SILVANA SANTOS DA SILVA FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS VEGETAIS SUBMERSOS EM ALGUNS CORPOS D'ÁGUA NO BIOMA CAATINGA FEIRA DE SANTANA - BA 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA FUNGOS CONIDIAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS VEGETAIS SUBMERSOS EM ALGUNS CORPOS D'ÁGUA NO BIOMA CAATINGA SILVANA SANTOS DA SILVA Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Botânica. ORIENTADOR: Prof. Dr. Luís Fernando Pascholati Gusmão FEIRA DE SANTANA - BA 2013 BANCA EXAMINADORA _____________________________________________________ Profa. Dra. Rosely Ana Piccolo Grandi Instituto de Botânica-SP _____________________________________________________ Profa. Dra. Flávia Rodrigues Barbosa Depto. Ciências Biológicas-UESB _____________________________________________________ Prof. Dr. Luis Fernando Pascholati Gusmão Depto. Ciências Biológicas-UEFS Orientador e Presidente da Banca FEIRA DE SANTANA - BA 2013 À minha família pelo amor incondicional, pois sem eles nada seria possível. i AGRADECIMENTOS À DEUS, meu guia, por me fortalecer e me conceder tantas bênçãos; À minha mãe, Maria das Graças, e ao meu pai, Reinardo Fagundes, pela educação que me proporcionaram, pelo zelo, pelo apoio em todos os momentos, e acima de tudo, pelo amor incondicional. Devo tudo o que sou a vocês! À minha irmã, Marília Santos, e ao meu irmão, Luciano Santos, pelo carinho, amor, conselhos, incentivos, por serem irmãos maravilhosos para mim, sendo fundamentais na minha vida. Ao meu cunhado, Jeferson Ribeiro, e à minha cunhada, Tamara Sales, pelo apoio de sempre e pela irmandade construída. Ao meu sobrinho Felipe, de dois anos, que com toda sua fofura e inocência torna os dias mais leves e alegres. À minha avó, Albertina Barbosa, pelo exemplo de alegria, força e determinação, na melhor idade. E a todos os familiares que sempre partilham de minhas conquistas; Ao meu namorado, Luiz Antonio, que foi o maior presente que ganhei durante o mestrado, cujo amor é fundamental em minha vida e que se fortalece a cada dia. Obrigada por sempre estar ao meu lado, e pelo apoio e paciência durante esta fase de dissertação; Ao meu orientador Luís Fernando Pascholati Gusmão, pela oportunidade de trabalhar com este grupo de fungos e entrar no mundo da pesquisa científica, pelos ensinamentos, paciência e disponibilidade, inclusive em suas férias, contribuindo para o meu crescimento profissional; Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de mestrado concedida; A Universidade Estadual de Feira de Santana, especialmente ao Laboratório de Micologia (LAMIC) que forneceu a infraestrutura necessária ao desenvolvimento deste trabalho; Ao Programa de Pós Graduação em Botânica e aos Professores, pelos auxílios e pela contribuição na minha formação como Mestre; Aos meus colegas do LAMIC, Alisson Cruz, Carolina Azevedo, Carolina Ribeiro, Jorge Luís, Marcos Marques, Myrna Antunes, Sheila Leão, Taiana Araújo, Tiago Andrade, ii pelos momentos de descontração, dicas e discussões micológicas, em especial Davi Almeida, Loise Costa e Tasciano Santa Izabel pelas coletas, e aos dois últimos também pela ajuda nos assuntos de ecologia; À Dra. Flávia Barbosa e ao Dr. Huzefa Raja pela disponibilização de bibliografias especializadas que foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho; Às amigas Daniele Mendes, Kamilla Lopes, Lara Pugliesi e Priscila Lopes pelo carinho, apoio, torcida, e claro, por todas as conversas, “resenhas” e passeios que sempre nos divertimos. À amiga Patrícia Fiuza que compartilha comigo todas as alegrias e aflições do mundo acadêmico, desde a graduação. À amiga Josiane Monteiro, pela agradável convivência, pela amizade construída, pelo apoio, dicas e discussões valiosas, e por estar sempre disponível para ajudar. À amiga de infância Josiane Marques, que nunca deixa de me incentivar. À amiga Tatiane e ao amigo Mateus Fadigas pelo carinho e apoio. Ao amigo Igor Monteiro, por toda a consideração, torcida e pela confecção do mapa das áreas de estudo; Aos colegas de mestrado pelos momentos compartilhados durante esses dois anos e pelas amizades formadas; Agradeço sinceramente a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. iii RESUMO Os fungos conidiais desempenham papel fundamental na manutenção dos ecossistemas aquáticos através da decomposição da matéria orgânica, que cai ou é levada para os habitats aquáticos. Estes fungos são morfologicamente adaptados para o ambiente aquático, apresentando conídios de formas variadas que são modificações para sua existência na água. Os fungos conidiais aquáticos são classificados ecologicamente em quatro grupos distintos, baseados no ciclo de vida: fungos Ingoldianos, fungos aeroaquáticos, fungos terrestre-aquáticos e fungos aquático-facultativos. No Bioma Caatinga os estudos abordando fungos aquáticos ainda são incipientes. Diante desta carência, o presente estudo teve como objetivo contribuir para uma melhor compreensão da biodiversidade de fungos conidiais aquáticos associados a substratos vegetais (folhas, pecíolos, galhos e cascas) submersos em ambientes lóticos, inseridos em cinco áreas do Bioma Caatinga: Brejo Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe-CE, Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque Nacional da Serra das Confusões-PI e Serra da Jibóia-BA. As expedições foram realizadas entre 2011 e 2012, e as amostras coletadas foram encaminhas ao Laboratório de Micologia da UEFS. No laboratório, as amostras foram lavadas em água corrente e colocadas em câmaras-úmidas. Os substratos foram incubados à temperatura ambiente durante 30 dias e, subsequentemente, analisados sob estereomicroscópio. Após a identificação dos fungos nos substratos, lâminas foram confeccionadas com as estruturas reprodutivas destes fungos e a identificação foi baseada na morfologia. As lâminas preservadas e o material seco foram incorporados ao Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). As culturas de fungos axênicas obtidas durante o estudo foram preservadas em óleo mineral e pelo método de Castellani, e foram adicionados à Coleção de Cultura de Microrganismos da Bahia (CCMB). O primeiro capítulo destaca a descrição de dois novos registros para o Brasil e três novos registros para o continente americano, e uma lista de 15 fungos registrados pela primeira vez em habitats aquáticos. O segundo capítulo descreve e ilustra uma nova espécie de Dictyochaeta. E o terceiro capítulo representa a riqueza de espécies de fungos por área e por tipo de substrato analisado, além disso, compara a similaridade das comunidades de fungos entre as áreas amostradas. Palavras-chave: ambientes lóticos; biodiversidade; hifomicetos; semiárido; taxonomia. iv ABSTRACT Conidial fungi play a vital role in the maintenance of aquatic ecosystems through the decomposition of organic matter, that falls or is carried into aquatic habitats. These fungi are morphologically adaptive to the aquatic environment, in that they have variously shaped conidia that are modified for an aquatic existence. Aquatic conidial fungi are classified ecologically in four distinct groups, based on their life cycle: Ingoldian fungi, aero-aquatic fungi, terrestrial-aquatic fungi and aquatic-facultative fungi. In the Caatinga Biome, studies addressing aquatic fungi are still incipient. Due to the lack of knowledge on aquatic fungi, this study aimed to contribute towards a better understanding of the biodiversity of aquatic freshwater fungi associated with plant debris (leaves, petioles, twigs and bark) submerged in lotic environments, five areas of Caatinga Biome: Brejo Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe-CE, Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque Nacional da Serra das Confusões-PI e Serra da Jibóia-BA. Expeditions were conducted between 2011 and 2012, and samples were collected and brought back to the Mycology Laboratory of UEFS. In the laboratory, the samples were washed in tap water and placed in moist chambers. The substrates were incubed at room temperature for 30 days and, subsequently, analyzed under a dissecting microscope. After fungi were located on the substrates, slides were made with the reproductive structures of fungi and identified basead on morphology. The slides were preserved and the dried were deposited to Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). Axenic fungal cultures obtained during the study were preserved in mineral oil and Castellani method and were deposited to Coleção de Cultura de Microrganismos da Bahia (CCMB). The first chapter of the study highlights the description of two new records for Brazil and three new records for the American continent, and lists 15 fungi recorded for the first time from aquatic habitats. The second chapter describes and ilustrates a new species of the Dictyochaeta. And the third chapter represents the species richness of fungi by area and type of substrate analyzed, in addition, it compares the similarity of fungal communities between samples areas. Key words: biodiversity; lotic environment; hyphomycetes, semi-arid; taxonomy. v SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................i RESUMO ................................................................................................................................. iii ABSTRACT.............................................................................................................................. iv LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ vii LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... viii 1. INTRODUÇÃO GERAL 1.1 O Bioma Caatinga e os enclaves de Mata Atlântica ...................................................... 01 1.2 Os fungos conidiais .............................................................................................................02 1.3 Ambientes de água doce e os substratos vegetais submersos ..........................................03 1.4 Os fungos em ambientes aquáticos .....................................................................................04 1.5 Fungos conidiais de água doce ...................................................................................... 05 1.6 Importância dos fungos nos ecossistemas de água doce ..................................................07 1.7 Panorama dos estudos sobre fungos conidiais de água doce ......................................... 08 2. OBJETIVOS ........................................................................................................................09 3. MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................10 3.1 Áreas de estudo ....................................................................................................................10 3.1.1 Parque Nacional da Serra das Confusões-PI .............................................................. 10 3.1.2 Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe-CE........................................... 10 3.1.3 Serra da Jibóia-BA ...................................................................................................... 11 3.1.4 Brejo Paraibano-PB .................................................................................................... 12 3.1.5 Parque Nacional de Ubajara-CE ................................................................................. 12 3.2 Procedimentos de coleta, lavagem e acondicionamento das amostras .......................... 17 3.3 Identificação .................................................................................................................. 19 3.4 Fotomicrografia ............................................................................................................. 19 3.5 Isolamento em cultura e preservação .................................................................................20 3.6 Herbário ......................................................................................................................... 21 3.7 Análises de riqueza e similaridade.................................................................................. 21 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................22 vi CAPÍTULO I. Fungos conidiais aquático-facultativos no Bioma Caatinga: novos registros para o Brasil e continente americano ................................................................................... 33 Resumo ......................................................................................................................................35 Abstract ......................................................................................................................................35 Introdução ..................................................................................................................................36 Material e métodos ....................................................................................................................37 Resultados e discussão...............................................................................................................37 Agradecimentos .........................................................................................................................46 Referências bibliográficas .........................................................................................................46 CAPÍTULO II. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Biome of Brazil. A new species of Dictyochaeta ....................................................................................................... 53 Abstract ......................................................................................................................................54 Introduction ................................................................................................................................54 Methods ......................................................................................................................................55 Results ........................................................................................................................................55 Discussion ..................................................................................................................................55 Acknowledgements ...................................................................................................................58 References ..................................................................................................................................58 CAPÍTULO III. Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos em algumas áreas do Bioma Caatinga ..................................................................................................... 59 Resumo.......................................................................................................................................61 Abstract ......................................................................................................................................61 Introdução ..................................................................................................................................62 Material e métodos ....................................................................................................................64 Resultados e discussão...............................................................................................................66 Agradecimentos .........................................................................................................................80 Referências .................................................................................................................................80 CONCLUSÕES GERAIS .......................................................................................................86 ANEXO .....................................................................................................................................87 vii LISTA DE FIGURAS INTRODUÇÃO GERAL FIGURA 1.Representantes de três grupos ecológicos de fungos conidiais de água doce .. 07 MATERIAS E MÉTODOS FIGURA 2. Mapa evidenciando os municípios de coleta .................................................. 14 FIGURA 3. Locais de coleta ............................................................................................... 15 FIGURA 4. Locais de coleta .............................................................................................. 16 FIGURA 5. Metodologia .................................................................................................... 18 FIGURA 6. Equipamento utilizado para fotomicrografar os fungos ................................. 19 FIGURA 7. Isolamento e preservação ................................................................................ 20 FIGURA 8. Material seco preservado ............................................................................... 21 CAPÍTULO 1 FIGURA 1-3. Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr ......................... 51 FIGURA 4-6. Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao ....................... 51 FIGURA 7-8. Ellisembia vaginata McKenzie ................................................................... 51 FIGURA 9-14. Oedemium minus (Link) S. Hughes .......................................................... 52 FIGURA 15. Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui ...................... 52 CAPÍTULO 2 FIGURA 1-5. Dictyochaeta aciculata S.S. Silva & Gusmão sp. nov ................................ 57 CAPÍTULO 3 FIGURA 1. Riqueza de fungos conidias associados à substratos vegetais submersos em cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga. Brejo Paraibano, PARNA de Ubajara, Serra da Jibóia-BA, PARNA da Serra das Confusões e APA da Chapada do Araipe ...................... 72 FIGURA 2. Riqueza de fungos conidiais, encontrados em ambientes aquáticos, por substrato: lâmina foliar, galho, casca e pecíolo ................................................................... 72 FIGURA 3. Dendrograma gerado a partir do índice de similaridade de Sørensen e pelo método de agrupamento UPGMA, entre as áreas consideradas .......................................... 73 viii LISTA DE TABELAS INTRODUÇÃO GERAL TABELA 1. Aspectos gerais das áreas de estudo e período de coleta ............................... 13 CAPÍTULO 2 TABLE 1. Comparison of Dictyochaeta species morphologically similar to D. aciculata (data from original descriptions) ......................................................................................... 56 CAPÍTULO 3 TABELA 1. Áreas de estudo e período de coleta ............................................................... 71 TABELA 2. Fungos conidiais encontrados em habitats aquáticos associados à lâmina foliar (I), pecíolo (II), casca (III) e galho (IV) submersos em rios e riachos de cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga: Serra da Jibóia-BA, APA da Chapada do Araripe e PARNA de Ubajara-CE, Brejo Paraibano-PB e PARNA da Serra das Confusões-PI....................... 74 TABELA 3. Matriz de similaridade fúngica (Índice de Sørensen) entre as cinco áreas consideradas......................................................................................................................... 