Universidade Federal do Amapá - UNIFAP Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA-AP Instituto de Pesquisa Científica e Tecnológicas do Estado do Amapá – IEPA Conservação Internacional do Brasil – CI-Brasil Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical - PPGBIO ÉRICA FERREIRA ARAÚJO DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES ENDÊMICAS DE PEIXES DE ÁGUA DOCE DO ESCUDO DAS GUIANAS MACAPÁ-AP 2010 ÉRICA FERREIRA ARAÚJO DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES ENDÊMICAS DE PEIXES DE ÁGUA DOCE DO ESCUDO DAS GUIANAS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biodiversidade Tropical. Orientação: Dr. José Maria Cardoso da Silva MACAPÁ-AP 2010 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá Araújo, Érica Ferreira Distribuição das espécies endêmicas de peixes de água doce do Escudo das Guianas / Érica Ferreira Araújo; orientador José Maria Cardoso da Silva. Macapá, 2010. 58 f. Dissertação (mestrado) – Fundação Universidade Federal do Amapá, Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical. 1. Biodiversidade tropical. 2. Ictiofauna de água doce. 3. Áreas de endemismo – Distribuição geográfica. 4. Escudo das Guianas. I. Silva, José Maria Cardoso da, orient.. II. Fundação Universidade Federal do Amapá. III. Título. CDD. 22.ed. 597.5859124 iii ÉRICA FERREIRA ARAÚJO DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES ENDÊMICAS DE PEIXES DE ÁGUA DOCE DO ESCUDO DAS GUIANAS Banca examinadora Titulares ________________________________________________ Dr. José Maria Cardoso da Silva (orientador) Conservação Internacional Brasil/PPGBIO ________________________________________________ Dra. Patrícia Carvalho Baião Conservação Internacional Brasil/PPGBIO ________________________________________________ Dra. Cristiane Ramos de Jesus Universidade do Estado do Amapá-UEAP ________________________________________________ Dr. César Santos EMBRAPA-AP/PPGBIO Macapá, 25 de fevereiro de 2010. iv Dedico ao meu amado Deus e às minhas queridas e inesquecíveis avós Elvira da Silva Araújo e Maria Angelina de Almeida (in memorian). v AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Dr. José Maria Cardoso da Silva, pela orientação, confiança e apoio. Ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical - PPGBio, pela oportunidade de realização deste trabalho. À profa. Dra. Helenilza A. Cunha, coordenadora do Programa de PósGraduação em Biodiversidade Tropical. E a todos os professores do curso, pelos conhecimentos repassados. À banca examinadora pelas valiosas sugestões e contribuições. Às MSc. Inácia Maria Vieira e MSc. Cecile de Sousa Gama, pelo incentivo e apoio. À equipe do Laboratório de Análises Químicas da SEMA, por sempre me receberem como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo. Muito Obrigada pela amizade e apoio! Ao geógrafo da Conservação Internacional do Brasil (CI), Luis Barbosa, pela grandiosa ajuda com os mapas. À sempre eficiente secretária do PPGBio, Rejane Peixoto, pela amizade e apoio durante esses anos no curso. A todos da minha amada família, que sempre se orgulharam e me incentivaram em todas as etapas de minha formação, acreditando em meus sonhos e me apoiando sempre que precisei. E acima de tudo, por compreenderem e compartilharem meu amor pelos animais, pois é por eles que eu cheguei até aqui. A todos os colegas do PPGBio, em especial aos amigos Lorena, Viviane e Ezequiel, por terem compartilhado as alegrias e agonias. Aos amigos sempre presentes: Rayssa, Elizandra, Tiaga, Romaira, Cássio, Ana Paula, Milena, Sandro, David Giesecke, David Almeida, Isaí, Danielle Lima. E, finalmente, de forma especial e única, agradeço a DEUS por tudo, dedicando-lhe cada passo da minha vida para sua glória. Sem Ele nada disso teria sido possível. vi RESUMO Há dois grandes padrões biogeográficos gerais: 1) as distribuições das espécies têm limites, mas a maioria delas tem distribuição restrita a uma determinada região; 2) as espécies endêmicas tendem a se concentrar em regiões denominadas áreas de endemismo, que são determinadas regiões geográficas marcadas pela congruência quase completa de pelo menos duas espécies endêmicas. O Escudo das Guianas situa-se no nordeste da América do Sul e inclui o sistema de montanhas que forma a bacia entre os rios Amazonas e Orinoco. Alguns autores reconheceram áreas de endemismo e ecorregiões que incluíam essa região, no entanto os dois esquemas não eram congruentes. Assim, com este estudo objetivou-se: identificar padrões gerais de distribuição, áreas de endemismo e analisar a similaridade biótica entre as 43 bacias hidrográficas da região, propor um sistema de regionalização e comparar este sistema com a proposta de ecorregiões de água doce para a região. Foi produzida uma lista das espécies que compõem o Escudo e, então, foram identificadas as espécies endêmicas à região e as restritas a uma bacia, então as áreas de endemismo foram estabelecidas para as bacias que mostraram pelo menos 2 espécies endêmicas restritas a elas. Foram registradas 1.957 espécies de peixes de água doce para o Escudo das Guianas, sendo que 878 espécies são endêmicas para a região. As bacias hidrográficas com o maior número de espécies endêmicas foram as bacias dos rios Orinoco, Negro, Essequibo e Maroni. As bacias com menos espécies foram as dos rios Curuá, Maicuru e Araiôlos. Das espécies endêmicas, 337 espécies ocorreram em duas ou mais bacias, enquanto 541 espécies foram restritas a apenas uma bacia hidrográfica. O teste de Qui-Quadrado verificou que tal diferença é significativa, demonstrando que a maioria das espécies endêmicas do Escudo das Guianas não estão amplamente distribuídas na região, mas sim restritas a pequenas áreas. As bacias hidrográficas que apresentaram os maiores níveis de endemicidade foram as bacias dos rios Orinoco (299 espécies restritas) e Negro (90 espécies restritas). Foram identificadas 17 áreas de endemismo para o Escudo das Guianas, que cobrem cerca de 88% da região. A análise de similaridade na composição de espécies endêmicas entre as bacias identificou 8 regiões biogeográficas válidas. Comparando estas regiões biogeográficas com as ecorregiões, pouca congruência foi encontrada. Muitas bacias hidrográficas, que são unidades bem definidas do ponto de vista ecológico, foram separadas em duas ou mais ecorregiões. As regiões biogeográficas indicam que bacias como Trombetas, Uatumã-Jatapu e Branco devem ser consideradas isoladamente. A ecorregião Essequibo não é biogeograficamente independente das outras bacias que ficam ao norte do Escudo das Guianas, e deve ser incorporada às Guianas, de acordo com a análise de cluster. A ictiofauna de água doce da região do Escudo das Guianas é bastante diversa, com 1.957 espécies representando uma parte considerável das estimativas feitas para toda a região Neotropical. Houve endemismos em todas as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas, sugerindo um longo processo de isolamento entre elas. As bacias que apresentaram apenas 1 espécie restrita aos seus corpos d’água foram consideradas como potenciais áreas de endemismo, pois há a possibilidade de que outras espécies endêmicas sejam encontradas através de futuros inventários biológicos direcionados. As Ecorregiões de água doce propostas para o Escudo das Guianas não parecem ser unidades biogeográficas naturais, visto que apenas as ecorregiões que envolvem as bacias dos rios Orinoco e Negro apresentaram congruência com a regionalização biogeográfica baseada na similaridade biótica entre as bacias hidrográficas. Palavras-chave: Ictiofauna de água doce; Escudo das Guianas; distribuição geográfica; áreas de endemismo; similaridade; regiões biogeográficas vii ABSTRACT There are two great general biogeographical patterns: 1 - the distributions of the species have boundaries, but the great majority of the species has restricted distribution to a certain area; 2 - the endemic species tend to concentrate in endemic areas, that are areas marked by the congruence almost complete of at least two endemic species. The Guyana Shield is located in the northeast of South America and it includes the mountains that shape the basin among the rivers Amazon and Orinoco. Some authors recognized endemic areas and ecoregions that included that area, however the two outlines were not congruent. Thus, with this study we aimed: to identify general patterns of distribution, endemic areas, as well as to analyze the biotic similarity among the 43 hydrographical basins of the area, to propose a system of regionalization and to compare this system with the proposal of freshwater ecorregions for the area. The study produced a list of the species that are part of the Shield and, then, we identified the species endemic to the area and the ones restricted to a basin. Then the endemic areas were established for the basins that showed at least 2 restricted endemic species to them. 1.957 species of freshwater fish were registered for the Guyana Shield, and 878 species are endemic for the area. The hydrographical basins with the largest number of endemic species were the basins of the rivers Orinoco, Negro, Essequibo and Maroni. The basins with less species were: Curuá, Maicuru and Araiôlos. Of the endemic species, 337 species inhabit in two or more basins, while 541 species were just restricted to one hydrographical basin. The Qui-square Test verified that such difference is significant, demonstrating that most of the endemic species of the Guyana Shield is not broadly distributed in the area, but restricted to small areas. The basins that showed the largest endemicity levels were the basins of the rivers Orinoco (299 restricted species) and Negro (90 restricted species). It were identified 17 endemic areas for the Guyana Shield, that cover about 88% of the area. The similarity analysis in the composition of endemic species among the basins identified 8 valid biogeographical areas. Comparing these biogeographical areas with the freshwater ecorregions, little congruence was found. A lot of hydrographical basins, that are very defined units in the ecological point of view, were separated in two or more ecorregions. The biogeographical areas indicate that basins as Trombetas, Uatumã-Jatapu and Branco should be considered separately. The ecorregion Essequibo is not independent of the other basins that are in the north of the Guyana Shield, and it should be incorporated to Guyanas ecorregion, in agreement with the cluster analysis. The freshwater fishes of the Guyana Shield is too diverse, with 1.957 species representing a considerable part of the estimates done for the whole Neotropical Area. There was endemisms in all of the basins of the Guyana Shield, suggesting a long isolation process among them. The basins that presented only 1 restricted species to their water were considered as potential endemic areas, because there is the possibility that other endemic species are found through future addressed biological inventories. The Freshwater ecorregions proposed for the Guyana Shield do not seem to be biogeographical natural units, because only the ecorregions that involve the basins of the rivers Orinoco and Negro showed consistency with the biogeographical regionalization based in the biotic similarity among the hydrographical basins. Keywords: Freshwater fishes; Guyana Shield; geographical distributions; endemism areas; similarity; biogeographical regions. viii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Caracterização das áreas de endemismo da América do Sul para as espécies de peixes da ordem Characiformes. Hubert & Renno (2006)............................. 21 Figura 2 - Prováveis refúgios aquáticos que ocorreram durante as incursões marinhas do Mioceno para as espécies de peixes da ordem Characiformes da América do Sul (I, Noroeste; II, Paraná-Paraguai; III, São Francisco; IV, Parnaíba; V, Alto Amazonas; VI, Guiana; VII, Tocantins-Xingu; VIII, Orinoco) e as prováveis rotas de colonização (1, São Francisco-Paraguai; 2, Madeira-Paraná; 3, TapajósParaná; 4, Rota Costeira; 5, Rupununi; 6, Trombetas-Essequibo; 7, Cassiquiare). Hubert & Renno (2006)..................................................................... 21 Figura 3 - O Escudo das Guianas no nordeste da América do Sul, adaptado de acordo com a metodologia deste estudo............................................................................ 23 Figura 4 - Hubert & Renno (2006) reconheceram quatro áreas de endemismo para os peixes da ordem Characiformes na região do Escudo das Guianas (IIIA, Alto Amazonas; III Bb, Guiana; IIIBe, Baixo Amazonas; IIIBf, Orinoco-Alto Negro)..................................................................................................................... 27 Figura 5 - Abell et al. (2008) reconheceram 11 ecorregiões de água doce na região do Escudo das Guianas (Orinoco-Alto Andes, Orinoco Piedmont, Orinoco Llanos, Delta do Orinoco e Drenagens Costeiras, Orinoco Escudo das Guianas, Rio Negro, Essequibo, Guianas, Amazonas Escudo das Guianas, Planícies do Amazonas, Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras).............................. 28 Figura 6 - Provável localização das ilhas e arquipélagos (em preto) que ocorreram durante as incursões marinhas de aproximadamente 100m, nos períodos Quaternário e Terciário recente. Adaptado de Nores (1999)........................................................ 29 Figura 7 - Área de estudo subdividida com as 43 bacias hidrográficas que formam a região do Escudo das Guianas......................................................................................... 31 Figura 8 - Áreas de Endemismo do Escudo das Guianas (em cor) (15, Synnamary-Comté; 18, Araguari; 19, Essequibo; 20, Nickerie; 22, Coppename; 24, Jari; 25, Uatumã-Jatapu; 26, Oiapoque; 28, Courantjin; 29, Approuague; 30, Maroni; 31, Trombetas; 34, Orinoco; 37, Suriname; 41, Negro; 42, Branco; 43, Cuyuni e Mazaruni)................................................................................................................ 42 Figura 9 - Dendrograma de similaridade na composição de espécies endêmicas entre as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas. Método de associação média (UPGMA)................................................................................................................ 45 Figura 10 - Congruência entre as 11 ecorregiões de água doce propostas para a região por Abell et al. (2008) e Áreas de Endemismo do Escudo das Guianas (15, Synnamary-Comté; 18, Araguari; 19, Essequibo; 20, Nickerie; 22, Coppename; 24, Jari; 25, Uatumã-Jatapu; 26, Oiapoque; 28, Courantjin; 29, Approuague; 30, Maroni; 31, Trombetas; 34, Orinoco; 37, Suriname; 41, Negro; 42, Branco; 43, Cuyuni e Mazaruni)................................................................................................. 46 Figura 11 - As oito regiões biogeográficas reconhecidas pelos clusters da análise de similaridade entre as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas................................................................................................................... 46 ix LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Estimativa da diversidade e endemismo da flora e fauna do Escudo das Guianas.................................................................................................................. 24 Tabela 2 - Diversidade e endemismo da flora e fauna do Escudo das Guianas.................. 25 Tabela 3 - Bacias hidrográficas que formam o Escudo das Guianas.................................. 32 Tabela 4 - Ordens dominantes em termos de número de espécies sobre o Escudo das Guianas.................................................................................................................. 40 Tabela 5 - Ordens dominantes em termos de número de espécies endêmicas sobre o Escudo................................................................................................................... 40 Tabela 6 - Números de espécies endêmicas por bacias hidrográficas no Escudo das Guianas................................................................................................................... 43 Tabela 7 - Comparação entre as bacias hidrográficas, os respectivos clusters do dendrograma de similaridade e as ecorregiões de água doce correspondentes... 44 x LISTA DE APÊNDICES Apêndice A - Índices de similaridade de Jaccard (J) entre as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas. (1) bacia do rio Orinoco; (2) Cuyuni e Mazaruni; (3) Essequibo; (4) Ilhas Essequibo-Oeste Demerara; (5) Demerara; (6) Mahaica e Abary; (7) Berbice; (8) Canje; (9) Courantjin; (10) Nickerie; (11) Bigi Pan; (12) Coppename; (13) Suriname; (14) Cottica; (15) Commewijne; (16) Maroni; (17) Mana; (18) SinnamaryComté; (19) Approuague; (20) Ouanary; (21) Oiapoque; (22) Caciporé; (23) Negro; (24) Branco; (25) Jauaperi; (26) Uatumã-Jatapu; (27) Cueiras; (28) Preto da Eva; (29) Urubu; (30) Mapuera; (31) Trombetas; (32) Curuá; (33) Maicuru; (34) Javari; (35) Paru; (36) Araiôlos; (37) Jari; (38) Cajari; (39) Matapi; (40) Pedreira; (41) Furo Samaúma; (42) Jupati; (43) Araguari................................................................................................ 66 Apêndice B - Lista das espécies de peixes de água doce que ocorrem nas 43 bacias hidrográficas do Escudo das Guianas. AD = ampla distribuição; E = espécie endêmica ao Escudo das Guianas. Para as espécies endêmicas: (1) bacia do rio Orinoco; (2) Cuyuni e Mazaruni; (3) Essequibo; (4) Ilhas Essequibo-Oeste Demerara; (5) Demerara; (6) Mahaica e Abary; (7) Berbice; (8) Canje; (9) Courantjin; (10) Nickerie; (11) Bigi Pan; (12) Coppename; (13) Suriname; (14) Cottica; (15) Commewijne; (16) Maroni; (17) Mana; (18) Sinnamary-Comté; (19) Approuague; (20) Ouanary; (21) Oiapoque; (22) Caciporé; (23) Negro; (24) Branco; (25) Jauaperi; (26) Uatumã-Jatapu; (27) Cueiras; (28) Preto da Eva; (29) Urubu; (30) Mapuera; (31) Trombetas; (32) Curuá; (33) Maicuru; (34) Javari; (35) Paru; (36) Araiôlos; (37) Jari; (38) Cajari; (39) Matapi; (40) Pedreira; (41) Furo Samaúma; (42) Jupati; (43) Araguari. Sequência taxonômica de acordo com CLOFFSCA (REIS et al., 2003).............................................................. 68 xi SUMÁRIO RESUMO VI ABSTRACT VII LISTA DE FIGURAS VIII LISTA DE TABELAS XIX LISTA DE APÊNDICES X 1. INTRODUÇÃO........................................................................................ 13 1.1 Formação de biotas regionais................................................................. 13 1.2 Biogeografia e áreas de endemismo....................................................... 14 Diversidade e biogeografia de peixes de água doce na região 16 Neotropical.............................................................................................. Escudo das Guianas............................................................................... 22 A importância biogeográfica do Escudo das Guianas............................. 26 1.3 1.4 1.5 2. 2.1 2.2 3. OBJETIVOS............................................................................................ 30 Objetivo geral........................................................................................... 30 Objetivos específicos............................................................................... 30 ÁREA DE ESTUDO................................................................................ 31 3.2 Limites..................................................................................................... 31 Relevo..................................................................................................... 32 3.3 Hidrografia.............................................................................................. 3.4 3.5 Clima....................................................................................................... 34 Vegetação............................................................................................... 35 4. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 36 4.1 Delimitação da área de estudo................................................................ 36 4.2 4.3 Lista de espécies..................................................................................... 36 Análise das distribuições das espécies endêmicas................................ 37 4..3.1 Matriz de dados....................................................................................... 37 4.3.2 Identificando padrões de distribuição e áreas de endemismo................. 38 4.3.3 Testando a validade das Ecorregiões de água doce............................... 38 5. RESULTADOS........................................................................................ 40 5.1 Diversidade e endemismo de peixes de água doce do Escudo das 40 Guianas................................................................................................... Distribuições das espécies endêmicas................................................... 41 3.1 5.2 34 xii 5.3 Áreas de endemismo............................................................................... 41 5.4 Avaliação das Ecorregiões de água doce............................................... 42 6. DISCUSSÃO........................................................................................... 