XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE JUREMAPRETA (Mimosa hostilis Benth).
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Carlos André Alves de souza1, Monalisa A. Diniz da S. Camargo Pinto2, Carlos Tiago Amâncio Rodrigues³, Elves
Obede dos Santos Nunes4.
Introdução
A Mimosa hostilis Benth. conhecida como jurema preta, calumbi, jurema e espinheiro é uma árvore de porte
arbustivo pertencente à família Leguminosae (Fabaceae) da ordem das Fabales, plantas típicas do bioma caatinga.
Ocorrendo em quase toda a região do nordeste brasileiro. Por ser uma planta nativa da caatinga é muito bem adaptada
para o clima semiárido, possui folhas pequenas alternas, compostas e bipinadas com vários pares de pinas opostas.
Possui acúleos e apresenta bastante resistência às secas com grande capacidade de rebrota durante todo o ano (Benedito,
2012).
Em vários trabalhos realizados com esta espécie os autores ressaltam a importância e a potencialidade da espécie
para diversos fins madeireiros como estaca na construção de cercas, lenha, fabricação de carvão de alto valor energético
(Faria, 1984) e forrageiro utilizada na alimentação dos caprinos e bovinos (Araújo & Andrade, 1983 e Araújo et al.,
2004), como também Bakke et al. (2006) ressaltam ainda sua utilidade na recuperação de áreas degradadas. Por ser uma
espécie leguminosa apresenta uma contribuição significativa no aumento de nitrogênio no solo, favorecendo o
desenvolvimento de outras plantas.
A jurema-preta apresenta dormência, quando colhidas no ponto adequado de maturação, apresentam baixo índice de
emergência ou germinação. Nas Regras para Análise de Sementes são mencionadas várias espécies de mimosa. Porém
para a Minosa hostilis as Regras não faz referências para o teste de germinação (Brasil, 2009). Supostamente o
tegumento da semente desta espécie apresenta uma baixa permeabilidade à água, apresentando dormência. Assim
dificultando ou impedindo a emergência ou germinação da semente. Para a superação da dormência é de fundamental
importância à realização de tratamentos pré- germinativos para se obter um alto índice de emergência.
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a eficiência dos tratamentos químicos e físico de
sementes de jurema preta (Mimosa hostilis Benth).
Material e métodos
O trabalho foi conduzido no Campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra
Talhada. As sementes foram coletadas no Sítio Algodões, região do baixo Pajeú, município de Serra Talhada-PE, nas
coordenadas, 8º18’ e 13,95’’ latitude, 38º30’ e 33,64’’ longitude. Região totalmente incluída no domínio da caatinga,
caracterizada pelo clima tipo BSwh’, de acordo com a classificação de Koppen, na qual os meses mais quentes do ano
constam os maiores níveis de chuva e os mais frios são mais secos. Apresenta dados de temperatura máxima e mínima
32,9 °C e 20,10 °C, respectivamente; uma precipitação média de 642,1 mm. Após coletadas, as sementes foram
armazenadas em condições de ambiente até a montagem do experimento. O substrato empregado foi fibra de coco, em
bandejas de isopor de 200 células previamente lavadas com solução de hipoclorito de sódio, a profundidade de
semeadura foi de 1,0 cm, as regas foram realizadas com regador manual. Foram utilizados tratamentos químicos de
imersão em soda cáustica 20% durante 10 15; 20 e 30 minutos; imersão em ácido sulfúrico (H2SO4) durante 15 minutos;
Imersão em hipoclorito de sódio comercial (2,5% cloro ativo) durante 3 6; 12 e 24 horas; imersão em água fervente na
temperatura de 100 ºC por 1 minuto; tratamento físico de escarificação manual com corte na semente do lado oposto a
emissão da radícula e a testemunha. Totalizando desse modo, 12 tratamentos os quais foram montados em delineamento
inteiramente casualizados (DIC), com cinco repetições de 20 sementes por tratamento, no mês de agosto de 2013.
Na avaliação das plântulas, as contagens foram realizadas a cada 24 horas, tendo como critério na emergência o
surgimento da plântula acima do solo considerando que as mesmas apresentassem dois folíolos expandidos. Para
obtenção dos dados estatísticos o processamento foi realizado dentro de um software computacional denominado
assistat.
¹ Graduando do Curso de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Fazenda Saco, s/n, Caixa
Postal 063, Serra Talhada – PE. CEP 56900-000. E-mail: [email protected].
2
Professora Adjunto da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Fazenda Saco, s/n, Caixa Postal 063,
Serra Talhada – PE. CEP 56900-000. E-mail: [email protected]
3
Graduando do Curso de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Fazenda Saco, s/n, Caixa
Postal 063, Serra Talhada – PE. CEP 56900-000. E-mail: [email protected]
4
Graduando do Curso de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Fazenda Saco, s/n, Caixa
Postal 063, Serra Talhada – PE. CEP 56900-000. E-mail: [email protected].
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
O Índice de velocidade de emergência (IVE) de plântulas foi obtido através de contagens diárias a partir do primeiro
dia após a semeadura, do número de plântulas normais emersas até a estabilização. O cálculo do índice de velocidade
será de acordo com a fórmula de Maguire, (1962).
IVC 
G G
N N
1
2
1
2
   Gn
N
(1)
n
Em que, IVG = índice de velocidade de germinação, G1, G2,..., Gn = número de plântulas normais computadas na
primeira contagem, na segunda contagem, até a última contagem e N1, N2,..., Nn = número de dias da instalação à
primeira, segunda e última contagem.
O Tempo médio de emergência foi calculado de acordo com a fórmula apresentada por Labouriau (1983).
TME 
n t
n
i i
(2)
i
Em que, ni = número de sementes germinadas por dia; ti = tempo de incubação; i = Unidade de dias.
A velocidade de emergência será calculada segundo Edmond e Drapala, (1958).

