Estudo do comportamento do motor de indução trifásico sujeito a perturbações na qualidade da energia Por José António Ribeiro Gonçalves Dissertação submetida à UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obtenção do grau de MESTRE, em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, de acordo com o disposto no Decreto-lei 74/2006 de 24 de Março e no Regulamento de Estudos Pós-Graduados da UTAD (Deliberação n.º 2391/2007) Orientador: Professor Doutor José Manuel Ribeiro Baptista Co-Orientador: Professor Doutor Luís Miguel Pires Neves Orientação Científica: Professor Doutor José Manuel Ribeiro Baptista Professor Auxiliar do Departamento de Engenharias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Professor Doutor Luís Miguel Pires Neves Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto Politécnico de Leiria Colaboração Científica: Professor Filipe Tadeu Soares Oliveira Professor Equiparado a Assistente do 1º Triénio do Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto Politécnico de Leiria “Ninguém está proibido de fazer melhor do que eu”. Martinho Lutero “O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons”. Martin Luther King “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia Nele, e o mais Ele fará”. SALMOS 37:5 Estudo do comportamento do motor de indução trifásico sujeito a perturbações na qualidade da energia José António Ribeiro Gonçalves . Submetido na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para o preenchimento dos requisitos parciais para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Resumo – Vivemos actualmente numa sociedade cuja eficiência é contabilizada ao pormenor. Assim sendo a falta de eficiência das máquinas associadas aos mais diversos processos da industria traduzem-se num prejuízo cada vez mais contabilizado pelos industriais conscientes. Sendo os motores de indução um dos tipos de máquinas mais usados na industria tornase importante conhecer como estes reagem aos mais diversos tipos de perturbações na energia eléctrica. O presente trabalhos consistiu no desenvolvimento de um modelo teórico para simulação de perturbações de energia eléctrica, e validá-lo com ensaios laboratoriais sempre que possível. Para tal recorreu-se ao programa de simulação de transitórios electromagnéticos EMTP/ATP (Electromagnetic Transient Program) recorrendo ainda ao processador gráfico associado ATPdraw. Sobre o modelo desenvolvido pode-se facilmente implementar as mais diversas perturbações através da configuração da alimentação de energia. As perturbações a simular consistiram em variações de frequência, sobretensões, variação de tensão, desequilíbrios de tensão e harmónicos. Para cada um dos casos simulados apresenta-se as formas de onda da tensão e da corrente de alimentação bem como do binário, velocidade de rotação do motor e rendimento. Palavras chave: Motor assíncrono, Perturbações de energia eléctrica, ATP/EMTP e qualidade da energia eléctrica. I Study the behaviour of the three-phase induction motor submitted to disturbances in the quality of energy José António Ribeiro Gonçalves . Submitted at the University de Trás-os-Montes e Alto Douro for the partial fulfilment of the requirements for obtaining the degree of Master in Electrical and Computer Engineering Abstract – Today we live in a society whose efficiency is accounted in detail. Thus the lack machines efficiency of linked to the most diverse industry processes result in an injury increasingly accounted for industrials conscious. Since the induction motors are the most used machines in industry it becomes important to know how they react to many different types of disturbances in electricity. This work consist in a theoretical development model for disturbances simulation on energy, and it is validated with laboratory tests whenever possible. For this appealed to the ATPdraw program, which combines the capability of handling graphics processor with its transient electromagnetic motor called EMTP. Several disturbances type can be easily implemented, over the developed model, changing the power supply configuration. The disturbances consists in the frequency variations, overvoltages, voltage variations, voltage instability and harmonics. For each simulated case it is presented itself simulated ways to wave the voltage and current of power and torque, speed of the engine output and income. Keywords: induction motor, electrical energy disturbances, ATP/EMTP and electrical power quality III Agradecimentos: Agradeço a Deus pela Sua ajuda, pois foi Nele que encontrei força para prosseguir e não desistir nos não poucos momentos de dificuldade. Institucionalmente, os meus agradecimentos ao Magnífico Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Professor Doutor Mascarenhas Ferreira. Os meus agradecimentos ainda ao o Presidente do Politécnico de Leiria, Professor Doutor Luciano de Almeida, que proporcionou a realização deste trabalho em termos logísticos e de equipamento para desenvolvimento de testes. Ao Professor Doutor José Manuel Ribeiro Baptista, orientador deste trabalho, pelas suas sugestões, ideias e orientações que permitiram a sua realização. Ao Professor Doutor Luís Neves, na qualidade de co-orientador, pelo seu empenhamento, motivação, pelas noites sem dormir e discussões que viabilizaram e traçaram de forma significativa, o rumo deste trabalho. O meu apreço ainda pela sua amizade durante todos estes anos de relacionamento académico e pessoal. À minha esposa que muito me apoiou e prescindiu da estabilidade familiar para eu poder realizar este sonho, e aos meus pais pelo apoio e motivação. A todos o meu muito obrigado. UTAD, Leiria, José A.R. Gonçalves 30 de Maio, 2008 V Índice Agradecimentos:................................................................................................................................................... V Índice .................................................................................................................................................................. VII Índice de Figuras .................................................................................................................................................IX Índice de Tabela ..............................................................................................................................................XVII Lista de Acrónimos .......................................................................................................................................... XIX 1 Introdução........................................................................................................................................................... 1 1.1 Objectivos.......................................................................................................................................... 1 1.2 Organização da Tese......................................................................................................................... 2 2 Estado da Arte .................................................................................................................................................... 5 2.1 Qualidade de Energia........................................................................................................................ 6 2.1.1 Variação da Frequência ............................................................................................................. 7 2.1.2 Variação da Tensão.................................................................................................................. 10 2.1.3 Desequilíbrios das tensões de alimentação .............................................................................. 21 2.1.4 Interrupções da alimentação .................................................................................................... 27 2.1.5 Tensões harmónicas................................................................................................................. 27 2.1.6 Tensões inter-harmónicas ........................................................................................................ 41 3 Motor de indução ............................................................................................................................................. 43 3.1 Noções Históricas............................................................................................................................ 43 3.2 Classificação dos motores eléctricos .............................................................................................. 44 3.3 Modelo matemático da máquina de indução................................................................................... 50 3.3.1 Medição da resistência dos enrolamentos do estator ............................................................... 55 3.4 Ensaios para obtenção dos parâmetros do motor de indução ........................................................ 58 3.4.1 Ensaio em Vazio ...................................................................................................................... 58 3.4.2 Ensaio com o rotor bloqueado ................................................................................................. 60 3.5 Validação do modelo de simulação no software de simulação ATP/EMTP.................................... 63 3.5.1 Simulador de transitórios electromagnéticos - ATP/EMTP..................................................... 63 3.5.2 Desenvolvimento do modelo de simulação para o ATP/EMTP .............................................. 66 3.5.3 Teste de validação n.º1 ............................................................................................................ 68 3.5.4 Teste de validação n.º2 ............................................................................................................ 71 3.6 Ensaios laboratoriais para obtenção dos parâmetros do motor de indução................................... 74 VII 4 Simulações das perturbações no modelo teórico (ATPdraw)........................................................................85 4.1 Variações de Frequência .................................................................................................................88 4.1.1 Variação de frequência - 47 Hz, 3 fases ...................................................................................89 4.1.2 Variação de frequência - 57,5 Hz, 3 fases ................................................................................91 4.2 Sobretensões ....................................................................................................................................94 4.2.1 Sobretensão , 418V (10%), 3 fases...........................................................................................94 4.2.2 Sobretensão 437V (15%), 3 fases.............................................................................................96 4.3 Variação de Tensão .........................................................................................................................99 4.3.1 Variação de tensão, 330.4V (-15%) , 3 fases............................................................................99 4.4 Desequilíbrios Tensão....................................................................................................................102 4.4.2 Ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%) .......................................................................................107 4.5 Harmónicos....................................................................................................................................111 4.5.1 Ensaio A - 3.º H=20% ...........................................................................................................111 4.5.2 Ensaio C - 3.º H=20% ; 5.º H=10%.......................................................................................113 4.5.3 Ensaio G - 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%......116 4.6 Inter-Harmónicos...........................................................................................................................119 4.6.1 Ensaio H - 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3% ...............................................................119 5 Simulações das perturbações no motor de indução e análise de resultados ..............................................125 5.1 Sobretensões ..................................................................................................................................128 5.1.1 Sobretensão , 418V (10%), 3 fases.........................................................................................128 5.2 Variação de Tensão .......................................................................................................................130 5.2.1 Variação de tensão, 330.4V (-15%) , 3 fases..........................................................................130 5.3 Desequilíbrio tensão ......................................................................................................................133 5.3.1 Ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=-20%)...........................................................................................133 5.3.2 Ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=-10%) .......................................................................................135 5.3.3 Ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%) .......................................................................................137 5.4 - Análise de resultados...................................................................................................................140 6 - Conclusão e trabalho futuro ........................................................................................................................143 6.1 Perspectivas de trabalho futuro .....................................................................................................143 7 Bibliografia......................................................................................................................................................145 8 Anexos..............................................................................................................................................................149 8.1 Simulações implementadas ............................................................................................................149 8.1.1 Variação de Frequência ..........................................................................................................149 8.1.2 Desequilíbrio de Tensão.........................................................................................................153 8.1.3 Ensaio 1 (R=0%;S=0%;T=-10% ) - (R=380V;S=380V;T=345,5V ); ...................................153 8.1.4 Ensaio 2 (R=+20%;S=-10%;T=-10%) - (R=456V;S=345,5V;T=345,5V );...........................155 8.1.5 Harmónicos ............................................................................................................................157 VIII Índice de Figuras Figura 2-1 – Exemplo de variação de frequência de tensão..............................................8 Figura 2-2 – Exemplo de uma sobretensão .....................................................................12 Figura 2-3 – Exemplo de uma cava de tensão.................................................................15 Figura 2-4 – Exemplo de falhas na rede originadoras de cavas......................................16 Figura 2-5 – Porção de uma curva CBEMA usada no desenvolvimento de equipamento[3] ...............................................................................................................17 Figura 2-6 – Níveis de protecção a cavas de tensão........................................................18 Figura 2-7 – Exemplo de um desequilíbrio de tensão.....................................................21 Figura 2-8 – Sistema directo, inverso e homopolar ........................................................22 Figura 2-9 – Resposta pulsante de uma máquina indução quando desequilibrada .........25 Figura 2-10 – Resposta de um motor a um desequilíbrio de 5% ....................................26 Figura 2-11 – Decomposição de uma onda quadrada pelas séries de Fourier [9]...........28 Figura 2-12 – Envolvente da corrente de entrada que de¯ ne um equipamento como classe D ...........................................................................................................................31 Figura 2-13 – Corrente de neutro em circuitos com cargas monofásicas não lineares. ..33 Figura 2-14 – Exemplo de um expectro harmónico de um sinal ....................................33 Figura 2-15 – Diagrama das potências perante distorção ...............................................35 Figura 3-1 – Tipos de motores eléctricos........................................................................45 Figura 3-2 – Constituição do motor de indução. [14] .....................................................47 Figura 3-3 – Estator de um motor de indução.................................................................48 Figura 3-4 – Exemplos de rotor em gaiola de esquilo ....................................................48 Figura 3-5 – Exemplos de rotor bobinados .....................................................................49 Figura 3-6 – Circuito eléctrico equivalente por fase do motor de indução.....................50 Figura 3-7 – Distribuição típica das perdas no motor de indução...................................52 Figura 3-8 – Gráfico para obtenção das perdas de atrito e ventilação ............................53 Figura 3-9 – Medição dos enrolamentos ligados em estrela ...........................................56 Figura 3-10 – Medição dos enrolamentos ligados em triângulo .....................................57 Figura 3-11 – Transposição da ligação triângulo para estrela.........................................57 Figura 3-12 - Ligação eléctrica do Motor de indução para ensaio em vazio ..................58 IX Figura 3-13 – Circuito equivalente do motor de indução ............................................... 59 Figura 3-14 – Circuito equivalente parcialmente simplificado para ensaio em vazio .... 59 Figura 3-15 – Ligação eléctrica do motor de indução para ensaio de rotor bloqueado .. 60 Figura 3-16 – Circuito equivalente para rotor bloqueado ............................................... 61 Figura 3-17 – Estrutura geral do programa [12] ............................................................. 65 Figura 3-18 – Modelo de base simulado no ATP ........................................................... 67 Figura 3-19 – Representação das forças mecânicas do sistema...................................... 67 Figura 3-20 – Equivalente eléctrico de carga mecânica ................................................. 68 Figura 3-21 – Resposta esperada do motor para a situação de teste 1 ............................ 69 Figura 3-22 – Correntes de arranque para situação de teste 1 ........................................ 70 Figura 3-23 – Binário gerado para situação de teste 1.................................................... 70 Figura 3-24 – Velocidade do motor para situação de teste 1 .......................................... 71 Figura 3-25 – Correntes de arranque esperadas para a situação de teste 2 ..................... 72 Figura 3-26 – Velocidade esperada para a situação de teste 2........................................ 73 Figura 3-27 – Correntes de arranque para situação de teste 2 ........................................ 73 Figura 3-28 – Velocidade do motor para situação de teste 2 .......................................... 74 Figura 3-29 – Montagem para realização de ensaios...................................................... 75 Figura 3-30 – Gráfico delineador das perdas no ferro e perdas mecânicas .................... 76 Figura 3-31 – Esquema equivalente em estrela da máquina de indução ligada em triângulo .......................................................................................................................... 77 Figura 3-32 – Introdução de dados no ATPdraw relativos ao motor ensaiado............... 78 Figura 3-33 – Velocidade do motor para resitência do rotor 5,478Ω ............................. 79 Figura 3-34 – Velocidade do motor para resistência do rotor 7,5752Ω.......................... 79 Figura 3-35 – Correntes de armadura para funcionamento em vazio no ATPdraw ....... 80 Figura 3-36 – Evolução da velocidade no modelo teórico.............................................. 80 Figura 3-37 – Evolução da velocidade no motor real ..................................................... 81 Figura 3-38 – Motor de indução acoplado com controlador de carga ............................ 81 Figura 4-1 – Tensão de alimentação ............................................................................... 85 Figura 4-2 – Corrente de alimentação............................................................................. 86 Figura 4-3 – Binário gerado (2,25Nm) ........................................................................... 86 Figura 4-4 – Velocidade gerada (303,8rad/s – 2901rpm) ............................................... 86 Figura 4-5 - Rendimento do motor para funcionamento sem perturbações(86,99%).... 87 Figura 4-6 – Esquema da montagem para rede eléctrica sem perturbações ................... 87 X Figura 4-7 – Esquema da montagem para variações de frequência, sobretensões, variações de tensão e desequilíbrios de tensão ...............................................................88 Figura 4-8 – Tensão de alimentação, com variação de frequência para 47Hz................89 Figura 4-9 – Corrente de alimentação, com variação de frequência para 47Hz .............89 Figura 4-10 – Binário gerado (2,22Nm), com variação de frequência para 47Hz..........90 Figura 4-11 – Velocidade gerada com variação de frequência para 47Hz .....................90 Figura 4-12– Rendimento para variação de frequência para 47Hz (vista pormenor) .....90 Figura 4-13 – Tensão de alimentação, com variação de frequência para 57,5Hz...........91 Figura 4-14 – Corrente de alimentação, com variação de frequência para 57,5Hz ........91 Figura 4-15 – Binário gerado, com variação de frequência para 57,5Hz .......................92 Figura 4-16 – Velocidade gerada com variação de frequência para 57,5Hz ..................92 Figura 4-17 – Rendimento para variação de frequência para 57,5Hz (vista pormenor) .92 Figura 4-18 – Tensão de alimentação, com Sobretensão de 418V, aos 0,5s ..................94 Figura 4-19 – Corrente de alimentação, com Sobretensão de 418V, aos 0,5s................94 Figura 4-20 – Binário gerado, com Sobretensão de 418V, aos 0,5s ...............................95 Figura 4-21 – Velocidade gerada com Sobretensão de 418V, aos 0,5s ..........................95 Figura 4-22 – Rendimento para sobretensão de 418V ....................................................96 Figura 4-23 – Tensão de alimentação, com Sobretensão de 437V, aos 0,5s ..................96 Figura 4-24 – Corrente de alimentação, com Sobretensão de 437V, aos 0,5s................97 Figura 4-25 – Binário gerado, com Sobretensão de 437V, aos 0,5s ...............................97 Figura 4-26 – Velocidade gerada com Sobretensão de 437V, aos 0,5s ..........................98 Figura 4-27 – Rendimento para sobretensão de 437V ....................................................98 Figura 4-28 – Tensão de alimentação, com variação de tensão de 330,4V, aos 0,5s ...100 Figura 4-29 – Corrente de alimentação, com variação de tensão de 330,4V, aos 0,5s.100 Figura 4-30 – Binário gerado, com variação de tensão de 330,4V, aos 0,5s ................101 Figura 4-31 – Velocidade gerada, com variação de tensão de 330,4V, aos 0,5s ..........101 Figura 4-32 – Rendimento para variação de tensão de 330,4V (vista pormenor).........101 Figura 4-33 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=20%, aos 0,5s ................................................................................................................103 Figura 4-34 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=20%, aos 0,5s ................................................................................................................103 Figura 4-35 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-20%, aos 0,5s ................................................................................................................................104 XI Figura 4-36 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-20%, aos 0,5s.......................................................................................................................... 104 Figura 4-37 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-20%, aos 0,5s ....................................................................................................................................... 104 Figura 4-38 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=10%, aos 0,5s ................................................................................................................ 105 Figura 4-39 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=10%, aos 0,5s ................................................................................................................ 105 Figura 4-40 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s ................................................................................................................................ 106 Figura 4-41 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s.......................................................................................................................... 106 Figura 4-42 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s ................................................................................................................................ 107 Figura 4-43 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=20%, aos 0,5s ................................................................................................................ 107 Figura 4-44 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=20%, aos 0,5s ................................................................................................................ 108 Figura 4-45 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=-20%, aos 0,5s ................................................................................................................................ 108 Figura 4-46 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=-20%, aos 0,5s.......................................................................................................................... 109 Figura 4-47 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=-20%, aos 0,5s ................................................................................................................................ 109 Figura 4-48 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% , aos 0,5s ........... 111 Figura 4-49 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20%, aos 0,5s.......... 112 Figura 4-50 – Binário gerado, com Harmónicos 3.º H=20%, aos 0,5s ......................... 112 Figura 4-51 – Velocidade gerada, com Harmónicos 3.º H=20%, aos 0,5s ................... 113 Figura 4-52 – Rendimento, com Harmónicos 3.º H=20%, aos 0,5s ............................ 113 Figura 4-53 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% , aos 0,5s ................................................................................................................................ 114 Figura 4-54 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10%, aos 0,5s ................................................................................................................................ 