ETAPA
HISTÓRIA
Questão 13
Questão 14
No ano de 73 a.C., um grande número de escravos e camponeses pobres se rebelaram
contra as autoridades romanas no sul da Itália. Os escravos buscavam retornar às suas
pátrias. Depois de resistirem aos exércitos romanos durante dois anos, a maioria foi massacrada. (Traduzido e adaptado de P. Brunt,
Social Conflicts in the Roman Republic)
a) Compare a escravidão na Roma Antiga e
na América Colonial, identificando suas diferenças.
b) Quais foram as formas de resistência escrava nesses dois períodos?
Em 15 de julho do ano de 1099, os cruzados
tomaram Jerusalém. Eles massacraram homens, mulheres e crianças, assaltaram casas e
saquearam as mesquitas. O saque foi o ponto
de partida de uma hostilidade milenar entre
o Islão e o Ocidente. (Adaptado de A. Maalouf,
As cruzadas vistas pelos árabes)
a) Qual o significado da retomada de Jerusalém para a cristandade européia?
b) Caracterize dois conflitos na história contemporânea que revivem essa hostilidade entre cristãos e muçulmanos.
Resposta
Resposta
a) A escravidão na Roma Antiga, de uma maneira
geral, era resultante de escravidão por dívidas (até
o século V a.C., quando ocorre a proibição da escravidão por dívidas), e o que era mais comum,
como produto de guerras em que os derrotados
eram submetidos à escravidão.
Quanto ao tipo de trabalho, os escravos eram utilizados tanto no setor doméstico como no setor
produtivo, sendo que muitos escravos gregos em
Roma notabilizaram-se como preceptores dos filhos de seus senhores romanos. A escravidão na
América Colonial, além de ser praticada em relação a populações indígenas, como é o caso da
América Portuguesa, foi largamente praticada em
relação aos negros africanos. Ainda no início da
colonização, ocorrem as primeiras remessas de
escravos africanos para as colônias do Novo Mundo. Foram amplamente utilizados nas grandes
propriedades que forneciam produtos para as respectivas metrópoles. Afirma-se também que o
próprio comércio e tráfico de escravos constituíram-se num fator de acumulação de capitais para
a metrópole. Destacam-se, ainda, na América Espanhola, outras formas de trabalho compulsório
(mita e encomienda) que, apesar de não serem
formalmente escravidão, constituíram-se em uma
escravidão disfarçada.
b) Na Roma Antiga destacam-se como formas de
resistência as fugas e revoltas, como a Revolta de
Espártaco (73-71 a.C.). Na América Colonial, as
fugas, suicídios, revoltas e formação de quilombos.
a) Para a cristandade européia, a retomada de Jerusalém no contexto do movimento cruzadístico,
particularmente a citada Cruzada, significou a possibilidade de se promover a expansão do cristianismo em direção ao Oriente; além desse aspecto, ao retomarem a cidade, os cruzados abriam a
perspectiva de se manter a peregrinação religiosa
dos cristãos aos lugares sagrados do cristianismo,
caso específico de Jerusalém.
Cabe esclarecer que o movimento cruzadístico foi
motivado também devido a outros fatores, a saber:
• Apropriação, por nobres, reis e o papado, das
riquezas e das terras existentes no Oriente;
• Possibilidade de se promover a diminuição das
tensões sociais na Europa feudal, que fora assolada por invasões e guerras entre os nobres feudais. Dessa forma, transportaram-se essas tensões para o Oriente, impulsionadas por uma guerra religiosa, santa e justa, sob a ótica dos cristãos;
• Atender ao crescente aumento da população na
Europa. A expansão demográfica para o Oriente
aliviaria o quadro de crescimento populacional na
Europa;
• Fortalecimento político da Igreja e do poder papal, como de resto, de toda a cristandade ocidental.