47 6.1 6.3 Diversidade e endemismo de peixes de água doce do Escudo das 47 Guianas................................................................................................... Identificação das espécies endêmicas.................................................... 48 Distribuições das espécies endêmicas.................................................... 50 6.4 Áreas de Endemismo.............................................................................. 53 6.5 Limites das Ecorregiões de água doce.................................................... 54 7. CONCLUSÕES....................................................................................... 57 8. REFERÊNCIAS....................................................................................... 59 6.2 APÊNDICE A............................................................................................. 66 APÊNDICE B............................................................................................. 68 13 1. INTRODUÇÃO 1.1 Formação de biotas regionais Os processos de produção de espécies e intercâmbio biótico são os principais responsáveis pela origem da diversidade das espécies em uma determinada região (BROWN, 1988; RICKLEFS & SCHLUTER, 1993; SILVA, 1995). Análises biogeográficas sugerem que a produção de espécies sozinha não pode explicar a alta diversidade de um grupo de organismos em determinada área e que algumas regiões têm recebido espécies de regiões vizinhas em decorrência do intercâmbio biótico, através do qual essas espécies podem ter expandido ou estar expandindo sua distribuição dentro desta área a partir de seu centro de distribuição (SILVA, 1995). Enquanto os processos que deram origem às espécies são históricos e podem ser estudados pela sistemática e biogeografia, os processos que mantêm a diversidade de uma região são ecológicos e podem ser analisados e testados através de análises espaciais (SANTOS, 2005). Ricklefs & Schluter (1993) apresentaram esta idéia em um modelo simples que mostra as influências dos processos regionais e locais na diversidade regional e local (alfa). De acordo com os autores, a diversidade regional de espécies é produto da interação de três grandes processos: produção de espécies, intercâmbio biótico e extinção em massa. Os dois primeiros causam um aumento da diversidade regional, enquanto o terceiro causa sua redução. A conexão indireta entre a diversidade regional e a diversidade local ocorre através da seleção de hábitat, que ajusta a relação entre ambas. Assim, onde a diversidade local dentro dos habitats é conservada, a alta diversidade regional deve ser acompanhada pelo aumento da especialização de hábitat (componente “beta” da diversidade de espécies). Em outras palavras, os processos locais reduzem a diversidade através da exclusão competitiva, superexploração e variação estocástica, sendo que os processos regionais os equilibram, elevando a diversidade através do movimento dos indivíduos entre os habitats e da produção de novas espécies dentro das regiões (RICKLEFS & SCHLUTER, 1993). A importância desses processos para a riqueza local das espécies sem dúvida varia entre regiões e grupos taxonômicos, sendo que compreender como os atributos do ambiente e dos organismos 14 influenciam este equilíbrio é o ponto principal para entender os padrões de diversidade (BROWN, 1988; RICKLEFS & SCHLUTER, 1993). Para os ecólogos, os componentes taxonômicos que organizam as comunidades somente podem ser compreendidos observando-se a comunidade local em seu contexto histórico e biogeográfico (RICKLEFS & SCHLUTER, 1993). Fatores históricos, geográficos e evolutivos têm um importante papel na determinação da composição das espécies da comunidade, sua diversidade, nicho ecológico e talvez outros atributos de sua organização. A influência dos fatores históricos e regionais torna-se visível quando a riqueza local de espécies em um determinado tipo de hábitat difere entre regiões. A diversidade local (alfa) reage aos processos e circunstâncias regionais e históricos, sendo que a diversidade regional, a diversidade local e a mudança na composição das espécies entre habitats (diversidade beta) covariam (RICKLEFS & SCHLUTER, 1993). Desde os primeiros estudos biogeográficos, sabe-se que as distribuições das espécies não são estáticas. As espécies cruzam barreiras e colonizam novas áreas de regiões periféricas às suas, sendo que esses processos de dispersão e estabelecimento em novas áreas devem ser dirigidos por processos ecológicos e históricos (MYERS & GILLER, 1988). Ocasionalmente, mudanças climáticas e rearranjos geográficos provocam condições para o intercâmbio biótico entre regiões previamente isoladas e consequentemente influenciam na diversidade regional (RICKLEFS & SCHLUTER, 1993). 1.2 Biogeografia e áreas de endemismo A Biogeografia é a ciência que tem como objetivo documentar e compreender os padrões espaciais de diversidade biológica (LOMOLINO et al., 2006). As unidades básicas do estudo da Biogeografia são as distribuições das espécies, ou seja, mapas acurados indicando as localidades ou regiões nas quais uma espécie ocorre (MYERS & GILLER, 1988). As distribuições desses táxons são então comparadas para identificar os padrões gerais de distribuição da diversidade biológica. Há dois grandes padrões biogeográficos gerais. O primeiro é que as distribuições das espécies têm limites, pois nenhuma espécie é completamente cosmopolita (ocorre em todo o planeta), mas a grande maioria das espécies tem 15 distribuição restrita a uma determinada região, ou seja, são endêmicas a esta região. O segundo padrão é que as espécies endêmicas não são distribuídas ao acaso, mas elas tendem a se concentrar em determinadas regiões denominadas áreas de endemismo, caracterizando um fenômeno denominado de provincialismo (BROWN & LOMOLINO, 1998; LOMOLINO et al., 2006). Uma área de endemismo pode ser definida simplesmente como uma determinada região geográfica marcada pela congruência quase completa de pelo menos duas espécies endêmicas (CRACRAFT, 1985). A identificação das áreas de endemismo é importante por duas razões principais: (a) as áreas de endemismo formam as unidades geográficas básicas para se compreender a evolução das complexas biotas regionais (MORRONE, 1994); (b) as áreas de endemismo são áreas insubstituíveis do ponto de vista da conservação da biodiversidade, sendo, portanto, prioritárias para a implementação de ações de conservação (TERBORGH & WINTER, 1982; POSADAS & MIRANDA-ESQUIVEL, 1999; LÖWENBERG-NETO & CARVALHO, 2004). O uso e conservação da enorme diversidade de espécies exigem estudos científicos confiáveis e, para isso, a disponibilidade de fontes de referência que permitam acessar o conhecimento disponível de forma rápida e eficiente (BUCKUP et al., 2007). No entanto, tais fontes de referência para determinados táxons nem sempre estão disponíveis em número considerável que possibilitem estudos posteriores. A falta de revisões minuciosas sobre os vertebrados da América do Sul, por exemplo, impossibilita os estudos comparativos sobre padrões de distribuição, riqueza e endemismo da fauna das principais regiões ecológicas desse continente (SILVA, 1995). Tais estudos comparativos são imprescindíveis para a Biogeografia, que busca sempre padrões repetidos e não apenas fatos acumulados. Uma das ferramentas mais utilizadas nos estudos biogeográficos é a lista de espécies em diferentes áreas. Essas listas devem ser acumuladas antes de se iniciar o estudo de um dos mais intrigantes problemas biogeográficos que é saber como determinadas espécies surgiram em determinada região (MYERS & GILLER, 1988). As listas de espécies, também chamadas de checklists, apresentam muitos usos. Elas ajudam na identificação de organismos, estimativas de recursos da biodiversidade e estudos biogeográficos, além de ser um ponto de partida para estudos detalhados sobre a biota de uma determinada área. Seus dados nos dão 16 idéia sobre a riqueza de espécies da região e servem como indicador de endemismo, além de auxiliar na localização de áreas com lacunas de conhecimento (HOLLOWELL & REYNOLDS, 2005). Para a identificação das áreas de endemismo, em uma escala continental, existem vários métodos. O método mais usado é aquele em que se sobrepõe mapas de distribuição para vários táxons para identificar as áreas caracterizadas por altas concentrações de congruências das distribuições das espécies (MULLER, 1973). A identificação das áreas de endemismo é dada pelo mapeamento detalhado das distribuições das espécies, sendo que, para isso, tais distribuições devem ser relativamente pequenas se comparadas com a região inteira analisada, os limites de distribuição devem ser bem conhecidos e a validade das espécies deve estar segura (MULLER, 1973). Isto pode ser feito mesmo que não haja informações filogenéticas suficientes que possam ser incorporadas aos estudos da maioria dos organismos. Entende-se que tais informações ajudariam a entender melhor os aspectos biogeográficos e a variação espacial das espécies de peixes de água doce, no entanto, tais dados não estão disponíveis para todas as espécies (MALABARBA et al., 1998; BUCKUP, 1999). Segundo Brooks et al. (2004), o que não se pode é negligenciar os dados disponíveis e esperar que todas as pesquisas necessárias sejam realizadas para que então os esforços de conservação tenham importância. As limitações devem ser vistas como incentivos à melhoria, pois existe um consenso geral de que a biodiversidade está sob ameaças em uma base global e que as espécies estão sendo perdidas em uma taxa crescente (ROYAL SOCIETY, 2003; WHITTAKER et al., 2005). 1.3 Diversidade e biogeografia de peixes de água doce na região Neotropical Vários estudos têm abordado o fato de que em quase todos os grupos taxonômicos, com poucas exceções, a diversidade de espécies aumenta em direção aos trópicos, configurando-se talvez no mais notável padrão biogeográfico (BROWN, 1988; RICKLEFS & SCHLUTER, 1993; RICKLEFS, 2003). Esta variação biótica está correlacionada com um pronunciado gradiente físico relativo à radiação solar, temperatura, sazonalidade e outros fatores, sendo que embora a taxa de aumento da riqueza de espécies em relação à diminuição da latitude varie entre os diferentes 17 grupos de organismos, a tendência é quase universal para as categorias taxonômicas mais altas (BROWN, 1988), como os peixes. Um dos primeiros ictiólogos a discutir a distribuição dos peixes foi Günther (1880 apud WEITZMAN & WEITZMAN, 1982), que apresentou um ponto de vista relacionado à evolução desse táxon. Ele apontou que havia grandes similaridades entre os peixes de água doce da África e da América do Sul e não entre esta última e a América do Norte. Após Günther, outros ictiólogos analisaram os padrões de distribuição da ictiofauna neotropical. Hoje sabe-se que a história da biodiversidade de peixes neotropicais começou provavelmente após a separação completa entre a América do Sul e África, no fim do Baixo Cretáceo, há aproximadamente 100 milhões de anos atrás. Esta irradiação evolutiva resultou de uma série de eventos de dispersão e vicariância que ocorreram entre o Alto Cretáceo e o fim do Mioceno (BRITO et al., 2007). Alguns clados modernos em nível de gênero diferenciaram-se durante o Paleogeno, sendo que a ictiofauna era essencialmente moderna no fim do Mioceno (LUNDBERG et al., 1998). O deslocamento da parte sul-americana para o oeste e sua colisão com a placa de Nazca conduziu a uma série de mudanças geográficas importantes como a elevação dos Andes e a inversão da direção da correnteza das principais bacias hidrográficas, como a do Amazonas que originalmente estava correndo ao oeste. Já as oscilações do nível do mar se relacionaram aos muitos períodos glaciais no Quaternário, que foram fatores importantes para a riqueza da fauna de peixes neotropicais (LUNDBERG et al., 1998; BRITO et al., 2007). Hoje a Região Neotropical abriga a mais diversificada e rica ictiofauna de água doce do mundo (LOWE McCONNELL, 1999). Goulding (1980) estimou que o número de espécies na região poderia chegar a 3.000, considerando principalmente a grande quantidade de espécies de pequeno porte desconhecidas, que geralmente pertencem às ordens Characiformes, Siluriformes e Cyprinodontiformes. Destas, mais de 1.300 seriam oriundas do sistema amazônico (LOWE McCONNELL, 1999). Schaefer (1998), fundamentando-se nas tendências históricas de descrição de espécies das ordens Characidae e Loricariidae, foi além e estimou que o número total de espécies neotropicais, tanto marinhas quanto de água doce, pode talvez atingir 8.000, número bem superior a qualquer outra estimativa. Reis et al. (2003), por exemplo, organizaram o primeiro catálogo sistemático de espécies de peixes neotropicais, listaram cerca de 3.600 espécies de água doce conhecidas e 18 estimaram que o número total de espécies na região deve atingir 6.025. Em um estudo recente, Lévêque et al. (2008), baseando-se em dados do site Fishbase, estimaram que 4.035 espécies foram descritas para a região até o momento, número que já ultrapassa o estimado por Goulding em 1980 e apresentado por Reis et al. (2003) em seu catálogo. O número exato das espécies de peixes existentes ainda está longe de ser determinado. No entanto, desde que Linnaeus apresentou a lista de 478 espécies de peixes teleósteos, em 1758, nosso conhecimento aumentou notavelmente e algumas estimativas globais foram feitas (LÉVÊQUE et al., 2008). Vari e Malabarba (1998) apontaram que aproximadamente 800 novas espécies de peixes de água doce foram descritas durante as duas últimas décadas. Somente no Brasil, Buckup et al (2007) acreditam que o crescimento do número de espécies conhecidas tenha sido superior a 20% (411 espécies) na última década, considerando a análise das datas de descrição das espécies. Segundo os autores, o período de 2001 a 2005 foi o mais produtivo para a ictiologia brasileira, com a descrição de 267 espécies, o que reflete principalmente os esforços de coleta em locais de cabeceira e ambientes especializados, muitas vezes difíceis de amostrar. Ainda em relação à ictiofauna de água doce brasileira, Buckup et al. (2007) registraram a ocorrência de 2.587 espécies válidas, considerando informações analisadas até o início de 2006. Estas espécies distribuem-se em 517 gêneros válidos, pertencentes a 39 famílias e 9 ordens. Tais números refletem a grande diversidade existente nas bacias hidrográficas tropicais e subtropicais da região Neotropical e demonstram o aumento significativo do conhecimento sobre a ictiofauna de água doce do Brasil, que representa aproximadamente 55% das espécies neotropicais registradas por Reis et al. (2003). De acordo com Vari e Malabarba (1998) e considerando a estimativa de Schaefer (1998), os peixes de água doce neotropicais representam aproximadamente 24% de todas as espécies de peixes do mundo e provavelmente 1/8 de toda a biodiversidade de vertebrados. Estes peixes se concentram em menos de 0,003% da água disponível no planeta, considerando que os hábitats de água doce disponíveis incluem menos do que 0,01% de toda a água no planeta e que os sistemas de água doce neotropicais englobam menos de 30% deste total. Para Montoya-Burgos (2003), as forças responsáveis por esta extraordinária diversificação da ictiofauna neotropical ainda são em grande parte desconhecidas. 19 Até o momento, poucas hipóteses realmente explicativas foram feitas sobre este fenômeno, o que dificulta a inferência mais provável sobre quais padrões dirigem a fauna de peixes desta importante região do planeta. As tentativas de reconstrução do passado podem ser muito diferentes dependendo do grau em que as informações ecológicas atuais são consideradas antes que os padrões observados sejam explicados através de eventos históricos (TUOMISTO, 2007). Dentre os outros grupos de vertebrados, os peixes de água doce representam um dos melhores grupos de organismos para a identificação de padrões biogeográficos como, por exemplo, áreas de endemismo. Há três razões principais: (a) eles são extremamente diversos, com pelo menos 13.000 espécies reconhecidas no mundo (ABELL et al., 2008; LÉVÊQUE et al., 2008); (b) suas distribuições apresentam um registro singular dos eventos biogeográficos do passado devido ao tipo de limitações impostas nos processos de dispersão que eles enfrentaram em seu hábitat (WEITZMAN & WEITZMAN, 1982); (c) eles possuem distribuições geográficas comparativamente muito menores do que os outros grupos de vertebrados devido às barreiras físicas que dividem rios e oceanos, o que permite a identificação de áreas de endemismo em uma resolução espacial muito mais fina, o que é o ideal para, por exemplo, definir prioridades de conservação (TEDESCO et al., 2005; BRIGGS, 2005). Tradicionalmente, os estudos biogeográficos sobre a ictiofauna neotropical eram baseados no estudo das áreas de distribuição das espécies e os resultados eram interpretados através de paradigmas dispersionistas. Os biogeógrafos da segunda metade do século XIX preferiam a dispersão como mecanismo principal para explicar algumas observações, desenvolvendo-se assim o enfoque dispersionista, que se manteria até meados do século XX (BUCKUP, 1999; MORRONE, 2002). Com o desenvolvimento da metodologia cladística e sua aplicação no desenvolvimento dos métodos para as análises biogeográficas (ROSEN, 1988), os estudos com base dispersionista deram lugar aos estudos de biogeografia histórica, baseados na idéia de que a vicariância seja o principal mecanismo de diferenciação faunística (BUCKUP, 1999). Weitzman & Weitzman (1982) estiveram entre os primeiros a realizar um estudo como este. Eles testaram e rejeitaram a validade da teoria dos refúgios pleistocênicos na diversificação dos peixes amazônicos. Assim, percebeu-se que havia uma complexidade biogeográfica bem maior do que se esperava. 20 Desde o workshop sobre padrões de distribuição de espécies neotropicais realizado em 1987, Workshop on Neotropical Distribution Patterns, sabe-se da necessidade da produção de cladogramas bem corroborados nas análises de áreas de endemismo por métodos cladísticos (BUCKUP, 1999). No entanto, apesar dos esforços consideráveis desde aquele ano, a falta de conhecimento sobre a filogenia das espécies de peixes neotropicais é um fator que ainda limita os resultados das análises biogeográficas (MALABARBA et al., 1998). Segundo Buckup (1999), apesar dessa carência de informações sobre a filogenia da maioria das espécies, a identificação de áreas de endemismo associadas à ocorrência de eventos de vicariância é um campo que tende a crescer. Atualmente, há poucos esforços para identificar as áreas de endemismo de peixes de água doce neotropicais. Um dos trabalhos pioneiros foi o de Hubert & Renno (2006), que usaram dados de distribuição de espécies da ordem Characiformes e uma reconstrução da história geológica da América do Sul para tentar explicar a evolução dos peixes de água doce desta região. Segundo os autores, as áreas de terra e de água marinha serviram como barreiras de dispersão para o grupo estudado. Eles delimitaram 11 áreas principais de endemismo (Figura 1) e sugeriram que as áreas de endemismo talvez sejam uma consequência da distribuição da terra emersa durante o fim do Mioceno, permitindo acreditar na existência de oito refúgios aquáticos de água doce (Figura 2). A distribuição das espécies não-endêmicas mostrou nove padrões de distribuição pelas 11 áreas de endemismo, sendo que dois destes padrões demonstraram uma diferenciação sulnorte na parte oriental do sistema amazônico. Os níveis de endemismo apresentados pelas 11 áreas de endemismo demonstraram que provavelmente refúgios aquáticos de água doce promoveram especiação alopátrica e depois permitiram a colonização das planícies por rotas de colonização bem definidas (Figura 2). De acordo com os autores, os resultados desse estudo apontam que o estabelecimento da moderna biota de peixes de água doce da América do Sul provavelmente é resultado de uma interação entre incursões marinhas, elevação dos paleoarcos e conexões históricas que permitiram uma dispersão entre bacias. 21 Figura 1 – Caracterização das áreas de endemismo da América do Sul para as espécies de peixes da ordem Characiformes. Hubert & Renno (2006). Figura 2 – Prováveis refúgios aquáticos que ocorreram durante as incursões marinhas do Mioceno para as espécies de peixes da ordem Characiformes da América do Sul (I, Noroeste; II, Paraná-Paraguai; III, São Francisco; IV, Parnaíba; V, Alto Amazonas; VI, Guiana; VII, Tocantins-Xingu; VIII, Orinoco) e as prováveis rotas de colonização (1, São Francisco-Paraguai; 2, Madeira-Paraná; 3, Tapajós-Paraná; 4, Rota Costeira; 5, Rupununi; 6, Trombetas-Essequibo; 7, Cassiquiare). Hubert & Renno (2006). 