114 XII Figura 4-55 – Binário gerado, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10%, aos 0,5s ....115 Figura 4-56 – Velocidade gerada, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10%, aos 0,5s .......................................................................................................................................115 Figura 4-57 – Rendimento, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10%, aos 0,5s.........116 Figura 4-58 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s...............................................116 Figura 4-59 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s...............................................117 Figura 4-60 – Binário gerado, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s ............................................................117 Figura 4-61 – Velocidade gerada, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s ..........................................................118 Figura 4-62 – Rendimento, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s....................................................................118 Figura 4-63 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s..........................................................................................................119 Figura 4-64 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s..........................................................................................................119 Figura 4-65 – Binário gerado, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s..........................................................................................................................120 Figura 4-66 – Velocidade gerada, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s ..................................................................................................................120 Figura 4-67 – Rendimento, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s..........................................................................................................................121 Figura 5-1 – Tensão de alimentação para regime nominal, 380V ................................126 Figura 5-2 – Corrente de armadura para regime nominal, 380V ..................................126 Figura 5-3 – Binário de carga para regime nominal .....................................................127 Figura 5-4 – Velocidade de rotação para regime nominal ............................................127 Figura 5-5 – Tensão de alimentação para sobretensão de 418V...................................128 Figura 5-6 – Corrente de armadura para sobretensão de 418V, 10% ...........................128 Figura 5-7 – Velocidade de rotação para sobretensão 418V, 10% ...............................129 Figura 5-8 – Binário de carga para sobretensão de 418V, 10%....................................129 Figura 5-9 – Tensão de alimentação para variação de tensão de 330,4V, 15%............130 XIII Figura 5-10 – Corrente de armadura para variação de tensão 330,4V, 15% ................ 131 Figura 5-11 – Velocidade de rotação para variação de tensão 330,4V, 15% ............... 131 Figura 5-12 – Binário de carga para variação de tensão 330,4V, 15%......................... 132 Figura 5-13 – Tensão de alimentação para desequilíbrio R=0%;S=0%;T=-20%......... 133 Figura 5-14 – Corrente de armadura para desequilíbrio R=0%;S=0%;T=-20%........... 133 Figura 5-15 –Velocidade de rotação para desequilíbrio R=0%;S=0%;T=-20%........... 134 Figura 5-16 –Binário de carga para desequilíbrio R=0%;S=0%;T=-20% .................... 134 Figura 5-17 – Tensão de alimentação para para desequilíbrio R=0%;S=-10%;T=-10% ....................................................................................................................................... 135 Figura 5-18 – Corrente de armadura para desequilíbrio R=0%;S=-10%;T=-10% ....... 135 Figura 5-19 –Velocidade de rotação para desequilíbrio R=0%;S=-10%;T=-10% ....... 136 Figura 5-20 – Binário de carga para desequilíbrio R=0%;S=-10%;T=-10%................ 136 Figura 5-21 – Tensão de alimentação para desequilíbrio R=0%;S=-20%;T=-20% ..... 137 Figura 5-22 – Corrente de armadura para desequilíbrio R=0%;S=-20%;T=-20% ....... 137 Figura 5-23 –Velocidade de rotação para desequilíbrio R=0%;S=-20%;T=-20% ....... 138 Figura 5-24 – Binário de carga para desequilíbrio R=0%;S=-20%;T=-20%................ 138 Figura 8-1 – Tensão de alimentação, com variação de frequência para 40Hz.............. 149 Figura 8-2 – Corrente de alimentação, com variação de frequência para 40Hz ........... 150 Figura 8-3 – Binário gerado(2,22Nm), com variação de frequência para 40Hz........... 150 Figura 8-4 – Velocidade gerada com variação de frequência para 40Hz ..................... 150 Figura 8-5 – Rendimento para variação de frequência para 40Hz (vista pormenor).... 151 Figura 8-6 – Tensão de alimentação, com variação de frequência para 60Hz.............. 151 Figura 8-7 – Corrente de alimentação, com variação de frequência para 60Hz ........... 151 Figura 8-8 – Binário gerado, com variação de frequência para 60Hz .......................... 152 Figura 8-9 – Velocidade gerada com variação de frequência para 60Hz ..................... 152 Figura 8-10 – Rendimento para variação de frequência para 60Hz.............................. 152 Figura 8-11 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=10%, aos 0,5s ................................................................................................................ 153 Figura 8-12 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=10%, aos 0,5s ................................................................................................................ 153 Figura 8-13 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-10%, aos 0,5s ................................................................................................................................ 154 XIV Figura 8-14 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-10%, aos 0,5s..........................................................................................................................154 Figura 8-15 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-10%, aos 0,5s .......................................................................................................................................154 Figura 8-16 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=+20%;S=10%;T=-10%, aos 0,5s ..................................................................................................155 Figura 8-17 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=+20%;S=10%;T=-10%, aos 0,5s ..................................................................................................155 Figura 8-18 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=+20%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s..........................................................................................................................156 Figura 8-19 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=+20%;S=-10%;T=10%, aos 0,5s ................................................................................................................156 Figura 8-20 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=20%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s ................................................................................................................................156 Figura 8-21 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 5.º H=20% , aos 0,5s ...........157 Figura 8-22 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 5.º H=20%, aos 0,5s..........157 Figura 8-23 – Binário gerado, com Harmónicos 5.º H=20%, aos 0,5s .........................158 Figura 8-24 – Velocidade gerada, com Harmónicos 5.º H=20%, aos 0,5s ...................158 Figura 8-25 – Rendimento, com Harmónicos 5.º H=20%, aos 0,5s .............................158 Figura 8-26 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s ...........................................................................................................159 Figura 8-27 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s ...........................................................................................................159 Figura 8-28 – Binário gerado, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s..........................................................................................................................159 Figura 8-29 – Velocidade gerada, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s ...........................................................................................................160 Figura 8-30 – Rendimento, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s ................................................................................................................................160 Figura 8-31 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s ................................................................................................................................160 Figura 8-32 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s ................................................................................................................................161 XV Figura 8-33 – Binário gerado, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s .... 161 Figura 8-34 – Velocidade gerada, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s ....................................................................................................................................... 161 Figura 8-35 – Rendimento, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s ........ 162 Figura 8-36 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s ........................................................................................ 162 Figura 8-37 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s ........................................................................................ 163 Figura 8-38 – Binário gerado, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s ...................................................................................................... 163 Figura 8-39 – Velocidade gerada, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s .................................................................................................... 164 Figura 8-40 – Rendimento, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s ............................................................................................................. 164 XVI Índice de Tabela Tabela 2-1 – Critérios técnicos e comerciais do Regulamento de Qualidade de Serviço.7 Tabela 2-2 – Valores de variação de frequência para redes com ligação síncrona a redes interligadas ........................................................................................................................8 Tabela 2-3 – Valores de variação de frequência para redes sem ligação síncrona a redes interligadas ........................................................................................................................9 Tabela 2-4 – Resultado do rendimento do motor para diferentes desequilíbrios............26 Tabela 2-5 – Níveis de compatibilidade para tensões harmónicas individuais em redes públicas ...........................................................................................................................30 Tabela 2-6 – Limites para os Harmónicos de Corrente ..................................................31 Tabela 3-1 – Tabela de percentagem de perdas residuais em regime nominal em função da potência saída .............................................................................................................52 Tabela 3-2 – Tabela de parâmetros obtidos com os ensaios em vazio e rotor bloqueado .........................................................................................................................................58 Tabela 3-3 – Tabela de Fraccionamento das reactâncias de motores .............................62 Tabela 3-4 – Situação de teste 1 para validação de dados ..............................................69 Tabela 3-5 – Situação de teste 2 para validação de dados ............................................72 Tabela 3-6 – Tabela de características do motor de indução ..........................................75 Tabela 3-7 – Tabela de valores obtido/calculados no ensaio em vazio ..........................76 Tabela 3-8 - Valores para calculo das perdas no ferro e mecânicas ...............................76 Tabela 3-9 – Valores do ensaio com rotor bloqueado.....................................................77 Tabela 3-10 – Tabela de ensaios comparativos do ATP e Motor Real...........................82 Tabela 3-11 – Descritivo dos valores utilizados no modelo teórico ...............................83 Tabela 4-1 – Tabela comparativa do comportamento do motor perante as Variações de frequência........................................................................................................................93 Tabela 4-2 – Tabela comparativa do comportamento do motor perante as sobretensões .........................................................................................................................................98 Tabela 4-3 – Tabela comparativa do comportamento do motor perante as variações de tensão.............................................................................................................................102 XVII Tabela 4-4 – Tabela comparativa do comportamento do motor perante desequilíbrios de tensão ............................................................................................................................ 110 Tabela 4-5 – Tabela comparativa das simulações de perturbações com harmónicos... 122 Tabela 5-1 – Tabela Resumo dos dados laboratoriais de Sobretensões........................ 129 Tabela 5-2 – Tabela Resumo dos dados laboratoriais de variação de tensão ............... 132 Tabela 5-3 – Tabela resumo dos ensaios realizados de desequilíbrios de tensão ......... 139 Tabela 5-4 – Quadro resumo de variações nos ensaios para o regime nominal ........... 142 XVIII Lista de Acrónimos UAI – Unidade de alimentação ininterrupta, comummente denominada UPS IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers IEC – International Electrotechnical Commission CBEMA – Computer Business Equipment Manufacturer’s Association ANSI – American National Standards Institute SSD – Superconduting Storage Device NEMA – National Electrical Manufacturers Association XIX Capítulo 1. – Introdução 1 Introdução Nos dias de hoje, a energia eléctrica é talvez das "matérias-primas"essenciais, a mais utilizada pelo sector terciário e industrial. Devido à sua natureza é necessário que esteja disponível continuamente, não sendo possível o seu armazenamento em quantidades apreciáveis, pelo que deve ser produzida na medida das necessidades. Por sua vez, não pode estar sujeita a verificações para garantir a sua qualidade antes de ser utilizada. Têm-se portanto que controlar bem o processo de produção, transporte e distribuição por forma a garantir uma boa qualidade das especificações técnicas impostas e a satisfazer as necessidades do utilizador final. O presente trabalho visa tentar compreender o comportamento do motor de indução perante os fenómenos de falta de qualidade de energia que tanto nos afectam nos dias de hoje, não pela sua grande ocorrência mas pelas consequências que daí resultam. Grande parte das cargas actuais utilizam dispositivos electrónicos sensíveis, tais como os: transístores, díodos, diacs, triacs, IGBT e microprocessadores. Todos estes elementos contribuíram para o uso da energia de uma forma muito mais eficiente e um controlo mais preciso sobre os processos, contudo trouxeram perturbações muito significativas na qualidade da energia, uma vez que a falta desta pode comprometer irremediavelmente os processos automatizados, comportando consequências económicas elevadas. Salienta-se o facto dos motores de indução ocuparem uma cota de mercado industrial, de motores eléctricos, de aproximadamente 80%, sendo muito elevada a probabilidade deste tipo de cargas interagir com qualquer processo industrial. 1.1 Objectivos Com o presente trabalho pretende-se aprofundar o estudo de algumas perturbações. Dos dois tipos de efeitos associados às perturbações, efeitos instantâneos (funcionamento incorrecto de algum dispositivo) e efeitos a longo prazo, pretende-se focar especificamente nos efeitos de longo prazo, quer nos efeitos eléctricos, quer nos efeitos 1 Capítulo 1. – Introdução mecânicos. Neste sentido, pretende-se determinar a resposta da máquina eléctrica, nomeadamente no que respeita a rendimento, aquecimento, vibrações mecânicas, etc. Para efectuar o presente estudo utiliza-se o software ATPdraw com a finalidade de implementar as perturbações que serão objecto de estudo e assim analisar os efeitos que estas apresentam no motor de indução. Sempre que possível efectua-se a implementação laboratorial das mesmas perturbações por forma a verificar a resultados e obter conclusões. Para utilizar o software ATPdraw nas diferentes simulações e de maneira a possibilitar a comparação dos resultados obtidos no simulador com os resultados laboratoriais torna-se necessário encontrar os parâmetros que representem a máquina de indução no simulador. 1.2 Organização da Tese O trabalho começa pela pesquisa sobre o estado da arte, no capítulo 2, ou seja, o que se tem feito até ao momento sobre o tema a abordar. No capítulo 3 faz-se um breve estudo das características construtivas e métodos de obtenção de parâmetros dos motores de indução, estuda-se as potencialidade do ATP/EMTP na sua forma mais actual com a aplicação gráfica ATPdraw, e obtêm-se os parâmetros do motor de indução que servirão como base para o modelo teórico a desenvolver no ATPdraw. No capítulo 4 simula-se diversas perturbações a estudar no modelo teórico desenvolvido no software ATPdraw, e analisa-se os seus resultados. No capítulo 5 apresenta-se o ensaio de algumas perturbações, passíveis de ser executadas no laboratório da ESTG – Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, por forma a garantir o modelo teórico desenvolvido. As perturbações escolhidas para estudo dos seus efeitos sobre o motor de indução foram tendo como base o tipo de perturbações que podem acontecer num ambiente industrial, no qual existem, um grande número de motores de indução não só pelo facto de a maioria dos sistemas actuais de distribuição de energia eléctrica serem de corrente alternada, também devido ao facto da sua simples característica construtiva, que se traduz num baixo custo de operação e de manutenção e devido ao seu elevado rendimento para média e máxima carga, sendo que se pode assegurar um bom factor de potência com uma selecção correcta. 2 Capítulo 1. – Introdução Procede-se, à análise de resultados por forma a compreender eventuais comportamentos errados ou menos fiáveis do modelo de simulação desenvolvido e quais as causas que lhe deram origem. Conclui-se, no capítulo 6, com as ilações obtidas do trabalho realizado bem como algumas sugestões para trabalho futuro. 3 Capítulo 2. – Estado da Arte 2 Estado da Arte O abordar das consequências da falta de qualidade de energia, é um assunto que embora seja tido mais em conta nos últimos anos, não é um assunto recente. Segundo Bollen [1] a publicação mais antiga sobre este assunto foi em 1968, num estudo da Marinha Naval Americana , que mencionava os requisitos para bom funcionamento dos equipamentos electrónicos.[2] Seguiram-se a esta muitas outras publicações até aos nossos dias. Existe nesta área algumas publicações de referência, destacando-se entre outros a referência [3], o qual relata os diversos fenómenos inerentes à qualidade de energia bem como estudos recentes neste campo. A referência [4] a qual aborda mais de perto o fenómenos de sobretensões transitórias, a referência [5] a qual aborda o fenómenos de distorção harmónica e a referência [1] a qual aborda de forma profunda os fenómenos das variações e interrupção de tensão. Contudo, a própria definição de qualidade de energia não é uma definição consensual. Podemos constatar isso mesmo pelo facto da IEC não usar o termo “Qualidade de energia” nos seus documentos publicados, usando o tema “Campatibilidade electromagnética ”, por sua vez a IEEE começa agora a usar o termo “Qualidade de energia” uma vez que este obtém uma opinião mais consensual e abrangente, por esta mesma razão em todo este trabalho será usado o termo de qualidade de energia. As próprias definições da chamada qualidade de energia não são consensuais, a IEEE definia da seguinte maneira, “Qualidade de energia é conceito, fornecimento e conhecimento do equipamento sensível de maneira a que seja possível a operação deste de modo apropriado”, por sua vez a IEC define compatibilidade electromagnética como sendo ”a habilidade de um equipamento ou sistema funcionar satisfatoriamente no seu meio electromagnético sem introduzir distúrbios electromagnéticos intolerantes em nada que se encontre nesse mesmo ambiente ” É de salientar que a IEC iniciou em Junho de 1997 um grupo de trabalho que adoptou a definição de qualidade de energia como “Um conjunto de parâmetros definindo as propriedades das fontes produtoras de energia entregues ao consumidor em condições normais de funcionamento, em termos de continuidade de fornecimento e características 5 Capítulo 2. – Estado da Arte da onda de tensão”. Mesmo assim esta definição não é consensual uma vez que restringe a qualidade a condições normais de serviço.[1] 2.1 Qualidade de Energia Devido à elevada importância que este tema está a tomar nesta sociedade cada vez mais industrializada e portanto com cada vez mais cargas eléctricas ligadas à rede eléctrica nacional, foi publicado o “Regulamento de Qualidade de Serviço” na II série do diário da república, n.º 48 de 8 de Março de 2006, estabelecendo padrões mínimos de qualidade, tanto a nível comercial como de natureza técnica. A secção II do regulamento define as responsabilidades, de qualidade de serviço, dos diversos intervenientes na rede, indicando “Os operadores da rede de transporte e das redes de distribuição são responsáveis perante os clientes ligados às redes pela qualidade de serviço técnica…”, artigo 9, “As entidades com instalações eléctricas ligadas às redes são responsáveis pelas perturbações por si causadas no funcionamento das redes ou nos equipamentos de outras instalações eléctricas.”, artigo 10, ou ainda que “Quando as instalações do produtor causarem perturbações na rede a que estão ligadas, o respectivo operador da rede fixará um prazo para a correcção da anomalia, podendo, no entanto, desligar aquelas instalações da rede quando a gravidade da situação o justifique,…”, artigo 11. O regulamento de qualidade de serviço leva-nos ainda, na secção II – artigo 19.º, à definição de qualidade de onda de tensão, remetendo em instalações de MT e BT para a norma NP EN 50 160.[7] Sendo o fornecimento de energia eléctrica um serviço, este deve obedecer a determinados parâmetros de forma a assegurar ao cliente a qualidade do que está a adquirir. Como tal, a qualidade de energia deve ser qualificada por critérios técnicos e comerciais, que a seguir se descrevem abordando-se neste trabalho os critérios técnicos: 6 Capítulo 2. – Estado da Arte Tabela 2-1 – Critérios técnicos e comerciais do Regulamento de Qualidade de Serviço Critérios técnicos Critérios comerciais • Frequência • Atendimento • Amplitude • Informação aos clientes • Forma de onda • Simetria das tensões trifásicas Estando os fornecedores de energia obrigados, em caso de funcionamento normal, a cumprir com diligência os parâmetros acima mencionados, com possibilidades de variação muito reduzidas. Poderemos afirmar que muitas das perturbações existentes são fruto de fenómenos naturais, tais como as descargas atmosféricas, ou, de fenómenos induzidos por outros receptores da mesma rede mesmo em utilização normal, ou ainda, de problemas nos sistemas eléctricos de energia [6]. Estes últimos têm vindo a aumentar de importância em virtude de uma maior interligação das redes eléctricas dos diversos países. Apresentam-se de seguida de forma resumida alguns fenómenos originadores de perda de qualidade de energia que serão objecto de estudo no “case studie” apresentado neste trabalho. 2.1.1 Variação da Frequência A frequência eléctrica está relacionada com a rotação dos geradores que produzem a energia, ou seja, está relacionada com a rotação da máquina e o seu número de pares de pólos, como indicado na equação (1): f = N×p 60 (1) Sendo: N – Numero de rotações por minuto p – Numero de pares de pólos da máquina (gerador) O equilíbrio dinâmico entre a produção e as cargas faz com que deixem de existir as variações de frequência, ou seja, sempre que ocorre variações nas cargas existe tendência para a introdução de desequilíbrios, a duração destas variações dependem das 7 Capítulo 2. – Estado da Arte características das cargas bem como da capacidade de resposta dos equipamentos da produção. Actualmente devido à forte interligação da rede eléctrica nacional com a rede europeia a probabilidade de ocorrência de variações significativas de frequência é menor, quando comparada com redes isoladas. Neste tipo de redes, como por exemplo, as existentes em indústrias com geração própria, com a ocorrência de um distúrbio, a amplitude e o tempo de permanência das máquinas a funcionar fora da velocidade nominal resulta em desvios de frequência com proporções mais preocupantes. Figura 2-1 – Exemplo de variação de frequência de tensão 2.1.1.1 Valores de referência Segundo a norma europeia NP EN 50 160 [7] os valores médios da frequência fundamental, em condições normais de exploração, medidos em intervalos de 10s, devem ser os seguintes: Redes com ligação síncrona a redes interligadas: Tabela 2-2 – Valores de variação de frequência para redes com ligação síncrona a redes interligadas Gama de variação 50 Hz ± 1% - [49,5 a 50,5] Hz + 4% - [47 a 52] Hz 50 Hz − 6% Período temporal Durante 99,5% do ano Durante 100% do tempo 8 Capítulo 2. – Estado da Arte Redes sem ligação síncrona a redes interligadas: Tabela 2-3 – Valores de variação de frequência para redes sem ligação síncrona a redes interligadas Gama de variação 50 Hz ± 2% - [49 a 51] Hz 50 Hz ± 15% - [42,5 a 57,5] Hz Período temporal Durante 95% de uma semana Durante 100% do tempo 2.1.1.2 Causas de variação de frequência As variações de frequência são essencialmente devidas a desvios entre a geração e a carga. Se a carga for inferior à potência entregue pelas máquinas primárias, como a corrente é que define o binário resistente dos geradores, o sistema vai naturalmente acelerar até uma nova velocidade próxima de sincronismo, estabelecida em função do natural aumento da potência na carga em função da frequência, resultado da existência de motores. Se a carga for superior à disponível nas máquinas primárias dá-se o fenómeno inverso. Existem também transitórios de frequência de pequena duração que são devido a curtoscircuitos ou falhas dos grupos geradores. [1] 2.1.1.3 Consequências de variação de frequência Como podemos antever a principal consequência da variação de frequência é a variação da velocidade nos mais diversos tipos de máquinas rotativas destacando de seguida alguns desses efeitos: • Sobreaquecimento das fontes de alimentação; • Filtros harmónicos sofrem efeito desregulador; • Variação da potência mecânica dos motores A.C.; • Alteração de funcionamento em equipamentos que utilizem a frequência como base temporal, podendo levar a funcionamentos errados, de outros equipamentos. 2.1.1.4 Acções Preventivas e correctivas A solução para as variações de frequência não é fácil devido às características dos elementos causadores destes fenómenos, contudo, a utilização de filtros de linha que incorporem um supressor de transitórios pode ajudar a minimizar o problema. Filtros de 9 Capítulo 2. – Estado da Arte má procedência que não possuam este componente no seu circuito eléctrico não eliminam a maioria dos problemas que deveriam ser resolvidos por ele. 2.1.2 Variação da Tensão Entende-se por variação de tensão o aumento ou diminuição da tensão pela variação da carga total da rede ou de parte desta [7]. As variações de tensão podem ser de dois tipos, variações curtas ou variações longas, sendo que o que as distingue é o período de duração das mesmas. Ou seja, as variações longas têm períodos de duração no nível de tensão superiores a 10s, enquanto que as variações curtas possuem períodos de duração entre os milissegundos e os 10s. As variações de tensão podem afectar grandemente o desempenho de cargas, e os padrões de qualidade de energia, apercebendo-se desta necessidade as companhias fornecedores de energia e os fabricantes de equipamentos dos Estados Unidos da América, procuraram estabelecer padrões para a tensão de serviço, o que levou à elaboração da norma C84.1 por parte da American National Standards Institute (ANSI). [6] Abordaremos mais ao pormenor alguns tipos de variações longas de tensão como sobretensões e interrupções longas (interrupções superiores a 1 min.), assim como de variações curtas como as interrupções e cavas. 