80 1 1. INTRODUÇÃO GERAL 1.1. O Bioma Caatinga e os enclaves de Mata Atlântica O Bioma Caatinga, considerado o único bioma exclusivamente brasileiro, possui cerca de 734.000 km² e está totalmente incluído no semiárido. O Ministério do Meio Ambiente, no sentido de indicar as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade nesse Bioma, identificou 57 áreas, incluindo os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais, sendo 27 destas classificadas como de Extrema Importância Biológica (MMA, 2002; VELLOSO et al., 2002; SILVA et al., 2004). Em quase toda a sua extensão o Bioma Caatinga caracteriza-se por apresentar clima quente e semiárido, com menos de 1.000 mm de chuva por ano, sendo este valor muito variável de ano para ano. Em intervalos de dez a vinte anos, o total de chuvas pode cair a menos da metade da média, caracterizando o fenômeno da “seca”. Mas, apesar das condições adversas, este bioma apresenta um verdadeiro mosaico de tipos de vegetação, variando com diversidade de solos e a disponibilidade de água, apresentando assim ambientes muito diversos: Matas Úmidas, Matas Estacionais, Cerrados, Tabuleiros, Campos Rupestres e remanescentes de Mata Atlântica (VELLOSO et al., 2002; GIULIETTI et al., 2006). Além disso, apresenta um grande número de espécies (animais e vegetais), dentre essas muitas endêmicas, o que demonstra a importância da conservação deste bioma (OLIVEIRA et al., 2012). Dentro dos limites do Bioma Caatinga estão inseridos enclaves de Mata Atlântica, também classificados como Brejos de Altitude que, por estarem dentro do domínio da Caatinga, também sofrem influência do clima. Nove enclaves foram indicados na região semiárida, definidas pelas áreas: 1. Serra de Ibiapaba/Ubajara-CE; 2. Sobral-CE; 3. Itapagé-CE; 4. Serra de Baturité-CE; 5. Crato-CE; 6. Brejo Paraibano-PB; 7. Camalaú-PB; 8. Brejo da Madre de Deus-PE e 9. Serra da Jibóia-BA (VELLOSO et al., 2002). Nos enclaves, as transições podem ser abruptas, mas geralmente formam gradientes onde se interpenetram dois ou até três tipos de vegetação; neste caso, há transição com as caatingas arbóreas, mata seca e as matas de cipó (THOMAS & BRITTON, 2008). Segundo CAVALCANTE (2005) os enclaves de Mata Atlântica tiveram origem no Pleistoceno, durante as glaciações, período em que a umidade atmosférica caiu significativamente, e consequentemente as precipitações também diminuíram, favorecendo 2 a expansão das vegetações adaptadas à seca, e restringindo as florestas úmidas ao topo das serras que se mantinham úmidas. Desde aquela época até os dias atuais, o conjunto de condições ambientais, como ventos úmidos oriundos do litoral, altitude e solo, é o que conserva esse ecossistema no semiárido. A fim de conservar as riquezas da Mata Atlântica, o Ministério do Meio Ambiente determinou áreas prioritárias para preservação da mesma, classificando-as em quatro níveis de importância biológica: área de extrema importância biológica; área de muito alta importância biológica; área de alta importância biológica e área insuficientemente conhecida, mas de provável importância biológica (MMA, 2000). Embora a Mata Atlântica tenha sido muito devastada ao longo dos anos, restando apenas um percentual muito pequeno em relação à área original, sua biodiversidade é muito alta, sendo considerada pelo CONSERVATION INTERNATIONAL (2007) como um dos 34 “hotspots” mundiais de biodiversidade. 1.2. Os fungos conidiais Os fungos apresentam características próprias que os diferem dos demais organismos vivos, como: modo de nutrição absortiva, o glicogênio como substância de reserva, a parede celular composta principalmente de quitina e a organização da estrutura somática representada por hifas. Podem ser unicelulares ou pluricelulares, sendo estes últimos mais complexos, formando micélio, um emaranhado de hifas que lembram tecidos. O micélio encontra-se em contato direto com o substrato, de onde retiram os nutrientes necessários para seu desenvolvimento (ALEXOPOULOS et al., 1996). Atualmente, estima-se a existência de cerca de três milhões de espécies de fungos em todo o mundo (HAWKSWORTH, 2012). Na classificação mais atual os fungos compreendem nove Filos: Chytridiomycota, Neocallimastigomycota, Blastocladiomycota, Microsporidia, Glomeromycota, Ascomycota, Basidiomycota (HIBBETT et al., 2007), Cryptomycota (Jones et al., 2011) e Entomophthoromycota (HUMBER, 2012). Dentre estes, as fases assexuais dos Filos Ascomycota e Basidiomycota são agrupados em uma categoria artificial e denominados de fungos conidiais ou anamórficos. Os fungos conidiais são também conhecidos como fungos mitospóricos, fungos imperfeitos e Deuteromicetos, hoje nomes obsoletos. Estes fungos são organismos microscópicos caracterizados pela produção de esporos de origem mitótica, chamados de conídios, cuja principal função é a dispersão para garantir a 3 sobrevivência da espécie (ALEXOPOULOS et al., 1996). Até o momento, algumas poucas conexões anamorfo-teleomorfo são conhecidas devido à dificuldade do estabelecimento dessas conexões (SEIFERT et al., 2011). Acredita-se, ainda, que muitos fungos conidiais tenham perdido a capacidade de se reproduzir sexualmente, ou simplesmente só se reproduzem de forma sexual diante de condições extremamente especiais, até então desconhecidas (KIRK et al., 2001). Além dos conídios, os conidióforos e as células conidiogênicas compõem as estruturas reprodutivas básicas deste grupo, sendo de grande importância para a taxonomia devido a grande diversidade morfológica propiciada pela plasticidade fenotípica/genotípica do grupo (ALEXOPOULOS et al., 1996). De acordo com a caracterização da estrutura reprodutiva, são divididos em blastomicetos (leveduras que se reproduzem assexuadamente), coelomicetos (formam picnídios ou acérvulos) e hifomicetos (formam conidióforos simples ou agrupados em sinema ou esporodóquio), sendo estes últimos os mais estudados (SEIFERT et al., 2011). Os fungos conidiais podem estar presentes em quase todos os tipos de substratos passíveis de serem utilizados em sua nutrição e podem ser encontrados tanto em ambientes terrestres, associados a plantas, serapilheira, solo e outros substratos, quanto em ambientes aquáticos (água doce, salobra ou salgada), associados a partes de vegetais submersas, organismos aquáticos, e outros (ALEXOPOULOS et al., 1996; MUELLER et al., 2004; SEIFERT et al., 2011). 1.3.Ambientes de água doce e os substratos vegetais submersos Os ambientes de água doce ocupam uma porção pequena da superfície da Terra, quando comparados aos terrestres e marinhos; porém a sua importância é imensurável (ODUM, 2001). Podem ser divididos em lóticos (rios, riachos, cachoeiras, córregos) por possuírem um fluxo contínuo de água, e lênticos (lagos, lagoas, pântanos) relativos à água parada, com movimento lento ou estagnado (THOMAS, 1996; ODUM, 2001). Existem ainda os ecossistemas híbridos rios/lagos, que são os reservatórios e represas artificiais (KIMMEL et al., 1990). Além da diferença no fluxo, outros dois fatores influenciam nas diferenças entre estes ambientes: a permuta de nutrientes terra-água, que é maior em ambientes lóticos, e a concentração de oxigênio, que também é maior e mais uniforme nesse tipo de ambiente, enquanto nos lênticos o teor de oxigênio é variável (ODUM, 2001), sendo geralmente 4 menor na zona bentônica (PRATTE-SANTOS et al., 2008). Devido às trocas intensas com o ambiente terrestre, os ambientes lóticos formam ecossistemas mais abertos com comunidades de metabolismo heterotrófico, enquanto os ecossistemas lênticos favorecem organismos autotróficos e a produção primária (KIMMEL et al., 1990). A vegetação circundante de rios e riachos também influencia nas comunidades desses ecossistemas, contribuindo com material vegetal alóctone. O sombreamento causado pela vegetação nestes ambientes pode interferir ainda na redução da produção autotrófica. Nos trechos em que há uma diminuição de material alóctone e uma maior disponibilidade de luz, a produção primária ganha espaço (VANNOTE et al., 1980). Os materiais vegetais alóctones, levados aos ambientes aquáticos através de chuvas, ventos, escoamentos de águas superficiais e assoreamentos, assim como os substratos vegetais de origem aquática, são de fundamental importância para a colonização por fungos (WONG et al., 1998). Os galhos e cascas permanecem mais tempo submersos do que as folhas, pois levam mais tempo para se decompor e, consequentemente, apresentam uma maior variedade de grupos de fungos ao longo desse processo. Contudo as folhas são mais abundantes em termos de biomassa (SHEARER, 1992; MATHURIAU & CHAUVET, 2002). Segundo THOMAS (1996) e WONG et al. (1998), os ambientes lênticos apresentam menor número de fungos devido a deficiência na concentração de oxigênio e por ser um ambiente de produção primária. Já nos ambientes lóticos, a riqueza de fungos é maior. 1.4. Os fungos em ambientes aquáticos No ambiente aquático são encontrados hifomicetos, coelomicetos, leveduras, fungos zoospóricos, ascomicetos e alguns basidiomicetos (GOH, 1997). Cerca de 3.047 táxons de fungos já foram relatados para este ambiente, sendo os grupos mais representativos compostos por integrantes do Filo Ascomycota, com 1.527 espécies e seus anamorfos, com 785 espécies, seguidos do Filo Chytridiomycota, com 576 espécies (SHEARER et al., 2007). Entretanto, estes números referentes à biodiversidade podem estar superestimados, uma vez que apenas poucas conexões teleomorfo/anamorfo são conhecidas, permitindo assim, que as diferentes fases do mesmo fungo sejam contabilizadas como espécies distintas. 5 PARK (1972) classificou esses microrganismos de acordo com seu nível adaptativo, dividindo-os em dois grupos: nativos e imigrantes, ambos considerados ecologicamente ativos devido a sua importância no papel da decomposição nos ecossistemas aquáticos. Os nativos são aqueles que apresentam o ciclo de vida completo no ambiente aquático, possuindo adaptações para isso. Já os imigrantes, são aqueles que vivem apenas uma parte de seu ciclo de vida no ambiente aquático e retornam ao seu ambiente de origem, o terrestre. Ainda segundo esse autor, os que não residem no ambiente aquático e diminuem o metabolismo ao entrarem nesse ambiente, foram denominados como transientes, e considerados ecologicamente não-ativos. Posteriormente, WEBSTER & DESCALS (1979) sugeriram uma nova denominação para os fungos adaptados aos ambientes terrestre e aquático, classificando-os como anfíbios. THOMAS (1996) apresentou uma classificação mais generalista, considerando os fungos aquáticos como aqueles que apresentam todo ou uma parte do seu ciclo de vida nesse ambiente, sendo esta a classificação mais aceita (GOH & HYDE, 1996; CAI et al., 2003; GOH & TSUI, 2003). 1.5. Fungos conidiais de água doce GOH & HYDE (1996) consideraram quatro grupos ecológicos para os fungos conidiais aquáticos, de acordo com a sua biologia: os fungos Ingoldianos, os fungos aeroaquáticos, os fungos terrestre-aquáticos e os fungos aquático-facultativos. Os fungos Ingoldianos (Fig. 1A) são dependentes exclusivamente do ambiente aquático para sua reprodução. A identificação destes fungos é baseada na morfologia dos conídios, que apresentam formas hidrodinâmicas (tetrarradiados, ramificados e sigmoides) que auxiliam na aderência ao substrato (DIX & WEBSTER, 1995; GOH, 1997). São encontrados principalmente em ambiente lótico com água limpa e clara, sobretudo aderidos à espuma (SRIDHAR et al., 2000). Contudo, também podem ser encontrados em ambientes lênticos (SCHOENLEIN-CRUSIUS et al., 2009). Os fungos aero-aquáticos (Fig. 1B), grupo proposto por BEVERWIJK (1951), são fungos capazes de sobreviver vegetativamente associados à substratos submersos, porém, só esporulam quando expostos ao ar, ou seja, não completam seu ciclo de vida no ambiente aquático (GOH & HYDE, 1996). Geralmente colonizam plantas submersas em corpos d'água rasos e estagnados ou de fluxo lento, como lagos, e dependem das secas periódicas de seus habitats. Seus conídios tem formas distintas, com predomínio de helicoidais e 6 clatróides, geralmente multicelular, com reservatórios de ar que os tornam extremamente flutuantes. Sua dispersão ocorre na superfície da água (GOH & HYDE, 1996; SHEARER et al., 2007). Os fungos terrestre-aquáticos são encontrados em gotas de chuva ou orvalho acumuladas em partes de plantas intactas, como a superfície foliar ou mesmo no tronco, formando um filme d‟água, que funciona como um microhabitat aquático (ANDO, 1992). São representados por fungos delicados, hialinos, com produção de conídios estaurosporos e hialinos, e conidióforos micronematosos (GOH & HYDE, 1996). Os fungos aquático-facultativos, também denominados de fungos aquáticosubmersos (Fig. 1C) (GOH & HYDE, 1996), são fungos que podem ser encontrados tanto em ambiente terrestre quanto aquático (lóticos e lênticos). Estes fungos são caracterizados por serem sapróbios, apresentarem conidióforos e conídios com parede relativamente espessa, podendo se desenvolver sobre substratos vegetais submersos ou terrestres. Podem esporular e dispersar seus conídios nos ambientes terrestre e aquático (GOH & HYDE 1996; GOH, 1997; GOH & TSUI, 2003). Os conídios neste grupo são ovóides, cilíndricos, obclavados, piriformes ou fusiformes, o que não caracteriza adaptações distintas para o ambiente aquático (GOH & HYDE, 1996). GOH (1997) apresentou uma classificação para os fungos conidiais de água doce reconhecendo três grupos: os fungos Ingoldianos, os fungos aero-aquáticos e os fungos aquático-lignícolas, desconsiderando o grupo dos terrestre-aquáticos. O termo „fungos aquáticos lignícolas‟, assim denominados por serem comumente encontrados associados a substratos lignícolas, e em menor número a substratos foliicolas é, na verdade, uma renomeação referente ao grupo dos fungos aquático-facultativos. Porém, este novo termo não contempla todos os fungos do grupo, uma vez que os associa apenas aos substratos lignícolas, não sendo aceito por alguns autores (CHAN et al., 2000; GOH & TSUI, 2003). SHEARER et al. (2007) apresentaram outra classificação: hifomicetos aquáticos (fungos Ingoldianos), fungos aero-aquáticos e fungos miscelâneous que inclui hifomicetos hialinos ou castanhos, cujos conídios não são distintamente modificados para o ambiente aquático. 7 A B C Figura 1. Representantes de três grupos ecológicos de fungos conidiais de água doce. A. Triscelophorus acuminatus Nawawi (fungo Ingoldiano). B. Inesiosporium longispirale (R.F. Castañeda) R.F. Castañeda & W. Gams (fungo aero-aquático). C. Spadicoides macroobovata Matsush (fungo aquático-facultativo). Barras: 20 µm. 1.6. Importância dos fungos nos ecossistemas de água doce Os fungos aquáticos desempenham importantes funções nos ecossistemas dulcícolas. São predominantemente sapróbios ou parasitas, porém apenas algumas poucas espécies são comensalistas, endofíticos de tecidos de plantas e alguns liquens aquáticos podem estabelecer relações simbióticas. Os parasitas podem ser encontrados em algas bentônicas, no plâncton, em macrófitas aquáticas, peixes e anfíbios (THOMAS, 1996; SHEARER et al., 2004). Dentre os fungos aquáticos, os hifomicetos são os mais documentados tanto pela sua importância na cadeia alimentar, quanto pela relativa facilidade de identificação propiciada pela presença de conídios característicos (THOMAS, 1996). O principal papel dos fungos nesses ecossistemas é a degradação de material vegetal submerso, mas também estão envolvidos na degradação de partes de animais, como exoesqueleto e escamas de peixe (GOH & HYDE, 1996). Isto é possível graças à capacidade dos fungos de decompor biopolímeros como celulose, lignina, quitina, queratina e proteínas, além de vários tipos de carboidratos (BARLOCHER & KENDRICK, 1974). Dessa maneira, são responsáveis por reduzirem a matéria orgânica à inorgânica, que pode ser utilizada novamente pelos produtores (ODUM, 2001); também por deixar os substratos mais palatáveis para os invertebrados (SHEARER, 1993; RAJA et al., 2009). 8 1.7. Panorama dos estudos sobre fungos conidiais de água doce Cencil Ingold foi um dos pioneiros no estudo com hifomicetos aquáticos, apresentando estudos taxonômicos e ecológicos de fungos associados à espuma e folhas submersas em riachos na Inglaterra (INGOLD, 1942; 1943; 1958; 1959; 1961). A partir desses trabalhos o grupo ganhou maior visibilidade, sobretudo o grupo ecológico conhecido como fungos Ingoldianos, cujo nome homenageia o pesquisador que os descobriu. Outros pesquisadores o sucederam com estudos de fungos associados ao material vegetal submerso, principalmente em regiões temperadas (DIXON, 1959; PETERSEN, 1962; 1963; BARLOCHER & KENDRICK, 1974; CHARNIER & DIXON, 1982; SHEARER & LANE, 1983; SHEARER & WEBSTER, 1985; 1991). O grupo dos fungos terrestre-aquáticos também tem seus estudos concentrados na região temperada: ANDO & TUBAKI, (1984, 1985); ANDO & KAWAMATO (1996); ANDO et al. (1987); ANDO (1992) e Révay & Gönczol (2011). Para os fungos aeroaquáticos destacam-se os trabalhos de GOOS & DESCALS (1985); ABDULLAH et al, (2005); HAO et al. (2005); VOGLMAYR & DELGADO-RODRIGUEZ (2001) e VOGLMAYR & YULE (2006). Em relação aos fungos aquático-facultativos, a maioria dos trabalhos referem-se a ambientes lóticos, sobretudo associados a substratos vegetais lignícolas, tanto em regiões temperadas (SHEARER & WEBSTER, 1991; HYDE & GOH, 1999; KANE et al., 2002; CAI et al., 2003; TSUI et al., 2003) quanto tropicais (GOH, 1997; VIJAYKRISHNA & HYDE, 2006; SUDHEEP & SRIDHAR, 2011). Os ambientes lênticos tem sido menos explorados (HYDE & GOH, 1998; CAI et al., 2002; LUO et al., 2004). Outros importantes trabalhos para a taxonomia deste grupo foram desenvolvidos por GOH & TSUI (2003) e CAI et al. (2006) com publicações de chaves taxonômicas para os gêneros mais comuns, incluindo ilustrações, comentários e descrições. Atualmente há 549 espécies de fungos conidiais registradas para o ambiente de água doce em todo o mundo, incluindo-se ambientes lóticos e lênticos (SHEARER & RAJA, 2013). Na América do Sul, estudos sobre esses fungos ainda são escassos, como mostrado por SCHOENLEIN-CRUSIUS & GRANDI (2003), em uma compilação de dados da literatura onde reportaram apenas 90 espécies para todo o continente, sendo os países mais investigados: Brasil, Chile, Argentina, Equador, Peru e Venezuela. No Brasil os estudos iniciaram-se no final da década de 1980 no estado de São Paulo, com enfoque para fungos Ingoldianos, através da investigação de folhas submersas 9 (SCHOENLEIN-CRUSIUS & MILANEZ 1989). Posteriormente outros trabalhos foram desenvolvidos (PIRES-ZOTTARELLI et al., 1993; SCHOENLEIN-CRUSIUS & MILANEZ 1990a, 1990b, 1996, 1998; SCHOENLEIN-CRUSIUS, 2002; SCHOENLEINCRUSIUS et al., 1990; 1999; 2007; 2009), onde todos estavam relacionados aos biomas Mata Atlântica e Cerrado. Posteriormente, BARBOSA et al. (2011), BARBOSA & GUSMÃO (2011) e ALMEIDA et al. (2012), abordando o grupo ecológico de fungos aquático-facultativos no Bioma Caatinga, se destacam pelo pioneirismo, apresentando novas espécies e o registro de espécies raras em ambientes lóticos. Estes trabalhos demonstram a riqueza deste grupo de fungos na região semiárida, que ainda é pouco explorada cientificamente, sendo necessário mais estudos para se conhecer melhor a biodiversidade de fungos aquáticos na região. 2. OBJETIVOS Objetivo geral Realizar estudo taxonômico das espécies de fungos conidiais associados à decomposição de substratos vegetais submersos (galhos, cascas, folhas e pecíolos) nas áreas do Bioma Caatinga propostas para estudo do PPBIO/Semiárido. Objetivos específicos Identificar ao nível específico todas as espécies de fungos conidiais encontradas; Descrever e ilustrar as espécies de fungos conidiais que constituam novos registros para o Brasil, América do Sul e continente americano; Apresentar comentários taxonômicos e distribuição geográfica mundial de todas as espécies descritas e ilustradas; Isolar em cultura as espécies de fungos conidiais encontradas; Contribuir para a Coleção de Cultura de Microrganismos da Bahia (CCMB); Contribuir para o acervo do Herbário da UEFS (HUEFS); Ampliar o conhecimento da micota brasileira com a descrição de novos táxons. 10 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Áreas de estudo O presente estudo foi desenvolvido em cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga: Parque Nacional (PARNA) da Serra das Confusões-PI, Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe e Parque Nacional (PARNA) de Ubajara-CE, Serra da Jibóia-BA e, Brejo Paraibano-PB. Estas áreas são referentes ao PPBIO/Semiárido, e foram escolhidas por serem prioritárias para conservação da biodiversidade do semiárido (MMA, 2000). As expedições de coleta foram realizadas entre 2011 e 2012, totalizando cinco coletas, sendo uma para cada área de estudo (Tab. 1). Os municípios correspondentes aos pontos de coleta estão evidenciados na Figura 2. 