 
    N n Gn 
(3)
VE   N 1G1 N 2 G2

G1  G2    Gn 


Em que, VE = velocidade de emergência (dias), G = número de plântulas emergidas observadas em cada contagem e N
= número de dias da semeadura a cada contagem.
O coeficiente de velocidade de germinação (CVE): será calculado segundo Furbeck, (1993).


G1  G2    Gn 
(4)
CVE  
*100
 N 1G1  N 2 G2     N n Gn 

Em que, CVE = coeficiente de velocidade de emergência e G e N = possuem o mesmo significado da fórmula anterior.
Resultados e Discussão
Em analise a tabela 1 é possível observa que as porcentagens de emergências apresentadas, mostra que apenas três
dos dose tratamentos foram estatisticamente significativo. Sendo, Escarificação Mecânica, Imersão em Solução de soda
cáustica 15 minutos e Imersão em Solução de soda cáustica 30 minutos, em relação a os demais tratamentos submetidos.
É importante ressaltar que os tratamentos acima mencionados não apresentaram diferenças significativas entre si.
Em estudo realizado por Araújo e Andrade (1983) sobre a superação de dormência em sementes de jurema preta,
verificou-se que os resultados de porcentagem de emergência para os tratamentos com imersão em ácido sulfúrico, e
escarificação mecânica, foram semelhantes aos encontrados no presente estudo, apresentando valores de 79 e 90%,
respectivamente. Para superação da dormência de Guazuma ulmifolia Lam. (Araujo Neto e Aguiar, 2000) e Zizyphus
joazeiro Mart. (Alves et al., 2006) o tratamento com ácido sulfúrico proporcionou os melhores resultados.
Enquanto que para o tempo médio de emergência, de acordo com os resultados mostrados na tabela 1, observa-se que
não houve diferença significativa entre os tratamentos. Já em analise ao índice de velocidade de emergência (Tabela 1)
mostra que apenas os tratamentos com Imersão em Solução de soda cáustica 30 minutos e Escarificação Mecânica
foram estatisticamente significativos em comparação a os demais. Porém os mesmo apresentaram resultados estatísticos
iguais. No coeficiente de velocidade de emergência o tratamento que proporcionou melhor resultado estatístico foi o
tratamento realizado com imersão em solução de soda cáustica por 30 minutos.
De modo geral o tratamento feito com imersão em solução de soda cáustica por 30 minutos foi o que proporcionou o
melhor resultado estatístico, para a porcentagem de emergências, índice de velocidade de emergência e coeficiente de
velocidade de emergência. Em contra partida, os tratamentos realizados com Imersão em hipoclorito de sódio 6 horas,
Imersão em hipoclorito de sódio 12 horas, Imersão em hipoclorito de sódio 24 horas, Testemunha e imersão em água
quente, foram os que apresentaram os piores resultados estatísticos (Tabela 1). Considerando todas as variáveis
analisadas.
Conclusão
Com base nos resultados apresentados neste estudo, é possível concluir que o tratamento que proporcionou melhor
resultado estatístico foi o realizado com imersão em solução de soda cáustica por 30 minutos, em seguida dos com
imersão em solução de soda cáustica por 15 minutos e Escarificação Mecânica. Enquanto que a testemunha apresentou
resultados insignificantes, assim justificando a importância na realização de tratamentos pré- germinativo.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Agradecimentos
A Unidade Acadêmica de Serra Talhada-UFRPE, pela infraestrutura concedida e a oportunidade de terem desenvolvido
o experimento na Disciplina de Tecnologia de Produção de Sementes.
Referências
Alves, E. U, Bruno, R. L. A.; Oliveira, A. P.; Alves, A. U. Ácido sulfúrico na superação da dormência de unidades de
