, procedimento simples e rápido. Knothe G. Determining the blend level of mixtures of biodiesel with conventional diesel fuel by fiber-optic nearinfrared spectroscopy and 1H nuclear magnetic resonance spectroscopy, 2001, Journal of the American Oil Chemists' Society, 78, n. 10, 1025-1028. 4 Guarieiro L. L. N., ; Pinto A. C.; Aguiar P. F. ; Ribeiro, N. M., Química Nova ,31 n°.2, 2008 Adicionalmente foram realizados 10 repetições da determinação do teor de biodiesel através do índice de saponificação de uma amostra de concentração 4,99% v/v. Os resultados estão apresentados na tabela 2. Tabela 2. Replicadas da amostra B5 Amostra Volume de HCl massa de amostra teor de biodiesel Média SALVADOR - BAHIA 16 a 19 DE ABRIL DE 2012