ESTIMATIVA DE SEQÜESTRO DE CARBONO DA BIOMASSA AÉREA COMO INDICADOR
DE SUSTENTABILIDADE EM DECORRÊNCIA DA ADEQUAÇÃO DA ÁREA DE
PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA SUB-BACIA DO RIO PEQUENO (ANTONINA - PR)
Luiz Ermindo Cavallet
1
Eduardo Vedor de Paula
2
RESUMO
A atividade de recuperação dos ecossistemas florestais configura fonte potencial de seqüestro
de carbono. A adequação das propriedades rurais conforme determina o Código Florestal
implica em parte na manutenção ou regeneração das Áreas de Preservação Permanente
(APP's). Uma das formas para a estimativa da quantidade de carbono na biomassa florestal
relacionada
às
áreas
de
preservação
permanente
é
associar
ferramentas
de
geoprocessamento com levantamentos no campo, quando se mede a superfície da área de
preservação existente e também a superfície daquela que se deve regenerar. Dessa forma,
pode-se obter um indicador de sustentabilidade, o qual reflete o grau de preservação que as
áreas protegidas por lei se encontram. O presente trabalho objetivou apresentar uma forma de
estimar a quantidade de carbono a ser seqüestrada em decorrência da adequação da área de
preservação permanente na sub-bacia do Rio Pequeno, pertencente à microbacia hidrográfica
do Rio Cachoeira, situada na região litorânea do estado do Paraná. Dentre os resultados
obtidos deve-se destacar que depois de efetuada a adequação das propriedades rurais da subbacia do Rio Pequeno, pode haver um aumento de 32,1% na quantidade de carbono na
biomassa florestal aérea, totalizando o valor de 120.726, 35 Mg de C ha-1. Quanto às tipologias
vegetais, destacou-se a formação Floresta Ombrófila Densa Submontana devido ao
significativo potencial de seqüestro de carbono. Os resultados permitiram a proposição de um
indicador de sustentabilidade dentro dos propósitos do trabalho, que de uma escala de 0 a 1,
obteve-se o valor de 0,75 para a área de estudo, tal valor demonstra o estado de preservação
relativamente bom, em que se encontram as APP's na sub-bacia em questão.
Palavras-chave: Geoprocessamento, Seqüestro de Carbono, Ecossistemas Florestais, Área
de Preservação Permanente, Região Litorânea do Estado do Paraná.
1
2
Prof. Adjunto Depto. Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR/FAFIPAR.
[email protected]
Prof. M. Sc. Substituto e Doutorando do Programa de Pós-Graduação do Depto. de Geografia da UFPR.
[email protected]
2
1 INTRODUÇÃO
1.1
O SEQÜESTRO DE CARBONO E AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
A redução das emissões de CO2, CH4 e o N20 para a atmosfera é uma das estratégias
principais no que concerne ao objetivo da redução das mudanças climáticas, uma vez que
concentrações muito acima dos valores normais provocam o chamado "efeito estufa". Uma
outra principal estratégia é diminuir a concentração desses gases e incorporá-los na biomassa
vegetal da biosfera. Esse processo é denominado de "seqüestro de carbono". Assim, uma das
formas recomendadas para contribuir na redução das mudanças climáticas é viabilizar o
desenvolvimento de árvores e conseqüentemente a biomassa florestal. Isso por que uma
árvore absorve ou seqüestra em média 0,8 Mg de CO2, até atingir o clímax, o qual varia de 20
a 40 anos. De um modo mais específico, uma árvore de espécie nativa na região sul do Brasil
seqüestra em média 0,3 Mg de CO2 até atingir o clímax. De forma semelhante uma essência
florestal comercial como o eucalipto seqüestra em média 1 Mg de CO2 em apenas 20 anos
(PARANÁ, 2007, p.17).
Uma das formas mais concretas de viabilizar o desenvolvimento de árvores é adequar
as propriedades rurais no tocante à Área de Preservação Permanente (APP) como determina a
legislação ambiental brasileira representada pelo Código Florestal. O mesmo é relativo à Lei
n.4771, de 15 de setembro de 1965, e estabelece exigências bem diferenciadas para a
cobertura destinada a proteger margens de rios e de encostas e para a Reserva Florestal
Legal. Nesta o artigo 2 considera como preservação permanente, isto é, reservas ecológicas,
que não podem sofrer qualquer alteração, as florestas e demais formas de vegetação natural,
nas seguintes situações: (1) ao longo de rios ou de qualquer curso de água, desde seu nível
mais alto, variando de largura conforme o tamanho do rio; (2) de 30 metros para cursos de
água com menos de 10m metros de largura; (3) de 50 metros para cursos de água que tenham
de 10 a 50 metros de largura; (4) de 100 metros para cursos de água que tenham de 50 a 200
metros de largura; (5) ao redor de lagos, lagoas, reservatórios naturais ou artificiais; (6) nas
nascentes; (7) em topos de morros, montes, montanhas e serras e nas encostas com
declividade superior a 45%; (8) em altitude superior a 1.800 metros (BRASIL, 1965, p.2).