22 Abell et al. (2008) apresentaram o primeiro mapa de ecorregiões de água doce do planeta. Uma ecorregião de água doce é definida como uma área extensa que inclui um ou mais sistemas de água doce que possuem assembléias distintas de comunidades naturais e espécies. As ecorregiões foram definidas combinando os limites das bacias hidrográficas com dados de distribuição e composição da fauna de peixes de água doce. No total, foram analisadas mais de 13.400 espécies descritas de peixes de água doce, das quais mais de 6.900 foram avaliadas como endêmicas em alguma ecoregião. Os autores reconheceram 426 ecorregiões de água doce, das quais 69 estão localizadas na Região Neotropical. A relação entre áreas de endemismo e ecorregiões não é clara. Apesar de muitas ecorregiões de água doce apresentarem espécies endêmicas de peixes, nem todas podem ser consideradas como áreas de endemismo, pois Abell et al. (2008) não apresentaram nenhuma informação descrevendo a quantidade de espécies endêmicas de peixes de água doce por ecorregião. Além disso, como muitas ecorregiões foram definidas a partir dos limites de grandes bacias hidrográficas, pode ser possível que muitas delas sejam na verdade compostas por duas ou mais áreas de endemismo, cujos limites são definidos por bacias de uma ordem imediatamente inferior. Considerando outros esforços para identificar áreas de endemismo em partes da Região Neotropical, López et al. (2008) analisaram os padrões de distribuição dos peixes de água doce da Argentina, apresentando cinco regiões ictiogeográficas baseadas na PAE (Análise de Parcimônia de Endemismo) e Análise Cluster de 52 localidades que incluíram bacias, pequenos cursos d’água e ambientes lênticos. Os autores confirmaram para a região a existência da tradicional extensão das províncias Cuyan Andina e Patagônia, sendo que esta última se estende até o Oceano Atlântico com a inclusão do rio Colorado. Atualmente, além deste estudo, a maioria dos esforços foi dirigida aos outros grupos de organismos como: plantas (LÖWENBERG-NETO & CARVALHO, 2004), vertebrados terrestres (SILVA & OREN, 1996; RON, 2000; COSTA & LEITE, 2000; RODRIGUEZ-CABAL et al., 2008) e insetos (GOLDANI & CARVALHO, 2003). 1.4 Escudo das Guianas O Escudo das Guianas no nordeste da América do Sul inclui o largo sistema de montanhas que forma a bacia entre os rios Amazonas e Orinoco (Figura 3). Esta 23 vasta área é habitada por somente 1,5 a 2 milhões de pessoas, ou 0,6 a 0,8 habitantes/km², sendo considerada a menor densidade populacional de qualquer região de floresta tropical (HUBER & FOSTER, 2003; ROSALES, 2003). Sua diversidade cultural humana é grande, com pelo menos 100 culturas ameríndias espalhadas por toda a região, incluindo grupos conhecidos, como os ianomâmis e os arecunas. Também uma mistura das culturas européia, ameríndia e africana é encontrada nos seus segmentos brasileiro, venezuelano e colombiano, e culturas de origem ameríndia, africana, indiana, javanesa, chinesa, portuguesa e de outras partes da Europa habitam as regiões costeiras da Guiana, Suriname e Guiana Francesa (HUBER & FOSTER, 2003). Figura 3 – O Escudo das Guianas no nordeste da América do Sul, adaptado de acordo com a metodologia deste estudo O Escudo das Guianas é beneficiado por seu isolamento e baixa densidade populacional, com a maioria de sua vegetação ainda relativamente intacta, não perturbada por atividades antrópicas. No entanto, o estado atual dos esforços para a conservação varia de acordo com o país. Muitas áreas que são designadas como protegidas ou restritas estão, na verdade, ainda no “papel” devido à falta de infraestrutura e fundos para protegê-las (FUNK et al., 2007). 24 Tais áreas protegidas datam do início dos anos 60 quando foi estabelecido no sudeste da Venezuela o Parque Nacional de Canaima. Desde então, outras 70 ou mais áreas estritamente protegidas foram estabelecidas, tais como parques nacionais, monumentos naturais, reservas naturais e estações ecológicas e/ou biológicas (FLORES, 2003). Com o intuito de promover a conservação eficaz da biodiversidade na região, foi realizado em Paramaribo, Suriname, entre 5 e 9 de abril de 2002, o Workshop de Definição de Prioridades de Conservação para o Escudo das Guianas. Os participantes identificaram o nível de esforço de coleta biológica para todo o Escudo, mapearam os recursos de biodiversidade da região e estimaram a diversidade e endemismo de sua fauna e flora (Tabela 1) (HUBER & FOSTER, 2003). Tabela 1 – Estimativa da diversidade e endemismo da flora e fauna do Escudo das Guianas. Número de espécies Número de espécies endêmicas 20.000 7.000 Aves 975 150 Mamíferos 282 27 Répteis 280 76 Anfíbios 272 127 2.200 700 Grupos Plantas vasculares Peixes de água doce Alguns esforços já foram realizados com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade da região. Hollowell & Reynolds (2005) organizaram o “Checklist of the Terrestrial Vertebrates of the Guiana Shield” (com os seguintes colaboradores: ÁVILA PIRES, 2005; LIM et al., 2005; MILENSKY et al., 2005; SEÑARIS & MACCULLOCH, 2005) e Funk et al. (2007) publicaram o “Checklist of the Plants of the Guiana Shield (Venezuela: Amazonas, Bolivar, Delta Amacuro; Guyana, Surinam, French Guiana)”. Visando complementar essas publicações, outros estudos abordaram grupos como os ecossistemas herbáceos (HUBER, 2006), as aves (BRAUN et al., 2007; ROBBINS et al., 2007) e os crustáceos decápodas (MAGALHÃES & PEREIRA, 2007) (Tabela 2). Recentemente, Vari et al. (2009) publicaram o “Checklist of the freshwater fishes of the Guiana Shield” (Tabela 2). No entanto, os autores utilizaram uma região 25 geograficamente menor do que utilizado por outros autores. Foram utilizados países e Estados: Guiana Colombiana, Venezuela (Estados Amazonas, Bolívar e Delta Amacuro, separadamente), Brasil (Pará, Amazonas, Roraima e Amapá, separadamente), Guiana, Suriname e Guiana Francesa. As publicações sobre os vertebrados e plantas vasculares do Escudo das Guianas também utilizaram estes mesmos limites geográficos, que exclui algumas partes da Venezuela, Colômbia e Brasil, para incluir apenas as regiões de terra alta. Vari et al. (2009) também não informaram o número de espécies endêmicas. Tabela 2 – Diversidade e endemismo da flora e fauna do Escudo das Guianas. Grupos Número de espécies Anfíbios 269 Número de espécies endêmicas 145 Répteis 295 88 Ávila Pires, 2005 Mamíferos 282 31 Lim et al., 2005 Aves 1004 77 ± 314 ± 140 Milensky et al., 2005; Braun et al., 2007; Robbins et al., 2007 Huber, 2006 64 não disponível 13.367 ± 5.346 Funk et al., 2007 1168 não disponível Vari et al., 2009 Ecossistemas herbáceos Crustáceos decápodas Plantas vasculares Peixes de água doce Fonte Señaris & MacCulloch, 2005 Magalhães & Pereira, 2007 O Escudo das Guianas é uma distinta região biogeográfica com uma notável diversidade de vertebrados, crustáceos decápodos, plantas vasculares e ecossistemas herbáceos, sendo que a maior diversidade de espécies e endemismo ocorre nas áreas dos tepuis, principalmente na Venezuela (HOLLOWELL & REYNOLDS, 2005; FUNK et al., 2007; BRAUN et al., 2007; ROBBINS et al., 2007; MAGALHÃES & PEREIRA, 2007). Este país é considerado bem amostrado, dentre os outros países que formam a região, portanto pode ser que os números aumentem na medida em que os esforços de coletas e estudos sejam intensificados também nas outras regiões do Escudo como, por exemplo, algumas partes do norte do Brasil e do leste da Colômbia que não foram incluídas nas publicações citadas por terem sido pouco exploradas até o momento. 26 1.5 A Importância Biogeográfica do Escudo das Guianas Lasso et al. (2003) estimaram que a região do Escudo das Guianas deve possuir cerca de 2.200 espécies de peixes de água doce, das quais 700 são endêmicas. Entretanto, nenhuma lista completa de espécies de peixes de água doce para toda a região foi publicada até hoje. Vari et al. (2009) publicaram o “Checklist of the freshwater fishes of the Guiana Shield”, mas seus estudos não abrangeram toda a região do Escudo. Esta extensa área é uma das regiões geológicas mais estáveis da América do Sul (BIGARELLA & FERREIRA 1985), sendo considerada uma provável região de origem e diversificação de vários grupos de organismos, tanto terrestres (HAFFER, 1969; BROWN Jr., 1982; CRACRAFT, 1985; BATES et al, 1998) como aquáticos (LUNDBERG et al., 1998; HUBERT & RENNO, 2006). Hubert & Renno (2006) reconheceram que a região do Escudo abriga quatro áreas de endemismo para os peixes da ordem Characiformes (Figura 4), enquanto Abell et al. (2008) reconheceram onze ecorregiões de água doce (Figura 5), indicando pouca convergência entre os dois sistemas de classificação biogeográfica. Uma análise mais refinada dos dados de distribuição das espécies de água doce é necessária para avaliar a validade dos dois sistemas. Segundo Hubert & Renno (2006), os níveis de endemismo das espécies de peixes da ordem Characiformes foram profundamente influenciados pelas incursões marinhas, de aproximadamente 100 m, que ocorreram há 5 maa (milhões de anos atrás), sendo que outros estudos já haviam enfatizado tais relacionamentos entre endemismo e as terras emersas durante os períodos Quaternário e Terciário recente (NORES, 1999) (Figura 6). Fjeldsa (1994) postulou que a evolução das biotas tropicais pode ter sido conseqüência de um processo de diferenciação local nas terras emersas durante o período em que ocorreram as incursões marinhas, e de acumulação de espécies nas terras baixas durante o período de baixos níveis do mar. Seguindo estas hipóteses, Hubert & Renno (2006) concordaram com a hipótese de "museu" de Nores (1999) para explicar os níveis de endemismo do grupo estudado. De acordo com Nores (1999), as terras baixas tropicais agiram como "museus", onde várias espécies foram acumuladas como consequência principalmente das incursões marinhas que funcionaram como eventos vicariantes, diferenciando as terras baixas das terras emersas. 27 Hubert & Renno (2006) observaram que dentre as áreas de endemismo que provavelmente surgiram com as terras emersas (e.g. montanhas) durante a incursão marinha do período Mioceno recente, três estão dentro da região do Escudo das Guianas (Guiana, Orinoco-Alto Negro e Alto Amazonas). Estas apresentaram um nível maior de endemismo para a ordem Characiformes do que aquelas localizadas nas terras baixas (Baixo Amazonas e Maranhão) (Figura 4), contrastando com o alto número de espécies encontradas na área de endemismo Baixo Amazonas, o que suporta a hipótese "museu" de acumulação de espécies. ` Figura 4 - Hubert & Renno (2006) reconheceram quatro áreas de endemismo para os peixes da ordem Characiformes na região do Escudo das Guianas (IIIA, Alto Amazonas; III Bb, Guiana; IIIBe, Baixo Amazonas; IIIBf, Orinoco-Alto Negro). 28 Figura 5 - Abell et al. (2008) reconheceram 11 ecorregiões de água doce na região do Escudo das Guianas (Orinoco-Alto Andes, Orinoco Piedmont, Orinoco Llanos, Delta do Orinoco e Drenagens Costeiras, Orinoco Escudo das Guianas, Rio Negro, Essequibo, Guianas, Amazonas Escudo das Guianas, Planícies do Amazonas, Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras). Baseando-se nas hipóteses de Nores (1999) e Fjeldsa (1994) e considerando os resultados encontrados por Hubert & Renno (2006) para a ordem Characiformes da América do Sul, além daqueles apontados por Hollowell & Reynolds (2005), Huber (2006), Magalhães & Pereira (2007) e Funk et al. (2007) para os vertebrados terrestres, ecossistemas herbáceos, crustáceos decápodos, e plantas vasculares do Escudo das Guianas, respectivamente, é provável que a região apresente um grande número de espécies endêmicas de peixes de água doce e áreas de endemismo. Isso pode ser esperado devido a grande parte dos cursos d’água do Escudo das Guianas correr independentemente para os rios Amazonas, Orinoco ou para o Oceano Atlântico, indicando uma longa separação biótica entre eles. 29 Figura 6 – Provável localização das ilhas e arquipélagos (em preto) que ocorreram durante as incursões marinhas de aproximadamente 100m, nos períodos Quaternário e Terciário recente. Adaptado de Nores (1999). 30 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Analisar a distribuição das espécies de peixes de água doce do Escudo das Guianas, visando identificar padrões gerais de distribuição. 2.2 Objetivos específicos 1 Elaborar uma lista das espécies de peixes de água doce que ocorrem no Escudo das Guianas; 2 Identificar as espécies endêmicas de peixes de água doce da região e testar a hipótese de alto nível de endemismo para a região; 3 Identificar os padrões de distribuição das espécies endêmicas ao longo das várias bacias hidrográficas que compõem a região para identificar as espécies endêmicas com distribuição restrita; 4 Identificar e delimitar as áreas de endemismo para os peixes de água doce no Escudo das Guianas; 5 Analisar a similaridade biótica entre as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas, propor um sistema de regionalização e comparar este sistema com a proposta de ecorregiões de água doce para a região. 31 3. ÁREA DE ESTUDO 3.1 Limites A área de estudo compreende a região do Escudo das Guianas, com exceção da área que equivale à Colômbia oriental ao oeste. A região foi subdividida em 43 bacias hidrográficas (Figura 7; Tabela 3), sendo que a bacia do rio Amazonas por si só não foi incluída nessa subdivisão devido a sua extensão ultrapassar os limites da região estudada. O Escudo das Guianas cobre uma grande área do norte da América do Sul, cerca de 2,5 milhões de km², alcançando desde a Colômbia ocidental, ao leste, até o Mar Caribenho e o Oceano Atlântico, ao norte e leste; passando pelos rios Negro e Amazonas, ao sul; o rio Japurá-Caquetá, no sudoeste; a Serra de Chiribiquete, a oeste; e os rios Orinoco e Guaviare, a noroeste e norte. A região inclui partes da Colômbia, Venezuela, Brasil e quase toda a Guiana, Suriname e Guiana Francesa (MAGALHÃES & PEREIRA, 2007). Figura 7 - Área de estudo subdividida com as 43 bacias hidrográficas que formam a região do Escudo das Guianas. 32 Tabela 3 – Bacias hidrográficas que formam o Escudo das Guianas. 1 2 3 4 5 6 7 Rio Jupati, Brasil Rio Pedreira, Brasil Rio Curuá, Brasil Rio Maicuru, Brasil Rio Matapi, Brasil Rio Mapuera, Brasil Furo Samaúma, Brasil 23 24 25 26 27 28 29 8 Rio Cajari, Brasil 30 9 10 11 12 Rio Javari, Brasil Rio Araiôlos, Brasil Rio Urubu, Brasil Rio Preto da Eva, Brasil 31 32 33 34 13 Rio Cueiras, Brasil 35 14 Rio Mana, Guiana Francesa Rio Sinnamary-Comté, Guiana 15 Francesa 16 Rio Ouanary, Guiana Francesa 17 Rio Caciporé, Brasil 18 Rio Araguari, Brasil 19 Rio Essequibo, Guiana 20 Rio Nickerie, Suriname 21 Rio Commewijne, Suriname 22 Rio Coppename, Suriname 36 Rio Paru, Brasil Rio Jari, Brasil Rios Uatumã-Jatapu, Brasil Rio Oiapoque, Brasil e Guiana Francesa Rio Jauaperi, Brasil Rio Courantjin, Suriname e Guiana Rio Approuague, Guiana Francesa Rio Maroni, Suriname e Guiana Francesa Rio Trombetas, Brasil Rio Berbice, Guiana Rio Demerara, Guiana Rio Orinoco, Venezuela e Colômbia Ilhas Essequibo-Oeste Demerara, Guiana Bigi Pan, Suriname 37 Rio Suriname, Suriname 38 39 40 41 42 Rios Mahaica e Abary, Guiana Rio Canje, Guiana Rio Cottica, Suriname Rio Negro, Brasil Rio Branco, Brasil Rios Cuyuni e Mazaruni, Venezuela e 43 Guiana Seguimos parte da metodologia do grupo de trabalho em organismos de água doce do Workshop de Definição das Prioridades de Conservação para o Escudo das Guianas (LASSO et al., 2003), pois, diferentemente da proposta feita pelos autores, os rios Guaviare e Meta na Colômbia e o canal principal do rio Orinoco abaixo de Puerto Ayacucho, na Venezuela, foram incluídos na área de estudo, mesmo tendo origem nos Andes e possuindo propriedades físico-químicas e ecológicas diferentes das dos rios que têm origem no próprio Escudo das Guianas. Todos os rios com afluentes no Escudo foram incluídos. Os limites do sul são marcados pelas cachoeiras baixas dos tributários setentrionais do Amazonas ou, como no caso do rio Negro, por uma proeminente constrição rochosa. 3.2 Relevo Existem três áreas de planalto no Escudo das Guianas: 1) os planaltos da própria Guiana na Venezuela, leste do Orinoco, que se estendem da parte centraloeste da Guiana até o Estado de Roraima, no norte no Brasil; 2) os Planaltos do 33 Tumucumaque, que são uma série de maciços centrais em um arco das Montanhas de Wilhelmina da região central-sul do Suriname, ao longo do limite sul entre Suriname e Guiana, formando as Montanhas de Acarai de Roraima e as Montanhas do Tumucumaque nos Estados do Pará e Amapá, no Brasil; e 3) o Planalto de Chiribiquete, com uma elevação de 900m, que forma a extremidade ocidental do Escudo das Guianas (VARI et al., 2009). O Escudo das Guianas inclui uma área de formação geológica do período Pré-cambriano, com aproximadamente 2 bilhões de anos, possivelmente a mais antiga formação geológica do mundo (OLSDER, 2004; HUBER, 2006). A região é marcada por uma série de montanhas, muitas alcançando mais de 2.000m ao longo da fronteira do Brasil com a Venezuela, o Suriname e as duas Guianas, e por uma grande variedade de ecossistemas, alguns inteiramente singulares, como os “tepuis” de arenito ou planaltos das Regiões Montanhosas da Guiana, que se elevam entre 1.000m e 3.000m das planícies circundantes. As áreas de planalto, caracterizadas por altitudes abaixo de 800m, são cobertas em grande parte por floresta tropical intacta e se estendem ao longo do resto da região (HUBER & FOSTER, 2003; MAGALHÃES & PEREIRA, 2007). Entre os cinqüenta ou mais “tepuis”, concentrados principalmente na Venezuela, Guiana e Brasil, os maciços da Neblina, Chimantá, Duida-Marahuaka, Auyán, Sipapo e Jauá são os mais importantes centros de especiação e endemismo das Guianas. No entanto, os picos dos “tepuis” não são os únicos a abrigar uma biota única e diversa. Os planaltos intermediários, de 500m a 1.500m, e as planícies circundantes, abaixo de 500m, também possuem ecossistemas ricos (HUBER & FOSTER, 2003). O "tepui" mais alto é o Monte Roraima, com 2,810m, em que o topo do planalto está situado na chamada tri-fronteira entre a Venezuela, Guiana e Brasil. No entanto, o ponto mais alto do Escudo das Guianas é o Pico da Neblina, no Brasil (próximo à fronteira com a Venezuela), com aproximadamente 2,994m. O Pico da Neblina não é exatamente um "tepui", mas um cume bastante pontiagudo que está situado longe (ao oeste e sul) da área onde são encontrados os "tepuis" (VARI et al., 2009). Vários destes “tepuis” são virtualmente inacessíveis e tão incomuns que foram chamados de “O mundo perdido” por Doyle (1912), um termo algumas vezes aplicado a todos os “tepuis”. Nas regiões em que eles se encontram existem 34 notáveis cachoeiras, como a cachoeira Angel (979m), localizada no tepui Auyán na Venezuela, e a cachoeira Kaieteur (226m), no rio Potaro, nas montanhas Pakaraima da Guiana (HOLLOWELL & REYNOLDS, 2005). 3.3 Hidrografia A hidrografia da região é um tanto complexa. Ela é drenada pelo rio Orinoco (principalmente os tributários da margem direita), os tributários da margem esquerda do rio Amazonas e as drenagens dos rios costeiros ao longo da faixa costeira do norte da América do Sul, da Guiana até o Estado do Amapá, no Brasil (MAGALHÃES & PEREIRA, 2007). Os tributários do rio Amazonas incluem o rio Negro e todos os seus tributários da margem esquerda. No alto rio Negro, alguns afluentes da margem direita (rio Vaupes/Uaupés, rio Caquetá/Japurá) drenam as ruínas da parte colombiana do Escudo das Guianas e uma interconexão com a bacia do Orinoco é feita através do Canal Casiquiare (MAGALHÃES & PEREIRA, 2007). Outras interconexões de bacias podem também ser possíveis ao longo das montanhas Parima e Pacaraima (fronteira Brasil-Venezuela) e através das áreas inundadas do rio Rupununi, que conecta os rios Essequibo e Cuyuni com a bacia do alto rio Branco (RODRÍGUEZ, 1982 apud MAGALHÃES & PEREIRA, 2007). 3.4 Clima Como um todo, a região tem um clima tropical caracterizado por uma temperatura anual média relativamente alta, que excede 25º C no nível do mar, uma temperatura máxima mensal cuja variação é de menos de 5º C e uma temperatura média diária variando aproximadamente em 6º C. Devido à localização do Escudo das Guianas ao norte do equador, seu clima varia principalmente de acordo com a elevação e os efeitos dos ventos que combinados podem afetar os padrões de chuva. As correntes de ventos sopram constantemente do leste e nordeste, de fora do Oceano Atlântico sobre o nordeste da América do Sul (FUNK et al., 2007; VARI et al., 2009). As chuvas mais fortes normalmente ocorrem entre maio e agosto, considerando que a estação chuvosa, que vai de dezembro a janeiro, é mais curta e 35 menos intensa. Em áreas onde existe somente uma estação chuvosa, a parte mais seca do ano é de janeiro a março; já em áreas onde existem duas estações chuvosas, os meses mais secos são março e outubro. Porém, até mesmo durante a maioria das estações secas, frequentes tempestades proporcionam umidade adequada para permitir que as florestas tropicais úmidas permaneçam sempre verdes e persistam na maioria das partes de baixa elevação da região (FUNK et al., 2007). 