METODOLOGIAS E PRÁTICAS DE ENSINO DE CIÊNCIAS APLICADAS EM
ALUNOS DO 7º ANO DE UMA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA
– PR
Cristiane Valus
Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER)1
[email protected]
Resumo:
A preocupação com o Ensino de Ciências tem sido levada em conta por algumas
universidades brasileiras. Algumas delas desenvolveram programas voltados
especificamente para esse tema. Contudo, poucos mecanismos são utilizados para
verificar a abrangência e a aceitação desses programas, principalmente no que diz
respeito ao Ensino de Ciências de forma diferenciada. Deste modo este trabalho
apresenta-se como uma forma de discutir e propor metodologias diferenciadas para o
Ensino de Ciências. Durante sua realização, foram escolhidas diferentes metodologias
de ensino para serem aplicadas em duas turmas do 7º ano de uma escola no município
de Guarapuava-PR, a cada uma das duas turmas foram desenvolvidas aulas com
métodos diferenciados. O tema principal era sobre “Células”, enfatizando o conceito de
célula eucarionte e procarionte e as principais diferenças entre célula vegetal e animal.
Após o término da aplicação das metodologias, que foram realizadas em quatro aulas
durante a mesma semana, foi proposta uma avaliação com três perguntas objetivas. A
avaliação foi estruturada com o objetivo de analisar os resultados obtidos de acordo com
os métodos de ensino desenvolvidos em cada turma. Somando o total de acertos das
questões de cada uma das turmas em estudo, observou-se que o 7º ano turma A
demonstrou ter um maior rendimento, com um total de 57 questões respondidas
corretamente. No entanto, para o 7º ano turma B notou–se um rendimento considerado
baixo a regular, com 32 acertos. Durante o desenvolvimento desta pesquisa pode-se
constatar que a turma que teve as metodologias de ensino mais diversificadas, entre elas
o uso do laboratório, datashow e vídeos, apresentou resultados mais satisfatórios em
relação à outra, que se utilizou apenas de métodos mais tradicionais, como o livro
didático, apresentação de seminários e uso de computadores. Contudo, mesmo com
todos os recursos citados, o professor ainda continua tendo sob sua responsabilidade o
domínio da aula e da turma, não podendo apenas se contentar com a utilização dos
recursos.
Palavras-chave: Ensino de ciências; metodologias; Ensino Fundamental.
1. INTRODUÇÃO
1
Juliana Zanetti Ribeiro, Bióloga (Universidade Federal do Paraná – UFPR), Mestre em Genética
(UFPR), Doutora em Genética (UFPR), orientadora de TCC do Grupo Facinter.
IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas:
demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400
Sabe-se, que hoje em dia se vivencia uma mudança sobre o ato de aprender e
ensinar. Pois a escola tem procurado no decorrer de sua história, voltar-se para práticas
educativas mais consistentes, que contemplem a necessidade que a criança tem de
compreender fenômenos e situações do seu cotidiano, descobrindo o mundo que o
cerca, de forma ativa e participativa, pois muitas vezes o educador fica preocupado em
apenas ensinar, em busca de algo pronto e acabado, não propondo metodologias onde a
criança vai construir seu conhecimento, onde a mesma trabalhe de forma ativa, para que
possa entender e compreender o que está sendo estudado de forma global. Precisa-se
desafiar nossos alunos, instigando sua curiosidade. A criança tem um enorme interesse
em descobrir o mundo que o cerca, os fenômenos físicos, os seres vivos e a si própria, e
os professores tem que estar preparados para lidar com essas situações. Precisa-se leválas a observações, fazer trabalhos em grupos, mostrando as mesmas que vivem em
sociedade e que por isso precisa-se compartilhar os conhecimentos, informando-a que a
ciência não tem respostas prontas e acabadas e sim possíveis respostas.
Dessa forma, o presente trabalho teve como principal objetivo propor aulas
dinâmicas utilizando elementos didáticos diferenciados para tornar a aula mais
instigante, estimulando o aluno a pensar, organizar e estruturar seus pensamentos
lógicos, podendo assim analisar o ambiente que o rodeia de forma crítica e dinâmica.