2.1.2.1 Valores de referência A tensão normalizada para redes em BT é de 400V entre fases ou 230V entre fase e neutro, caso se trate de sistemas trifásicos de três condutores ou sistemas trifásicos de 4 condutores, respectivamente. 2.1.2.1.1 Variação lenta da Tensão Segundo a norma EN NP 50160 [7] as variações lentas de tensão devem: • Durante cada período de uma semana, 95% dos valores eficazes médios de 10 minutos devem situar-se na gama de U n ± 10% ; • Todos os valores eficazes médios de 10 minutos devem situar-se na gama de Un + 10% − 15% . 10 Capítulo 2. – Estado da Arte 2.1.2.1.2 Variação curta (rápida) da Tensão As variações rápidas são aquelas que podem ir até ao limite máximo de 10%, sendo que para variações superiores a 10% entramos dentro dos limites de variação das denominadas cavas de tensão, que serão abordadas mais adiante. Estas variações de tensão são essencialmente devidas à entrada de cargas na rede ou de manobras na mesma. Em geral estas variações não ultrapassam os 5%, contudo, em situações excepcionais, podem existir variações até aos 10% durante o decorrer do dia. 2.1.2.2 Causas de variação de tensão As variações de tensão podem ser devidas não só à variação da carga total de uma rede ou parte desta, mas, também às acções dos transformadores de tomadas com regulação de carga ou ao comutar das baterias de condensadores. Contudo, estas também podem ser classificadas como variações de carga. As cargas que exibem variações rápidas e continuas na amplitude de corrente podem causar variações de tensão que são comummente designadas de flicker.[3]. Um flicker é definido como a impressão de instabilidade da sensação visual provocada por um estímulo luminoso cuja luminância ou repartição espectral flutua no tempo.[7] As variações de tensão variam consoante um padrão diário, o que indica que dependem dos períodos de consumo e da reserva girante durante esses períodos, ou seja, para períodos de alto consumo é natural que a amplitude da tensão diminua, enquanto que para períodos de baixo consumo esse mesmo nível provavelmente aumenta.[1]) 2.1.2.3 Consequências de variação de tensão As variações longas de tensão podem conduzir tanto aos fenómenos de sobretensão como a cavas. Note-se que as sobretensões e as cavas não são resultado de falha no sistema mas sim causadas por variações da carga do sistema ou de operações de comutação. As variações de tensão podem ainda conduzir aos seguintes fenómenos: • Sobreaquecimento dos motores; • Redução da vida útil e/ou eficiências dos equipamentos; • Deslastre de equipamentos na rede. 11 Capítulo 2. – Estado da Arte 2.1.2.4 Acções Preventivas e correctivas Como solução para as variações de tensão podemos utilizar UAI, unidades de alimentação ininterrupta, ou, no caso de variações longas podemos transferir cargas para outros circuitos, isto quando já se possui conhecimento da rede e/ou verificar as fixações eléctricas dos equipamentos. A utilização de equipamentos que permitam a regulação de tensão torna-se numa boa opção bem como a utilização de bancos de condensadores que visam limitar o trânsito de energia reactiva, que não só reduz a corrente absorvida bem como permite manter a relação tensão-corrente. Destacamos alguns dos equipamentos que podem ser usados para a regulação de tensão: • Utilização de transformadores com regulação de tomada; • Dispositivos de isolamento com regulação de tensão independente, equipamentos capazes de isolar a carga através de uma conversão de energia; • Dispositivos de compensação tais como bancos de condensadores.[3] 2.1.2.5 Sobretensões Uma sobretensão consiste no aumento do valor eficaz da tensão acima de 110% á frequência industrial para períodos superiores a 1 minuto.[3] As sobretensões podem ser temporárias, quando ocorre num período relativamente longo, ou transitórias quando são oscilatórias ou não, de curta duração, em geral fortemente amortecida e com uma duração máxima de alguns milisegundos.[7] Figura 2-2 – Exemplo de uma sobretensão 12 Capítulo 2. – Estado da Arte 2.1.2.5.1 Sobretensões temporária Com a ocorrência de um defeito à terra, surge por vezes uma sobretensão temporária, à frequência industrial, que tende a desaparecer com a eliminação do defeito. Essa sobretensão pode atingir, o valor da tensão entre fases devido ao desvio do ponto neutro da rede trifásica. 2.1.2.5.2 Valores de referência das sobretensões temporárias A ocorrência de um defeito do lado do primário de um transformador pode produzir sobretensões temporárias do lado do secundário, sendo que em geral estas não ultrapassam os 1,5kVef.[ 4]; 2.1.2.5.3 Sobretensões transitórias Neste tipo de perturbações, a quantidade de energia da sobretensão varia com a origem de ocorrência. As sobretensões devidas a descargas atmosféricas são caracterizadas pela sua grande amplitude e baixa quantidade de energia, quando comparadas com as sobretensões devidas a manobras, que envolvem maior quantidade de energia devido ao seu maior intervalo temporal. Assim, todos os equipamentos de protecção contra sobretensões devem ter em conta os piores casos, de modo a melhor proteger os equipamentos. 2.1.2.5.4 Valores de referência das sobretensões transitórias As sobretensões transitórias normalmente não ultrapassam os 6kV de crista, sendo que o tempo de crescimento pode ir desde menos de um microsegundo a alguns milisegundos, contudo podem surgir casos de valores de crista superiores. 2.1.2.5.5 Causas das sobretensões As sobretensões temporárias são normalmente devidas a deslastre súbito de grandes cargas, defeito monofásicos, não linearidades e entrada em serviço de um banco de condensadores. As sobretensões resultam do facto do sistema estar ou enfraquecido para determinada regulação de carga ou de uma inadequada regulação de carga, uma vez que com a diminuição da nivél de tensão temos um aumento do potência reactiva produzida, sendo que provocará um aumento do nível de tensão nos nós que não possuam geração. 13 Capítulo 2. – Estado da Arte As sobretensões transitórias são normalmente devidas a descargas atmosféricas, manobras ou até mesmo à fusão de fusíveis.[7] 2.1.2.5.6 Consequências das sobretensões As sobretensões produzem aquecimento nos receptores, sendo que em alguns casos se o aquecimento for superior ao limite térmico dos equipamentos, poderá ocorrer a avaria dos equipamentos. Este tipo de fenómeno é de difícil percepção junto dos equipamentos, uma vez que com a sua ocorrência o equipamento não deixa de funcionar e também não apresenta sintomas evidentes da sua existência. 2.1.2.6 Acções preventivas e correctivas para sobretensões Para actuar na redução e/ou eliminação das sobretensões temos um leque diversificado de acções que podemos levar a cabo, tais como: • Utilização de UAI, unidades de alimentação ininterrupta; • Limitar a tensão através de um isolamento sensível, ou seja, equipamentos que com recurso à electrónica de potência possam bloquear ou escoar diferentes níveis de tensão; • Escoar da carga a corrente resultante da sobretensão; • Bloquear da carga a corrente resultante da sobretensão; • Referenciar as ligações de terra do equipamento de protecção de sobretensões e da carga; • Evitar ou reduzir correntes que fluam pela ligação de terra; • Criar um filtro passa baixo usando princípios de bloqueio e limitação. De salientar que a protecção às sobretensões revela-se tanto mais eficaz quanto mais perto da carga for implementada, o que leva a muitas vezes ser implementada nos quadros das máquinas. Uma protecção feita junto da carga é muito mais eficiente do que uma protecção num quadro parcial da rede. [3] 14 Capítulo 2. – Estado da Arte 2.1.2.7 Cavas de tensão de alimentação Por definição, uma cava é a diminuição brusca da tensão de alimentação para um valor situado entre os 90% e 1% da tensão declarada, seguida do restabelecimento da mesma depois de um curto intervalo temporal. O valor de uma cava de tensão é definido como sendo a diferença entre a tensão eficaz, durante a cava, e o valor da tensão declarada. Convenciona-se que uma cava tem tipicamente uma duração entre os 10 milisegundos (5 ciclos) e 1 minuto, embora que a maior parte das cavas de tensão registadas possuem durações inferiores a 3 segundos. [3] Entenda-se que a tensão declarada é a tensão no ponto de recepção acordada entre o fornecedor e o cliente, quando diferente da tensão nominal da rede. Figura 2-3 – Exemplo de uma cava de tensão 2.1.2.7.1 Valores de referência das cavas de tensão Usualmente o tempo de duração de uma cava de tensão é dado em número de ciclo, nos quais o valor de eficaz da tensão está abaixo de limite estabelecido, tipicamente o limite superior de variação, ou seja, 90% do valor da tensão nominal. Assim sendo torna-se importante quantificar em tempo e em amplitude o valor eficaz da tensão. Vrms = 1 N 2 ∑Vi N i =1 (2) Onde; N → Numero de amostras por ciclo; Vi 2 → Valor da amostra indice i no ciclo; 15 Capítulo 2. – Estado da Arte Referente à classificação da magnitude de uma cava de tensão, por vezes usa-se termos que possuem alguma ambiguidade, tal como, “20% de cava de tensão”, que pode ser entendido tanto como uma cava de amplitude 20% da tensão de serviço, como uma cava resultante de um decréscimo de 20% na tensão de serviço, logo uma cava de 80% da tensão de serviço. Torna-se importante especificar sempre o valor de base da tensão, para evitar equívocos na interpretação dos valores. O IEEE define a amplitude de uma cava de tensão como o valor da tensão que permanece durante o evento, ou seja 100% de cava de tensão corresponde à tensão de serviço. Por sua vez o IEC o valor de uma cava de tensão é o valor correspondente à queda de tensão.[8] 2.1.2.7.2 Causas das cavas de tensão Os fenómenos que dão normalmente origem às cavas são contrários aos que dão origem às sobretensões, ou seja, o desligar de um banco de condensadores, circuitos sobrecarregados, o ligar de uma grande carga na rede, ou a falhas na rede.[3] Como exemplo da entrada em funcionamento de cargas significativas, o arranque de motores eléctricos cuja corrente pode representar cerca de 6 vezes a corrente pedida em funcionamento nominal. Esta solicitação à rede pode conduzir a uma queda de tensão (cava), e, em casos extremos, levar à retirada de serviço do circuito. Por sua vez, as cavas devido a falhas de rede são tipicamente de abrangência muito mais global, e de muito maior frequência, uma vez que, dependendo do ponto da rede em que ocorram, podem perturbar um diferente numero de cargas. Contudo as cavas devido a falhas de rede são tipicamente de menor duração do que as cavas devido ao ligar de grandes cargas. Figura 2-4 – Exemplo de falhas na rede originadoras de cavas 16 Capítulo 2. – Estado da Arte Como facilmente se pode entender a falha “A” representada na figura anterior tem um maior raio de acção do que a falha “B”. A área de vulnerabilidade das cargas às cavas está dependente da sensibilidade dessas cargas a esse tipo de defeito. 2.1.2.7.3 Consequências das cavas de tensão As cavas são nos dias de hoje um sério problema tanto para o sector industrial como para o sector comercial e residencial, isto porque existem cada vez mais cargas sensíveis a este tipo de defeitos ligadas à rede eléctrica. Os computadores bem como todos os demais equipamentos digitais têm em memória os dados de cálculo e respectivos processos que se encontrem a executar. Uma cava pode levar ao reiniciar dos equipamentos devido a falhas de cálculo, o que numa indústria cada vez mais automatizada, em busca de padrões de elevada rentabilidade se traduz em perdas monetárias consideráveis. A introdução de cargas electrónicas, nomeadamente o computadores fez despoletar por parte dos fabricantes de equipamento a preocupação com a qualidade de energia, incluindo como é evidente, as cavas de tensão. Assim, Thomas Key iniciou em 1978 a concepção de uma curva que define o intervalo de variação de tensão no qual os equipamentos electrónicos possam trabalhar correctamente. Esta curva veio a ser conhecida por curva CBEMA e tornou-se numa referência para a indústria. Foi revista posteriormente pelo “Information Technology Industry Council” e passou a ser designada de curva ITIC. Foi ainda normalizada pela ANSI como IEEE 446 como prática recomendada para sistemas de alimentação de emergência, em aplicações industriais e comerciais. [8] Figura 2-5 – Porção de uma curva CBEMA usada no desenvolvimento de equipamento[3] 17 Capítulo 2. – Estado da Arte A zona definida pelas duas curvas descritas no gráfico anterior define a zona de funcionamento correcto do equipamento, devendo prestar-se particular atenção, no caso das cavas de tensão, à curva inferior, correspondente ao limite máximo de redução do nível de tensão para o qual temos garantia do funcionamento correcto do equipamento. Note-se ainda que para perturbações de curta duração temos uma maior zona de variação, uma vez que os elementos internos dos equipamentos devem ser capazes de armazenar a energia da perturbação. No que respeita aos motores temos que o tempo de arranque de um motor, até este atingir a sua velocidade nominal, aumenta com o aumento da magnitude da cava de tensão, sendo que uma cava de tensão com uma magnitude muito acentuada pode levar ao colapso do motor. 2.1.2.8 Acções preventivas e correctivas para cavas de tensão No que concerne a acções a tomar com vista a minimizar o impacto das cavas de tensão sobre as cargas, procura-se normalmente colocar o equipamento de protecção o mais próximo possível das cargas, de forma minimizar custos. Assim sendo podemos tipicamente implementa-se protecção: • nas cargas (quando especificado no projecto de concepção do equipamento) • nos circuitos de alimentação às cargas • nos barramentos de alimentação aos circuitos • na produção de energia Protecção na Produção Protecção no barramento de alimentação Carga Carga Carga Carga Protecção circuito da Carga Protecção na Carga Figura 2-6 – Níveis de protecção a cavas de tensão Antigamente protegiam-se somente as cargas mais críticas, contudo, com o surgir de equipamentos com grande capacidade de armazenamento e com o surgir dos SSD 18 Capítulo 2. – Estado da Arte capazes de suportar interrupções curtas, até 2 segundos, os clientes tendem a proteger um maior numero de circuitos senão toda a rede particular. As protecções normalmente utilizadas para proteger os equipamentos das cavas de tensão são: • Transformadores de tensão constante: Transformadores excitados para funcionarem na zona de saturação, assim sendo a sua tensão de saída não é facilmente afectada por variações na tensão de alimentação. Esta opção é vocacionada para cargas constantes de baixa potência; • Super condensadores: São dispositivos capazes de armazenar grandes quantidades de energia. Possuem capacidades da ordem dos milhares de Farad bem como uma manutenção muito reduzida, longo tempo de vida útil baixos tempo de carga e a capacidade de débito de grandes correntes; • Bobines supercondutoras: Estes dispositivos armazenam a sua energia no campo magnético da bobine e utilizam essa mesma energia quando surge, por exemplo uma cava de tensão ou micro-corte. Possuem a vantagem de ocuparem pouco espaço bem como uma grande longevidade; • UAI – Unidades de alimentação ininterrupta: Unidades que em funcionamento normal rectificam a tensão de entrada e oscilam-na, com recurso a um inversor, para a frequência da rede. Aquando da rectificação podem simultaneamente carregar um banco de baterias que servem de reserva para compensar a falta de energia na entrada quando surge um defeito, cava de tensão ou até mesmo uma interrupção. Solução especialmente vocacionada para cargas de baixa potência; • Compensadores dinâmicos de tensão: Estes dispositivos funcionam com base na constante monitorização da tensão na rede para compensar automaticamente os defeitos quando surgem. Assim, se surgir uma cava que reduza a tensão em 30% este dispositivo adiciona à tensão os mesmos 30%, de forma a colocar à saída a tensão estipulada; • Grupos motor-gerador com volante de inércia: Esta solução consiste em funcionar com o grupo como motor, em regime nominal, para rodar um volante de inércia. Quando surge uma falha de energia ou abaixamento o grupo aproveita a energia mecânica contida no volante de inércia para arrancar com o gerador e mais rapidamente colocar a tensão desejada nas cargas. Esta opção possui uma 19 Capítulo 2. – Estado da Arte elevada manutenção bem como muito ruído associado ao seu normal funcionamento. Como foi descrito anteriormente o arranque de um motor pode ser causador de cavas de tensão, como tal deve-se recorrer a alguns métodos para a redução da sua corrente de arranque e consequentemente os riscos de provocar defeitos na qualidade de energia. Note-se contudo que o método de arranque directo é aquele que leva mais rapidamente o motor à sua velocidade nominal e que tem menos custos associados. Os diversos métodos de arranque de motores essencialmente incidem sobre a tensão de alimentação ou sobre a resistência do motor, como podemos verificar pelas equações (3)e (4). Ia = kV R X + s 2 (3) 2 (4) 2 Tm = kV 2 R X 2 + s Mostra-se de seguida alguns dos possíveis métodos para reduzir a corrente de arranque dos motores: • Utilização de um autotransformador: Aplicando uma tensão reduzida no arranque, reduz-se a corrente, tal como se pode depreender da equação 3, embora sacrificando o binário de arranque; • Utilização de resistências e reactâncias em série com o motor: A utilização de impedâncias em série com o motor permite obter efeito idêntico ao anterior, recorrendo a dispositivos menos dispendiosos, por exemplo, recorrendo a diversos elementos em série que estabelecem escalões para a variação da tensão. Contudo, a utilização de resistências traduz-se na dissipação considerável de energia por efeito de Joule, o que deve ser evitado, sendo preferível a utilização de reactâncias; • Particionamento dos enrolamentos: Consiste em particionar o valor resistivo e reactivo dos enrolamentos em motores com dois níveis de tensão (230/460V), aproveitando a característica construtiva dos motores que possuem os enrolamentos do estator particionados; 20 Capítulo 2. – Estado da Arte • Arranque Estrela-Triângulo: Sendo a impedância equivalente de uma ligação em estrela o triplo da impedância da ligação em triângulo, este método visa reduzir a corrente de arranque através do aumento da impedância vista pela fonte; 2.1.3 Desequilíbrios das tensões de alimentação Por definição um desequilíbrio de tensão existe quando os valores eficazes das tensões de fases não são iguais ou quando o desfasamento entre tensões de fase, num sistema trifásico, não são iguais. O desequilíbrio mede-se através do desvio máximo da média das tensões trifásicas relativamente à média dos seus valores nominais em termos percentuais. [1] A gravidade do desequilíbrio de tensão pode ser medido das seguintes maneiras: • A razão entre a amplitude da componente de sequência negativa e a componente de sequência positiva da tensão; • A razão da diferença entre a maior e menor valor de amplitude da tensão, e a média da amplitude das três tensões; • A diferença entre a maior e menor diferença de fase de duas fases consecutivas.[1] Figura 2-7 – Exemplo de um desequilíbrio de tensão 2.1.3.1 Valores de referência dos desequilíbrios da tensão Sendo a componente inversa, a componente determinante para eventuais perturbações provocadas por aparelhos ligados à rede, torna-se importante definir que: • 95% dos valores eficazes medidos em intervalos de 10 min., durante uma semana, não devem ultrapassar 2% da correspondente componente directa. 21 Capítulo 2. – Estado da Arte • Em locais onde as linhas sejam parcialmente monofásicas ou bifásicas podem ocorrer desequilíbrios de até 3% nos pontos de entrega trifásicos.[7] Para estudar os desequilíbrios temos que decompor o sistema de acordo com os teoremas de Fortescue-Storvis, nos três sistemas equivalentes: O sistema directo, sistema inverso e o sistema homopolar. O sistema directo é um sistema trifásico equilibrado e síncrono com a origem que passaremos a designar pelo índice “d” , o sistema inverso é um sistema trifásico equilibrado mas oposto ao sistema de origem passaremos a designar pelo índice “i” , e o sistema homopolar é um sistema cujos vectores possuem o mesmo módulo e orientação que passaremos a designar pelo índice “0” . Figura 2-8 – Sistema directo, inverso e homopolar As amplitudes podem ser calculadas em função do sistema original (UR,US,UT) com recurso às equações (5) que descrevem os sistemas, as quais são descritas de seguida: → → → 1 → 2 U d = U R + a U S + a U T 3 → → → 1 → 2 U i = U R + a U S + a U T 3 → → → → 1 U = U + U + U S T 0 3 R (5) O operador “a” utilizado nas expressões anteriores é um operador unitário que roda 120º. Contudo, devido à necessidade de quantificar os desequilíbrios de tensão, uma vez que este tipo de defeito tem um grande impacto nos motores eléctricos, a NEMA decidiu quantificar os desequilíbrios de tensão pela equação (6): Desequilibrio _ Tensão = Desvio _ máximo _ da _ média _ das _ tensões × 100% Média _ das _ tensões 22 (6) Capítulo 2. – Estado da Arte A equação anterior pode ser utilizada para tensões compostas [3]. Contudo esta quantificação não é a mais precisa. Outra forma de quantificar os desequilíbrios de tensão é com recurso às componentes simétricas. DT (%) = Vi × 100% Vd (7) Onde: DT → Percentagem de desequilíbrio de tensão; Vd → Componente de sequência directa da tensão(em Volts); Vi → Componente de sequência inversa da tensão(em Volts); Uma outra maneira de quantificar a percentagem de desequilíbrio de tensão é recorrendo à medição das tensões compostas. DT (%) = 1 − 3 − 6.β 1 + 3 − 6.β × 100% (8) Onde β= VRS4 + VST4 + VTR4 (V 2 RS + VST2 + VTR2 (9) ) 2 A NEMA refere que os motores polifásicos devem funcionar para desequilíbrios de tensão até 1%. Salienta ainda que os motores podem ser danificados se funcionarem com desequilíbrios de tensão superiores a 5%. [8] 2.1.3.2 Causas dos desequilíbrios da tensão A origem destes desequilíbrios está normalmente relacionada com a má distribuição de carga pela rede de distribuição, uma vez que uma incorrecta distribuição de cargas monofásicas pelas fases da rede faz surgir tensões de sequência negativa. Este problema agrava-se muito mais nos clientes de cargas trifásicas, uma vez que se estes possuírem uma distribuição desequilibrada das suas cargas fazem com que apareça um desequilíbrio nas fases da rede abastecedora. A razão principal para o desequilíbrio de tensão é o desequilíbrio nas cargas, ou seja, para diferentes impedâncias temos diferentes correntes, que dependendo do tipo de interligação pode levar a um desequilíbrio nas tensões, (um transformador Dy ou Yd ou Yz corrige uma boa parte dos problemas). Apresenta-se de seguida algumas das causas: 23 Capítulo 2. – Estado da Arte • Distribuição desigual de consumidores, numa rede, de baixa tensão pelas três fases; • Sobrecarga de uma fase, com um equipamento; • Anomalia de uma bateria de condensadores, tal como a fusão de um fusível de uma das fases; • Assimetrias nas impedâncias dos enrolamentos dos transformadores; • Desigualdade nas impedâncias dos condutores da rede; • Bancos de transformadores com ligação em triângulo aberto; • Grandes cargas monofásicas reactivas; • Perda ou deficiência nos contactos eléctricos. O desequilíbrio leva a um sobreaquecimento dos enrolamentos das máquinas síncronas e das máquinas indução (assíncronas), reduzindo a sua eficiência e requisitos retirada de serviço das máquinas. Num sistema trifásico existe uma tendência na carga para mitigar um desequilíbrio de tensão não obstante à sua gravidade. 2.1.3.2.1 Consequências do desequilíbrio da tensão no motor indução Na análise dos efeitos dos desequilíbrios de tensão considera-se os efeitos da componente inversa que somados aos efeitos da componente directa resultam numa resposta pulsante no eixo da máquina, com um sobreaquecimento dos enrolamentos da máquina, menor rendimento, desgaste dos elementos mecânicos, e consequente redução do seu tempo de vida útil. 24 Capítulo 2. – Estado da Arte Figura 2-9 – Resposta pulsante de uma máquina indução quando desequilibrada 2.1.3.2.2 Consequências do desequilíbrio da tensão no motor síncrono Em analogia com o caso da máquina de indução a corrente de sequência inversa ao fluir através do estator de uma máquina síncrona, cria um campo magnético girante com uma velocidade igual à do rotor, contudo no sentido contrário ao de rotação definido pela sequência directa, gerando binários pulsantes que fazem aumentar as vibrações e os esforços mecânicos. Consequentemente, as tensões e correntes induzidas nos enrolamentos de campo, de amortecimento e na superfície do ferro do rotor, vão ter uma frequência do dobro da rede, aumentando assim significativamente as perdas no rotor, a temperatura do motor, reduzindo o tempo de vida útil dos enrolamentos. Sob este tipo de condições temos um sobreaquecimento que pode ser descrito pela seguinte equação matemática. ∆T = 2 × (DT(%) ) 2 (10) Onde; ∆T → Variação de temperatura. DT(%) → Percentagem do desequilíbrio de tensão. Quando o sistema trifásico de tensões se encontra desequilibrado teremos um desequilíbrio na corrente absorvida pelos motores cerca de 6 a 10 vezes superior ao desequilíbrio da tensão. 25 Capítulo 2. – Estado da Arte Apresenta-se de seguida uma tabela que pretende descrever o efeito do desequilíbrio de tensão num motor de 100cv com uma velocidade 1800rpm.[8] Tabela 2-4 – Resultado do rendimento do motor para diferentes desequilíbrios Fracção de carga do Desequilíbrio de tensão[%] motor [%] Nominal 1% 2,50% 100 94,4 94,4 93 75 95,2 95,1 93,9 50 96,1 95,5 94,1 Rendimento do motor[%] Mostra-se de seguida a diminuição do binário do motor, cerca de 25%, para um desequilíbrio de 5%.[8] Figura 2-10 – Resposta de um motor a um desequilíbrio de 5% 2.1.3.3 Acções preventivas e correctivas para os desequilíbrios de tensão As medidas preventivas para este tipo de defeito consiste essencialmente em identificar as causas que lhe dão origem e actuar sobre elas o que na sua generalidade consiste em actuar sobre os elementos causadores de desequilíbrio, nomeadamente: • Distribuição equilibrada das cargas monofásicas; • Utilização de reguladores automáticos de tensão: Dispositivos que visam compensar eventuais desequilíbrios de tensão, sobretensões ou subtensões; • Utilização de relés de protecção: Estes dispositivos visam anular a acção dos defeitos da rede sobre as cargas, são de pequena dimensão, baixa manutenção e baixo custo; Como derradeira opção, podem utilizar-se motores sobredimensionados. Contudo, esta opção só deve ser tomada em consideração quando nenhuma outra apresentar 26 Capítulo 2. – Estado da Arte viabilidade, uma vez que se trata de uma opção economicamente inviável para condições normais. 2.1.4 Interrupções da alimentação Segundo a EN NP 50160 [7] sempre que a tensão declarada seja inferior a 1% diz-se estar na presença de uma interrupção da alimentação. As interrupções da alimentação podem ser interrupções previstas, ou seja, sempre que os clientes sejam informados com antecedência, normalmente para levar a cabo acções preventivas, ou podem ser interrupções acidentais, quando provocadas por defeitos transitórios ou permanentes, resultantes de acontecimentos externos, avarias ou interferências. Destaca-se que, quando falamos de interrupções acidentais, estas podem ainda ser divididas em interrupções longas ou breves, consoante o tempo de duração superior ou inferior a 3 minutos, respectivamente. 2.1.4.1 Acções Preventivas e correctivas No que respeita às soluções para as interrupções podemos utilizar as UAI para as interrupções breves, e sistemas de emergência para as interrupções longas. 2.1.5 Tensões harmónicas O conceito de harmónico vem do facto de que qualquer forma de onda, através das séries de Fourier, pode ser decomposta numa série de sinusóides, múltiplas inteiras em frequência, da componente fundamental, seja qual for o seu período. [9] 27 Capítulo 2. – Estado da Arte Figura 2-11 – Decomposição de uma onda quadrada pelas séries de Fourier [9] A distorção harmónica, diz-se ocorrer quando existem equipamentos não lineares na rede, ou seja, equipamentos que, sujeitos a uma tensão sinusoidal, produzem uma corrente com forma de onda não sinusoidal, distorcendo assim a relação linear entre a corrente e a tensão. Devido à elevada proliferação de dispositivos electrónicos não lineares de potência tais como transformadores, máquinas rotativas e os seus dispositivos de controlo, o interesse pelo estudo da distorção harmónica ganhou um novo interesse. A compreensão dos fenómenos de propagação das perturbações harmónicas nas redes torna de extrema importância o estudo de modelos e a simulação de casos, uma vez que os harmónicos de corrente podem levar ao aquecimento dos equipamentos ligados à rede e consequentemente à redução do seu tempo de vida útil. Por sua vez quando um equipamento de compensação do factor de potência é instalado, este pode excitar a frequência natural devido ao circuito RLC que é então formado entre o equipamento e o banco de condensadores. [10] 28 Capítulo 2. – Estado da Arte No que respeita ao estudo de fenómenos dinâmicos de operação nas máquinas de indução, existem dois tipos de abordagem de simulação dinâmica de operação. O primeiro recorrendo a modelos matemáticos baseados em equações de estado dinâmico (“state-variable equations”) para a descrição de fenómenos transitórios em máquinas eléctricas, contudo esta abordagem é obtida pela referência a um instante operação estacionário do estactor, quando este se encontra a velocidade de sincronismo. A segunda abordagem recorre à modelação do circuito expressando a máquina em função dos seus elementos, tais como as resistências, indutâncias, condensadores e fontes de tensão ou corrente. Esta última torna-se extremamente versátil uma vez que permite ter em conta as características físicas da máquina, tais como a distribuição física dos enrolamentos, estrutura da gaiola de esquilo, geometria da máquina, ao contrário da primeira abordagem que recorre a elaboradas técnicas de adequação da máquina a modelos matemáticos. [10] 2.1.5.1 Valores de referência das tensões harmónicas A norma ANSI/IEEE 18-1980 especifica os seguintes intervalos de variação para os condensadores de utilização continua: • 135% da potência (kvar) inscrita; • 110% da tensão eficaz de serviço (Incluindo harmónicos, excluindo transitórios); • 180% da corrente eficaz de serviço ( Incluindo a componente fundamental e os harmónicos de corrente); • 120% da tensão de pico ( Incluindo os harmónicos).[3] Temos ainda norma IEC/EN 61000-2-2, define os limites para emissão de harmónicos de tensão injectados na rede pública de alimentação por instalações eléctricas de BT.[8] A tabela apresenta os níveis de compatibilidade para tensões harmónicas individuais em redes públicas. 29 Capítulo 2. – Estado da Arte Tabela 2-5 – Níveis de compatibilidade para tensões harmónicas individuais em redes públicas Harmónicos ímpares não múltiplos de 3 Ordem do Tensão Harmónico harmónica (n) (%) 5 6,0 7 5,0 11 3,5 13 3,0 17 2,0 19 1,5 23 1,5 25 1,5 25 0,2+0,5. >25 n Harmónicos ímpares múltiplos de 3 Ordem do Tensão Harmónico harmónica (n) (%) 3 5,0 8 1,5 15 0,3 21 0,2 >21 0,2 Harmónicos pares Ordem do Harmónico (n) 2 4 6 8 10 12 >12 Tensão harmónica (%) 2,0 1,0 0,5 0,5 0,5 0,2 0,2 Por sua vez a norma IEC/EN 61000-3-2, define os limites para emissão de harmónicos de corrente injectados na rede pública de alimentação por instalações eléctricas de BT. Esta norma aplica-se a equipamentos eléctricos e electrónicos que tenham uma corrente de entrada até 16A por fase, ligados a uma rede pública em baixa tensão, com frequência de 50 ou 60Hz e com tensão fase-neutro entre 220 e 240 V. Esta norma classifica ainda os equipamentos em quatro classes.[8] • Classe A – Equipamentos com alimentação trifásica equilibrada, aparelhos de uso doméstico, excluindo os de classe D; ferramentas, excepto as portáteis; equipamentos de áudio e todos os demais não incluídos nas classes seguintes. • Classe B – Ferramentas portáteis. • Classe C – Dispositivos de iluminação com potência activa de entrada acima de 25 W, incluindo reguladores de intensidade (dimmer). • Classe D – Equipamentos com forma de onda de corrente de entrada especial, e contida dentro da envolvente mostrada na figura seguinte, com uma potência activa de entrada menor ou igual a 600 W. Nesta classe estão os computadores pessoais, monitores de vídeo e aparelhos de televisão. Para classificar como classe D, a corrente de entrada, em cada semi-período, deve-se encontrar dentro da envolvente em pelo menos 95% do semi-período. Observa-se que o centro da envolvente coincide com o pico da forma da corrente de entrada. Formas de 30 Capítulo 2. – Estado da Arte onda com pequenos picos de corrente fora da envolvente são consideradas dentro desta classe. [8] Figura 2-12 – Envolvente da corrente de entrada que de¯ ne um equipamento como classe D Apresenta-se de seguida a Tabela 2-6 que define os valores máximos para os harmónicos de corrente, com o equipamento a operar em regime permanente.[8] Tabela 2-6 – Limites para os Harmónicos de Corrente Classe A Classe B Classe C Classe D Ordem do Classe D Corrente Corrente (P>25W) Corrente Harmónico (10<P<300W máxima máxima % máxima (n) [mA/W] [A] [A] fundamental [A] 3 5 7 9 11 13 15≤n≤39 2 4 6 2,30 1,14 0,77 0,40 0,33 0,21 15 0,15. n 1,08 0,43 0,30 8 0,23. 8≤n≤40 n PF: Factor de potência Harmónicos Ímpares 3,45 30 FP 1,71 10 1,16 7 0,60 5 0,50 3 0,32 3 15 0,225. 3 n Harmónicos Pares 1,62 2 0,65 0,45 8 0,35. n 3,40 1,90 1,00 0,50 0,35 0,30 1 3,85. n 2,30 1,14 0,77 0,40 0,33 0,21 1 2,25. n Conforme foi descrito anteriormente, segundo Joseph Fourier (1768 – 1830) qualquer sinal periódico pode ser decomposto em séries de sinais sinusoidais cuja frequência é múltipla inteira da frequência fundamental, sendo que tal função pode ser descrita da seguinte maneira. 31 Capítulo 2. – Estado da Arte ∞ y( t ) = Y0 + ∑ Yn 2 sin (nωt + ϕ n ) (11) n =1 Sendo que; Y0 → Amplitude da componente contínua (Normalmente nula em sinais ímpares e com simetria de meia onda) Yn → Valor eficaz do harmónico de ordem n ω → Frequência angular fundamental ϕ n → Desfasamento da componente harmónica em t=0[8] O uso das séries de Fourier tornou-se num poderoso instrumento de análise uma vez que não só permite a utilização de técnicas de análise em regime permanente como permite a análise de cada harmónico de forma separada. 2.1.5.1.1 Ordem do Harmónico Sendo a tensão harmónica a tensão cuja frequência é múltipla inteira da frequência fundamental, torna-se necessário definir à partida a ordem (n) de cada harmónico. n= f harmónico f fundamental (12) Consoante a forma de onda que temos podemos ter harmónicos de ordem par ou de ordem impar. Os harmónicos de ordem par surgem normalmente nos sistemas de potência e com cargas não lineares, em níveis significativos quando estamos na presença de um sinal com assimetria, o que leva ao aparecimento de uma componente contínua. Por sua vez os harmónicos de ordem impar surgem quando estamos na presença de sinais com simetria de meia onda. De notar ainda que os harmónicos impares de ordem tripla são aqueles que merecem uma atenção mais cuidada devido à diferente resposta do sistema perante estes harmónicos, em relação aos demais. O facto de os harmónicos de ordem impar aparecerem na presença de ondas simétricas facilita a análise dos mesmos pela possibilidade de aplicar as séries de Fourier. Simplifica ainda o estudo da maioria dos sistemas o facto de a maioria das cargas não lineares apresentares simetria entre cada semi-ciclo da onda. Os harmónicos de ordem tripla tornam-se num problema sério para as ligações em estrela com ligação à terra com corrente a fluir pelo neutro. 32 Capítulo 2. – Estado da Arte Considere-se a figura seguinte referente a um sistema equilibrado com cargas monofásicas onde se assume presente a componente fundamental e a componente referente ao terceiro harmónico. Figura 2-13 – Corrente de neutro em circuitos com cargas monofásicas não lineares. O que a figura anterior descreve é o facto de a corrente de neutro resultante das três fases se anula enquanto que as correntes referentes ao terceiro harmónico, por se encontrarem em fase resultam numa corrente com o triplo da amplitude original. Para efeitos de análise recorre-se à utilização de um espectro harmónico, o qual permite decompor um sinal nos seus harmónicos, com recurso a um gráfico de barras, onde cada barra representa um harmónico, com uma amplitude, frequência e respectivo desfasamento. Figura 2-14 – Exemplo de um expectro harmónico de um sinal 33 Capítulo 2. – Estado da Arte 2.1.5.1.2 Conceito de valor RMS Note-se que os aparelhos de medida muitas vezes são construídos, mais no passado, sobre o pressuposto que a forma de onda é puramente sinusoidal, o que nos dias de hoje torna-se numa limitação de aplicabilidade desses mesmos equipamentos. No caso dos aparelhos mais antigos, ditos tradicionais, se a medição for baseada na quantidade de calor libertado por efeito de joule, com recurso à utilização de termopares, poderemos ter confiança nos resultados, uma vez que este método permite medir qualquer forma de onda. No caso dos aparelhos digitais se estes utilizarem a tecnologia RMS (Rout Mean Square) para calcular o valor eficaz do sinal poderemos também ter confiança nos resultados obtidos, contudo se não utilizarem nenhum destes dois métodos enunciados, não devemos ter em conta os valores obtidos pois os resultados somente reflectem a componente fundamental desprezando a energia contida nos diversos sinais harmónicos. O valor eficaz de um sinal distorcido deve ser então obtido conforme mostra a seguinte equação: ∞ Y= ∑Y 2 n (13) n =1 Para o caso da corrente eléctrica temos. I ef = I 2f + I 32 + I 52 + ... + I n2 (14) Onde In representa a corrente associada ao harmónico de ordem n.[8] Note-se que para harmónicos acima do 25.º ou 50.º , dependendo dos sistemas, normalmente são desprezados. 2.1.5.1.3 Factor de potência e Potência A distorção harmónica complica o conceito, que tanta vez julgamos adquirido, de factor de potência, uma vez que nem sempre nos lembramos que as equações normalmente usadas são resultado de aproximações para formas de onda sinusoidais, não considerando a distorção existente a qual normalmente anda abaixo dos 5%. [3] 34 Capítulo 2. – Estado da Arte Assim, as equações seguintes: S = P2 + Q2 (15) P S (16) cos ϕ = Sendo S a potência aparente a qual representa o potencial impacto de uma carga na capacidade térmica do sistema, Q a potência reactiva, que representa a potência reactiva que está no sistema, para baixas distorções. Na presença de distorções surge uma nova grandeza designada pela letra D, que representa a potência de distorção, a qual não fluí pelo sistema como é assumido para a potência. . Assim, as potências P e Q contribuem para os componentes senoidais de S enquanto que a potência D representa a contribuição adicional dos componentes harmónicos para a potência S. [3] Figura 2-15 – Diagrama das potências perante distorção Perante esta evidencia teremos que reescrever as equações das potências, sendo que passaremos a designar por FP o factor de potência do sistema, o qual não traduz somente a relação a contribuição da componente fundamental como o cos ϕ . P S (17) S = P2 + Q2 + D2 (18) FP = com, 35 Capítulo 2. – Estado da Arte 2.1.5.1.4 Taxa de distorção Harmónica A taxa de distorção harmónica é a quantificação numérica dos harmónicos, de tensão ou corrente, para um dado ponto da rede. Segundo a norma IEEE 519 esta quantificação representa a relação entre os valores eficazes da componente fundamental e dos harmónicos. ∞ ∑Y THD(%) = 2 n n=2 × 100% Y1 (19) Que pode ser representada ainda pela equação equivalente, 2 Yef THD = Y1 − 1 (20) Esta forma de quantificar a taxa de distorção harmónica permite obter distorções acima dos 100% o que quer dizer nesses casos que a componente harmónica é superior à componente fundamental. Esta forma de quantificação é muito utilizada na Europa. [8] Contudo a quantificação da taxa de distorção harmónica não se fica por aqui e pela norma EN NP 50160, as tensões harmónicas podem ser avaliadas das seguintes maneiras: • Individualmente, segundo a sua amplitude relativa (Uh) em relação à tensão fundamental U1, em que o índice h representa a ordem da harmónica; • Globalmente, através da distorção harmónica total, a qual é dada pela seguinte expressão matemática: 40 THD = ∑U 2 h (21) h=2 A norma IEC 60555-1 representa a taxa de distorção harmónica em relação ao sinal total. ∞ ∑Y THD(%) = 2 n n =2 ∞ × 100% (22) ∑Y 2 n n =1 È objectivo do fundamental de todos os intervenientes que a taxa de distorção harmónica seja o mais baixa possível. 36 Capítulo 2. – Estado da Arte 2.1.5.2 Causas das tensões harmónicas Existem com já foi referido diversas causas para a chamada distorção harmónica, sendo que se apresentam de seguida algumas: • Devido a um ligeiro desvio de construção do um gerador síncrono, a tensão gerada não é exactamente sinusoidal; • A ligação (rede eléctrica) entre a produção e o consumo não é exactamente linear, como por exemplo os transformadores cujo núcleo ferromagnético apresenta uma não linearidade devido à saturação magnética; • Os componentes electrónicos de potência, usados para controlar o trânsito de potência podem aumentar a quantidade de harmónicos da rede. • A não linearidade das cargas alimentadas, as quais são alimentadas por conversores de potência os quais apresentam um corrente não sinusoidal, consequentemente harmónicos de tensão. • Aparelhos de arco, tipo aparelhos de soldar. • Conversores electrónicos de potência tais como variadores de velocidade, carregadores de bateria, balastros electrónicos • Interferência nos telefones e sobrecarga do condutor neutro devido aos harmónicos de ordem tripla me ligações em estrela com ligação à terra e corrente a fluir pelo neutro. • Drives para motores DC: Nos rectificadores de 6 pulsos temos tipicamente os 5.º e 7.º harmónico de corrente, os quais são evitados com a utilização de rectificadores de 12 pulsos, contudo esta opção é mais dispendiosa e requer normalmente outro transformador. • Drives para motores AC: Devido à sua electrónica associada na rectificação e na sua inversão para controlo de frequência. Note-se ainda que os reguladores de velocidade apresentam distorções harmónicas muito diferentes para diferentes velocidades. 2.1.5.3 Consequências das tensões harmónicas A distorção harmónica apresenta diversas consequências, consoante o tipo de equipamento, apresenta-se de seguida algumas dessas consequências 37 Capítulo 2. – Estado da Arte • Motores: Redução do tempo de vida, variações na velocidade, e impossibilidade de atingir a potência nominal; • Transformadores: Diminuição da sua capacidade devido ao aumento de perdas e redução do seu tempo de vida útil; • Equipamentos de medida: Eventuais medições erróneas e maiores tempos de processamento; • Bancos de Condensadores: Queima de fusíveis e redução do tempo de vida útil; • Disjuntores/Fusíveis: Deterioração de componentes e “disparos” falsos; • Máquina Síncrona: Sobreaquecimento das sapatas polares causado pela circulação de correntes harmónicas nos enrolamentos amortecedores; • Fontes: Operações erróneas devido às múltiplas passagens pelo ponto zero; • Telefones: Interferências. Os harmónicos são particularmente perigosos para as baterias de condensadores, uma vez que podem dar origem a fenómenos de ressonância originando sobretensões nos terminais das unidades capacitivas. Essas sobretensões provocam uma degradação dos isolamentos das baterias, sendo que em casos extremos pode originar a completa destruição dos bancos de condensadores. É também possível que receptores do mesmo ponto fiquem sujeitos a tensões perigosas. De notar que as unidades capacitivas são sempre caminhos de baixa impedância para as correntes harmónicas, e sempre estarão sujeitos a sobrecargas e a sobreaquecimentos. Como principal consequência da distorção harmónica apresenta-se o sobreaquecimento das máquinas e o aumento de perdas, logo diminuição do rendimento. 2.1.5.3.1 Impacto nos motores Os motores são equipamentos muito afectados pela distorção harmónica de tensão, a qual se reflecte na indução de fluxos através do motor. Estes fluxos não afectam significativamente o binário do motor mas sim a velocidade de rotação, uma vez que teremos uma frequência de rotação diferente da frequência síncrona do rotor, isto devido à indução de correntes de altas frequências no rotor.[3] O efeito da distorção harmónica de tensão nos motores é semelhante ao da sequência negativa de correntes à frequência fundamental, ou seja: • Á indução devido aos harmónicos aumenta as perdas no cobre; 38 Capítulo 2. – Estado da Arte • Diminuição da eficiência; • Aumento do aquecimento do motor; • Vibrações e barulhos de alta frequência (agudos). Segundo a norma IEEE 519-1992, os motores estão preparados para trabalhar dentro de taxas de distorção harmónica até 5%, ou até 3% para qualquer harmónico individual. Os motores no que respeita ao fluxo de corrente harmónico são vistos em paralelo com a impedância de rede e geralmente aumentam a ressonância da rede devido ao efeito de redução da impedância da mesma. Sendo este efeito mais ou menos prejudicial consoante o valor da ressonância no respectivo ponto da rede, antes do fornecimento de energia ao motor. [3] 2.1.5.4 Acções Preventivas e correctivas sobre tensões harmónicas Para eliminação dos fenómenos de harmónicos podemos recorrer a várias soluções como é o caso da utilização de filtros de harmónicos, reactores de linha, transformadores de isolamento, filtros activos, e melhoria nas fixação e enterramento. Um filtro de harmónicos é na sua constituição mais simplista, um condensador para correcção de factor de potência combinado em série com uma indutância. Os filtros de harmónicas são quase sempre dimensionados abaixo da quinta harmónica, sendo necessário analisar cada caso para uma correcta adequação a cada aplicação. A utilização de transformadores providencia uma redução do conteúdo harmónico uma vez que suavizam a onda ao reduzirem o nível de tensão para o nível pretendido. Os motores podem contribuir para o filtrar de alguns harmónicos dependendo do rácio das reactâncias do rotor e estator com os seus valores resistivos. [3] Os filtros activos são constituídos basicamente por inversores AC/DC reversíveis com IGBT’s (conversor comutado de electrónica de potência) com capacidade de injectar na rede intensidades de corrente cujo valor eficaz e forma de onda são programáveis (circuito de controlo). O filtro activo tem pois como finalidade eliminar os harmónicos de corrente que circulam na rede eléctrica produzidos por uma ou mais cargas não lineares ligadas á rede correspondente, evitando fenómenos indesejáveis que originam a distorção da forma de onda da tensão, afectando tanto a instalação onde são produzidos como outras redes a ela ligadas. [22] 39 Capítulo 2. – Estado da Arte Os harmónicos tornam-se num problema se: • A fonte de harmónicos for muito grande; • O caminho por onde os harmónicos se propagam for muito grande, resultando em grandes distorções de tensão; • A resposta do sistema acentue um ou mais harmónicos. Caso alguma destas causas surjam as opções básicas de controlo que deverão ser tomadas são: • Reduzir a corrente harmónica produzida pela carga: Adicionando um reactor de linha em série reduzimos grandemente os harmónicos bem como protegemos o sistema de fenómenos transitórios; • Adicionar filtros que ou escoem as correntes harmónicas, ou bloqueiem-nas de entrar no sistema ou abastece-las localmente: A utilização de filtros de escoamento torna-se na opção mais viável por razões económicas mas também porque tende a suavizar a onda de tensão ao mesmo tempo que retira efectivamente o harmónico do sistema. A opção de filtrar o harmónico surge quando a tensão está muito distorcida e o harmónico torna-se difícil de isolar. Este método consiste em construir um filtro, passa banda, que apresente altas impedância para os harmónicos, ou mais usualmente recorre-se a bancos de condensadores ligados em estrela que bloqueiam os harmónicos de ordem tripla enquanto retêm uma boa ligação de terra para a frequência fundamental; • Alterar a frequência de resposta do sistema com filtros, indutâncias ou condensadores: Esta alteração da frequência de resposta pode ser conseguida de várias maneiras, tais com: • Adicionando filtros de escoamento; • Adicionar reactores de linha: Normalmente em série com o sistema e entre o banco de condensadores e o sistema a proteger, de modo a proteger o sistema das ressonâncias e não interferir com o funcionamento do banco de condensadores; • Mudar os bancos de condensadores de ponto de aplicação, para pontos onde as perdas sejam maiores e com diferentes impedâncias de curto-circuito. 40 Capítulo 2. – Estado da Arte 2.1.6 Tensões inter-harmónicas Quando uma onda é decomposta numa série de sinusóides, não múltiplas inteiras de frequência, da componente fundamental, dizemos ter uma tensão inter-harmónica. 2.1.6.1 Causas/consequências das tensões inter-harmónicas Este fenómeno é muitas vezes devido a alguns controladores de aquecimento, conversores ciclícos. Devido á sua normalmente pequena amplitude, este fenómeno não é tido como extremamente preocupante, contudo surge situações onde estas ondas são excitadas devido a ressonâncias inesperadas entre as indutâncias dos transformadores e o banco de condensadores. Quando temos distorções inter-harmónicas com frequências inferiores à fundamental dizemos estar na presença de sub-harmónicos, os quais levam à saturação dos transformadores e avaria dos geradores síncronos. Um caso especial de sub-harmónicos de corrente são os devidos à oscilação do campo magnético terrestre seguindo vento solar. Estes auto-denominados de correntes geomagnéticas induzidas têm períodos de aproximadamente 5 minutos e a saturação magnética resultante leva a apagões de larga escala. [1] 41 Capítulo 3. – Motor de indução 3 Motor de indução Como anteriormente referido o presente trabalho incide sobre as consequências da falta de qualidade de energia na alimentação dos motores de indução, como tal torna-se importante relembrar algumas noções sobre estas máquinas por forma a compreender os fenómenos que surgirão no decorrer dos testes/simulações elaborados. 3.1 Noções Históricas Em 1866 Werner Siemens, na Alemanha, regista a patente do gerador de corrente continua auto-induzida, sendo então considerado como o primeiro motor eléctrico. Tal equipamento apresentava a capacidade de poder funcionar como motor, quando aplicada energia eléctrica este produzia energia mecânica, ou podia funcionar de modo inverso como gerador. [13] Em 1882 sérvio Nikola Tesla identificou a rotação devida á indução de um campo magnético, e foi pioneiro na utilização desta rotação com o objectivo de gerar binário em máquinas rotativas. Em 1985, o italiano Galileus Ferraris, baseando-se no conceito de Tesla, constrói um motor de corrente alternada, bifásico, com um rotor em cobre, contudo com esta construção ele vem a afirmar que tais motores só poderiam fornecer um máximo de 50% de potência mecânica em relação á energia eléctrica consumida, o que vem a descredibilizar tais equipamentos. Em 1888, Galileus Ferraris publicou a sua investigação para a Royal Academy of Sciences, de Turim Em 1890 a empresa Westinghouse, suspende os trabalhos de pesquisa de Tesla, os quais já vinham a ser feitos desde 1882, que incidiam sobre a possibilidade da transmissão de energia sem o uso de comutadores. Sendo que nesta altura somente havia um pequeno protótipo bifásico do motor de indução. Em março de 1889, um russo de nome Dolivo-Dobrowolsky, chefe de construção da AEG, que persistia na causa de construir um motor alimentado a corrente alternada regista a patente do motor de indução trifásico de gaiola de esquilo, com uma potência 43 Capítulo 3. – Motor de indução média em torno dos 80W e com um rendimento de 80%, apresentando um trabalhar silencioso, um bom arranque, e uma simplicidade e robustez física muito boas com manutenção reduzida, bem como praticamente livre de interferências parasitas. [13] Tais princípios construtivos ainda hoje são tidos em conta na construção dos motores de indução, com pequenas diferenças construtivas consoante a aplicabilidade para as tarefas pretendidas. 3.2 Classificação dos motores eléctricos Consoante as necessidades dos utilizadores foram surgindo diversos tipos de motores eléctricos, os quais são apresentados na figura seguinte em forma de fluxograma. 44 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-1 – Tipos de motores eléctricos 45 Capítulo 3. – Motor de indução Os critérios de escolha dos diversos tipos de motores dependem da utilização a que o motor vai ser sujeito e das possibilidades do investidor. • Tipo de alimentação (DC ou AC, monofásico ou polifásico); • Condições ambientais, ou seja, limitações à poluição produzida pelo motor no ambiente circundante, principalmente sonora; • Relação Binário/Velocidade, consequência directa das características da carga; • Consumo e Manutenção, esta varia com os interesses económicos, perspectivas a curto ou longo prazo do investimento; • Controlabilidade: Posição, Binário, Velocidade, Corrente de arranque, adequados às características da carga. O presente trabalho vai incidir em especial sobre os motores de corrente alternada, trifásicos e assíncronos. Esta opção foi tomada uma vez que os motores de corrente alternada ocupam um lugar de destaque na indústria, tendo uma quota de utilização de cerca de 80%, não só pela sua característica construtiva como pelo seu custo de manutenção menor, quando comparados com os motores de corrente contínua. Os motores assíncronos são chamados de indução, uma vez que possuem a característica de auto-induzirem um campo magnético no rotor através do campo magnético do estator criado pela corrente alternada de alimentação. Esta característica possibilita o funcionamento com um só tipo de fonte ao contrário dos motores síncronos que necessitam de uma fonte de corrente contínua para criarem o campo magnético do rotor(excitação), tendo contudo a vantagem de trabalhar a uma velocidade constante, igual à velocidade de sincronismo, estas características inviabilizam a máquina síncrona para um elevado numero de aplicações. Os motores de indução (assíncronos) apresentam como principal desvantagem o escorregamento, ou seja, a diferença entre a velocidade do campo magnético do estator e a velocidade do rotor( veio do motor) sendo esta ligeiramente inferior à primeira, conforme descrito pela equação (23). s= ns − nm × 100% ns Sendo: s → Escorregamento do motor; 46 (23) Capítulo 3. – Motor de indução n s → Velocidade de sincronismo; n m → Velocidade mecânica do rotor; Para surgir este fenómeno de auto-indução é necessário que os enrolamento do rotor estejam curto-circuitados por forma a que as corrente induzidas possam percorrer um circuito fechado e assim criarem um campo magnético rotórico. Apresenta-se de seguida a constituição física detalhada de um motor de indução em gaiola de esquilo. Figura 3-2 – Constituição do motor de indução. [14] As máquinas de indução podem ser consideradas como máquinas de excitação única, porque tensões alternadas trifásicas são aplicadas somente no estator, como mencionado anteriormente, uma vez que a tensão alternada de frequência variável que surge no rotor é resultado do campo magnético, indutor, do estator á semelhança do secundário de um transformador. A frequência das grandezas induzidas no rotor é dada pela equação (24). (24) f ROT = s × f EST . Sendo: f ROT → Frequência do rotor; f EST → Frequência do estator; Como visto anteriormente existem basicamente dois tipos de máquinas de indução trifásicas, de corrente alternada, as de rotor em gaiola e de rotor bobinado, sendo o primeiro muito mais económico. 