dispersão de Juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.). Revista Árvore, v.30, n.2, p.187-195, 2006.
Araújo, L. V. C.; Leite, J. A. N. Paes, J. B. Estimativa da produção de biomassa de um povoamento de jurema-preta
(mimosa tenuiflora (willd.) Poiret. Com cinco anos de idade. Biomassa & Energia, v. 1, n. 4, p. 347-352, 2004.
Araújo, M. S. e Andrade, G. C. Métodos para superar a dormência tegumentar em sementes de jurema-preta (Mimosa
hostilis Benth.). Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 6/7, p. 26-32, Jun./Dez. 1983.
Araujo Neto, J. C. e Aguiar, I. B. Tratamentos pré-germinativos para superar a dormência de sementes de Guazuma
ulmifolia Lam. Scientia Forestalis, n.58, p.15-24, 2000.
Azevêdo, S. M. A. Crescimento de plântulas de jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) em solos de áreas
degradadas da caatinga. Universidade Federal de Campina Grande, 2011. Monografia.
Bakke, I. A.; Bakke, O. A., Andrade, A. P.; Salcedo, I. H. Regeneração natural da jurema preta em Áreas sob pastejo de
bovinos. Caatinga (Mossoró, Brasil), v.19, n.3, p.228-235, julho/setembro 2006.
Brasil. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília, Departamento de rodução Vegetal, 2009.
Benedito, C. P. Biometria, germinação e sanidade de sementes de jurema-preta (Mimosa Tenuiflora Willd.) e juremabranca (Piptadenia stipulacea Benth.) Universidade Federal Rural do Semi-Árido, 2012. Tese doutorado.
Edmond, J.B.; Drapala, W.J. The effects of temperature, sand and soil, and acetone on germination of okra seeds. Proc.
Amer. Soc. Hortic. Sci., Washington, D.C., v. 71, p. 428-434, 1958.
Faria, W. L. F. A jurema preta (Mimosa hostilis, Benth) como fonte energética do semi - árido do nordeste - carvão.
Universidade Federal do Paraná, 1984. Dissertação de mestrado.
Furbeck, S.M. Relationship of seed and germination measurements with resistance to seed weathering cotton. Seed Sci.
Technol., Zürich, v. 21, n. 3, p. 505-512, 1993.
Labouriau, L.G. A germinação das sementes. Washington: Secretaria geral da Organização dos Estados Americanos,
1983. 174p.
Maguire, J.D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Sci.,
Madison, v. 2, n. 2, p. 176-177, 1962.
Tabela 1. Efeitos de tratamentos pré-emergentes sobre a porcentagem de emergência (PE), tempo médio de emergência
(TME), coeficiente de velocidade de emergência (CVE), e índice de velocidade de emergência (IVE), em sementes de
jurema-preta (Mimosa hostilis Benth.).
Tratamentos
TME (dias)
CVE
PE (%)
IVE
Testemunha
1,80 a
2,22 c
1c
0,02 d
Escarificação Mecânica
2,13 a
16,37 ab
90 a
2,96 a
Imersão em água quente
2,58 a
4,40 c
4c
0,09 d
Imersão em H2SO4
2,27 a
15,44 ab
79 ab
2,53 abc
Imersão em Solução soda cáustica 10’
2,69 a
13,11 ab
73 ab
2,13 bc
Imersão em Solução soda cáustica 15’
2,30 a
15,55 ab
88 a
2,85 ab
Imersão em Solução soda cáustica 20’
2,18 a
15,78 ab
61 b
1,95 c
Imersão em Solução soda cáustica 30’
2,03 a
16,81 a
90 a
3,17 a
Imersão em hipoclorito de sódio 3 horas
4,02 a
8,06 bc
8c
0,17 d
Imersão em hipoclorito de sódio 6 horas
2,99 a
4,00 c
3c
0,06 d
Imersão em hipoclorito de sódio 12 horas
0,00 a
0,00 c
0c
0,00 d
Imersão em hipoclorito de sódio 24 horas
1,20 a
3,33 c
2c
0,07 d
F
0,80 ns
13,90 **
80,59**
75, 37**
CV (%)
110,59
40,64
24,62
26,27
Médias seguidas de letras diferentes, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
** Diferença significativa a 1% de probabilidade.
ns: não significativa a 5% de probabilidade.
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