1.2
BIOMASSA DOS ECOSSISTEMAS FLORESTAIS
O processo de adequação das propriedades rurais no que concerne à manutenção e
principalmente à recuperação das Áreas de Preservação Permanente é um potencial
mecanismo de seqüestro de carbono. Por outro lado, o geoprocessamento apresenta
ferramentas que possibilitam o desenvolvimento de análise espacial, bem como a confecção de
produtos cartográficos, tornando possível, por exemplo, a realização do diagnóstico da situação
das áreas de preservação permanente de uma determinada localidade estudada. Avaliação
3
essa que pode ser desde a quantidade de áreas que está adequada, assim como a quantidade
de áreas a se recuperar a partir dos seus vários estágios de regeneração (WATZLAWICK et al.,
2002a, p.215).
O seqüestro de carbono somente ocorre enquanto as árvores e a floresta estão
crescendo, tornando assim importante e atrativo a recuperação dos ecossistemas naturais em
áreas degradadas, por meio da regeneração, adensamentos, aumentando consideravelmente
a biomassa, conseqüentemente o estoque de carbono fixado. A implantação ou recuperação
das mesmas possibilita oportunidade de negócios voltados ao desenvolvimento de projetos de
conservação, preservação ou mesmo com a recuperação de áreas degradadas, tornando
muitas vezes possível a aplicação do conceito de desenvolvimento sustentado (WATZLAWICK,
et al., 2002b, p.169).
1.3
ESTIMATIVAS DOS ESTOQUES DE CARBONO NA BIOMASSA FLORESTAL
Na área de estudo BRITEZ et al. (2006, p.50-57) e RODERJAN (1994) estabelecem
os seguintes valores para cada tipologia e uso da terra para a área em estudo, em Mg de C ha-1:
Fase Inicial de Sucessão, 26,43; Fase Intermediária de Sucessão, 82,70; Floresta Ombrófila
Densa Aluvial, 129,40; Floresta Ombrófila Densa Montana, 187,34; Floresta Ombrófila Densa
Submontana, 187,34; Formações Pioneiras com Influência Fluvial, 81,89.
Na mesma área do presente estudo, TIEPOLO et al. (2002, p.13) desenvolvendo três
projetos para seqüestro de carbono (TNC/SPVS, 2000; TNC/SPVS, 2001a; TNC/SPVS, 2001b,
citados por CHANG, 2002, p.73), encontraram que a tipologia Submontana foi a que conteve
maior estoque de carbono na biomassa aérea, com uma quantidade de 135,89 Mg de C ha- e a
tipologia representada pela jovem floresta secundária conteve uma quantidade de 42,89 Mg de
C ha-1, sendo esta última a que teve o menor estoque de carbono. Para a tipologia
caracterizada pelo pasto os mesmos autores encontraram uma quantidade que variou de 0,7
para 3,5 Mg de C ha-1. Para outras tipologias encontraram os seguintes valores: terras baixas,
106,81 Mg de C ha-1; floresta secundária em estágio médio, 101,96 Mg de C ha-1; Floresta em
estágio médio-avançado, 106,19 Mg de C ha-1; Formações Pioneiras com Influência Fluvial,
64,12 Mg de C ha-1.
A Hipótese que origina o presente trabalho é fundamentada na afirmação de que há
uma boa relação entre a estimativa do seqüestro de carbono via métodos diretos e via
geoprocessamento, quando se tratando da biomassa de área de preservação permanente.
Assim, o presente trabalho objetiva apresentar uma forma de estimar a quantidade de carbono
a ser seqüestrada em decorrência da adequação da área de preservação permanente na subbacia do Rio Pequeno, utilizando mapas de cobertura vegetal e mapas de uso da terra obtidos
por levantamento de campo e geoprocessamento.