3.1.1 PARNA da Serra das Confusões-PI O PARNA da Serra das Confusões (Fig. 3 A-B) localiza-se no sudeste do Piauí, possuindo uma área de 502.411 ha. Abrange os municípios de Alvorada do Gurguéia, Bom Jesus, Cristino Castro, Jurema, Tamboril do Piauí, Guaribas, Canto do Buriti e Caracol, sendo os três últimos os mais significativos em termos de área. O PARNA também compõe o Corredor Ecológico de Interligação dos Parques Nacionais da Serra da Capivara e Serra das Confusões e foi classificado como de extrema importância ecológica. (MMA/IBAMA, 2005). A região apresenta vegetação de caatinga e transição cerrado/caatinga, com clima quente e seco, inserido na transição sub-úmido/semiárido, no domínio morfoclimático das caatingas, e possui precipitação média anual de 600 mm e altitude superior a 700 m (VELLOSO et al., 2002; MMA/IBAMA, 2005). O PARNA está inserido na área da bacia hidrográfica do rio Parnaíba, que tem sua nascente no município de Caracol, e apresenta diversos cursos d‟água intermitentes contribuintes desta bacia (AGUIAR & GOMES, 2004; MMA/IBAMA, 2005). 3.1.2 APA da Chapada do Araripe-CE A Mesorregião da Chapada do Araripe compreende 103 municípios, sendo 25 no estado do Ceará, 18 no estado de Pernambuco e 60 no estado do Piauí, possuindo uma área 11 total de 76.654,3 km2 (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2012). A altitude varia de 750 a 950 m e o clima na região é quente e semiárido, com precipitação média anual de 698 mm no setor ocidental e 934 mm no setor oriental. Segundo VELLOSO et al. (2002) a chapada apresenta floresta pluvial nas encostas, frente norte, e cerradão no topo, e as demais áreas são recobertas por carrasco. Características como umidade nebular, águas pluviais e fluviais, juntas nesta área, favoreceram o desenvolvimento da mata úmida, que atualmente está restrita a remanescentes nas encostas no nordeste da Chapada (SILVA et al., 2011). A APA da Chapada do Araripe (Fig. 3 C-D) é uma das unidades de conservação federal da Chapada, ocupando uma área de mais de um milhão de hectares, num mosaico de paisagens tais como: Caatinga Arbórea, Mata Seca, Floresta Ribeirinha, Carrasco, Cerrado, Cerradão e Mata Úmida. Os municípios de Santana do Cariri e Barbalha estão inseridos nesta APA (SILVA et al., 2011). 3.1.3 Serra da Jibóia-BA Localizada na região do Recôncavo Sul, porção leste do Estado da Bahia, a Serra da Jibóia (Fig. 3 E-F) constitui-se um complexo de morros, com aproximadamente 22.000 ha, distribuída ao longo de seis municípios: Santa Terezinha, Castro Alves, Elísio Medrado, Varzedo, São Miguel das Matas e Laje (NEVES, 2005; JUNCÁ, 2006). A altitude na área varia de 750 a 800 m acima do nível do mar e apresenta o índice pluviométrico anual de 1200 mm e temperatura média anual de 21°C, e o clima varia entre tropical úmido e tropical semiúmido (QUEIROZ et al., 1996; TOMASONI & SANTOS, 2003). Diversos tipos de formações vegetais estão presentes na área, como Floresta Ombrófila Densa, com remanescentes de Mata Atlântica, na porção oriental; Floresta Estacional Semi-decidual, Floresta Estacional Decidual e Caatinga Arbórea, na porção ocidental, e Campo Rupestre lato sensu no topo da Serra, o que faz desta área um reservatório de biodiversidade (QUEIROZ et al., 1996; TOMASONI & SANTOS, 2003; NEVES, 2005). Quanto à hidrografia, a Serra da Jibóia separa as bacias dos rios Jiquiriçá, Dona, Jaguaripe e Paraguaçu, atuando como um divisor de águas. A Serra também apresenta importantes nascentes que abastecem vários municípios da região (TOMASONI & SANTOS, 2003). Os riachos presentes no interior da mata apresentam largura variável, entre 2 e 4m, e são levemente encachoeirados, com presença de mata fechada nas suas margens (JUNCÁ, 2006). 12 3.1.4 Brejo Paraibano-PB A microrregião do Brejo Paraibano (Fig. 4 A-D) apresenta uma área de 1.174,168 km2 e pertence à mesorregião Agreste Paraibano, e é composto pelos municípios: Alagoa Grande, Bananeiras, Borborema, Pilões, Serraria, Alagoa Nova e Areia (CAVALCANTE et al., 2009). Possui clima quente e úmido, precipitação média anual de 1.200 mm, a temperatura média anual é de 24,5ºC e a umidade média relativa é de 80%, com período chuvoso de abril a julho (OLIVEIRA et al., 2009; MASCARENHAS et al., 2005; CAVALCANTE et al., 2009). E, encontra-se inserido nos domínios da bacia hidrográfica do rio Mamanguape (MASCARENHAS et al., 2005). A Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau-Ferro, localiza-se no município de Areia e constitui uma Unidade de Conservação de domínio estadual. Ocupa uma extensa área de cerca de 600 ha, com altitude aproximada de 600 m, e representa um dos poucos remanescentes florestais em brejos de altitudes do interior do Nordeste (ANDRADE et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2006). Segundo VELOSO et al., (1991), a vegetação local pode ser classificada como uma disjunção da floresta ombrófila aberta, que por sua vez, é circundada por vegetação de caatinga. 3.1.5 PARNA de Ubajara -CE A Serra de Ibiapaba é uma região montanhosa que se localiza nas divisas dos estados do Ceará e do Piauí, ocupando uma área de 1.592.550 ha, com altitudes que variam de 650 a 800 m, apresentando clima quente e úmido na porção oriental e quente e semiárido na porção ocidental, e médias pluviométricas anuais acima de 1.100 mm (FIGUEIREDO, 1997; VELLOSO et al., 2002). Inserido na porção norte da Serra de Ibiapaba, o PARNA de Ubajara (Fig. 4 E-F), com área de 6.288 ha, localiza-se a noroeste do estado do Ceará e abrange os municípios de Frecheirinha, Tianguá e Ubajara (NASCIMENTO et al., 2005). Apresenta o clima tropical quente sub-úmido, temperatura média variando de 24° a 26°C, e período chuvoso de janeiro à abril. A região tem vegetação variada com formações de carrasco, floresta caducifólia espinhosa, floresta subcaducifólia tropical pluvial e floresta subperenifólia tropical pluvio-nebular (SEPLAN, 2006). 13 Tabela 1: Aspectos gerais das áreas de estudo e período de coleta. Áreas de Estudo Estado Municípios coletados Mês/ano de coleta Vegetação predominante APA da Chapada do Araripe Ceará Santana do Cariri 11‟ 18‟‟S e 39º 13‟‟O) e Barbalha 18‟ 40”S e 39° 15”O) Janeiro/ 2011 Mata atlântica PARNA da Serra das Confusões Piauí Caracol (09°16‟43” S e 43°19‟48” O) Abril/ 2011 Caatinga Serra da Jibóia Bahia Santa Terezinha (12º51‟S e 39º28‟O) Junho/ 2011 Mata atlântica Brejo Paraibano Paraíba Areia (6°58‟12” S e 35°42‟15” O) e Alagoa Nova (7°40‟ S e 35° 47‟O) Novembro/2011 Mata atlântica PARNA de Ubajara Ceará Ubajara (3º 51' 16"S e 40º 55' 16"O ) Maio/2012 Mata atlântica (7° 44‟ (7° 18‟ 14 Figura 2. Mapa evidenciando os municípios de coleta. 1. Santa Terezinha. 2. Caracol. 3. Ubajara. 4. Santana do Cariri. 5. Barbalha. 6. Areia. 7. Alagoa Nova. 15 Figura 3. Locais de coleta. A-B. PARNA da Serra das Confusões. A. Visão Geral. B. Detalhe da vegetação. C-D. APA da Chapada do Araripe. C. Visão geral e efeito da neblina. D. Cachoeira. E-F. Serra da Jibóia. E. Visão geral. F. Riacho em época seca. (Fotos: A-D: Marcos Fábio; E: Fábio Barbosa; F: Silvana da Silva). 16 Figura 4. Locais de coleta. A-B. Areia. A. Visão geral da vegetação da Mata do Pau Ferro. B. Riacho. C-D. Alagoa Nova. C. Visão geral da vegetação. D. Rio Pitombeira. E-F. PARNA de Ubajara. E. Rio Gameleira. F. Rio das Minas. (Fotos: A. Silvana da Silva; B, D: Josiane Monteiro; C. Patrícia Fiuza; E,F: Loise Costa). 17 3.2. Procedimentos de coleta, lavagem e acondicionamento das amostras Substratos vegetais submersos (galho, casca, folha e pecíolo) foram coletados nos rios e riachos, nas áreas de estudo. Os substratos foram coletados com auxílio de pinça e acondicionados em sacos plásticos previamente identificados (Fig. 5 A-B). O material foi encaminhado ao Laboratório de Micologia (LAMIC) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). No laboratório, os substratos foram acondicionados em recipientes plásticos perfurados e estes em bandejas plásticas (50 x 30 x 9 cm) para lavagem em água corrente durante 30 minutos. A bandeja foi posicionada, cerca de 45°, sob uma torneira de forma que o jato d‟água não incida diretamente sobre o material e a água da lavagem possa ser eliminada (Fig. 5 C). Após esse processo os substratos vegetais foram colocados sobre papel toalha por cerca de 20 minutos para secagem (Fig. 5 D), e acondicionados em câmaras-úmidas (placa de Petri + papel filtro) (Fig. 5 E). Estas foram acondicionadas dentro de uma caixa de isopor (170 L) cujas paredes e tampa foram recobertas por papel toalha umedecido (Fig. 5 F). Para manutenção da umidade, foi adicionado 500 ml de água + 2ml de glicerina no fundo da caixa de isopor, que foi periodicamente aberta por cerca de 15 minutos para circulação do ar (modificado de CASTAÑEDA-RUIZ, 2005). Após 72 horas o material incubado foi observado sob estereomicroscópio Leica EZ4 e revisado periodicamente durante 30 dias, período de isolamento dos fungos. Durante esse período foram confeccionadas lâminas permanentes com resina PVL (álcool polivinílico + ácido lático + fenol) (TRAPPE & SCHENCK, 1982) (Fig. 5 G). Para os fungos cujas estruturas reprodutivas são hialinas e delicadas, foram montadas lâminas semipermanentes contendo apenas ácido lático, e estas foram vedadas com esmalte incolor. Após confeccionadas, as lâminas foram acondicionadas em laminários e depositadas no HUEFS. 18 Figura 5. Metodologia. A. Coleta do material vegetal submerso. B. Acondicionamento em sacos plásticos. C. Lavagem em água corrente. D. Secagem. E. Montagem de câmaras-úmidas. F. Acondicionamento em caixa de isopor umedecida. G. Confecção de lâminas permanentes. H. Observação e medição dos espécimes sob microscópio de luz. (Fotos: A, H: Josiane Monteiro; B,E,F: Silvana da Silva; C,G: Flávia Barbosa; D: Sheila Leão). 19 3.3 Identificação A identificação dos fungos foi realizada ao nível de espécie a partir da comparação morfológica de estruturas de importância taxonômica (conídio, célula conidiogênica, conidióforo, entre outras), com auxílio de bibliografia especializada, comparando os dados obtidos com os já registrados na literatura. Foi utilizado microscópio de luz Axioscop 40 Carl Zeiss para observação e medição das estruturas de importância taxonômica (Fig. 5 H). Descrição detalhada, comentários taxonômicos e distribuição geográfica mundial, foram apresentados para as novas espécies e novos registros de fungos conidiais. 3.4 Fotomicrografia Os fungos conidiais que representaram novos registros e/ou espécies novas, foram fotomicrografados com auxílio do microscópio Olympus BX51, com prismas de contraste de interferência diferencial (DIC), câmera DP25 acoplada, com os softwares “Imaging Software Cellsens”, versão 2.3, build 7045 e “Combine ZP”, versão 1.0. (Fig. 6). Figura 6. Equipamento utilizado para fotomicrografar os fungos. 20 3.5 Isolamento em cultura e preservação O isolamento consistiu na transferência de conídios diretamente dos substratos investigados para placas de Petri, contendo meio de cultura, com auxílio de um estilete flambado (Fig. 7 A). Foram utilizados os meios de cultura: AA (ágar-água), CMA (Cenoura Milho Ágar) e o meio ágar-malte a 0,1% contendo cloranfenicol numa concentração de 100mg/l (DESCALS, 2005). As placas de Petri contendo o fungo foram acondicionadas em estufa incubadora tipo B.O.D. (cerca de 21°C) até a esporulação dos mesmos. Após esse período e a verificação da pureza do isolamento (Fig. 7 B), o fungo foi transferido para quatro tubos de ensaio e preservados com óleo mineral (Fig. 7 C). O método de Castellani, também foi utilizado como uma segunda forma de preservação (Fig. 7 D) (MENEZES & ASSIS, 2004). Os fungos preservados foram depositados na Coleção de Cultura de Microrganismos da Bahia (CCMB). Figura 7. Isolamento e Preservação. A. Isolamento de fungos conidiais em cultura. B. Culturas puras. C. Preservação em tubos com óleo mineral. D. Preservação pelo método de Castellani. 21 3.6 Herbário As lâminas permanentes e semipermanentes confeccionadas e identificadas, foram depositadas no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). Os substratos vegetais colonizados por fungos foram, individualmente, preservados a seco em envelopes (Fig. 8), devidamente identificados, que foram também adicionados ao HUEFS. Figura 8. Material seco preservado. 3.7 Análises de riqueza e similaridade A riqueza foi representada pelo número total de espécies presentes nos diferentes tipos de substrato e em cada área. A análise de similaridade das comunidades de fungos aquáticos entre as diferentes áreas foi realizada no programa PAST (“Paleontological Statistics”), utilizando-se o índice de similaridade de Sørensen e o algoritmo UPGMA. Uma matriz de similaridade foi feita baseada nos dados de presença (1) ou ausência (0) das espécies, para os cinco locais (MAGURRAN, 1988). 22 Referências ABDULLAH, S.K.; GENÉ, J. & GUARRO, J. 2005. A synopsis of the aero-aquatic genus Pseudaegerita and description of two new species. Mycological Research, 109(5): 590594. AGUIAR, R.B. & GOMES, J.R.C. (Org.) 2004. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea, estado do Piauí: diagnóstico do município de Caracol. Fortaleza: CPRM - Serviço Geológico do Brasil. 8p. ALEXOPOULOS, C.J.; MIMS, C.W. & BLACKWELL, M. 1996. Introductory Mycology. 4.ed. New York: John Wiley & Sons. 869p. ALMEIDA, A.C.A.; BARBOSA, F.R. & GUSMÃO, L.F.P. 2012. Alguns fungos conidiais aquático-facultativos do bioma Caatinga. Acta Botanica Brasilica 26(4): 918-926. ANDO, K. 1992. A study of terrestrial aquatic hyphomycetes. Transactions of the Mycological Society of Japan 33: 415- 425. ANDO, K & KAWAMATO, I. 1986. Arborispora, a new genus of hyphomycete. Transactions of the Mycological Society of Japan 27: 119-128. ANDO, K. & TUBAKI, K. 1984. Some undescribed hyphomycetes in rainwater draining from intact trees. Transactions Mycological Society of Japan 25: 39-47. ANDO, K. & TUBAKI, K. 1985. Three new hyphomycetes from Japan: Anthopsis microspora, Scutisporus brunneus and Titaeella capnophila. Transactions Mycological Society of Japan 26: 151-160. ANDO, K.; TUBAKI, K. & Arai, M. 1987. Trifurcospora, a new generic name for Flabellospora irregularis. Transactions Mycological Society of Japan 28: 469- 473. ANDRADE, L.A.; OLIVEIRA, F.X.; NASCIMENTO, I.S.; FABRICANTE, J.R.; SAMPAIO, E.V.S.B. & BARBOSA, M.R.V. 2006. Análise florística e estrutural de matas ciliares ocorrentes em brejo de altitude no município de Areia, Paraíba. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, 1: 31– 40. 23 BARBOSA, F.R. & GUSMÃO, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome of Brazil. Rare freshwater hyphomycetes and other new records. Mycosphere 2(4), 475–485. BARBOSA, F.R.; SILVA, S.S.; FIUZA, P.O. & GUSMÃO, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome of Brazil. New species and records for Thozetella. Mycotaxon 115: 327-334. BARLOCHER, F. & KENDRICK, B. 1974. Dynamics of the fungal population on leaves in a stream. Journal of Ecology 62: 761-791. BEVERWIJK, van AL. 1951. Zalewski's Clathrosphaera spiriJera'. Transactions of the British Mycological Society 34: 280-290. CAI, L.; TSUI, C.K.M.; ZHANG, K & HYDE, K.D. 2002. Aquatic fungi from Lake Fuxian, Yunnan, China. Fungal Diversity 9: 57–70 CAI, L., ZHANG, K., MCKENZIE, E.H.C. & HYDE, K.D. 2003. Freshwater fungi from bamboo and wood submerged in the Liput River in the Philippines. Fungal Diversity, 13: 1-12. CAI, L.; HYDE, K.D & TSUI, C.K.M. 2006. Genera of freshwater fungi. Fungal Diversity Research Series 18. Hong Kong: Fungal diversity press. 261p. CASTAÑEDA-RUIZ, R.F. 2005. Metodología en el estudio de los hongos anamorfos. p.: 182-183. In: Anais do V Congresso Latino Americano de Micologia, Brasília, Brasil. CAVALCANTE, A. 2005. Jardins suspensos no Sertão. Scientific American Brasil 32: 6673. CAVALCANTE, L.F.; LIMA, E.M.; FREIRE, J.L.O.; PEREIRA, W.E.; COSTA, A.P.M. & CAVALVANTE, I.H.L. 2009. Componentes qualitativos do cajá em sete municípios do Brejo Paraibano. Acta Scientiarum Agronomy, 31(4): 627-632. CHAN, S.Y.; GOH, T.K. & HYDE, K.D. 2000. Ingoldian fungi in Hong Kong. In: HYDE, K.D.; HO, W.H. & POINTING, S.B. (eds.) Aquatic Mycology across the Millennium. Fungal Diversity 5. p.: 89-107. 24 CHARNIER, A.C. & DIXON, P.A. 1982. Pectinases in leaf degradation by aquatic hyphomycetes. I. The field study. The colonization-pattern of aquatic hyphomycetes on leaf packs in a Surrey stream. Oecologia 52, 109-115. CONSERVATION INTERNATIONAL. 2007. Biodiversity Hotspots. Disponível em: http://www.biodiversityhotspots.org/xp/Hotspots/. Acesso em 12 de jan. 2013. DESCALS, E. 2005. Techniques for handling ingoldian fungi. In: GRAÇA, M.A.S.; BÄRLOCHER, F.; GESSNER, M. O. (eds). Methods to Study Litter Decomposition. Holanda: Springer, p.: 129-141. DIX, N.I. & WEBSTER, J. 1995. Fungal Ecology. Cambridge: University Press. 548p. DIXON, P.A. 1959. Stream spora in Ghana. Transactions of the British Mycological Society, 42(2): 174-176. FIGUEIREDO, M.A. 1997. A cobertura vegetal do Ceará (Unidades Fitoecológicas). In: Atlas do Ceará. Fortaleza: Inplance, p.: 28-29. GIULLIETI, A.M.; CONCEICAO, A. & QUEIROZ, L.P. 2006. Diversidade e caracterização das fanerógamas do semi-árido brasileiro. Recife: Associação Plantas do Nordeste. 488 p. GOH, T.K. 1997. Tropical freshwater Hyphomycetes. In: HYDE, K.D. (ed) Biodiversity of tropical Microfungi. Hong Kong: Hong Kong University Press. p.: 189-227. GOH, T.K. & HYDE, K.D. 1996. Biodiversity of freshwater fungi. Journal of Industrial Microbiology & Biotechnology, 17: 328-345. GOH, T.K. & TSUI, C.K.M. 2003. Key to common dematiaceous hyphomycetes from freshwater. In: TSUI, C.K.M. & HYDE, K.D. (eds.) Freshwater mycology. Hong Kong: Fungal Diversity Press. p.: 325-343. GOOS, R.D. & DESCALS, E. 1985. Occurrence of Infundibura adhaerens in aquatic habitats in Britain. Transactions of the British Mycological Society, 84(1): 170-171. HAO, Y.; MO, M.; SU, H. & ZHANG, K. 2005. Ecology of aquatic nematode-trapping hyphomycetes in southwestern China. Aquatic microbial ecology, 40: 175-181. 25 HAWKSWORTH, D.L. 2012. Global species numbers of fungi: are tropical studies and molecular approaches contributing to a more robust estimate? Biodiversity and Conservation, 21: 2425–2433. HIBBETT, D.S.; BINDER, M.; BISCHOFF, J.F.; BLACKWELL, M.; CANNON, P.F.; ERIKSSON, O.; HUHNDORF, S.; JAMES, T.; KIRK, P.M.; LÜCKING, R.; LUMBSCH, T.; LUTZONI, F.; MATHENY, P.B.; MCLAUGHLIN, D.J.; POWELL, M.J.; REDHEAD, S.; SCHOCH, C.L.; SPATAFORA, J.W.; STALPERS, J.A.; VILGALYS, R.; AIME, M.C.; APTROOT, A.; BAUER, R.; BEGEROW, D., BENNY, G.L.; CASTLEBURY, L.A.; CROUS, P.W.; DAI, Y-C.; GAMS, W.; GEISER, D.M.; GRIFFITH, G.W.; GUEIDAN, C.; HAWKSWORTH, D.L.; HESTMARK, G.; HOSAKA, K.; HUMBER, R.A.; HYDE, K.; KÖLJALB, U.; KURTZMAN, C.; LARSSON, K-H.; LICHTWARDT, R.; LONGCORE, J.; MIADLIKOWSKA, J.; MILLER, A.; MONCALVO, J-M.; MOZLEY-STANDRIDGE, S.; OBERWINKLER, F.; PARMASTO, R.; REEB, V.; ROGERS, J.D.; ROUX, C.; RYVARDEN, .L; SAMPAIO, J.P.; SCHUESSLER, A.; SUGIYAMA, J.; THORN, R.G.; TIBELL, L.; UNTEREINER, W.A.; WALKER, C.; WANG, A.; WEIR, A.; WEISS, M.; WHITE, M.; WINKA, K., YAO, Y-J. & ZHANG, N. 2007. A higher-level phylogenetic classification of the Fungi. Mycological Research, 111: 509-547. HUMBER, R.A. 2012. Entomophthoromycota: a new phylum and reclassification for entomophthoroid fungi. Mycotaxon, 120: 477-492. HYDE, K.D. & GOH, T.K. 1998. Fungi on submerged wood in Lake Barrine, north Queensland, Australia. Mycological Research 102(6): 739-749. HYDE, K.D. & GOH, T.K. 1999. Fungi on submerged wood from the River Coln, England. Mycological Research 103(12): 1561-1574. INGOLD, C.T. 1942. Aquatic hyphomycetes of decaying alder leaves. Transactions of the British Mycological Society, 25, 339-417. INGOLD, C.T. 1943. Further observations on aquatic hyphomycetes of decaying leaves. Transactions of the British Mycological Society, 26,104-115. INGOLD, C.T. 1958. Aquatic Hyphomycetes from Uganda and Rhodesia. Transactions of the British Mycological Society, 41 (1): 109-114. 