www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM GUIA DE ESTUDO 3 PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem SUMÁRIO 1 PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM ............................................. 03 1.1 A construção da aprendizagem .................................................................. 06 1.2 Teorias da aprendizagem e princípios psicopedagógicos .......................... 08 1.2.1 Princípios psicopedagógicos x teorias comportamentalistas................... 08 1.2.2 Princípios psicopedagógicos x teorias cognitivistas ................................ 09 1.2.3 Princípios psicopedagógicos x teorias humanistas ................................. 10 2 TEORIAS PSICOLÓGICAS APLICADAS À EDUCAÇÃO ........................... 12 2.1 Ivan Pavlov e Skinner - Behaviorismo ........................................................ 12 2.2 Piaget – construtivismo genético ................................................................ 15 2.3 Vygotsky – sociointeracionismo ................................................................. 20 2.3.1 O papel da escola no desenvolvimento do aluno .................................... 22 3 CAMPOS NORTEADORES DA AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA .................... 28 3.1 Abordagem neuropsiquiátrica ..................................................................... 28 3.2 Abordagem comportamental ...................................................................... 28 3.3 Abordagem fenomenológica....................................................................... 29 3.4 Abordagem psiconeurológica ..................................................................... 29 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......................................... 34 www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem 1 PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM A aprendizagem é um conceito basilar, tanto na Psicologia como na Pedagogia, envolvendo variáveis que se combinam de diversas formas, estando, ainda, sujeita a fatores internos e externos, individuais e sociais. Para Alícia Fernandez (1990), por exemplo, todo sujeito tem a sua modalidade de aprendizagem e os seus meios de construir o próprio conhecimento, e isso significa uma maneira muito pessoal para se dirigir e construir o próprio saber. Para a autora, esse processo inicia-se desde o nascimento e constitui-se em molde ou esquema, sendo fruto de nosso inconsciente simbólico. Para Sara Paín (1986), a aprendizagem é resultado da articulação de fatores internos e externos do próprio sujeito, do organismo, do desejo de aprender, das estruturas cognitivas e do comportamento em geral. Para está autora, a aprendizagem possui algumas funções contraditórias. São elas: a função socializadora, a função repressora e a função transformadora que assim se definem: a. Função socializadora: a educação leva o sujeito a experimentar a vida em comunidade e faz ensaios de participação social no ambiente escolar. A escola trabalha dentro de um projeto social de homem e atua para que este seja o mais integrado possível no seu ambiente. Para viver em sociedade, é necessário que o homem faça o uso do conhecimento produzido pela sua cultura. b. Função repressiva: na visão de Paín, a aprendizagem possui essa função, já que o professor trabalha com limites claros e a escola é um espaço permeado de limites (o uso de uniformes, horários, programação de tarefas pedagógicas, etc.) Além disso, não há espaço para a expressão plena do desejo de aprender porque, na maioria das vezes, as atividades são coletivas e um sujeito representa o limite do outro. c. Função transformadora: eis aqui o elemento de dicotomia das funções da aprendizagem, pois, ao mesmo tempo em que ela possui a função da manutenção da cultura (função socializadora) e de delimitar o sujeito www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem (função repressora), a aprendizagem tem a função de libertar o homem a partir do conhecimento e, por consequência, transformar a sociedade. Para Sara Paín, o não aprender pode representar um sintoma e não um problema, pois, por meio dele, o professor pode ter contato com a modalidade de aprendizagem do aluno. Para Jorge Visca (1987), a aprendizagem representa uma construção intrapsíquica, considerando os componentes genéticos e as diferenças nascidas da evolução da espécie, resultantes das pré-condições biológicas, das condições enegértico-estruturais (condições afetivas) e das circunstâncias do meio. Visca considera que, na Psicologia Evolutiva, encontramos as explanações behavioritas, piagetiana, psicanalítica etc., que não abordam a aprendizagem de maneira específica e nem o seu processo evolutivo. Acrescenta que o esquema evolutivo da aprendizagem postula: A existência de quatro níveis de aprendizagem: proto-aprendizagem, dêutero-aprendizagem, aprendizagem assistemática e aprendizagem sistemática; Que a aprendizagem se dá em função de aspectos energéticos e estruturais e pela tematização dos esquemas de ação; Que o processo geral e as aprendizagens particulares respondem a princípios estruturais construtivistas e interacionais (VISCA, 1987, p.75). Podemos resumir assim a definição de Visca: A aprendizagem é o resultado de uma construção (princípios construtivista) dado em virtude de uma interação (princípios interacionista) que coloca em jogo a pessoa total (princípio estruturalista). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem Os seus quatro grandes níveis de aprendizagem são: 1)Protoaprendizagem ou Teoria da Epistemologia Convergente Representa as primeiras aprendizagens que acontecem nas relações afetivas da criança com a sua mãe. O mundo externo da criança se reduz à mãe ou ao adulto que a substitui. 2)Dêutero-aprendizagem Trata-se da concepção de mundo e de vida que se adquire por meio da convivência com a família. 3)Aprendizagem assistemática Esta se dá pela interação da criança com uma comunidade maior que a família, como, por exemplo, o seu bairro. 4)Aprendizagem sistemática É aquela que ocorre pela interação com as instituições educativas que transmitem conhecimento, atitudes habilidades que a sociedade estima. Ao longo do tempo, vários outros estudiosos, psicólogos e pedagogos pesquisaram a aprendizagem e desenvolveram teorias científicas a esse respeito. Assim, apareceram, entre outras, duas teorias conceituais sobre a aprendizagem: o Neo-behaviorismo protagonizado por Skinner e o construtivismo social representado por Bruner. Tanto Skinner (mesmo baseando seus trabalhos em animais) como Bruner (que observou crianças em situações de aprendizagem) discutem temas da aprendizagem que são de importância prática para o professor no contexto da sala de aula. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem 1.1 A construção da aprendizagem A aprendizagem no seu todo encarada como ação educativa, tem como finalidade ajudar a desenvolver nos indivíduos as capacidades que os tornem capazes de estabelecer uma relação pessoal com o meio em que vivem (físico e humano), servindo-se para este efeito, das suas estruturas sensório-motoras, cognitivas, afetivas e linguísticas. A aprendizagem está inevitavelmente ligada à História do Homem, à sua construção enquanto ser social com capacidade de adaptação a novas situações. Desde sempre se ensinou e aprendeu, de forma mais ou menos elaborada e organizada, já antes do século XX existiam explicações para a aprendizagem, mas o seu estudo está intimamente ligado ao desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência. Contudo, este estudo não se processou de forma uniforme e concordante. O estudo da aprendizagem centrou-se em aspectos diferentes, de acordo com as diversas correntes da Psicologia, e com as diferentes perspectivas que cada uma defendia. Destas teorias as que adquiriram maior relevo foram: As comportamentalistas (behavioristas) - a aprendizagem é vista como a aquisição de comportamentos expressos, através de relações mais ou menos mecânicas entre um estímulo e uma resposta, sendo o sujeito relativamente passivo neste processo; As cognitivistas – a aprendizagem é entendida como um processo dinâmico de codificação, processamento e recodificação da informação. O estudo da aprendizagem centra-se nos processos cognitivos que permitem estas operações e nas condições contextuais que as facilitam. O indivíduo é visto como um ser que interage com o meio e é graças a essa interação que aprende; As humanistas - a aprendizagem baseia-se essencialmente no caráter único e pessoal do sujeito que aprende, em função das suas experiências únicas e pessoais. O sujeito que aprende tem um papel www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem ativo neste processo, mas a aprendizagem é vista muitas vezes como algo espontâneo. Estas diferentes perspectivas sobre a aprendizagem conduziram a diferentes abordagens e conceitos. No entanto, estas diferenças não devem ser encaradas como um problema, mas antes como uma vantagem, já que possibilita uma visão mais abrangente, não reduzindo a explicação da diversidade deste processo a uma única teoria. Atualmente a aprendizagem é vista como um processo dinâmico e ativo, em que os indivíduos não são simples receptores passivos, mas sim processadores ativos da informação. Todos os indivíduos à sua maneira e tendo em conta as suas características pessoais são capazes de “aprender a aprender”, isto é, capazes de encontrar respostas para situações ou problemas, quer mobilizando conhecimentos de experiências anteriores em situações idênticas, quer projetando no futuro uma “ideia” ou “solução” que temos no presente, interagimos com os estímulos (situações e problemas) de uma forma pessoal. A função de qualquer teoria de ensino/formação é dar a conhecer que existem diferentes tipos de aprendizagem: Implicam diferentes processos cognitivos; Pressupõem diferentes capacidades; Exigem