3.5 Vegetação Na região do Escudo das Guianas, geralmente as florestas densas alternam com amplas savanas arenosas e pântanos de palmeiras impenetráveis (HUBER & FOSTER, 2003). Parece existir na região uma flora endêmica singular que coincide mais com as distribuições dos peixes do que com outros grupos como aves, répteis ou anfíbios (BERRY, 2003). Os “tepuis” contêm uma flora endêmica altamente especializada e prados latifoliados incomuns e outras comunidades arbustivas e herbáceas raras. Os outros ecossistemas notáveis são: as vastas expansões de vegetação de areia branca, com uma flora altamente adaptada às condições de baixos nutrientes; as grandes áreas de savanas; extensas florestas de pântano costeiras; florestas ripícolas; e uma ampla variedade de tipos de planície tropical e floresta montanhosa (HUBER & FOSTER, 2003; HUBER, 2006). Virtualmente, todos os países neotropicais apresentam extensas áreas de savanas ou cerrados. Nestes ecossistemas tropicais, uma densa camada de vegetação herbácea está sempre presente. Arbustos ou árvores podem ou não estar presentes, isolados ou em grupos, mas nunca formando copas (HUBER, 2006). As savanas estão geralmente associadas com certos parâmetros climáticos (e.g. alternadas estações secas e úmidas) ou outros fatores como o fogo, tanto de origem natural quanto de origem humana (HUBER, 2006). Largas áreas de savanas são encontradas na região do Escudo das Guianas, em especial o complexo de savanas que inclui a Savana Rupununi, no sudoeste da Guiana; a Gran Sabana, no leste de Bolívar na Venezuela; e as savanas do norte de Roraima, no Brasil (FUNK et al., 2007). 36 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Delimitação da Área de Estudo A delimitação do Escudo das Guianas sempre é controversa, com diferentes autores propondo diferentes limites de acordo com o elemento (ou físico ou biológico) utilizado para definir a região (HUBER & FOSTER, 2003). Para este trabalho, definimos como limite norte e leste do Escudo das Guianas o Oceano Atlântico, o limite sul o rio Amazonas, o limite sudoeste a bacia do rio Negro e o limite oeste a bacia do rio Orinoco. Esta vasta região possui 2,5 milhões km² de extensão e inclui Venezuela, Colômbia, Brasil (todos os Estados de Roraima e Amapá, mais parte dos Estados do Amazonas e Pará), Guiana, Suriname e Guiana Francesa. 4.2 Lista de espécies Uma lista com todas as espécies de peixes de água doce registradas no Escudo das Guianas foi elaborada a partir das informações sobre as espécies e suas distribuições disponíveis em catálogos gerais publicados (BUCKUP et al., 2007; FERRARIS, 2007; REIS et al., 2003) e revisões taxonômicas recentes, principalmente aquelas cuja descrição formal foi publicada posteriormente aos catálogos acima citados: após janeiro de 2006 (para espécies do Brasil) e a partir de janeiro de 2003 (espécies dos outros países que compõem a região). Foram incluídas na lista as espécies formalmente publicadas até setembro de 2009. Informações adicionais sobre a distribuição das espécies foram obtidas também a partir da coleção ictiológica existente no Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA) e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Além disso, foram consultados os bancos de dados do Fishbase (http://www.fishbase.org), Neodat (http://www.neodat.org) e as coleções online da Califórnia Academy of Sciences (CAS) e do Museum National d’Histoire Naturelle (MNHN). Foram incluídas no banco de dados as espécies que obedecem a pelo menos uma das seguintes condições: (a) a espécie possui sua localidade tipo situada na região do Escudo das Guianas; (b) a ocorrência da espécie é documentada em 37 bibliografia especializada baseada em material testemunho disponível em coleções científicas, tais como estudos de revisão taxonômica e sistemática. Para cada espécie foi informado o nome científico válido (gênero e espécie), acompanhado dos seguintes campos: classe, ordem, família, subfamília, distribuição geográfica (ampla distribuição ou endêmica da região) e a fonte de referência utilizada para estabelecer a ocorrência do táxon na região. As informações foram organizadas em uma base de dados no software Microsoft Excel 2007. As classificações das espécies na lista de espécies seguem o CLOFFSCA (Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central América) (REIS et al., 2003). As ordens e famílias foram listadas em ordem sistemática, e os gêneros e espécies foram listados alfabeticamente, incluindo as famílias e subfamílias. As subfamílias foram limitadas às famílias Characidae e Loricariidae. Os sinônimos e nomes comuns não foram incluídos, mas estão disponíveis para consulta no CLOFFSCA e no site da Califórnia Academy of Sciences (CAS). 4.3 Análise das distribuições das espécies endêmicas 4.3.1 Matriz de dados A partir da lista geral das espécies, foram identificadas quais espécies são endêmicas ao Escudo das Guianas, ou seja, aquelas que ocorrem apenas nesta região e em nenhuma outra parte do planeta. Então, a distribuição de cada espécie endêmica em cada uma das bacias do Escudo das Guianas foi estudada com detalhes a partir de informações bibliográficas de revistas científicas especializadas em publicações nas áreas da taxonomia, sistemática, evolução e genética (e.g. CASATTI, 2002; ARMBRUSTER, 2003 e 2004; COSTA, 2005; HRBEK et al., 2005; VARI et al., 2005; BUITRAGO–SUÁREZ & BURR, 2007; COSTA, 2007; COVAIN & FISCH-MULLER, 2007; LUCENA, 2007; MOL et al., 2007; ARMBRUSTER, 2008; MALDONADO-OCAMPO et al., 2008; SARMENTO-SOARES & MARTINS- PINHEIRO, 2008; WINEMILLER et al., 2008; MALDONADO-OCAMPO et al., 2009) e espécimes depositados nas coleções científicas do Instituto de Pesquisas Científicas do Amapá – IEPA e do Museu Paraense Emílio Goeldi. No software Microsoft Excel 2007, foi feita uma matriz de dados l x c, onde l (linhas) representa as bacias hidrográficas e c (colunas) as espécies de peixes de 38 água doce endêmicas ao Escudo das Guianas. Na junção dos dois campos “l” e “c”, insere-se “1” se a espécie está presente e “0” se a espécie está ausente. 4.3.2. Identificando padrões de distribuição e áreas de endemismo A partir da matriz, foi possível calcular a riqueza (número de espécies endêmicas presentes) e a endemicidade (número de espécies cujas distribuições são restritas a somente uma bacia hidrográfica) para cada uma das 43 bacias hidrográficas que compõem o Escudo das Guianas. Foi utilizado o teste de QuiQuadrado (χ2; α=0,05), para verificar a significância da diferença entre as espécies distribuídas em duas ou mais bacias e as espécies restritas a uma bacia. Os cálculos foram feitos utilizando o software BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007). O tamanho da distribuição de cada espécie endêmica foi estudado a partir do índice de distribuição, que representa o número de bacias hidrográficas em que a espécie foi registrada. No caso deste estudo, o número variou de 1 a 43. O procedimento para a identificação das áreas de endemismo foi muito simples: toda a bacia hidrográfica que possui pelo menos duas espécies restritas a ela (CRACRAFT, 1985) foi considerada como uma área de endemismo. 4.3.3. Testando a validade das Ecorregiões de água doce Para testar se as ecorregiões propostas por Abell et al. (2008) são unidades biogeográficas naturais, foi calculada a similaridade de composição de espécies endêmicas entre as bacias hidrográficas deste estudo, utilizando-se o índice de Jaccard, que mede o quanto duas comunidades são similares entre si, considerando apenas a presença ou ausência das espécies analisadas (KREBS, 1989). Para o cálculo deste índice são utilizados os números de espécies exclusivas para cada área e os números de espécies comuns entre elas: a J=___________ a+b+c em que: a = número de espécies em comum entre as duas áreas; 39 b = número de espécies exclusivas da área a; c = número de espécies exclusivas da área b. Um dendrograma de similaridade, usando o método de associação média (UPGMA), foi gerado a partir da matriz de similaridade utilizando-se o programa MVSP 3.1 (KOVACK, 1993). Após analisar os agrupamentos das bacias formados, considerou-se todos aqueles dispostos antes do índice de similaridade 0,3 como regiões biogeográficas válidas. Este critério foi utilizado para evitar a formação de vários grupos pequenos ou, ao contrário, grupos maiores que não representariam significativamente as similaridades entre as bacias. Ao se utilizar tal índice, foi possível então comparar os agrupamentos com aqueles formados a partir das ecorregiões de água doce para verificar o nível de sobreposição entre os dois modelos de regionalização. 40 5. RESULTADOS 5.1 Diversidade e endemismo de peixes de água doce do Escudo das Guianas Foram registradas 1.957 espécies de peixes de água doce para o Escudo das Guianas (Apêndice 2). Neste total, estão representantes de 521 gêneros, 63 famílias e 21 ordens. As ordens dominantes em termos de número de espécies sobre o Escudo são cinco e somam 96% do total (Tabela 4). Tabela 4- Ordens dominantes em termos de número de espécies sobre o Escudo das Guianas. Ordens Número de espécies % do total de espécies Siluriformes 761 38,9 Characiformes 722 36,9 Perciformes 212 10,8 Gymnotiformes 95 4,9 Cyprinodontiformes 89 4,5 Outras 78 4,0 1.957 100 Total Foram identificadas 878 espécies endêmicas para a região (Apêndice 2), as quais somam 44,84% do total de espécies registradas, representando 290 gêneros, 40 famílias e 10 ordens. As ordens dominantes em termos de número de espécies são cinco e somam 98,6% do total de espécies endêmicas (Tabela 5). Tabela 5- Ordens dominantes em termos de número de espécies endêmicas sobre o Escudo . Ordens Número de espécies % do total de espécies endêmicas Siluriformes 364 41,5 Characiformes 316 35,6 Perciformes 113 12,9 Cyprinodontiformes 47 5,4 Gymnotiformes 26 3 Outras 12 1,4 Total 878 100 As bacias hidrográficas com o maior número de espécies endêmicas ao Escudo das Guianas foram as bacias dos rios Orinoco (459 espécies), Negro (203 41 Espécies), Essequibo (153 espécies), Maroni (124 espécies), ilhas Essequibo-Oeste Demerara (117 espécies), Courantjin (97 espécies), Suriname (87 espécies) e Oiapoque (84 espécies), respectivamente. As bacias com menos espécies foram as dos rios Curuá, Maicuru e Araiôlos, com 2 espécies cada uma (Tabela 6). 5.2 Distribuições das espécies endêmicas Em relação às distribuições geográficas das espécies endêmicas, 337 espécies ocorreram em duas ou mais bacias, enquanto 541 espécies foram restritas a apenas uma bacia hidrográfica (Apêndice 2). Através do teste de Qui-Quadrado, verificou-se que tal diferença é significativa, demonstrando que a maioria das espécies endêmicas do Escudo das Guianas não estão amplamente distribuídas na região, mas sim restritas a pequenas áreas (X2= 47.40; gl= 1; p < 0.0001). As bacias hidrográficas que apresentaram os maiores níveis de endemicidade foram as bacias dos rios Orinoco (299 espécies restritas) e Negro (90 espécies restritas) (Tabela 6). Enquanto isso, as bacias que apresentaram os menores níveis de endemicidade foram as bacias dos rios Javari, Cuieiras, Mana e Jauaperi, com apenas 1 espécie restrita aos seus corpos d’água (Tabela 6). 5.3 Áreas de endemismo Foram identificadas 17 bacias hidrográficas com duas ou mais espécies endêmicas restritas a elas. Estas são as áreas de endemismo de peixes de água doce que podem ser reconhecidas para o Escudo das Guianas (Tabela 6; Figura 8). No total, 39,5% das bacias hidrográficas do Escudo das Guianas podem ser consideradas como áreas de endemismo. Estas bacias cobrem uma área de 2.395.060,87 km2, ou cerca de 88% da área total do Escudo das Guianas. Há quatro bacias hidrográficas que apresentaram apenas uma espécie endêmica restrita ao seu corpo d`água: rio Javari, rio Cueiras, rio Mana; e rio Jauaperi (Tabela 7). Há a possibilidade de que outras espécies endêmicas sejam encontradas com mais inventários biológicos direcionados nestas áreas. 42 Figura 8 – Áreas de Endemismo do Escudo das Guianas (em cor) (15, Synnamary-Comté; 18, Araguari; 19, Essequibo; 20, Nickerie; 22, Coppename; 24, Jari; 25, Uatumã-Jatapu; 26, Oiapoque; 28, Courantjin; 29, Approuague; 30, Maroni; 31, Trombetas; 34, Orinoco; 37, Suriname; 41, Negro; 42, Branco; 43, Cuyuni e Mazaruni). 5.4 Avaliação das Ecorregiões de água doce A similaridade entre as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas variou de 0,002 a 0,946 (Apêndice 1). Utilizando-se o critério de considerar todos os agrupamentos formados antes do índice de similaridade 0,3 no dendrograma como regiões biogeográficas válidas, foram identificadas oito regiões principais (Figuras 9 e 11). Comparando estas regiões biogeográficas com as ecorregiões, pouca congruência foi encontrada (Tabela 7; Figura 10). As principais diferenças foram: (a) muitas bacias hidrográficas, que são unidades bem definidas do ponto de vista ecológico, foram separadas em duas ou mais ecorregiões; (b) as regiões biogeográficas indicam que bacias como Trombetas, Uatumã-Jatapu e Branco devem ser consideradas isoladamente como unidades biogeográficas distintas no mesmo nível hierárquico que as bacias dos rios Orinoco e Negro; (c) a ecorregião Essequibo não é biogeograficamente independente das outras bacias que ficam ao norte do Escudo das Guianas e deveria ser incorporada pela ecorregião Guianas. 43 Tabela 6- Números de espécies endêmicas por bacias hidrográficas no Escudo das Guianas. Áreas das Número de espécies Número de espécies Bacias hidrográficas bacias em endêmicas por bacia restritas por bacia 2 Km Rio Jupati, Brasil 12.100,8 9 - Rio Pedreira, Brasil 10.338,1 8 - Rio Curuá, Brasil 27.792,2 2 - Rio Maicuru, Brasil 17.351,9 2 - Rio Matapi, Brasil 6.477,0 17 - Rio Mapuera, Brasil 30.788,4 4 - Furo Samaúma, Brasil 1.643,8 9 - Rio Cajari, Brasil 4.764,5 13 - Rio Javari, Brasil 6.170,3 3 1 Rio Araiôlos, Brasil 3.130,4 2 - Rio Urubu, Brasil 16.909 4 - Rio Preto da Eva, Brasil 3.148,4 3 - Rio Cueiras, Brasil 1.435,2 4 1 Rio Mana, Guiana Francesa 11.939,1 66 1 Rios Sinnamary-Comté, G. Francesa 18.072,4 67 7 Rio Ouanary, Guiana Francesa 1.413,2 49 - Rio Caciporé, Brasil 32.012,8 17 - Rio Araguari, Brasil 36.818,3 27 6 Rio Essequibo, Guiana 67.876,2 153 14 Rio Nickerie, Suriname 11.798,4 61 3 Rio Commewijne, Suriname 6.882,4 55 - Rio Coppename, Suriname 20.454,2 41 4 Rio Paru, Brasil 40.221,3 3 - Rio Jari, Brasil 57.732,8 19 2 Rios Uatumã-Jatapu, Brasil 68.057,2 14 7 Rio Oiapoque, Brasil 25.305,5 84 12 Rio Jauaperi, Brasil 38.024,7 3 1 Rio Courantjin, Suriname e Guiana 65.968,1 97 14 Rio Approuague, Guiana Francesa 10.439,4 72 4 66.103 124 19 Rio Maroni, Suriname e Gui. Francesa Rio Trombetas, Brasil 128.634,8 24 16 Rio Berbice, Guiana 13.537,8 41 - Rio Demerara, Guiana 5.924,3 45 - Rio Orinoco, Venezuela e Colômbia 1.028.678,6 459 299 Ilhas Essequibo-Oeste Demerara, Guiana 1.231,9 117 - Bigi Pan, Suriname 1.995,4 50 - Rio Suriname, Suriname 26.745,6 87 15 Rios Mahaica e Abary, Guiana 3.962,4 38 - Rio Canje, Guiana 5.001,9 36 - Rio Cottica, Suriname 1.088,2 54 - Rio Negro, Brasil 484.414,6 203 90 Rio Branco, Brasil 192.000,6 52 18 Rios Cuyuni e Mazaruni, Venez e Guiana 85.961,2 55 7 44 Tabela 7 – Comparação entre as bacias hidrográficas, os respectivos clusters do dendrograma de similaridade e as ecorregiões de água doce correspondentes Bacia Hidrográfica Dendrograma Ecorregiões de Água Doce Trombetas Cluster 1 Amazonas Escudo das Guianas; Planícies do Amazonas Uatumã-Jatapu Cluster 2 Amazonas Escudo das Guianas; Planícies do Amazonas Mapuera Amazonas Escudo das Guianas; Planícies do Amazonas Urubu Planícies do Amazonas Cueiras Planícies do Amazonas Paru Javari Amazonas Escudo das Guianas; Planícies do Amazonas Cluster 3 Preto da Eva Planícies do Amazonas Planícies do Amazonas Araiôlos Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Maicuru Amazonas Escudo das Guianas; Planícies do Amazonas Curuá Amazonas Escudo das Guianas; Planícies do Amazonas Jauaperi Amazonas Escudo das Guianas; Rio Negro Amazonas Escudo das Guianas; Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Amazonas Escudo das Guianas; Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Araguari Jari Jupati Furo Sumaúma Cluster 4 Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Pedreira Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Matapi Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Cajari Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Caciporé Estuário do Amazonas e Drenagens Costeiras Branco Cluster 5 Amazonas Escudo das Guianas; Rio Negro Oiapoque Guianas Approuague SinnamaryComté Ouanary Guianas Guianas Mana Guianas Maroni Guianas Coppename Guianas Suriname Guianas Commewijne Guianas Cottica Guianas Cluster 6 Guianas Bigi Pan Guianas Nickerie Guianas Courantjin Ilhas EsseqDemerara Essequibo Guianas Essequibo Essequibo Berbice Guianas Canje Guianas Mahaica-Abary Guianas Demerara CuyuniMazaruni Negro Guianas Cluster 7 Rio Negro; Amazonas Escudo das Guianas; Planícies do Amazonas Orinoco Cluster 8 Orinoco Escudo das Guianas; Orinoco Llanos; Rio Negro; Orinoco Piedmont; Delta do Orinoco e Drenagens Costeiras; Orinoco Alto Andes Essequibo Trombetas Uatumã-Jatapu Mapuera Urubu Cueiras Paru Javari Preto Araiôlos Maicuru Curuá Jauaperi Araguari Jari Jupati Furo Samaúma Pedreira Matapi Cajari Caciporé Branco Oiapoque Approuague Sinnamary-Comte Ouanary Mana Maroni Coppename Suriname Commewijne Cottica Bigi Pan Nickerie Courantjin Ilhas Essequibo-Demerara Essequibo Berbice Canje Mahaica-Abary Demerara Cuyuni-Mazaruni Negro Orinoco 0 0,2 0,3 0,4 0,6 0,8 1 Índice de Jaccard 45 Figura 9 - Dendrograma de similaridade na composição de espécies endêmicas entre as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas. Método de associação média (UPGMA). 46 Figura 10 – Congruência entre as 11 ecorregiões de água doce propostas para a região por Abell et al. (2008) e Áreas de Endemismo do Escudo das Guianas (15, Synnamary-Comté; 18, Araguari; 19, Essequibo; 20, Nickerie; 22, Coppename; 24, Jari; 25, Uatumã-Jatapu; 26, Oiapoque; 28, Courantjin; 29, Approuague; 30, Maroni; 31, Trombetas; 34, Orinoco; 37, Suriname; 41, Negro; 42, Branco; 43, Cuyuni e Mazaruni). Figura 11 – As oito regiões biogeográficas reconhecidas pelos clusters da análise de similaridade entre as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas. 47 6. DISCUSSÃO 6.1 Diversidade e endemismo de peixes de água doce do Escudo das Guianas As listas de espécies, Checklists, tem muitas utilidades, como por exemplo: ajudam na identificação e correção dos nomes das espécies; oferecem uma fonte para a estimativa da biodiversidade; são a base de estudos biogeográficos; servem como incentivo para mais estudos que detalhem a biota de qualquer área; nos dão a idéia da riqueza de espécies, endemicidade e mostram as afinidades entre a flora e fauna de uma região. Além disso, podem nos fornecer informações importantes para se analisar fenômenos ecológicos, como mudanças na composição das espécies, eventos de migração ou invasão (VARI et al., 2009). A lista de espécies de peixes de água doce obtida neste estudo, juntamente com as recentes publicações para a região – Checklist of the Terrestrial Vertebrates of the Guiana Shield (HOLLOWELL & REYNOLDS, 2005), e Checklist of the Plants of the Guiana Shield (FUNK et al., 2007), Checklist of the Fishes of the Guiana Shield (VARI et al., 2009) – acrescentam uma valiosa contribuição ao conhecimento da biota do Escudo das Guianas e servem como ponto de partida para futuras coletas, estudos e esforços de conservação. Concordando com Vari et al. (2009), esta lista de espécies não seria possível se não fosse a contribuição dos ictiólogos ao redor do mundo, que com sua experiência e esforço providenciaram informações importantes para o conhecimento de nossa ictiofauna, seja por corrigir erros ou atualizar dados de classificações de espécies, ou ainda por atualizar as listas das espécies conhecidas até então (REIS et al., 2003; BUCKUP et al., 2007; coleções online: Fishbase, Neodat, Califórnia Academy of Sciences (CAS), Museum National d’Histoire Naturelle (MNHN). A região do Escudo das Guianas é umas das que mais fascinam os biólogos ao redor do mundo, devido principalmente à sua geografia única, que inclui os chamados tepuis, as savanas tropicais, planícies com numerosos rios, montanhas isoladas, pântanos costeiros e as grandes áreas de floresta tropical, cada um com uma vegetação característica. Por esta variedade de paisagens, estes ambientes abrigam muitos táxons endêmicos, além de ecossistemas únicos como as florestas da Guiana e os tepuis do Brasil, Venezuela e Guiana (HOLLOWELL& REYNOLDS, 2005). 48 As 1.957 espécies encontradas para o Escudo neste trabalho atestam o grande avanço do nosso conhecimento sobre a ictiofauna de água doce dessa região e mostram a incrível riqueza desta área. Este número representa quase o quádruplo do número de espécies documentadas há quase um século por Eigenmann (1912), que registrou menos de 500 espécies para a região. Comparando-se o número encontrado com as recentes estimativas para toda a região Neotropical, as 1.957 espécies do Escudo das Guianas representam 65.2% do estimado por Goulding (1980), 54% do listado por Reis et al. (2003) no CLOFFSCA e 32% do estimado pelos mesmos autores para a região. Em um estudo recente, Lévêque et al. (2008), baseando-se em dados do site Fishbase, estimaram que 4.035 espécies foram descritas para a região neotropical até aquele ano. O número encontrado neste estudo representa 49% desse total. Tais números refletem a incrível diversidade presente nas bacias hidrográficas tropicais e subtropicais da região neotropical e mostram o quanto algumas estimativas podem estar corretas e talvez em pouco tempo se aproximem do esperado por Schaefer (1998) e Reis et al. (2003), que estimaram 8.000 e 6.025 espécies para a região, respectivamente. Analisando a estimativa de Lasso et al. (2003) para a região do Escudo, os resultados encontrados neste estudo foram distintos do esperado, pois os autores haviam estimado que a região deveria possuir cerca de 2.200 espécies de peixes de água doce, das quais 700 seriam endêmicas. Vari et al. (2009) foram além e elaboraram o Checklist of the freshwater fishes of the Guiana Shield, onde registraram 1.168 espécies e perceberam que a taxa de mudança na composição de espécies entre os países decresce no sentido oeste-leste. No entanto, os autores citados somente analisaram a região de alta elevação e algumas bacias adjacentes. Assim, a lista de espécies elaborada neste trabalho contribui significativamente para o conhecimento dos peixes de água doce do Escudo, visto que toda a região foi incluída. 