26 INGOLD C.T. 1959. Aquaticspora of omo forest, Nigeria. Transactions of the British Mycological Society, 42(4): 479-485. INGOLD C.T. 1961. Another aquaic spore-type with clamp connexions. Transactions of the British Mycological Society, 44(1): 27-30. JONES, M.D.M.; FORN, I.; GADELHA, C.; EGAN, M.J.; BASS, D.; MASSANA, R. & RICHARDS, T.A. 2011. Discovery of novel intermediate forms redefines the fungal tree of life. Nature 474: 200–203. JUNCÁ, F.A. 2006. Diversidade e uso de hábitat por anfíbios anuros em duas localidades de Mata Atlântica, no norte do estado da Bahia. Biota Neotropica 6 (2): 1-17. KANE, D.F.; TAM, W.Y. & JONES, E.B.G. 2002. Fungi colonising and sporulating on submerged wood in the River Severn, UK. Fungal Diversity 10: 45-55. KIMMEL, B.L.; LIND, O.T. & PAULSON, L.J. 1990. Reservoir primary production. In: THORNTON, K.W.; KIMMEL, B.L. & PAYNE, F.E. (eds.). Reservoir Limnology. Ecological Perpectives. New York: Awiley - Interscience Publication, John Wiley & Sons. p.: 133-193. KIRK, P.M., CANNON, P.F., DAVID, J.C. & STALPERS, J.A. 2001. Ainsworth and Bisby‟s Dictionary of the fungi, 9th edition. Wallingford: CABI Publishing. 655p. LUO, J.,YIN, J.F., CAI, L., ZHANG, K.Q. & HYDE, K.D. 2004. Freshwater fungi in Lake Dianchi, a heavily polluted lake in Yunnan, China. Fungal Diversity 16: 93-112. MAGURRAN, A.E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton University Press. 177 p. MASCARENHAS, J.C.; BELTRÃO, B.A.; SOUZA JUNIOR, L.C.; MORAIS, F. MENDES, V.A. & MIRANDA, J.L.F. (Org.). 2005. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. Diagnóstico do município de Areia, estado de Paraíba. Recife: CPRM/PRODEEM. 11p. MATHURIAU, C. & CHAUVET, E. 2002. Breakdown of leaf litter in a Neotropical stream. Journal of the North American Benthological Society, 21(3): 384-396. 27 MENEZES, M. & ASSIS, S.M.P. 2004. Guia prático para fungos fitopatogênicos. Recife: UFRPE, Imprensa Universitária. 184p. MMA- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília: Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata atlântica e Fundação Biodiversitas. 40p. MMA- Ministério do Meio Ambiente. 2002. Biodiversidade brasileira: avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília: Secretaria de Biodiversidade e Florestas. 404p. MMA/IBAMA- Ministério do Meio Ambiente/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. 2005. Plano Operativo de Prevenção e Combate aos incêndios Florestais do Parque Nacional da Serra das Confusões. Piauí: Caracol. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. 2012. Programa de sustentabilidade de espaços sub-regionais – PROMESO. Disponível em: http://www.mi.gov.br/programas/programasregionais/araripe/abrangencia.asp. Acesso em: 18 de ago. de 2012. MUELLER,G.M.; BILLS, G.F. & FOSTER, M.S (Eds). 2004. Biodiversity of fungi: inventory and monitoring methods. Amsterdam: Elsevier Academic Press. 777p. NASCIMENTO, J.L.X.; SALES JÚNIOR, L.G.; SOUSA, A.E.B.A. & MINNS, J. 2005. Avaliação rápida das potencialidades ecológicas e econômicas do Parque Nacional de Ubajara, Ceará, usando aves como indicadores. Ornithologia, 1(1): 33-42. NEVES, M.L.C. 2005. Caracterização da vegetação de um trecho de Mata Atlântica de Encosta na Serra da Jibóia, Bahia. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia. ODUM, E.P. 2001. Fundamentos de ecologia. 6.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 927p. 28 OLIVEIRA, F. X.; ANDRADE, L.A. & FÉLIX, L. P. 2006. Comparações florísticas e estruturais entre comunidades de Floresta Ombrófila Aberta com diferentes idades, no Município de Areia, PB, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20(4): 861-873. OLIVEIRA, I. A.; LIMA, J. R. S.; SILVA, I. F.; ANTONINO, A. C. D.; GOUVEIA NETO, G. C. & LIRA, C. A. B. O. 2009. Balanço de energia em mamona cultivada em condições de sequeiro no Brejo Paraibano. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, 4(2): 185-191. OLIVEIRA, G.; ARAÚJO, M.B.; RANGEL, T.F.; ALAGADOR, D. & DINIZ-FILHO, J.A.F. 2012. Conserving the Brazilian semiarid (Caatinga) biome under climate change. Biodiversity and Conservation 21: 2913–2926. PARK, D. 1972. On the ecology of heterotrophic micro-organisms in fresh-water. Transactions of the British Mycological Society, 58: 291-299. PETERSEN, R.H. 1962. Aquatic hyphomycetes from North America. I. Aleuriospoae (Part I) and key to the genera. Mycologia, 54(2): 117-151. PETERSEN, R.H. 1963. Aquatic Hyphomycetes from North America. II. Aleuriosporae (Part 2), and Blastosporae. Mycologia, 55(1): 18-29. PIRES-ZOTTARELLI, C.L.; SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1993. Quantitative estimation of zoosporic fungi and aquatic Hyphomycetes on leaves submerged in a stream in the atlantic rainforest, in the state of São Paulo, Brazil. Revista de Microbiologia 24(3): 192-197. PRATTE-SANTOS, R.; TERRA, V.R. & BARBIÉRI, R.S. 2008. Perspectivas da avaliação da qualidade da água em rios por intermédio de parâmetros físicos, químicos e biológicos Natureza on line, 6 (2): 63-65. QUEIROZ, L.P.; SENA, T.S.N. & COSTA, M.J.S.L. 1996. Flora vascular da Serra da Jibóia, Santa Terezinha-BA..I: o campo rupestre. Sitientibus, 15: 27-40. RAJA, H.A.; SCHMIT, J.P. & SHEARER, C.A. 2009. Latitudinal, habitat and substrate distribution patterns of freshwater ascomycetes in the Florida Peninsula. Biodiversity and Conservation, 18: 419-455. 29 RÉVAY, A. & GÖNCZOL, J. 2011. Canopy fungi (“terrestrial aquatic hyphomycetes”) from twigs of living evergreen and deciduous trees in Hungary. Nova Hedwigia 92(3-4): 303-316. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. 2002. Aquatic Hyphomycetes from cerrado regions in the state of São Paulo, Brazil. Mycotaxon 81:457-462. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & GRANDI, R.A.P. 2003. The diversity of aquatic hyphomycetes in south America. Brazilian journal of Microbiology 34: 183-193. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1989. Sucessão fúngica em folhas de Ficus microcarpa L.F., submersas no Lago Frontal situado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo. Revista de Microbiologia 20(1): 95-101. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1990a. Hyphomycetes aquáticos no Estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 13(1):61-68. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1990b. Aquatic Hyphomycetes in São Paulo State, Brazil. I First observations. Hoehnea 17: 111-115. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1996. Diversity of aquatic fungi in Brazilian Ecosystems. In: Bicudo, C.; Menezes, N.A. (eds) Biodiversity in Brazil, a first approach p.31-48. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. & MILANEZ, A.I. 1998. Fungal succession on leaves of Alchornea triplinervea (Spreng) M. Arg. Submerged in a stream of an Atlantic rainforest in the State of São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 21(3): 253-259. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H. ; MOREIRA, C.G. & PIRES-ZOTTARELLI, C.L.A..O. 2007. Papel dos fungos nos ecossistemas aquáticos. Boletim da Sociedade Brasileira de Limnologia 36: 26-28. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H.; MOREIRA, C.G. & BICUDO, D.C. 2009. Aquatic Hyphomycetes in the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – PEFI, São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 32(3): 411-426. 30 SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H.; PIRES-ZOTTARELLI, C.L. & MILANEZ, A.I. 1990. Sucessão fúngica em folhas de Quercus robur L. (carvalho) submersas em um lago situado no município de Itapecerica. SP. Revista de Microbiologia, 21(1): 61-67. SCHOENLEIN-CRUSIUS, I.H.; PIRES-ZOTTARELLI, C.L.; MILANEZ, A.I. & HUMPHREYS, R.D. 1999. Interaction between the mineral content and the occurrence number of aquatic fungi in leaves submerged in a stream in the Atlantic rainforest, São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 22(2): 133-139. SEIFERT, K.; MORGAN-JONES, G.; GAMS, W. & KENDRICK, B. 2011. The Genera of Hyphomycetes. CBS Biodiversity Series no.9. Utrecht: CBS-KNAW Fungal Biodiversity Centre. 997p. SEPLAN- SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO. 2006. Perfil básico municipal, Ubajara. Fortaleza: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE). 10p. SHEARER, C.A. 1992. The role of woody debris in the life cycles of aquatic hyphomycetes. In: BARLOCHER, F. (ed.) Studies in Ecology. The ecology of aquatic hyphomycetes. Berlin: Springer-Verlag. p.: 77-98. SHEARER, C.A. 1993. The freshwater ascomycetes. Nova Hedwigia 56: 1-33. SHEARER, C.A. & LANE, L.C. 1983. Comparison of three techniques for the study of aquatic hyphomycete communities. Mycologia 75, 498-508. SHEARER, C.A. & RAJA, H.A. 2013. Freshwater Ascomycetes Database. Disponível em: http://fungi.life.illinois.edu/. Acesso em 12 de jan. de 2013. SHEARER, C.A. & WEBSTER, J. 1985. Aquatic hyphomycete communities in the River Teign. I. Longitudinal distribution patterns. Transactions of the British Mycological Society 84, 489-501. SHEARER, C.A & WEBSTER, J. 1991. Aquatic hyphomycete communities in the river Teign. IV. Twig colonization. Mycological Research, 95(4): 413-420. 31 SHEARER C.A.; LANGSAM, D.M. & LONGCORE, J.E. 2004. Fungi in Freshwater Habitats. In: MUELLER, G.M.; BILLS, G.F. & FOSTER, M.S. (eds) Biodiversity of Fungi: Inventory and monitoring methods. Academic Press. p.:513-531. SHEARER, C.A.; DESCALS, E.; KOHLMEYER, B.; KOHLMEYER, J.; MARVANOVÁ, L.; PADGETT, D.; PORTER, D.; RAJA, H.A.; SCHMIT, J.P.; THORTON, H.A. & VOGLYMAYR, H. 2007. Fungal biodiversity in aquatic habitats. Biodiversity conservation, 16: 49-67. SILVA, E.C.; NOGUEIRA, R.J.M.C.; AZEVEDO NETO, A.D.; BRITO, J.Z. & CABRAL, E.L. 2004. Aspectos ecofisiologicos em dez espécies em uma área de caatinga no município de Cabaceiras, Paraíba, Brasil. Revista Iheringia, Serie Botânica 59: 201-205. SILVA, W.A.G.; LINHARES, K.V. & CAMPOS, A.A. (Org.). 2011. Plano de ação nacional para a conservação do soldadinho-do-araripe. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBIO. 72p. (Série espécies ameaçadas; 15). SRIDHAR, K.R.; KRAUSS, G.; BARLOCHER, E.; WENNRICH, R. & KRAUSS, G.-J. 2000. Fungal diversity in heavy metal polluted waters in central Germany. In: HYDE, K.D.; HO, W.H. & POINTING, S.B. (eds.) Aquatic Mycology across the Millennium. Hong Kong: Fungal Diversity 5. p.: 119-129. SUDHEEP, N.M. & SRIDHAR K.R. 2011.Diversity of lignicolous and Ingoldian fungi on woody litter from the River Kali (Western Ghats, India). Mycology 2(2): 98-108. THOMAS, K. 1996. Freshwater fungi. In: Grgurinovic (ed.) Fungi of Australia. Canberra: Australian Biological Resources. p.: 1-37. THOMAS, W.W. & BRITTON, E.G. (Ed.). 2008. The Atlantic coastal forest of Northeastern Brazil. New York: The New York Botanical Garden. 586 p. TOMASONI, M.A. & SANTOS, S.D. 2003. Lágrimas da Serra: Os impactos das atividades agropecuárias sobre o geossistema da APA Municipal da Serra da Jibóia, no Município de Elísio Medrado-BA. In X Simpósio Nacional de Geografia Física Aplicada, Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, v. 1. 32 TRAPPE, J.M. & SCHENCK, N.C. 1982. Taxonomy of the fungi forming Endomycorrhizae. In: Methods and principles of Mycorrhizae research. (N.C. Schenck, ed). The American Phytopatological Society, St. Paul, p.: 1-9. TSUI, C.K.M.; HYDE, K.D & HODGKISS, I.J. 2003. Methods for investigating the biodiversity and distribution of freshwater ascomycetes and anamorphic fungi on submerged wood. In: Tsui, C.K.M.; Hyde, K.D. (eds). Freshwater Mycology. Fungal Diversity Research Series 10. Hong Kong. Hong Kong University Press. VANNOTE, R.L.; MINSHALL, W.G.; CUMMINS, K.W.; SEDELL, J.R. & CUSHING, C.E. 1980. The river continuum concept. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 37: 130–37. VELLOSO, A.L.; SAMPAIO, E.V.S.B. & PAREYN, F.G.C. (Eds). 2002. Ecorregiões: Propostas para o bioma Caatinga. Resultados do Seminário de Planejamento Ecorregional da Caatinga/Aldeia-PE. Recife: Associação Plantas do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil. 76 p. VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.R. & LIMA, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 124p. VIJAYKRISHNA, D. & HYDE, K.D. 2006. Inter- and intra stream variation of lignicolous freshwater fungi in tropical Australia. Fungal Diversity 21: 203-224. VOGLMAYR, H. & DELGADO-RODRIGUEZ, G. 2001. Dendroclathra caeruleofusca gen. nov. et sp. nov., an aeroaquatic hyphomycete from Cuba. Canadian Journal of Botany, 79: 995-1000. VOGLMAYR, H. & YULE, C.M. 2006. Polyancora globosa gen. sp. nov., an aeroaquatic fungus from Malaysian peat swamp forests. Mycological Research, 110: 1242-1252. WEBSTER, J. & DESCALS, E. 1979. The teleomorphs of water-borne Hyphomycetes from freshwater. In: KENDRICK. B.(ed.) The Whole Fungus. Canada: National Museum of Natural Sciences. P.: 41-451. 33 CAPÍTULO I __________________________________________________________________________ Fungos conidiais aquático-facultativos no Bioma Caatinga: novos registros para o Brasil e continente americano Artigo a ser submetido para publicação na revista Acta Botanica Brasilica. 34 Fungos conidiais aquático-facultativos no Bioma Caatinga: novos registros para o Brasil e continente americano Silvana Santos da Silva1,2 e Luís Fernando Pascholati Gusmão1 1 Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Micologia, Av. Transnordestina s/n- Novo Horizonte, C.P. 252 e 294, 44036-900, Feira de Santana, BA, Brasil 2 Autor para correspondência: [email protected] 35 RESUMO: (Fungos conidiais aquático-facultativos no Bioma Caatinga: novos registros para o Brasil e continente americano). Em um inventário de fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos, em cinco áreas inseridas no bioma Caatinga (Brejo Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe e Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque Nacional da Serra das Confusões-PI, Serra da Jibóia-BA), foram registradas 86 espécies. Destas, Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr. e Oedemium minus (Link) S. Hughes são novos registros para o Brasil, e Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao, Ellisembia vaginata McKenzie e Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui constituem novos registros para o continente americano. Quinze espécies estão sendo registradas pela primeira vez no ambiente aquático. Descrições, ilustrações, comentários e distribuição geográfica são apresentados para os novos registros. Palavras-chave: ambiente lótico; hifomicetos; taxonomia ABSTRACT: (Facultative-aquatic conidial fungi from the Caatinga Biome: new records for Brazil and American continent). An inventory of freshwater conidial fungi associated with submerged plant debris was made in five areas included in the Caatinga biome (Brejo Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe and Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque Nacional da Serra das Confusões-PI, Serra da Jibóia-BA), were identified 86 species. For these, Corynesporopsis antillana RF Castañeda & WB Kendr. e Oedemium minus (Link) S. Hughes are new records for Brazil, and, Dactylella yunnanensis KQ Zhang, Z. Xing Liu & L. Cao, Ellisembia vaginata McKenzie and Xylomyces pusillus Goh, W. H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui are new records for American continent. Fifteen species are recorded for the first time from freshwater habitat. Descriptions, illustrations, commentaries and geographic distribution are presented to the new records. Key words: hyphomycetes; lotic environment; taxonomy 36 Introdução Os fungos conidiais aquáticos ocorrem em ambientes lóticos e lênticos, associados a materiais vegetais submersos de origem alóctone (Shearer et al. 2004), sendo conhecidas atualmente 549 espécies (Shearer & Raja 2013). Goh & Hyde (1996), em uma revisão sobre fungos de água doce, consideraram quatro grupos ecológicos para os fungos conidiais aquáticos, de acordo com a sua biologia: os fungos Ingoldianos, os fungos aeroaquáticos, os fungos terrestre-aquáticos e os fungos aquático-facultativos. A denominação de fungos aquático-facultativos foi proposta por Ingold (1975). Goh & Hyde (1996) apresentaram um sinônimo para este grupo: aquáticos-submersos. O grupo é caracterizado por serem sapróbios, apresentarem conidióforos e conídios com parede relativamente espessa, podendo se desenvolver sobre substratos vegetais submersos ou terrestres, e esporular e dispersar seus conídios em ambos os ambientes (Goh & Hyde 1996; Goh 1997; Goh & Tsui 2003). Os conídios neste grupo apresentam morfologias variadas, ovoides, cilíndricos, obclavados, piriformes ou fusiformes, o que não caracteriza adaptações distintas para o ambiente aquático (Goh & Hyde 1996). Estes fungos desempenham importante papel no ecossistema aquático, sendo responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, degradando celulose, lignina, queratina, quitina, etc., auxiliando no aumento da palatabilidade dos substratos que são utilizados pelos invertebrados (Bärlocher & Kendrick 1974; Wong et al. 1998). A maioria dos trabalhos sobre fungos aquático-facultativos referem-se a ambientes lóticos, sobretudo associados a substratos vegetais lignícolas, tanto em regiões temperadas (Shearer & Webster 1991; Hyde & Goh 1999; Kane et al. 2002; Tsui et al. 2003) quanto tropicais (Goh 1997; Vijaykrishna & Hyde 2006; Sudheep & Sridhar 2011). Os ambientes lênticos ainda são menos explorados (Hyde & Goh 1998; Cai et al. 2002; Luo et al. 2004). No Brasil, estudos sobre fungos conidiais aquáticos concentram-se na região sudeste, com enfoque para os fungos Ingoldianos (Schoenlein-Crusius & Milanez 1990, 1996, 1998; Schoenlein-Crusius 2002; Schoenlein-Crusius et al. 2009). No entanto, trabalhos recentes, como Barbosa et al. (2011), Barbosa & Gusmão (2011) e Almeida et al. (2012), abordam fungos aquático-facultativos no Bioma Caatinga, e destacam-se pelo pioneirismo, contribuindo para o conhecimento da biodiversidade deste grupo, através de descrições de novas espécies e o registro de espécies raras em ambiente lótico. 37 O presente trabalho teve como objetivo o levantamento de fungos aquáticofacultativos associados a substratos vegetais submersos em ambientes lóticos, em cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga. Material e métodos Expedições foram realizadas entre 2011 e 2012, em cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga, (Brejo Paraibano-PB, Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe e Parque Nacional de Ubajara-CE, Parque Nacional da Serra das Confusões-PI e Serra da Jibóia-BA) todas avaliadas como prioritárias para conservação da biodiversidade pelo Ministério do Meio Ambiente (2000) e utilizadas pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semiárido (PPBio/Semiárido). Substratos vegetais submersos (folhas, pecíolos, galhos, cascas) foram coletados em rios e riachos, e acondicionados em sacos plásticos. As amostras foram transportadas para o laboratório, onde passaram pelo procedimento de lavagem e montagem de câmarasúmidas (modificado de Castañeda Ruiz 2005). No período de 30 dias, as amostras foram analisadas sob estereomicroscópio Leica EZ4 para verificação da presença de estruturas reprodutivas. Lâminas permanentes foram confeccionadas com resina PVL (álcool polivinílico + ácido lático + fenol). As medidas das estruturas reprodutivas e a identificação dos espécimes foram realizadas utilizando microscópio de luz Axioscop 40 Carl Zeiss e as fotomicrografias foram obtidas com câmera DP25 acoplada ao microscópio Olympus BX51, com prismas de contraste de interferência diferencial (DIC). Após a identificação dos fungos, as lâminas foram depositadas no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). Resultados e discussão Após a análise dos substratos vegetais submersos foram identificadas 86 espécies de fungos conidiais. Destas, Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr. e Oedemium minus (Link) S. Hughes são novas referências para o Brasil e Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao, Ellisembia vaginata McKenzie, e, Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui constituem novos registros para o continente americano. Quinze espécies estão sendo citadas pela primeira vez no ambiente aquático. 