2. METODOLOGIA
A pesquisa teve como público alvo alunos de duas turmas do 7º ano do ensino
fundamental de uma escola privada do município de Guarapuava – PR. O total de
participantes foi de 50 indivíduos, sendo 25 alunos pertencentes ao 7º ano turma A e 25
alunos do 7º ano turma B. Foram escolhidas diferentes metodologias de ensino para
serem aplicadas a cada uma das duas turmas, tendo como tema principal “Células”,
enfatizando o conceito de célula eucarionte e procarionte e as principais diferenças entre
célula vegetal e animal. Após o término da aplicação das metodologias, que foram
realizadas em quatro aulas durante a mesma semana, foi proposta uma avaliação com
três perguntas objetivas (Apêndice 1). A avaliação foi estruturada com o objetivo de
analisar os resultados obtidos de acordo com os métodos de ensino desenvolvidos em
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cada turma. O procedimento foi realizado com a autorização dos diretores da escola, e
manteve–se o anonimato de cada participante. Quanto às metodologias de ensino
utilizadas foram as seguintes:
•
7º ano A: aula explicativa, demonstrativa e dialogada no laboratório de ciências,
conforme quadro 1, por meio de experiência e aula utilizando–se do aparelho de
datashow, incluindo vídeos.
•
7º ano B: aula explicativa, dialogada utilizando o livro didático e aula através de
pesquisas na Internet e apresentação de seminários.
Os dados da pesquisa foram sistematizados em planilhas eletrônicas, com o auxílio
do programa Microsoft Office Excel. Em seguida, gerados os gráficos para fins de
análise e comparação dos dados obtidos. A partir dos resultados pode ser observado
qual o conjunto de métodos é mais eficiente para se trabalhar o conteúdo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Analisando as respostas das questões de cada turma, foram verificados os
seguintes resultados.
Na questão 01, na qual o aluno teve que assinalar a alternativa correta que cita a
característica que diferencia uma célula eucarionte de uma célula procarionte, dos 25
alunos da turma do 7º ano A, 19 acertaram a questão e dos 25 alunos da turma do 7º ano
B, apenas 10 acertaram (Figura 01). Vale lembrar, que para a primeira turma foram
utilizados durante as explicações o livro didático, aparelho datashow, vídeos e aula
prática no laboratório. E na segunda turma, o livro didático, pesquisa na Internet e
apresentação de seminários.
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FIGURA 01: DIFERENÇA DE ACERTOS ENTRE AS DUAS TURMAS,
RELACIONADAS À PRIMEIRA QUESTÃO.
Na segunda questão, em que se refere para o aluno marcar a alternativa que
considera correta sobre quais são as três partes básicas de uma célula eucarionte, o total
de acertos do 7º ano A foi de 21, e do 7º B, de 13 acertos (Figura 02). Nota-se uma
diferença considerável entre as duas turmas, visto que, o 7 º ano A teve maior número
de acertos. Pode-se concluir que esta turma saiu beneficiada ao utilizar o datashow,
visto que equipamentos audiovisuais são aliados importantes para facilitar a
aprendizagem pois mostram diversas imagens e animações em vídeo, o que chama a
atenção do aluno,
tornando
o
processo
educativo
mais
atraente e dinâmico
(CALLUF, 2007).
Diferença de acertos entre as duas turmas Questão 02
25
Nº de acertos
20
15
10
5
0
7º ano A
7º ano B
FIGURA 02: DIFERENÇA DE ACERTOS ENTRE AS DUAS TURMAS
RELACIONADAS A SEGUNDA QUESTÃO
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Na última questão, a pergunta era sobre quais estruturas estão presentes na célula
vegetal e que não fazem parte da célula animal, o número de acertos no 7º ano A foi de
17, e no 7º ano B de 9 acertos (Figura 03). Cabe salientar, nesse caso, que a aula prática
no laboratório com o 7º ano A foi de fundamental importância para a compreensão da
diferença entre célula vegetal e animal, pois aulas práticas são excelentes para o contato
direto com material biológico e fenômenos naturais, incentivando o envolvimento, a
participação e o trabalho em equipe. Uma vez que o aluno deve desenvolver as
capacidades de observar, analisar, teorizar, sintetizar, aplicar e transferir o aprendido,
sem contar que diversifica o ambiente de aprendizado, pois as quatro paredes da escola
não são lugares exclusivos para a construção do conhecimento e da experiência.
As atividades metodológicas desenvolvidas devem ser combinadas, de forma
simultânea ou sequencial, oferecendo ao aluno a oportunidade de perceber e analisar o
assunto sob diversos ângulos (VASCONCELLOS,1999).
Diferença de acertos entre as duas turmas questão 03
18
16
Nº de acertos
14
12
10
8
6
4
2
0
7º ano A
7º ano B
FIGURA 03: DIFERENÇA DE ACERTOS ENTRE AS DUAS TURMAS EM
RELAÇÃO À TERCEIRA QUESTÃO.
Somando o número de acertos das três questões de cada uma das turmas em
estudo, observou-se que o 7º ano A demonstrou ter um maior rendimento, com um total
de 57 questões respondidas corretamente. No entanto, para o 7º ano B notou–se um
rendimento considerado baixo a regular, com 32 acertos (Figura 04).