6.1.1 Identificação das espécies endêmicas Este estudo revelou que uma parcela significativa da ictiofauna de água doce do Escudo das Guianas é endêmica, confirmando-se a hipótese de alto nível de endemismo para a região. 337 espécies ocorreram em duas ou mais bacias na região, enquanto 541 espécies foram restritas a apenas uma bacia hidrográfica. 49 Tais espécies endêmicas se distribuem, em maior parte, entre as bacias hidrográficas dos rios Orinoco (459 espécies), Negro (203 Espécies), Essequibo (153 espécies), Maroni (124 espécies), Courantjin (97 espécies), Suriname (87 espécies) e Oiapoque (84 espécies), respectivamente. As espécies que se apresentaram restritas a apenas uma bacia hidrográfica são encontradas em maior número nas bacias dos rios Orinoco (299 espécies restritas) e Negro (90 espécies restritas). Outros autores já haviam registrado para a área um grande número de espécies endêmicas para outros grupos de vertebrados (ÁVILA PIRES, 2005; LIM et al., 2005; MILENSKY et al., 2005; SEÑARIS & MACCULLOCH, 2005; BRAUN et al., 2007; ROBBINS et al., 2007), ecossistemas herbáceos (HUBER, 2006) e plantas vasculares (FUNK et al., 2007), sendo que nestes estudos foi observado que a maioria das espécies endêmicas ocorre nas áreas de terra alta, encontradas em sua maioria na bacia do rio Orinoco, o que coincide com o grande número de espécies endêmicas encontradas para este corpo d’água neste trabalho (Apêndice 2; Tabela 7). Este alto nível de endemismo na região do Escudo também ocorre devido à grande parte dos cursos d’água da região correrem independentemente para os rios Amazonas, Orinoco ou para o Oceano Atlântico, indicando uma longa separação biótica entre eles. Apesar disso, é importante ressaltar que os rios Amazonas e Orinoco são conectados pelo rio Casiquiare na porção oeste do Escudo, oferecendo aos biogeógrafos uma grande oportunidade para avaliar como a ecologia e a geografia histórica influenciaram a distribuição dos peixes da área (WINEMILLER et al., 2008). Este rio corre em uma direção sul-oeste, cortando uma planície de floresta alagada, sendo que na jusante ele aumenta consideravelmente de tamanho e volume, ao receber água de alguns tributários do Orinoco. Na montante, ele se une ao rio Guainía para formar a fonte do rio Negro, o maior tributário da bacia do Amazonas (WINEMILLER et al., 2008). Sobre a sua formação, houveram alguns debates (STERNBERG, 1975) e acredita-se que se seus processos naturais continuarem aumentando, é provável que o rio Casiquiare irá capturar uma grande porção do Alto Orinoco e levará ao rio Negro (STERNBERG, 1975). Sobre a aproximação dos rios Orinoco e Amazonas, isto provavelmente ocorreu no Mioceno, quando eles formaram um único sistema que, por um período, drenou a parte norte do Caribe (WESSELINGH & SALO, 2006). Após, eles se 50 separaram devido ao crescimento do Arco Vaupés entre a Sierra de la Macarena e as montanhas dos Andes no lado oeste e o Escudo das Guianas no lado leste. Ao mesmo tempo, o fim da elevação dos Andes fez com que o Orinoco corresse para o norte-leste da América do Sul, o que representa seu atual curso. Quase ao mesmo tempo, o rio Amazonas passou a ter seu atual curso para o leste assim que a bacia dos Andes, antes isolada, no oeste da Amazônia, se encheu de sedimentos, inudando o Arco Purus e se tornando um sistema fluvial único que corria dos Andes para o Atlântico (HOORN et al., 1995; LUNDBERG et al., 1998; ). Do fim do Mioceno ao presente, como resultado de uma combinação de erosão e acumulação de sedimentos, as bacias do Amazonas e Orinoco voltaram a se conectar através de um canal contínuo de água, o conhecido rio Casiquiare (VON STERN, 1970). Winemiller et al. (2008) estudaram as assembléias de peixes do rio Casiquiare e encontraram muitas espécies distribuídas através dos rios Negro, Orinoco e Casiquiare. Para o Escudo das Guianas, em relação às espécies endêmicas, também foi observado esse padrão (Apêndice 2), o que confirma a distribuição da maioria das espécies entre os três corpos d’água. Houveram outros estudos que também registraram as espécies se distribuindo em ambas as bacias (CRAMPTON & ALBERT, 2003; FREEMAN et al., 2007; LITTMANN, 2007). Segundo Winemiller et al. (2008), se o rio Casiquiare funcionar como um filtro zoogeográfico, ele parece ser um poro que permite certas espécies se moverem livremente entre as duas bacias, Amazonas e Orinoco. 6.3 Distribuições das espécies endêmicas Segundo Lasso et al. (2002), a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela são os países mais bem amostrados em relação à ictiofauna, enquanto a Guiana juntamente com o Brasil e a Colômbia são os menos conhecidos, principalmente porque os esforços foram concentrados em poucos locais. Em relação às bacias ainda pouco exploradas, a do rio Negro, que ocupa a Venezuela, Brasil e uma pequena parte da Colômbia, seria a mais bem conhecida. Hubert & Renno (2006), ao analisar áreas de endemismo para as espécies de peixes Characiformes da América do Sul também encontraram as bacias acima citadas apresentando o maior número de espécies restritas aos seus corpos d’água. Segundo Haffer (2008), geralmente os números de espécies cujas distribuições são 51 delimitadas por rios tendem a aumentar com a largura destes. Convém lembrar também que a bacia do Orinoco abriga a maior parte das regiões montanhosas do Escudo das Guianas, que foram citadas em vários estudos como sendo regiões de alto nível de endemismo (ÁVILA PIRES, 2005; LIM et al., 2005; MILENSKY et al., 2005; SEÑARIS & MACCULLOCH, 2005; BRAUN et al., 2007; ROBBINS et al., 2007). Em relação à bacia do rio Negro, Goulding et al. (1988) encontrou aproximadamente 450 espécies de peixes para a mesma, e estimou que o número total deve chegar perto de 700 espécies. Os autores sugeriram que esta grande diversidade faz desta bacia uma das mais diversas no mundo e com um grande número de endemismos. Lundberg (1998) encontrou que a maior parte da diversificação dos peixes neotropicais ocorreu há 90 maa no Cretáceo, quando as drenagens dos rios passaram por muitas mudanças, a maioria causada pela elevação dos Andes. Isto teria criado a formação de novas divisões nas drenagens, particularmente a divergência do rio Amazonas no Mioceno. O autor também encontrou que o rio Takutu da bacia do Amazonas fez parte de um rio que corria na direção norte-leste até o Escudo das Guianas através do rio Berbice. No entanto, parece que o fluxo d’água deste rio desviou ao sul em direção ao rio Amazonas durante o Terciário, o que pode significar que os rios do Escudo das Guianas e da bacia do Amazonas se separaram neste momento. Estas mudanças na morfologia dos rios pode ter levado muitas espécies a se distribuírem por mais bacias hidrográficas do que o esperado. Para explicar o significativo número de espécies ocorrendo em apenas uma bacia hidrográfica em determinadas regiões, Fjeldsa (1994) postulou que a evolução das biotas tropicais pode estar relacionada a um processo de diferenciação local nas terras emersas durante o período em que ocorreram as incursões marinhas, e de acumulação de espécies nas terras baixas durante o período de baixos níveis do mar. Nores (1999) concordou com Fjeldsa (1994) e, ao analisar a possível origem da diversidade de aves da Amazônia, propôs a hipótese "museu" para explicar os níveis de endemismo do grupo estudado. De acordo com este autor, as terras baixas tropicais agiram como "museus", onde várias espécies foram acumuladas como consequência principalmente das incursões marinhas que funcionaram como eventos vicariantes, diferenciando as terras baixas das terras emersas. A bacia do rio Orinoco abriga quase toda a região montanhosa (inclusive os chamados tepuis) do Escudo das Guianas em sua superfície, por isso sua endemicidade pode ser 52 explicada pelas hipóteses baseadas nos eventos geológicos e climáticos que ocorreram no Mioceno. Segundo Nores (1999), a duração das transgressões marinhas no Terciário pode ter sido de 800.000 anos. Se realmente ocorreu a formação das ilhas, então este tempo pode ter sido suficiente para causar uma significativa diferenciação na maioria dos táxons (CAPPARELLA, 1998 apud NORES, 1999). Estes aspectos, assim como algumas variáveis ambientais e ecológicas das ilhas que se formaram com as transgressões marinhas, levaram ao complexo padrão de distribuição, aos vários graus de diferenciação e à alta diversidade da biota amazônica encontrada atualmente (NORES, 1999). Hubert & Renno (2006) analisaram os padrões biogeográficos das espécies de água doce da ordem Characiformes e observaram que as áreas de endemismo encontradas para o grupo parecem ter sido influenciadas pela distribuição das terras emersas durante as incursões marinhas que ocorreram no Mioceno. Os resultados de seu estudo sugerem que o estabelecimento da moderna ictiofauna de água doce da América do Sul foi ocasionada pela interação entre incursões marinhas, elevação dos paleoarcos e conexões históricas que permitiram a dispersão através das drenagens. Lovejoy et al. (1998), estudando raias de água doce, também discutiram sobre a origem de espécies de peixes de água doce através das incursões marinhas do Mioceno. Segundo eles, a América do Sul experimentou profundas mudanças na topografia, ambiente aquático e padrões na drenagem dos rios, o que ocasionou a diversificação e estruturação das comunidades de peixes neotropicais. Tedesco et al. (2005) também tentaram explicar como as evidências históricas configuraram o padrão atual de diversidade de peixes de água doce. Segundo eles, muito se postulou que os eventos climáticos do passado tiveram um impacto limitado na riqueza de espécies porque estas teriam se dispersado. No entanto, esta hipótese não é válida para organismos que possuem distribuição restrita por alguma barreira geográfica, que é o caso dos peixes de água doce, pois os eventos do passado teriam levado à uma perceptível configuração na atual diversidade de espécies. 53 6.4 Áreas de Endemismo A delimitação de áreas de endemismo é uma das mais importantes etapas de uma análise biogeográfica, pois é quando se pode reconhecer as unidades básicas da estrutura histórica na qual as biotas evoluíram (CRACRAFT, 1988). Esta análise é uma das mais importantes ferramentas para se inferir sobre áreas para conservação. As 17 áreas de endemismo reconhecidas para os peixes de água doce do Escudo das Guianas mostram o quanto esta região é importante para a implementação de ações de conservação. A riqueza de espécies restritas às suas bacias parece seguir o padrão de outros grupos de vertebrados (ÁVILA PIRES, 2005; LIM et al., 2005; MILENSKY et al., 2005; SEÑARIS & MACCULLOCH, 2005; BRAUN et al., 2007; ROBBINS et al., 2007), que mostraram semelhantes resultados em relação às áreas de endemismo Orinoco e Negro, os quais apresentaram os maiores níveis de endemicidade. A bacia do rio Orinoco tem sido considerada como uma importante área de endemismo para vários grupos de organismos, não somente para os vertebrados. Algumas pesquisas revelaram um grande número de endemismos também para a flora (STEYERMARK, 1986; FUNK et al., 2007) e invertebrados (GOLDANI & CARVALHO, 2003). Em relação aos tributários da bacia Amazônica, Vari & Weitzman (1990) realizaram um dos primeiros estudos que revelou para a mesma uma complexa história e a existência de várias áreas de endemismo para os peixes de água doce. Tal padrão foi comprovado por Hubert & Renno (2006) que, ao estudar a ordem Characiformes, delimitaram 2 grandes áreas de endemismo envolvendo esta bacia. Neste estudo, cinco áreas de endemismo foram encontradas para o sistema amazônico dentro do Escudo das Guianas, sendo estas formadas pelas maiores bacias da região. Uma dessas bacias é a do rio Negro, uma importante área de endemismo para outros grupos de vertebrados (AMORIN & PIRES, 1999; BORGES, 2007) Dentre as bacias menores, quatro apresentaram os menores níveis de endemicidade, com apenas 1 espécie restrita aos seus corpos d’água: rios Javari, Cuieiras, Mana e Jauaperi. Estas áreas foram consideradas como potenciais áreas de endemismo, pois há a possibilidade de que outras espécies endêmicas sejam 54 encontradas através de futuros inventários biológicos direcionados. A região das Guianas tem sido tradicionalmente reconhecida como área de endemismo para vertebrados terrestres (CRACRAFT, 1985; SILVA & OREN, 1996; ALEIXO, 2004). Neste estudo, um padrão similar ocorreu para as espécies de peixes de água doce restritas, que se distribuíram em nove áreas de endemismo entre as Guianas e o Suriname. As outras bacias não apresentaram espécies restritas, o que pode ser explicado pelo pouco esforço de amostragem nestas áreas (LASSO et al., 2002). Futuras expedições podem aumentar a diversidade conhecida para a região e, consequentemente, revelar novas áreas de endemismo. Ao se comparar as áreas de endemismo deste estudo com aquelas limitadas por Hubert & Renno (2006), percebeu-se que houve semelhança principalmente com as áreas de endemismo Orinoco-Alto Negro e Guiana, delimitadas para os peixes da ordem Characiformes. Tal semelhança foi observada ao se analisar o cladograma de área gerado pelos autores, que utilizaram a Análise de Parcimônia de Endemismos (PAE). Esta semelhança demonstra a importância biogeográfica de tais áreas para o grupo de peixes de água doce. 6.5 Limites das Ecorregiões de água doce De acordo com os resultados desse estudo, foi possível comparar os limites das ecorregiões de água doce propostas por Abell et al. (2008) e as oito regiões biogeográficas geradas pela análise de similaridade da composição de espécies endêmicas entre as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas. Ao se analisar a congruência entre os dois esquemas, observou-se que os resultados divergiram, especialmente em relação às bacias do sistema amazônico e à região da bacia do rio Essequibo. Em relação à ecorregião Guianas, os esquemas não coincidiram devido à separação da bacia do rio Essequibo do restante das bacias das Guianas. Segundo a análise cluster, o contrário deveria ocorrer e esta bacia também não deveria ter se unido às bacias dos rios Cuyuni e Mazaruni. Apesar disso, houveram algumas congruências. As seis ecorregiões propostas para a bacia do rio Orinoco coincidiram com a área de endemismo Orinoco revelada neste trabalho. A ecorregião Rio Negro também coincidiu com o esquema de regionalização da análise de cluster. Segundo Abell et al. (2008), estas 55 regiões apresentam alta riqueza e endemismo, o que também se assemelha com os resultados deste estudo. Winemiller et al. (2008) analisaram a bacia do rio Negro e observaram que a mesma possui uma das maiores riquezas de espécies do mundo, o que faria da região uma potencial área para conservação. Abell et al. (2008) definiram a ecorregião como sendo uma grande área que delimita um ou mais sistemas de água doce com distintas assembléias de espécies e comunidades de água doce. Para os esforços de conservação, as espécies endêmicas e/ou ameaçadas tem fundamental importância, o que parece não ter sido considerado pelos autores como principal ponto. Além disso, os critérios utilizados para delinear os limites das ecorregiões da América do Sul não parecem uniformes. Segundo os autores, em algumas áreas foram utilizados dados ao nível de família e em outras ocasiões se utilizou dados de composição de espécies ou subespécies. Eles também utilizaram apenas algumas espécies para a análise, o que significa que os limites podem mudar de acordo com a distribuição do táxon analisado. Sobre os dados de distribuição, os autores utilizaram também diferentes critérios. Quando a área era bem definida, os limites das ecorregiões puderam ser delineados com um grau de certeza mais refinado. Nos sistemas de bacias de rios maiores, os limites foram delineados através da melhor aproximação possível. Ainda segundo Abell et al. (2008), as ecorregiões de água doce captam os padrões gerados primariamente por filtros em escalas continentais e regionais. Pórem, esta análise talvez pudesse ter um maior grau de confiabilidade se tivessem sido considerados táxons similares entre as regiões, ou seja, os critérios uniformes. Assim, conclui-se que as ecorregiões de água doce propostas para o Escudo das Guianas não parecem ser unidades biogeográficas naturais, visto que a maioria das áreas propostas não apresentaram congruência com a regionalização biogeográfica baseada na similaridade biótica entre as bacias hidrográficas. O modelo de regionalização biogeográfica apresentado nesse estudo poderia refletir melhor a variação biológica dentro do escudo, pois os táxons utilizados foram do mesmo nível, e várias espécies foram incluídas na análise. Os autores reconheceram que as ecorregiões apresentadas não são unidades homogêneas e encorajaram outras pesquisas para que dados de outros organismos, e até mesmo de peixes de água doce, possam melhorar esse esquema em estudos futuros. Eles concordam com outros pesquisadores (e.g. BROOKS, 2004) que acreditam que os sistemas de água doce e suas espécies passam por um 56 estado crítico de ameaças e, portanto, fica claro que esperar pelos dados ideais sobre a biodiversidade antes de gerar ferramentas que auxiliem nas estratégias de conservação não é um ato inteligente. Assim, muitos esquemas de regionalização biogeográfica ainda serão produzidos e melhorados, através de outras análises, até que tenhamos dados suficientes para refinar nossos estudos. 57 7. CONCLUSÕES • A ictiofauna de água doce da região do Escudo das Guianas é bastante diversa, com 1.957 espécies representando uma parte considerável das estimativas feitas para toda a região Neotropical. • Há endemismos em todas as bacias hidrográficas do Escudo das Guianas, sugerindo um longo processo de isolamento entre elas. • Um número significativo de espécies endêmicas foi registrado, confirmando a hipótese de alto nível de endemismo para a região. Deste número, mais da metade é restrita a apenas uma bacia hidrográfica. • A ictiofauna endêmica se distribui, em maior parte, entre as bacias hidrográficas dos rios Orinoco, Negro, Essequibo, Maroni, ilhas Essequibo-Oeste Demerara, Courantjin, Suriname e Oiapoque, respectivamente. Algumas pequenas bacias que drenam para o Amazonas são as que abrigam menos espécies. • As espécies que se apresentaram restritas a apenas uma bacia hidrográfica são encontradas, em sua maioria, nas bacias dos rios Orinoco e Negro. Enquanto isso, as bacias que apresentaram os menores níveis de endemicidade foram as bacias dos rios Javari, Cuieiras, Mana e Jauaperi, com apenas 1 espécie restrita aos seus corpos d’água. Há a possibilidade de que outras espécies endêmicas sejam encontradas através de futuros inventários biológicos direcionados. • Foram registradas dezessete áreas de endemismo para a ictiofauna de água doce (Synnamary-Comté; Araguari; Essequibo; Nickerie; Coppename; Jari; Uatumã-Jatapu; Oiapoque; Courantjin; Approuague; Maroni; Trombetas; Orinoco; Suriname; Negro; Branco; Cuyuni e Mazaruni). Este grande número atesta a importância biogeográfica do Escudo das Guianas e pode servir de estratégia para conservação. 58 • As Ecorregiões de água doce propostas para o Escudo das Guianas não parecem ser unidades biogeográficas naturais, visto que apenas as ecorregiões que envolvem as bacias dos rios Orinoco e Negro apresentaram congruência com a regionalização biogeográfica baseada na similaridade biótica entre as bacias hidrográficas. 59 8. REFERÊNCIAS ABELL, R.; THIEME, M L.; REVENGA, C.; BRYER, M.; KOTTELAT, M.; BOGUTSKAYA, N.; COAD, B.; MANDRAK, N.; BALDERAS, S. C.; BUSSING, W.; STIASSNY, M. L. J.; SKELTON, P.; ALLEN, G. R.; UNMACK, P.; NASEKA, A.; REBECCA N. G.; SINDORF, N.; ROBERTSON, J.; ARMIJO, E.; HIGGINS, J. V.; HEIBEL, T. J.; WIKRAMANAYAKE, E.; OLSON, D.; LÓPEZ, H. L.; REIS, R. E.; LUNDBERG, J. G.; PÉREZ, M. H. S.; PETRY, P. Freshwater Ecoregions of the World: A New Map of Biogeographic Units for Freshwater Biodiversity Conservation. BioScience. 58(5): 403–414, 2008. 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(1) bacia do rio Orinoco; (2) Cuyuni e Mazaruni; (3) Essequibo; (4) Ilhas Essequibo-Oeste Demerara; (5) Demerara; (6) Mahaica e Abary; (7) Berbice; (8) Canje; (9) Courantjin; (10) Nickerie; (11) Bigi Pan; (12) Coppename; (13) Suriname; (14) Cottica; (15) Commewijne; (16) Maroni; (17) Mana; (18) Sinnamary-Comté; (19) Approuague; (20) Ouanary; (21) Oiapoque; (22) Caciporé; (23) Negro; (24) Branco; (25) Jauaperi; (26) Uatumã-Jatapu; (27) Cueiras; (28) Preto da Eva; (29) Urubu; (30) Mapuera; (31) Trombetas; (32) Curuá; (33) Maicuru; (34) Javari; (35) Paru; (36) Araiôlos; (37) Jari; (38) Cajari; (39) Matapi; (40) Pedreira; (41) Furo Samaúma; (42) Jupati; (43) Araguari. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 1 1 2 0,058 1 3 0,099 0,276 1 4 0,075 0,333 0,742 1 5 0,059 0,587 0,261 0,361 1 6 0,051 0,603 0,224 0,303 0,804 1 7 0,05 0,627 0,236 0,317 0,792 0,837 1 8 0,047 0,596 0,219 0,286 0,761 0,897 0,878 1 9 0,061 0,299 0,263 0,251 0,352 0,337 0,366 0,343 1 10 0,044 0,261 0,151 0,171 0,309 0,338 0,36 0,366 0,505 1 11 0,045 0,313 0,153 0,176 0,377 0,419 0,422 0,458 0,485 0,79 1 12 0,025 0,129 0,066 0,075 0,162 0,179 0,188 0,203 0,266 0,457 0,492 1 13 0,042 0,214 0,148 0,159 0,245 0,263 0,28 0,281 0,415 0,542 0,575 0,391 1 14 0,045 0,298 0,15 0,171 0,356 0,394 0,397 0,429 0,466 0,742 0,926 0,508 0,621 1 15 0,045 0,294 0,149 0,17 0,333 0,368 0,371 0,4 0,462 0,731 0,875 0,477 0,596 0,946 1 16 0,06 0,201 0,179 0,176 0,234 0,218 0,241 0,212 0,39 0,381 0,392 0,241 0,397 0,413 0,432 1 17 0,04 0,222 0,141 0,158 0,261 0,268 0,274 0,259 0,304 0,337 0,398 0,289 0,319 0,429 0,44 0,496 1 18 0,033 0,208 0,106 0,129 0,231 0,25 0,241 0,241 0,302 0,347 0,393 0,301 0,363 0,424 0,419 0,415 0,622 1 19 0,033 0,187 0,108 0,132 0,219 0,222 0,215 0,227 0,29 0,343 0,371 0,284 0,314 0,4 0,411 0,41 0,586 0,616 1 20 0,028 0,238 0,11 0,137 0,27 0,299 0,286 0,308 0,304 0,41 0,478 0,364 0,347 0,515 0,507 0,395 0,691 0,681 0,681 1 21 0,028 0,149 0,107 0,117 0,173 0,173 0,179 0,176 0,266 0,272 0,288 0,225 0,276 0,314 0,299 0,377 0,485 0,495 0,576 0,511 1 22 0,011 0,059 0,03 0,031 0,069 0,058 0,074 0,06 0,065 0,068 0,081 0,094 0,051 0,076 0,075 0,085 0,107 0,091 0,141 0,158 0,161 67 Continuação do Apêndice A 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 1 0,067 0,01 0,019 0,015 0,015 0,02 0,01 0,013 0,01 0,01 0,01 0,015 0,01 0,018 0,014 0,019 0,01 0,01 0,01 0,013 1 0,038 0,048 0,037 0,038 0,037 0,037 0,041 0,038 0,038 0,038 0,038 0,038 0,029 0,032 0,03 0,034 0,034 0,034 0,039 1 0,133 0,4 0,5 0,4 0,4 0,08 0,667 0,667 0,5 0,5 0,667 0,1 0,143 0,111 0,222 0,2 0,2 0,071 1 0,125 0,133 0,125 0,125 0,118 0,143 0,143 0,133 0,133 0,143 0,065 0,08 0,069 0,1 0,095 0,095 0,051 1 0,4 0,333 0,333 0,077 0,5 0,5 0,4 0,4 0,5 0,095 0,133 0,105 0,2 0,182 0,182 0,069 1 0,4 0,4 0,08 0,667 0,667 0,5 0,5 0,667 0,1 0,143 0,111 0,222 0,2 0,2 0,071 1 0,333 0,077 0,5 0,5 0,4 0,4 0,5 0,095 0,133 0,105 0,2 0,182 0,182 0,069 1 0,167 0,5 0,5 0,4 0,4 0,5 0,095 0,133 0,105 0,2 0,182 0,182 0,069 1 0,083 0,083 0,08 0,08 0,083 0,049 0,057 0,051 0,067 0,065 0,065 0,041 1 1,000 0,667 0,667 1,000 0,105 0,154 0,118 0,25 0,222 0,222 0,074 1 0,667 0,667 1,000 0,105 0,154 0,118 0,25 0,222 0,222 0,074 1 0,5 0,667 0,1 0,143 0,111 0,222 0,2 0,2 0,071 1 0,667 0,1 0,143 0,111 0,222 0,2 0,2 0,071 1 0,105 0,154 0,118 0,25 0,222 0,222 0,074 1 0,333 0,286 0,35 0,4 0,4 0,353 1 0,765 0,5 0,692 0,692 0,29 1 0,389 0,529 0,529 0,257 1 0,7 0,7 0,25 1 1 0,333 1 0,333 68 Apêndice B - Lista das espécies de peixes de água doce que ocorrem nas 43 bacias hidrográficas do Escudo das Guianas. AD = ampla distribuição; E = espécie endêmica ao Escudo das Guianas. Para as espécies endêmicas: (1) bacia do rio Orinoco; (2) Cuyuni e Mazaruni; (3) Essequibo; (4) Ilhas Essequibo-Oeste Demerara; (5) Demerara; (6) Mahaica e Abary; (7) Berbice; (8) Canje; (9) Courantjin; (10) Nickerie; (11) Bigi Pan; (12) Coppename; (13) Suriname; (14) Cottica; (15) Commewijne; (16) Maroni; (17) Mana; (18) SinnamaryComté; (19) Approuague; (20) Ouanary; (21) Oiapoque; (22) Caciporé; (23) Negro; (24) Branco; (25) Jauaperi; (26) Uatumã-Jatapu; (27) Cueiras; (28) Preto da Eva; (29) Urubu; (30) Mapuera; (31) Trombetas; (32) Curuá; (33) Maicuru; (34) Javari; (35) Paru; (36) Araiôlos; (37) Jari; (38) Cajari; (39) Matapi; (40) Pedreira; (41) Furo Samaúma; (42) Jupati; (43) Araguari. Sequência taxonômica de acordo com CLOFFSCA (REIS et al., 2003). Distribuição geográfica Táxon Bacias hidrográficas das espécies endêmicas CARCHARINIFORMES CARCHARHINIDAE Carcharhinus leucas AD Pristis pectinata AD Pristis perotteti AD Pristis pristis AD PRISTIFORMES PRISTIDAE RAJIFORMES POTAMOTRYGONIDAE Paratrygon aiereba AD Plesiotrygon iwamae AD Potamotrygon boesemani E Potamotrygon constellata AD Potamotrygon histrix AD Potamotrygon marinae E Potamotrygon motoro AD Potamotrygon ocellata AD Potamotrygon orbignyi AD Potamotrygon schroederi Potamotrygon scobina E AD LEPIDOSIRENIFORMES LEPIDOSIRENIDAE Lepidosiren paradoxa OSTEOGLOSSIFORMES OSTEOGLOSSIDAE AD 9 16 1; 23 69 Arapaima gigas AD Distribuição geográfica Táxon Osteoglossum bicirrhosum Osteoglossum ferreirai Bacias hidrográficas das espécies endêmicas AD E 1; 23 ANGUILLIFORMES ANGUILLIDAE Anguilla rostrata AD potamius AD Odontognathus mucronatus AD Rhinosardinia amazonica AD Rhinosardinia bahiensis AD OPHICHTHIDAE Stictorhinus CLUPEIFORMES CLUPEIDAE ENGRAULIDAE Amazonsprattus scintilla Anchoa parva AD Ancho spinifer AD Anchovia surinamensis AD Anchoviella brevirostris AD Anchoviella carrikeri AD Anchoviella cayennensis AD Anchoviella guianensis AD Anchoviella jamesi AD Anchoviella lepidendostole AD Anchoviella manamensis E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16 Anchoviella perezi E 1 Lycengraulis batesii AD Lycengraulis grossidens AD Pterengraulis atherinoides AD PRISTIGASTERIDAE E 1; 23; 37 70 Ilisha amazonica AD Pellona castelnaeana AD Pellona flavipinnis AD Pristigaster cayana AD Distribuição geográfica Táxon Pristigaster whiteheadi Bacias hidrográficas das espécies endêmicas AD CHARACIFORMES PARODONTIDAE Apareiodon agmatos E 2 Apareiodon gransabana E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Apareiodon orinocensis E 1 Parodon apolinari E 1 Parodon bifasciatus E 24 Parodon buckleyi Parodon guyanensis E Parodon suborbitalis AD Curimata aspera AD Curimata cerasina E Curimata cisandina AD Curimata cyprinoides AD Curimata incompta E Curimata inornata AD Curimata knerii AD Curimata ocellata AD Curimata roseni AD Curimata vittata AD Curimatella alburna AD Curimatella dorsalis AD Curimatella immaculata AD Curimatella meyeri AD AD 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 CURIMATIDAE 1 1; 39 71 Curimatopsis crypticus AD Curimatopsis evelynae AD Curimatopsis macrolepis AD Curimatopsis microlepis AD Cyphocharax abramoides AD Cyphocharax festivus AD Distribuição geográfica Táxon Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Cyphocharax gouldingi AD Cyphocharax helleri Cyphocharax leucostictus Cyphocharax meniscaprorus E 1 Cyphocharax mestomyllon E 23 Cyphocharax microcephalus E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Cyphocharax multilineatus E 1; 23 Cyphocharax nigripinnis AD Cyphocharax notatus AD Cyphocharax oenas E Cyphocharax plumbeus AD Cyphocharax punctatus E Cyphocharax spiluropsis AD Cyphocharax spilurus Cyphocharax vexillapinnus AD Potamorhina altamazonica AD Potamorhina latior AD Potamorhina pristigaster AD Psectrogaster amazonica AD Psectrogaster ciliata AD Psectrogaster essequibensis AD Psectrogaster falcata AD Psectrogaster rutiloides AD E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 37; 43 AD E 1 16 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 23; 24; 43 72 Steindachnerina argentea AD Steindachnerina bimaculata AD Steindachnerina guentheri AD Steindachnerina hypostoma AD Steindachnerina leucisca AD Steindachnerina pupula Steindachnerina planiventris Steindachnerina varii Táxon E 1 AD E 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 1 PROCHILODONTIDAE Prochilodus mariae Prochilodus nigricans Prochilodus rubrotaeniatus Semaprochilodus insignis Semaprochilodus kneri E 1 Semaprochilodus laticeps E 1 Semaprochilodus taeniurus Semaprochilodus varii AD E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 24 AD AD E 16 ANOSTOMIDAE Abramites hypselonotus AD Anostomoides atrianalis Anostomoides laticeps AD Anostomus anostomus AD Anostomus brevior E Anostomus ternetzi AD Gnathodolus bidens E Laemolyta fernandezi AD Laemolyta garmani AD Laemolyta nitens AD Laemolyta orinocensis Laemolyta proxima E E AD 1 21 1; 26 1 73 Laemolyta taeniata AD Laemolyta varia AD Leporellus vittatus AD Leporinus affinis AD Leporinus acutidens AD Leporinus agassizi AD Leporinus alternus AD Leporinus amazonicus AD Leporinus arcus AD Leporinus aripuanensis AD Táxon Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Leporinus badueli E 16; 17; 18; 19; 20; 21 Leporinus boehlkei E 1 Leporinus brunneus AD Leporinus cylindriformes AD Leporinus desmotes AD Leporinus despaxi E Leporinus fasciatus AD Leporinus friderici AD Leporinus gossei E 16 Leporinus granti E 1; 17 Leporinus jamesi AD Leporinus klausewitzi AD Leporinus latofasciatus E 1 Leporinus lebaili E 16 Leporinus leschenaulti AD Leporinus maculatus AD Leporinus megalepis E Leporinus melanopleura AD Leporinus melanostictus E Leporinus moralesi AD Leporinus nattereri AD 16; 17; 18; 19; 20; 21 3; 4 19; 21; 37 74 Leporinus nigrotaeniatus E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 23 Leporinus nijsseni E 13 Leporinus pachycheilus AD Leporinus ortomaculatus E Leporinus pachyurus AD Leporinus parae AD Leporinus paralternus AD Leporinus pellegrini AD Leporinus pitingai E 26 Leporinus punctatus E 1 Leporinus spilopleura E 21 Táxon 1; 23; 24 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 1 Leporinus steyermarki Leporinus striatus AD Leporinus subniger AD Leporinus trifasciatus AD Leporinus uatumaensis E 26 Leporinus yophorus E 1 Petulanos plicatus E 3; 9 Petulanos spiloclistron E 10 Pseudanos gracilis Pseudanos irinae Pseudanos trimaculatus AD Pseudanos winterbotomi AD Rhytiodus argenteofuscus AD Rhytiodus microlepis AD Sartor elongatus E Schizodon fasciatus AD Schizodon scotorhabdotus Schizodon vittatus AD Synaptolaemus cingulatus AD AD E E 1 30; 31 1 75 CHILODONTIDAE Caenotropus labyrinthicus AD Caenotropus maculosus E 1; 2; 3; 9; 16 Caenotropus mestomorgmatos E 1; 23 Chilodus gracilis AD Chilodus punctatus AD Chilodus zunevei E Ammocryptocharax elegans AD Ammocryptocharax lateralis E Ammocryptocharax minutus AD Ammocryptocharax vintonae E Characidium boaevistae 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 18; 19; 21; 43 CRENUCHIDAE 1; 2; 3 AD Distribuição geográfica Táxon 2; 3 E Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Characidium brevirostre Characidium chupa AD Characidium crandellii AD Characidium declivirostre AD Characidium hasemani AD Characidium longum E 1 Characidium pellucidum E 1; 3; 16 Characidium pteroides E 1; 3 Characidium roesseli AD Characidium steindachneri AD Characidium zebra AD Characidium sp1 Crenuchus spilurus Elachocharax geryi E Elachocharax junki AD Elachocharax mitopterus Elachocharax pulcher Leptocharacidium omospilus E 22; 37; 38; 39; 41; 42; 43 23 AD E 1; 23 1; 23 AD E 1; 23; 37 76 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Melanocharacidium blennioides E Melanocharacidium compressus E 1 Melanocharacidium depressum E 1; 23; 26 Melanocharacidium dispilomma AD Melanocharacidium melanopteron E 1 E 1; 2; 3; 4; 5; 7; 9; 16; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34; 35; 36; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43 Melanocharacidium nigrum Melanocharacidium pectorale AD Microcharacidium eletrioides E Microcharacidium gnomus E Microcharacidium weitzmani AD Odontocharacidium aphanes AD Poecilocharax bovalii Poecilocharax weitzmani Táxon Skiotocharax meizon E 1; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 1; 23 3 AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 2; 7 HEMIODONTIDAE Anodus elongatus AD Anodus orinocensis AD Argonectes longiceps AD Bivibranchia bimaculata Bivibranchia fowleri Bivibranchia simulata Hemiodus amazonum AD Hemiodus argenteus AD Hemiodus atranalis AD Hemiodus goeldii E Hemiodus gracilis AD Hemiodus huraulti E Hemiodus immaculatus Hemiodus jatuarana E 9; 13; 16 AD E 10; 12; 13; 21 1; 22 16; 17 AD E 31 77 Hemiodus microlepis AD Hemiodus quadrimaculatus AD Hemiodus semitaeniatus AD Hemiodus thayeria AD Hemiodus unimaculatus AD Hemiodus vorderwinckleri AD Micromischodus sugillatus AD Carnegiella marthae E Carnegiella schereri AD Carnegiella strigata AD Gasteropelecus levis AD Gasteropelecus sternicla AD Thoracocharax securis AD Thoracocharax stellatus AD GASTEROPELECIDAE Distribuição geográfica Táxon 1; 23 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas CHARACIDAE ESPÉCIES INCERTAE SEDIS Boehlkea fredcochui AD Deuterodon potaroensis E Engraulisoma taeniatum Schultzites axelrodi E Agoniates anchovia AD Agoniates halecinus AD 3 AD 1 AGONIATINAE APHYOCHARACINAE Aphyocharax agassizii AD Aphyocharax alburnus AD Aphyocharax colifax E 1 Aphyocharax erythrurus E 1 78 Aphyocharax nattereri AD Aphyocharax sp.2 AD Aphyocharax yekwanae E 1 BRYCONINAE Brycon amazonicus AD Brycon bicolor E 1 Brycon coquenani E 1 Brycon falcatus AD Brycon melanopterus AD Brycon pesu AD Brycon polylepis AD Brycon whitei E 1 Acanthocharax microlepis E 1; 3 Acestrocephalus sardina Charax apurensis Charax condei Charax gibbosus CHARACINAE AD E AD E Distribuição geográfica Táxon 1 1; 3; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Charax hemigrammus AD Charax metae E 1 Charax michaeli E 24 Charax niger E Charax notulatus E Charax pauciradiatus AD Charax rupununi AD Charax unimaculatus AD Cynopotamus amazonus AD Cynopotamus bipunctatus E 1 Cynopotamus essequibensis E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43 Galeocharax gulo AD 21; 22; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43 1 79 Gnathocharax steindachneri AD Heterocharax leptogrammus E Heterocharax macrolepis AD Heterocharax virgulatus AD Hoplocharax goethei AD Lonchogenys ilisha E 1; 23 Phenacogaster apletostigma E 43 Phenacogaster carteri E 2 Phenacogaster megalostictus E 1; 3 Phenacogaster microstictus E 1; 3; 4; 5 Phenacogaster pectinatus AD Phenacogaster sp.1 AD Phenacogaster sp.2 E 1; 23 Phenacogaster sp.5 E 43 Priocharax ariel E 1; 23 Roeboides affinis Roeboides araguaito E Roeboides biserialis AD Roeboides descalvadensis AD AD Distribuição geográfica Táxon 1; 23 Roeboides dientonito AD Roeboides myersi AD Roeboides numerosus Roeboides oligistos E 1 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 1 AD CHEIRODONTINAE Cheirodontops geayi E Odontostilbe fugitiva AD Odontostilbe gracilis E 16; 17 Odontostilbe littoris E 18 Odontostilbe pao E 1 Odontostilbe pulchra AD 1 80 Odontostilbe splendida E Prodontocharax alleni AD Serrapinus micropterus AD 1 GLANDULOCAUDINAE Corynopoma riisei AD Gephyrocharax valencia E 1 Ptychocharax rhyacophila E 23 Tyttocharax cochui AD Tyttocharax madeirae AD Xenurobrycon pteropus AD IGUANODECTINAE Iguanodectes adujai E Iguanodectes geisleri AD Iguanodectes gracilis E Iguanodectes rachovii AD Iguanodectes spilurus AD Iguanodectes variatus AD Piabucus dentatus AD 1; 24 23 SERRASALMINAE Acnodon normani Acnodon oligacanthus Táxon AD E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 37 Acnodon senai E Catoprion mento AD Colossoma macropomum AD Metynnis altidorsalis E Metynnis argenteus AD Metynnis fasciatus AD Metynnis hypsauchen AD Metynnis lippincottianus AD Metynnis longipinnis E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43 23 81 Metynnis luna AD Metynnis maculatus AD Metynnis orinocensis E Mylesinus paraschomburgkii Mylesinus schomburgkii Myleus asterias Myleus knerii Myleus lobatus Myleus pacu Myleus rhomboidalis AD Myleus rubripinnis AD Myleus schomburgkii AD Myleus setiger AD Myleus ternetzi E Myleus torquatus AD Myloplus arnoldi AD Myloplus asterias AD Myloplus planquettei Myloplus rhomboidalis AD Myloplus rubripinnis AD Myloplus schomburgkii AD Myloplus ternetzi 1 AD E 1; 3 AD E 16 AD E Táxon 3 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43 E 3; 16; 17 9; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34; 35; 36; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43 E Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 1; 23 Myloplus torquatus Mylossoma aureum AD Mylossoma duriventre AD Piaractus brachypomus AD Pristobrycon aureus AD Pristobrycon calmoni AD Pristobrycon careospinus E 1 Pristobrycon maculipinnis E 1 82 Pristobrycon striolatus AD Pygocentrus cariba Pygocentrus nattereri AD Pygocentrus palometa E Pygopristis denticulata Serrasalmo emarginatus E 3 Serrasalmo stagnatilis E 3 Serrasalmus altispinis E 26 Serrasalmus altuvei E 1 Serrasalmus compressus AD Serrasalmus eigenmanni AD Serrasalmus elongatus AD Serrasalmus gouldingi AD Serrasalmus hastatus E Serrasalmus hollandi AD Serrasalmus humeralis AD Serrasalmus irritans Serrasalmus maculatus AD Serrasalmus manueli AD Serrasalmus medinai E 1 Serrasalmus nalseni E 1 Serrasalmus neveriensis AD Serrasalmus nigricans AD Serrasalmus rhombeus AD E 1 AD E Distribuição geográfica Táxon 1 23 1 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Serrasalmus serrulatus AD Serrasalmus spilopleura AD Tometes lebaili E 15; 16; 17 Tometes makue E 1; 23 Tometes trilobatus E Utiaritichthys sennaebragai STETHAPRIONINAE AD 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 43 83 Brachychalcinus orbicularis E Poptella brevispina AD Poptella compressa AD Poptella longipinnis AD Poptella orbicularis E Stethaprion crenatum AD 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16 43 TETRAGONOPTERINAE Tetragonopterus argenteus AD Tetragonopterus chalceus AD Tetragonopterus lemniscatus E 9 TRIPORTHEINAE Triportheus albus AD Triportheus angulatus AD Triportheus auritus AD Triportheus brachipomus Triportheus culter AD Triportheus curtus AD Triportheus elongatus AD Triportheus pictus AD Triportheus rotundatus AD Triportheus orinocensis E 1 Triportheus venezuelensis E 1 E 1; 3; 4; 5; 9; 16; 43 GÊNEROS INCERTAE SEDIS Aphyocharacidium melandetum E 3, 13 Aphyodite grammica E 3 Distribuição geográfica Táxon Astyanax abramis AD Astyanax ajuricaba E Astyanax anterior AD Astyanax argyrimarginatus AD Astyanax bimaculatus AD Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 23 84 Astyanax clavitaeniatus E Astyanax fasciatus AD Astyanax gracilior AD Astyanax guianensis E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 21; 23 Astyanax integer E 1 Astyanax leopoldi E 19; 21 Astyanax maximus AD Astyanax metae AD Astyanax microlepis AD Astyanax multidens AD Astyanax mutator E 3 Astyanax myersi E 1 Astyanax poetzschkei Astyanax rupununi Astyanax saltor Astyanax scintillans E 1 Astyanax siapae E 1 Astyanax stilbe Astyanax superbus E 1 Astyanax validus E 18 Astyanax venezuelae E 1 24 AD E 3 AD AD ESPÉCIES INQUIRENDAE Atopomesus pachyodus E 23 Aulixidens eugeniae E 1 Axelrodia lindeae Axelrodia riesei Bario steindachneri Táxon AD E 1 AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Brittanichthys axelrodi E 23 Brittanichthys myersi E 23 Bryconamericus alpha E 1 Bryconamericus beta E 1 85 Bryconamericus cinarucoense E 1; 3; 4 Bryconamericus cismontanus E 1 Bryconamericus charalae AD Bryconamericus cristiani E Bryconamericus deuterodonoides Bryconamericus hyphesson Bryconamericus lassorum Bryconamericus loisae E 1 Bryconamericus macrophthalmus E 1; 23 Bryconamericus motatanensis AD Bryconamericus orinocoense E 1 Bryconamericus singularis E 1 Bryconamericus subtilisform E 1 Bryconamericus ternetzi E 23 Bryconamericus yokia AD Bryconella pallidifrons AD Bryconexodon trombetasi E 31 Bryconops affinis E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 38; 39 Bryconops alburnoides AD Bryconops caudomaculatus AD Bryconops colanegra E 1 Bryconops colaroja E 2 Bryconops collettei E 1 Bryconops cyrtogaster E 21 Bryconops disruptus AD Bryconops giacopinii E 1 Bryconops humeralis E 1; 23 Táxon 1 AD E 3 AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Bryconops imitator E 1 Bryconops inpai E 1; 23 86 Bryconops magoi E 1 Bryconops melanurus E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 38; 39 Bryconops vibex E 1 Ceratobranchia joanae E 1 Chalceus epakros AD Chalceus macrolepidotus Chalceus spilogyros Creagrutus atratus E 1 Creagrutus bolivari E 1 Creagrutus calai E 1 Creagrutus crenatus Creagrutus ephippiatus E 23 Creagrutus gyrospilus E 1 Creagrutus hysginus AD Creagrutus lassoi AD Creagrutus lepidus AD Creagrutus machadoi E 1 Creagrutus magoi E 1 Creagrutus maxillaris Creagrutus melanzonus Creagrutus melasma AD Creagrutus menezesi AD Creagrutus paralacus AD Creagrutus phasma E 1; 23 Creagrutus planquettei E 19 Creagrutus provenzanoi E 1 Creagrutus runa E 23 Creagrutus taphorni AD Creagrutus turyuka E 23 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Táxon E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 23; 38; 39 AD AD AD E 1; 2; 4; 5; 6; 7; 17; 18 87 Creagrutus veruina E 1 Creagrutus vexillapinnus E 1; 23 Creagrutus xiphos E 1 Creagrutus zephyrus E 23 Ctenobrycon hauxwellianus Ctenobrycon spilurus Exodon paradoxus Gymnocorymbus bondi E Gymnocorymbus thayeri AD Gymnotichthys hildae E Hemibrycon decurrens AD Hemibrycon jabonero AD Hemibrycon metae E 1 Hemibrycon surinamensis E 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 37 Hemigrammus aereus E 18 Hemigrammus analis AD Hemigrammus arua AD Hemigrammus barrigonae Hemigrammus belottii AD Hemigrammus bleheri E Hemigrammus boesemani AD Hemigrammus coeruleus AD Hemigrammus cupreus AD Hemigrammus cylindricus Hemigrammus elegans Hemigrammus erythrozonus Hemigrammus geisleri AD Hemigrammus gracilis AD Hemigrammus guyanensis Hemigrammus hyanuary Hemigrammus iota E Hemigrammus levis AD AD E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 38; 39 AD E E 1 1 1 1; 23 1; 3; 4 AD E E 3; 4 1; 16; 17; 19; 21; AD 3; 4 88 Distribuição geográfica Táxon Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Hemigrammus lunatus AD Hemigrammus marginatus AD Hemigrammus micropterus E Hemigrammus microstomus AD Hemigrammus mimus AD Hemigrammus newboldi E Hemigrammus ocellifer AD Hemigrammus ora Hemigrammus orthus AD Hemigrammus rhodostomus AD Hemigrammus rodwayi AD Hemigrammus schmardae AD Hemigrammus stictus AD Hemigrammus taphorni Hemigrammus unilineatus Hemigrammus vorderwinckleri E 1; 23 Hemigrammus yinyang E 23 Holoprion agassizii AD Hyphessobrycon agulha AD Hyphessobrycon albolineatum E Hyphessobrycon amapaensis AD Hyphessobrycon bentosi AD Hyphessobrycon borealis E 17 Hyphessobrycon catableptus E 3; 4 Hyphessobrycon copelandi AD Hyphessobrycon diancistrus E 1; 23 Hyphessobrycon eos E 1; 3 Hyphessobrycon epicharis E 1; 23 Hyphessobrycon eques Hyphessobrycon fernandezi E E 1 1 18 1 AD 1 AD E 1 89 Hyphessobrycon georgettae Hyphessobrycon heterorhabdus Táxon E 9 AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 1 Hyphessobrycon hildae Hyphessobrycon inconstans AD Hyphessobrycon melazonatus AD Hyphessobrycon metae E 1 Hyphessobrycon minimus E 1; 6 Hyphessobrycon minor E 1; 3; 4 Hyphessobrycon otrynus E 1 Hyphessobrycon paucilepis AD Hyphessobrycon pulchripinnis AD Hyphessobrycon pyrrhonotus E 23 Hyphessobrycon rosaceus E 3; 4; 9; 13 Hyphessobrycon roseus E 16, 21 Hyphessobrycon saizi E 1 Hyphessobrycon scholzei Hyphessobrycon simulatus E 16; 17; 18; 19; 21 Hyphessobrycon socolofi E 23 Hyphessobrycon stramineus Hyphessobrycon sweglesi E 1 Hyphessobrycon takasei E 21; 43 Hyphessobrycon tropis E 1; 23 Jupiaba abramoides E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 Jupiaba anteroides AD Jupiaba atypindi E 23 Jupiaba essequibensis E 3; 4 Jupiaba keithi E 16; 17; 18; 19; 20; 21 Jupiaba maroniensis E 16; 17; 18; 19; 20; 21 Jupiaba meunieri E 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Jupiaba mucronata E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9 Jupiaba ocellata AD AD AD 90 Jupiaba pinnata E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16 Jupiaba poekotero E 23 Jupiaba polylepis AD Táxon Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Jupiaba potaroensis E 3; 4 Jupiaba scologaster E 1; 23 Jupiaba zonata AD Knodus breviceps AD Knodus heteresthes AD Knodus meridae E 1 Knodus tiquiensis E 23 Leptobrycon jatuaranae AD Markiana geayi E 1 Microschemobrycon callops E 3; 23; 35 Microschemobrycon casiquiare AD Microschemobrycon geisleri AD Microschemobrycon melanotus E 3; 4; 23 Microschemobrycon meyburgi E 24 Moenkhausia affinis E 23 Moenkhausia barbouri Moenkhausia browni E Moenkhausia ceros AD Moenkhausia chrysargyrea AD Moenkhausia collettii AD Moenkhausia comma AD Moenkhausia copei AD Moenkhausia cotinho AD Moenkhausia dichroura AD Moenkhausia diktyota E Moenkhausia doceana AD Moenkhausia eigenmanni AD E 1; 3; 4 23 1 91 Moenkhausia georgiae E Moenkhausia gracilima AD Moenkhausia grandisquamis AD Moenkhausia hemigrammoides Moenkhausia icae Táxon E 1; 9; 16; 17; 18; 19; 21 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 24 AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 16; 19 Moenkhausia inrai Moenkhausia intermedia AD Moenkhausia jamesi AD Moenkhausia justae AD Moenkhausia lata AD Moenkhausia lepidura AD Moenkhausia megalops AD Moenkhausia melogramma AD Moenkhausia metae E 1 Moenkhausia miangi E 1; 24 Moenkhausia moisae E 16; 17 Moenkhausia oligolepis Moenkhausia pittieri E 1 Moenkhausia rara E 16 Moenkhausia shideleri E 3 Moenkhausia simulata AD Moenkhausia surinamensis Moenkhausia takasei AD Moenkhausia tridentata AD Othonocheirodus sp. AD Paracheirodon axelrodi E 1; 23 Paracheirodon simulans E 1; 23 Paragoniates alburnus AD Parapristella aubynei E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9 Parapristella georgiae E 1 Petitella georgiae AD AD E 13; 18; 19; 21 92 Prionobrama filigera AD Prionobrama nattereri AD Pristella maxillaris AD Rhinobrycon negrensis E Roeboexodon geryi AD Roeboexodon guyanensis AD Distribuição geográfica Táxon 23 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Salminus hilarii AD Salminus iquitensis AD Scissor macrocephalus AD Serrabrycon magoi E Stichonodon insignis AD Thayeria ifati Thayeria obliqua Thrissobrycon pectinifer E 1; 23 Tucanoichthys tucano E 23 Tyttobrycon xeruini E 24 Xenagoniates bondi AD E 1; 23 16; 19 AD ACESTRORHYNCHIDAE Acestrorhynchus altus AD Acestrorhynchus apurensis Acestrorhynchus falcatus AD Acestrorhynchus falcirostris AD Acestrorhynchus grandoculis E Acestrorhynchus heterolepis AD Acestrorhynchus maculipinna AD Acestrorhynchus microlepis AD Acestrorhynchus minimus AD Acestrorhynchus nasutus AD gibbus AD E CYNODONTIDAE Cynodon 1 1; 23 93 Cynodon meionactis E Cynodon septenarius AD Hydrolycus armatus AD Hydrolycus scomberoides AD Hydrolycus tatauaia AD Hydrolycus wallacei E Rhaphiodon vulpinus AD Roestes ogilviei AD Distribuição geográfica Táxon 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 1; 23 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas ERYTHRINIDAE Erythrinus erythrinus AD Hoplerythrinus gronovii Hoplerythrinus unitaeniatus AD Hoplias aimara AD Hoplias curupira AD Hoplias macrophthalmus AD Hoplias malabaricus AD Hoplias patana E Copeina guttata AD Copella arnoldi AD Copella carsevennensis E 16; 17; 18; 19; 20; 21 Copella compta E 1; 23 Copella eigenmanni AD Copella meinkeni AD Copella metae Copella nattereri AD Copella nigrofasciata AD Derhamia hoffmannorum Lebiasina erythrinoides AD Lebiasina provenzanoi E 1 Lebiasina taphorni E 1 E 18 18 LEBIASINIDAE E E 1; 23 2 94 Lebiasina uruyensis E 1 Lebiasina yuruaniensis E 1 Nannostomus anduzei E 1; 23 Nannostomus beckfordi AD Nannostomus bifasciatus Nannostomus britskii AD Nannostomus digrammus AD Nannostomus eques AD Nannostomus espei E 1; 2 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 1; 5 Táxon E Nannostomus harrisoni Nannostomus limatus AD Nannostomus marginatus AD Nannostomus marilynae AD Nannostomus minimus Nannostomus trifasciatus AD Nannostomus unifasciatus AD Piabucina pleurotaenia AD Piabucina unitaeniata Pyrrhulina australis AD Pyrrhulina brevis AD Pyrrhulina eleanorae AD Pyrrhulina filamentosa AD Pyrrhulina lugubris Pyrrhulina semifasciata Pyrrhulina stoli Pyrrhulina vittata AD Boulengerella cuvieri AD Boulengerella lateristriga Boulengerella lucius E E E 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 2; 3; 4 1; 3 1 AD E 1; 16 CTENOLUCIIDAE E AD 1; 23 95 Boulengerella maculata AD Boulengerella xyrekes AD carpio AD Bathycetopsis oliveirai AD Cetopsidium ferrerai E Cetopsidium minutum AD Cetopsidium morenoi E 1 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas CYPRINIFORMES CYPRINIDAE Cyprinus SILURIFORMES CETOPSIDAE Táxon 31 Cetopsidium orientale E 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Cetopsidium pemon E 1; 3; 24 Cetopsidium roae E 3; 4 Cetopsidium soniae E 24 Cetopsis candiru AD Cetopsis coecutiens AD Cetopsis oliveirai AD Cetopsis parma AD Cetopsis plumbea AD Cetopsis orinoco AD Cetopsis umbrosa E 1 Denticetopsis iwokrama E 3 Denticetopsis macilenta E 3; 4 Denticetopsis praecox E 23 Denticetopsis royeroi E 23 Denticetopsis sauli E 23 Denticetopsis seducta Helogenes castaneus Helogenes marmoratus Helogenes uruyensis AD E 1 AD E 1 96 Hemicetopsis candiru AD Pseudocetopsis macilenta Pseudocetopsis minuta Pseudocetopsis morenoi E 1 Pseudocetopsis orinoco E 1 Pseudocetopsis praecox E 23 Acanthobunocephalus nicoi E 1 Amaralia hypsiura AD Aspredinichthys filamentosus AD Aspredinichthys tibicen AD Aspredo aspredo AD E 3; 4 AD ASPREDINIDAE Táxon Distribuição geográfica Bunocephalus aleuropsis AD Bunocephalus amaurus AD Bunocephalus chamaizelus E Bunocephalus coracoideus AD Bunocephalus verrucosus AD Micromyzon akamai AD Ernstichthys anduzei E Hoplomyzon papillatus Hoplomyzon sexpapilostoma Micromyzon akamai AD Platystacus cotylephorus AD Pseudobunocephalus amazonicus AD Pseudobunocephalus bifidus AD Pseudobunocephalus lundbergi E Pterobunocephalus depressus AD Pterobunocephalus dolichurus AD Xyliphius lepturus AD Xyliphius melanopterus AD Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 3; 4 1 AD E 1 1 97 TRICHOMYCTERIDAE TRIDENTINAE Miuroglanis sp. AD Tridens melanops AD Tridensimilis brevis AD Tridensimilis venezuelae Tridentopsis pearsoni AD Ituglanis amazonicus AD Ituglanis gracilior E 3; 4 Ituglanis guayaberensis E 1 Ituglanis metae Ituglanis nebulosus Ituglanis parkoi E 1 TRICHOMYCTERINAE Táxon AD E AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 1 Trichomycterus arleoi Trichomycterus bogotensis Trichomycterus celsae E Trichomycterus conradi AD Trichomycterus dorsostriatum Trichomycterus emanueli Trichomycterus gabrieli Trichomycterus guianensis AD Trichomycterus hasemani AD Trichomycterus kneri AD Trichomycterus lewi E Trichomycterus meridae AD Trichomycterus migrans E Trichomycterus transandianum AD Trichomycterus venulosus AD annectens AD AD E 1 1 AD E STEGOPHILINAE Acanthopoma 19 23 1 1 98 Apomatoceros alleni AD Haemomaster venezuelae AD Henonemus macrops AD Henonemus punctatus AD Henonemus taxistigmus E 3; 4 Henonemus triacanthopomus E 1 Megalocentor echthrus AD Ochmacanthus alternus E Ochmacanthus flabelliferus Ochmacanthus orinoco Ochmacanthus reinhardti AD Ochmacanthus sp. AD Parastegophilus sp.2 AD Pareiodon microps AD Pseudostegophilus haemomyzon Táxon 1; 23 AD E 1; 23 E 1 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Pseudostegophilus nemurus AD Schultzichthys bondi AD Schultzichthys gracilis E Stegophilus panzeri AD Stegophilus septentrionalis E 1 1 VANDELLIINAE Paracanthopoma parva AD Paracanthopoma sp.2 E 24 Paracanthopoma sp.4 E 26 Paravandellia sp. AD Plectrochilus diabolicus AD Plectrochilus machadoi AD Vandellia beccarii E Vandellia cirrhosa AD Vandellia sanguinea AD 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9 99 Vandellia sp.5 Ammoglanis amapaensis Ammoglanis pulex AD E 37; 43 AD SARCOGLANIDINAE Sarcoglanis simplex E 23; 24 Stauroglanis goudingi E 23 Glanapteryx anguilla E 1; 23 Glanapteryx niobium E 23 Pygidianops cuao E 1 Pygidianops eigenmanni E 23 Pygidianops magoi E 1 Pygidianops sp.1 E 23 Pygidianops sp.2 E 24 Typhlobelus guacamaya E 1 Typhlobelus lundbergi E 1 Typhlobelus ternetzi E 23 GLANAPTERYGINAE Distribuição geográfica Táxon Bacias hidrográficas das espécies endêmicas CALLICHTHYIDAE Brochis splendens AD Callichthys callichthys AD Callichthys serralabium E 1; 23 Corydoras adolfoi E 23 Corydoras aeneus AD Corydoras agassizii AD Corydoras amandajanae E 23 Corydoras amapaensis E 21; 43 Corydoras approuaguensis E 19 Corydoras axelrodi E 1 Corydoras baderi AD Corydoras bicolor E Corydoras bifasciatus AD 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 100 Corydoras blochi Corydoras boehlkei E 1 Corydoras boesemani E 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 Corydoras bondi E 1; 3; 9; 24 Corydoras breei E 9 Corydoras brevirostris E 1; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 Corydoras burgessi E 23 Corydoras cervinus AD Corydoras concolor AD Corydoras condiscipulus E 21 Corydoras coppenamensis E 12 Corydoras crimmeni E 23; 24 Corydoras crypticus E 23 Corydoras davidsandsi Corydoras delphax E 1 Corydoras duplicareus E 23 Corydoras elegans Corydoras ephippifer Táxon AD AD AD E 43 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Corydoras eques AD Corydoras esperanzae Corydoras evelynae Corydoras filamentosus E 9 Corydoras geoffroy E 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Corydoras gracilis AD Corydoras griseus AD Corydoras guianensis E 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 37 Corydoras habrosus E 1 Corydoras hastatus AD Corydoras heteromorphus E 10; 12 Corydoras imitator E 23 E 1 AD 101 Corydoras incolicana Corydoras julii Corydoras kanei Corydoras leopardus AD Corydoras loxozonus E Corydoras melanistius E Corydoras melanotaenia E Corydoras melini AD Corydoras metae E 1 Corydoras nanus E 13; 16; 18 Corydoras napoensis Corydoras nijsseni E 23 Corydoras oiapoquensis E 21 Corydoras osteocarus E 1; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 Corydoras oxyrhynchus E 13 Corydoras parallelus E 23 Corydoras potaroensis E 3; 4 Corydoras punctatus E 13; 18 Corydoras rabauti AD Corydoras reticulatus AD Táxon E 23 AD E 23; 24 1 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11 ; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 1 AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Corydoras robineae E 23 Corydoras sanchesi E 13 Corydoras saramaccensis E 13 Corydoras septentrionalis E 1 Corydoras serratus E 23 Corydoras simulatus E 1 Corydoras sipaliwini E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 Corydoras sodalis Corydoras solox E 21 Corydoras spilurus E 13; 19 AD 102 Corydoras surinamensis E Corydoras trilineatus Corydoras tukano Dianema longibarbis AD Dianema urostriatum AD Hoplosternum littorale AD Megalechis personata AD Megalechis picta AD Megalechis thoracata AD 12 AD E 23 SCOLOPLACIDAE Scoloplax dicra Scoloplax dolicholophia Scoloplax empousa AD E 23 AD ASTROBLEPIDAE Astroblepus chotae AD Astroblepus frenatus AD Astroblepus latidens AD Astroblepus mariae E 1 Astroblepus marmoratus E 1 Astroblepus micrescens E 1 Astroblepus nicefori AD Lithogenes valencia E 1 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Táxon LORICARIIDAE LORICARIINAE Apistoloricaria laani E 1 Apistoloricaria listrorhinos E 1 Crossoloricaria cephalaspi AD LITHOGENEINAE Lithogenes villosus E 3; 4 Lithogenes wahari E 1 103 NEOPLECOSTOMINAE Neoplecostomus granosus AD HYPOPTOPOMATINAE Acestridium colombiense E 1 Acestridium dichromum E 1; 23 Acestridium discus E 23 Acestridium martini E 1; 23 Hypoptopoma guianense E 10 Hypoptopoma gulare AD Hypoptopoma joberti AD Hypoptopoma steindachneri AD Hypoptopoma thoracatum AD Nannoptopoma spectabile AD Nannoptopoma sternoptychum AD Niobichthys ferrarisi Otocinclus flexilis AD Otocinclus hoppei AD Otocinclus huaorani AD Otocinclus mariae AD Otocinclus mura AD Otocinclus vittatus AD Oxyropsis acutirostra Oxyropsis carinata AD Oxyropsis wrightiana AD E E Distribuição geográfica Táxon 23 1; 23 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Parotocinclus amazonensis AD Parotocinclus britskii E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 Parotocinclus collinsae E 3; 4 Parotocinclus eppleyi E 1 Parotocinclus longirostris AD Parotocinclus polyochrus E 23 Cteniloricaria fowleri E 21 104 Cteniloricaria maculata Cteniloricaria platystoma Dentectus barbarmatus Farlowella acus AD Farlowella amazona AD Farlowella colombiensis Farlowella gracilis AD Farlowella hasemani AD Farlowella mariaelenae AD Farlowella martini AD Farlowella nattereri AD Farlowella odontotumulus AD Farlowella oxyrryncha AD Farlowella platorhyncha AD Farlowella reticulata E 3; 4; 16; 21 Farlowella rugosa E 3; 4; 16; 21 Farlowella schreitmuelleri AD Farlowella venezuelensis E 1 Farlowella vittata E 1; 39 Furcodontichthys novaesi Harttia depressa E 26 Harttia guianensis E 18; 19 Harttia merevari E 1 Harttia surinamensis E 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Harttia trombetensis E 30; 31 Táxon E 9; 16 AD E 1 E 1 AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Harttia uatumensis E 26 Harttiella crassicauda E 16 Hemiodontichthys acipenserinus AD Lamontichthys filamentosus AD Lamontichthys llanero E 1 105 Limatulichthys griseus AD Limatulichthys petleyi AD Loricaria cataphracta AD Loricaria clavipinna AD Loricaria lundbergi E 23 Loricaria nickeriensis E 10; 16; 39 Loricaria parnahybae AD Loricaria pumila AD Loricaria simillima AD Loricaria spinulifera Loricariichthys acutus Loricariichthys brunneus E Loricariichthys maculatus AD Loricariichthys microdon E Loricariichthys nudirostris AD Metaloricaria nijsseni E 9; 10; 13 Metaloricaria paucidens E 16; 18; 21 Pseudohemiodon amazonus AD Pseudoloricaria laeviscula AD Reganella depressa AD Rineloricaria castroi E 31 Rineloricaria daraha E 23 Rineloricaria eigenmanni E 1 Rineloricaria fallax E 3; 4; 24 Rineloricaria formosa AD Rineloricaria hasemani AD Rineloricaria heteroptera AD E AD Distribuição geográfica Táxon 23 Rineloricaria konopickyi AD Rineloricaria lanceolata AD Rineloricaria melini AD Rineloricaria phoxocephala AD 1 3; 4 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 106 Rineloricaria platyura AD Rineloricaria stewarti E Rineloricaria teffeana AD Sturisoma monopelte E 3; 4 Sturisoma tenuirostre E 1 Aphanotorulus ammophilus E 1 Corymbophanes andersoni E 3; 4 Corymbophanes kaiei E 3; 4 Glyptoperichthys gibbiceps Hemipsilichthys regani E 23 Hypostomus argus E 1 Hypostomus carinatus Hypostomus coppenamensis E 12 Hypostomus corantijni E 9 Hypostomus crassicauda E 9 Hypostomus eptingi Hypostomus gymnorhynchus E Hypostomus hemicochliodon AD Hypostomus hemiurus E Hypostomus hoplonites AD Hypostomus macrophthalmus E 9 Hypostomus macushi E 3; 4; 23 Hypostomus micromaculatus E 13 Hypostomus nematopterus E 21 Hypostomus niceforoi Hypostomus nickeriensis E 10 Hypostomus occidentalis E 13 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 24 HYPOSTOMINAE Táxon Hypostomus pagei Hypostomus paucimaculatus AD AD AD 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9 AD AD E 13 107 Hypostomus pyrineusi AD Hypostomus plecostomoides AD Hypostomus plecostomus AD Hypostomus pseudohemiurus Hypostomus pusarum AD Hypostomus rhantos E 1 Hypostomus saramaccensis E 13 Hypostomus sculpodon E 1; 23 Hypostomus sipaliwini E 9 Hypostomus simios E 43 Hypostomus surinamensis E 13 Hypostomus tapanahoniensis E 16 Hypostomus taphorni E 2; 3; 4; 23 Hypostomus ventromaculatus E 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Hypostomus waiampi E 43 Hypostomus watwata AD Hypostomus winzi AD Liposarcus multiradiatus Liposarcus pardalis Pareiorhaphis regani Pterygoplichthys gibbiceps AD Pterygoplichthys joselimaianus AD Pterygoplichthys multiradiatus AD Pterygoplichthys undecimalis AD Pseudorinelepis genibarbis AD Squaliforma emarginata AD Squaliforma scopularia AD Squaliforma squalina E 1; 3; 4; 23; 24 Squaliforma tenuis E 13 Squaliforma villarsi AD Táxon ANCISTRINAE E E 9 1 AD E Distribuição geográfica 23 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 108 Acanthicus adonis AD Acanthicus hystrix AD Ancistrus brevifilis AD Ancistrus dolichopterus AD Ancistrus dubius AD Ancistrus fulvus AD Ancistrus gymnorhynchus Ancistrus hoplogenys AD Ancistrus latifrons AD Ancistrus leucostictus E Ancistrus lithurgicus E 3; 4 Ancistrus macrophthalmus E 1 Ancistrus maculatus AD Ancistrus nudiceps E 24 Ancistrus temminckii E 13; 16 Ancistrus triradiatus AD Baryancistrus beggini E 1 Baryancistrus demantoides E 1 Baryancistrus niveatus AD Chaetostoma anomalum AD Chaetostoma dorsale E Chaetostoma dupouii AD Chaetostoma jegui E Chaetostoma milesi AD Chaetostoma nudirostre AD Chaetostoma stannii AD Chaetostoma vasquezi E 1 Chaetostoma venezuelae E 1 Chaetostoma yurubiense AD Cordylancistrus torbesensis E Dekeyseria amazonica AD E 1 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 1 24 1 13; 109 Táxon Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Dekeyseria brachyura E 23 Dekeyseria niveata E 1 Dekeyseria picta E 23 Dekeyseria pulchra E 1; 23 Dekeyseria scaphirhyncha AD Dolichancistrus fuesslii AD Dolichancistrus pediculatus E 1 Exastilithoxus fimbriatus E 1 Exastilithoxus hoedemani E 23 Hemiancistrus guahiborum E 1 Hemiancistrus macrops AD Hemiancistrus medians E 16 Hemiancistrus megacephalus E 3; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 Hemiancistrus subviridis E 1 Hypancistrus contradens E 1 Hypancistrus debilittera E 1 Hypancistrus furunculus E 1 Hypancistrus inspector E 1; 23 Hypancistrus lunaorum E 1 Lasiancistrus mystacinus Lasiancistrus nationi Lasiancistrus schomburgkii AD Lasiancistrus tentaculatus AD Leporacanthicus galaxias AD Leporacanthicus triactis E 1 Lithoxus boujardi E 19; 21 Lithoxus bovallii E 23 Lithoxus jantjae E 1 Lithoxus lithoides E 3; 4; 9 Lithoxus pallidimaculatus E 13 AD E 1 110 Lithoxus planquettei E 16; 17; 18; 19; 20; 21 Lithoxus stocki E 16; 17 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Táxon Lithoxus surinamensis E 13 Neblinichthys pilosus E 23 Neblinichthys roraima E 1 Neblinichthys yaravi E 1 Panaqolus maccus E 1 Panaque nigrolineatus AD Parancistrus sp. AD Peckoltia braueri E 23; 24 Peckoltia caenosa E 1 Peckoltia cavatica E 3; 4 Peckoltia filicaudata Peckoltia lineola Peckoltia multispinis AD Peckoltia oligospila AD Peckoltia sabaji Peckoltia vermiculata AD Peckoltia vittata AD Peckoltia yaravi E Pseudacanthicus barbatus Pseudacanthicus fordii E Pseudacanthicus histrix AD Pseudacanthicus leopardus E 3; 4 Pseudacanthicus serratus E 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Pseudacanthicus spinosus AD Pseudancistrus barbatus E 3; 4; 9; 13; 16; 17; 21 Pseudancistrus brevispinis E 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Pseudancistrus coquenani E 1 Pseudancistrus corantijniensis E 9 AD E E 1 1; 3; 23; 24 1 AD 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 111 Pseudancistrus depressus E 12; 13 Pseudancistrus guentheri E 3 Pseudancistrus longispinis E 21 Pseudancistrus niger E 21 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Táxon Pseudancistrus nigrescens E 3; 4 Pseudancistrus orinoco E 1 Pseudancistrus pectegenitor E 1 Pseudancistrus reus E 1 Pseudancistrus sidereus E 1 Pseudancistrus yekuana E 1 Pseudolithoxus anthrax AD Pseudolithoxus dumus E 1; 23 Pseudolithoxus