Portugal Inovador Os Cuidados de Saúde Primários e as Farmácias Presidente do Conselho Fiscal da ANF Presidente do Conselho Fiscal da Farmacoope Vogal do Conselho de Administração da Farminveste Farmacêutico, gestor e diretor técnico Os Cuidados de Saúde Primários, de acordo com a conferência internacional de Alma Ata, “devem ser colocados ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante a sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país podem manter em cada fase do seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação. Fazem parte integrante tanto do sistema da saúde do país, do qual constituem a função central e o foco principal quanto ao desenvolvimento social e económico global da comunidade. Representam ainda o primeiro nível de con- 2 I Abril tacto dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde as pessoas vivem e trabalham…” Nos Cuidados de Saúde Primários, a preocupação deve ser universal, tanto na saúde como na doença, visando proteger e melhorar o estado de saúde de indivíduos doentes e promovendo comportamentos e atitudes saudáveis, acentuando o foco na prevenção, evitando o aparecimento de doenças que possam originar complicações mais profundas na saúde dos indivíduos e na sociedade. Devem contar com o contributo de todos os profissionais de saúde como gestores do processo assistencial, pré e pós assistência hospitalar, promovendo a melhoria do estado de saúde da população e potenciando o envolvimento dos cidadãos enquanto indivíduos, das famílias, da comunidade e suas instituições. Os Cuidados de Saúde Primários devem atingir uma capacidade de resolução dos problemas gerais de saúde numa percentagem muito elevada, induzindo deste modo uma redução substancial da necessidade de recurso a cuidados hospitalares que devem ser direcionados para cuidados mais complexos que requerem tratamentos e tecnologias mais dispendiosas. Ora, no nosso País, gozamos de uma rede privada altamente diferenciada, tecnicamente capaz, tecnologicamente preparada e que, além de garantir o acesso ao medicamento com equidade, eficiência e qualidade, por todo o território, em função de critérios geográficos e demográficos, se tem prontificado, sistematicamente, a integrar a rede de Cuidados de Saúde Primários; as Farmácias. O reconhecimento da população pelo serviço que essa rede vem prestando ao longo dos anos, é evidenciado em diversos estudos realizados por Instituições de carácter e mérito reconhecidos. As Farmácias têm integrado diversas iniciativas de redução de riscos para a saúde pública como a recolha de seringas usadas, medicamentos fora do prazo de validade, inúmeras campanhas de promoção da saúde e prevenção da doença como o Programa de Gestão da Doença na Asma e na DPOC, na Diabetes, na Hipertensão Arterial, na Dislipidémia e no Serviço de Gestão da Terapêutica, modelos aceites no conceito de cuidados farmacêuticos. Podem, ainda, ser prestados pelas Farmácias os serviços de apoio domiciliário, a prestação de primeiros socorros, a administração de medicamentos, a utilização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica, a Administração de Vacinas não incluídas no PNV, programas de cuidados farmacêuticos, campanhas de informação e colaboração em programas de educação para a saúde. Dada a convergência entre os objectivos para os Cuidados de Saúde Primários, as necessidades do País e a disponibilidade e características das Farmácias Portuguesas, mau seria que essa rede não fosse aproveitada, com justa remuneração, até ao limite das suas capacidades, a bem da saúde dos portugueses.