b) Na história contemporânea, identificamos diversos conflitos importantes entre cristãos e muçulmanos, dentre eles:
• No Líbano, durante a década de 70, disputas
pelo poder entre as duas facções religiosas proporcionaram um quadro de sangrenta guerra civil;
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história 2
•
Com a desintegração da URSS e o conseqüente desmoronamento do socialismo no Leste Europeu, emergem os conflitos étnicos e religiosos,
como no caso da ex-Iugoslávia, composta até então por seis repúblicas unidas numa federação:
Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina,
Montenegro e Macedônia. Essas últimas cinco repúblicas buscam sua autonomia em relação ao
governo central, em particular, da hegemonia Sérvia. Populações sérvias habitam cada uma das
demais repúblicas e se colocam contra os movimentos separatistas.
Sérvios-croatas e sérvios-bósnios se unem à Sérvia e inicia-se uma violenta guerra civil em 1991.
No caso da Bósnia, 31% da população são sérvios e 44% bósnios de religião muçulmana. Com
apoio sérvio, a população civil muçulmana da Bósnia sofre com o conseqüente massacre.
Mais recentemente, tensões entre cristãos e muçulmanos eclodiram na Indonésia e na Chechênia,
muito embora, em alguns desses casos, a motivação principal desses conflitos não seja fundamentalmente de cunho religioso. Atualmente, verificamos um quadro de nítido crescimento do fundamentalismo islâmico agregado a movimentos de
caráter separatista – como no caso da Chechênia –
que em muito contribui para o recrudescimento
político e religioso entre cristãos e muçulmanos.
Questão 15
Podemos dizer que a idéia de globalização é
mais antiga do que imaginamos. Alguns acreditam que sua origem remonta a uma Bula
Papal, de 1493, que pela primeira vez empregou a palavra descobrimento. Por este documento, a Europa adquiria o direito de converter à sua religião os povos do mundo e se
apropriar das terras por ela descobertas. Evidentemente, trata-se de uma idéia unilateral
e unidimensional de globalização: foram desconsideradas, quando não aniquiladas, as diferenças culturais e sociais. (Adaptado de
Eduardo Subirats, O mundo, todo e uno)
a) Quais os países europeus que desencadearam essa globalização?
b) Por que o autor considera unilateral essa
globalização?
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c) De acordo com o enunciado, qual o significado de descobrimento para os europeus? Por
que, hoje, eles são contestados?
Resposta
a) Os países foram Portugal e Espanha.
b) Unilateral no sentido de que portugueses e espanhóis reservaram para si o direito de converter
os povos conquistados à sua religião e o direito de
se apropriarem das terras descobertas, desconsiderando ou aniquilando as demais culturas, conforme citado no próprio texto.
c) Para os europeus, o sentido de "descobrimento" estava relacionado às metas da expansão marítima, ou seja, à necessidade de se atingir diretamente as fontes de produtos valorizados no mercado europeu. Descobrir novas terras possibilitaria
a ampliação dos mercados fornecedores de matérias-primas e metais preciosos e dos mercados
consumidores de artigos manufaturados, de forma
compulsória, conforme estipulado por uma política
de monopólios. Significaria também a posse dessas novas terras e a organização do Antigo Sistema Colonial, em que, de acordo com o mercantilismo, a colônia deveria organizar uma produção
econômica que viesse a complementar a economia metropolitana. Dessa forma, diversas formas
de trabalho compulsório foram empregadas na
América Colonial.
Supondo que os povos indígenas que habitavam o
continente antes da chegada dos europeus não
eram populações autóctones, de acordo com diversas teorias sobre a origem do homem na América, não se sustenta a concepção de História que
atribui aos europeus o descobrimento dessas terras.
Questão 16
A caricatura abaixo, entitulada ‘‘A besta papal de sete cabeças’’, de 1530, representa o
papa e a hierarquia eclesiástica sob uma cruz
na qual está escrito, em alemão: ‘‘por dinheiro, uma bolsa de indulgências’’. Caricaturas
como esta e outras semelhantes foram impressas e circularam amplamente na Europa
nessa época.
