Área: Fitotecnia EFEITO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA, BIOFERTILIZANTE, INOCULANTE E ADUBAÇÃO QUÍMICA NA EMERGÊNCIA E VIGOR DE PLÂNTULAS DE FEIJÃO-CAUPI Marcos de Oliveira1; Mácio Farias de Moura3; João Paulo Ferreira de Oliveira1; Marivaldo Vieira Gonçalves1; Jeferson da Silva Zumba1; Izanielle Batista dos Santos1; Jéssyca Dellinhares Lopes Martins2; 1 Graduandos do Curso de Engenharia Agronômica da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, S/N, Boa Vista, CEP: 55292-270, Garanhuns, PE. E-mail:[email protected]. 2 Engº Agr., mestranda em Produção Agrícola na Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns (UFRPE/UAG). Av. Bom Pastor S/N, Boa Vista, CEP: 55292-270, Garanhuns, PE. 3 Professor adjunto I, UFRPE/UAG, Av. Bom Pastor S/N, Boa Vista, CEP: 55292-270, Garanhuns,PE. Resumo - O feijão-caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp.] pertence à família Fabaceae, sendo uma olerícola de fundamental importância utilizada na alimentação humana, consumida na forma de grãos secos, vagens ou grãos verdes, além de ser fonte de renda para agricultores nordestinos. Portanto o presente trabalho tem como objetivo estudar emergência e vigor de plântulas de feijão-caupi em função da adubação orgânica, biofertilizante, inoculante e adubação química. O experimento foi conduzido na Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns - UFRPE/UAG, localizada no município de Garanhuns-PE. Foram utilizados adubos alternativos e químicos. Os tratamentos foram distribuídos em delineamento blocos casualizados, sendo empregados nove tratamentos, com três repetições. As variáveis analizadas foram: emergência (%); primeira contagem de emergência (%); índice de velocidade de emergência. O tratamento com biofertilizante (BIO) e composto orgânico + biofertilizante (CO + BIO) voltado para a emergência (EM), primeira contagem (PCE) e índice de velocidade de emergência (IVG) foram responsáveis pelos melhores resultados obtidos, apesar de serem estatisticamente iguais. Palavras-chave: Vigna unguiculata (L.) Walp, produtos alternativos, fertilizantes. Introdução O feijão-caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp.] é uma fonte de renda e alimento básico para população da Região Nordeste do Brasil, que o consome sob as formas de grãos secos ou verdes, (OLIVEIRA et al., 2000). É cultura que se adapta relativamente bem a uma ampla faixa de solo desde areias quartzosas a solos de textura argilosa pesada. Na região Nordeste, é cultivada quase sempre de sequeiro e em consórcio com outras culturas, como o milho e a mandioca (FREIRE FILHO et al., 2005), A produtividade dessa cultura na referida região é baixa com média de 330 kg ha-1, sendo que em Pernambuco, terceiro maior produtor do Brasil, produziu 54.252 toneladas em 2009, (IBGE, 2009). Provavelmente a baixa produtividade está relacionada ao emprego de cultivares pouco produtivas, sementes com baixa qualidade fisiológica , falta de adubação ou sua utilização de forma inadequada. Diante dessas constatações, faz-se necessária a busca de tecnologia que tornem mais produtivo o cultivo dessa leguminosa. Dentre as alternativas, pode ser mencionada a utilização de adubos orgânicos, biofertilizante e inoculantes. Este último é um produto que causa baixo impacto ambiental e é utilizado com a finalidade de disponibilizar o nitrogênio para as plantas sem a utilização de produtos químicos, uma vez que os organismos nele presentes têm a função de fixar esse elemento do ar atmosférico e tornando-o disponível para as plantas. O 1 composto orgânico no solo contribui para o controle do ataque de pragas e doenças devido à liberação dos nutrientes de forma mais lenta para a planta, deixando-a mais equilibrada fisiologicamente (LEITE et al., 2007). O composto orgânico tem contribuído para busca da sustentabilidade dos sistemas produtivos. O uso de biofertilizantes líquidos tem sido recomendado para suplementação nutricional e fitoproteção. Quando aplicado no solo, propicia a melhoria de características físicas como densidade aparente, porosidade, aeração e