38 Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr., Univ. Waterloo Biol. Ser. 33:15, 1990 Fig.1-3 Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, solitários, não ramificados, retos, septados, lisos, castanhos, 95−175 × 5−7,5 µm. Células conidiogênicas monotréticas, terminais, integradas, cilíndricas, castanhas, 7,5−10 × 2,5 µm. Conídios em cadeia, elipsóides, 3−6 septados, negros, constritos nos septos, secos, lisos, células centrais, castanho-escuras, células das extremidades levemente arredondadas, proliferando no ápice, castanho-claras a subhialinas, 22,5−42,5 × 5−7,5 µm. Teleomorfo: não conhecido. Distribuição geográfica: Cuba (Castañeda Ruiz & Kendrick 1990), Venezuela (Castañeda Ruiz et al. 2009). Material examinado: BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre galho submerso, 19/VII/2011. S.S.Silva s.n. (HUEFS 123323). Comentários: Corynesporopsis P.M. Kirk é constituído por dez espécies, sendo C. quercicola (Borowska) P.M. Kirk a espécie-tipo (Castañeda Ruiz et al. 2010). As características que definem este gênero são as células conidiogênicas tréticas, terminais, determinadas ou raramente percorrentes, conídios em cadeia, septados, cilíndricos ou elipsóides (Kirk 1981). Corynesporopsis antillana apresenta conídios distintos dentro do gênero, sendo elipsóides a naviculares, constritos nos septos, e com as células das extremidades truncadas ou arredondadas. A espécie mais próxima de C. antillana é C. rionensis Hol.-Jech, porém esta difere por apresentar conídios mais largos, sem constrição nos septos e, células basais e apicais obtusas (Castañeda Ruiz et al. 2010). O espécime brasileiro apresenta conídios com comprimento um pouco maior que na descrição original (Castañeda Ruiz & Kendrick 1990). Corynesporopsis antillana só foi encontrada até momento em ambiente terrestre e com distribuição ainda restrita ao continente americano (Cuba e Venezuela), sendo o material analisado o primeiro registro para o Brasil e para o ambiente aquático. Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao, Mycosystema 7:113, 1995 Fig.4-6 39 Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, solitários, simples ou ramificados, retos, septados, lisos, hialinos, 212,5−275 × 3,5−5 µm. Células conidiogênicas mono ou poliblásticas, integradas, terminais, simpodiais, hialinas, 25−35 × 1,5−2,5 µm. Conídios solitários, fusiformes, curvados ou não, extremidades afiladas, 7−9-septados, secos, lisos, hialinos, 51−79,5 × 7,5−10,5 µm. Teleomorfo: não conhecido. Distribuição geográfica: China (Zhang et al. 1994; Chen et al. 2007 b). Material examinado: BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre folha submersa, 12/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123332). Comentários: Dactylella foi proposto por Grove em 1884, com a espécie tipo D. minuta Grove (Grove 1884). Dactylella, desde sua proposição, vem passando por diversas mudanças conceituais, tanto morfológicas como comportamentais, incluindo neste último aspecto os fungos nematófagos (Subramanian 1963, 1977; Matsushima 1971; Schenck et al. 1977). Rubner (1996), revisando o complexo Dactylella-Monacrosporium, excluiu de Dactylella as espécies predadoras de nematoides, transferindo-as para Monacrosporium Oudem. Contudo, essa proposta não foi aceita por alguns micologistas, havendo ainda a descrição de espécies predadoras em Dactylella (Liu & Zhang 2003; Zhang et al. 2005). Chen et al. (2007a) reavaliaram o complexo Dactylella-Vermispora, baseados na morfologia e em dados de sequência de ITS, e transferiram a espécie Dactylella spermatophoga Drechsler para o gênero Vermispora Deighton & Piroz., e outras cinco espécies do gênero Dactylella, com conidióforos pequenos, para o gênero Brachyphoris Juan Chen, L.L. Xu, B. Liu & Xing Z. Liu. A partir destas observações morfológicas e análises filogenéticas Chen et al. (2007b) consideraram 28 espécies aceitas para Dactylella. Recentemente uma nova espécie foi acrescentada ao gênero, Datylella qiluensis H.Y.Su & M.H.Mo (Su et al. 2011). Após as diversas mudanças conceituais, as principais características de Dactylella são os conidióforos longos, septados, retos ou ramificados, hialinos; conídios solitários, fusiformes, clavados ou elipsóides, septados, lisos, secos, hialinos (Chen et al. 2007 a). O gênero Arthrobotrys Corda também pode ser comparado à Dactylella, porém difere por apresentar estruturas especializadas para predação de nematoides (Seifert et al. 2011). O material analisado confere com as bibliografias consultadas, porém as medidas dos conidióforos apresentaram dimensões maiores que as descritas por Chen et al. (2007 b). Os conídios de D. yunnanensis se assemelham aos de D. oxyspora (Sacc. & Marchal) 40 Matsush e D. qiluensis. Contudo, D. oxyspora apresenta conídios com as extremidades atenuadas, enquanto em D. yunnanensis os conídios possuem afunilamento nítido nas extremidades (Chen et al. 2007b). Já os conídios de D. qiluensis possuem dimensões maiores que os conídios de D. yunnanensis e apresentam a célula apical alongada, formando um filamento na extremidade (Su et al. 2011). Dactylella yunnanensis foi encontrada em amostras de solo na China (Zhang et al. 1994; Chen et al. 2007 b), sendo agora registrada pela primeira vez no continente americano e em substrato vegetal submerso. Ellisembia vaginata McKenzie, Mycotaxon 56:19, 1995 Fig.7-8 Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, solitários, não ramificados, retos a flexuosos, septados, lisos, castanhos, 32,5−57,5 × 5−7,5 µm. Células conidiogênicas monoblásticas, integradas, terminais, cilíndricas, castanhas, 10−15 × 5 µm. Conídios solitários, obclavados, 7−10-pseudoseptados, ápice arredondado e circundado por mucilagem, lisos, castanhos, 40−55 × 7,5−12,5 µm; célula basal truncada, 3,5 µm de larg. Teleomorfo: não conhecido. Distribuição geográfica: Brunei, Nova Caledônia, República das Ilhas Fiji, Samoa Americana (McKenzie 1995); República das Filipinas (Cai et al. 2003); China (Wu & Zhang 2005). Material examinado: BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre galho submerso, 11/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123348). Comentários: Ellisembia Subram. possui 40 espécies (Seifert & Gams 2011; Seifert et al. 2011), sendo a espécie-tipo E. coronata (Fuckel) Subram. (Subramanian 1992). O gênero se caracteriza por apresentar conidióforos solitários, retos ou levemente flexuosos, septados, lisos, castanhos a castanho-escuros; células conidiogênicas monoblásticas, integradas, percorrentes ou não, castanhas; conídios solitários, cilíndricos, obclavados, rostrados, fusiformes, ou clavados, obovoides, base truncada, ápice arredondado ou com apêndice, pseudoseptados, lisos ou verrucosos, castanhos, com secessão esquizolítica (Wu & Zhang 2005). As espécies mais próximas de E. vaginata são: E. gelatinosa (Matsush.) Subram., E. minigelatinosa (Matsush.) W.P. Wu, E. paravaginata Mckenzie e E. reptentioriunda Goh & K.D. Hyde, pois apresentam conídios obclavados e bainha mucilaginosa no ápice. Entretanto, os conídios de E. gelatinosa e E. reptentioriunda apresentam número menor de 41 septos (4-7 e 6-7, respectivamente) (Mckenzie 1995; Wu & Zhang 2005); E. minigelatinosa possui conídios mais estreitos e conidióforos menores (Matsushima 1971; 1975); E. paravaginata tem conídios mais largos e mais escuros (Mckenzie 1995). O material examinado concorda com a descrição original (McKenzie 1995). Ellisembia vaginata já foi registrada tanto em ambiente terrestre (McKenzie 1995) quanto aquático (Cai et al. 2003), e sua distribuição geográfica encontrava-se restrita a países da Àsia e da Oceania, incluindo ilhas entre o dois continentes. O presente trabalho registra a espécie pela primeira vez no continente americano. Oedemium minus (Link) S. Hughes, Can. J. Bot. 36: 790, 1958. Fig.9-14 Basiônimo: Helminthosporium minus Link, Mag. Gesell. naturf. Freunde, Berlin 7: 39, 1815 Setas lisas, ramificadas, parede grossa, ápice agudo a levemente arredondado, castanhas a castanho-escuras. Conidióforos macronemáticos, mononemáticos, ramificados dicotomicamente, ocasionalmente algumas ramificações desenvolvem-se em setas estéreis, lisos, distintamente nodosos, levemente mais claro na região apical, castanhos a castanhoescuros, 7,5−9 µm larg. na base. Células conidiogênicas poliblásticas, integradas, terminais, intercalares, percorrentes, esféricas a subesféricas, dilatadas, cicatrizadas, castanho-claras, 12,5–15 µm de larg. Conídios solitários, simples, ovais, cilíndricos, 1–3septados, secos, lisos, células centrais castanho-escuras, células das extremidades subhialinas, 21−33 × 9−12 µm. Teleomorfo: Chaetosphaerella phaeostroma (Durieu & Mont.) E. Müll. & C. Booth, Trans. Br. Mycol. Soc. 58(1): 77, 1972. Distribuição geográfica: Alemanha, Itália, Reino Unido (Hughes & Hennebert 1963); Lituânia (Irsenaite & Treigiene 2001); República Checa (Johnova 2009); Índia (como Thaxteria phaeostroma (Durieu & Mont.) C. Booth, Farr & Rossman 2013); China, Dinamarca, Estados Unidos da América, Japão, Panamá, Paquistão, Portugal, (como Chaetosphaeria phaeostroma (Durieu & Mont.) Fuckel, Farr & Rossman, 2013); Guiana Francesa, Suécia (como Chaetosphaerella phaeostroma E. Mull. & C. Booth., Farr & Rossman, 2013). 42 Material examinado: BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre casca submersa, 31/V/2012. S.S.Silva s.n. (HUEFS 131200). Comentários: Oedemium Link foi proposto em 1824, com a espécie-tipo O. atrum Link, que apresenta seu teleomorfo em Chaetosphaerella fusca (Fuckel) E. Müll. & C. Booth. Oedemium é composto por 13 espécies, sendo a mais recente O. micheliae Kodsueb, K.D. Hyde & W.H. Ho (Kodsueb et al. 2007). O gênero se caracteriza por apresentar conidióforos ramificados e nodosos, células conidiogênicas poliblásticas, esféricas, subesféricas a piriformes, cicatrizadas e conídios solitários ou em cadeias, elipsóides, oblongos, arredondados nas extremidades ou em forma de halter, 1–3 septados, lisos, secos, castanhos a castanho-escuros (Ellis 1971). Oedemium minus apresenta caracteres bem distintos das demais espécies do gênero, como presença de setas, que são formadas a partir de ramificações dos conidióforos e conídios ovais à cilíndricos, com quatro células (Hughes & Hennebert 1963; Ellis 1971). E, para esta espécie, já foi registrado como seu sinanamorfo Veramyces elegans Subram. (Réblová, 1999). As demais espécies não possuem setas e apresentam conídios globosos a subglobosos, com exceção de O. sparsum Berk. & Broome com conídios fusoides (Saccardo 1886), O. micheliae com conídios elipsóides, oblongos ou em forma de halter (Kodsueb et al. 2007), O. atrum com conídios oblongos e extremidades obtusas arredondadas ou em forma de halter (Ellis 1971) e O. fungicola Bat. & A.F. Vital com conídios elipsóides (Batista et al. 1956). No Brasil só foram registradas até o momento as espécies O. atrum (como O. didymo (J.C. Schmidt) S. Hughes), no estado do Ceará e O. fungicola, no estado de Pernambuco (Mendes & Urben 2012). No continente europeu O. minus já foi amplamente registrado, colonizando substratos vegetais em decomposição em ambiente terrestre. No continente americano ainda estava restrito aos Estados Unidos da América e à Guiana Francesa (Farr & Rossman, 2013), constituindo assim o primeiro registro para o Brasil e em habitat aquático. Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui, Mycol. Res. 101(11): 1328, 1997 Fig.15 43 Conidióforos, células conidiogênicas e conídios não observados. Clamidósporos solitários, fusiformes, 4–7 septados, não constritos nos septos, lisos, secos, gutulados ou não, uniformemente castanhos ou com células centrais mais escuras, 25−45 × 10−15 µm. Teleomorfo: não conhecido. Distribuição geográfica: China (Goh et al. 1997; Tsui et al. 2001). Material examinado: BRASIL. Piauí: Caracol, Parque Nacional da Serra das Confusões, sobre folha submersa, 12/V/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 137916). Comentários: Xylomyces Goos, Brooks & Lamore possui oito espécies e tem como espécie-tipo X. chlamydosporis Goss, R.D. Brooks & Lamore (Goos et al. 1977). Apresenta como características relevantes a ausência de conidióforos, células conidiogênicas e conídios, e é representado exclusivamente pela formação de clamidósporos, que se apresentam castanhos, septados e fusiformes. O gênero é predominantemente lignícola e de ambiente aquático de água doce (Goos et al. 1977; Goh et al. 1997; Hyde & Goh 1999), com exceção de X. foliicola W.B. Kendr. & R.F. Castañeda que foi a única espécie já registrada em ambiente terrestre e colonizando substrato foliicola (Castañeda-Ruiz & Kendrick, 1990). Xylomyces foliicola foi discutido por Goh et al. (1997) como atípico para o gênero, baseados em caracteres morfológicos e pela ocorrência no habitat terrestre. Xylomyces aquaticus (Dudka) K. D. Hyde & Goh já foi encontrado colonizando tanto substratos lignícolas quanto foliicolas em ambiente submerso (Gönczöl et al. 1990; Hyde & Goh 1999). Xylomyces rhizophorae Kohlm. & Volkm.-Kohlm foi registrado em ambiente marinho, associado a galhos e raízes de Rhizophora mangle L. (Kohlmeyer & Volkmann- Kohlmeyer 1998). Xylomyces pusillus foi descrito originalmente decompondo substrato lignícola submerso. No presente trabalho, o material analisado foi encontrado sobre folhas submersas, constituindo a terceira espécie do gênero registrada em substrato foliicola. Os clamidósporos analisados apresentaram o mesmo número de septos que os apresentados por Goh et al. (1997), porém alguns clamidósporos apresentaram dimensões menores. Esta espécie foi encontrada apenas na China (Goh et al. 1997; Tsui et al. 2001), sendo o espécime analisado um novo registro para o continente americano. Primeiro registro para o ambiente aquático: Arthrobotrys dactyloides Drechsler, Mycologia 29(4): 486, 1937 44 Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre galho submerso, 25/V/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 105747). Chloridium transvaalense Morgan-Jones, R.C. Sinclair & Eicker, Mycotaxon 17: 301, 1983 Material examinado – BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre folha submersa, 27/VII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 120872). Curvularia geniculata (Tracy & Earle) Boedijn, Bull. Jard. bot. Buitenz, 3 Sér. 13(1): 129, 1933 Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre folha submersa, 28/V/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123326). Cylindrocladium candelabrum Viégas, Bragantia 6(8): 370, 1946 Material examinado – BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre folha submersa, 07/VII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123328). Cylindrocladiella parva (P.J. Anderson) Boesew., Can. J. Bot. 60(11): 2289, 1982 Material examinado – BRASIL. Paraíba: Areia, Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau-Ferro, Brejo Paraibano, sobre folha submersa, 29/I/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123329). Dactylaria belliana B.C. Paulus, Gadek & K.D. Hyde, Fungal Diversity 14: 146, 2003 Material examinado – BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre folha submersa, 05/VII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123330). Dendryphion comosum Wallr., Fl. Cryp. Germ. (Norimbergae) 2: 300, 1833 Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre folha submersa, 06/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123334). Dischloridium gloeosporioides (G.F. Atk.) U. Braun & K. Schub, Fungal Diversity 20:189, 2005 Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre folha submersa, 17/V/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123342). 45 Ellisembia flagelliformis (Matsush.) W.P. Wu, in Wu & Zhuang, Fungal Diversity Res. Ser. (Hong Kong) 15: 127, 2005 Material examinado – BRASIL. Paraíba: Alagoa Nova, Brejo Paraibano, sobre folha submersa, 06/XII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 123347). Gliocladiopsis tenuis (Bugnic.) Crous & M.J. Wingf., Mycol. Res. 97(4): 446, 1993 Material examinado – BRASIL. Paraíba: Alagoa Nova, Brejo Paraibano, sobre pecíolo submerso, 02/XII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 129289). Lauriomyces heliocephalus (V. Rao & de Hoog) R.F. Castañeda & W.B. Kendr., [as „heliocephala‟], Univ. Waterloo biol. Ser. 32:26, 1990 Material examinado: BRASIL. Piauí: Caracol, Parque Nacional da Serra das Confusões, sobre folha submersa, 06/VI/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 129444). Paliphora multiseptata Gusmão & Leão-Ferreira, Mycologia 100(2): 308, 2008 Material examinado: BRASIL. Piauí: Caracol, Parque Nacional da Serra das Confusões, sobre folha submersa, 03/VI/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 131202). Ernakulamia cochinensis (Subram.) Subram., Kavaka 22/23: 67, 1996 Material examinado – BRASIL. Paraíba: Alagoa Nova, Brejo Paraibano, sobre folha submersa, 18/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 131205). Spadicoides macroobovata Matsush., Matshus. Mycol. Mem. 8: 36, 1995 Material examinado – BRASIL. Bahia: Santa Terezinha, Serra da Jibóia, sobre casca submersa, 28/VII/2011, S.S.Silva s.n. (HUEFS 131208). Stachybotrys nephrospora Hansf., Proc. Linn. Soc. London 155: 45, 1943 Material examinado – BRASIL. Ceará: Ubajara, Parque Nacional de Ubajara, sobre folha submersa, 05/VI/2012, S.S.Silva s.n. (HUEFS 131215). 46 Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de mestrado concedida ao primeiro autor, no Programa de Pós Graduação em Botânica- Universidade Estadual de Feira de Santana, e pela bolsa produtividade (Proc. 303924/2008-0) concedida ao segundo autor. Os autores também agradecem ao Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semi-árido (PPBIO semi-árido / Ministério da Ciência e Tecnologia). Referências bibliográficas Almeida, A.C.A.; Barbosa, F.R. & Gusmão, L.F.P. 2012. Alguns fungos conidiais aquático-facultativos do bioma Caatinga. Acta Botanica Brasilica 26(4): 918-926. Barbosa, F.R. & Gusmão, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome of Brazil. Rare freshwater hyphomycetes and other new records. Mycosphere 2(4), 475– 485. Barbosa, F.R.; Silva, S.S.; Fiuza, P.O. & Gusmão, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome of Brazil. New species and records for Thozetella. Mycotaxon 115: 327-334. Bärlocher, F. & Kendrick, B. 1974. Dynamics of the fungal population on leaves in the streams. Journal of Ecology 62: 761-791. Batista, A.C.; Nascimento, M.L. & Vital, A.F. 1956. Alguns fungos fungícolas. Publicações Instituto de Micologia Universidade de Recife 33: 1-8. Cai, L.; Tsui, C.K.M.; Zhang, K & Hyde, K.D. 2002. Aquatic fungi from Lake Fuxian, Yunnan, China. Fungal Diversity 9: 57–70 Cai, L.; Zhang, K.; McKenzie, E.H.C. & Hyde, K.D. 2003. Freshwater fungi from bamboo and wood submerged in the Liput River in the Philippines. Fungal Diversity 13: 1-12. Castaneda-Ruiz, R.F. 2005. Metodologia en el estudio de los hongos anamorfos. In: V congresso Latino Americano de Micologia. In Anais do V congresso Latino Americano de Micologia. Brasilia. 182-183. Castañeda Ruiz, R.F.; Iturriaga, T.; Minter, D.W.; Abarca, G.H.; Stadler, M.; Saikawa, M. & Fernández, R. 2009. Two new anamorphic fungi and some microfungi recorded from „El Ávila‟, Venezuela. Mycotaxon 107: 225-237. 47 Castañeda Ruiz, R.F. & Kendrick, B. 1990. Conidial fungi from Cuba II. University of Waterloo. Biology Series 33. Castañeda Ruiz, R.F; Silveira-Simón, C.; Gené, J.; Guarro, J.; Minter, D.W.; Stadler, M & Saikawa, M. 2010. A new species of Corynesporopsis from Portugal. Mycotaxon 114: 407-415. Chen, J.; Xu, L.L.; Liu, B. & Liu, X.Z. 2007a. Taxonomy of Dactylella complex and Vermispora. I. Generic concepts based on morphology and ITS sequences data. Fungal Diversity 26: 73-83. Chen, J.; Xu, L.L.; Liu, B. & Liu, X.Z. 2007b. Taxonomy of Dactylella complex and Vermispora. II. The genus Dactylella. Fungal Diversity 26: 85-126. Ellis, M.B. 1971. Dematiaceous hyphomycetes. Kew. Common wealth Mycological Institute. Farr, D.F. & Rossman, A.Y. 2013. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabase/ (acesso em 02/02/2013). Goh, T.K. 1997. Tropical freshwater hyphomycetes. Pp. 189-227. In: Hyde, K.D. (ed.) Biodiversity of tropical microfungi. Hong Kong: Hong Kong University Press. Goh, T.K.; Ho, W.H.; Hyde, K.D. & Tsui, K.M. 1997. Four new species of Xylomyces from submerged wood. Mycological Research 101(11): 1323-1328. Goh, T.K. & Hyde, K.D. 1996. Biodiversity of freshwater fungi. Journal of Industrial Microbiology 17: 328-345. Goh T.K. & Tsui C.K.M. 2003. Key to common dematiaceous hyphomycetes from freshwater. Pp. 325-343. In: Tsui, C.K.M. & Hyde, K.D. (eds.) Freshwater mycology. Hong Kong: Fungal Diversity Press. Gönczöl, J.; Révay, Á. & Fisher, P.J. 1990. Notes on Vargamyces aquaticus, a water borne dematiaceous hyphomycetes. Mycotaxon 39: 301-310. Goos, R.D.; Brooks, R.D. & Lamore, B.J. 1977. An undescribed hyphomycete from wood submerged in a Rhode Island stream. Mycologia 69(2): 280-286. Grove, W.B. 1884. New or noteworthy fungi. Journal of Botany British and Foreign 22: 193-201. Hughes, S.J. & Hennebert, G.L. 1963. Microfungi X. Oedemium, Dimera, Diplosporium, Gongylocladium and Cladotrichum. Canadian Journal of Botany, 41: 773-809. Hyde, K.D. & Goh, T.K. 1998. Fungi on submerged wood in Lake Barrine, north Queensland, Australia. Mycological Research 102(6): 739-749. 48 Hyde, K.D. & Goh, T.K. 1999. Fungi on submerged wood from the River Coln, England. Mycological Research 103(12): 1561-1574. Ingold, C.T. 1975. An ilustrated guide to aquatic and waterbome hyphomycetes Fungi Imperfecti. with notes on their biology. Freshwater Biological Association Science Publications 30: 155-174. Irsenaite, R. & Treigiene, A. 2001. Pyrenomycetes and Loculoascomycetes on oak (Quercus) in Lithuania. Botanica Lithuanica 7: 193-202. Johnova, M. 2009. Diversity and ecology of selected lignicolous Ascomycetes in the Bohemian Switzerland National Park (Czech Republic). Czech Mycology 61: 81-97. Kane, D.F.; Tam, W.Y. & Jones, E.B.G. 2002. Fungi colonising and sporulating on submerged wood in the River Severn, UK. Fungal Diversity 10: 45-55. Kirk, P.M. 1981. New or interesting microfungi II. dematiaceous hyphomycetes from esher common, surrey. Transactions of the British Mycological Society 77(2): 279-297. Kodsueb, R.; McKenzie, E.H.C.; Ho, W.H.; Hyde, K.D.; Lumyong, P. & Lumyong, S. 2007. New anamorphic fungi from decaying woody litter of Michelia baillonii (Magnoliaceae) in northern Thailand. Cryptogamie Mycologie 28(3): 237-245. Kohlmeyer, J. & Volkmann-Kohlmeyer, B. 1998. A new marine Xylomyces on Rhizophora from the Caribbean and Hawaii. Fungal Diversity 1: 159-164. Liu, X.F. & Zhang, K.Q. 2003. Dactylella shizishanna sp. nov., from Shizi Mountain, China. Fungal Diversity 14: 103-107. Luo, J.; Yin, J.F.; Cai, L.; Zhang, K.Q. & Hyde, K.D. 2004. Freshwater fungi in Lake Dianchi, a heavily polluted lake in Yunnan, China. Fungal Diversity 16: 93-112. Matsushima, T. 1971. Microfungi of the Solomon Islands and Papua-New Guinea. Kobe. Published by the author. Matsushima, T. 1975. Icones Microfungorum a Matsushima Lectorum. Kobe. Published by the author. McKenzie, E.H.C. 1995. Dematiaceous hyphomycetes on Pandanaceae. 5. Sporidesmium sensu lato. Mycotaxon 56: 9-29. Mendes, M.A.S. & Urben, A.F. 2012. Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp (acesso em 01/11/2012). 49 Ministério do Meio Ambiente. 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília: Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata atlântica e Fundação Biodiversitas. 40p. Réblová, M. 1999. Studies in Chaetosphaeria sensu genera Chaetospherella and Tengiomyces gen. nov. of the lato I. The Helminthosphaeriaceae. Mycotaxon 70: 387-420. Rubner, A. 1996. Revision of predacious hyphomycetes in the Dactylella-Monacrosporium complex. Studies in Mycology 39: 1-134. Saccardo, P.A. 1886. Sylloge fungorum omnium hucusque cognitorum. IV. Patavii (Typis Seminarii). Schenck, S.; Kendrick, W.B. & Pramer, D. 1977. A new nematode-trapping hyphomycete and a reevaluation of Dactylaria and Arthrobotrys. Canadian Journal of Botany 55: 977985. Schoenlein-Crusius, I.H. 2002. Aquatic Hyphomycetes from cerrado regions in the state of São Paulo, Brazil. Mycotaxon, 81:457-462. Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1990. Aquatic Hyphomycetes in São Paulo State, Brazil. I First observations. Hoehnea, 17: 111-115. Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1996. Diversity of aquatic fungi in Brazilian Ecosystems. In: Bicudo, C.; Menezes, N.A. (eds) Biodiversity in Brazil, a first approach, p.31-48. Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1998. Fungal succession on leaves of Alchornea triplinervea (Spreng) M. Arg. Submerged in a stream of an Atlantic rainforest in the State of São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 21(3): 253-259. Schoenlein-Crusius, I.H.; Moreira, C.G. & Bicudo, D.C. 2009. Aquatic Hyphomycetes in the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – PEFI, São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 32(3), 411-426. Seifert, K. & Gams, W. 2011. The genera of Hyphomycetes – 2011 update. Persoonia 27: 119–129. Seifert, K.; Morgan-Jones, G.; Gams, W. & Kendrick, B. 2011. The Genera of Hyphomycetes. CBS Biodiversity Series no. 9. Utrecht. CBS-KNAW Fungal Biodiversity Centre. Shearer, C.A. & Raja, H.A. 2013. Freshwater http://fungi.life.illinois.edu/ (acesso em 12/01/2013). Ascomycetes Database. 50 Shearer, C.A. & Webster, J. 1991. Aquatic hyphomycete communities in the River Teign. IV. Twig colonization. Mycological Research 95: 413–420. Shearer, C.A.; Langsam, D.M. & Longcore, J.E. 2004. Fungi in Freshwater Habitats. Pp. 513-532. In: Mueller, G.M.; Bills, G.F. & Foster, M.S. (Eds.). Biodiversity of Fungi: Inventory and monitoring methods.San Diego, Academic Press. Su, H.; Hao, Y; Liu, S.; Li, Y.; Cao, Y.; Chen, M.; Su, X. & Yang, X. 2011. Dactylella qiluensis, a new species of aquatic hyphomycete from China. Cryptogamie, Mycologie, 32 (2): 177-183 Subramanian, C.V. 1963. Dactylella, Monacrosporium and Dactylaria. Journal of the Indian Botanical Society 42: 291-300. Subramanian, C.V. 1977. Revisions of hyphomycetes-I. Kavaka 5: 93-98. Subramanian, C.V. 1992. A reassessment of Sporidesmium (Hyphomycetes) and some Related Taxa. Proceedings of the Indian National Science Academy 4: 179-190. Sudheep, N.M. & Sridhar, K.R. 2011. Diversity of lignicolous and Ingoldian fungi on woody litter from the River Kali (Western Ghats, India). Mycology 2(2): 98-108. Tsui, C.K.M.; Hyde, K.D. & Hodgkiss, I.J. 2001. Longitudinal and temporal distribution of freshwater ascomycetesand dematiaceous hyphomycetes on submerged wood in the Lam Tsuen River, Hong Kong. Journal of the North American Benthological Society 20(4): 533–549. Tsui, C.K.M.; Hyde, K.D. & Fukushima, K. 2003. Fungi on submerged wood in the Koito River, Japan. Mycoscience 44: 55-59. Vijaykrishna, D. & Hyde, K.D. 2006. Inter- and intra-stream variation of lignicolous freshwater fungi in tropical Australia. Fungal Diversity 21: 203-224. Wong, M.K.M.; Goh, T.K.; Hodgkiss, I.J.; Hyde, K.D.; Rahghoo, V.M.; Tsui, C.K.M.; Ho, W.H.; Wong, W.S.W. & Yuen, T.K. 1998. Role of fungi in freshwater ecosystems. Biodiversity and Conservation 7: 1187-1206. Wu, W. & Zhang, W. 2005. Sporidesmium, Endophragmiella and related genera from China. Fungal Diversity Research Series 15. Hong Kong. Fungal Diversity Press. Zhang, K.Q.; Liu, X.Z. & Cao, L. 1994. A review of Dactylella and a new species. Mycosystema 7: 111-118. Zhang, J.; Mo, M.H.; Deng, J.S.; Liu, X.F.; Bi, T.J. & Zhang, K.Q. 2005. Dactylella zhongdianensis sp. nov., a new predacious antagonist of nematodes. Mycotaxon 92: 289294. 51 FIGURAS 1-8. 1-3. Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr. 1. Visão geral. 2. Conídios em cadeia. 3. Conídio. 4-6. Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao. 4. Conidióforo. 5. Conídios. 6. Célula conidiogênica. 7-8. Ellisembia vaginata McKenzie. 7. Conidióforos. 8. Conídios. Seta indicando mucilagem. Barras: 1-3, 5-8= 20 µm; 4=50 µm. 52 FIGURA 9-15. 9-14. Oedemium minus (Link) S. Hughes. 9. Visão geral. 10. Ramificação com células conidiogênicas apicais. 11. Seta. 12-13. Conídios. 14. Células conidiogênicas. 15. Xylomyces pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui. 15. Clamidósporos. Barras: 9=100 µm; 10-15=20 µm. 53 CAPÍTULO II __________________________________________________________________________ Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Biome of Brazil. A new species of Dictyochaeta Artigo a ser submetido para publicação na revista Mycosphere. 54 Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Biome of Brazil. A new species of Dictyochaeta Silva SS1* and Gusmão LFP1 1 Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Micologia, Avenida Transnordestina, s/n, Novo Horizonte, 44036-900, Feira de Santana, Bahia, Brasil. ([email protected]) Silva SS & Gusmão LFP 2013 - Conidial fungi from the semi-arid Caatinga Biome of Brazil. A new species of Dictyochaeta. Mycosphere XX, xx–xx During a survey of freshwater conidial fungi associated with submerged plant debris, an interesting specimen of Dictyochaeta was found. Dictyochaeta aciculata sp. nov. is characterized by 3-septate, acicular conidia with rounded bases. Morphological characteristics such as 3-septate and acicular conidia differentiate the species found in Brazil from previously described taxa in Dictyochaeta and is therefore described and illustrated herein as a novel species. Key words – Freshwater fungi, lotic environment, taxonomy Article Information rest of article Times new roman 12 pt Received *** Accepted *** Published online **** *Corresponding author: Silvana Silva – e-mail – [email protected] Introduction The genus Dictyochaeta Speg. was erected in 1923, with the type species D. fuegiana and it is characterized by setae, conidiogenous cells which are mono or polyphialidic and conidia 0-septate, without setulae. A brief historical review on nomenclatural aspects on Dictyochaeta and related genera, as Codinaea Maire, Codineopsis Morgan Jones and Dictyochaetopsis Aramb. & Cabello, are present by Li et al. (2012). The same authors, recognize molecular data from Reblová (2000) and Reblová & Winka (2000) for phylogeny of Chaetosphaeria Tul. & C. Tul. and its anamorphs. Molecular studies conducted by Reblová & Winka (2000) revealed that setulate and asetulate conidia of Dictyochaeta species are grouped into distinct subgroups in the phylogenetic tree. Thus, Reblová (2000) suggested maintaining the genus name Dictyochaeta for species without setulae and Codinaea for species with setulae. Despite these taxonomic suggestions, many authors (Whitton et al., 2000, Kirschner & Chen 2002, Cruz et al. 2008) do not agree with Reblová (2000). In contrast, more recent workers are already following (Seephueak et al. 2010, Seifert et al. 2011, Li et al. 2012). Seifert et al. (2011) accepted the results of molecular data, however, they do not separate the two genera based on presence and absence of setulae. For this paper we corroborate with Reblová (2000, 2004) and Reblová & Winka (2000). Dictyochaeta occurs decomposing plant material in terrestrial (Kuthubutheen & Nawawi 1991a, Hernández-Gutiérrez & 55 Mena Portales 1996, Cruz et al. 2008) and aquatic (Kuthubutheen & Nawawi 1991a, 1991b, 1991c, Cai et al. 2004) habitats. In Brazil, there have been 17 species associated with litter (Cruz et al. 2008, Santa Izabel et al. 2011) and two new species have been described previously (Cruz et al. 2008). In this paper, through investigations of conidial fungi associated with submerged plant debris in rivers and streams in different areas in the Caatinga Biome, we found an interesting specimen, whose morphological characters agree with those of Dictyochaeta, but differ from all previously species in the genus. We thereby propose as a new species for the Brazilian specimen. Methods Samples of submerged plant debris (leaves, petioles, twigs and bark) were collected in rivers and streams of the five priorities areas for biodiversity conservation included in the semi-arid Caatinga Biome, northeast of Brazil (Velloso et al. 2002). The field expeditions were conducted in 2011 and 2012, into four states: Paraiba state- Brejo Paraibano, Ceará state- Chapada do Araripe and Serra de Ibiapaba, Piauí state- Serra das Confusões and Bahia state- Serra da Jibóia. The material was transported in plastic bags to the laboratory, washed in water and incubated in moist chambers at 25 °C for thirty days. During this period the samples were examined for the presence of conidial fungi. The slides containing the reproductive structures of fungi were made with resin PVL (polyvinyl alcohol + lactic acid + phenol) and deposited at the Herbarium of the State University of Feira de Santana (HUEFS). Results Dictyochaeta aciculata S.S. Silva & Gusmão, sp. nov. Figs 1-5 Mycobank XXXXXXXXX Etymology: aciculata, refering to the conidial morphology. Colony effuse, brown. Mycelium, partly superficial, partly immersed in substatrum. Setae sterile, straight to slightly flexuous, up to 11-septate, light brown, finely verrucose, 195−204 × 6−9 µm. Conidiophores macronematous, mononematous, simple, solitary or in 2−3 groups associated with base of setae, smooth, straight to slightly flexuous, 3−5septate, pale brown to subhyaline at apex, 46.5−70 × 4.5 µm. Conidiogenous cells monophialidic, terminal, integrated, conspicuous collarete, smooth, pale brown to subhyaline, 24−31.5 × 4.5 µm. Conidia acicular with rounded bases, 3-septate, smooth, hyaline, 36−40 × 1.5−2 µm; arranged in slimy mass. Teleomorph: unknown. Geographical distribution: Piauí state, Brazil. Holotypus- BRAZIL: Piauí: Caracol, Serra das Confusões, on submerged petiole, 06.05.2011; S.S.Silva (HUEFS 192225). Discussion Among the species of Dictyochaeta the falcate and lunate conidia are the most common and most representative. However, only a few species produce septate, non-setulate conidia: D. fruticola (M.S. Patil, U.S. Yadav & S.D. Patil) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde, D. guadalcanalensis (Matsush.) Kuthub. & Nawawi, D. ixorae (M.S. Patil, U.S. Yadav & S.D. Patil) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde, D. lunata (Matsush.) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde and D. setosa (S. Hughes & W.B. Kendr.) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde, are morphologically most similar to D. aciculata (Table 1). Despite their morphological similarities, D. aciculata differs from all other species in the genus by having 3septate, acicular conidia. In addition the 56 setae is finely verrucose which is another morphological character that distinguishes it from all previously described spp in Dictyochaeta. Table 1. Comparison of Dictyochaeta species morphologically similar to D. aciculata (data from original descriptions). Species Setae Conidiogenesis Conidia References Size (µm) Form Septa D. aciculata present monophialidic 36−40 × 1,5−2 acicular 3 Present study D. fruticola present monophialidic 36−40 × 1.8 cylindric 1 D. guadalcanalensis absent polyphialidic 18−27 × 4.5−5.5 obclavate 1 D. ixorae absent monophialidic 18−12 × 1.8 falcate 1 D. lunata absent monophialidic/ polyphialidic 10−16 × 2.5−3.5 lunate 1 Whitton et al. (2000) Kuthubutheen & Nawawi (1991) Whitton et al. (2000) Whitton et al. (2000) D. setosa present monophialidic 20−24 × 2−2.8 falcate 1 Whitton et al. (2000) 57 Figs 1-5 – Dictyochaeta aciculata. 1 General aspect; 2 Conidiophore; 3 Detail of conidiogenous cell; 4 Conidia in slimy mass; 5 Conidia. Arrows indicate the septa. Bars: 20 µm. 58 Acknowledgements The authors thank the Program of Research on Biodiversity in the Brazilian semiarid (PPBIO semi-arid/ Ministry of Technology and Science) and Programa de PósGraduação em Botânica (PPGBot/ UEFS). SS Silva and LFP Gusmão extend their gratitude to CNPq for the financial support (Proc. 474589/2008-0). References Cai L, Zhang K, McKenzie EHC, Hyde KD. 2004 – Linocarpon bambusicola sp. nov. and Dictyochaeta curvispora sp. nov. from bamboo submerged in freshwater. Nova Hedwigia 78(3–4): 439–445. Cruz A.C.R., Leão-Ferreira S.M., Barbosa F.R., Gusmão L.F.P. 2008 – Conidial fungi from semi-arid Caatinga biome of Brazil. New and interesting Dictyochaeta species. Mycotaxon 106: 15-27. Hernández-Gutiérrez A., Mena Portales J. 1996 – Dictyochaeta minutissima sp. nov. on Coccothrinax miraguama from Cuba. Mycological Research 100 (6): 687-688. Kirschner R., Chen C.J. 2002 – Dictyochaeta multifimbriata, a new species from Taiwan. Mycological Progress 1(3): 287–289. Kuthubutheen A.J., Nawawi A. 1991a – Eight new species of Dictyochaeta (hyphomycetes) from Malaysia. Mycological Research 95(10): 1211–1219. Kuthubutheen A.J., Nawawi A. 1991b – Dictyochaeta macrospora sp. Nov.: a litterinhabiting hyphomycete from Malaysia. Mycological Research 95: 248-250. Kuthubutheen A.J., Nawawi A. 1991c – Dictyochaeta guadalcanalensis comb. nov. and several new records of the genus in Malaysia. Mycological Research 95 (10): 12201223. Li De-Wei, Kendrick B., Chen J. 2012 – Two new hyphomycetes: Codinaea sinensis sp. nov. and Parapleurotheciopsis quercicola sp. nov., and two new records from Quercus phillyraeoides leaf litter. Mycological Progress 11: 899-905. Reblová M. 2000 – The Genus Chaetosphaeria and its anamorphs. Studies in Mycology 45: 149- 168. Reblová M. 2004 – Four new species of Chaetosphaeria from New Zealand and redescription of Dictyochaeta fuegiana. Studies in Mycology 50: 171-186. Reblová M, Winka K. 2000 – Phylogeny of Chaetosphaeria and its anamorphs based on morphological and molecular data. Mycologia 92(5): 939-954. Santa Izabel T.S., Santos D.S., Almeida D.A.C., Gusmão L.F.P. 2011. Fungos conidiais do bioma Caatinga II. Novos registros para o continente americano, Neotrópico, América do Sul e Brasil. Rodriguésia 62(2): 229-240. Seephueak P., Petcharat V., Phongpaichit S. 2010 – Fungi associated with leaf litter of para rubber (Hevea brasiliensis). Mycology 1(4): 213-227. Seifert K., Morgan-Jones G., Gams W., Kendrick B. 2011 – The Genera of Hyphomycetes. CBS Biodiversity Series no. 9. Utrecht. CBS-KNAW Fungal Biodiversity Centre. Velloso A.L, Sampaio E.V.S.B., Pareyn, F.G.C. (Eds). 2002. Ecorregiões: Propostas para o bioma Caatinga. Resultados do Seminário de Planejamento Ecorregional da Caatinga/Aldeia-PE. Recife: Associação Plantas do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil. 76 p. Whitton S.R., McKenzie E.H.C., Hyde K.D. 2000 – Dictyochaeta and Dictyochaetopsis species from the Pandanaceae. Fungal Diversity 4: 133-158. 