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história 3
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que não o latim. Acrescente-se, ainda, que a imprensa possibilitou a divulgação, por parte dos reformadores, da doutrina da livre-interpretação da
Bíblia.
Nesse sentido, pode-se afirmar que a Reforma foi
filha da imprensa.
Questão 17
a) Que movimento religioso essa caricatura
representa e qual a sua crítica à Igreja católica?
b) Qual o papel da imprensa na difusão desse
movimento?
Resposta
a) A caricatura representa o movimento conhecido
como Reforma Religiosa. A crítica refere-se à venda de indulgências por parte da Igreja Católica. A
exploração da credulidade popular, alegando que
a simples doação de dinheiro garantiria "acesso
direto ao céu, sem passar pelo purgatório", provocou diversas reações. Uma das reações mais conhecidas foi a do monge agostiniano Martinho Lutero, que condenava a venda de indulgências (remissão total da pena a ser paga pelos pecados
cometidos). Para Lutero a salvação devia-se à fé
e não às obras.
A reação às medidas da Igreja de Roma provocou
a crítica ao poder do papa, principalmente a partir
da idéia de livre-sacerdócio.
b) A imprensa foi importante para a propagação
das idéias dos reformadores. Os livros anteriormente eram copiados a mão. Requeriam, assim,
muito tempo para serem confeccionados e eram
extremamente caros. Com a imprensa, essas barreiras foram ultrapassadas e os estudos e o conhecimento, que eram restritos, tornaram-se mais
acessíveis, possibilitando a divulgação, nesse
caso, das críticas à Igreja de Roma, assim como a
proliferação de seitas, como a dos anabatistas, e
a propagação de exemplares da Bíblia em línguas
No Brasil colonial, além da produção açucareira escravista, o historiador Caio Prado Júnior (em Formação do Brasil contemporâneo)
enumera outras atividades econômicas importantes como, por exemplo, a mineração do
século XVIII, que era também uma atividade
voltada para o comércio externo.
a) Caracterize a mineração no século XVIII
em termos de região geográfica, organização
do trabalho e desenvolvimento urbano.
b) Cite e caracterize duas outras atividades
econômicas do Brasil colonial que não eram
voltadas para o comércio externo.
Resposta
a) A atividade mineradora se desenvolveu na região Sudeste (Minas Gerais) e na região CentroOeste (Mato Grosso e Goiás). O ouro era encontrado no leito dos rios, o chamado ouro de aluvião,
em pó. Exigia baixo investimento inicial. Isso permitiu que a atividade mineradora pudesse ser organizada em pequenas e médias unidades de produção também. Havia predominância do trabalho
escravo.
Por ser uma atividade itinerante e altamente especializada, a economia mineradora estimulou a urbanização.
b) • Pecuária: Sertão Nordestino – O gado era inicialmente parte integrante da economia do engenho, utilizado para tração, alimentação e couro.
Com a expansão dos engenhos, a pecuária passa
a ser uma atividade separada da vida do engenho.
Na busca de pastos e água, a pecuária se expande em direção ao interior, nas proximidades dos
rios. Formam-se as fazendas de gado. A pecuária
foi organizada de maneira diferente da economia
açucareira. Exigia pouco investimento inicial. Utilizava-se pouca mão-de-obra. Foi uma atividade
em que a mão-de-obra livre foi mais empregada,
inclusive com indígenas.
Região Sul – A expansão da pecuária no Sul deveu-se à existência de pastos naturais. Com o advento da mineração, os rebanhos sulinos passam
a abastecer as regiões mineradoras.
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história 4
•
Comércio interno: era pouco dinâmico. As vias
de comunicação eram precárias e praticamente
inexistia uma economia de mercado interno. Torna-se mais intenso no período da mineração.
• Agricultura de subsistência: atividade complementar às atividades canavieira e mineradora.
• Apresamento de indígenas: bandeirantes penetraram no interior do território para aprisionamento
de índios para utilizá-los como mão-de-obra. No
período em que os holandeses ocupam o Nordeste e a costa africana essa atividade se intensificou.
Questão 18
Leia os trechos abaixo:
1. O português entrou em contato íntimo e
freqüente com a população de cor. Mais do
que nenhum povo da Europa, cedia com docilidade ao prestígio comunicativo dos costumes, da linguagem e das seitas dos indígenas
e negros. Americanizava-se ou africanizavase, conforme fosse preciso. (Adaptado de Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil)
2. Simetria: (do grego symmetria, ‘justa proporção’) S. m. 1. Correspondência em grandeza, forma e posição relativa de partes situadas em lados opostos (...) (Novo Dicionário
Aurélio da Língua Portuguesa, 1986)
a) Cite elementos culinários, lingüísticos e
musicais da cultura brasileira que revelem a
adoção de costumes negros e indígenas por
parte do branco europeu.
b) Você concordaria com a afirmação de que
houve uma relação de simetria entre a cultura branca e a dos negros e índios durante o
período colonial? Sim ou não? Justifique.
Resposta
a) Podemos destacar, entre outros:
Culinária:
• mandioca, milho (indígenas);
• azeite de dendê, vários pratos da culinária baiana – vatapá, acarajé, caruru (africanos).
Lingüísticos: muitas palavras no vocabulário da língua portuguesa falada no Brasil:
• nomes próprios, toponímicos, nomes da flora e
da fauna, sufixos como "guaçu", "mirim" (indígenas);
• nomes de pratos da culinária baiana, toponímicos;
• nomes de quilombos, mucama, moleque, batuque cafuné (africanos).
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Musicais: há muitos ritmos e instrumentos que foram incorporados e caracterizam a música no Brasil, nos quais são comuns elementos indígenas e
africanos, – por exemplo: cateretê, maraca (indígenas); maracatu, berimbau (africanos).
b) Não. Aliás, cabe perguntar se alguma vez existiu na história alguma relação de simetria entre
culturas. No caso referido é notável a assimetria
na medida em que existiu uma relação de poder,
de dominação da cultura dos brancos europeus
sobre as demais culturas. As demais culturas puderam ocupar alguns espaços desde que não colocassem em questão o predomínio da cultura
branca européia.
Questão 19
Em um relato de uma viagem ao Brasil de
Luciano Magrini (In Brasile, 1926), pode-se
ler:
Neste cenário, em uma triste e silenciosa solidão, quase perdidos no espaço, dispersos em
uma imensa plantação de café, dez ou vinte
quilômetros distante do menor vilarejo, vivem
milhares e milhares de italianos.
a) Que condições políticas e econômicas na
Itália durante a segunda metade do século
XIX provocaram o movimento migratório em
direção ao Brasil?
b) Quais foram as localidades geográficas brasileiras ocupadas pela imigração italiana nas
últimas décadas do século XIX?
c) Quais eram as características econômicas
da agricultura cafeeira?
Resposta
a) A Itália estava dividida em várias unidades políticas no início do século XIX. Nos anos 30 do século XIX propunha-se a luta pela unificação política da península Itálica. O conjunto de guerras internas e externas, pela unificação da Itália, pode
ser considerado um fator político que impulsionou
a emigração de populações da Itália para a América. A Itália unificada em 1861 aprofundou as diferenças entre o Norte (industrial e desenvolvido) e
o Sul (agrário e subdesenvolvido). Para as populações do Sul, empobrecidas com a concorrência do
Norte, restavam algumas alternativas: ou emigrar
para a América, ou manter-se numa agricultura de
subsistência no Sul, ou deslocar-se para o Norte
do país como mão-de-obra para a indústria. A
emigração para a América aparecia como uma
oportunidade de recuperar uma terra perdida no
seu próprio país.
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história 5
b) Os italianos predominaram no grande fluxo imigratório para o Oeste Paulista na cafeicultura. A
região Sul do Brasil, predominantemente Rio
Grande do Sul e Santa Catarina, também recebeu
imigrantes italianos no século XIX.
c) A cafeicultura manteve inicialmente o caráter
tradicional da economia brasileira: monocultura,
latifúndio, escravidão e voltada para o mercado
externo. Após a proibição do tráfico de escravos
(1850) agrava-se o problema da falta de mão-deobra para a lavoura cafeeira. A saída para esse
problema foi a imigração européia. Desta forma
substitui-se o trabalho escravo pelo trabalho livre.
Questão 20
Leia este texto de 1901, em defesa dos direitos operários:
A organização operária, que vai se fazendo
nesta cidade, trouxe, como principal conseqüência, a multiplicação das greves. (...)
Verdade é que tivemos de assistir, nos últimos anos, ao irrompimento de umas cinco
ou seis greves, quase todas bem sucedidas.
(Evaristo de Moraes, Apontamentos de direito
operário)
a) Caracterize a situação dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais no Brasil nas
três primeiras décadas do século XX e cite as
principais conquistas grevistas do período.
b) Compare essas conquistas do início do século com os direitos trabalhistas e sindicais
da Constituição Brasileira de 1988.
Resposta
a) Com relação aos trabalhadores urbanos no período anterior a 1930, as questões trabalhistas
eram consideradas "caso de polícia".
Inicialmente, as autoridades adotaram medidas de
repressão às greves, mas aos poucos tomaram
consciência de que esse não era o melhor encaminhamento. Aos poucos, passam a ser aprovadas leis regulamentando as questões trabalhistas,
das quais destacam-se a Lei sobre Acidentes de
Trabalho (1919), a Lei de Férias (1925) e o Código do Menor (1926). Em 1923 foi criado o Conselho Nacional do Trabalho, encarregado de apresentar estudos sobre problemas do trabalho.
Quanto aos trabalhadores rurais, não houve, por
parte das autoridades, preocupação em aprovar
uma legislação específica, pois não ocorreram
grandes transformações na estrutura rural brasileira no período. Portanto, a estrutura fundiária e as
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relações de trabalho no campo permaneceram
inalteradas.
b) A Época Vargas coincide com a aceleração do
processo de industrialização no Brasil, que propicia a consolidação da sociedade urbana. O peso
relativo da população urbana no conjunto da população brasileira passa a ser maior, e nessa sociedade urbana tem um papel cada vez mais
atuante o trabalhador assalariado.
Desde décadas anteriores, notava-se a necessidade de dotar o país de uma legislação destinada
aos trabalhadores, em especial aos trabalhadores
urbanos.
A população assalariada urbana pós-30 não conserva as características organizacionais anteriores, seja por razões políticas, seja pelo seu rápido
crescimento. A Revolução de 1930 tem caráter
autoritário, centralizador, com capacidade de "impor soluções" aos problemas sociais emergentes
do nosso processo de urbanização-industrialização. Nesse contexto, a legislação aparece como
"doação", do Estado, das garantias e formas organizacionais do trabalhador assalariado urbano. A
vinculação dos sindicatos ao Estado, visto então
como "neutro" e "paternal", fornece elementos que
serão largamente utilizados por Vargas em sua
sustentação política e, principalmente, em determinados momentos, como armas contra a expansão de partidos políticos operários.
Durante o Estado Novo, essa relação se amplia à
medida que, extintos os partidos políticos, a relação Estado-trabalhador aparece como direta.
A Constituição de 1988 diminuiu a presença do
Estado como mediador nas relações entre capital
e trabalho à medida que deslocou o centro de gravidade do poder executivo para o legislativo e deu
maior autonomia à organização sindical.