fertilidade, estimulando suas atividades biológicas (SANTOS, 1992). Devido à carência de informações quanto ao efeito do composto orgânico, biofertilizante e inoculação nas sementes do feijão-caupi utilizada na semeadura, no que se refere à emergência, primeira contagem e índice de velocidade de emergência, o presente trabalho teve como objetivo estudar a influência dos adubos empregados no cultivo do feijoeiro na emergência e vigor de plântulas de feijão-caupi. Material e Métodos O trabalho foi realizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-UFRPE/UAG, no município de Garanhuns-PE, localizado a latitude 08°54’29,1” S e longitude de 36°29’45,9” O, altitude de 838 m. O solo é FRANCO ARENOSO determinado pela analise física do solo, e uma classificação do perfil de ARGISSOLO AMARELO. Antes do semeio das sementes do feijão-caupi, realizou-se coletas de amostras de solos, com quatro amostras simples, procedendo-se as etapas de mistura e envio de amostra composta para o laboratório de solos e geologia da UFRPE/UAG. A adubação química seguiu conforme recomendação do Instituto Agronômico do Estado de Pernambuco. A cultivar de feijão-caupi utilizada foi IPA-206. Os tratamentos foram distribuídos em delineamento blocos casualizados, sendo empregados nove tratamentos, com três repetições: TA (Testemunha absoluta); CO (Composto orgânico); BIO (Biofertilizante); INOC (Inoculante); CO+INOC (Composto orgânico + inoculante); BIO+INOC (Biofertilizante + inoculante); CO+BIO (Composto orgânico + biofertilazante); CO+BIO+INOC (Composto orgânico + biofertilizante + inoculante); TQ (Tratamento químico). O composto orgânico foi preparado em pilhas. Para a confecção foi utilizado materiais vegetais disponível na área cultivada ou áreas adjuntas, além de esterco bovino fresco que foi obtido na própria unidade de produção. A dose do composto orgânico aplicada nas parcelas foi equivalente a 40 t há -1. O biofertilizante foi preparado na proporção de 1 parte de digesta bovina fresca, retirado do rumem bovino, para 4 partes de água. Foi realizada a aplicação em uma proporção de 100 ml para cada 15 litros de água, uma vez por semana. No tratamento com inoculação, foi empregada estirpe de inoculante de Rhyzobium comercial (Masterfix feijão – inoculante sólido turfoso para feijão), aplicado na dose de 150g/50 kg de sementes. Quanto aos tratos culturais, tais como: capinas das plantas daninhas, controle de pragas e doenças, bem como a irrigação por microaspersão foram realizadas sempre que necessário. O espaçamento adotado foi 0,5 m x 0,20, totalizando 5 plantas por metro linear. Para verificar a influência dos adubados empregados no plantio sobre a emergência e vigor de plântulas de feijão-caupi, foram realizadas as seguintes avaliações: emergência (EM) (%); primeira contagem de emergência (PCE) (%); índice de velocidade de emergência (IVG). A avaliação da emergência baseou-se no total de plântulas que apresentavam cotilédones inteiramente visíveis, acima da superfície do solo. A primeira contagem foi realizada no quinto dia após a semeadura. Para o índice de velocidade de emergência, foram 2 realizadas contagens diárias a partir da emergência da primeira plântula. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias de tratamentos comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade. O software para análise estatística empregada foi o Sisvar (FERREIRA, 2008). Resultados e Discussão De acordo com a Tabela 1, percebe-se que não houve diferença estatística com relação a emergência (%), primeira contagem e índice de velocidade de emergência das sementes de feijão caupi. No entanto, o tratamento que recebeu biofertilizante (BIO) e composto orgânico + biofertilizante (CO + BIO) expressaram maiores valores de emergência com 86, 84% e 81,85%, respectivamente. (Alves et al.,1999) em seu experimento, ao utilizar dose de 22 t ha-1 de matéria orgânica de caprino obteve o máximo vigor de emergência de 89%. A menor emergência foi encontrada quando utilizou-se composto orgânico + biofertilizante + inoculante (CO+BIO+INOC), com 60,31 % e 63,26% para testemunha. A