A área de estudo está localizada no município de Antonina, na região litoral do estado
do Paraná. A sub-bacia hidrográfica do Rio Pequeno, cuja área é de 112,6km2, está inserida na
4
área de drenagem da Baía de Antonina, sendo este rio afluente do Rio Cachoeira, o qual
deságua diretamente nessa baía (figura 1).
FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO, DELIMITADA PELA SUB-BACIA DO RIO PEQUENO NO MUNICÍPIO DE
ANTONIA NA REGIÃO LITORÂNEA DO ESTADO DO PARANÁ
5
2 METODOLOGIA
A primeira etapa do presente trabalho referiu-se à confecção da carta cobertura
vegetal e uso da terra existente na área de estudo, para tanto foi utilizado o mapeamento
desenvolvido pelo Programa Pró-Atlântica (PARANÁ, 2002), o qual foi realizado a partir de
imagens do satélite LANDSAT ETM 7, referentes ao dia 26/08/1999. Em seguida, delimitou-se
toda a possível área de preservação permanente, representada principalmente pelos
elementos concernentes às matas ciliares e nascentes, segundo o que consta na legislação do
Código Florestal (BRASIL, 1965, Op. Cit. p.2).
Com o auxílio do software de Sistema de Informação Geográfica ArcGIS 9.2 efetuouse o cruzamento das informações supramencionadas, de forma a se obter como produto a
carta de cobertura vegetal e uso da terra interno as áreas de preservação permanente da subbacia do Rio Pequeno. Sob esta carta foram calculadas as quantidades de carbono da
biomassa florestal aérea, disponíveis segundo o tipo de formação florestal nativa existente.
Esse procedimento foi realizado a partir dos resultados de estimativas de biomassa para
diversas formações florestais do domínio da Floresta Atlântica, segundo BRITEZ et al. (2006).
A etapa seqüencial consistiu na elaboração da carta de cobertura vegetal potencial,
que pode ser compreendida como a máxima expressão que a vegetação atingiria se tivesse a
liberdade de se desenvolver sem a interferência do ser humano, considerando-se os atuais
limites dados pelo clima e pelas condições edáficas (FÁVERO et al., 2004, p.61). Esta carta foi
confeccionada de acordo com metodologia proposta e validada por PAULA e SANTOS (2007).
Da mesma maneira que se delimitou a cobertura vegetal e uso da terra interno as
áreas de preservação, repetiu-se o procedimento para a delimitação da vegetação natural
potencial interna a tais áreas de preservação. Na seqüência, calculou-se a quantidade de
carbono da biomassa florestal aérea que potencialmente pode ser fixado em decorrência da
recuperação total da área de preservação permanente referente à área da sub-bacia do Rio
Pequeno.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TIPOLOGIAS VEGETAIS ENCONTRADAS NA SUBBACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PEQUENO
A partir da carta de cobertura vegetal e uso da terra de 1999 da sub-bacia do Rio
Pequeno, ilustrada na figura 2, verifica-se internamente às porções territoriais destinadas à
preservação
permanente
(APP's)
uma
área
de
cerca
de
27,7km2.
Deste
total,
aproximadamente 17,5km2 estão preservados incluindo-se, segundo o Sistema Primário de
Classificação da Vegetação Brasileira, as regiões fitoecológicas e áreas de formações
pioneiras. Os demais 10,2km2 referem-se a porções de sucessão vegetal e uso antrópico.
6
FIGURA 2 - CARTA DE COBERTURA VEGETAL E USO DA TERRA DA SUB-BACIA DO RIO PEQUENO, COM AS ÁREAS
DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DELIMITADAS
Informações em maior nível de detalhe sobre cada uma das classes vegetais
encontradas na área de drenagem da Baía de Antonina podem ser encontrar em PARANÁ
(2002, p. 37-50), contudo, a seguir faz-se uma breve descrição das mesmas.
7
3.1.1 Sistema Primário da Vegetação
A Floresta Ombrófila Densa (F.O.D.) refere-se à região fitoecológica de maior extensão na
área em estudo, considerando-se somente as APP´s, já que compreende 1.708,95ha. De acordo
com o Sistema de Classificação Brasileira (IBGE, 1992) são encontradas na região as seguintes
unidades da Floresta Ombrófila Densa, conforme RODERJAN et. al. (2002):
-
F.O.D. Submontana: ocorre nas partes mais baixas das encostas, sobre relevo
convexo, comumente de boa drenagem e profundidade, em geral associados a
cambissolos ou argissolos. São áreas relativamente estáveis, de declividades
moderadas, que permitem o estabelecimento de vegetação florestal densa e alta,
até 30-35 metros. Quanto à altitude esta formação vegetal está situada entre 20 e
600 metros. Conforme, RODERJAN (1994), citado por BRITEZ et al. (Op. Cit., p.