Cabe ressaltar que a atual Constituição incorpora
a seu texto legislação anteriormente aprovada que
estende ao trabalhador rural direitos trabalhistas e
de previdência social.
Questão 21
A ditadura de Porfirio Díaz (1876-1911) produziu no México uma situação de superficial
bem-estar econômico, mas de profundo malestar social. (...) Fizeram-no chefe de uma ditadura militar burocrática destinada a sufocar e reprimir as reivindicações revolucionárias. (...) Amparavam-na os capitalistas estrangeiros, tratados então com especial favor.
(José Carlos Mariátegui, A Revolução Mexicana, Coleção Grandes Cientistas Sociais, Ática)
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história 6
a) Quais as características do desenvolvimento econômico mexicano durante esse período?
b) Explique a situação sócio-econômica da população indígena e camponesa durante a ditadura de Porfirio.
c) Que grupos sociais e políticos se opuseram
à ditadura de Porfirio Díaz e desencadearam
o processo da revolução mexicana?
Resposta
a) O período ditatorial de Porfírio Díaz (1876-1911)
favoreceu o investimento estrangeiro no México,
em especial de companhias processadoras de artigos alimentícios norte-americanas, o que, de certa forma, contribuiu para a chamada "situação de
superficial bem-estar econômico" como é apresentado no texto enunciado.
b) A ditadura de Porfírio também esteve associada
à expropriação de terras indígenas, redução das
áreas de culturas de subsistência para a acomodação de companhias americanas e atração de investimento estrangeiro em geral.
c) O domínio político de Porfírio Díaz foi questionado por grupos liberais, comandados por Francisco
Madero, contrários à reeleição de Díaz, já que por
esse mecanismo tornara-se ditador. Os liberais
também foram apoiados por líderes populares
como Emiliano Zapata e Pancho Villa, que mobilizaram a população pobre e expropriada para a
chamada Revolução Mexicana, movimento com
nítido apelo popular.
Questão 22
A República do Paraguai se defendia heroicamente contra as agressões do Império do Brasil. (...) Para todas as nações, o heroísmo da
resistência de tão pequena república contra
aliados tão poderosos excitava a simpatia que
sempre há pelo fraco (...). (D. F. Sarmiento,
Questões Americanas, Coleção Grandes Cientistas Sociais, Ática)
a) Como Sarmiento representa nesse texto o
conflito entre o Brasil e o Paraguai?
b) De que modo essa representação de
Sarmiento ilustra o conflito político-ideológico
no Brasil após a Guerra do Paraguai?
c) Por que a Guerra do Paraguai contribuiu
para o movimento abolicionista no Brasil?
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Resposta
a) O conflito é colocado como a agressão de um
Império como o Brasil contra a pequena República
do Paraguai que, ao resistir heroicamente, conquistou simpatias.
b) O Brasil, compondo a Tríplice Aliança ao lado
do Uruguai e da Argentina, chama a atenção para
certas questões.
Destaca-se aqui o fato de que o exército, ao surgir
como corporação frente a um governo que dava
maior crédito para a Marinha e a Guarda Nacional
e influenciado pelo positivismo, na pessoa do tenente-coronel Benjamin Constant, sai em defesa
de um "ideal de salvação nacional". Nesse contexto, a Monarquia, a escravidão e a influência da
Igreja na vida nacional ficam expostas às críticas.
c) Durante a guerra muitos escravos foram utilizados como soldados. O fato de, terminada a guerra, muitos retornados serem esperados nas fazendas como escravos causou, no mínimo, um grande mal-estar e contribuiu para o movimento abolicionista no Brasil.
Questão 23
Para Stuart Mill e Fourier, pensadores do século XIX, o grau de elevação ou rebaixamento
da mulher constitui o critério mais seguro
para avaliarmos a civilização de um povo.