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A partir dos resultados obtidos, fica claro que a utilização somente de materiais que
viabilizem somente a memorização dos conteúdos, como foi o caso do livro didático e a
apresentação de seminário, não apresentou resultados satisfatórios. A proposta de
utilizar o datashow para mostrar imagens e vídeos durante a exposição do conteúdo foi
bem recebida pelos alunos do 7º ano A, eles acharam a aula mais atrativa, interessante e
divertida. Sem falar da aula prática no laboratório, um espaço crucial para aulas de
ciências tratando-se de um recurso de grande sucesso para aprendizagem (CALLUF,
2007).
Total do número de acertos entre as duas turmas
60
Nº de acertos
50
40
30
20
10
0
7º ano A
7º ano B
FIGURA 04: TOTAL DE ACERTOS DAS TRÊS QUESTÕES DE CADA UMA DAS
TURMAS.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta apresentada se refere ao uso de metodologias diferenciadas e
atividades aplicadas aos conteúdos, que visam melhorar a relação do professor com sua
prática dentro da realidade vivenciada nas escolas. Durante o desenvolvimento desta
pesquisa pode-se constatar que a turma que teve as metodologias de ensino mais
diversificadas, entre elas o uso do laboratório, datashow e vídeos, apresentou resultados
mais satisfatórios em relação à outra, que se utilizou apenas de métodos mais
tradicionais, como o livro didático, apresentação de seminários e uso de computadores.
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Além do domínio de conteúdo, carisma do professor e planejamento da aula, a
metodologia apropriada, poderá transformar o saber em algo prazeroso para o estudante.
Diversificar suas metodologias, dar significado ao conteúdo, propor atividades mais
criativas, tornar suas aulas mais dinâmicas é essencial, pois proporciona mais prazer ao
assistir as aulas. É muito importante também, se tratando de pessoas diferentes umas das
outras, expor a elas o conhecimento com uma linguagem mais atraente, aproximando-se
o máximo possível do seu cotidiano, de modo a transformar os conteúdos em vivência.
Contudo, outras modalidades didáticas devem ser pesquisadas e discutidas, no
sentido de implantar ou aprimorar sua aplicação. Entre elas podem ser citadas:
a) Aulas de campo - exploração de ambientes e coleta de material biológico e mineral.
b) Análise crítica de informações científicas veiculadas pela mídia.
c) Análise de casos reais: dilemas que façam o aluno refletir sobre questões éticas e
morais geradas pelo avanço da ciência.
d) Feiras de ciências.
e) Visitas orientadas a museus, reservas ecológicas, instituições de pesquisa etc.
Muitas experiências educacionais criativas e de sucesso certamente devem estar
em andamento na rede estadual, mas carecem de maior divulgação e precisariam ser
listadas, discutidas e oportunizadas aos demais colegas.
O aprofundamento dessa discussão poderá trazer resultados significativos, pois,
apesar de algumas resistências, percebe-se que já existe, não só uma maior abertura a
inovações metodológicas, como também uma necessidade real de buscar novos
caminhos para a educação científica.
REFERÊNCIAS
AMARAL, I. A. Metodologia do Ensino de Ciências como produção social.
Campinas-SP: F.E./Unicamp, v. 1, p. 1–14, 2006.
BAZZO, V. L. Para onde vão as licenciaturas: a formação de professores e as políticas
públicas. Educação, Santa Maria, RS, v. 25, n. 1, p. 53-65, 2000.
CALLUF, C.C.H. Didática e Avaliação em Biologia. Curitiba: Ibpex, 2007.114 p.
FERNANDES, H. L. Um naturalista na sala de aula. Ciência & Ensino. Campinas,
Vol. 5, 1998.
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FERNANDES, M.L.M. O ensino de Química e o Cotidiano. Curitiba: Ibpex, 2007.
134 p.
HOLMESLAND, I. S. Qualidade e equidade no acesso ao conhecimento: experiências
de uma sociedade igualitária. Educação, Porto Alegre, ano 26, n. 50, p. 45–70, 2003.
KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, 2004.
POSSOBOM, C. C. F. ; OKADA, F. K. ; DINIZ, R. E. S. As atividades práticas de
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Universidade Estadual Paulista – Pró-Reitoria de Graduação. (Org.). Núcleos de
Ensino. São Paulo: Editora da UNESP, v. 1, p. 113-123, 2003
VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e
Projeto Político-Pedagógico. São Paulo: Libertad, 1999.
WATERMAN, M. A. Caso Investigativo Como Estratégia De Estudo Para
Aprendizagem De Biologia. Bioscene – the Journal of College Biology Teaching. v.
24, n. 1, 2001.
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