09/12/2015 Infoglobo O Globo 9 dez 2015 Page #23 1 Economia 1 Ouarta-feira 9 .12.2015 OGLOeol 23 Com pouca disputa, leilão de portos encolhe Governo decide excluir área em terminal do Pará do certame. Especialistas apontam falhas no edital Secretaria de Portos alertando quanto a problemas no edital, que poderiam levar ao desin teresse das empresas. - A questão da licitação do serviço e não da área, a cláusula que fala dos passivos ambientais, que não s.:1.o conhecidos pelo investidor e devem ser ass umidos pelo operador, são fatores que causam insegurança jurídica para os investidores. O governo tem que rever esse modelo, que contém um ranço intervencionista e afasta qualquer investidor - disse Manteli. DANI LO FAHIELLO, BÁHBAllA NASCIMENTO, ANA PAU LA MACHADO E RONA LDO D 1Enco u : econom [email protected] -BRASÍLIA E SÃO M.ULD- O governo federal enfrentou ontem um revés no programa de concessões. O leilão de áreas portuárias previsto para hoje, aguardado há três anos pela iniciativa privada, foi encolhido pela ausência de concorrentes para uma área no Porto de Vtla do Conde, no Pará. Além disso, ontem, o ministro de :Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que o processo de privatiza- ção de distribuidoras de energia elétrica exige cautela, em razão do atual cenário. Esses sinais já indicam a possibilidade de ajustes na modelagem dos leilões, com os quais o governo pretende reforçar a arrecadação e recuperar a economia, num cenário agravado pela crise política. - Até a última hora, havia um sentimento em todas as entidades e agentes do setor de que haveria plena participação. Não se efetivou. Precisamos disc utir com o mercado e internalizar os questionamen tos - diss e ao GLOBO o ministro Hélder Barbalho, da Secretaria dos Portos. ESCOAMENTO llA SAFRA Vão a leilão hoje, portanto, apenas três áreas no Porto de Santos, o maior do país. Cadastraram-se para concorrer a essas áreas cinco empresas. São duas áreas exclusivas para movimentação de celulose, e a terceira, de grãos, com previsão total de investimentos de R$ 640 milhões. Apesar da frus tra ção parcial com o leilão de hoje, a Secretaria dos Portos quer oferecer ainda em 2016 todas as demais 90 áreas disponíveis em arrendamentos em portos antigos. Para usar os leilões de portos como meio de reforçar o caixa, ao longo de 2015, o governo federal conseguiu aprovar lei no Congresso prevendo a cobrança de outorga pelos vencedores das áreas. A previs.:1.o original de arrecadação do leilão de hoje (ainda contando com área no Pará) era de cerca de R$ 1 bilhão. Barbalho não despreza uma even- VENDA DA CELG FICA PARA 2016 Certame. Porto de Santos: três áreas do maior terminal do pais serão disputadas hoje por cinco empresas. Aprevisão de invest imentos soma R$ 640 milhões tual revisão nas condições da outorga cobrada nos leilões, mas disse ontem que ainda seria precipitado falar sobre isso. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse, também ontem, que a área do Pará que foi descartada no leilão de hoje deverá voltar a ser oferecida no próximo, com os ajustes necessários. - Vamos avaliar o motivo disso (ausência de interessados) e vamos incluir esse terminal na próxima rodada melhorando as condições do leilão, se fornecessário. O ministro Hélder já entrou em contato conosco, ele está avaliando as medidas necessárias, nós vamos lançar o segundo bloco de terminais para serem licitados em breve e vamos incluir esse bloco - disse Barbosa. A decisão do governo de retirar a área do terminal portuário de Vila do Conde surpreendeu especialistas, por tratar-se de um ativo estratégico para a região e de grande potencial de carga. '' "Vamos avaliar o moti vo di sso (ausência de interessados) e vamos in cluir esse terminal na próxima rodada, melhorando as condi ções do leilão" Nelson Barbosa Ministro do Planejamento Plano diretor do Arco Metropolitano do Rio aguarda votação na Alerj Já houve um projeto em2008,mas muitas propostas foram rejeitadas - Opinião f--- PREVISÃO LU C IANNE CAHNEIHO luciann e.carne iro @oglobo.com .br Diretor-executi vo da Câ mara Metropolitana, Vicente Loureiro afirma que foi só a partir de 2015, com o Estatuto das Metrópoles, es tados e municí pios passaram a ter a obrigação conjunta de definir o uso do solo. A Câmara é formada pelo governador e prefeitos de 21 municípios fl uminenses, inclusive os oito por onde passa o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. Segundo Loureiro, um plano de zoneamento do entorno do arco já tinha sido feito em 2008, mas muitas s ugestõ es não fo ram aceitas pelos municípios. - Foi feito um plano diretor para o entorno do Arco com apoio do Banco Interamerica no de Desenvolvimento (BID) no início do governo (Sérgio) Cabral, mas, até então, o uso do s o lo era exclus ivamente municipal. Fizemos recomen da ções aos municí pios, mas nem todas foram consideradas - explica Loureiro. PROJETO AGUARDA APROVAÇÃO Em reportagem publicada na última segunda-feira, O GLO BO mostrou que ainda não há um plano de zoneamento do entorno do Arco Metropolita no do Rio de Janeiro. A OBRA levou muito tempo para ser executada, foi entregue em 2014, mas até hoje não existe um plano de zoneamento que livre o Arco Metropolitano da praga da favelização. QUANTO MAIS o tempo