Como melhorar o desempenho das pessoas em Redes de Franquias e Varejo O que diferencia as empresas de resultados excelentes de uma empresa de resultados apenas satisfatórios? Esta discussão é longa e as explicações podem variar, mas ao analisar com mais profundidade, percebemos que, de alguma forma, este ponto está ligado ao desempenho das pessoas. Por isso o tema é relevante e neste artigo vamos explorar como as redes de franquias e varejo podem fazer para alcançar este objetivo. O primeiro passo é entender se as pessoas tem aptidão e perfil para suas respectivas funções, ou seja, deve-se verificar se os vendedores gostam de lidar com gente, se o caixa da loja é organizado e simpático (sim, caixas tem que ser simpáticos! São parte importante da experiência de compra), se o estoquista gosta de organização e assim por diante. Este ponto é básico e a chave de seu sucesso é estruturar um bom processo de seleção de talentos, com o auxílio de roteiros de entrevistas por competências e testes de análise de perfil. O pior que pode acontecer é ter uma pessoa que não gosta do que faz executando alguma função na sua rede, o resultado certamente será ruim. O segundo passo é cuidar para que cada pessoa possua as competências necessárias para executar bem suas tarefas. Se a pessoa exerce a função de gerente de loja, deve dominar a tarefa de analisar o resultado da loja e dos vendedores individualmente e saber como fazer para premiar o bom desempenho e como recuperar um desempenho aquém do esperado, por meio de reuniões de análise das vendas e roteiros de feedback estruturados. Este ponto deve ser endereçado pelas redes de franquias e varejo por meio de programas estruturados de capacitação das pessoas, estejam elas nas unidades ou atendendo as unidades. A tendência neste passo são as universidades corporativas de varejo, que são programas estruturados de cursos que são colocados à disposição da rede com grade anual, já previamente planejado e orçado para que toda a rede possa participar e todos os empresários possam se preparar e ter sua equipe preparada. O grande diferencial desta abordagem é o alinhamento de todos os cursos com a estratégia da marca e o compromisso de desenvolver as competências necessárias nas várias funções para se diferenciar no mercado, o que em termos práticos se traduz em atrair o cliente para a sua unidade (ou para as unidades da sua rede), atende-lo muito bem e, assim, fideliza-lo. As iniciativas mais realizadas hoje no mercado são as Academias de Vendas, de Liderança e de Gestão. O terceiro passo, e certamente o mais importante e difícil deles, é promover ações para que as pessoas tenham atitude proativa, não se conformem com resultados medianos e procurem elas mesmas melhorar suas competências e seu desempenho (autodesenvolvimento), e que sejam guardiãs dos valores e da cultura da empresa, vivenciando-os no seu dia a dia de trabalho. Tarefa desafiadora, mas se bem executada tem o poder de potencializar muito o desempenho das pessoas. Afinal, não basta as pessoas saberem o que fazer e como fazer as tarefas, elas devem QUERER fazer da forma correta. Esta combinação de “querer e poder” é a chave para o desempenho superior e sustentável das pessoas. Para trabalhar este passo é necessário conhecer com profundidade como funciona o ser humano. É preciso saber que as crenças intimamente arraigadas nas pessoas definem suas atitudes, e são suas atitudes que provocam os resultados obtidos pelas pessoas. Se as crenças são equivocadas (exemplo: o cliente é chato, ou o produto que vendo é ruim), as atitudes serão negativas e os resultados podem ser catastróficos, tanto para a unidade quanto para a marca. Mas se as crenças são corretas (o cliente deve ser bem tratado, meu produto tem diferenciais, posso me desenvolver nesta empresa), as atitudes serão positivas e os resultados certamente serão positivos e superiores. É por isso que acreditamos que é difícil trabalhar este passo de mudar as atitudes das pessoas, mas também acreditamos que ele será o grande diferencial das marcas que serão referência no mercado. Para realizar esta tarefa, é preciso trabalhar fortemente dois aspectos. Primeiro é preciso ser incansável nas ações de explicação e disseminação da cultura da empresa, de quais são os pilares que sustentam a marca e o negócio, e quais os comportamentos básicos que são esperados de TODAS as pessoas. Por isso, é claro que a premissa é que estes pilares existam, caso contrário o primeiro passo é cria-los. Durante estas ações de disseminação da cultura, é importante também que se adeque a linguagem ao público, preocupando-se em como as pessoas irão entender determinado valor ou pilar da marca no seu dia a dia, seja o vendedor, o estoquista, o consultor de campo & negócios, o empresário, etc. Afinal o objetivo é gerar ATITUDES POSITIVAS de cada pessoa na execução das suas tarefas diárias. O segundo aspecto a ser trabalhado é a vivência destas crenças e valores. Isso pode ser realizado durante os cursos e capacitações realizados pela empresa. É importante que nestes momentos sejam exercitados exemplos práticos de situações de trabalho reais, e simular como as pessoas reagem nas diferentes situações em que são colocadas. Em termos práticos, como um vendedor reage a uma objeção do cliente, ou como o empresário reage a um cliente fazendo uma reclamação do produto. Esta simulação, que é feita na prática como um teatro com um roteiro pré-estabelecido para vivenciar um comportamento específico, deve ser amplamente processada pelos participantes do curso, pois é por meio da REFLEXÃO das pessoas que será gerado o melhor entendimento de como deve ser o COMPORTAMENTO naquela determinada situação. Nestes casos as dinâmicas de grupos e as simulações (role play) funcionam como excelentes ferramentas de apoio. A forma de processar os aprendizados que visam transformar (ou adequar um pouco pelo menos) as crenças e valores das pessoas é o Círculo de Aprendizado Vivencial (CAV) muito utilizado por facilitadores de treinamento altamente capacitados para conduzir grupos às mudanças de comportamento que se espera atingir. O quarto e último passo é instituir uma avaliação de desempenho periódica para as pessoas, para que seja possível medir o desempenho de cada um, possibilitando que seja feito um trabalho individualizado no sentido de melhorar seus resultados. Este trabalho pode ser diagnosticado como um problema de conhecimento a ser adquirido (SABER), habilidade prática de fazer algo (SABER FAZER) ou um comportamento a ser melhorado (QUERER FAZER), e as soluções devem ser igualmente personalizadas. Acreditamos que se os três primeiros passos foram implementados com sucesso, este passo é bem facilitado, pois trata-se apenas de medir o desvio, e pensar na correção de rota que deve ser feita com cada pessoa. Trabalhando no correto desenvolvimento e implementação destes quatro passos, as redes de franquias e varejo certamente darão um grande passo na direção de ter pessoas diferenciadas e, por consequência, obter resultados superiores e sustentáveis tanto nas unidades quanto na marca. Leonardo Marchi –Sócio-Diretor da Praxis Business