Boletim Informativo da Rede de Assessoria Técnica e Extensão Rural do Nordeste (Rede Ater/NE) | Edição Nº 019 - 2012 PARTILHANDO EXPERIÊNCIAS Praticando Agroecologia, Semeando Alegria Vivendo a agroecologia, respeitando o meio ambiente A determinação da família de Silvanete e Vilmar A trás de uma cerca viva, entre macaubeiras, cambuís, murtas, goiabeiras e bananeiras mora Silvanete, Vilmar e seus três filhos. Num ambiente onde a natureza fez morada, a família respira o ar puro da Chapada, acorda com o cantarolar dos pássaros e faz brotar do solo arenoso frutos, flores que enchem suas vidas de orgulho e entusiasmo. Com muita perseverança, o casal encontrou na agricultura familiar agroecológica, uma forma de pro- mover uma vida mais saudável para sua família. Moradores da Serra dos Paus Dóias em Exú (PE) há cerca de seis anos, eles viram nas árvores nativas uma promissora fonte de renda e alimento. Com o beneficiamento da murta e do cambuí, eles têm mostrado que é possível conviver com os frutos que a natureza oferece e manter o equilíbrio do meio ambiente. Na propriedade de 12 hectares, onde implantaram há seis anos uma agrofloresta podemos PARTILHANDO EXPERIÊNCIAS encontrar uma grande variedade de árvores nativas, frutíferas e forrageiras. Lá eles criam galinhas, porcos e abelhas. Extraem e comercializam o mel da jandaira, uruçu, mandaçaia e de outras abelhas nativas, como também da abelha italiana. Além disso, produzem mudas, molho de pimenta e vendem ainda, hortaliças, sementes crioulas e algumas sementes especiais como a do milho de pipoca, por exemplo. Mas são os licores, geléias e doces feitos do cambuí, murta e maracujá peroba que conferem à família maior reconhecimento no mercado local. Os produtos são comercializados em feiras, exposições e até mesmo em reuniões que o casal participa. Na hora da colheita, eles contam com o auxílio dos filhos que ainda são pequenos, mas Silvanete faz o beneficiamento dos frutos já sabem reconhecer o valor do cuidado com o meio ambiente. Silvanete é quem transforma os frutos ficiados e in natura, a família tem seu sustento na em geléia, doce e licor. Ela conta que começou a expe- realização de cursos de capacitação dos Programas rimentar o beneficiamento a partir de receitas feitas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra Duas com outras frutíferas. “Quando comecei a fazer a Águas (P1+2), ambos da Articulação no Semiárido geléia do cambuí me baseei na receita da geléia de Brasileiro (ASA). jamelão que tem um sabor bem parecido, só fui dosando o açúcar para não ficar tão doce”, explica. Inovação A sede de conhecimento é um traço marcante da família que está presente em diversos espaços de Atualmente, a família está começando a trabapolíticas públicas. E que além de praticar a agroeco- lhar com o beneficiamento de uma fruta nativa chalogia através de seu Sistema Agroflorestal Agroecoló- mada de “calazã” e apelidada por eles de “cereja do gico, dissemina seus conhecimentos em cursos, Araripe”, nome dado pela semelhança dos frutos. Já intercâmbios, palestras e fóruns. estão produzindo a geléia e o doce que fazem parte da Além da renda com a venda dos produtos bene- linha de “Produtos da Chapada do Araripe”. “Hoje a gente consegue produzir 800 litros de licor de Cambuí e comercializar, então, isso significa que o nosso produto tem uma aceitação grande, e não estamos comercializando em larga escala. A gente consegue comercializar por encomenda, e em feiras, exposições e reuniões, mas temos o objetivo de fornecer o produto a supermercados”, revela Silvanete. Trabalhando em consonância com o meio ambiente, a família de Vilmar e Silvanete é exemplo para os agricultores e agricultoras de todo o estado. Eles foram os primeiros a conseguirem financiamento do Banco do Nordeste, no âmbito do Pronaf Agroecologia e junto com membros da associação comunitária obtiveram recurso para a construção de uma unidade de beneficiamento de frutas que já está sendo construída. Com a chegada da cisterna calçadão foi possivel implantar a horta EXPEDIENTE O boletim Partilhando Experiências é uma publicação do Caatinga com o apoio da Rede ATER NE, e patrocínio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Texto: Elka Macedo Fotos: Vládia Lima - Revisão: Elka Macedo - Diagramação: Mário Pires – Tiragem: 1.000 – Gráfica: Provisual – e-mail: [email protected] – Endereço: Avenida Engenheiro Camacho, 475, bairro Renascença Ouricuri /PE . www.caatinga.org.br Realização e Apoio: Patrocínio: