AVÁ OU ISAÍ AS? O entre -luga r em M aira, de Darcy Ribeiro Ju liana T omk owsk i M. da F on seca (F URG) 1 A r epr esenta ção d o i ndí gena na lit eratu ra brasileira remet e, em gra nde parte, à id ealização r omânti ca do su jeit o sel vagem. O índio tem, de ssa forma, su a imag em u tilizada na con stru ção de con ceit o s tais co mo bra silidad e e nação brasil eira. S egu n do Ru beli se Cu nha, n o artigo O o u tro la do d o esp elh o : rep resen tações con temp orân ea s d o ind ígena no Bra sil (2 00 7 b), foi a partir da década d e 1 9 6 0 qu e hou ve u m r ompiment o co m essa est ética e os ester eóti po s i ndiani stas v oltado s para o olhar eu ropeu . A au tora ressalta , entretan to, a imp ortância d e Ma cu na íma , qu e a pesa r d e ter si do escrito em 1 9 2 6 , no au ge do movi mento moder ni sta , tra z u ma nova abor dagem d o s p ersonag en s in díg ena s na liter atu ra , mas a inda é compro meti do co m o s i deai s d e nação bra sileira e iden tidad e na cio nal. A literatu ra cont emporân ea, no entanto , desa fia essa p ercep ção, mo stra nd o as várias relações qu e en vol vem a id enti dade in dígena n o Bra sil, o s n ov os en fo qu es trazi do s pela fi cção , di stancia ndo -se da per sp ecti va con sagrada pel o cân on e da literatu ra nacional, tais co mo o s roma n ces Ira cema e O Gu aran i, de Jo sé d e Alencar, qu e reforça vam o discu rso col onial. No roman ce Ma íra , de 1 9 7 6 , escrito pel o antro pól ogo Da rcy Ribeiro , encontramo s Avá/Isaías, u m í ndio Mairu m, destinad o p or su a a sce nd ên cia a ser tu xau arã, chefe d e gu erra. F oi pr eparad o d esde a infâ n cia, i sola do das ou tras crian ças, para assu mir o lu gar d e seu tio, Ana cã . No entant o, aco metid o por u ma d oença, não p ôd e p er manecer na a ldeia e foi l evad o até as Mi ssõ es sob o cu idad o do padre Vecchio , a fa sta nd o -se d e seu dest ino . Isaías/ Avá parte d e su a aldeia ainda meni no pa ra se tor nar sacerdot e cristão, entra n do em contato co m a cu ltu ra sacra e eu ro peia . C ontu do , nu n ca se sent e parte daqu el e mu ndo: “Não, não sou 335 ningu é m. M elh or qu e seja padre, assim p od erei vi ver qu iet o e talvez até a ju da r o pró ximo. I sto é, se o pró xi mo d eixar qu e u m índi o d e mer da o a ben ço e, o co n fesse, o perd oe” ( RIBEIRO, 2 0 0 7 :4 1 ). Depoi s de an os estu dando para ser padre, I sai a s/ Avá empr eende su a via gem de r etor no à ald eia n 2atal, voltand o ap enas, como ele mesmo se d en o mina, u m “ etern o seminarista ” (RIBEIRO, 2 007 : 129 ). Nesse ca min ho, bu sca ser reco nh eci do no vament e co mo Mairu m, co mo con fessa: Nã o sou sold ad o que re gre ssa vit ori oso ou de rrot ad o. Nã o sou e xi lad o que re t orna c om sa udade s da ra iz. Sou o out ro e m busca d o um. Sou o que re sult o se r, a i nda, ne sta l uta por re fa ze r os ca mi nhos que me d e sfi ze ra m (R IB EIR O, 2 007:107 ). A ch egada, to davia , não o fer ece à Avá /I saías a reint egra ção de su a ide ntidad e. Ao contrário, p erceb e, nesse mo mento, a i mp o ssibili dade de u ma u ni dade id entitária . Isaías não é mais ín dio, Avá, e n em se tor nou bra nco, pu ro Isaías. T ransita, apenas, entr e doi s espaço s cu ltu ra is disti nto s: o seu de orig em, Mairu m, e o cristão e colo nizad or. Esse entre lu ga r, comu m às so ciedades col oni zadas, é a morada de I saías/ Avá. Os deslo cament o s e ten sões pro du zid os no mu n do colo ni al são pen sa d os p or Ho mi K. Bhabha (1 9 9 8 ) qu ando o au tor tr a balha os con c eito s d e h ib rid ismo e de estran ha men to . Segu ndo B habha , o su jeito da rela ção colo nial – no caso aqu i estu dado, Avá/Isaías – assi m co mo su a iden tidad e cu ltu ral, é hí brido , e co m i sso qu eremo s dizer qu e a relação de i n feri oridad e e su peri oridad e travada entre as partes prov oca a rela tivização e o qu estio namento dos doi s si st emas de verdad es env olvi do s, em u m jo go de du pli cidad es e ambigu idad es intr incad o na lingu a gem: qu alqu er tentativa de representação desse su jeit o carrega ve stígi os d o s d oi s di scu rso s ( col oni zador / colo ni zado), co nden sand o difere nça s. I saías/ Avá en co ntra -se sob essa situ ação: “Eu sou doi s. D ois estã o em mi m. Eu não sou eu , dentro d e mi m está ele. Ele sou eu . Eu sou ele, sou nó s e assim havemos de vi ver” ( RIBEIRO, 2 0 07 :10 7 ). 336 Para Bhabha (1 99 8 ), a articu lação de element o s cu ltu rais produ z mo me nto s e pr ocessos qu e d ev em ser p en sad os para além da s narrativas su bjeti vas origi nárias. P oi s é so b essa co nforma ção h íbrida q u e su rg em nov o s lu gares d e enu n ciação da id enti dade, “é o espaço de i nterv en ção qu e e mer ge do s i nt erstí cio s cu ltu rais qu e intr odu z a i nv en ção criativa dentr o da exi stência” (BHABH A, 1 9 9 8 :2 9 ). Ju stament e p or isso, o embate entre cu ltu ras não se dá co mo cho qu e de sist emas di stint os e pr é -estab elecid o s. É, ao co nt rário, u m a produ ção p er for mativa na qu al se procu ra dar au toridade ao su jeito híbrid o, co mo no vidad e em r elação ao qu e exi stia ant erior mente (BHABHA, 1 9 9 8 :20 -2 1 ). A lin gu agem cri stã é mu itas v ezes u tilizada n o texto lit erário pa ra lelament e ao vo cabu lá rio indí gena, repr esentando a relação con flitu o sa entr e mu nd os. A fu são d os mu ndo s e o estranha mento qu e ressa lta desse mo mento é emblemático na oração feita p or Isaías/Avá pa ra retornar à su a tribo desejand o u ma u nidad e i denti tária qu e, tra gica mente, não po derá mai s al can çar: Me u De us Pai , c riad or d o c é u e da te rra [. .. ] Me u De us Fil ho: Ma í ra -C ora ci, Sol l umi noso. Mi c ura, Te u i rmã o fétid o: ga mbá sa ri gü ê M osai nga r, home m-mul he r, ve nt re d e De us [.. . ] Que e u nã o c he gue lá , se nã o for de Tua Vont ade Que e u só c he gue l á, se e st a é Tua vont ade Ma s, se c he ga r, que e u possa se r um e nt re t od os Ind i st i nguí ve l. Ind i fe re nciá vel. Inc onfund í vel Um í ndi o mai rum de nt ro d o povo mai rum. Qu ando elab oradas e m d iscu rso, as representaçõ es do su jeito fra gm en tado torna m evi dente u m en tre -lug ar (in -between ) qu e não se a ju sta mais a qu alqu er p osi ção originária , ma s é a u ma n ova . E ssa exp eri ên cia cau sa nos in divídu o s a sensa ção de estran hamento ou u nh o meliness , termo intr odu zi do por B habha n o artigo Th e Wo r ld a nd the Ho me . Unh omely tradu z não a situ ação d e estar sem u m tet o, mas si m d e esta r estr anh o a mbiva lência s ao lar: trau máticas “O de moment o u ma do h ist ória estranh o rel aciona as pessoal, psí qu ica, às disju n çõ es mai s amplas da exi st ên cia políti ca” (BHABH A, 1 99 2 :1 44 ). 337 Nesse sentid o, I saías/ Avá é estranh o a si mesmo, poi s não en contra seu la r nem mesmo na ald eia em qu e nasceu : “Nesse ro mpant e, saí para Goiá s Velh o, para São Pau lo, para Roma. Volto agora depenad o. E eu fu i a ma iru nidade. Ag ora sou u m í ndi o qu alqu er” ( RIBEIRO, 2 00 7 :1 84 ). Dessa forma, Avá/ Isa ías não se apro xima d o s h erói s i ndíg enas idea lizad os p ela literatu ra românti ca, p ois não é u m sí mb olo de inte gridade e coragem tal qu ais o s cavaleiro s medi evai s, nem u m índi o gu erreiro d e al ma bran ca. Ao contrário, o h erói de Ma íra é fragmentad o, cing ido entr e as ci vilizações o ci dental e Mairu m. Ele carrega em su a per so nalidade a ex peri ên cia hi stóri ca da rel ocação cu ltu ral, ou das imp osi çõ es da razão col onial. A MIT OLOGIA DE AVÁ NO DISCUR SO DE IS AIAS Mo mento embl emáti co da o bra é qu and o, a p ós entrar em co nt ato co m u ma lin gu ista estran geira, I saias/ Avá dá i níci o à tradu ção do eva ng el ho de Mateu s para a língu a Mairu m. Perceb end o a imp ossi bilidad e d e con stru ir a ponte de palavras entre o s doi s discu rso s, ele a ltera a sintax e t extu al e acrescen ta imag en s conh ecida s do po vo indíg ena na su a ver são. Para Avá , cada p ov o enx erga dentro do qu adro de seu idi oma , a qu i co mpreend ido p or ele d e maneira mais ampla: como mu ndo cu ltu ral. Hibridizand o a r etóri ca d o col oni zador, o t radu tor dá nova vi da à mitologia Mairu m, crian do u m espaço d e con viv ên cia entre a ten sã o da s du as co smovi sões. Nesse senti do, segu nd o Bhabha (1 9 98 ), não há u ma comu nid ade hu ma na h omog ên ea qu e emita o s “si nais corret os”, ma s si m u ma plu ra lidade radical e hi st órica, sempre se fa z necess ário tr adu zir em discu rso essa realidad e – como é o caso de I saias/ Avá , o qu al articu la difere nça s dentro d o di scu rso religi o so bí blico/mairu m . Na escrita da Bíblia na língu a Mairu m, os di scu r so s cri stão e indí gena se con str oem em o po sição u m ao ou tro, em u m pr ocesso de con stru ção d e sentid os e tra nsfer ên cia de sig ni ficad o s. Ad otar u ma visão d e tra d u çã o cu ltura l – ou n e go cia çã o entre cu ltu ras, no sentid o atribu ído p elo t eórico in diano, 338 em qu e as repr esentaçõ es e o discu rso são con stru ído s – impli ca não pod er hav er i dentidad e entre lin gu agem e obj eto s, a crença na lingu agem co mo se i denti fica n do co m a realidad e. É pr eci so r econh ecer a het erog en eidad e. Retornan do às su as hist órias e mito s, Avá/Isaias p ossi bili ta a cont inu idade das tradições de seu po vo. Ao con tá -las a par tir de su a du pla ex peri ên cia cu ltu ral, cria elemento s para resi stir à impo sição da cu ltu ra ocidental e do discu rso colo nizad or. Ap esar de resgatar mo me nto s d oloro sos d e su a hist ória, e em qu e pese a con statação de o s con flit o s identitário s se l o calizarem na própria forma ção da su a iden tidad e, é a partir d esse espaço qu e o seminarista mairu m inicia u m proc e sso de recu peração d o s po der es espiritu ais d e seu p ov o, imp edi nd o o de sa pareci ment o da cu ltu ra e o apagament o do di scu rso. N a tradu ção da Bíblia para a língu a mairu m qu e ex ecu ta, Avá/Isaias p ermit e u m fu tu ro ao pensa mento e aos mito s de seu p ov o d entro de u m mu nd o ocid e ntalizado. A CONFL UÊNCI A DAS VOZES DIS SONANT ES A estru tu ra narrativa de Ma íra evid en cia a plu ralidade de vi sões env olvi das n o cenário pro po sto . O livro divi de -se em qu atro partes: An tífo na , Ho milia , Cân on e Co rp us , qu e rementem à estru tu ra de u ma missa católi ca. É op ortu no l embrar qu e a missa é u ma celebração cristã institu ída d esd e o i níci o da Igr eja para rememorar os ú lti mo s m o mento s da vi da d e J esu s, cu lmi nando na santa ceia, a cel ebração d o corpo e d o sa ngu e de Crist o. E ssas partes são su b divi das em sessen ta e sei s ca pítu los, no s qu ais, paralelament e à história de I saías/ Avá, sã o narrados os mi to s da cria ção do mu n do e da gen ealo gia d o po vo Mairu m. Mitolo gia s cri stã e i ndí gena são fu ndida s, em Ma íra , de forma qu e amba s sã o relati vizada s e ganha m n ov os senti do s. O C o rpu s , a tra nsu bstan ciação do corp o d e Cri st o, é ao mesmo t empo o ápice d o cu lto e da hist ória narrada. O ú ltimo capítu lo, In d ez – palavra derivada de in d ic iu m , sinal, indicação – reú ne a mu ltipli ci dade d e p ersp ecti vas 339 en con tradas em Ma íra , apontand o o s di fer ent es di scu rso s co mp on ent es de u m mu nd o tran sfor mado pela co lo nização e ch oqu e de cu ltu ras. O narrador onisciente abre espaço para ou tras vozes, “eu s” vão su rgind o e fazen do seu s relato s. P elo s seu s di scu rso s, adentramo s a vida do s ín dio s mairu ns, do u ni ver so míti co estabel ecido p ela presença do s deu se s co mo p ersonag en s d o espaço fi cci onal , mas também ou vimos a per sp ecti va d o h o mem branco em su a relação com o s po vo s n ativos. De a cordo co m Antôn io Ca n dido (2 0 07 :38 3): Há di ve rsa s voze s que i nst it ue m a narrati va, cad a uma c onforme o se u â ngul o. Ent re ele s, o â ngul o t ri st e e omi noso d e Isa í a s, o â ngul o c ri spad o de al ma , proc ura nd o de se spe rada me nt e i ngre ssa r no mund o d o í ndi o, à busca de uma i mpossí ve l red e nçã o; ma s sobre t ud o o â ngul o pró pri o d o na rrad or, que re ge o li vro e é c a paz de ve r t a nt o c omo í ndi o qua nt o c omo bra nc o. Sobr ep õe -se à v oz de I saías/Avá, Al ma, jo vem cario ca qu e, no intu ito d e tor nar -se mi ssionária e viv er ju nto ao s í ndi os, acaba tornand o se mirix or ã – u ma mu lher cu ja fu nção dentro da tribo é d eit ar -se co m todo s o s h o mens e ensi nar-l hes a s artes do a mor; e la engravi da e morr e du ra nte o parto d e g êmeos , na fl oresta, à beira d e u m rio . E sta cena abre o livro, em u m capítu lo chamad o A Mo rta . Nas palavras de Al fredo Bo si (2 00 7 :3 87 ): A força si mból ica de st a i ma ge m dá o ac orde de a bert ura à pol i fonia di ssona nte de M aíra . A mul her é bra nca , ma s o se u c orpo e st á ti ngid o d e fi gura s ge omét ric a s c omo se fora o c orpo de uma í ndia mai rum. A mul he r é j ove m, ma s e stá morta . Aca bou de t raze r a o mund o d ua s c ri a nça s, ma s e sta s, ne m be m e ntra ra m pa ra a vida, já pe rec e ra m. O de se nc ont ro nã o pode ri a t e r sid o re velad o mai s c rua me nte . Al ma, jov em qu e parte em bu sca de salvação no mu nd o do ou tro, a ca ba con fu sa e morta em u m mu nd o d e d esencontr os, po is n u nca pôd e se d e sligar de su a própria cu ltu ra. Nem sequ er encontra seu lu gar de perte n ciment o. Há , ainda, a fala do Major Nona to do s Anjo s, d et et ive respo nsáv el por apu rar a mort e d e Al ma; é fi gu ra desajeitad a qu e não 340 co mpr eend e o u niv erso Mairu m, olhan do -o sempre co m su p erioridad e. Há a voz do h o mem ci vilizad o, qu e aparece no s p en sament o s d e Ju ca, co mer ciante ex plorador e me stiç o qu e não aceita su a con diçã o de fil ho de í ndia. S eu obj eti vo prin cipal é fa zer din heiro à cu sta d o p ov o in díg ena. Ele é u m exempl o d os ol hares ganancio so s d e políti co s e empr e sário s, qu e v eem na con dição das po pu laçõ es nativas u ma o portu nidad e d e gerar lu cros. P or fi m, há Darcy Rib eiro, qu e assu me a vo z au toral n o capítu lo Eg o su m e, tal qual Deu s se d eno mi na (o Eg o S u m / Eu Sou ) – em mais u ma referência à mit olog ia cristã – o au tor co ord ena o s d estin o s, for nece referê ncia s d os p ersonag en s e fala, ainda, de su a exp eriência como a ntropól og o “apren dendo a vi ver a exi stência d o s ou tro s” (RIBEIRO, 2 00 7 :2 05 ). A narrativa é fragmentada, assi m co mo o s su jeito s qu e n ela ha bita m. A mu ltipli cidad e d e per sp ectivas e con flito s é evi denciada n o s diá logo s das per so nagens – co m ou tro s p er so nagens e co nsi go mesmas. Segu n do Cu n ha (2 00 7 a :93 ): O roma nc e de Darc y Ri bei ro nos fala d a i mpossi bi lid ade da c onc ili açã o e nt re e sse s d oi s mund os, e d a di fic uld ade de uma t rad uç ã o c ult ural , ú ni ca t a re fa possí ve l pa ra um se r que é d upl o e ha bit a d ua s c ul t ura s d i sti nta s. Alé m da fort e de nú ncia soc ial , que re mete a um pe rí od o hi stó ric o bra si lei ro e à c orrupç ã o nos ó rgã os gove rna me nt ai s, há a pre oc upa çã o c om a d e fi ni çã o de nova s ide ntidad e s alé m d os li mite s d o di sc urso nac i onal . A e xpe ri me nta çã o forma l é out ra c a rac te rí sti ca i mporta nte de Maí ra, roma nc e que te rmi na c om um ca pí t ul o t otal me nte pol i fô nic o, no qual a s vá ria s voz e s e nvol vid a s na na rrati va fal a m se m ma rca çã o d i fe re nciad a, re pre se nta nd o a s di ve rgê ncia s e di ve rsida de s que e nvol ve m a que st ã o i nd í ge na . Maíra é, antes de tu do, um ro mance so bre en co ntro s e de se nc ontr os. A an gú stia exp erimentada p or Isaias no eter no regresso a ca sa à qu al não pod erá nu n ca v oltar, seu cami nhar em círcu lo s trançado s a ta ntos d estin os qu e, co mo o d ele, não se encontram, é retrato da so cie da de partida fru to d os pro cesso s de coloni zação ainda em a nda me nto em mu itas r egi ões do no sso país. 341 REFERÊNCIAS BOSI, Al fredo. M orte, o nd e está tu a vitória? In: RIBEIRO, Darcy. Ma íra – u m roman ce do s í ndio s e da Amazô nia. 1 8 .ed. Ri o d e Janeir o: Recor d, 2 00 7 . p. 3 87 -3 90 . CANDIDO, Anto nio. 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