nicoi E 23 Pseudolithoxus tigris E 1 Scobinancistrus aureatus AD Batrochoglanis raninus AD Batrochoglanis villosus AD Cephalosilurus albomarginatus E 3 Cephalosilurus apurensis E 1 Cephalosilurus nigricaudus E 9 Microglanis iheringi AD Microglanis poecilus E Microglanis secundus AD Pseudopimelodus bufonius AD Brachyglanis frenatus E 1; 3; 4; 23; 29 Brachyglanis magoi E 1 Brachyglanis melas E 3; 4 Brachyglanis microphthalmus E 31 Brachyglanis nocturnus E 23 1; 3; 4 HEPTAPTERIDAE 112 Brachyglanis phalacra E 3; 4 Brachyrhamdia heteropleura E 3; 4; 9; 23 Brachyrhamdia imitator E 1 Brachyrhamdia meesi Brachyrhamdia rambarrani E 23 Cetopsorhamdia insidiosa E 24 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Táxon AD Cetopsorhamdia molinae AD Cetopsorhamdia orinoco AD Cetopsorhamdia picklei AD Chasmocranus brevior E 3; 16; 17; 21; 22; 38; 39; 4142; 43 Chasmocranus chimantanus E 1 Chasmocranus longior AD Chasmocranus rosae E 1 Chasmocranus surinamensis E 13 Gladioglanis machadoi E 1; 23 Goeldiella eques Heptapterus bleekeri E 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43 Heptapterus tapanahoniensis E 16; 18 Horiomyzon retropinnatus AD Imparfinis hasemani AD Imparfinis microps Imparfinis nemacheir Imparfinis pijpersi E 9 Imparfinis pristos E 1; 23 Imparfinis pseudonemacheir AD Leptorhamdia essequibensis AD Leptorhamdia marmorata Mastiglanis asopos Myoglanis aspredinoides E 1 Myoglanis potaroensis E 3; 4 AD E 1 AD E 1; 23 AD 113 Nemuroglanis mariai E 1 Nemuroglanis pauciradiatus E 1; 23; 29 Phenacorhamdia anisura E 1 Phenacorhamdia macarenensis E 1 Phenacorhamdia provenzanoi E 1 Phenacorhamdia taphorni E 1 Phenacorhamdia tenuis E 1; 16 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Táxon Phreatobius cisternarum AD Pimelodella altipinnis E 3; 4 Pimelodella breviceps E 23 Pimelodella cristata AD Pimelodella cruxenti E 1 Pimelodella figueroai E 1 Pimelodella geryi E 16 Pimelodella gracilis AD Pimelodella linami E 1 Pimelodella macturki E 9; 10; 15; 16; 19 Pimelodella martinezi E 1 Pimelodella megalops E 3; 4; 19 Pimelodella metae E 1 Pimelodella pallida E 1 Pimelodella procera E 16 Pimelodella steindachneri Pimelodella tapatapae E 1 Pimelodella wesselii E 3; 4 Rhamdella leptosoma E 3; 4 Rhamdia foina AD Rhamdia laukidi AD Rhamdia muelleri AD Rhamdia quelen AD AD 114 Rhamdia schomburgkii AD Aguarunichthys inpai AD Brachyplatystoma capapretum AD Brachyplatystoma filamentosum AD Brachyplatystoma hypophthalmus AD Brachyplatystoma juruense AD Brachyplatystoma goeldii AD Brachyplatystoma juruense AD PIMELODIDAE Distribuição geográfica Táxon Brachyplatystoma platynemum AD Brachyplatystoma rousseauxii AD Brachyplatystoma tigrinum AD Brachyplatystoma vaillantii AD Calophysus macropterus AD Cheirocerus eques AD Cheirocerus goeldii AD Duopalatinus peruanus AD Exallodontus aguanai AD Goslinia platynema AD Hemisorubim platyrhynchos AD Hypophthalmus edentatus AD Hypophthalmus fimbriatus AD Hypophthalmus marginatus AD Leiarius arekaima AD Leiarius marmoratus AD Leiarius pictus AD Megalonema amaxanthum AD Megalonema platycephalum AD Megalonema orixanthum Merodontotus tigrinis AD Phractocephalus hemioliopterus AD E Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 1 115 Pimelodina flavipinnis AD Pimelodus albofasciatus AD Pimelodus altissimus AD Pimelodus blochii AD Pimelodus garciabarrigai Pimelodus maculatus AD Pimelodus microstoma AD Pimelodus ornatus AD Pimelodus pictus AD Pinirampus pirinampu AD E Distribuição geográfica Táxon 1 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Platynematichthys notatus AD Platysilurus barbatus AD Platysilurus mucosus AD Platystomatichthys sturio AD Propimelodus caesius AD Propimelodus eigenmanni AD Pseudoplatystoma fasciatum AD Pseudoplatystoma metaense E 1 Pseudoplatystoma orinocoense E 1 Pseudoplatystoma tigrinum AD Sorubim elongatus AD Sorubim lima AD Sorubim maniradii AD Sorubimichthys planiceps AD Zungaro zungaro AD Ariopsis bonillai AD Arius phrygiatus AD Arius rugispinis AD Aspistor luniscutis AD ARIIDAE 116 Aspistor quadriscutis AD Bagre bagre AD Bagre marinus AD Bagre pinnimaculatus AD Cathorops agassizii AD Cathorops arenatus AD Cathorops laticeps AD Cathorops nuchalis AD Cathorops spixii AD Cathorops variolosus Hexanematichthys couma AD Hexanematichthys herzbergii AD E Distribuição geográfica Táxon 18 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Hexanematichthys parkeri AD Hexanematichthys passany AD Hexanematichthys proops AD Notarius grandicassis AD Sciades couma AD Sciades herzbergii AD Acanthodoras cataphractus AD Acanthodoras depressus AD Acanthodoras spinosissimus AD Agamyxis albomaculatus E Agamyxis pectinifrons AD Amblydoras affinis AD Amblydoras bolivarensis E 1 Amblydoras gonzalezi E 1 Anadoras regani Anduzedoras oxyrhynchus Astrodoras asterifrons AD Centrodoras brachiatus AD DORADIDAE 1 AD E 1; 23 117 Centrodoras hasemani E 23 Doras carinatus E 1; 3; 9; 16; 17; 18; 19; 21 Doras eigenmanni AD Doras higuchii AD Doras micropoeus E Doras phlyzakion AD Doras punctatus AD Hassar orestis AD Hemidoras morrisi AD Hemidoras stenopeltis AD Leptodoras acipenserinus AD Leptodoras cataniai Leptodoras copei E 1; 23 AD Distribuição geográfica Táxon 3; 4; 5; 7; 9; 16; 17 Leptodoras hasemani AD Leptodoras juruensis AD Leptodoras linnelli AD Leptodoras nelsoni E Leptodoras praelongus Leptodoras rogersae E Lithodoras dorsalis AD Megalodoras guayoensis Megalodoras uranoscopus AD Nemadoras elongatus AD Nemadoras hemipeltis AD Nemadoras humeralis AD Nemadoras leporhinus E Nemadoras trimaculatus AD Opsodoras boulengeri AD Opsodoras morei Opsodoras stuebelli Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 1 AD E E AD 1 1 1; 3; 4; 24 23 118 Opsodoras ternetzi Orinocodoras eigenmanni Oxydoras niger Oxydoras sifontesi E Physopyxis ananas AD Physopyxis cristata E Physopyxis lyra AD Platydoras armatulus AD Platydoras costatus AD Platydoras hancockii E Pterodoras granulosus AD Pterodoras lentiginosus AD Pterodoras rivasi E 1 Rhinodoras armbrusteri E 3; 4; 24 Rhinodoras boehlkei Táxon AD E 1 AD 1 23 1; 3; 4; 5; 23 AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Rhinodoras gallagheri E 1 Rhynchodoras castilloi E 1 Rhynchodoras woodsi AD Scorpiodoras heckelii AD Trachydoras brevis Trachydoras microstomus AD Trachydoras nattereri AD Trachydoras steindachneri AD Ageneiosus atronasus AD Ageneiosus inermis AD Ageneiosus magoi E Ageneiosus marmoratus Ageneiosus piperatus E 3; 4; 23 Ageneiosus polysticus E 23; 24 Ageneiosus ucayalensis E 3; 4; 23 AUCHENIPTERIDAE 1 AD AD 119 Ageneiosus vittatus AD Ageneiosus sp.1 AD Asterophysus batrachus Auchenipterichthys coracoideus AD Auchenipterichthys longimanus AD Auchenipterichthys punctatus AD Auchenipterichthys thoracatus AD Auchenipterus ambyiacus AD Auchenipterus brevior E Auchenipterus britskii AD Auchenipterus demerarae E 2; 3; 4; 5 Auchenipterus dentatus E 9; 13; 18; 21 Auchenipterus fordicei E 34 Auchenipterus nuchalis AD Auchenipterus osteomystax AD Centromochlus concolor E E Distribuição geográfica Táxon 1; 23 3; 4 12 Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Centromochlus existimatus AD Centromochlus heckelii AD Centromochlus macracanthus Centromochlus megalops AD Centromochlus punctatus AD Centromochlus reticulatus E 3; 4 Centromochlus romani E 1 Entomocorus gameroi E 1 Entomocorus melaphareus AD Epapterus blohmi AD Gelanoglanis nanonoctilocus E 1; 23 Gelanoglanis stroudi E 1 Glanidium leopardum E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Liosomadoras oncinus E 1; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 23 E 23 120 Parauchenipterus ceratophysus Parauchenipterus galeatus AD Parauchenipterus porosus AD Parauchenipterus sp.1 AD Pseudauchenipterus nodosus AD Pseudepapterus cucuhyensis AD Pseudepapterus gracilis Pseudepapterus hasemani AD Tatia aulopygia AD Tatia brunnea E Tatia creutzbergi AD Tatia dunni AD Tatia galaxias Tatia gyrina AD Tatia intermedia AD Tatia meesi E 3; 4 Tatia musaica E 1 Tatia nigra E 26; 31 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 1 Táxon E E E 23; 31 1 13; 16; 18; 23 1 Tatia romani E Tatia strigata AD Tetranematichthys quadrifilis AD Tetranematichthys wallacei AD Trachelyichthys decaradiatus E 1; 3; 4 Trachelyichthys sp.1 E 23 Trachelyopterichthys anduzei E 1 Trachelyopterichthys taeniatus AD Trachelyopterus ceratophysus AD Trachelyopterus coriaceus AD Trachelyopterus galeatus AD Trachycorystes obscurus E Trachycorystes trachycorystes AD 3; 4 121 GYMNOTIFORMES GYMNOTIDAE Electrophorus electricus AD Gymnotus anguillaris AD Gymnotus carapo AD Gymnotus cataniapo AD Gymnotus coatesi AD Gymnotus coropinae AD Gymnotus javari AD Gymnotus jonasi AD Gymnotus pedanopterus AD Gymnotus stenoleucus Gymnotus tigre AD Archolaemus blax AD Distocyclus conirostris AD Eigenmannia humboldtii AD Eigenmannia limbata AD Eigenmannia macrops AD E 1 STERNOPYGIDAE Distribuição geográfica Táxon Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Eigenmannia nigra AD Eigenmannia virescens AD Rhabdolichops caviceps AD Rhabdolichops eastwardi AD Rhabdolichops electrogrammus E 1; 23; 24 Rhabdolichops jegui E 16 Rhabdolichops nigrimans AD Rhabdolichops stewarti AD Rhabdolichops troscheli AD Rhabdolichops zareti E 1 Sternopygus astrabes E 1; 23 122 Sternopygus branco AD Sternopygus castroi E Sternopygus macrurus AD Sternopygus obtusirostris AD Gymnorhamphichthys hypostomus AD Gymnorhamphichthys rondoni AD Gymnorhamphichthys rosamariae E 23 Iracema caiana E 25 Rhamphichthys apurensis E 1 Rhamphichthys drepanium AD Rhamphichthys longior AD Rhamphichthys marmoratus AD Rhamphichthys rostratus AD Brachyhypopomus beebei AD Brachyhypopomus brevirostris AD Brachyhypopomus bullocki E 1; 23; 24 Brachyhypopomus diazi E 1 Brachyhypopomus occidentalis AD Brachyhypopomus pinnicaudatus AD 27 RHAMPHICHTHYIDAE HYPOPOMIDAE Distribuição geográfica Táxon Hypopomus artedi AD Hypopygus lepturus AD Hypopygus neblinae AD Microsternarchus bilineatus AD Racenisia fimbriipinna Steatogenys duidae AD Steatogenys elegans AD Stegostenopos cryptogenes E E APTERONOTIDAE Adontosternarchus balaenops AD Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 1; 23 1; 23; 27 123 Adontosternarchus clarkae Adontosternarchus devenanzii AD Adontosternarchus nebulosus AD Adontosternarchus sachsi Apteronotus albifrons AD Apteronotus apurensis E Apteronotus bonapartii AD Apteronotus galvisi Apteronotus leptorhynchus AD Apteronotus macrolepis AD Apteronotus macrostomus E 1 Apteronotus magoi E 1 Apteronotus rostratus AD Compsaraia compsus E Magosternarchus duccis AD Magosternarchus raptor AD Megadontognathus cuyuniense E Megadontognathus kaitukaensis AD Oedemognathus exodon AD Orthosternarchus tamandua AD Parapteronotus hasemani AD Pariosternarchus amazonensis AD Táxon E E E 23 1 1 1 1; 23 1; 2; 3; 4 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 24 Platyurosternarchus crypticus Platyurosternarchus macrostomus AD Porotergus gimbeli AD Porotergus gymnotus AD Sternarchella orthos E Sternarchella schotti AD Sternarchella sima AD Sternarchella terminalis AD 1 124 Sternarchogiton nattereri AD Sternarchogiton porcinum AD Sternarchorhamphus muelleri AD Sternarchorhynchus caboclo E Sternarchorhynchus curvirostris Sternarchorhynchus gnomus Sternarchorhynchus mormyrus AD Sternarchorhynchus oxyrhynchus AD Sternarchorhynchus roseni AD Sternarchorhynchus severii E 24 AD E 1 24 BATRACHOIDIFORMES BATRACHOIDIDAE Thalassophryne amazonica AD Atherinomorus stipes AD Hypoatherina harringtonensis AD Atherinella blackburni AD Atherinella brasiliensis AD Atherinella milleri AD Atherinella venezuelae AD Membras analis AD Odontesthes humensis AD ATHERINIFORMES ATHERINIDAE ATHERINOPSIDAE Distribuição geográfica Táxon Bacias hidrográficas das espécies endêmicas CYPRINODONTIFORMES RIVULIDAE Austrofundulus leohoignei AD Austrofundulus limnaeus AD Austrofundulus rupununi E 3; 4; 24 Austrofundulus transilis E 1 Gnatholebias hoignei E 1 125 Gnatholebias zonatus Kryptolebias campelloi AD Kryptolebias marmoratus AD Kryptolebias ocellatus AD Kryptolebias sepia E 16 Micromoema xiphophora E 1 Moema nudifrontata E 24 Moema pepotei AD Moema piriana AD Moema portugali Moema staecki AD Pterolebias bokermanni AD Pterolebias longipinnis AD Pterolebias hoignei E 1 Rachovia maculipinnis E 1 Rachovia stellifer E 1 Renova oscari E 1 Rivulus agilae E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21 Rivulus altivelis E 1 Rivulus amanapira E 23 Rivulus amphoreus E 13; 14; 15 Rivulus atratus Rivulus breviceps E Rivulus campelloi AD Rivulus caurae Táxon E 1 E 23 AD 3; 9; 24 E 1 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 16; 17; 18; 19; 20; 21 Rivulus cladophorus E Rivulus compressus AD Rivulus corpulentus E 1 Rivulus deltaphilus E 1 Rivulus dibaphus AD 126 Rivulus duckensis AD Rivulus elegans AD Rivulus frenatus E 3; 4 Rivulus gaucheri E 16 Rivulus geayi Rivulus gransabanae E 1 Rivulus holmiae E 3; 9; 24 Rivulus igneus E 16; 19; 20; 21; 22; 37; 43 Rivulus immaculatus E 2 Rivulus kirovskyi Rivulus lanceolatus E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9 Rivulus lungi E 16; 17; 18; 19; 20; 21 Rivulus limoncochae Rivulus lyricauda E 1 Rivulus mahdiaensis E 2; 3; 4 Rivulus mazaruni E 3; 4 Rivulus micropus AD Rivulus nicoi Rivulus ornatus AD Rivulus romeri E 23 Rivulus sape E 1 Rivulus stagnatus E 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16 Rivulus strigatus AD Rivulus tecminae E 1; 23 Rivulus tessellatus E 1 Rivulus torrenticola E 2 Rivulus uakti E 23 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 26 AD AD AD E Táxon Rivulus uatuman Rivulus urophthalmus Rivulus waimacui Rivulus xanthonotus 1 AD E AD 3 127 Rivulus xiphidius E 16; 19; 20; 21; 22; 37; 43 Terranatos dolichopterus E 1 CYPRINODONTIDAE Cyprinodon dearborni AD Fluviphylax obscurus E 1; 23 Fluviphylax palikur E 21 Fluviphylax pygmaeus AD Fluviphylax simplex AD Fluviphylax zonatus E Limia heterandria AD Micropoecilia branneri AD Micropoecilia bifurca AD Micropoecilia parae AD Micropoecilia picta AD Pamphorichthys minor AD Pamphorichthys scalpridens AD Poecilia dauli AD Poecilia reticulata AD Poecilia sphenops AD Poecilia vivipara AD Poeciliopsis gracilis AD Tomeurus gracilis AD Anableps anableps AD Anableps microlepis AD apodion AD POECILIIDAE 23 ANABLEPIDAE BELONIFORMES BELONIDAE Belonion Táxon Belonion dibranchodon Potamorrhaphis guianensis Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 1; 23 AD 128 Potamorrhaphis petersi E Pseudotylosurus microps AD Strongylura marina AD brederi AD 1; 23 HEMIRAMPHIDAE Hyporhamphus SYNGNATHIFORMES SYNGNATHIDAE Microphis lineatus AD Pseudophallus mindii AD Syngnathus scovelli AD SYNBRANCHIFORMES SYNBRANCHIDAE Synbranchus marmoratus Synbranchus sp.4 AD E 31 PERCIFORMES GERREIDAE Eugerres plumieri AD Eucinostomus argenteus AD Gobioides broussonnetii AD Gobioides cinereus AD Gobioides grahamae AD Cynoscion acoupa AD Cynoscion steindachneri AD Pachypops fourcroi AD Pachypops pigmaeus AD Pachypops trifilis AD Pachyurus calhamazon E Pachyurus gabrielensis AD Pachyurus junki AD SCIAENIDAE 24 129 Distribuição geográfica Táxon Pachyurus schomburgkii AD Petilipinnis grunniens AD Plagioscion auratus AD Plagioscion casattii E Plagioscion montei AD Plagioscion squamosissimus AD Plagioscion surinamensis AD Bacias hidrográficas das espécies endêmicas 1 POLYCENTRIDAE Monocirrhus polyacanthus AD Polycentrus schomburgkii AD Acarichthys heckelii AD Acaronia nassa AD Acaronia vultuosa E 1; 23; 39 Aequidens chimantanus E 1 Aequidens diadema E 1; 23 Aequidens duopunctatus AD Aequidens filamentosus AD Aequidens mauesanus AD Aequidens metae E Aequidens pallidus AD Aequidens paloemeuensis E 16 Aequidens potaroensis E 3; 4 Aequidens pulcher AD Aequidens tetramerus AD Aequidens tubicen E Apistogramma agassizi AD Apistogramma alacrina AD Apistogramma angayuara Apistogramma arua CICHLIDAE E AD 1 31 31 130 Apistogramma bitaeniata Táxon AD Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas E 23 Apistogramma brevis Apistogramma cacatuoides AD Apistogramma diplotaenia E 23 Apistogramma elizabethae E 23 Apistogramma geisleri E 31 Apistogramma gephyra E 23 Apistogramma gibbiceps E 23; 24 Apistogramma gossei E 19; 21; 22 Apistogramma guttata E 1 Apistogramma hippolytae Apistogramma hoignei E 1 Apistogramma hongsloi E 1 Apistogramma iniridae E 1 Apistogramma inornata E 1 Apistogramma macmasteri E 1 Apistogramma meinkeni E 23 Apistogramma mendezi E 23 Apistogramma ortmanni E 2; 3; 4; 9 Apistogramma paucisquamis E 23 Apistogramma personata E 23 Apistogramma pertensis AD Apistogramma regani E 23 Apistogramma rupununi E 3; 4; 24 Apistogramma salpinction E 31 Apistogramma steindachneri E 3; 4; 5; 6; 9; 16 Apistogramma uaupesi E 1; 23 Apistogramma velifera E 1 Apistogramma viejita E 1 Apistogramma wapisana E 24 Astronotus crassipinnis AD AD 131 Astronotus ocellatus AD Biotodoma cupido AD Táxon Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Biotodoma wavrini E 1; 23; 28 Biotoecus dicentrarchus E 1 Biotoecus opercularis Bujurquina mariae E Caquetaia kraussi AD Caquetaia spectabilis AD Chaetobranchopsis orbicularis AD Chaetobranchus flavescens AD Chaetobranchus semifasciatus AD Cichla intermedia E 1 Cichla jariina E 37 Cichla monoculus Cichla nigromaculata E 1; 23 Cichla ocellaris E 3; 4; 7; 9; 10; 13; 16; 24 Cichla orinocensis E 1; 23 Cichla pinima AD Cichla temensis AD Cichla thyrorus E 31 Cichla vazzoleri E 26; 31 Cichlasoma amazonarum AD Cichlasoma bimaculatum E 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 24 Cichlasoma orinocense E 1 Cichlasoma taenia AD Cleithracara maronii AD Crenicara punctulatum AD Crenicichla albopunctata E 4; 5; 19 Crenicichla alta E 1; 3; 4; 24 Crenicichla anthurus AD 1; 23 AD AD 132 Crenicichla cincta Crenicichla coppenamensis Crenicichla cyanonotus AD Crenicichla frenata AD Táxon AD E 12; 13 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Crenicichla geayi E 1 Crenicichla heckeli E 31 Crenicichla hummelincki E 31 Crenicichla inpa AD Crenicichla johanna AD Crenicichla lenticulata Crenicichla lucius Crenicichla lugubris Crenicichla macrophthalma Crenicichla multispinosa E 16; 17 Crenicichla nickeriensis E 9; 10 Crenicichla notophthalmus E 23 Crenicichla pydanielae E 31 Crenicichla regani E 31 Crenicichla reticulata AD Crenicichla saxatilis AD Crenicichla sipaliwini E Crenicichla strigata Crenicichla sveni E 1 Crenicichla ternetzi E 21 Crenicichla tigrina E 31 Crenicichla vaillanti E 3; 4; 17 Crenicichla virgatula E 24 Crenicichla zebrina E 1 Crenicichla wallacii E 1; 3; 4 Dicrossus filamentosus E 1; 23 Dicrossus glandicauda E 1 E 1; 23 AD E 1; 3; 9; 23; 24; 26 AD 9 AD 133 Dicrossus maculatus Geophagus abalios E Geophagus altifrons AD Geophagus brachybranchus E 9; 10 Geophagus brokopondo E 13 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Táxon AD 1 Geophagus camopiensis E 19; 21; 22; 43 Geophagus dicrozoster E 1; 23 Geophagus gottwaldi E 1 Geophagus grammepareius E 1 Geophagus harreri E 16 Geophagus proximus Geophagus surinamensis E 13; 16; 40 Geophagus taeniopareius E 1 Geophagus winemilleri E 1; 23 Guianacara cuyunii E 2; 3; 4 Guianacara geayi E 19; 21; 24; 31 Guianacara oelemariensis E 16 Guianacara owroewefi E 12; 13; 16 Guianacara sphenozona E 3; 4; 9 Guianacara stergiosi E 1 Heros efasciatus Heros notatus E 23 Heros severus E 1; 22; 23 Hoplarchus psittacus AD Hypselecara coryphaenoides AD Hypselecara temporalis AD Krobia guianensis E Krobia itanyi E Laetacara curviceps AD Laetacara fulvipinnis E AD AD 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 21 16 1; 23 134 Laetacara thayeri Mazarunia mazarunii Mesonauta acora Mesonauta egregius E Mesonauta festivus AD Mesonauta guyanae E 3; 4; 23 Mesonauta insignis E 1; 23 Distribuição geográfica Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Táxon AD E 2 AD 1 Mikrogeophagus ramirezi E 1 Nannacara adoketa E 23 Nannacara anomala E Nannacara aureocephalus E 19 Nannacara bimaculata E 3; 4 Nannacara quadrispinae E 1 Nannacara taenia AD Pterophyllum altum E Pterophyllum leopoldi AD Pterophyllum scalare AD Retroculus septentrionalis Satanoperca acuticeps Satanoperca daemon E Satanoperca jurupari AD Satanoperca leucosticta Satanoperca lilith Satanoperca mapiritensis Symphysodon aequifasciatus AD Symphysodon discus AD Taeniacara candidi AD Uaru amphiacanthoides AD Uaru fernandezyepezi E monticola 1; 23 21; 43 AD E 1; 23 1; 3; 4; 10 AD E E MUGILIDAE Agonostomus 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16 AD 1 1 135 Mugil liza AD guavina AD Awaous banana AD Awaous flavus AD Ctenogobius claytonii AD ELEOTRIDAE ELEOTRINAE Guavina GOBIIDAE Distribuição geográfica Táxon Bacias hidrográficas das espécies endêmicas Ctenogobius shufeldti AD Ctenogobius thoropsis AD Dormitator lophocephalus Dormitator maculatus AD Eleotris amplyopsis AD Eleotris pisonis AD Gobioides broussonnetii AD Gobioides grahamae AD Gobiomorus dormitor AD Evorthodus lyricus AD Microphilypnus amazonicus E 1; 23 Microphilypnus macrostoma E 23 Microphilypnus ternetzi E 1 Sicydium punctatum E 13 AD PLEURONECTIFORMES ACHIRIDAE Achiropsis nattereri AD Achirus achirus AD Achirus novoae E Apionichthys dumerili AD Apionichthys menezesi AD Apionichthys sauli E 1 1 136 Hypoclinemus mentalis AD Soleonasus finis AD Trinectes maculatus AD TETRAODONTIFORMES TETRAODONTIDAE Colomesus asellus AD Colomesus psittacus AD LEPIDOSIRENIFORMES LEPIDOSIRENIDAE Lepidosiren paradoxa AD