59 CAPÍTULO III __________________________________________________________________________ Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos em algumas áreas do Bioma Caatinga Artigo submetido para publicação na revista Rodriguésia 60 Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos em algumas áreas do Bioma Caatinga Silvana Santos da Silva 1,2, Tasciano dos Santos Santa Izabel1, Luís Fernando Pascholati Gusmão1 [Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos] 1 Universidade Estadual de Feira de Santana, Av. Transnordestina s/n, C.P. 252 e 294, 44036-900, Feira de Santana, BA, Brasil ²Autor para correspondência: [email protected] 61 Resumo (Fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos em algumas áreas do Bioma Caatinga): Os fungos conidiais desempenham importante papel em ecossistemas dulcícolas, sendo responsáveis pela decomposição de matéria orgânica. No Bioma Caatinga, contudo, estudos abordando estes fungos ainda são incipientes. Este estudo constou de um levantamento de fungos conidiais associados à substratos vegetais submersos em ambientes lóticos, em cinco áreas inseridas neste Bioma (Brejo ParaibanoPB, APA da Chapada do Araripe-CE, PARNA de Ubajara-CE, PARNA da Serra das Confusões-PI e Serra da Jibóia-BA). Noventa espécies foram identificadas, distribuídas em 62 gêneros. Duas espécies foram classificadas ecologicamente como fungos Ingoldianos, duas como aero-aquáticas, e 86 como aquático-facultativas. A área de maior riqueza foi o Brejo Paraibano com 34 espécies, e a de menor riqueza foi a APA da Chapada do Araripe com 20 espécies. O PARNA de Ubajara apresentou 17 espécies exclusivas, sendo o de maior número. Quanto aos substratos vegetais, a lâmina foliar apresentou maior riqueza, com 63 espécies, e o maior número de espécies exclusivas, com 49 espécies. A similaridade entre as áreas, segundo índice de Sørensen, foi considerada baixa, com valores inferiores a 0,5. Os dados contribuem para o conhecimento da biodiversidade de fungos aquáticos no Bioma Caatinga. Palavras-chave: ambiente lótico; biodiversidade; hifomicetos; riqueza; similaridade Abstract (Conidial fungi associated with submerged plant debris in some areas of Caatinga Biome): The conidial fungi play an important role in freshwater ecosystems, being responsible for the decomposition of organic matter. In the Caatinga Biome, however, studies about these fungi are still incipient. This study consisted of a survey of conidial fungi associated with submerged plant debris in lotic environment, in five areas included in this Biome (Brejo Paraibano-PB, APA da Chapada do Araripe-CE, PARNA de 62 Ubajara-CE, PARNA da Serra das Confusões-PI and Serra da Jibóia-BA). Ninety species were identified, in 62 genera. Two species were classified ecologically as Ingoldian fungi, two as aero-aquatic fungi, and 86 as aquatic-facultative fungi. The area of greatest richness was Brejo Paraibano with 34 species, and the lowest was the APA da Chapada do Araripe with 20 species. The PARNA de Ubajara presented 17 exclusive species, the largest number. In relation to a plant substrate, the leaf blade presented higher richness, with 63 species, and the highest number of exclusive species, with 49. The similarity between the areas, according to Sørensen index, was considered low, with values less than 0,5. The data contribute to the knowledge of the biodiversity of aquatic fungi in Caatinga Biome. Key words: biodiversity; hyphomycetes; lotic environment; richness; similarity Introdução O Bioma Caatinga, totalmente inserido no semiárido, é o único bioma exclusivamente brasileiro. Caracteriza-se pelo clima quente e semiárido, e com menos de 1.000 mm de chuva por ano, sendo este valor muito variável de ano para ano (Velloso et al. 2002). Apesar das condições adversas, este bioma apresenta uma grande variedade de tipos de vegetação: Matas Úmidas, Matas Estacionais, Cerrados, Tabuleiros, Campos Rupestres e remanescentes de Mata Atlântica (Velloso et al. 2002; Giulietti et al. 2006). Velloso et al. (2002) indicaram nove enclaves de Mata Atlântica inseridos no Bioma Caatinga. Esses enclaves também são denominados de Brejos de Altitude, que, por estarem dentro do domínio da Caatinga, também sofrem influência do clima semiárido, podendo ainda apresentar transições com as caatingas arbóreas, mata seca e as matas de cipó (Thomas & Britton 2008). 63 A grande quantidade de matéria orgânica fornecida por essas vegetações (folhas, casacas, galhos e frutos) podem ser levadas para os ambientes aquáticos através de chuvas, ventos, escoamentos de águas superficiais e assoreamentos (Wong et al. 1998). Esse material é denominado de alóctone, sendo de extrema importância para a colonização por fungos aquáticos e uma importante fonte de energia em ecossistemas dulcícolas (Vannote et al. 1980; Barlocher 2009). Em uma revisão abordando a biodiversidade de fungos de ambientes de água doce, Goh & Hyde (1996) consideraram a classificação para fungos conidiais aquáticos em quatro grupos ecológicos: os fungos Ingoldianos, os fungos aero-aquáticos, os fungos terrestre-aquáticos e os fungos aquático-facultativos. As definições destes grupos são baseadas nos aspectos morfológicos e no modo de vida destes organismos. Os fungos Ingoldianos são dependentes exclusivamente do ambiente aquático para a reprodução. Possuem conídios com formas hidrodinâmicas que auxiliam à aderência ao substrato, ocorrendo geralmente associados à espuma, em ambientes lóticos (Goh & Hyde 1996; Goh 1997). Entretanto, também podem ser encontrados em ambiente lênticos (Schoenlein-Crusius et al. 2009). Os fungos aero-aquáticos, grupo proposto por Beverwijk (1951), apresentam a capacidade de sobreviver vegetativamente associados à substratos submersos, contudo, esporulam apenas quando expostos ao ar, ou seja, não completam seu ciclo de vida no ambiente aquático (Goh & Hyde 1996). Apresentam conídios com morfologia helicoidal ou clatróide, as quais permitem a retenção de ar para flutuação (Thomas 1996), e são mais comuns em ambientes lênticos (Shearer et al. 2007). Os fungos terrestre-aquáticos são encontrados em gostas de chuva ou orvalho acumulados em partes de plantas intactas, como a superfície foliar, ou espaços nos troncos, 64 formando um filme d‟água (Ando, 1992). Produzem conídios estaurosporos e hialinos, e conidióforos micronematosos (Goh & Hyde 1996). Os fungos aquático-facultativos, termo proposto por Ingold (1975), tem como sinônimos: fungos aquáticos-submersos, sugerido por Goh & Hyde (1996) e fungos aquáticos lignícolas (Goh 1997). Apresentam a capacidade de esporular e dispersar seus conídios nos ambientes terrestre e aquático, podendo se desenvolver tanto sobre substratos vegetais submersos quanto terrestres. São caracterizados como sapróbios e apresentam conidióforos e conídios com parede relativamente espessa (Goh & Hyde 1996). No Brasil estudos de fungos aquáticos se iniciaram na região Sudeste, no final da década de 1980 (Schoenlein-Crusius & Milanez 1989). Outros trabalhos os sucederam: Schoenlein-Crusius & Milanez 1998; Schoenlein-Crusius 2002, Schoenlein-Crusius et al. 2009), com foco para os fungos Ingoldianos de regiões de Mata Atlântica e cerrado. No Bioma Caatinga, investigações de fungos aquáticos tiveram início recentemente (Barbosa et al. 2011; Barbosa & Gusmão 2011 e Almeida et al. 2012), com predomínio de fungos aquático-facultativos. Nesse Bioma, os trabalhos ainda são incipientes, mas já demonstram uma grande riqueza de espécies. Diante da carência de investigações da micota aquática no Bioma Caatinga, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento em ambientes lóticos de diferentes áreas inseridas neste Bioma, e comparar a riqueza de fungos por área e tipo de substrato, e a similaridade das comunidades fúngicas entre as áreas estudadas. Materiais e métodos Áreas de estudo Foram realizadas expedições de coleta em cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga (Tab. 1), sendo quatro delas enclaves de Mata Atlântica: Brejo Paraibano-PB, Área de 65 Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe-CE, Parque Nacional (PARNA) de Ubajara-CE e Serra da Jibóia-BA, e, uma área de caatinga e ecótonos cerrado/caatinga: Parque Nacional (PARNA) da Serra das Confusões (Velloso et al. 2002). Estas áreas foram avaliadas como prioritárias para conservação da biodiversidade pelo Ministério do Meio Ambiente (2000) e utilizadas pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semiárido (PPBio/Semiárido). Método de amostragem Amostras de materiais vegetais (folhas, pecíolos, cascas e galhos) submersos em rios e riachos foram coletadas nas diferentes áreas, e transportadas em sacos plásticos para o Laboratório de Micologia/UEFS, onde passou pelo procedimento de lavagem em água corrente e incubação em câmara-úmidas (modificado de Castañeda Ruiz 2005). O material foi analisado sob estereomicroscópio Leica EZ4 durante 30 dias, para verificação da presença de estruturas reprodutivas. Estas estruturas foram transferidas com auxílio de agulha fina para lâminas contendo resina PVL (álcool polivinílico + ácido lático + fenol) (Trappe & Schenck 1982). Posteriormente, as lâminas foram adicionadas à coleção do Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). A riqueza foi representada pelo número total de espécies presentes nos diferentes tipos de substrato e em cada área. A análise de similaridade das comunidades de fungos aquáticos entre as diferentes áreas foi realizada no programa PAST (“Paleontological Statistics”), utilizando-se o índice de similaridade de Sørensen e o algoritmo UPGMA. Uma matriz de similaridade foi feita baseada nos dados de presença (1) ou ausência (0) das espécies, para os cinco locais (Magurran 1988). 66 Resultados e discussão A partir da análise das amostras coletadas em ambientes lóticos nas diferentes áreas, foram identificadas 90 espécies de fungos conidiais aquáticos (Tab.2), pertencentes a 62 gêneros. Destes, 89 são hifomicetos e apenas um coelomiceto (Satchmopsis brasiliensis B. Sutton & Hodges). O predomínio de hifomicetos, em relação aos coelomicetos é comum em trabalhos de ambientes aquáticos (Sivichai et al. 2000; Cai et al. 2006a; SchoenleinCrusius et al. 2009). Apenas treze espécies de coelomicetos foram registradas em ambiente de água doce (Shearer & Raja 2013), e até o momento não se sabe quais fatores contribuem para essa baixa ocorrência, mas acredita-se que a falta de pesquisadores especializados no grupo contribui para esta situação (Shearer et al. 2007). Dentre as 90 espécies encontradas, 86 são classificadas como fungos aquáticofacultativos, apenas duas como fungos Ingoldianos: Ingoldiella hamata D.E. Shaw e Triscelophorus acuminatus Nawawi e duas como fungos aeroaquáticos: Inesiosporium longispirale (R.F. Castañeda) R.F. Castañeda & W. Gams, Helicomyces roseus Link, seguindo a classificação ecológica de fungos conidiais de ambiente de água doce apresentada por Goh & Hyde (1996). Esses dados podem ser explicados pela metodologia utilizada que favorece o aparecimento de fungos aquáticos facultativos. Os fungos aeroaquáticos são mais comumente encontrados em ambientes lênticos, e os fungos Ingoldianos em lóticos, porém associados à espuma, o que também justifica o baixo número de espécies destes grupos neste trabalho (Goh & Hyde 1996; Goh 1997; Shearer et al. 2007). As espécies de fungos ingoldianos, I. hamata e T. acuminatus são muito comuns nos trópicos (Ingold 1975). Ingoldiella hamata também se destaca por ser o único anamorfo de um basiomicete no presente estudo, evidenciado pela presença de ansas nos septo dos seus conídios (Nawawi et al. 1977). As demais espécies (Tab. 2) representam a 67 fase assexual de ascomicetos. A grande maioria das conexões anamorfo-teleomorfo conhecidas entre os fungos aquáticos é associada aos ascomicetes (Gos & Hyde 1996). Schoenlein-Crusius & Grandi (2003) em uma compilação de dados de literatura, sobre fungos de ambiente lênticos e lótico, apresentaram 59 espécies de fungos aquáticos para o Brasil, com predomínio de fungos Ingoldianos, destacando-se em relação aos demais países da América do Sul. Schoenlein-Crusius et al. (2009) apresentaram 24 espécies de hifomicetos aquáticos para o estado de São Paulo. Para o Bioma Caatinga temse os trabalhos pioneiros de Barbosa et al. (2011), com uma nova espécie de Thozetella, Barbosa & Gusmão (2011), com 43 espécies e Almeida et al. (2012) com 17 espécies, todas registradas sobre material submerso sendo classificadas como aquático-facultativas. Apesar dos estudos ainda serem incipientes, alguns trabalhos demonstraram uma grande riqueza de fungos aquáticos, sobretudo o grupo ecológico dos fungos aquático-facultativos para o Bioma. Apesar desses estudos supracitados não serem comparáveis, devido às diferentes metodologias e caracteres analisados, esses trabalhos podem demonstrar a riqueza de fungos aquáticos deste bioma. A maioria das espécies encontradas neste estudo já foi registrada no Brasil associados à serapilheira terrestre (Marques et al. 2008; Barbosa et al. 2009; Almeida et al. 2011; Santa Izabel et al. 2011). Essa semelhança de espécies entre os ambientes aquáticos e terrestres pode ser explicada pela capacidade adaptativa destes fungos de sobreviverem em ambos ambientes (Goh & Hyde 1996). Dentre os gêneros encontrados os mais representativos foram: Dictyochaeta Speg. e Ellisembia Subram. com cinco espécies cada, seguido de Xylomyces Goos, R.D. Brooks & Lamore com quatro espécies. Esses gêneros são comumente encontrados em substratos submersos (Goh & Hyde 1999; Cai et al. 2003; Fryar et al. 2004). Os demais gêneros 68 encontrados neste trabalho também são comuns aos citados por Cai et al. (2006b), que descrevem espécies coletadas em ambiente aquático de água doce. Analisando a riqueza de espécies por área (Fig. 1), o Brejo Paraibano apresentou maior riqueza, com 34 espécies, seguido do PARNA de Ubajara com 32 spp, Serra da Jibóia com 31 spp, PARNA da Serra das Confusões com 22 spp e APA da Chapada do Araripe com 20 spp. Apenas duas espécies foram comuns a todas as áreas: Beltrania rhombica Penz. e Subulispora procurvata Tubaki. Ambas espécies são comumente encontradas em ambiente aquático (Goh 1997) e terrestre (Grandi & Silva 2006; HerediaAbarca 1994), e são consideradas cosmopolitas devido a ampla distribuição geográfica. Dentre os táxons obtidos, 64 foram exclusivos em relação às áreas, e assim distribuídos: 13 são exclusivos da Serra da Jibóia, sete da APA da Chapada do Araripe, 17 do PARNA de Ubajara, 16 do Brejo Paraibano e 11 do PARNA da Serra das Confusões. Diferenças na composição da flora entre as áreas de estudo podem contribuir para este resultado, uma vez que espécies de fungos podem estar associadas a determinadas plantas hospedeiras de forma exclusiva, como mostra investigação de fungos marinhos no mangue, feita por Sarma & Vital (2001), que constatou especificidades de alguns fungos em relação a determinadas espécies de plantas hospedeiras. Assim, o material vegetal alóctone presente nos rios estudados tem a mesma composição da vegetação que a circunda (Wong et al. 1998), logo, se estas áreas apresentam flora distintas também poderá haver diferentes comunidades de fungos . Em relação aos substratos, cascas, galhos e folhas (sendo aqui divididas em lâmina foliar e pecíolo, devido à diferença na composição destas partes foliares), a maior riqueza ocorreu na lâmina foliar, com 63 espécies (Fig. 2). Para os demais substratos, foram observadas 20 espécies associadas a galho, 18 a casca e 11 a pecíolo. Nenhuma espécie de fungo foi comum à todos os substratos. Segundo Meguro et al. (1979) as folhas compõem 69 a parte mais significativa da serapilheira, tanto pela biomassa quanto pelos nutrientes fornecidos. Dix & Webster (1995) também destacaram as folhas como um dos substratos mais colonizados pelos fungos conidiais. Nas áreas estudadas, as folhas apresentaram maior biomassa em relação aos demais substratos, impedindo assim a padronização do número de fragmentos de cada tipo substrato a ser coletado. No PARNA da Serra das Confusões, por exemplo, poucos substratos lignícolas foram encontrados, levando a baixa ocorrência de espécies nestes substratos. Algumas espécies foram exclusivas de determinado tipo de substrato, outras foram comuns a dois ou três substratos. Em relação ao número de espécies exclusivas por substrato vegetal tem-se: lâmina foliar com 49 spp, pecíolo com duas spp, casca com 11 spp e galho com nove spp. Assim, pode-se perceber que os fungos podem ter preferências por determinado substrato vegetal, como já observado por Polishook et al. (1996) e Sarma & Vital (2000). A similaridade das comunidades de fungos entre as áreas foi considerada baixa (Tab. 3). Esses valores podem ser justificados pela diferente composição florística destas áreas. As maiores semelhanças foram observadas entre as áreas Serra da Jibóia e a APA da Chapada do Araripe (Índice de Sørensen = 0,47), e entre Serra da Jibóia e o PARNA da Serra das Confusões (Índice de Sørensen = 0,41). A menor similaridade foi obtida entre o PARNA de Ubajara e APA da Chapada do Araripe (Índice de Sørensen = 0,15). Magalhães et al. (2011), em estudo de similaridade de fungos associados à serapilheira de três espécies de plantas endêmicas de Mata Atlântica, em três diferentes áreas, encontrou alta similaridade na comunidade fúngica, tanto entre os hospedeiros vegetais, quanto entre as áreas (Índice de Sørensen = 0,67). Marques (2008) comparando comunidades de fungos entre duas áreas de Mata Atlântica obteve baixa similaridade (Índice de Sørensen = 0,25), possivelmente pelas diferentes espécies vegetais e 70 características ambientais. Hu et al. (2010) encontraram baixa similaridade (Índice de Sørensen = 0,12) de espécies de fungos associados a substratos lignícolas entre os ambientes lótico e lêntico estudados, devido a interferência do fluxo de água na comunidade de fungos aquáticos. A análise de agrupamento (Fig. 3) reuniu a Serra da Jibóia à APA da Chapada do Araripe e apresentou como grupo irmão o PARNA da Serra das Confusões, e o Brejo Paraibano agrupou com o PARNA de Ubajara. Esses agrupamentos podem ser justificados, pois no período em que foram realizadas as coletas na Serra da Jibóia, na APA da Chapada do Araripe e no PARNA da Serra das Confusões os riachos se apresentavam com baixo fluxo de água, devido ao nível de água reduzido, e poucos substratos vegetais submersos disponíveis. Enquanto nas coletas realizadas no Brejo Paraibano e no PARNA de Ubajara os riachos e rios apresentaram-se com alto fluxo de água, e abundante quantidade de substratos vegetais. Diferenças no fluxo de água e na disponibilidade de substratos vegetais nos corpos d‟água, associados à vegetação de cada local e a especificidade fungo/hospedeiro, podem ter influenciado nestes agrupamentos. Apesar do PARNA da Serra das Confusões apresentar vegetação de caatinga e ecótonos cerrado/caatinga, enquanto as demais áreas são remanescentes de Mata Atlântica, todas estão inseridas na região semiárida, no Bioma Caatinga, logo sofrem influências climáticas desse domínio, além de apresentar transições onde se interpenetram dois ou até três tipos de vegetação (Velloso et al. 2002; Thomas & Britton 2008), possibilitando espécies de fungos comuns entre as áreas. Além disso, espécies cosmopolitas e generalistas como Beltrania rhombica, por exemplo, provavelmente, também podem contribuir para similaridade de áreas distintas. Os resultados demonstram que o Bioma da Caatinga, mesmo diante de um mosaico de tipos de vegetação, pode apresentar semelhança nas comunidades fúngicas entre as 71 diferentes áreas, uma vez que todas estão sob influência do mesmo domínio climático (Velloso et al. 2002). As áreas estudadas não apresentam grande variação de riqueza de fungos, porém apresentam diferenças na composição de suas comunidades. Mais estudos são necessários para se conhecer melhor estas comunidades. O total de espécies encontradas reflete uma alta riqueza de fungos conidiais associados à substratos vegetais submersos, cuja biodiversidade ainda é pouco conhecida no Bioma, contribuindo assim para o conhecimento da micota aquática na região semiárida, fornecendo subsídios para futuros trabalhos de conservação. Tabela 1: Áreas de estudo e período de coleta. Table 1: Areas of study and collection period. Áreas de Estudo Estado Municípios coletados Altitude (m) Mês/ano de coleta APA da Chapada do Araripe Ceará Santana do Cariri (7° 11‟ 18‟‟S e 39º 44‟ 13‟‟O) e Barbalha (7° 18‟ 40”S e 39° 18‟ 15”O) 750 a 950 Janeiro/ 2011 PARNA da Serra das Confusões Serra da Jibóia Piauí Caracol (09°16‟43” S e 43°19‟48” O) 700 Abril/ 2011 Bahia Santa Terezinha (12º51‟S e 39º28‟O) 750 a 800 Junho/ 2011 Brejo Paraibano Paraíba 420 a 618 Novembro/ 2011 PARNA de Ubajara Ceará Areia (6°58‟12” S e 35°42‟15” O) e Alagoa Nova (7°40‟ S e 35° 47‟O) Ubajara (3º 51' 16"S e 40º 55' 16"O ) 870 Maio/2012 72 Riqueza 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Brejo Praibano PARNA de Ubajara Serra da Jiboia PARNA da Serra das Confusões APA da Chapada do Araripe Figura 1: Riqueza de fungos conidias associados à substratos vegetais submersos em cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga. Brejo Paraibano, PARNA de Ubajara, Serra da JibóiaBA, PARNA da Serra das Confusões e APA da Chapada do Araipe. Figure 1: Richness of conidial fungi associated with submerged plant debris in five areas included in the Caatinga Biome. Brejo Paraibano, PARNA de Ubajara, Serra da Jibóia-BA, PARNA da Serra das Confusões e APA da Chapada do Araipe. Riqueza 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Lâmina foliar Galho Casca Pecíolo Figura 2: Riqueza de fungos conidiais, encontrados em ambientes aquáticos, por substrato: lâmina foliar, galho, casca e pecíolo. Figure 2: Richness of conidial fungi, found in aquatic environment, for substrate: leaf blade, twig, bark and petiole. 