primeira contagem de emergência alcançou maior percentual (73,01%) nas parcelas corresponde ao tratamento com biofertilizante (BIO). Os menores percentuais encontrados foram de 50,56% com composto orgânico + biofertilizante + inoculante (CO+BIO+INOC) e 55,55% para a testemunha (TA). Para a variável, índice de velocidade de emergência, verifica-se que os tratamentos biofertilizante (BIO) e composto orgânico + biofertilizante (CO + BIO) foram responsáveis pela obtenção dos maiores índices 29,85 e 28,5, respectivamente. O efeito benéfico do biofertilizante e do composto orgânico, tanto de forma associada, quanto isolada, pode ser explicado em função desse tipo de adubação conferir ao solo aspectos nutricionais e biológicos que beneficiam o cultivo de plantas por ocasionarem melhorias nos atributos químicos, físicos e biológicos do solo, favorecendo um desenvolvimento adequado proporcionando produtividade economicamente viável (MARROCOS, 2011). Os menores índices 20,98 e 22,15 foram encontrados para composto orgânico + biofertilizante + inoculante (CO+BIO+INOC), e testemunha, respectivamente. A combinação entre CO+BIO+INOC pode ter elevado a concentração de solutos na solução do solo originando um potencial osmótico maior em torno das sementes, o que leva a diminuição da velocidade de absorção de água pelas sementes e, portanto, atraso no processo germinativo e na emergência de plântulas (RAMOS et al., 2009). Considerando os efeitos positivos do biofertilizante e composto orgânico nas variáveis analisadas, tornam-se importantes, trabalhos de melhoria na fertilidade do solo podendo para este fim empregar compostos orgânicos e resíduos vegetais. Pois, a matéria orgânica atua na manutenção da micro e mesovida do solo, fornece substâncias intermediárias produzidas em sua decomposição que podem ser absorvidos pelas plantas aumentando seu crescimento (BARROS & FILHO, 2008). Aliado a isso, os biofertilizantes seriam então usados como fonte imediata de nutrientes, complementando o que existe no solo e a demanda da planta (SILVA et al., 2007) reduzindo contudo, os gastos e a degradação ambiental proporcionada pelos fertilizantes sintéticos. 3 Tabela 1. Efeito dos tratamentos na emergência (EM), primeira contagem (PCE) e índice de velocidade de emergência (IVG) das sementes de feijão caupi em função de composto orgânico, biofertilizante, inoculante e adubação química. Tratamentos EM (%) PCE (%) IVG TA 63,31 a 55,55 a 22,15 a CO 70,06 a 59, 86 a 24,50 a BIO 86,84 a 73,01 a 29,85 a INOC 70,29 a 61,45 a 24,65 a CO + INOC 79,36 a 68,48 a 28,01 a BIO + INOC 70,97 a 59,41 a 24,62 a CO + BIO 81,85 a 68,02 a 28,52 a CO + BIO + INOC 60,31 a 50,56 a 20,98 a TQ 65,30 a 56,68 a 22,81 a TA = testemunha absoluta; CO = composto orgânico; BIO = biofertilizante; INOC = inoculante; CO+INOC = composto orgânico + inoculante; BIO+INOC = biofertilizante + inoculante; CO+BIO = composto orgânico + biofertilizante; CO+BIO+INOC = composto orgânico + biofertilizante + inoculante; TQ = tratamento químico. Médias seguidas de letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (P<0,05). Conclusão O tratamento com biofertilizante (BIO) e composto orgânico + biofertilizante (CO + BIO) voltado para a emergência (EM), primeira contagem (PCE) e índice de velocidade de emergência (IVG) foram responsáveis pelos melhores resultados obtidos, apesar de serem estatisticamente iguais. Referências ALVES, E. U.; OLIVEIRA, A. P.; BRUNO, R. L.A.; SILVA, J . A. L.; GONÇALVES, E. P. Avaliação da produtividade e da qualidade de sementes de feijão-Vagem, cultivado com matéria orgânica. Revista Brasileira de Sementes, vol. 21, nº 2, p.232-237, 1999. BARROS, L.E.O.; LIBERALINO FILHO, J. Composto orgânico sólido e em suspensão na cultura do feijão-mungo-verde (Vigna radiata L. Wilkzeck). Revista Verde, Mossoró, v.3, n.1, p.114-122, 2008. FERREIRA, D.F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Lavras: Revista Symposium, v.6, p.36-41, 2008. FREIRE FILHO, F. R.; LIMA, J. A. A.; RIBEIRO, V. Q. Feijão-caupi: avanços tecnológicos. 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