52), apresenta na biomassa aérea cerca 187,34 Mg de C ha-1.
-
F.O.D. Montana: encontra-se entre 600 e 1.200 metros de altitude, em relevo mais
declivoso e sob temperaturas mais amenas, influenciadas pelo escoamento do ar frio
planáltico, ocorrem variações florísticas em relação ao patamar inferior, porém
fisionômica e estruturalmente são muito semelhantes. Fato que justifica a adoção do
mesmo valor de toneladas de carbono por hectare usado para a F.O.D. Submontana,
já que não se dispõe de dados específicos para esta formação florestal.
-
F.O.D. Aluvial: o termo também se refere à floresta de planície, porém
desenvolvida sobre depósitos de origem fluvial, portanto continentais, ao longo de
rios meandrantes da planície. As espécies adaptadas ao meio formam florestas
altas, de até 35 metros, com até quatro estratos de copas. Segundo BRITEZ et al.
(Op. Cit., p.54), tomando-se por referência inúmeros levantamentos realizados no
sul do Brasil, estabeleceu-se o valor de 129,4 Mg de C ha-1 como sendo o valor
médio de carbono disponível na biomassa aérea. É cabível destacar que na região
selecionada para o presente estudo, esta tipologia vegetal foi totalmente
degradada, cedendo espaço para atividades agropecuárias.
As áreas de Formações Pioneiras são encontradas apenas na planície e totalizam
apenas 4,57ha. A única unidade encontrada foi:
-
Formações Pioneiras de Influência Fluvial: são formações vegetais que se
desenvolvem em solos instáveis, os quais sofrem inundações periódicas por
influência de rios ou das marés, formadas, em geral, por uma espécie dominante.
À medida que evoluem, há aumento de biodiversidade e de complexidade
estrutural, com diversificação da estrutura das comunidades e de formas de vida. A
partir do momento em que deixam de ser formações homogêneas com um estrato
arbóreo são consideradas florestas de planície, ou F.O.D. das Terras Baixas. A
partir de quatro levantamentos realizados para a quantificação de carbono
existente na biomassa das Formações Pioneiras de Influência Fluvial, identificouse o valor médio de 81,89 Mg de C ha-1 (BRITEZ et al., Op. Cit., p.56).
8
3.1.2 Sistema Secundário da Vegetação
Segundo IBGE (1992) a vegetação secundária encontra-se subdividida em cinco fases
sucessionais distintas, de acordo com o grau de desenvolvimento. Nas APP's da sub-bacia do
Rio Pequeno 989,32ha são correspondentes a esta unidade, a qual é agrupada em:
-
Fase Inicial de Sucessão (capoeirinha): abrange as três primeiras fases de
sucessão. Sendo a primeira relativa à vegetação que inicialmente ocupa a
superfície dos terrenos abandonados pela agropecuária, constituída por plantas
herbáceas; na segunda fase nota-se maior diversificação de herbáceas e inclusão
de arbustivas; enquanto que na terceira fase verifica-se ocupação por espécies
lenhosas, geralmente arbóreas de pequeno porte e de vida efêmera. Conforme
BRITEZ et al. (Op. Cit., p.53) apresenta o valor médio de 26,43 Mg de C ha-1.
-
Fase Intermediária de Sucessão (capoeira): sucede a fase anterior (inicial), por
meio da colonização por espécies lenhosas arbóreas de crescimento rápido. De
acordo com BRITEZ et al. (Op. Cit., p.53) detém em média 82,7 Mg de C ha-1. Vale
ressaltar que porções da quinta fase sucessional (capoeirão) não são encontradas
na região.
Dentre as porções de uso antrópico tem-se a agropecuária, que constitui a somatória
dos sistemas agrícolas excetuando os povoamentos artificiais com espécies arbóreas
(reflorestamentos), totalizando 63,64ha nas APP's.
3.2
COMPARAÇÃO ENTRE A COBERTURA ATUAL E A APÓS A ADEQUAÇÃO DA ÁREA
DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
Na Tabela 1 é apresentada a situação atual da área em estudo em termos de
cobertura vegetal e uso da terra e respectivas quantidades de área e estimativa de carbono na
biomassa florestal aérea dentro da área de preservação permanente. Com relação à superfície
da área de preservação permanente, observa-se que a mesma está irregular perante a
legislação ambiental, pois a mesma contém as categorias de uso concernentes à agricultura e
pecuária e outros usos de menor intensidade, assim como a fases inicial e intermediária de
sucessão. Em decorrência da adequação da área de preservação permanente em questão,
segundo a legislação ambiental atual utilizada pelos órgãos ambientais, esses tipos de uso
tendem a desaparecer, pois haverá ao longo do tempo a recuperação da cobertura florestal
nativa, que existia antes da sua degradação.
