Diário de Notícias, 13 de Julho de 2009
Evolução das Respostas
Francisco George
Todos os portugueses conhecem a gripe. São muitos, no entanto, os que utilizam
este termo de forma indevida. A famosa expressão “estar engripado” não implica
necessariamente estar com gripe. Outros vírus e até bactérias, podem provocar sintomas
semelhantes. Percebe-se, por isso, a importância que a informação dos cidadãos
representa neste processo que agora vivemos. É preciso, mais do que nunca, impedir
essa confusão.
Estamos perante as consequências naturais da emergência de uma estirpe nova
do vírus da gripe. Uma vez que este vírus não tinha circulado anteriormente,
exactamente por ser novo, ninguém tem anticorpos protectores que permitam evitar a
propagação da infecção.
A expansão em grande escala do vírus simultaneamente em todos os continentes
é designada por pandemia1. Neste contexto, o termo traduz o grau de expansão
geográfica e não a gravidade da doença.
A identificação de actividade epidémica na Califórnia e no México associada a
um novo vírus da gripe que incorpora dois segmentos do genoma de origem suína, foi
motivo imediato de preocupação por parte das autoridades de todos os países do
Mundo.
No seguimento de notificações recebidas pelos canais de comunicação da
Organização Mundial da Saúde, Portugal activou o seu Plano de Contingência a 24 de
Abril. Desde então e na perspectiva de atrasar a propagação da epidemia, foram
desencadeadas medidas iniciais para contenção da infecção, isto é, para evitar que um
doente infectado pudesse transmitir a doença a outras pessoas.
Estas medidas, planeadas para os primeiros 100 casos, impunham diagnóstico
precoce, com confirmação laboratorial, no Instituto Ricardo Jorge e no serviço de
patologia clínica do Hospital Curry Cabral. As acções convergiram para uma rede
constituída por 4 hospitais de referência, em Lisboa, Porto e Coimbra.
As medidas organizativas de resposta equacionadas no Plano Português
dependem, naturalmente, da situação epidemiológica em cada momento. É, agora, altura
de alargar esta rede aos hospitais de Santo António e Vila Real, bem como ao Hospital
Pediátrico de Coimbra e ao Hospital de Faro. Este alargamento, acompanhado pelo
funcionamento de mais laboratórios especializados, é um dos elementos de transição
previstos para uma nova abordagem com o objectivo de minimizar os efeitos da
actividade da gripe. O vírus evolui. As respostas evoluem.
1
Do gr. pan, tudo & demos, povo.
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