47 Capítulo 3. – Motor de indução A constituição do motor de indução na parte relativa ao estator não possui grandes diferenças nos dois tipos de máquina de indução, sendo que o estator é composto por chapas laminadas de aço com baixo teor de carbono ou por chapas de aço-silício, com o objectivo de assegurar baixas perdas e uma elevada permeabilidade magnética, sendo que em volta das cavas definidos por esta estrutura são colocados os enrolamentos em cobre, por forma a poder ser criado um campo girante. Figura 3-3 – Estator de um motor de indução O rotor é constituído por um núcleo de chapas ferromagnéticas, isoladas entre si, sobre o qual são colocadas barras de material condutor, dispostas paralelamente entre si e unidas nas suas extremidades por dois anéis condutores, que fazem o curto-circuito dos condutores. É extremamente simples, robusto e reproduz o número de pólos do estator. As barras do rotor tipo gaiola de esquilo dificilmente são paralelas ao eixo do rotor, tendo um certo ângulo em relação a ele, para produzir um binário, mais uniforme e para reduzir o “zumbido” magnético durante a operação. [15] Como já anteriormente mencionado o rotor pode ser de: • Gaiola de esquilo, simples, dupla ou de barras profundas; • Rotor bobinado. Figura 3-4 – Exemplos de rotor em gaiola de esquilo Os diferentes tipos de rotores em gaiola não só apresentam características construtivas diferentes como funcionais: • Rotor de Gaiola de esquilo simples: Com barras de cobre ou alumínio com anéis de topo a curto-circuitar, junto destes podem ser encontradas alhetas de 48 Capítulo 3. – Motor de indução ventilação. Possuem um binário de arranque de fraca intensidade, e uma corrente nominal cerca de 7 vezes superior à corrente nominal; • Rotor de Gaiola de esquilo dupla: Estes possuem duas gaiolas concêntricas, sendo que a gaiola exterior é construída para possuir uma resistência eléctrica suficientemente elevada para permitir um binário de arranque mais elevado. Por sua vez a gaiola interior é construída de modo a possuir um baixo valor resistivo por forma a aumentar o rendimento da máquina em regime nominal. Este tipo de rotor visa essencialmente aumentar o binário e diminuir a corrente de arranque. • Rotor de Gaiola de esquilo de barras profundas: Este tipode rotor apresenta uma semelhança em termos construtivos com o rotor de gaiola simples, com umas barras a definir uma profundidade considerável. Apresenta um bom binário de arranque, um menor rendimento e uma variação de velocidade que interfere somente com a tensão. [13] Figura 3-5 – Exemplos de rotor bobinados Nos rotores bobinados os enrolamentos são de material condutor, normalmente de cobre inseridos nas ranhuras do rotor, isolados do núcleo de ferro. Normalmente o rotor é trifásico, e os seus enrolamentos são ligados em estrela ou triângulo devendo ser enrolado com o mesmo número de pólos, uma vez que este tipo de rotor não reproduz o número de pólos do estator, como no caso do rotor em gaiola. Os três condutores de linha dos enrolamentos são ligados a um ligador centrífugo ou a 3 anéis colectores em cobre isolados e solidários com o rotor. No exterior a ligação é obtida através do uso de 3 escovas em grafite que fazem contacto com cada um destes anéis. Podem-se incluir resistências em série ao rotor caso se pretenda o controlo do binário e velocidade. Devido ao seu elevado custo inicial e maior custo de manutenção, o rotor bobinado é utilizado quando se pretende um elevado binário de arranque. 49 Capítulo 3. – Motor de indução 3.3 Modelo matemático da máquina de indução A modelação do motor de indução em modelos matemáticos para o presente trabalho não vai ser necessária uma vez que iremos utilizar o ATP/EMTP para tal fim, contudo torna-se necessário obter os parâmetros da máquina de indução para podermos validar as simulações que se pretendem executar. Apresenta-se de seguida o circuito equivalente por fase do motor de indução com o rotor e o estator ligados em estrela, circuito muito semelhante ao do transformador, uma vez que a indução de tensões e correntes no rotor é na sua essência uma operação de transformação. . I1 jX1 jX2 . I exc R1 . . Vmag V1 . . Ip I mag Rp jXm . I2 R2 s Figura 3-6 – Circuito eléctrico equivalente por fase do motor de indução Onde: . V 1 → Tensão eficaz por fase do estator; . V mag → Tensão eficaz de magnetização do motor; . I 1 → Corrente eficaz por fase do estator; . I 2 → Corrente eficaz por fase do rotor; . I exc → Corrente eficaz de excitação; . I mag → Corrente eficaz de magnetização; . I p → Corrente eficaz de perdas no ferro; s → Escorregamento da máquina, diferença entre velocidade de sincronismo e do rotor. 50 Capítulo 3. – Motor de indução Os parâmetros a obter para implementação do modelo são aqueles que estão inerentes à máquina devido às suas características construtivas, sendo: R1 → Resistência eléctrica por fase do estator; R2 → Resistência eléctrica por fase do rotor; R p → Resistência eléctrica de perdas no ferro ou resistência de magnetização; X 1 → Reactância de dispersão por fase do estator; X 2 → Reactância de dispersão por fase do rotor; X mag → Reactância de magnetização. Sendo a corrente absorvida pelo estator dada pela seguinte equação: . . I1 = V1 (25) . Z eq , onde . . . . R Z eq = Z 1 + Z 2 ⇔ Z eq = [R1 + jX 1 ] + 2 + jX 2 // RP // jX mag s . Z eq 1 1 1 = [R1 + jX 1 ] + + + R p jX mag R2 + jX 2 s (26) −1 (27) Através da contabilização dos fluxos de potência ao longo do motor, calculando as diversas perdas, conseguimos calcular os parâmetros do circuito equivalente, através dos ensaios em vazio e em carga. Trata-se portanto importante definir que o motor apresenta na sua essência dois tipos de perdas, as perdas eléctricas e as mecânicas, como se esquematiza de seguida: Potência dissipada nos enrolamentos do estator – Pcu1 Potência dissipada nos enrolamentos do rotor – Perdas eléctricas Perdas por Histerese e correntes parasitas – Pf e (nos núcleos magnéticos) Perdas residuais ( “Stray-Load losses”) – Presd Perdas Perdas atrito e ventilação – PA+V 51 Capítulo 3. – Motor de indução Distribuição de Perdas no Motor Indução 7% 13% 32% 48% Perdas Mecânicas Perdas eléctricas no estator Perdas Magnéticas Perdas eléctricas no rotor Figura 3-7 – Distribuição típica das perdas no motor de indução Note-se que as perdas residuais são todas aquelas que não se enquadram nos diferentes tipos de perdas acima descritos, incluindo as perdas parasitas no rotor e no estator bem como as perdas derivadas aos harmónicos do campo magnético no estator e no rotor devidas ás ranhuras e dentes e devido á forma aproximadamente sinusoidal da força magnetomotriz total da máquina. [16] As perdas residuais uma vez que não são mensuráveis, segundo a norma IEEE Std112, podem ser obtidas pela seguinte tabela, para regime nominal [17]: Tabela 3-1 – Tabela de percentagem de perdas residuais em regime nominal em função da potência saída Percentagem de perdas residuais em função da potência de saída Classificação da máquina 1-125 hp 126-500 hp 501-2499 hp >2500 hp Para outro regime de carga 1-90 kW 1,80% 91-375 kW 1,50% 376-1850 kW 1,20% >1851 kW 0,90% que não o nominal, podemos obter as perdas residuais pela equação (28): WLL I = W LL 2' I2 ' 2 (28) Sendo que: W ' LL → Valor das perdas residuais correspondentes ao valor da corrente do rotor I 2' ; 52 Capítulo 3. – Motor de indução I 2 → Valor da corrente do rotor apropriada para o regime de carga que se pretende obter as perdas residuais; I 2' → Valor da corrente do rotor correspondente ao regime de carga actual As perdas rotacionais são definidas como a soma das perdas mecânicas, perdas no ferro e as perdas residuais. (29) Prot = PA+V + Pfe + Presd É necessário definir ainda o valor das perdas no ferro e por atrito e ventilação, as quais podem ser obtidas através da construção do gráfico de potência absorvida menos perdas no estator versus tensão alimentação: Pabs-Pcu1 Pfe PA+V U1 Figura 3-8 – Gráfico para obtenção das perdas de atrito e ventilação Ao construir-se o gráfico da Figura 3-8 e prolongando a curva obtida até esta intersectar o eixo das ordenadas obtem-se um ponto onde não existe fluxo, logo as perdas no ferro serão nulas. Obtendo-se assim o valor das perdas de atrito e ventilação.[17] A potência absorvida é dada pela equação (30): Pabs = 3U 1 I 1 cos ϕ (30) Sendo a potência útil disponível no veio do motor a diferença entre a potência absorvida e as perdas rotacionais somadas às perdas no cobre: Pmec = Pabs − ( Prot + Pcu1 + Pcu 2 ) (31) Sendo as perdas no cobre definidas como perdas resistivas (perdas por efeito de Joule) estas são definidas da seguinte maneira: Pcu1 = 3R1 I 1 2 (32) Pcu 2 = 3R2 I 2 2 (33) 53 Capítulo 3. – Motor de indução A potência electromagnética Pem , potência transferida do estator para o rotor, também conhecida por potência no entreferro, é dada por: Pem = Pabs − ( Pfe1 + Pcu1 + Presd1 ) (34) sendo que; Pfe1 → Contribuição do estator nas Perdas no ferro; Pcu1 → Contribuição do estator nas Perdas no cobre; Presd1 → Contribuição do estator nas Perdas residuais; Na equação acima mencionada pode considerar-se que as perdas no ferro devidas à contribuição do estator são iguais às perdas totais no ferro, uma vez que as perdas no ferro devidas ao rotor são cerca de 200 vezes menores, o que possibilita tal aproximação com um erro muito reduzido. Pode-se ainda definir a potência electromagnética pela equação (35): Pem = 3 R2 2 I2 s (35) Podendo agora ser definida a potencia útil disponível no veio do motor, das seguintes formas: Pmec = Pem − ( Presd 2 + Pcu 2 + PA+V ) (36) ou como visto anteriormente por, Pmec = Pabs − ( Prot + Pcu1 + Pcu 2 ) (37) Sendo que; Presd 2 → Contribuição do rotor nas perdas residuais; O rendimento é dado como a relação da potência de entrada e a potência útil da saída, através da equação (38); η= Pmec Pabs − Pperdas = Pabs Pabs (38) Existe ainda a possibilidade de definir a denominada potência mecânica interna do motor, pelas equações (39): Pmeci = Pem − Pcu 2 ⇔ Pmeci = 3 R2 2 R I 2 − 3R2 I 22 ⇔ Pmeci = (1 − s )3 2 I 22 s s (39) Ou seja, Pmeci = (1 − s ) Pem (40) 54 Capítulo 3. – Motor de indução Sendo a potencia mecânica do motor de saída ser definida por: (41) Pmec = Pmeci − PA+V O binário da máquina é dado então pela razão da potência mecânica de saída com a sua velocidade. Tmec = Pmec (42) ωm ou, Tem = Pem ωs ⇔ Tem = Pmeci (43) ωm com; ω s → A velocidade angular síncrona; ω m → A velocidade angular mecânica do rotor; Sendo que; ω s = 2π ( 2 fs ) p (44) 2 fs ) p (45) ω m = 2π (1 − s )( Com f s como a frequência síncrona da tensão de alimentação e p o numero de pares de pólos do motor. 3.3.1 Medição da resistência dos enrolamentos do estator A medição do valor resistivo dos enrolamentos do motor é uma tarefa que por vezes pode ser desvalorizada pela sua aparente facilidade e assim levar a que se cometam alguns erros de procedimento. Passa-se portanto a explicar de uma forma expedita tal procedimento e cuidados que devem ser tidos em conta. Para tal recorre-se ao método Voltímetro-Amperímetro. A medição tem que ser feita em corrente contínua por forma a não surgir interferência da reactância dos enrolamentos do estator ou indução no enrolamento do rotor. 55 Capítulo 3. – Motor de indução Salienta-se ainda que os valores obtidos da resistência dos enrolamentos não é totalmente preciso uma vez que não tem em conta o efeito pelicular bem como a variação da temperatura devido ao funcionar do motor. A qual deve ser tida em conta , caso o preciosismo o justifique, através da equação (46): R = R0 θk +θ θk + θo (46) com, R0 → Valor da resistência medido à temperatura θ 0 ; R → Valor da resistência corrigido para a temperatura θ ; θ K → Valor de temperatura para a qual o material não apresenta resistividade, tipicamente de θ k = 234,5º C para o cobre e θ k = 236,4º C para o alumínio; 3.3.1.1 Ligação dos enrolamentos em estrela Se o motor apresentar a ligação dos enrolamentos do estator em estrela, como se mostra na Figura 3-9, o valor resistivo de cada enrolamento é dado pela equação (47): Figura 3-9 – Medição dos enrolamentos ligados em estrela V = 2 R1 I ⇔ R1 = V 2I (47) 3.3.1.2 Ligação dos enrolamentos em triângulo No caso dos enrolamentos do motor estarem ligados em triângulo(Figura 3-10) tem que se obter o valor resistivo dos mesmos como se tratasse de uma ligação em estrela, uma vez que o circuito equivalente a usar é para um motor com ligação dos seus enrolamentos em estrela. Para efectuar tal transformação procede-se da seguinte forma: 56 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-10 – Medição dos enrolamentos ligados em triângulo A resistência vista pela fonte será resultante do equivalente da malha fechada definida pelos enrolamentos; Req = ( 1 1 −1 2 R ) = + R 2R 3 (48) V = 2R 3V I ⇔R= 3 2I (49) Com , (valor resistivo real, para ligação em triângulo) Torna-se necessário agora obter qual será o valor resistivo equivalente de cada enrolamento para uma ligação em estrela; Figura 3-11 – Transposição da ligação triângulo para estrela Tem-se então que; R2 R R1 = = 3R 3 (50) Ou seja o valor resistivo equivalente para uma ligação em estrela é de triângulo. 57 1 do valor em 3 Capítulo 3. – Motor de indução 3.4 Ensaios para obtenção dos parâmetros do motor de indução Apresentam-se de seguida os ensaios necessários para a obtenção dos parâmetros da máquina de indução. A Tabela 3-2 apresenta os parâmetros a obter para cada um dos ensaios. Note-se que a obtenção de alguns parâmetros está dependente do resultado de ambos os testes: Tabela 3-2 – Tabela de parâmetros obtidos com os ensaios em vazio e rotor bloqueado Ensaio em Vazio Perdas no ferro - Pfe Perdas por atrito e ventilação – Pa+v Perdas Residuais – Presd Reactância de magnetização – Xm Ensaio Rotor Bloqueado Valor das reactâncias X1 e X2 Valor das resistências R1 e R2 3.4.1 Ensaio em Vazio Como o próprio nome indica este ensaio é executado sem nenhuma carga acoplada ao veio do motor, por forma a ser quantificada as perdas de atrito e ventilação e as perdas no ferro. Para tal procede-se à ligação física descrita na Figura 3-12 de modo a obter os dados do motor através do esquema do circuito equivalente da máquina de indução já anteriormente descrito. IA IB IC Figura 3-12 - Ligação eléctrica do Motor de indução para ensaio em vazio Da montagem anterior sabe-se que a corrente de entrada no estator é dada por: I1 = I A + Ib + Ic 3 (51) 58 Capítulo 3. – Motor de indução Com este ensaio obtêm-se um escorregamento muito pequeno, da ordem dos 0,1%, constata-se que R2 (1 − s ) vai ser muito maior que R2 e X 2 , o que leva a uma s simplificação do circuito equivalente da Figura 3-13. . I1 . I exc . . . . Ip I mag Vmag V1 R2 (1 − s ) s . I2 Figura 3-13 – Circuito equivalente do motor de indução Logo simplificando o circuito anterior obtemos o circuito da Figura 3-14: . I1 . I exc . V1 . Vmag . . Ip I mag . I2 R2 (1 − s ) s Figura 3-14 – Circuito equivalente parcialmente simplificado para ensaio em vazio Uma vez que o escorregamento é muito pequeno e consequentemente R2 (1 − s ) muito s elevado, a corrente I 2 será muito reduzida o que se traduz em perdas por dissipação no rotor muito pequenas, sendo a potência absorvida pelo motor dada pela equação (52): Pabs = PA+V + Pfe + Presd + Pcu1 (52) Contudo deve-se também considerar que as perdas por dissipação no lado do estator também são muito pequenas quando comparadas com as perdas no ferro e perdas mecânicas (atrito e ventilação), o que nos conduz à equação (53): 59 Capítulo 3. – Motor de indução (53) Pabs = PA+V + Pfe + Presd Pabs = W1 + W2 Sendo as perdas residuais obtidas tal como indicado na Tabela 3-1 falta obter as perdas por atrito e ventilação e as perdas no ferro. Para isso, recorre-se ao método descrito pela Figura 3-8 na página 53 do presente documento. Deve-se ainda de calcular o valor da reactância do estator e da reactância de magnetização. Para tal recorre-se à simplificação do circuito representado na Figura 3-14. Teremos então que: V1 I1 (54) Pabs I 12 (55) Z eq 0 = Req 0 = O que leva a, X eq 0 = Z eq2 − Req2 ≈ X 1 + X m (56) 3.4.2 Ensaio com o rotor bloqueado Apresenta-se de seguida o esquema de ligações físicas a executar para realização do ensaio com rotor bloqueado. IA IB IC Figura 3-15 – Ligação eléctrica do motor de indução para ensaio de rotor bloqueado Este ensaio vai consistir na alimentação do motor bloqueando o rotor para que possamos adoptar um escorregamento unitário. 60 Capítulo 3. – Motor de indução . I1 . . I2 V1 R2 1 Figura 3-16 – Circuito equivalente para rotor bloqueado Com um escorregamento unitário têm-se que R2 = R2 , logo a oposição apresentada s pelo ramo de R2 e X 2 vai ser muito reduzida quando comparada com o ramo de excitação. Sendo que considera-se que a oposição apresentada pelo ramo de excitação é de tal forma elevada que toda (quase toda) a carga irá passar por R2 e X 2 . Assim sendo, alimenta-se o motor, com a fonte ajustável, até se obter uma corrente igual á corrente nominal, conforme o indicado na Figura 3-12, mas desta vez com o veio do motor bloqueado. O ensaio deve ser realizado, segundo a norma IEEE Std 112 [17], a aproximadamente 25% da frequência do estator, frequência próxima da frequência nominal da corrente do rotor, por forma a obtermos valores aceitáveis. PBL V1 I 1 (57) V1 I1 (58) Z eqBL = Z eqBL × cos ϕ BL + jZ eqBL × sin ϕ BL (59) PBL = V1 I 1 cos ϕ BL ⇔ cos ϕ BL = Z eqBL = Sendo que; Z eqBL × cos ϕ BL = R BL (60) jZ eqBL × sin ϕ BL = X ' BL (61) fs ' X BL fe (62) X BL = 61 Capítulo 3. – Motor de indução É importante corrigir os valores obtidos de forma a estabelecer coerência entre os valores dos diversos ensaios. Uma vez que as reactâncias dependem da frequência de trabalho. R BL Xm = R1 + R2 X2 + Xm Xm X BL = X 1 + X 2 X2 + Xm 2 (63) (64) Transformando as equações (63)e (64) teremos: R2 = ( R BL X + Xm − R1 ) 2 Xm Xm X 2 = X BL + X 1 X 1 + X m − X BL 2 (65) (66) Transformando a equação (56) do ensaio em vazio e substituindo na equação anterior, teremos: X eq 0 − X 1 X 2 = X BL + X 1 X −X BL eq 0 (67) Segundo a norma IEEE Std 112 [17] obtém-se a relação de X 1 e de X 2 uma vez que não se torna mensurável de forma separada os referidos valores. Têm-se então que: Tabela 3-3 – Tabela de Fraccionamento das reactâncias de motores Classe do Motor A Descrição Binário de arranque normal, Corrente de arranque normal Binário de arranque normal, Corrente de arranque baixa Binário de arranque elevado, Corrente de arranque baixa Binário de arranque elevado, Escorregamento elevado B C D Rotor Bobinado Performance varia com a resistência rotórica Fraccionamento de X1+X2 X1 X2 0.5 0.5 0.4 0.3 0.5 0.6 0.7 0.5 0.5 0.5 Uma vez calculada a equação (67) utilizando uma das relações da Tabela 3-3 torna-se necessário calcular a reactância de magnetização usando para tal a equação (68), resultado da transformação da equação (56). (68) X m = X eq 0 − X 1 62 Capítulo 3. – Motor de indução Note-se que para refinar o valor resistivo de R1 obtido pela equação (65) deve ser corrigido no valor correspondente à temperatura de teste de rotor bloqueado, segundo explicado na equação (46). 3.5 Validação do modelo de simulação no software de simulação ATP/EMTP Neste Capítulo apresenta-se não só o software de simulação digital de transitórios ATP/EMTP, mas também o desenvolvimento do modelo de base a utilizar para as diferentes simulações de perturbações e os testes de validação do mesmo. 3.5.1 Simulador de transitórios electromagnéticos ATP/EMTP O ATPdraw é um software com a capacidade gráfica de definir elementos constituintes de uma rede eléctrica interligados entre si, por forma a simular efeitos transitórios que possam ocorrer na instalação real e assim evitar prejuízos de falta de produção ou pela destruição de equipamentos ou redução da vida útil dos mesmos. Esta potencialidade gráfica baseada na ideia “what you see is what you get”, é extremamente versátil uma vez que reduz a complexidade de análise do sistema. O ATP foi desenvolvido em 1960 na “Bonneville Power Administration”, de forma a substituir o software TNA (Transiente Network Analyser). A revolução trazida por este software foi tão grande que nos inícios dos anos 80, já contava com 70 000 linhas de código, contrastando com as 5 000 linhas iniciais. Para não falar da abrangência de aplicações que foram dadas a esta aplicação, que passou de um simples programa de estudo de comutações de redes para um programa de múltiplos campos de simulação.[11] O ATPdraw possuí vários modelos de máquinas/equipamento tais como, transformadores, máquinas rotativas (máquina assíncrona de rotor em gaiola e de enrolamentos, síncrona, monofásica, corrente contínua),pára-raios, linhas de transmissão de energia e cabos. O ATP permite assim estudar redes complexas através da simulação de casos reais, também é possível a análise de sistemas de controlo, equipamento electrónico de potência e componentes não lineares. 63 Capítulo 3. – Motor de indução É possível com o ATP estudar perturbações simétricas ou assimétricas, quebras de tensão, descargas atmosféricas bem como os mais variados tipos de operações de comutação, sendo possível o cálculo da resposta em frequência de redes polifásicas, bem como a trabalhar com ambos os esquemas em Pi do tipo KCLee e do tipo JMarti. Existem no ATPDraw quatro tipos de objectos: • Componentes standard predefinidos, incluindo as TACS; • Conectores entre nós, incluindo os objectos especiais trifásicos; • Possibilidade de criar objectos modelo(Models); • Objectos definidos pelo utilizador. No que respeita aos tipos de ficheiros associados ao ATPDraw, temos os seguintes: • Ficheiros tipo “.CIR”, ficheiros onde o esquemático de trabalho é armazenado; • Ficheiros tipo “.SUP”, ficheiros definidos para cada tipo de componente, contendo as especificações para todos os nós e dados inseridos, informação do icon de cada componente e o texto de ajuda; • Ficheiros do ATP, ficheiros criados e executáveis pelo ATP; • Ficheiros tipo “.MOD”/”.LIB”, Ficheiros Model e de especificações de utilizador, tipos de ficheiros que contém as informações adicionais de objectos. Os ficheiros “Models” é uma linguagem de descrição geral suportada por um conjunto de ferramentas de simulação, visando a representação e estudo de sistemas variáveis no tempo. Este modelo é importante uma vez que possibilita ao utilizador a habilidade especial de modular fontes de harmónicos. Tal facto é constatado pela existência de vários modelos de fontes de harmónicos desenvolvidos por W.M.Grady, incluindo controladores de velocidades ajustáveis, cargas com as características dos computadores, e lâmpadas fluorescentes. Segundo Hibbert, no seu artigo “EMTP Application” pela South East Queensland Electricity Board, o ATP divide-se, numa visão simplista, em 3 categorias, as fontes, ramos e comutadores, passando de seguida a especificar cada um deles. [11] Fontes: • Geradores de funções em rampa, com declínios lineares, úteis para a simulação de iluminações; • Geradores de funções ondulatórias, também úteis para simulação de iluminação; • Geradores de funções do tipo f(t) = Amplitude * cos(2πft + f); 64 Capítulo 3. – Motor de indução • Modelo dinâmico da máquina síncrona trifásica. Ramos: • Modelo RLC • Modelos equivalentes П(pi); • Parâmetros distribuídos de linhas de distribuição; • Bloqueadores de oscilações; • Transformadores Comutadores: • Comutadores ordinários, comutadores que a “fechados” apresentam um nível de tensão igual a zero e corrente eléctrica igual a zero quando “abertos”. • Comutador de tensão controlada, útil para simulação de impulsos de interrupção/desactivação; • Comutador sistemático, comutador automático entre a posição de “ligado” e “desligado”. Figura 3-17 – Estrutura geral do programa [12] O ATPDraw suporta múltiplos documentos (MDI), o que possibilita trabalhar em simultâneo em vários esquemas, copiando informação entre eles. O uso do ATP tem como vertentes fundamentais duas áreas distintas, uma contemplando a parte de desenho, ou seja, abordando pontos essenciais como é o 65 Capítulo 3. – Motor de indução dimensionamento de equipamentos, especificações de sistemas de protecção, sistemas de controlo mas também a coordenação do isolamento, a outra área é a do estudo de fenómenos transitórios que surgem na operação dos equipamentos. Esta última será a vertente explorada para o estudo dos fenómenos transitórios que afectam a máquina de indução. O ATP permite definir o estado inicial de funcionamento de um sistema, como seja o arranque sem defeito ou um arranque com condições iniciais diferentes de zero. A formulação matemática no ATP é baseada no método das características, denominado método de Bergeron, para elementos com parâmetros e para parâmetros concentrados usa a integração trapezoidal para a resolução para a resolução das equações diferenciais, ou seja, este método consiste na subdivisão de intervalos de igual comprimento n, no intervalo de integração a ≤ x ≤ b , aproximando a função f por um conjunto de segmentos abertos com pontos de término [a, f (a)], [x1 , f ( x1 )],..., [b, f (b)] , obteremos então um conjunto de áreas de n de trapézios, descritos pela seguinte equação diferencial: b J = ∫ f ( x)dx ≈ h[ a 1 1 f (a) + f ( x1 ) + f ( x 2 ) + ... + + f ( x n −1 ) + f (b)] 2 2 (69) Durante a solução são utilizadas técnicas de esparsidade e de factorização triangular optimizada de matrizes. O ATP permite a simulação de transitórios electromagnéticos em redes polifásicas, com configurações arbitrárias, por um método que utiliza a matriz de admitância de barras. Como um programa digital não permite obter uma solução contínua no tempo, são calculados valores a intervalos de tempo discretos.[12] O programa permite a representação de não linearidades, elementos com parâmetros concentrados, elementos com parâmetros distribuídos, chaves, transformadores, reactores, etc. [12] 3.5.2 Desenvolvimento do modelo de simulação para o ATP/EMTP Para validar o modelo de simulação, utilizaram-se os dados disponíveis em [18] e em [19] para permitir comparar os resultados obtidos com resultados obtidos com outros modelos e disponíveis na bibliografia. 66 Capítulo 3. – Motor de indução O modelo utilizado é o representado na Figura 3-18. Figura 3-18 – Modelo de base simulado no ATP O módulo correspondente à modelação da carga mecânica foi obtido com base na correspondência dos componentes eléctricos e mecânicos, como se mostra na figura Figura 3-19. Figura 3-19 – Representação das forças mecânicas do sistema Assim sendo temos no sistema representado um sistema de forças que pode ser representado pela equação (70). T = Bω + J dω dt (70) Onde; T → Binário de carga; J → Momento de inércia; B → Coeficiente de atrito; 67 Capítulo 3. – Motor de indução Fazendo uma analogia força ou binário – corrente eléctrica, o sistema descrito pela equação dinâmica pode ser descrito por grandezas equivalentes eléctricas através da equação (71). i= V dv +c R dt (71) Sendo que a modelação eléctrica é a descrita pela Figura 3-20 e que serve de base para o modelo de simulação utilizado no presente trabalho. Figura 3-20 – Equivalente eléctrico de carga mecânica Serão apresentados de seguida os diversos testes, utilizando o software ATP/EMTP, com indicação das respostas esperadas e as respostas obtidas. 3.5.3 Teste de validação n.º1 A presente simulação foi executada com os dados disponíveis em [18], na página 304. A Tabela 3-4 ilustra os dados que foram tidos em conta: 68 Capítulo 3. – Motor de indução Tabela 3-4 – Situação de teste 1 para validação de dados Tensão de alimentação (Amplitude) Frequência de alimentação Resistência da linha Indutância da linha Indutância de magnetização ou Ind. Mútua estator-rotor Resistência do Estator Resistência do Rotor Indutânica vista do Estator Indutância vista do Rotor Indutância do Estator Indutância do Rotor Escorregamento Binário de Carga Momento de Inércia Atrito Un f Rl Xl Lsr Rs Rr Ls Lr Ls1 Lr1 s T J D 311,13 50 0,005 0 0,0473 0,28 0,39 0,05 0,05 0,0027 0,0027 100 2 0,5 0,075 V Hz Ω H H Ω Ω H H H H % N.m Kgm2 Nm/rad/s A resposta esperada para os parâmetros de corrente absorvida (ia), velocidade de rotação (n) e binário gerado (Tem) são representados nas Figura 3-21,Figura 3-22,Figura 3-23 e Figura 3-24: Figura 3-21 – Resposta esperada do motor para a situação de teste 1 69 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-22 – Correntes de arranque para situação de teste 1 Figura 3-23 – Binário gerado para situação de teste 1 70 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-24 – Velocidade do motor para situação de teste 1 Embora se verifiquem algumas ligeiras diferenças quanto ao tempo de resposta e simultaneidade das respostas, o que se deve provavelmente a pequenas diferenças nos modelos, nomeadamente no que diz respeito à modelização da carga, pode afirmar-se que os resultados obtidos são bastante semelhantes aos esperados. 3.5.4 Teste de validação n.º2 A presente simulação foi executada com os dados disponíveis em [19] por forma, à semelhança do teste anterior, poder ser validado o modelo teórico desenvolvido. A Tabela 3-5 ilustra os dados que foram tidos em conta: 71 Capítulo 3. – Motor de indução Tabela 3-5 – Situação de teste 2 para validação de dados Un 2449,49 V Tensão de alimentação (Amplitude) f 50 Hz Frequência de alimentação Rl 0,005 Ω Resistência da linha Xl 0,0008 H Indutância da linha 0,0412 H Indutância de magnetização ou Ind. Mútua estator-rotor Lsr Rs 0,0385 Ω Resistência do Estator Rr 0,0362 Ω Resistência do Rotor Ls 0,0420 H Indutânica vista do Estator Lr 0,0418 H Indutância vista do Rotor Ls1 0,0008 H Indutância do Estator Lr1 0,0006 H Indutância do Rotor s 100 % Escorregamento T 7000 N.m Binário de Carga J 52,5 Kgm2 Momento de Inércia D 0,5555 Nm/rad/s Atrito As respostas esperadas em termos de correntes de armadura e de velocidade de arranque do motor são as apresentadas nas Figura 3-25 e Figura 3-26, respectivamente. Figura 3-25 – Correntes de arranque esperadas para a situação de teste 2 72 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-26 – Velocidade esperada para a situação de teste 2 Os resultados obtidos pela simulação no ATP são apresentadas de seguida na Figura 3-27 , no que respeita às correntes de armadura e na Figura 3-28 no que respeita à velocidade de arranque. Figura 3-27 – Correntes de arranque para situação de teste 2 73 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-28 – Velocidade do motor para situação de teste 2 Tal como no caso anterior, as pequenas diferenças encontradas relativamente ao tempo de resposta, e simultaneidade das respostas, devem-se essencialmente às características de carga as quais foram estipuladas uma vez que não havia dados concretos, podendo afirmar-se que os resultados obtidos são bastante semelhantes aos esperados 3.6 Ensaios laboratoriais para obtenção dos parâmetros do motor de indução Com recurso ao laboratório foram implementados os procedimentos descritos no ponto 3.4 com o objectivo de obter os parâmetros do circuito equivalente do motor em teste. A Figura 3-29 mostra a montagem laboratorial realizada para executar os ensaios em vazio e de rotor bloqueado. 74 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-29 – Montagem para realização de ensaios O motor de indução utilizado para o presente trabalho, apresenta na sua chapa de características os dados apresentados na tabela seguinte. Tabela 3-6 – Tabela de características do motor de indução Marca/Modelo Tensão Nominal Corrente nominal Potência Frequência Velocidade nominal Índice de Protecção LN / D MOT ∆ 380V 2,5 A 1,1kW 50Hz 2780 Rpm IP20 Com recurso ao ensaio de corrente continua foi obtido o valor de cada enrolamento do motor ensaiado. Salienta-se que este ensaio foi realizado após o ensaio de rotor bloqueado para se ter em conta o efeito da temperatura na resistência dos enrolamentos. O valor medido Renrolamento = 23,40Ω . Dado que o valor pretendido é o valor do enrolamento para uma ligação em estrela, o valor a ter em conta será 1 do valor em 3 triângulo, RY = 7,80Ω . Após obtenção deste valor procedeu-se ao ensaio em vazio onde se obteve os valores da apresentados na Tabela 3-7: 75 Capítulo 3. – Motor de indução Tabela 3-7 – Tabela de valores obtido/calculados no ensaio em vazio Valores obtidos: → U a lim . = 380V Valores calculados com base nos valores obtidos: → Z eq 0 = 152,36Ω → I linha = 1,44 A → Req 0 = 18,00Ω → Pabs = 112W → X eq 0 = 151,29Ω Calculou-se ainda as parcela de perdas no ferro e de perdas mecânicas, como se mostra de seguida: Tabela 3-8 - Valores para calculo das perdas no ferro e mecânicas Tensão Tensão Pot. Composta Simples Absorvida 140 80,8 32 0,34 180 103,9 37 220 127,0 260 I abs ReqY Pcu3ph Pabs-Pcu 23,40 2,71 29,29 0,44 23,40 4,53 32,47 44 0,55 23,40 7,08 36,92 150,1 53 0,63 23,40 9,29 43,71 300 173,2 65 0,84 23,40 16,51 48,49 340 196,3 82 1,06 23,40 26,29 55,71 380 219,4 112 1,4 23,40 45,86 66,14 400 230,9 138 1,7 23,40 67,63 70,37 3ph Com recurso aos valores anteriormente apresentados pode traçar-se o gráfico da Figura 3-30: 80,00 y = 22,236e0,1313x R 2 = 0,995 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 140 180 220 260 300 340 380 400 Figura 3-30 – Gráfico delineador das perdas no ferro e perdas mecânicas 76 Capítulo 3. – Motor de indução Da análise do gráfico da Figura 3-30 pode verificar-se que as perdas mecânicas são cerca de 22W e as perdas no ferro cerca de 44,14W, para o regime nominal de alimentação. No ensaio com rotor bloqueado foram obtidos e calculados os valores apresentados na Tabela 3-9: Tabela 3-9 – Valores do ensaio com rotor bloqueado Valores obtidos: → U a lim = 74,30V Valores calculados com base nos valores obtidos: → Z eqBL = 17,16Ω → I linha = 2,50 A → ReqBL = 12,80Ω → Pabs = 240W → X eqBL = 11,43Ω Com a conclusão dos ensaios laboratoriais, obteve-se o seguinte circuito equivalente por fase para o motor com a ligação em triângulo: . I exc . V1 . . . Ip I mag Vmag 5,478 s . I2 Figura 3-31 – Esquema equivalente em estrela da máquina de indução ligada em triângulo Tendo obtido os parâmetros do circuito equivalente procedeu-se à introdução dos mesmos no ATPdraw como se mostra na Figura 3-32: 77 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-32 – Introdução de dados no ATPdraw relativos ao motor ensaiado Introduzindo os dados no ATPdraw para simulação do funcionamento do motor e numa primeira tentativa de validação dos dados obtidos pelos ensaios realizados, obteve-se a seguinte resposta, para um regime de funcionamento nominal, ou seja para um binário de carga de 3,43Nm: T= P ω ⇔T = 1000 = 3,43 Nm 2π 2780 × 60 78 (72) Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-33 – Velocidade do motor para resitência do rotor 5,478Ω Pelo gráfico da Figura 3-34 pode verificar-se que a velocidade estabilizada do motor para um regime de carga nominal é de cerca 2841,4rpm (297,53rad/s) quando deveria de ser cerda de 2780rpm (291,1rad/s). Sabendo que a velocidade do rotor está intimamente relacionada com a resistência do rotor variou-se o valor resistivo, no ATPdraw, da resistência do rotor até obter uma resposta da velocidade semelhante à pretendida. Figura 3-34 – Velocidade do motor para resistência do rotor 7,5752Ω Como pode ser verificado pela Figura 3-34 a velocidade estabilizada é cerca de 2780rpm (291,1rad/s) para um valor da resistência do rotor de 7,5752 Ω. Numa outra tentativa de validar os dados foi analisada a corrente de armadura do motor para funcionamento em vazio, a qual nos ensaios laboratoriais foi de 1,44A . 79 Capítulo 3. – Motor de indução Figura 3-35 – Correntes de armadura para funcionamento em vazio no ATPdraw Para um valor de pico de 2,04A corresponde uma corrente eficaz de 1,44A. Estes valores correspondem a um valor do atrito de 0,000526 N.m.s/rad. Figura 3-36 – Evolução da velocidade no modelo teórico 80 Capítulo 3. – Motor de indução 3,5 3 rpm (x1000) 2,5 2 1,5 1 -0,5 0,77 0,7 0,74 0,67 0,6 0,63 0,56 0,53 0,49 0,46 0,42 0,39 0,35 0,32 0,28 0,25 0,21 0,18 0,14 0,11 0,07 0 0 0,04 0,5 tempo (s) Figura 3-37 – Evolução da velocidade no motor real Pode-se verificar algumas diferenças entre a curva da velocidade simulada e a curva obtida por medição, estas diferenças têm a ver com o ajuste do valor da inércia do motor bem como do atrito. Estes valores foram considerados por tabelas de fabricantes, para o caso da inércia, e por ensaio para o caso do atrito, os quais eram de 0,0009 Kg.m2 e de 0,000526 N.m.s/rad para a inércia e o atrito, respectivamente. Contudo com o acoplamento do módulo de aquisição e actuação mecânica os valores finais resultantes do conjunto alteram-se. Passando o valor da inércia para 0,008 Kg.m2 e do atrito para 0,000833 N.m.s/rad. Figura 3-38 – Motor de indução acoplado com controlador de carga As oscilações na curva da velocidade do motor real têm a ver com a taxa de amostragem de dados da placa de aquisição de dados, uma vez que existe sempre uma pequena variação dos valores da velocidade, não correspondendo a progressão a um 81 Capítulo 3. – Motor de indução comportamento puramente linear no momento do arranque. Assim sendo, a placa de aquisição de dados está a amostrar poucos valores, no pequeno instante temporal correspondendo ao arranque, não sendo estas suficientes para traçar uma linha mais correcta. Foi necessário rectificar o valor da resistência do rotor por forma a que as velocidades do modelo teórico e do motor real correspondessem, assim, o valor de R2 passa a ser de 5,778 Ω. Foi realizado ainda uma série de testes por forma a garantir alguma fiabilidade no modelo teórico, na Tabela 3-10 são apresentados alguns dos resultados obtidos: Ensaio D Ensaio C Ensaio B Ensaio A Tabela 3-10 – Tabela de ensaios comparativos do ATP e Motor Real Grandezas Tensão de alimentação [V] Velocidade [rpm] Correntes Armadura [A] Binário Aplicado [N] Tensão de alimentação [V] Velocidade [rpm] Correntes Armadura [A] Binário Aplicado [N] Tensão de alimentação [V] Velocidade [rpm] Correntes Armadura [A] Binário Aplicado [N] Tensão de alimentação [V] Velocidade [rpm] Correntes Armadura [A] Binário Aplicado [N] ATP 380 2947 1,56 1 380 2925 1,69 1,5 380 2902 1,85 2 380 2852 2,25 3 Motor 380 2967 1,53 1 380 2923 1,78 1,5 380 2903 2,03 2 380 2854 2,47 3 Erro (%) 0% 0,7% 1,96% 0% 0% 0,07% 5% 0% 0% 0,03% 8,86% 0% 0% 0,07% 8,9% 0% Pode constatar-se que existe uma boa aproximação entre o modelo teórico e o motor real, uma vez que as diferenças entre os resultados obtidos são reduzidas. A Tabela 3-11 apresenta os valores que caracterizam o modelo teórico do motor de indução utilizado para elaborar as simulações no ATPdraw. 82 Capítulo 3. – Motor de indução Tabela 3-11 – Descritivo dos valores utilizados no modelo teórico 5,778 Ω Resistência Rotor: 7,800 Ω Resistência Estator: 0,02183 H Indutância do Rotor: 0,01455 H Indutância do Estator: H Indutância Magnetização: 0,46700 0,00800 Kg/m2 Momento de Inércia: 0,00083 N.m.s/rad Atrito: Embora nos ensaios anteriores existam pequenas variações pode-se concluir que existe uma boa semelhança entre o motor real e o modelo teórico, sendo que as respostas entre modelos não sendo exactamente iguais, apresentam diferenças mínimas bem como uma boa correspondência de respostas, podendo passar para a fase seguinte de simulação de perturbações. 83 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 4 Simulações das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) De seguida são apresentadas as saídas do motor quando sujeito a uma carga de 2Nm contínuos e alimentado a uma tensão composta de 380V eficazes. Para efeitos de estabilização e estudo das respostas às perturbações foi considerada uma inicialização com um escorregamento de 10%, ao contrário de um arranque normal cujo rotor se encontra parado (escorregamento a 100%). Todas as perturbações vão ser injectadas aos 0.5 segundos após o arranque do motor, por forma a que nesse período se possa considerar o motor como estabilizado. Por uma questão de sintetização do presente documento e uma vez que no final de cada uma das diferentes perturbações é apresentado um quadro resumo das diferentes simulações, existem resultados que são apresentados em anexo. De seguida são apresentadas as respostas do motor (modelo teórico) com os parâmetros Tensão (V) anteriormente descritos e sem estar sujeito a qualquer tipo de perturbação. 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded.pl4; x-var t) 0,51 v:X0005A 0,54 v:X0005B v:X0005C Figura 4-1 – Tensão de alimentação 85 0,57 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded.pl4; x-var t) 0,51 c:X0001A-XX0002 0,54 c:X0001B-XX0003 0,57 c:X0001C-XX0004 0,60 Tempo(s) Figura 4-2 – Corrente de alimentação As Figura 4-1 e Figura 4-2 dizem respeito à alimentação da rede, na sua forma de tensão Binário (Nm) e corrente de alimentação, respectivamente. 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded.pl4; x-var t) 0,53 0,57 0,61 u1:TQGEN 0,65 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 4-3 – Binário gerado (2,25Nm) 2920 2915 2910 2905 2900 2895 2890 2885 2880 0,45 0,50 (file um3_mi_loaded.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 Figura 4-4 – Velocidade gerada (303,8rad/s – 2901rpm) 86 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) As Figura 4-3 e Figura 4-4 reflectem a resposta do motor quanto ao seu binário de carga e velocidade mecânica ao veio do motor. Rendimento (%) 100 80 60 40 20 0 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded.pl4; x-var t) 0,53 0,57 0,61 0,65 Tempo(s) m:RD Figura 4-5 - Rendimento do motor para funcionamento sem perturbações(86,99%) A montagem que simula o funcionamento óptimo do motor, ou seja, sem nenhuma perturbação da rede eléctrica é a descrita na Figura 4-6 Figura 4-6 – Esquema da montagem para rede eléctrica sem perturbações Note-se que na figura anterior apresenta-se o bloco “Model” elaborado no ATPdraw, por forma a possibilitar a obtenção do rendimento como parâmetro de saída da simulação. 87 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 4.1 Variações de Frequência Apresentam-se de seguida algumas das diferentes perturbação de frequência simuladas e que vão ser caso de estudo. Existem simulações que serão mencionadas no quadro resumo de cada conjunto de perturbações ensaiadas as quais estão em anexo do presente documento. De seguida apresenta-se o esquema de montagem que serviu de base para implementar não só as diferentes perturbações de frequência mas também as perturbações referentes às sobretensões, variação de tensão e desequilíbrios de tensão, uma vez que as “fontes de perturbação” que entram em serviço aos 0,5 segundos por forma a simular o comportamento do motor podem ser parametrizadas tanto em amplitude de tensão como em frequência. Figura 4-7 – Esquema da montagem para variações de frequência, sobretensões, variações de tensão e desequilíbrios de tensão 88 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 4.1.1 Variação de frequência - 47 Hz, 3 fases As Figura 4-8 e Figura 4-9 dizem respeito à tensão e corrente de alimentação, a qual apresenta-se sem nenhuma perturbação até ao 0.5s e apresenta uma redução da Tensão (V) frequência na alimentação a partir desse mesmo instante. 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_VF47.pl4; x-var t) 0,51 v:X0005A 0,54 v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 4-8 – Tensão de alimentação, com variação de frequência para 47Hz 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded_VF47.pl4; x-var t) 0,53 0,57 c:X0001A-XX0002 c:X0001B-XX0003 0,61 c:X0001C-XX0004 0,65 Tempo(s) Figura 4-9 – Corrente de alimentação, com variação de frequência para 47Hz Apresenta-se de seguida os gráficos do binário gerado (negativo) e da velocidade de rotação do motor, onde se pode verificar o instante do início da perturbação. Salienta-se ainda a evidente redução da velocidade com a redução do valor da frequência da rede. 89 Binário (Nm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 3 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_VF47.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 0,75 Tempo(s) u1:TQGEN Velocidade (Rpm) Figura 4-10 – Binário gerado (2,22Nm), com variação de frequência para 47Hz 2920 2876 2832 2788 2744 2700 0,45 0,50 (file um3_mi_loaded_VF47.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,55 0,60 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,65 0,70 0,75 Tempo(s) Figura 4-11 – Velocidade gerada com variação de frequência para 47Hz Figura 4-12– Rendimento para variação de frequência para 47Hz (vista pormenor) Pode-se verificar pela Figura 4-12 o instante de início da perturbação e como esta afecta o rendimento de saída do motor. 90 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 4.1.2 Variação de frequência - 57,5 Hz, 3 fases As Figura 4-13 e Figura 4-14 dizem respeito à tensão e corrente de alimentação, a qual apresenta-se sem nenhuma perturbação até ao 0.5s e apresenta uma redução da Tensão (V) frequência na alimentação a partir desse mesmo instante. 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_VF57.5.pl4; x-var t) v:X0005A 0,54 v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Figura 4-13 – Tensão de alimentação, com variação de frequência para 57,5Hz Corrente (A) 10,0 7,5 5,0 2,5 0,0 -2,5 -5,0 -7,5 -10,0 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_VF57.5.pl4; x-var t) 0,60 0,65 c:X0001A-XX0002 c:X0001B-XX0003 0,70 0,75 0,80 c:X0001C-XX0004 Tempo(s) Figura 4-14 – Corrente de alimentação, com variação de frequência para 57,5Hz Apresenta-se de seguida os gráficos do binário gerado (negativo) e da velocidade de rotação do motor, onde se pode verificar o instante do início da perturbação. Salienta-se ainda em semelhança com a simulação anterior o facto de a velocidade de rotação acompanhar a variação da frequência. Ou seja, com o aumento da frequência verifica-se o aumento da velocidade no veio do motor. 91 Binário (Nm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_VF57.5.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 u1:TQGEN 0,75 0,80 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 4-15 – Binário gerado, com variação de frequência para 57,5Hz 3400 3300 3200 3100 3000 2900 2800 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_VF57.5.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,60 0,65 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,70 0,75 0,80 0,85 Tempo(s) Figura 4-16 – Velocidade gerada com variação de frequência para 57,5Hz Figura 4-17 – Rendimento para variação de frequência para 57,5Hz (vista pormenor) 92 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Apresenta-se, na Tabela 4-1, a qual pretende descrever e comparar as diferentes respostas do motor de indução perante as diferentes variações de frequência, os resultados obtidos. Os valores apresentados são valores de pico, retirados dos gráficos das diferentes simulações. Tabela 4-1 – Tabela comparativa do comportamento do motor perante as Variações de frequência Variação Frequência U [V] I [A] T [Nm] Vel.[rpm] Rendimento[%] 50Hz 40Hz 47Hz 57,5Hz 60Hz Estável Estável Pico Estável Pico Estável Pico Estável Pico 309,84 309,99 309,9 309,88 309,99 2,61 2,81 2,63 -3,8 2,64 2,66 11,51 8,32 10,07 -2,27 -2,22 18,76 -2,27 2,25 -2,29 -7,6 -2,3 -7,95 2902 2339 2244 2733 3315 3452 86,96% 83,5% 86,4% 87,4% 87,1% Pode constatar-se que perante as variações de frequência o motor apresenta uma grande variação da sua velocidade, sendo que o seu binário gerado apresenta-se com variações muito reduzidas, excepto no momento da perturbação o qual apresenta um valor de pico acentuado com valor negativo (binário gerador) e com valor positivo (binário motor) consoante se trate de uma subida ou descida do valor da frequência de funcionamento, respectivamente. Nota-se ainda que associado à perturbação tem-se uma subida do valor da corrente de armadura a qual pode levar a sobreaquecimento da máquina bem como a uma variação da potência eléctrica consumida do motor. Pode-se ainda verificar que o rendimento é afectado com as diferentes perturbações, ou seja com o aumento da frequência tende-se a ter um aumento do rendimento e com uma redução da frequência tende-se a uma diminuição do rendimento. 93 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 4.2 Sobretensões Apresenta-se de seguida as diferentes perturbação de sobretensões simuladas e que vão ser caso de estudo. 4.2.1 Sobretensão , 418V (10%), 3 fases Nesta simulação procede-se ao aumento do nível da tensão em 10% aos 0.5s, como se verifica na Figura 4-18, sendo que verificamos, na Figura 4-19, que o transitório embora perturbe a corrente esta depois de estabilizar mantêm-se quase igual, sofrendo um Tensão (V) ligeiro aumento. 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_ST418.pl4; x-var t) v:X0005A 0,54 v:X0005B 0,57 0,60 Tempo(s) v:X0005C Corrente (A) Figura 4-18 – Tensão de alimentação, com Sobretensão de 418V, aos 0,5s 6 4 2 0 -2 -4 -6 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_ST418.pl4; x-var t) 0,60 0,65 c:X0001A-XX0002 c:X0001B-XX0003 0,70 0,75 0,80 c:X0001C-XX0004 Tempo(s) Figura 4-19 – Corrente de alimentação, com Sobretensão de 418V, aos 0,5s 94 Binário (Nm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) -1,0 -1,5 -2,0 -2,5 -3,0 -3,5 -4,0 -4,5 -5,0 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_ST418.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) u1:TQGEN Figura 4-20 – Binário gerado, com Sobretensão de 418V, aos 0,5s Pode-se verificar que embora o binário não tenha variado significativamente, constatamos um ligeiro aumento da velocidade de rotação, uma vez que temos um aumento da potência mecânica do motor, e o binário de carga mantêm-se, por imposição Velocidade (Rpm) do tipo de carga utilizada nas simulações. 2950 2930 2910 2890 2870 2850 0,45 0,55 (file um3_mi_loaded_ST418.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,65 0,75 0,85 0,95 Tempo(s) u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 Figura 4-21 – Velocidade gerada com Sobretensão de 418V, aos 0,5s 95 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Figura 4-22 – Rendimento para sobretensão de 418V Pela Figura 4-22 podemos verificar que o rendimento pouco altera com o surgir da perturbação. 4.2.2 Sobretensão 437V (15%), 3 fases Nesta simulação procede-se ao aumento do nível da tensão em 15% aos 0.5s, como se verifica na Figura 4-23, sendo que verificamos, na Figura 4-24, que o transitório embora perturbe a corrente esta depois de estabilizar mantêm-se quase igual, sofrendo um Tensão (V) ligeiro aumento. 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_st437.pl4; x-var t) 0,51 v:X0005A 0,54 v:X0005B v:X0005C 0,57 0,60 Tempo(s) Figura 4-23 – Tensão de alimentação, com Sobretensão de 437V, aos 0,5s 96 Corrente (A) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 6 4 2 0 -2 -4 -6 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_st437.pl4; x-var t) 0,60 0,65 c:X0001A-XX0002 c:X0001B-XX0003 0,70 0,75 c:X0001C-XX0004 0,80 Tempo(s) Binário (Nm) Figura 4-24 – Corrente de alimentação, com Sobretensão de 437V, aos 0,5s 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_st437.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) u1:TQGEN Figura 4-25 – Binário gerado, com Sobretensão de 437V, aos 0,5s Pode-se verificar que embora o binário não tenha variado significativamente, constatamos um ligeiro aumento da velocidade de rotação, uma vez que temos um aumento da potência mecânica do motor, e o binário de carga mantêm-se, por imposição do tipo de carga utilizada nas simulações. 97 Velocidade (Rpm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 2950 2930 2910 2890 2870 2850 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_st437.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 Figura 4-26 – Velocidade gerada com Sobretensão de 437V, aos 0,5s Figura 4-27 – Rendimento para sobretensão de 437V Apresenta-se de seguida uma tabela que pretende descrever e comparar as diferentes respostas do motor de indução perante as diferentes sobretensões. Os valores apresentados são valores de pico, retirados dos gráficos das diferentes simulações. Tabela 4-2 – Tabela comparativa do comportamento do motor perante as sobretensões Sobretensões U [V] I [A] T [Nm] Vel.[rpm] Rendimento [%] 380V Estável 309,84 2,61 -2,27 2902 86,96% 418V Estável Pico 340,82 2,67 4,43 -2,26 -4,1 2920 2916 87,07% 437V Estável Pico 356,31 2,72 5,33 2,25 -5 2928 2922 86,95% Pode-se constatar que associado às sobretensões verifica-se um aumento da corrente de armadura, logo um aumento da potência eléctrica consumida e um sobreaquecimento do motor e ainda um aumento da velocidade de rotação do motor. 98 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) No que respeita ao rendimento pode-se verificar que este é pouco afectado com o aparecimento de sobretensões, uma vez que não só aumenta a velocidade de rotação e consequente potência mecânica como também um aumento das perdas por efeito de joule devido ao sobreaquecimento dos enrolamentos. Poder-se-ia pensar que para um aumento do nível de tensão obter-se-ia um aumento da eficiência da máquina de indução contudo tal ideia é errada, como se pode comprovar com os valores apresentados nos dois ensaios, nos quais foram aumentados 10% e 15% os níveis de tensão, respectivamente, e obteve-se aumentos da velocidade na ordem dos 0,6% e 0,9% para a velocidade, sendo que o rendimento não apresentou variações dignas de assinalar. Pode constatar-se que não existem variações muito acentuadas nas grandezas eléctricas nem nas grandezas mecânicas o que leva a concordar com as afirmações de que este tipo de perturbação é bastante perigosa devido às suas consequências pouco evidentes mas bastante nociva no que toca ao tempo de vida útil do motor. 4.3 Variação de Tensão Apresenta-se de seguida a perturbação de variação de tensão simuladas e que vão ser caso de estudo. 4.3.1 Variação de tensão, 330.4V (-15%) , 3 fases Nesta simulação procede-se à diminuição do nível da tensão em 15% aos 0.5s, como se verifica na Figura 4-28, sendo que verificamos, na Figura 4-29, que o transitório embora perturbe a corrente esta depois de estabilizar mantêm-se quase igual. 99 Tensão (V) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_VT330.4.pl4; x-var t) 0,54 v:X0005A v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 4-28 – Tensão de alimentação, com variação de tensão de 330,4V, aos 0,5s 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_VT330.4.pl4; x-var t) 0,60 c:X0001A-XX0002 0,65 0,70 c:X0001B-XX0003 0,75 0,80 Tempo(s) c:X0001C-XX0004 Figura 4-29 – Corrente de alimentação, com variação de tensão de 330,4V, aos 0,5s À semelhança do que aconteceu nas simulações de sobretensão, agora pelo facto de reduzirmos a potência mecânica gerada, a qual está intimamente relacionada com a alimentação da rede, nível de tensão e corrente, e o binário de carga se manter constante, verifica-se uma consequente diminuição da velocidade de rotação. 100 Binário (Nm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_VT330.4.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 u1:TQGEN 0,75 0,80 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 4-30 – Binário gerado, com variação de tensão de 330,4V, aos 0,5s 2950 2930 2910 2890 2870 2850 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_VT330.4.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,60 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) Figura 4-31 – Velocidade gerada, com variação de tensão de 330,4V, aos 0,5s Apresenta-se de seguida uma tabela que pretende descrever e comparar a resposta do motor de indução perante a variação de tensão simulada. Os valores apresentados são valores de pico, retirados dos gráficos das diferentes simulações. Figura 4-32 – Rendimento para variação de tensão de 330,4V (vista pormenor) 101 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Tabela 4-3 – Tabela comparativa do comportamento do motor perante as variações de tensão 380V Estável 309,84 U [V] 2,61 I [A] -2,27 T [Nm] 2902 Vel.[rpm] Rendimento [%] 86,96% Variação Tensão 330,4V Estável Pico 269,4 2,61 2,94 -2,25 0,14 2865 2881 85,82% Verifica-se que perante uma redução do nível de tensão o motor reduz a velocidade por forma a manter o binário gerado o mais estável possível. A potência eléctrica consumida vai ser menor uma vez que a perturbação actua directamente na tensão de alimentação da qual depende a potência eléctrica absorvida pelo motor. No que respeita à corrente de alimentação pode-se observar que nos instantes imediatamente após a entrada da perturbação o nível da corrente tende a aumentar, contudo com o prolongar da perturbação a corrente tende mesmo a diminuir. Isto sucede devido à energia electromagnética interna do motor a qual tende a compensar a falta de alimentação, contudo devido á duração da perturbação e energia esgota-se forçando a máquina a afrouxar a velocidade para tentar manter o binário gerado. Pode-se verificar que para uma redução do nível de tensão temos não só uma redução do binário gerado como uma variação da velocidade, o que leva a antever que para uma redução mais acentuada do nível de tensão pode fazer com que o motor saia de serviço por falta de potência. O rendimento por sua vez é fortemente afectado pela variação de tensão, colocando a máquina a trabalhar de forma menos eficiente. 4.4 Desequilíbrios Tensão Apresenta-se de seguida as diferentes perturbação de desequilíbrio de tensão simuladas e que vão ser caso de estudo. 4.4.1.1 Ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=-20%) A Figura 4-33 representa o inicio de um desequilíbrio de tensão aos 0.5s, sendo que a corrente de alimentação vai sofrer um forte impacto com a perturbação, uma vez que o 102 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) motor vai tentar solicitar a potência eléctrica através das outras duas fases, como se Tensão (V) verifica na Figura 4-34. 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_dt_0_0_m20.pl4; x-var t) 0,54 v:X0005A v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 4-33 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-20%, aos 0,5s 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_0_m20.pl4; x-var t) 0,60 c:X0001A-XX0002 0,65 0,70 c:X0001B-XX0003 0,75 0,80 c:X0001C-XX0004 Tempo(s) Figura 4-34 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-20%, aos 0,5s Na Figura 4-35 verificamos o surgir de um binário pulsante ao eixo da máquina o qual resulta da soma dos efeitos da componente inversa com os efeitos da componente directa. Este pulsar resulta não só numa vibração da velocidade como se verifica na Figura 4-36, e respectivo ruído associado, como num sobreaquecimento dos enrolamentos da máquina, menor rendimento, desgaste dos elementos mecânicos, e consequente redução do seu tempo de vida útil. 103 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Binário (Nm) 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_0_m20.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) u1:TQGEN Velocidade (Rpm) Figura 4-35 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-20%, aos 0,5s 2950 2930 2910 2890 2870 2850 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_0_m20.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,60 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) Figura 4-36 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-20%, aos 0,5s Verifica-se através da Figura 4-37 que o próprio rendimento vai ser pulsante devido à componente pulsante da potência mecânica. Figura 4-37 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-20%, aos 0,5s 104 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 4.4.1.2 Ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=-10%) A Figura 4-38 representa o inicio de um desequilíbrio de tensão aos 0.5s, sendo que a corrente de alimentação vai sofrer um forte impacto com a perturbação, uma vez que o motor vai tentar solicitar a potência eléctrica através da outra fase, como se verifica na Figura 4-39. Esta solicitação vai traduzir-se num sobreaquecimento do enrolamento uma vez que vai estar a ser solicitada uma corrente ligeiramente superior à corrente nominal do motor, Tensão (V) especificada na chapa de características. 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_dt_0_m10_m10.pl4; x-var t) 0,54 v:X0005A v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 4-38 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_m10_m10.pl4; x-var t) 0,60 0,65 c:X0001A-XX0002 0,70 c:X0001B-XX0003 0,75 0,80 c:X0001C-XX0004 Tempo(s) Figura 4-39 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s Na Figura 4-40 verifica-se o aparecimento de um binário pulsante ao eixo da máquina o qual resulta da soma dos efeitos da componente inversa com os efeitos da componente directa. 105 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Este pulsar resulta não só numa vibração da velocidade como se verifica na Figura 4-41, e respectivo ruído associado, como num sobreaquecimento dos enrolamentos da máquina, menor rendimento, desgaste dos elementos mecânicos, e consequente redução Binário (Nm) do seu tempo de vida útil. 0 -1 -2 -3 -4 -5 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_m10_m10.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 u1:TQGEN 0,75 0,80 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 4-40 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s 2950 2930 2910 2890 2870 2850 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_m10_m10.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,60 0,65 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) Figura 4-41 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s A Figura 4-42 representa a variação do rendimento para o desequilíbrio simulado, devido à contribuição da variação mecânica na saída. 106 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Figura 4-42 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=0%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s 4.4.2 Ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%) A Figura 4-43 representa o inicio de um desequilíbrio de tensão aos 0.5s, sendo que a corrente de alimentação vai sofrer um forte impacto com a perturbação, uma vez que o motor vai tentar solicitar a potência eléctrica através da outra fase, como se verifica na Figura 4-44. Esta solicitação vai traduzir-se num sobreaquecimento do enrolamento e eventualmente à destruição do motor, caso a perturbação permaneça por um longo período de tempo, uma vez que vai estar a ser solicitada uma corrente superior à corrente nominal do motor, especificada na chapa de características. Tensão (V) 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_dt_0_m20_m20.pl4; x-var t) 0,51 0,54 v:X0005A v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Figura 4-43 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=-20%, aos 0,5s 107 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Corrente (A) 7,00 5,25 3,50 1,75 0,00 -1,75 -3,50 -5,25 -7,00 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_m20_m20.pl4; x-var t) 0,60 0,65 c:X0001A-XX0002 0,70 c:X0001B-XX0003 0,75 0,80 c:X0001C-XX0004 Tempo(s) Figura 4-44 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=-20%, aos 0,5s Na Figura 4-45 verificamos o surgir de um elevado binário pulsante ao eixo da máquina o qual resulta da soma dos efeitos da componente inversa com os efeitos da componente directa. Este forte pulsar resulta não só numa vibração da velocidade como se verifica na Figura 4-46, e respectivo ruído associado, como num sobreaquecimento dos enrolamentos da máquina, menor rendimento, desgaste dos elementos mecânicos, e consequente redução Binário (Nm) do seu tempo de vida útil. 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_m20_m20.pl4; x-var t) 0,60 u1:TQGEN 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) Figura 4-45 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=-20%, aos 0,5s 108 Velocidade (Rpm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 2950 2930 2910 2890 2870 2850 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_0_m20_m20.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,60 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) Figura 4-46 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=-20%, aos 0,5s À semelhança das simulações anterior de desequilíbrios verifica-se, com o surgir destes, uma variação do rendimento devido à contribuição da vibração mecânica. Figura 4-47 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=0%;S=-20%;T=-20%, aos 0,5s 109 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Tabela 4-4 – Tabela comparativa do comportamento do motor perante desequilíbrios de tensão Desequilíbrio Tensão U [V] I [A] Estável ∆T Estável Vel.[rpm] ∆T Médio Rendimento ∆T T [Nm] Desequilíbrio Tensão U [V] I [A] Estável ∆T Estável Vel.[rpm] ∆T Rendimento Estável ∆T T [Nm] Estável R S T 0% 0% 0% 310,26 309,84 309,84 2,6 2,61 2,61 -2,27 0 2902 0 86,96% Ensaio 3 R S T 0% 0% -20% 310,26 309,84 258,21 3,82 3,95 0,11 -2,28 2,69 2885 7 83,40% [102;68,9] : ∆= 33,1% Ensaio 1 R S T 0% 0% -10% 310,26 309,84 281,67 3,26 3,32 1,21 -2,25 1,5 2895 5 86,18% [98,6 ; 76,6] : ∆= 22% Ensaio 4 R S T 0% -10% -10% 310,26 281,67 281,67 3,99 1,94 1,87 -2,30 1,46 2888 5 86,56 [102;76,9] : ∆= 25,1% Ensaio 2 R S T 20% -10% -10% 372 281,67 281,67 7,07 0,65 0,65 -2,25 5,05 2897 13 71,74% [71,8;-111] : ∆= 185,8% Ensaio 5 R S T 0% -20% -20% 310,3 258,2 258,2 5,16 1,47 1,27 -2,28 2,5 2875 8 87,17 [123;71] : ∆= 52% Pode-se constatar da Tabela 4-4, e dos gráficos de cada simulação, que perante um desequilíbrio de tensão o motor apresenta uma resposta pulsante ao seu veio o que se traduz numa solicitação mecânica que é fortemente prejudicial para a sua integridade mecânica. Constata-se ainda que as variações de velocidades estão relacionadas com a oscilação do binário, ou seja, quanto mais pulsante este for maior é a gama de variação da velocidade mecânica do motor. Pode-se ainda dizer que as consequências mecânicas de cada desequilíbrio estão mais relacionadas com a amplitude do desequilíbrio enquanto que as consequências eléctricas, amplitude de tensão e corrente, estão mais relacionadas com o número de fases desequilibradas. Verifica-se ainda que para todos os ensaios existe um aumento muito acentuado da corrente em pelo menos um dos enrolamento, sendo que somente no ensaio 1 é que não é ultrapassado o limite nominal de 3,5 A de pico da chapa de características do motor (2,5A eficazes). Para os demais ensaios tem-se correntes de pico que se mantidas por 110 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) períodos de funcionamento longos vão levar à destruição mais ou menos rápida do motor devido ao aquecimento dos enrolamentos e consequente destruição do verniz isolante que os protege. 4.5 Harmónicos Apresenta-se de seguida alguns dos ensaio de perturbações efectuadas no ATPdraw de forma a verificar a resposta do modelo teórico desenvolvido. 4.5.1 Ensaio A - 3.º H=20% Apresenta-se na Figura 4-48 a tensão de alimentação ao motor de indução, com a introdução do 3.º harmónico, sendo que tal distorção vai afectar a corrente de armadura Tensão (V) como se mostra na Figura 4-49. 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_A.pl4; x-var t) 0,51 0,54 v:X0006A v:X0006B 0,57 v:X0006C 0,60 Tempo(s) Figura 4-48 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% , aos 0,5s 111 Corrente (A) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 7,00 5,25 3,50 1,75 0,00 -1,75 -3,50 -5,25 -7,00 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_A.pl4; x-var t) 0,51 c:X0006A-X0013A 0,54 0,57 c:X0006B-X0013B c:X0006C-X0013C 0,60 Tempo(s) Figura 4-49 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20%, aos 0,5s Com a introdução do 3.º harmónico, obtém-se um binário pulsante cujos máximos e mínimos de variação variam com uma determinada frequência, sendo que verifica-se também essa variação periódica na velocidade de rotação do veio, conforme se mostra Binário (Nm) na Figura 4-51. 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_A.pl4; x-var t) 0,51 0,54 u1:TQGEN 0,57 0,60 Tempo(s) Figura 4-50 – Binário gerado, com Harmónicos 3.º H=20%, aos 0,5s 112 Velocidade (Rpm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 2920 2915 2910 2905 2900 2895 2890 2885 2880 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_A.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,51 0,54 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,57 0,60 Tempo(s) Figura 4-51 – Velocidade gerada, com Harmónicos 3.º H=20%, aos 0,5s Verifica-se na figura seguinte que o rendimento vai ser afectado com a distorção harmónica, constata-se, pela média dos pulsos apresentados, que o rendimento vai ser reduzido uma vez que com os harmónicos aumentam as perdas no cobre, reduzindo a eficiência do motor Figura 4-52 – Rendimento, com Harmónicos 3.º H=20%, aos 0,5s 4.5.2 Ensaio C - 3.º H=20% ; 5.º H=10% Apresenta-se na Figura 4-53 a tensão de alimentação ao motor de indução, com a introdução do 3.º e 5.º harmónicos, sendo que tal distorção vai afectar a corrente de armadura como se mostra na Figura 4-54. 113 Tensão (V) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 500 375 250 125 0 -125 -250 -375 -500 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_C.pl4; x-var t) 0,54 v:X0006A v:X0006B 0,57 v:X0006C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 4-53 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% , aos 0,5s 6 4 2 0 -2 -4 -6 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_C.pl4; x-var t) 0,51 0,54 c:X0006A-X0013A c:X0006B-X0013B 0,57 0,60 c:X0006C-X0013C Tempo(s) Figura 4-54 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10%, aos 0,5s Com a introdução do 3.º e 5.º harmónicos, obtém-se um binário pulsante cujos máximos e mínimos de variação variam com uma determinada frequência, sendo que constata-se também essa variação periódica na velocidade de rotação do veio, conforme se mostra na Figura 4-56. A distorção harmónica de tensão, reflecte-se na indução de fluxos através do motor, estes fluxos afectam significativamente a velocidade de rotação, uma vez que ter-se-á uma frequência de rotação diferente da frequência síncrona do rotor, isto devido à indução de correntes de altas frequências no rotor. 114 Binário (Nm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_C.pl4; x-var t) 0,54 0,57 u1:TQGEN 0,60 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 4-55 – Binário gerado, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10%, aos 0,5s 2920 2915 2910 2905 2900 2895 2890 2885 2880 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_C.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,51 0,54 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,57 0,60 Tempo(s) Figura 4-56 – Velocidade gerada, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10%, aos 0,5s Verifica-se na Figura 4-57 que o rendimento vai ser afectado com a distorção harmónica, constata-se, pela média dos pulsos apresentados, que o rendimento vai ser reduzido uma vez que com os harmónicos aumentam as perdas no cobre, reduzimos a eficiência. 115 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Figura 4-57 – Rendimento, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10%, aos 0,5s 4.5.3 Ensaio G - 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3% Apresenta-se na Figura 4-58 a tensão de alimentação ao motor de indução, com a introdução dos 3.º, 5.º, 7.º, 19.º, 21.º e 23.º harmónicos, sendo que tal distorção vai Tensão (V) afectar a corrente de armadura como se mostra na Figura 4-59. 500 375 250 125 0 -125 -250 -375 -500 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_G.pl4; x-var t) 0,51 0,54 v:X0006A v:X0006B 0,57 v:X0006C 0,60 Tempo(s) Figura 4-58 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s 116 Corrente (A) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 6 4 2 0 -2 -4 -6 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_G.pl4; x-var t) 0,54 c:X0006A-X0013A c:X0006B-X0013B 0,57 0,60 c:X0006C-X0013C Tempo(s) Figura 4-59 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s Com a introdução dos 3.º, 5.º, 7.º, 19.º, 21.º e 23.º harmónicos, obtém-se um binário pulsante cujos máximos e mínimos de variação variam com uma determinada frequência, sendo que verifica-se também essa variação periódica na velocidade de rotação do veio, conforme se mostra na Figura 4-60. A distorção harmónica de tensão, reflecte-se na indução de fluxos através do motor, estes fluxos afectam significativamente a velocidade de rotação, uma vez que ter-se-á uma frequência de rotação diferente da frequência síncrona do rotor, isto devido à Binário (Nm) indução de correntes de altas frequências no rotor. 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0,45 0,49 0,53 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_G.pl4; x-var t) 0,57 u1:TQGEN 0,61 0,65 Tempo(s) Figura 4-60 – Binário gerado, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s 117 Velocidade (Rpm) Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 2920 2915 2910 2905 2900 2895 2890 2885 2880 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_G.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,53 0,57 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,61 0,65 Tempo(s) Figura 4-61 – Velocidade gerada, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s Verifica-se na figura seguinte, à semelhança das simulações anteriores de distorção harmónica, que o rendimento vai ser afectado com essa distorção harmónica, verifica-se também pela média dos pulsos apresentados, que o rendimento vai ser reduzido uma vez que com os harmónicos aumentam as perdas no cobre, e reduzimos a eficiência do motor. Figura 4-62 – Rendimento, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s 118 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) 4.6 Inter-Harmónicos Neste capítulo apresenta-se a simulação de harmónicos cuja frequência não é múltipla inteira da componente fundamental. 4.6.1 Ensaio H - 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3% As Figura 4-63 e Figura 4-64 representam as formas de onda da tensão e de corrente Tensão (V) com a distorção a simular. 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,45 0,49 0,53 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_H.pl4; x-var t) 0,57 v:X0006A v:X0006B 0,61 v:X0006C 0,65 Tempo(s) Corrente (A) Figura 4-63 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 0,45 0,54 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_H.pl4; x-var t) 0,63 0,72 c:X0006A-X0013A c:X0006B-X0013B 0,81 0,90 c:X0006C-X0013C Tempo(s) Figura 4-64 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s Verifica-se na Figura 4-65 e Figura 4-66, de uma forma bastante evidente, a vibração periódica do binário e respectiva velocidade de rotação, sendo que nesta simulação 119 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) pode-se afirmar que num caso real teríamos um ruído associado à vibração com Binário (Nm) amplitudes sonoras acentuadas, à semelhança do binário e velocidade. 5 3 1 -1 -3 -5 -7 -9 0,45 0,54 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_H.pl4; x-var t) 0,63 0,72 u1:TQGEN 0,81 0,90 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 4-65 – Binário gerado, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s 2920 2900 2880 2860 2840 2820 2800 0,45 0,54 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_h.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,63 0,72 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,81 0,90 Tempo(s) Figura 4-66 – Velocidade gerada, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s 120 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Figura 4-67 – Rendimento, com Harmónicos 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = 3%, aos 0,5s A Figura 4-67 reflecte bem a perda de rendimento associada à perturbação, esta perda de eficiência impossibilita o motor de atingir a sua potência nominal. 121 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) Tabela 4-5 – Tabela comparativa das simulações de perturbações com harmónicos Ensaio Médio Binário Velocidade Rendimento Binário Ensaio A – 3.º H=20% Velocidade Rendimento Binário Ensaio B – 5.º H=20% Velocidade Rendimento Binário Ensaio C – 3.º H=20% ; 5.º H=10% Velocidade Rendimento Binário Ensaio D – 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º Velocidade H=10% Rendimento Binário Ensaio E – 5.º H=20% ; 7.º H=10% Velocidade Rendimento Binário Ensaio F – 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º Velocidade H=3% ; 23.º H=3% Rendimento Binário Ensaio G – 3.º H=20% ; 5.º H=10% ; 7.º Velocidade H=5% ; 19.º H=3% ; 21.º H=3% ; 23.º H=3% Rendimento Binário Ensaio H – 5 Hz = 3% ; 10 Hz = 5% ; 15 Hz = Velocidade 3% Rendimento -2,27 2902 86,96% -2,26 2903 69,20% -2,25 2902 81,70% -2,26 2903 70,80% -2,26 2903 69,75% -2,25 2901 80,79% -2,25 2902 85,76% -2,26 2903 72,34% -2,26 2889 68,95% Estável Variação aprox. Ampl. Intervalo ∆ [-0,04;-4,46] 4,42 [2903;2897] 6 [87;9] 78 [-0,87;-3,63] 2,76 [2903;2900] 3 [93,6;63,8] 29,8 [-0,07;-5,05] 4,98 [2903;2897] 6 [86,7;12,5] 74,2 [-0,03;-5,73] 5,7 [2906;2897] 9 [87,8;4,2] 83,6 [-0,63;-4,06] 3,43 [2905;2900] 5 [94,75;49,81] 44,94 [-1,43;-3,14] 1,71 [2903;2899] 4 [95,69;72,37] 23,32 [-0,25;-5,15] 4,9 [2908;2897] 11 [95,86;34,55] 61,31 [4,29;-7,82] 12,11 [2916;2842] 74 [0,26;62,66] 62,4 Pode-se verificar que existe uma perda de rendimento do motor mais acentuada para situações com harmónicos de baixa ordem, quando comparados com semelhantes níveis de distorção de harmónicos de ordem mais elevada. [23] Esta afirmação pode ser verificada por exemplo com o primeiro e segundo ensaios , de níveis de distorção de 20% do 3.º 5.º harmónicos, com os quais o motor apresenta níveis de rendimento bastante diferentes. Pode-se ainda reforçar esta afirmação com os ensaios de (3.º H=20% ; 5.º H=10%) e (3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%), terceiro e quarto ensaios respectivamente, onde pode-se verificar que embora o rendimento varie 122 Capítulo 4. – Simulação das perturbações no modelo teórico (ATPdraw) entre ensaios essa variação é pouco significativa atendendo ao facto de ser ter juntado no 4.º ensaio mais um harmónico (de ordem mais elevada) com 10% de amplitude. Pode assim considerar-se como válida a afirmação de A. Jalilian et al [23]. que diz que a THD nem sempre é o critério mais fiável para estimar as perdas nas máquinas de indução. Uma vez que as perdas são contabilizadas pela equação (73) : 2 n n ( Wn ( pu ) = R I ≈ Rn 0,5 2 R Vn 0, 65 = 2 V 2 n −0,8 X Xn ) (73) A equação (73) sugere que o total de perdas harmónicas é inversamente proporcional à ordem do harmónico. Portanto para a constante Vn , os harmónicos de baixa ordem causam perdas harmónicas mais pronunciadas nos motores de indução. A. Jalilian et al[23]., sugere então que seja considerada uma forma diferente de conjugar a distorção harmónica das diferentes ordens de harmónicos de forma a ponderar com maior “peso” os harmónicos de ordem mais baixa, a qual se mostra pela equação (74): WTHD = ∑V 2 n n − 0 ,8 (74) Pode ainda verificar-se que para todos os ensaios tem-se ao veio do motor uma resposta pulsante cujos máximos e mínimos, do binário e consequentemente da velocidade, vão variar com uma frequência dependendo do nível e quantidade de harmónicos fornecidos, esta variação periódica é a responsável pelo ruído de alta frequência que foi mencionado no capítulo 2.1.5.3.1. Os binários pulsantes devido aos harmónicos são devidos à interacção do fluxo no entreferro com o fluxo produzido pelas correntes harmónicas no rotor, o que causa um aumento da energia consumida. O aumento das perdas não só reduz a eficiência do motor como reduz drasticamente o tempo útil de vida do motor. Pode-se verificar que para todos os ensaios realizados com harmónicos que os valores máximos das correntes (valores de pico) aumentam o que se traduz num sobreaquecimento mais ou menos acentuado consoante o ensaio. Os diferentes ensaios deixam antever que a integridade física e eléctrica do motor fica comprometida se este for sujeito a longos períodos de funcionamento. 123 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução 5 Simulações das perturbações no motor de indução e análise de resultados Numa tentativa de validar o modelo teórico implementado, de forma a sustentar todas as simulações anteriormente executadas, apresenta-se de seguida os resultados de algumas perturbações ensaiadas. Os ensaios executados foram escolhidos, tendo como base o equipamento disponível em laboratório para implementação das perturbações. Assim sendo, ficam excluídos quaisquer ensaios de variações de frequência e de harmónicos. Deve-se notar que a fonte de alimentação usada no laboratório introduz alguns harmónicos de corrente, os quais são responsáveis por ligeiras deformações das formas de onda de corrente obtidas. Tal facto deve ser tido em conta para análise dos resultados apresentados nos pontos seguintes. Todos os resultados obtidos foram medidos para períodos posteriores ao início da perturbação. Apresenta-se de seguida as figuras correspondentes à forma de onda da tensão, corrente, binário e velocidade de modo a servirem de base de análise comparativa das figuras referentes às perturbações ensaiadas. 125 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Figura 5-1 – Tensão de alimentação para regime nominal, 380V Figura 5-2 – Corrente de armadura para regime nominal, 380V Pela Figura 5-2 pode-se verificar a distorção da forma de onda da corrente de alimentação, sem se ter implementado qualquer tipo de perturbação. Tal deformação denota que estamos na presença de uma fonte que introduz harmónicos de tensão, sendo estes responsáveis pela distorção já mencionada. 126 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Figura 5-3 – Binário de carga para regime nominal Podemos verificar que para uma regulação de binário correspondente a 2Nm, na Figura 5-3 podemos constatar que o binário colocado sobre o motor é ligeiramente superior, sendo tal facto devido à falta de rigor na regulação do módulo de controlo. Figura 5-4 – Velocidade de rotação para regime nominal Na Figura 5-4 pode verificar-se que existe algum ruído associado à aquisição dos valores de velocidade de rotação do motor. 127 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução 5.1 Sobretensões Apresenta-se de seguida as diferentes perturbação de sobretensões ensaiadas e que serão caso de estudo. 5.1.1 Sobretensão , 418V (10%), 3 fases Figura 5-5 – Tensão de alimentação para sobretensão de 418V Figura 5-6 – Corrente de armadura para sobretensão de 418V, 10% Pode-se constatar pela Figura 5-5 que a forma de onda da tensão apresenta uma boa simetria, elevada cerca de 15% do seu valor nominal, contudo pela Figura 5-6 pode verificar-se que a forma de onda da corrente apresenta alguma deformação devido aos harmónicos de tensão que a fonte de alimentação apresenta. 128 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Figura 5-7 – Velocidade de rotação para sobretensão 418V, 10% Figura 5-8 – Binário de carga para sobretensão de 418V, 10% Como resultado dos ensaios anteriormente executados apresenta-se de seguida uma tabela resumo dos dados laboratoriais obtidos à semelhança do que se fez nos ensaios simulados no modelo teórico do ATP. Tabela 5-1 – Tabela Resumo dos dados laboratoriais de Sobretensões 380V 418V Estável Estável U [V] 310 341,3 I [A] T [Nm] Vel.[rpm] 2,87 -2,00 2903 3,02 -1,92 2937 Sobretensões 129 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Pode verificar-se que à semelhança do modelo teórico a velocidade aumentou, obteve-se um aumento cerca de 1,17% em relação à velocidade nominal para o caso da sobretensão de 418V, passando de 2903rpm para 2937rpm. Por sua vez estas variações foram menos acentuadas no modelo teórico, o qual obteve variações de velocidade de 0,62% e de 0,90% para os mesmos níveis de tensão. Contudo poder-se-á afirmar que existe uma semelhança na resposta obtida, sendo as diferenças encontradas devido a eventuais desajustes da carga mecânica no modelo teórico e a alguma variação do valor da carga mecânica acoplada ao veio do motor em laboratório. Tal facto pode ser verificado na Figura 5-8 a qual apresenta algum desvio no valor do binário quando este foi regulado ao início do ensaio para um valor de 2Nm. 5.2 Variação de Tensão Apresenta-se de seguida a perturbação de variação de tensão ensaiadas e que vão ser caso de estudo. 5.2.1 Variação de tensão, 330.4V (-15%) , 3 fases Figura 5-9 – Tensão de alimentação para variação de tensão de 330,4V, 15% 130 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Figura 5-10 – Corrente de armadura para variação de tensão 330,4V, 15% Pelas figuras anteriores pode-se verificar à semelhança do ensaio de sobretensão de 15%, uma boa simetria da onda de tensão mas uma assimetria na onda de corrente devido aos harmónicos introduzidos pela fonte de alimentação. Pode-se constatar que para um abaixamento do nível de tensão de 15%, a corrente sofre um aumento de cerca 31% à semelhança do simulado no ATPdraw. Figura 5-11 – Velocidade de rotação para variação de tensão 330,4V, 15% 131 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Figura 5-12 – Binário de carga para variação de tensão 330,4V, 15% Tabela 5-2 – Tabela Resumo dos dados laboratoriais de variação de tensão Variação 380V 330,4V Tensão Estável Estável 310 269,44 U [V] 2,87 2,67 I [A] -2,00 -2,15 T [Nm] 2898 Vel.[rpm] 2903 Com o ensaio desta variação de tensão a resposta obtida foi semelhante ao simulado no modelo teórico do ATPdraw. Obteve-se para esta perturbação uma descida do valor da velocidade de rotação de aproximadamente 0,17%, passando de cerca 2903 rpm para 2898rpm. Os valores obtidos no modelo teórico foi de uma passagem de aproximadamente 2902rpm para 2865rpm, variação de cerca 2,2%, o que à semelhança das sobretensões deixa antever algum ligeiro desajuste da carga mecânica utilizada no modelo teórico. Note-se ainda que o facto da velocidade estar abaixo do valor esperado (simulado) pelo ATPdraw também deve estar associado ao facto do binário de carga não ser exactamente 2Nm mas cerca de 2,15Nm. 132 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução 5.3 Desequilíbrio tensão Apresenta-se de seguida as diferentes perturbação de desequilíbrio de tensão ensaiadas e que vão ser caso de estudo. 5.3.1 Ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=-20%) Figura 5-13 – Tensão de alimentação para desequilíbrio R=0%;S=0%;T=-20% A Figura 5-13 representa o desequilíbrio de 20%, numa fase, utilizado para o ensaio em laboratório. Figura 5-14 – Corrente de armadura para desequilíbrio R=0%;S=0%;T=-20% Pela análise da Figura 5-14 pode verificar-se que á semelhança dos resultados simulados existe uma drástica redução da amplitude de corrente na fase do defeito e uma “compensação” da corrente nas restantes fases. 133 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Figura 5-15 –Velocidade de rotação para desequilíbrio R=0%;S=0%;T=-20% Figura 5-16 –Binário de carga para desequilíbrio R=0%;S=0%;T=-20% Com o presente ensaio verifica-se a existência um vibrar no veio do motor à semelhança do simulado no ATP. Esta vibração também se nota, embora seja pouco perceptível, no gráfico anterior do binário de carga, tal facto deve ser devido à pouca severidade mecânica da perturbação e à fraca resolução do módulo de controlo de carga. A vibração do veio do motor surge para valores de em torno dos 2885rpm enquanto que no modelo teórico ronda os 2887rpm o que representa uma boa aproximação em termos de resposta da velocidade. Por sua vez a variação do binário é menos acentuada no motor real, o que deixa antever alguns desajustes no valor do momento de inércia utilizado no modelo teórico. 134 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução 5.3.2 Ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=-10%) Figura 5-17 – Tensão de alimentação para para desequilíbrio R=0%;S=-10%;T=-10% A Figura 5-17 representa o desequilíbrio de tensão utilizado para o presente ensaio enquanto que a Figura 5-18 representa as correntes de armadura do motor de indução. Figura 5-18 – Corrente de armadura para desequilíbrio R=0%;S=-10%;T=-10% Pode verificar-se que devido à redução do nível de tensão em duas das fases obtêm-se um grande aumento da corrente absorvida na terceira fase de forma a compensar a redução da potência fornecida nas duas fases que sofreram a redução. 135 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Figura 5-19 –Velocidade de rotação para desequilíbrio R=0%;S=-10%;T=-10% Figura 5-20 – Binário de carga para desequilíbrio R=0%;S=-10%;T=-10% Pela análise da Figura 5-19 como da Figura 5-20 constata-se que existe uma vibração ao veio do motor de indução à semelhança do simulado no ATPdraw. Esta vibração é responsável pelo ruído de alta-frequência que surgiu aquando do ensaio realizado. 136 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução 5.3.3 Ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%) Figura 5-21 – Tensão de alimentação para desequilíbrio R=0%;S=-20%;T=-20% Figura 5-22 – Corrente de armadura para desequilíbrio R=0%;S=-20%;T=-20% Analisando a Figura 5-21e a Figura 5-22 verifica-se o desequilíbrio de tensão de 20% em duas fases assim como a redução da corrente de armadura das respectivas fases e um aumento da amplitude de corrente na fase à tensão nominal por forma a tentar compensar a solicitação de potência do motor que não está a ser satisfeita devido à redução das potências eléctricas fornecidas das fases desequilibradas. 137 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Figura 5-23 –Velocidade de rotação para desequilíbrio R=0%;S=-20%;T=-20% Figura 5-24 – Binário de carga para desequilíbrio R=0%;S=-20%;T=-20% À semelhança dos ensaios de desequilíbrios anteriormente executados verifica-se um pulsar da velocidade e binário de carga. Apresenta-se de seguida a tabela resumo dos valores obtidos nos ensaios laboratoriais por forma a estabelecer um paralelismo com os resultados obtidos no modelo teórico simulado no ATPdraw. 138 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Tabela 5-3 – Tabela resumo dos ensaios realizados de desequilíbrios de tensão Desequilíbrio Tensão U [V] I [A] Estável T [Nm] ∆T Estável Vel.[rpm] ∆T Desequilíbrio Tensão U [V] I [A] Estável T [Nm] ∆T Estável Vel.[rpm] ∆T R 0% 316 3,00 R 0% 300 3,20 Nominal S T 0% 0% 311 314 2,91 2,90 2,04 2910 1 Ensaio 3 S T 0% -20% 295 220 2,80 1,30 2,05 0,13 2885 1 R 0% 300 3,10 Ensaio 4 Ensaio 5 S T R S T -10% -10% 0% -20% -20% 275 275 300 258 258 2,10 1,90 3,59 2,10 1,83 2,07 2,05 0,18 0,15 2901 2896 2 1,5 Embora as velocidades medidas sejam muito semelhantes às obtidas nas simulações, verifica-se que existe uma fraca amplitude de variação do binário quando comparado com o modelo teórico. As correntes de armadura são semelhantes às obtidas no modelo teórico nas fases equilibradas e diferente na fase desequilibrada quando é feito um desequilíbrio de uma única fase. Por sua vez existe uma variação entre resultados nas correntes quando desequilibra-se duas fases, sendo que podemos afirmar que existe uma maior semelhança, neste caso, de resultados para as fases desequilibradas. A nível geral existe uma grande semelhança entre os resultados obtidos e as simulações efectuadas com o modelo teórico. Contudo, não se pode ser alheio às diferenças existentes as quais após análise mais pormenorizada deixam antever um desajuste de parâmetros do valor da inércia da carga, do atrito bem como devido aos harmónicos de tensão que a fonte de alimentação introduz durante o ensaio, sobre os quais não nos é possível actuar por falta de meios. 139 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução 5.4 - Análise de resultados Após séria e cuidada análise dos resultados apresenta-se de seguida algumas conclusões dos resultados obtidos, por forma a tentar encontrar falhas, caso existam, no modelo teórico. A análise que se segue será feita abordando os diferentes tipos de grandezas medidas, uma vez que são estas que nos dão a conhecer todas as outras grandezas intrínsecas ao motor. Assim sendo analisar-se-á o binário, a velocidade, as correntes de armadura e a tensão de alimentação. O binário foi uma grandeza com alguma incerteza associada ao controlo, não só pela pouca fiabilidade do módulo de controlo como devido à difícil imposição do valor pretendido (2Nm). Note-se que a carga acoplada ao motor também não reflectia completamente a natureza de uma carga mecânica, uma vez que utilizou-se um módulo de controlo PID, o qual na opção de “malha aberta” correspondia a um controlo da corrente de excitação para imposição do binário. Pode-se afirmar que no que respeita ao binário a linearidade das respostas é muito elevada, ou seja, temos uma variação de -0,44% para o valor simulado da sobretensão de 418V, uma variação de -0,88% para o valor simulado da variação de tensão de 330,4V, um aumento de 0,44% para o desequilíbrio do ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=20%), um aumento de 1,32% para o desequilíbrio do ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=10%), e um aumento de 0,44% para o ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%). Por sua vez para os ensaios de laboratório obteve-se uma diminuição de 4% para a sobretensão de 418V, um aumento de 7,5% para a variação de tensão de 330,4V, um aumento de 0,5% para o desequilíbrio do ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=-20%), um aumento de 1,47% para o desequilíbrio do ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=-10%), e um aumento de 0,5% para o ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%). A velocidade de rotação apresentou algumas variações, as quais foram nos ensaios de laboratório: um aumento de cerca 1,17% para a sobretensão de 418V, uma redução de 0,17% para a variação de tensão de 330,4V, uma redução de 0,86% para o desequilíbrio do ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=-20%), uma redução de 0,3% para o desequilíbrio do ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=-10%), e uma redução de 0,48% para o ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%). 140 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Por sua vez a velocidade nas simulações executadas no ATP foram: um aumento de 0,62% para a sobretensão de 418V, uma redução de 1,27% para a variação de tensão de 330,4V, uma redução de 0,58% para o desequilíbrio do ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=20%), uma redução de 0,48% para o desequilíbrio do ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=10%), e uma redução de 0,93% para o ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%). As correntes de alimentação apresentam variações no modelo simulado no ATP da seguinte ordem: um aumento de 2,3% para a sobretensão de 418V, manteve-se constante para a variação de tensão de 330,4V, uma variação nas fases RST de 46,9%,51,3% e -95,8% para o desequilíbrio do ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=-20%), uma variação nas fases RST de 53,5%, -25,7% e -28,4% para o desequilíbrio do ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=-10%), e uma variação nas fases RST de 98,5%,-43,7% e -51,3% para o ensaio 5 (R=0%;S=-20%;T=-20%). Enquanto que no motor ensaiado no laboratório obteve-se as seguintes variações: um aumento de 5,23% para a sobretensão de 418V, uma redução de 6,96% para a variação de tensão de 330,4V, uma variação nas fases RST de 6,7%,-4% e -55% para o desequilíbrio do ensaio 3 (R=0%;S=0%;T=-20%), uma variação nas fases RST de 3,33%, -27,8% e -34,5% para o desequilíbrio do ensaio 4 (R=0%;S=-10%;T=-10%), e uma variação nas fases RST de 19,7%,-27,8% e -36,9% para o ensaio 5 (R=0%;S=20%;T=-20%). As variações de tensão não serão contabilizadas uma vez que serviram de base (foram impostas) para os restantes valores, ou seja tivemos um aumento de 10% para a sobretensão de 418%, uma redução de 15% para a variação de tensão de 330,4V, e assim sucessivamente para os desequilíbrios de tensão. Apresenta-se de seguida o quadro resumo, para elucidar melhor, dos resultados obtidos. 141 Capítulo 5. – Simulações das perturbações no motor de indução Tabela 5-4 – Quadro resumo de variações nos ensaios para o regime nominal Velocidade [%] Teórico Real Teórico Real Binário [%] Corrente Alimentação RST [%] Teórico Sobretensão -0,44% -4% 0,62% 1,17% 2,30% de 418V Variação de -0,88% 7,50% -1,27% 0% tensão 0,17% 330,4V 0,44% 0,50% -0,58% 46,9%;51,3%;-95,8% Ensaio 3 0,86% 1,32% 1,47% -0,48% 53,5%;-25,7%;-28,4% Ensaio 4 0,30% 0,44% 0,50% -0,93% 98,5%;-43,7%;-51,3% Ensaio 5 0,48% Real 5,23% -6,96% 6,7%;-4%;-55% 3,33%; -27,8%;-34,5% 19,7%;-27,8%;-36,9% Pode-se afirmar que existe uma grande simetria entre resultados, mesmo eu em alguns casos nos pareça algo significativa a diferença dos valores, contudo note-se que o modelo teórico só entra em linha de análise com os parâmetros estipulados, referentes ao motor e à rede eléctrica, enquanto que numa situação real temos diversas influências a ter em causa, entre muitas o tempo de funcionamento do motor, o aquecimento dos seus elementos físicos, a estabilização da carga, o desequilíbrio da alimentação, a saturação magnética, etc. 142 Capítulo 6. – Conclusão e trabalho futuro 6 - Conclusão e trabalho futuro As redes eléctricas de energia devido ao facto de estar sujeitas a vários tipos de interferência encontram-se actualmente bastante poluídas por perturbações devidas a fontes externas, operações de manobra e equipamentos electrónicos. Simultaneamente a industria cada vez mais industrializada onde a proliferação de equipamentos electrónicos é cada vez maior por forma a rentabilizar processos e optimizar lucros, leva os industriais a preocupar-se cada vez mais com os parâmetros de qualidade de energia, numa tentativa de redução dos tempos de avaria ou até mesmo à sua extensão. Os problemas de qualidade de energia podem ser resolvidos quando as suas causas são identificadas e é possível adoptar medidas para a sua correcção. Para tal tem-se vindo a recorrer cada vez mais à monitorização de diversos parâmetros, nomeadamente os níveis de tensão, corrente absorvida, factor de potência e potências eléctricas, para se poder aferir convenientemente os níveis de sobretensões, os tipos de desequilíbrios de tensão, a amplitude das cavas, das taxas de distorção harmónica entre outros. O presente trabalho permitiu a verificação das consequências que as diferentes perturbações na qualidade de energia eléctrica têm a nível do funcionamento do motor de indução. Para tal foi efectuado um modelo teórico que pretendia descrever um motor real quando sujeito a alguns tipos de perturbações mais frequentes na rede eléctrica. As perturbações simuladas foram as variações de frequência, sobretensões, variações de tensão, desequilíbrios de tensão e os harmónicos de tensão. 6.1 Perspectivas de trabalho futuro Embora o presente modelo teórico apresente uma característica de resposta esperada e muito semelhante ao modelo teórico seria de todo interessante poder ser melhorado quanto à característica de carga, ou seja, melhorar o modelo de carga mecânica por forma a poder ter aos terminai do motor diferentes tipos de carga, entre as quais cargas dinâmicas. 143 Capítulo 6. – Conclusão e trabalho futuro Poder-se-ia implementar ainda uma tabela de características de carga, ou seja, uma tabela que consoante a potência do motor a utilizar pudesse corresponder os momentos de inércia tipo do próprio motor. Poder-se-á ainda melhorar o modelo teórico de modo a que este possa funcionar em regime de saturação magnética, e cujas respostas obtidas sejam fiáveis para os diferentes tipos de saturação, tanto das componentes directa como em quadratura. Considerar o efeito do aquecimento dos elementos físicos do motor, e a sua variação de funcionamento com a variação da temperatura. Desenvolver um modelo de carga, para o modelo teórico do ATPdraw, que contemple o controlo de binário e a variação dinâmica de carga, por forma a poder-se simular de uma forma mais abrangente diferentes tipos de cargas mecânicas, como é o caso dos módulos de controlo de carga vulgarmente designados de travões eléctricos, disponíveis em muitos laboratórios. Finaliza-se a presente dissertação de que o trabalho realizado não só é de estrema importância para a execução de estudos sobre o comportamento do motor de indução para os mais diversos tipos de perturbação da qualidade de energia eléctrica como é a base de desenvolvimento de aplicações, porventura mais elaboradas e abrangentes de modelos teóricos de simulação de caso. 144 Capítulo 7. – Bibliografia 7 Bibliografia [1] Bollen, M. H. J. on Power Engineering, I. P. S., ed., “Understanding Power Quality Problems, Voltage sags and interruptions”, Wiley - Interscience, A John Wiley & Sons, Inc., 2000. [2] Kajihara, H.N.,” Quality power for electronics”, Electro-Technology, vol.82, n.5, p.46, 1968; [3] Roger C. Dugan, Mark F. McGranaghan, H. W. B.McGraw-Hill, ed. (1996), “Electrical Power Systems Quality”, McGraw-Hill. [4] M.H. Sendaula, W. K.Kazibwe, W. E., ed., “Electric Power Quality Control Techniques”, Van Nostrand Reinhold Company, October 1, 1993. [5] Heydt, G. T., “Electric Power Quality”, Stars in a Circle Pubns, May 1991. [6] James J. Burke, “Power Quality - Two Different Perspectives”, IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 5, No. 3, July, 1990. [7] NP EN 50160 – “Características da tensão fornecida pelas redes de distribuição pública de energia eléctrica”. [8] Baptista, J. M. R., “ Análise Harmónica em Instalações Eléctricas BT - HarmoSim Uma ferramenta eficiente de simulação “, Tese de Doutoramento, Universidade Trás-osMontes e Alto Douro, 2007. [9] Kreyszig, E.Jhon Wiley & sons, I., ed., “Advanced Engineering Mathematics”, Wiley, 1999. 145 Capítulo 7. – Bibliografia [10] Humberto Henao, Gerard Capolino Claudia Martis, M. R., “Harmonic Characteristics of an Induction Machine Connected to a Distribution Network”, University of Picardie Jules Veme, Department of Electrical Engineering - Technical University of Cluj-Napoca, Department of Electrical Machines, 6, 2002. [11] Senini, A. J., “Simulating Power Quality Problems by ATP/EMTP”, Master's thesis, University of Queensland, 1998. [12] José Manuel Mendes Ribeiro, H. J. V. F., “ Análise de perturbações propagadas através da rede eléctrica “, Relatório Técnico, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2003. [13] Viecili, G. B., “Motores de indução trifásicos submetidos a distúrbios na qualidade da energia elétrica: um enfoque quanto ao desbalanço de tensão e harmônicas – estudo de caso “, Tese Mestrado, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Departamento de Tecnologia - Engenharia Eléctrica, 2006. [14] WEG. “Manual de motores elétricos de corrente alternada WEG”. Jaraguá do Sul,2005. [15] KOSOW, I.Globo, ed., “Máquinas Elétricas e Transformadores”. Cap. 9, Globo, Tradução de Felipe Luiz Ribeiro Daiello e Percy Antônio Pinto Soares, São Paulo, 2000. [16] Kubo, M. M., “Uma Contribuição ao Modelamento Matemático Dinâmico de Máquinas Assíncronas Trifásicas“, Tese Mestrado, Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação - Departamento de Sistemas e Controle da Energia - Laboratório de Dinâmica de Máquinas Elétricas, 2000. [17] IEEE Std 112 – “IEEE Standard Test Procedure for Polyphase Induction Motors and Generators”, 1996. 146 Capítulo 7. – Bibliografia [18] Chatelain, J.Romandes, P. P., ed., “Traité d’Électricité – Machines Électriques”, Vol. volume X, Presses Polytechniques Romandes, 1989. [19] Martinez, J. A., “Transactions on Power Systems”, IEEE Transactions on Power Systems VOL.8, pp..1392-1399, 1993. [20] Frust, G., “Análisis Armónico con el ATP: Harmonic Frequency Scan”, 8, 1998. [21] MICROCHIP. “AC Induction Motors Fundamentals. AN887a”, http://www.microchip.com/stellent/idcplg?IdcService=SS_GET_PAGE&nodeId=1824 &appnote=en012135, 2003, (Maio 2008). [22] M. J. S. M. de Freitas, “Implementação de um Filtro Activo de Potência para Optimização da Interface entre a Rede e outros Sistemas Eléctricos”. Tese de doutoramento , Universidade do Minho, Guimarães, 2004. [23] A. Jalilian, V. J. Gosbell, B. P., “Performance of a 7.5 kW induction motor under harmonically distorted supply conditions”, IEEE Transactions on Power Systems, 5, 2000. [24] Manual do ATP – ATPDRAW as user shell user for ATP simulations [25] http://www.emtp.org/, (Maio de 2008). [26] http://www.eeug.de/, (Maio de 2008). [27] http://www.ieee.org/web/publications/home/index.html, (Maio de 2008). [28] – www.dgge.pt, (Maio de 2008). [29] – Manual da Qualidade da Energia – EDP – Dezembro 2006 147 Capítulo 8. – Anexos 8 Anexos 8.1 Simulações implementadas Apresentam-se de seguida algumas das simulações implementadas durante a execução do presente trabalho mas que devido à redundância de informação as transpôs para parte integrante dos anexos. 8.1.1 Variação de Frequência Tensão (V) 8.1.1.1 Variação de frequência - 40 Hz, 3 fases 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded_vf40.pl4; x-var t) 0,53 v:X0005A 0,57 v:X0005B v:X0005C 0,61 0,65 Tempo(s) Figura 8-1 – Tensão de alimentação, com variação de frequência para 40Hz 149 Corrente (A) Capítulo 8. – Anexos 15 10 5 0 -5 -10 -15 0,45 0,49 0,53 (file um3_mi_loaded_VF40.pl4; x-var t) 0,57 c:X0001A-XX0002 0,61 c:X0001B-XX0003 0,65 Tempo(s) c:X0001C-XX0004 Binário (Nm) Figura 8-2 – Corrente de alimentação, com variação de frequência para 40Hz 20 15 10 5 0 -5 -10 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_VF40.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 0,75 Tempo(s) u1:TQGEN Velocidade (Rpm) Figura 8-3 – Binário gerado(2,22Nm), com variação de frequência para 40Hz 3000 2900 2800 2700 2600 2500 2400 2300 2200 0,45 0,50 (file um3_mi_loaded_VF40.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,55 0,60 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,65 0,70 0,75 Tempo(s) Figura 8-4 – Velocidade gerada com variação de frequência para 40Hz 150 Capítulo 8. – Anexos Figura 8-5 – Rendimento para variação de frequência para 40Hz (vista pormenor) Tensão (V) 8.1.1.2 Variação de frequência - 60 Hz, 3 fases 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_VF60.pl4; x-var t) 0,51 v:X0005A 0,54 v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 8-6 – Tensão de alimentação, com variação de frequência para 60Hz 15 10 5 0 -5 -10 -15 0,45 0,54 (file um3_mi_loaded_VF60.pl4; x-var t) 0,63 0,72 c:X0001A-XX0002 c:X0001B-XX0003 0,81 c:X0001C-XX0004 0,90 Tempo(s) Figura 8-7 – Corrente de alimentação, com variação de frequência para 60Hz 151 Binário (Nm) Capítulo 8. – Anexos -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 0,45 0,54 (file um3_mi_loaded_VF60.pl4; x-var t) 0,63 0,72 u1:TQGEN 0,81 0,90 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 8-8 – Binário gerado, com variação de frequência para 60Hz 3500 3400 3300 3200 3100 3000 2900 2800 0,45 0,54 (file um3_mi_loaded_VF60.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,63 0,72 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,81 Figura 8-9 – Velocidade gerada com variação de frequência para 60Hz Figura 8-10 – Rendimento para variação de frequência para 60Hz 152 0,90 Tempo(s) Capítulo 8. – Anexos 8.1.2 Desequilíbrio de Tensão 8.1.3 Ensaio 1 (R=0%;S=0%;T=-10% ) Tensão (V) (R=380V;S=380V;T=345,5V ); 350,0 262,5 175,0 87,5 0,0 -87,5 -175,0 -262,5 -350,0 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_DT_0_0_m10.pl4; x-var t) 0,51 0,54 v:X0005A v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 8-11 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-10%, aos 0,5s 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_DT_0_0_m10.pl4; x-var t) 0,51 0,54 c:X0001A-XX0002 c:X0001B-XX0003 0,57 0,60 c:X0001C-XX0004 Tempo(s) Figura 8-12 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-10%, aos 0,5s 153 - Binário (Nm) Capítulo 8. – Anexos 0 -1 -2 -3 -4 -5 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_DT_0_0_m10.pl4; x-var t) 0,60 0,65 0,70 u1:TQGEN 0,75 0,80 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 8-13 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-10%, aos 0,5s 2950 2930 2910 2890 2870 2850 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_DT_0_0_m10.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,60 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) Figura 8-14 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-10%, aos 0,5s Figura 8-15 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=0%;S=0%;T=-10%, aos 0,5s 154 Capítulo 8. – Anexos 8.1.4 Ensaio 2 (R=+20%;S=-10%;T=-10%) - Tensão (V) (R=456V;S=345,5V;T=345,5V ); 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_dt_20_m10_m10.pl4; x-var t) 0,54 v:X0005A v:X0005B 0,57 v:X0005C 0,60 Tempo(s) Figura 8-16 – Tensão de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=+20%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s Corrente (A) 10,0 7,5 5,0 2,5 0,0 -2,5 -5,0 -7,5 -10,0 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_20_m10_m10.pl4; x-var t) 0,60 0,65 c:X0001A-XX0002 0,70 c:X0001B-XX0003 0,75 0,80 c:X0001C-XX0004 Tempo(s) Figura 8-17 – Corrente de alimentação, com desequilíbrio de tensão R=+20%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s 155 Binário (Nm) Capítulo 8. – Anexos 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 0,45 0,50 0,55 0,60 (file um3_mi_loaded_dt_20_m10_m10.pl4; x-var t) 0,65 0,70 u1:TQGEN 0,75 0,80 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 8-18 – Binário gerado, com desequilíbrio de tensão R=+20%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s 2950 2930 2910 2890 2870 2850 0,45 0,50 0,55 (file um3_mi_loaded_dt_20_m10_m10.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,60 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,65 0,70 0,75 0,80 Tempo(s) Figura 8-19 – Velocidade gerada, com desequilíbrio de tensão R=+20%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s Figura 8-20 – Rendimento para desequilíbrio de tensão R=20%;S=-10%;T=-10%, aos 0,5s 156 Capítulo 8. – Anexos 8.1.5 Harmónicos Tensão (V) 8.1.5.1 Ensaio B - 5.º H=20% 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_B.pl4; x-var t) 0,51 0,54 v:X0006A v:X0006B 0,57 v:X0006C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 8-21 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 5.º H=20% , aos 0,5s 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_B.pl4; x-var t) 0,51 c:X0006A-X0013A 0,54 0,57 c:X0006B-X0013B c:X0006C-X0013C 0,60 Tempo(s) Figura 8-22 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 5.º H=20%, aos 0,5s 157 Binário (Nm) Capítulo 8. – Anexos 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_B.pl4; x-var t) 0,54 0,57 u1:TQGEN 0,60 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 8-23 – Binário gerado, com Harmónicos 5.º H=20%, aos 0,5s 2920 2915 2910 2905 2900 2895 2890 2885 2880 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_B.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,51 0,54 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,57 0,60 Tempo(s) Figura 8-24 – Velocidade gerada, com Harmónicos 5.º H=20%, aos 0,5s Figura 8-25 – Rendimento, com Harmónicos 5.º H=20%, aos 0,5s 158 Capítulo 8. – Anexos Tensão (V) 8.1.5.2 Ensaio D - 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10% 500 375 250 125 0 -125 -250 -375 -500 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_D.pl4; x-var t) 0,51 0,54 v:X0006A v:X0006B 0,57 v:X0006C 0,60 Tempo(s) Corrente (A) Figura 8-26 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s 7,00 5,25 3,50 1,75 0,00 -1,75 -3,50 -5,25 -7,00 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_D.pl4; x-var t) 0,51 c:X0006A-X0013A 0,54 0,57 c:X0006B-X0013B c:X0006C-X0013C 0,60 Tempo(s) Binário (Nm) Figura 8-27 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_D.pl4; x-var t) 0,53 0,57 u1:TQGEN 0,61 0,65 Tempo(s) Figura 8-28 – Binário gerado, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s 159 Velocidade (Rpm) Capítulo 8. – Anexos 2920 2915 2910 2905 2900 2895 2890 2885 2880 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_D.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,53 0,57 0,61 0,65 Tempo(s) u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 Figura 8-29 – Velocidade gerada, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s Figura 8-30 – Rendimento, com Harmónicos 3.º H=20% ; 5.º H=15% ; 7.º H=10%, aos 0,5s Tensão (V) 8.1.5.3 Ensaio E - 5.º H=20% ; 7.º H=10% 500 375 250 125 0 -125 -250 -375 -500 0,45 0,48 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_E.pl4; x-var t) 0,51 0,54 v:X0006A v:X0006B 0,57 v:X0006C 0,60 Tempo(s) Figura 8-31 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s 160 Corrente (A) Capítulo 8. – Anexos 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_E.pl4; x-var t) c:X0006A-X0013A 0,54 0,57 c:X0006B-X0013B c:X0006C-X0013C 0,60 Tempo(s) Binário (Nm) Figura 8-32 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0,45 0,49 0,53 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_E.pl4; x-var t) 0,57 0,61 u1:TQGEN 0,65 Tempo(s) Velocidade (Rpm) Figura 8-33 – Binário gerado, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s 2920 2915 2910 2905 2900 2895 2890 2885 2880 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_E.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,53 0,57 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,61 0,65 Tempo(s) Figura 8-34 – Velocidade gerada, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s 161 Capítulo 8. – Anexos Figura 8-35 – Rendimento, com Harmónicos 5.º H=20% ; 7.º H=10%, aos 0,5s 8.1.5.4 Ensaio F - 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º Tensão (V) H=3% 400 300 200 100 0 -100 -200 -300 -400 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_F.pl4; x-var t) 0,54 v:X0006A v:X0006B 0,57 v:X0006C 0,60 Tempo(s) Figura 8-36 – Tensão de alimentação, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s 162 Corrente (A) Capítulo 8. – Anexos 5,00 3,75 2,50 1,25 0,00 -1,25 -2,50 -3,75 -5,00 0,45 0,48 0,51 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_F.pl4; x-var t) c:X0006A-X0013A 0,54 0,57 c:X0006B-X0013B c:X0006C-X0013C 0,60 Tempo(s) Figura 8-37 – Corrente de alimentação, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º Binário (Nm) H=3%, aos 0,5s 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_F.pl4; x-var t) 0,53 0,57 u1:TQGEN 0,61 0,65 Tempo(s) Figura 8-38 – Binário gerado, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s 163 Velocidade (Rpm) Capítulo 8. – Anexos 2920 2915 2910 2905 2900 2895 2890 2885 2880 0,45 0,49 (file um3_mi_loaded_hm_ensaio_F.pl4; x-var t) factors: 1 offsets: 0,00E+00 0,53 0,57 u1:OMEGM 9,55 0,00E+00 0,61 0,65 Tempo(s) Figura 8-39 – Velocidade gerada, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s Figura 8-40 – Rendimento, com Harmónicos 5.º H=10% ; 7.º H=5% ; 19.º H=3% ; 23.º H=3%, aos 0,5s 164