A situação após a adequação é demonstrada na tabela 2, bem como na figura 3, que
apresentam as áreas das diferentes tipologias vegetais e respectivas quantidades de carbono
seqüestrado presente na biomassa florestal aérea recuperada. Assim, as áreas individuais
referentes
às
tipologias
primárias
demonstram-se
ampliadas,
respectivamente com aquelas equivalentes apresentadas na tabela 1.
quando
comparadas
9
TABELA 1 - QUANTIDADE DE CARBONO NA BIOMASSA FLORESTAL AÉREA NA ÁREA DE
PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONCERNENTE À SUB-BACIA DO RIO PEQUENO, NA
CIDADE DE ANTONINA (PR), EM CADA TIPO DE COBERTURA VEGETAL NO ANO DE 1999
COBERTURA VEGETAL E USO DA TERRA
ÁREA (ha)
Agricultura, Pecuária e Outros
Mg de C ha
-1
Mg de C ha
-1
63,64
0,00
0,00
Fase Inicial de Sucessão
464,87
26,43
12.286,46
Fase Intermediária de Sucessão
524,45
82,70
43.372,10
Floresta Ombrófila Densa Montana
240,31
187,34
45.019,68
1.468,64
187,34
275.135,39
4,57
81,89
Floresta Ombrófila Densa Submontana
Formações Pioneiras com Influência Fluvial
TOTAL
2.766,48
374,40
376.188,03
BRITEZ et al. (2006, Op. Cit, p.50-57); RODERJAN (1994)
TABELA 2 - QUANTIDADE DE CARBONO NA BIOMASSA FLORESTAL AÉREA APÓS A ADEQUAÇÃO
NA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONCERNENTE À SUB-BACIA DO RIO
PEQUENO, NA CIDADE DE ANTONINA (PR), EM CADA TIPO DE COBERTURA VEGETAL
COBERTURA VEGETAL APÓS ADEQUAÇÃO
ÁREA (ha)
Mg de C ha
-1
BIOMASSA
-1
(Mg de C ha )
Floresta Ombrófila Densa Aluvial
161,51
129,40
Floresta Ombrófila Densa Montana
471,76
187,34
88.379,52
2.018,65
187,34
378.173,89
115,54
81,89
Floresta Ombrófila Densa Submontana
Formações Pioneiras com Influência Fluvial
TOTAL
2.767.46
20.899,39
9.461,57
496.914,37
BRITEZ et al. (2006, Op. Cit, p.50-57); RODERJAN, (1994)
Verifica-se, ainda, que aqueles usos da terra irregulares apresentados na tabela 1, não
constam mais e também se nota que aparece a tipologia de cobertura florestal da F.O.D.
Aluvial. Portanto, esta formação é a que se encontra mais degradada na área de estudo e isso
é concordante com Paula e Santos (2007), onde também observam que por se desenvolver em
solos com maior fertilidade, em geral, esta formação acaba por dar lugar à agropecuária.
Dentre as tipologias vegetais, destaca-se a formação F.O.D Submontana devido à
grande quantidade de área que a mesma ocupa dentro das APP's, mostrado na Tabela 1, o
que se verifica também na sua ampliação quando da adequação dessa área, conforme mostra
a tabela 2. O aumento de área é em torno de 27,25 % e correspondeu a aproximadamente um
aumento de seqüestro de carbono na ordem de 37,50 %. Essa observação é importante
quando da definição de prioridades no tocante à escolha de determinada tipologia vegetal a ser
trabalhada dentro do manejo e recuperação da área de preservação permanente.
10
FIGURA 3 - DELIMITAÇÕES DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE COM AS TIPOLOGIAS VEGETAIS A SEREM
RECUPERADAS NA SUB-BACIA DO RIO PEQUENO, NO MUNICÍPIO DE ANTONIA (PR)
11
3.3
QUANTIFICAÇÃO DO SEQÜESTRO DE CARBONO EM DECORRÊNCIA DA
ADEQUAÇÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
Em decorrência do procedimento de adequação de toda a área de preservação
permanente da sub-bacia do Rio Pequeno estimou-se um aumento de 32,1% na quantidade de
carbono na biomassa florestal aérea dessa. Ou seja, se houvesse a recuperação das
formações florestais nativas concernentes àquela quantidade delimitada pela área de
preservação permanente haveria um montante de estimado de 120.726, 35 Mg de C ha-1, que,
via processo de fotossíntese, passaria da forma de CO2 para a forma de carbono na biomassa
florestal aérea.