(Adaptado de N. Bobbio et al., orgs., Dicionário de Política)
a) Que movimento de mulheres com idéias semelhantes às de Mill e Fourier ocorreu na
Europa e nos Estados Unidos no início do século XX e qual a sua principal reivindicação?
b) Na década de 60, o movimento feminista
apresentou outras idéias. Quais foram elas?
c) De que maneira esses movimentos alargaram o conceito de cidadania?
Resposta
a) O movimento foi pela igualdade civil de direitos
entre homens e mulheres. A principal reivindicação foi a extensão do sufrágio universal por intermédio da outorga do direito de voto às mulheres.
As ativistas desta proposta integraram o chamado
movimento sufragista.
b) Destaca-se o questionamento da divisão do trabalho tradicionalmente estabelecido – as mulheres
com as responsabilidades domésticas e os homens na esfera exterior ao mundo doméstico. O
movimento feminista passa a exigir a co-responsabilidade dos homens na esfera doméstica e
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história 7
igualdade de oportunidades e salários no mercado
de trabalho. Exigiam também alterações nas leis e
códigos vigentes que supunham uma posição de
inferioridade das mulheres em relação aos homens.
c) Anteriormente aos movimentos feministas, as
mulheres não exerciam plenamente os direitos de
cidadania. O estabelecimento do voto feminino, a
criação de melhores condições visando a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, alterações significativas nas leis e códigos vigentes –
especialmente uma legislação punitiva de atos
contra a condição feminina – vieram ampliar o
exercício da cidadania por parte das mulheres.
Deve-se observar que trata-se de um processo
em curso, pois as desigualdades também estão
atreladas às desigualdades econômicas, sociais e
culturais que ainda não foram superadas em várias regiões.
Questão 24
Na origem do pitoresco há a guerra e a repulsa em compreender o inimigo: na verdade
nossas luzes sobre a Ásia vieram, inicialmente, de missionários irritados e de soldados.
Mais tarde chegaram os viajantes – comerciantes e turistas – que são militares frios: o
saque se denomina shopping e as violações
são praticadas honrosamente nas casas especializadas. (...) Criança, eu era vítima do pitoresco: tinham feito tudo para tornar os chineses apavorantes (...). (Adaptado de JeanPaul Sartre, Colonialismo e Neocolonialismo)
a) Retire do texto dois personagens da colonização européia da Ásia e da África do sé-
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culo XVI ao século XX e explique qual o seu
papel na exploração e dominação colonial.
b) Explique como a Revolução Cultural Chinesa de 1968 se posicionou frente aos valores
econômicos e culturais do Ocidente.
Resposta
a) O texto apresenta como personagens da colonização européia na África e na Ásia os missionários, os soldados e os viajantes – comerciantes e
turistas.
Os missionários representam uma dominação de
ordem cultural, com a imposição de um sistema
de valores cristão e europeu aos povos africanos
e asiáticos, resguardados pelos homens das armas, os soldados. Estes representam a dominação militar sobre a África e Ásia e a possibilidade
de estabelecimento de instituições européias nas
áreas dominadas. Já no caso dos viajantes, há a
representação básica da "venda da Europa", dos
objetos produzidos na Europa industrial aos africanos e asiáticos. De acordo com o texto, "o saque
se denomina shopping e as violações são praticadas honrosamente nas casas especializadas".
b) A Revolução Cultural Chinesa significou uma
oposição radical ao sistema de valores econômicos e culturais europeus. Mao Tsé-tung, líder revolucionário chinês, instigou a negação do conhecimento produzido pelo que considerava ser o
"sistema burguês". Chegou-se até ao fechamento
das universidades na China, o que, de certa forma, esteve associado ao atraso chinês do período. Observa-se, ainda, que a chamada Revolução
Cultural Chinesa se opôs aos valores não-revolucionários e, nesse sentido, às próprias tradições
milenares chinesas como o confucionismo, por
exemplo.
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