73 Figura 3: Dendrograma gerado a partir do índice de similaridade de Sørensen e pelo método de agrupamento UPGMA, entre as áreas consideradas. Em que: A= Serra da Jibóia, B= APA da Chapada do Araripe, C= PARNA de Ubajara, D= Brejo Paraibano, E= PARNA da Serra das Confusões. Figure 3: Dendrogram generated from the Sorenson similarity index and the UPGMA clustering method, among the areas considered. Where: A= Serra da Jibóia, B= APA da Chapada do Araripe, C= PARNA de Ubajara, D= Brejo Paraibano, E= PARNA da Serra da Confusões. 74 Tabela 2. Fungos conidiais encontrados em habitats aquáticos associados à lâmina foliar (I), pecíolo (II), casca (III) e galho (IV) submersos em rios e riachos de cinco áreas inseridas no Bioma Caatinga: Serra da Jibóia-BA, APA da Chapada do Araripe e PARNA de Ubajara-CE, Brejo Paraibano-PB e PARNA da Serra das Confusões-PI. Table 2. Conidial fungi found in aquatic habitats associated with leaf blade (I), petiole (II), bark (III) and twig (IV) submerged in rivers and streams of the five areas included in the Caatinga Biome: Serra da Jibóia-BA, APA da Chapada do Araripe e PARNA de Ubajara-CE, Brejo Paraibano-PB and PARNA da Serra das Confusões-PI. APA da Chapada do Araripe Serra da Jibóia ESPÉCIES I II III IV I II III IV PARNA de Ubajara Brejo Paraibano I II Acrogenospora sphaerocephala (Berk. & Broome) M.B. Ellis Ardhachandra selenoides (de Hoog) Subram. & Sudha Arthrobotrys dactyloides Drechsler III IV I II III I II III 1 1 X 1 1 1 1 4 1 3 X X A. musiformis Drechsler X Atrosetaphiale flagelliformis Matsush. X Bactrodesmium longisporum M. B. Ellis X Brachysporiella gayana Bat. X X X X Beltrania africana S. Hughes X X X X X X X Total IV X A. oligospora Fresen. B. rhombica Penz. Beltraniella portoricensis (F. Stevens) Piroz. & S.D. Patil Beltraniopsis esenbeckiae Bat. & J.L. Bezerra Cacumisporium pleuroconidiophorum (Davydkina &) R.F. Castañeda, Heredia & Iturr. IV PARNA da Serra das Confusões X X X X X X X X X 7 4 1 1 75 Tabela 2. Continuação APA da Chapada do Araripe Serra da Jibóia ESPÉCIES I II III IV I II III IV PANA de Ubajara I II C. sigmoideum Mercado & R.F. Castañeda Ceratosporell adeviata Subram. Chalara alabamensis Morgan-Jones & E.G. Ingram Chloridium virescens (Pers.) W. Gams & Hol.Jech. C. transvaalense Morgan-Jones, R.C. Sinclair & Eicker Cladosporium cladosporioides (Fresen.) G.A. de Vries C. oxysporum Berk. & M.A. Curtis Clonostachys rosea (Link) Schroers, Samuels, Seifert & W. Gams Corynesporopsis antillana R.F. Castañeda & W.B. Kendr. Cryptophialekakombensis Piroz. C. udagawae Piroz. &Ichinoe X X X I II X X III IV PARNA da Serra das Confusões I II X X IV 1 1 X 1 X X 2 1 X X 1 X X X X X X X C. lunata(Wakker) Boedijn X X X X III Total 2 2 4 X X Cylindrocladiella parva (P.J. Anderson) Boesew. Dactylaria belliana B.C. Paulus, Gadek & K.D. Hyde IV X Curvularia geniculata(Tracy &Earle) Boedijn Cylindrocladium candelabrum Viégas III Brejo Paraibano X 4 3 1 1 1 1 1 76 Tabela 2. Continuação APA da Chapada do Araripe Serra da Jibóia ESPÉCIES I II III D. hyalotunicata K.M. Tsui, Goh & K.D. Hyde Dactylella yunnanensis K.Q. Zhang, Xing Z. Liu & L. Cao Dendryphiella vinosa (Berk. & M.A. Curtis) Reisinger DendryphioncomosumWallr. Dictyochaeta sp.1 D. anam de Chaetosphaeria pulchriseta S. Hughes, W.B. Kendr. & Shoemaker D. britannica (M.B. Ellis) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde D. fertilis (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech. D. simplex (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech Dictyochaetopsis gonytrichoides (Shearer & J.L. Crane) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde D. polysetosa R.F. Castañeda, Gusmão, Guarro & Saikawa Dischloridium gloeosporioides (G.F. Atk.) U. Braun & K. Schub Edmundmasonia pulchra Subram. Ellisembia adscendens (Berk.) Subram. E. bambusicola (M.B. Ellis) J. Mena & G. Delgado IV I II X III IV PARNA de Ubajara Brejo Paraibano I II III IV I II III IV PARNA da Serra das Confusões I II III X X 1 1 1 1 X X X X X X X X X X 5 X X X X X X IV 2 1 X X X Total X X X 7 3 3 1 X 1 X X X X X 1 2 1 77 Tabela 2. Continuação APA da Chapada do Araripe Serra da Jibóia ESPÉCIES I II III IV I E. brachypus (Ellis & Everh.) Subram. II III IV PARNA de Ubajara Brejo Paraibano I II III IV III IV I X Exserticlav atriseptata (Matsush.) S. Hughes X E. vasiformis (Matsush.) S. Hughes Gliocladiopsis tenuis(Bugnic.) Crous & M.J. Wingf. Gyrothrix magica Lunghini & Onofri X X X X X X X X X X 1 X X X IV 2 2 X X III 1 2 1 1 X Helicomyce sroseus Link II Total 1 1 1 2 2 1 X E .vaginata McKenzie Oedemium minus (Link) S. Hughes II X E. flagelliformis (Matsush.) W.P. Wu Idriella ramosa Matsush. Inesiosporium longispirale (R.F. Castañeda) R.F. Castañeda & W. Gams Ingoldiella hamata D.E. Shaw Junewangia globulosa (Tóth) W.A. Baker & Morgan-Jones Kionochaeta ramifera (Matsush.) P.M. Kirk & B. Sutton Lauriomyces heliocephalus (V. Rao & de Hoog) R.F. Castañeda & W.B. Kendr. Menisporopsis theobromae S. Hughes I PARNA da Serra das Confusões X X Paliphora intermedia Alcorn & B. Sutton X P. multiseptata Gusmão & Leão-Ferreira X 1 2 1 1 1 78 Tabela 2. Continuação APA da Chapada do Araripe Serra da Jibóia ESPÉCIES I II III IV I Parasympodiella laxa (Subram. & Vittal) Ponnappa Phaeoisaria clematidis (Fuckel) S. Hughes III IV I II III II III IV PARNA da Serra das Confusões I X X X X X X X X Sporoschisma saccardoi E.W. Mason & S. Hughes X Stachybotrys chartarum (Ehrenb.) S. Hughes X X S. nephrospora Hansf. X X X X S. rectilineata Tubaki X X X Torula herbarum (Pers.) Link X X III IV 2 1 1 X X X II Total 2 X Sporidesmiella claviformis P.M. Kirk S. hyalosperma var. hyalosperma (Corda) P. M. Kirk Sporidesmium tropicale M.B. Ellis Thozetella cristata Piroz. & Hodges I X Spadicoides macroobovata Matsush. Subulispora procurvata Tubaki IV X Ernakulamia cochinensis (Subram.) Subram Rhexoacrodictys erecta (Ellis &Everh.) W. A. Barker & Morgan Jones Satchmopsis brasiliensis B. Sutton & Hodges Speiropsis scopiformis Kuthub. & Nawawi II PARNA de Ubajara Brejo Paraibano 1 1 2 1 2 1 1 2 1 5 1 1 1 79 Tabela 2. Continuação Serra da Jibóia ESPÉCIES T. cubensis R.F. Castañeda & G.R.W. Arnold Triscelophorus acuminatus Nawawi Vermiculariopsiella cornuta (V. Rao & de Hoog) Nawawi, Kuthub. & B. Sutton V. cubensis (R.F. Castañeda) Nawawi, Kuthub. & B. Sutton Veronaea botryosa Cif. & Montemart. Xylomyces foliicola W.B. Kendr. & R.F. Castañeda X. aquaticus (Dudka) K.D. Hyde & Goh X. pusillus Goh, W.H. Ho, K.D. Hyde & K.M. Tsui Zanclosporabrevispora S. Hughes& W.B. Kendr. I II III IV APA da Chapada do Araripe I II III IV X X PARNA de Ubajara Brejo Paraibano I II III IV I II III IV PARNA da Serra das Confusões I II III IV 2 X X 3 1 X 1 X X 1 3 X X X X 1 1 X X 1 1 1 X Z. novae-zelandiae S. Hughes & W.B. Kendr. X Wiesneriomyce slaurinus (Tassi) P.M. Kirk X Total: 21 1 6 5 13 3 Total 3 2 23 2 4 6 19 2 6 11 19 3 1 1 151 80 Tabela 3: Matriz de similaridade fúngica (Índice de Sørensen) entre as cinco áreas consideradas* Table 3: Similarity matrix fungal Index (Sørensen) among the five areas considered* A B C D A 1 B 0,4705 1 C 0,2222 0,1538 1 D 0,3076 0,2963 0,3333 1 E 0,4150 0,3809 0,2222 0,2142 E 1 *Em que: A=Serra da Jibóia, B= APA da Chapada do Araripe, C= PARNA de Ubajara, D= Brejo Paraibano, E= PARNA da Serra das Confusões. *Were: A=Serra da Jibóia, B= APA da Chapada do Araripe, C= PARNA de Ubajara, D= Brejo Paraibano, E= PARNA da Serra das Confusões. Agradecimentos Os autores agradecem ao Programa de Pós Graduação em Botânica- PPGBOTUEFS. S. S. Silva e T. S. Santa Izabel agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas concedidas de mestrado e doutorado, respectivamente. L. F. P. Gusmão agradece pela bolsa produtividade (Proc. 303924/2008-0) concedida. Os autores também agradecem ao Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semi-árido (PPBIO semi-árido / Ministério da Ciência e Tecnologia). Referências Almeida, A.C.A.; Barbosa, F.R. & Gusmão, L.F.P. 2012. Alguns fungos conidiais aquático-facultativos do bioma Caatinga. Acta Botanica Brasilica 26 (4): 918-926. Almeida, D.A.C.; Santa Izabel, T.S. & Gusmão, L.F.P. 2011. Fungos conidiais do bioma Caatinga I. Novos registros para o continente americano, Neotrópico, América do Sul e Brasil. Rodriguésia 62(1): 043-053. 81 Ando, K. 1992. A study of terrestrial aquatic hyphomycetes. Transactions of the Mycological Society of Japan 33: 415-425. Barbosa, F.R. & Gusmão, L.F.P. 2011. Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome of Brazil. Rare freshwater hyphomycetes and other new records. Mycosphere 2(4): 475– 485. Barbosa, F.R.; Silva, S.S.; Fiuza, P.O. &Gusmão, L.F.P. 2011.Conidial fungi from the semi-arid Caatinga biome of Brazil. New species and records for Thozetella. Mycotaxon 115: 327-334. Barbosa, F.R.; Maia L.C. & Gusmão, L.F.P. 2009. Fungos conidiais associados ao folhedo de Clusia melchiorii Gleason e C. nemorosa G. Mey. (Clusiaceae) em fragmento de Mata Atlântica, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23(1): 79-84. Barlocher, F. 2009. Reproduction and dispersal in aquatic hyphomycetes. Mycoscience 50: 3-8. Beverwijk, van A.L. 1951. Zalewski's Clathrosphaera spirifera. Transactions of the British Mycological Society 34: 280-290. Cai, L., Zhang, K., McKenzie, E.H.C. & Hyde, K.D. 2003. Freshwater fungi from bamboo and wood submerged in the Liput River in the Philippines. Fungal Diversity 13: 1-12. Cai, L., Ji, K-F. & Hyde, K.D. 2006a.Variation between freshwater and terrestrial fungal communities on decaying bamboo culms. Antonie van Leeuwenhoek 89: 293–301. Cai, L; Hyde, K.D. & Tsui, C.K.M. 2006b. Genera of freshwater Fungi. Fungal Diversity Researchs series 18. 261p. Castañeda-Ruiz, R.F. 2005. Metodología en el estudio de los hongos anamorfos. p.: 182183. In: Anais do V Congresso Latino Americano de Micologia, Brasília, Brasil. Dix, N.J. & Webster, J. 1995.Fungal Ecology. Chapman & Hall, London. 82 Fryar, S.C., Booth, W., Davies, J., Hodgkiss, I.J. & Hyde, K.D. 2004. Distribution of fungi on wood in the Tutong River, Brunei. Fungal Diversity 17: 17-38. Goh, T.K. 1997. Tropical freshwater hyphomycetes. Pp. 189-227. In: Hyde, K.D. (ed.) Biodiversity of tropical microfungi. Hong Kong University Press, Hong Kong. Goh, T.K. & Hyde, K.D. 1996. Biodiversity of freshwater fungi. Journal of Industrial Microbiology & Biotechnology 17: 328-345. Goh, T.K. & Hyde, K.D. 1999. Fungi on submerged wood and bamboo in the Plover Cove Reservoir, Hong Kong. Fungal Diversity 3: 57-85. Giullieti, A.M.; Conceição, A. &Queiroz, L.P. 2006. Diversidade e caracterização das fanerógamas do semi-árido brasileiro. Associação Plantas do Nordeste, Recife. 488 p. Grandi, R.A.P. & Silva, T.V. 2006. Fungos anamorfos decompositores do folhedo de Caesalpinia echinataLam. Revista Brasileira de Botânica 29(2): 275-287. Heredia-Abarca, G. 1994. Hifomicetes dematiaceos em Bosque Mesofilo de Montaña. Registros nuevos para Mexico. Acta Botanica Mexicana 27: 15-32. Hu, D.M.; Cai, L.; Chen, H; Bahkali, A.H. & Hyde, K.D. 2010. Fungal diversity on submerged wood in a tropical stream and an artificial lake. Biodiversity Conservation 19: 3799–3808 Ingold, C.T. 1975. An illustrated guide to aquatic and waterborne hyphomycetes (fungi imperfect). Freshwater Biological Association Scientific Publication 30: 1-96. Magalhães, D.M.A.; Luz, E.D.M.N.; Magalhães, A.F.; Santos Filho, L.P.; Loguercio, L.L. & Bezerra, J.L. 2011. Riqueza de fungos anamorfos na serapilheira de Manilkara maxima, Parinari alvimii e Harleyodendron unifoliolatum na Mata Atlântica do Sul da Bahia. Acta Botanica Brasilica 25(4): 899-907. Magurran, A.E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press, Princeton. 177 p. 83 Marques, M.F.O.; Gusmão, L.F.P. & Maia, L.C. 2008. Riqueza de espécies de fungos conidiais em duas áreas da Mata Atlântica no Morro da Pioneira, Serra da Jibóia, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22(4): 954-961. Meguro, M.; Vinueza, G.N. & Delitti, W.B.C. 1979. Ciclagem de nutrientes minerais na mata mesófila secundária - São Paulo. I –Produção e conteúdo de nutrientes minerais no folhedo. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 7: 11-31. Ministério do Meio Ambiente. 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília: Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata atlântica e Fundação Biodiversitas. 40p. Nawawi, A.; Webster, J. & Davey, R.A. 1977. Dendrosporomyces prolifera gen et. sp. nov., a basidiomycete with branched conidia basidial state of a clamped branched conidium in freshwater. Transactions of the British Mycological Society 68: 59-63. Polishook, J.D.; Bills, G.F. & Lodge, D.J. 1996. Microfungi from decaying leaves of two rain forest trees in Puerto Rico. Journal of Industrial Microbiology 17: 284-294. Santa Izabel, T.S.; Santos, D.S.; Almeida, D.A.C. & Gusmão, L.F.P. 2011. Fungos conidiais do bioma Caatinga II. Novos registros para o continente americano, Neotrópico, América do Sul e Brasil. Rodriguésia 62(2): 229-240. Sarma, V.V. & Vittal, B.P.R. 2000. Biodiversity of mangrove fungi on different substrata of Rhizophora apiculat aand Avicennia spp. from Godavari and Krishna deltas, east coast of India. In: K.D. Hyde, W.H. Ho & S.B (eds). Pointing. Aquatic Mycology across the Millennium. Fungal Diversity 5: 23-41. Schoenlein-Crusius, I.H. 2002. Aquatic Hyphomycetes from cerrado regions in the state of São Paulo, Brazil. Mycotaxon 81: 457-462. Schoenlein-Crusius, I.H. & Grandi, R.A.P. 2003. The diversity of aquatic hyphomycetes in south America. Brazilian Journal of Microbiology 34: 183-193. 84 Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1989. Sucessão fúngica em folhas de Ficus microcarpa L.F., submersas no Lago Frontal situado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo. Revista de Microbiologia 20(1): 95-101. Schoenlein-Crusius, I.H. & Milanez, A.I. 1998. Fungal succession on leaves of Alchornea triplinervea (Spreng) M.Arg. Submerged in a stream of an Atlantic rainforest in the State of São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 21(3): 253-259. Schoenlein-Crusius, I.H.; Moreira, C.G. & Bicudo, D.C. 2009. Aquatic Hyphomycetes in the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – PEFI, São Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 32(3): 411-426. Shearer, C.A. & Raja, H.A. 2013. Freshwater Ascomycetes Database. Disponível em: http://fungi.life.illinois.edu/. Acesso em 12 de janeiro de 2013. Shearer, C.A.; Descals, E.; Kohlmeyer, B.; Kohlmeyer, J.; Marvanová, L.; Padgett, D.; Porter, D.; Raja, H.A.; Schmit, J.P.; Thorton, H.A. & Voglymayr, H. 2007. Fungal biodiversity in aquatic habitats. Biodiversity Conservation 16: 49-67. Sivichai, S.; Lones, E.B.G. & Hywel-lones, N.L. 2000. Fungal colonisation of wood in a freshwater stream at KhaoYai National Park, Thailand. In: Hyde, K.D.; Ho, W.H. & Pointing, S.B. (Eds). Aquatic Mycology across the Millennium. Fungal Diversity 5: 71-88. Thomas, K. 1996. Freshwater fungi. Pp. 1-37. In: Grgurinovic (ed.). Fungi of Australia. Australian Biological Resources, Canberra. Thomas, W.W. & Britton, E.G. (Ed.). 2008. The Atlantic coastal forest of Northeastern Brazil. The New York Botanical Garden, New York. 586 p. Trappe, J.M. & Schenck, N.C. 1982. Taxonomy of the fungi forming Endomycorrhizae. Pp. 1-9. In: Schenck, N.C. (Ed). Methods and principles of Mycorrhizae research. The American Phytopatological Society, Saint Paul. 85 Vannote, R.L.; Minshall, W.G.; Cummins, K.W.; Sedell, J.R. & Cushing, C.E. 1980.The river continuum concept. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences 37: 130–37. Velloso, A.L.; Sampaio, E.V.S.B. & Pareyn, F.G.C. (Eds). 2002. Ecorregiões: Propostas para o bioma Caatinga. Resultados do Seminário de Planejamento Ecorregional da Caatinga/Aldeia-PE. Associação Plantas do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil, Recife. 76 p. Wong, K.M.K.; Goh, T.K.; Hodgkiss, I.J.; Hyde, K.D.; Ranghoo, V.M.; Tsui, C.M.K.; Ho, W.H.; Wong, W.S. & Yuen, T.C. 1998. The role of fungi in freshwater ecosystems. Biodiversity and Conservation 7: 1187-1206. 86 CONCLUSÕES GERAIS Foram encontradas 90 espécies de fungos conidiais associados a substratos vegetais submersos, o que denota uma alta riqueza para o Bioma Caatinga; Os hifomicetos são encontrados em número muito maior que os coelomicetos, associados a substratos vegetais submersos; Os novos registros de fungos aquático-facultativos para o Brasil e para o continente americano, bem como a nova espécie aqui apresentada, mostram a importância da investigação da biodiversidade desse grupo de fungos no Bioma Caatinga, a fim de ampliar a distribuição geográfica dessas espécies; Dezesseis espécies foram registradas pela primeira vez no ambiente aquático, sendo classificadas como aquático-facultativas, o que demonstra a necessidade de mais estudos taxonômicos para se conhecer melhor as espécies de fungos que estão presentes neste ambiente, assim como estudos de ecologia para melhor delimitar os grupos; Não houve uma grande variação de riqueza de fungos conidiais entre as áreas, contudo apresentaram composições distintas; A maior riqueza de espécies de fungos em relação ao tipo de substrato ocorreu associada à lâmina foliar, este fato pode ser atribuído às folhas terem apresentado maior biomassa em todas as coletas; As áreas de estudo apresentaram baixa similaridade em relação às comunidades de fungos, o que pode ser associado à diferença na flora de cada local, no fluxo d‟água e na disponibilidade de substratos vegetais; O Bioma Caatinga apresentou uma grande biodiversidade de fungos associados à substratos vegetais submersos, podendo ser considerado um verdadeiro reservatório de fungos, com muitas espécies ainda a serem descobertas, necessitando assim de mais estudos e de ampliar ainda mais as áreas a serem estudadas neste Bioma; O presente estudo também pode subsidiar futuros trabalhos de conservação de biodiversidade. 87 ANEXO 88 Tabela 1: Espécies de fungos conidiais associados à substratos vegetais submersos depositados na coleção de Cultura de Microrganismos da Bahia: métodos de preservação em óleo mineral e Castellani. Espécies Local de coleta Óleo mineral Castellani Nº da coleção Arthrobotrys oligospora Fresen. PARNA de Ubajara X X 0171/12 Beltrania rhombica Penz. PARNA da Serra das Confusões X X 0069/11 Beltrania rhombica Penz. Brejo Paraibano X 001/12 Beltrania africana S. Hughes PARNA de Ubajara X 0172/12 Clonostachys rosea (Link) Schroers, Samuels, Seifert & W. Gams Brejo Paraibano X X 002/12 Dendryphiella vinosa (Berk. & M.A. Curtis) Reisinger PARNA de Ubajara X 0247/12 Dictyochaeta britannica (M.B. Ellis) Whitton, McKenzie & K.D. Hyde PARNA de Ubajara X X 0251/12 Dictyochaeta fertilis (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech. Brejo Paraibano X 0163/11 Dictyochaeta simplex (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech PARANA de Ubajara X X 004/11 Dictyochaeta simplex (S. Hughes & W.B. Kendr.) Hol.-Jech Serra da Jibóia X X 0125/11 Dischloridium gloeosporioides (G.F. Atk.) U. Braun & K. Schub PARANA de Ubajara X 0170/12 Ingoldiella hamata D.E. Shaw Serra da Jibóia X 0135/11 Phaeoisaria clematidis (Fuckel) S. Hughes Brejo Paraibano X X 006/12 Phaeoisaria clematidis (Fuckel) S. Hughes PARNA de Ubajara X X 0245/12 Speiropsis scopiformis Kuthub. & Nawawi PARNA da Serra das Confusões X X 0051/11 Sporoschisma saccardoi E.W. Mason & S. Hughes PARNA de Ubajara X X 0248/12 Stachybotrys chartarum (Ehrenb.) S. Hughes Serra da Jibóia X X 0115/11 Stachybotrys chartarum (Ehrenb.) S. Hughes Brejo Praibano X X 0171/11 Torula herbarum (Pers.) Link PARNA de Ubajara X 0163/12 Táxon não identificado 1 PARNA de Ubajara X X 0246/12 Táxon não identificado 2 PARANA da Serra das Confusões X X 0051/11 89