passa, mais difícil fica cumprir o projeto original de reservar áreas do Arco para empreendimentos que gerem emprego e renda. TRATA-SE de mais uma tragédia anun ciada. Agora, ele está na expectativa da aprova ção de um projeto de lei pela Assembleia Legislativa do Es tado do Rio de Janeiro (Alerj ) que estabelece a governan ça e o planejamen to da região metropolitana do Rio d e Janeiro. Assim, s erão criados um Conselho Deliberativo e um Conselho Cons ulti vo, que poderão tra çar um plano de zoneamento do en torno do Arco Metropolitano, a lém de outras e s traté gia s conjuntas para a Re gião Me tropolitana, como em sanea mento e mobilidade. - O projeto e s tá na s c o - Edeon Vaz Ferreira, diretor executivo do Movimento Pró-Logística do Mato Grosso e ligado à Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho), disse que havia muitos interessados em operar essa área, pois, em Vila do Conde há apenas dois terminais privados, e essa no va área é importante alternativa para elevar o escoamento da safra de grãos do Mato Grosso. - Não acredito que seja falta de interessado nem a cess o ruim ao porto. Lá, a maior parte das cargas chega por meio de barcaças, o que funciona bem. Acredito que a desistência dos investidores pode ter acontecido por problemas no edital. O pagamento de outorga mais o investimento de R$ 477 milhões pode ter afugentado as empresas interessadas. O valor da outorga pode inviabilizar a operação - disse Ferreira. Fernando Villela de Andrade Vianna, sócio da área regulató - ria do Siqueira Castro Advoga dos, avalia que a modelagem pode não ser a ideal, "mas con fere alguma segurança regula tória" aos investidores. - Os projetos deste primeiro leilão de terminais depois da aprovação da Lei dos Portos, de 2013, tendem a ter demanda porque s.:1.o ativos muito interessantes. E apesar do cenário econômico atual, são projetos de longo prazo, e o câmbio desva lorizado deve atrair investidores internacionais - disse. INSEGURANÇA JURIDICA Para o presidente da Associa ção Bra sileira de Terminais Portuários (ABTP ), Wilen Manteli, a insegurança jurídica decorrente de algumas cláusu la s do edital de licitação po dem ter levado ao desinteresse pela área do terminal de Vila do Conde. Manteli lembra que a própria ABTP já havia envia do uma carta ao minis tro da Ainda no setor de infraestrutu ra, o governo também prevê arrecadar com a venda de distri buidoras d e energia elé tri ca controladas pela Eletrobras. Mas a venda da Celg, de Goiás, prevista para este ano, já ficou para o próximo e o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse ontem que, apesar da pressa da estatal, o governo está avaliando a privatização das sete distribuidoras com cautela. - Ora, por que temos de ter cautela na privatização? Estamos indo com a Celg, que repres enta um mercado emer gente agrícola. Teremos que ir analisando caso a caso, vendo os momentos de forma correta e colocando os produtos com a modela gem necess ária para sermos bem-s ucedidos do ponto de vista econômico-financeiro para o país - disse Braga. Há ainda previsão para dois grandes leilões de energia elétrica em fevereiro, wn de geração e um de transmissão. A depender do ritmo das discussões no Congresso, eles poderão ocorrer du rante o debate sobre o impeach ment da presidente Dilma. - Cada caso nesse sentido é um caso. Depende dos merca dos, e eles não s.:1.o iguais. Você tem macroeconomia que está sobre tudo isso, mas mercados têm comportamentos distintos. Basta ver o mercado de geração de energia eólica, que está aquecido e que tem res pondido muito. Agora, mais até do que o de eólica, o mercado de energia solar é o mais aquecido - disse Braga. • IWC PORTUGIESER. THE LEGEND AMO N G ICONS. missões da Assembleia e esperamos qu e possa s er apro vado ainda no primeiro s e mestre de 20 16. Sendo apro vado, poderemos ter essa visão integrada do zoneamen to do entorno do Arco e não uma visão partilhada - afirma Loureiro. DRONES PARA MONITORAR Ele admite que duas áreas no entorno do Arco apresentam risco de aumento de ocupação irregular: uma delas fica em Nova Iguaçu, na Vila de Cava, e a outra, em Japeri. De a cordo com ele, há um a companha mento por satélite da região do Arco Metropolitano, e a intenção é, assim que a situação fi nanceira do estado permitir, co meçar um processo rigoroso de monitoramento, com drones. - Essas duas áreas têm risco de intens ifi car a o cupa ção e precisam s er monitoradas justifica Loureiro. Para o diretor-executivo da C1.mara Metropolitana, no entanto, essa falta de um zoneamento conjunto não tem impedido a atração de empresas para a região. Ele afirma que 12 companhias já tiveram seus projetos apro vados e outras 34 estão em processo de licenciamento e aprovação. O maior desafio hoje, segun do ele, é a crise econômica: - Nã o tive mos nenhuma restri ção grave para a instala ção de empres a s no Arco. A questão é que a crise instalada no país está segurando os in vestimentos. Não há segurança para inves tir. • ---- Portug iQwf" "mc ht C IUbCf{l n ~ re.. Ftot. 1:1 60 11 : -'F'o,r ib'ror, ne ~G on i l)S ~li .;~ ~ m n lõ-·rol ~ . i:;a pi.t-:ÍDr. • O:; ôti ~0>{1.;i IJ;G.mo ~onl\W;;m wri SARA lnsl ru merr!cf.I rmn1os l nbtJl'SiYo!;. 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