Considera-se que uma árvore de espécie nativa fixa (seqüestra) em média 0,3 Mg de
CO2 até atingir o clímax, que é um período de tempo que varia de 20 a 40 anos (PARANÁ,
2007). Assim, a quantidade de carbono fixado nessa área corresponderia a aproximadamente
a 402.421 árvores que passariam a compor a biomassa florestal aérea e estariam protegidas
do desmatamento, uma vez que se encontrariam situadas em área protegida pela legislação
ambiental.
Esses resultados reforçam a estratégia de recuperação de fragmentos de
ecossistemas florestais degradados da Floresta Ombrófila Densa que estejam situados dentro
de delimitações do que a legislação ambiental brasileira define como Área de Preservação
Permanente. Estratégia essa que pode ter como um dos objetivos principais a definição de
justificativas consistentes para a elaboração de projetos de seqüestro de carbono, como
observam WATZLAWICK et al. (2002a, p.215).
3.4
USO DA ESTIMATIVA DO CARBONO POTENCIALMENTE SEQÜESTRADO COMO
INDICADOR DE SUSTENTABILIDADE
A comparação entre a quantidade de carbono na biomassa atual (1999) da parte
aérea da área de preservação permanente em estudo e aquela obtida a partir da adequação
total da mesma, permite a proposição de um indicador de sustentabilidade para essa situação.
Por exemplo, na sub-bacia do Rio Pequeno haveria 469.914,35 Mg de C ha-1 caso a vegetação
original das áreas de preservação estivessem preservadas. Contudo, devido à degradação
destas áreas tem-se 376.188,03 Mg de C ha-1. Dentro do intervalo de 0 a 1, a sub-bacia do Rio
Pequeno apresenta um índice de 0,75, o qual mostra que somente 25% do total de carbono da
área de preservação permanente seriam passíveis de ser seqüestrado. Nessa situação,
estabelece-se como indicador o valor de 0,75, que demonstra que a bacia do Rio Pequeno está
relativamente bem preservada quanto à área de preservação permanente, o que demonstra
certa coerência, uma vez que ela está inserida em uma das regiões mais bem preservadas do
nosso estado.
Por outro lado, considerando hipoteticamente uma outra área, menos preservada, mas
com as mesmas condições de vegetação ter-se-ia, por exemplo, 50% de aumento na
12
quantidade do carbono a ser seqüestrado, o que resultaria num indicador de 0,5 para a
mesma. Comparando os dois indicadores, poder-se-ia concluir que a área em estudo teria um
potencial menor de seqüestro de carbono em decorrência da adequação das áreas de
preservação permanente, quando comparado com segunda área.
Quando da seleção de áreas potencialmente eficientes, em termos de elaboração de
projetos de seqüestro de carbono via adequação das áreas de preservação permanente, um
indicador da forma proposta pode ser muito útil. Sobretudo, para aquelas regiões em que se
dispuser de bases digitais de dados geográficos, o que possibilita a rápida obtenção de
resultados, sendo os mesmos expressos espacialmente e de modo quantitativo.
Inserido dentro do contexto da avaliação e monitoramento de agrossistemas florestais,
um indicador da forma proposta acima pode ser classificado como um indicador de
sustentabilidade.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
a) A recuperação da área de preservação permanente em estudo aponta uma
estimativa de fixação de carbono na ordem de aproximadamente 120.736, 35 Mg
(toneladas) de carbono;
b) Dentre as tipologias vegetais, destacou-se a formação Floresta Ombrófila Densa
Submontana devido à grande quantidade área que a mesma ocupa dentro da Área
de Preservação Permanente e a significativa quantidade carbono que a mesma é
potencialmente capaz de seqüestrar.
c) Os resultados permitiram a proposição de um indicador de sustentabilidade dentro
dos propósitos do trabalho, que de uma escala de 0 a 1, obteve-se o valor de 0,75
para a área de estudo, tal valor demonstra o estado de preservação relativamente
bom, em que se encontram as APP's na sub-bacia em questão.
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13
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estimativa de seqüestro de carbono da biomassa