níveis de resposta diferenciados. Estes constituem aspectos facilitadores ou inibidores das aprendizagens em jogo. O educador é, antes de mais, um facilitador de aprendizagem funcionando como mediador entre os saberes que o educando já tem e os que necessita de adquirir. O conhecimento dos processos cognitivos envolvidos na resolução das diferentes tarefas de aprendizagem, ajuda quer o educando, quer o educadora otimizarem o seu trabalho. Para o educando, conhecer os processos cognitivos, ajuda-o a encontrar as estratégias e as soluções www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem adequadas às diferentes tarefas de aprendizagem; ao educador, ajuda-o a escolher os tipos de aprendizagem mais úteis e ajustados aos objetivos pretendidos e a criar condições de aprendizagem que facilitem a realização destas mesmas tarefas. 1.2 Teorias de aprendizagem e princípios psicopedagógicos As correntes da psicologia não foram consensuais no que concerne ao estudo da aprendizagem. As teorias Comportamentalistas, focaram, sobretudo, a relação Estímulo-Resposta, e procuraram saber quais as leis que presidiam ao estabelecimento desta relação. As teorias Humanistas acentuaram, sobretudo, o caráter único da experiência de cada um, tendo por isso dificuldade em estabelecer leis gerais. As teorias Cognitivistas dirigiram a sua atenção para os processos cognitivos, isto é, para o que se passa na cabeça do sujeito entre a recepção de um estímulo e a execução de uma resposta. Destas diferentes perspectivas surgem os princípios psicopedagógicos, e as técnicas de ensino que cada corrente considerou adequadas tendo em vista a eficácia da aprendizagem: 1.2.1 Princípios psicopedagógicos x teorias comportamentalistas Os princípios psicopedagógicos: Definir com maior exatidão possível os objetivos finais da aprendizagem; Análise cuidadosa da estrutura das tarefas, de modo a determinar os objetivos do percurso; Apresentação da matéria em sequências curtas de forma a permitir um melhor condicionamento do sujeito, conduzindo-o através experiências positivas de aprendizagem; www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 de Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem Apresentar estímulos capazes de suscitar as reações adequadas às aprendizagens desejadas; Reforçar as reações desejadas; Proporcionar o conhecimento dos resultados da aprendizagem como forma de retroalimentação do processo; Recompensar, retirar a recompensa ou punir, em função da relação entre o comportamento expresso e a aprendizagem desejada; Exercitar os comportamentos aprendidos. As Técnicas de Ensino: Exercícios de repetição; Ensino individualizado, tipo programado; Demonstrações para imitação; Memorização. 1.2.2 Princípios psicopedagógicos x teorias cognitivistas Os princípios psicopedagógicos: Motivação, motivar o sujeito para aprendizagem, relacionando as suas necessidades pessoais com os objetivos da própria aprendizagem; Valorização da experiência anterior, reconhecer que a estrutura cognitiva do sujeito depende da sua visão do mundo e das suas experiências anteriores; Estratégias de ensino adaptadas ao nível de desenvolvimento dos sujeitos; Relacionar o novo com o adquirido, ajudar os sujeitos a relacionar conhecimentos e habilidades novos com conhecimentos e habilidades anteriormente adquiridos; www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem Valorização da compreensão em detrimento da memorização; Fornecer informações, indicar fatos, fornecer pistas que facilitem a compreensão, organização e retenção dos conhecimentos; Valorizar a prática, a experimentação de novos conhecimentos, não equacionar a prática como repetição, mas concebê-la como uma série de tentativas sucessivas e variadas, que facilitem a transferência de habilidades e conhecimentos para novas situações; Sistematização: iniciar cada unidade de ensino apresentando conjuntos significativos e descer gradualmente ao pormenor. As Técnicas de Ensino: Ensino pela descoberta; Apresentação dos objetivos; Introduções; Sumários; Questionários orientados para a compreensão; Esquemas; Debates; Discussões; Estudo de casos. 1.2.3 Princípios psicopedagógicos x teorias humanistas Os princípios psicopedagógicos: A preocupação central não deve ser com o ensino, mas sim com a aprendizagem numa perspectiva de desenvolvimento da pessoa humana; www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem Centrar a aprendizagem no sujeito e nas suas necessidades, na sua vontade e nos seus sentimentos; Desenvolver no indivíduo a responsabilidade pela autoaprendizagem e incutir-lhe o espírito de autoavaliação; Centrar a aprendizagem em atividades e experiências significativas para o educando; Desenvolver no seio do grupo relações interpessoais baseadas na empatia; Ensinar também a sentir e não apenas a pensar; Ensinar a aprender; Criar no seio do grupo uma atmosfera emocional positiva, que ajude o educando a integrar novas experiências e novas ideias; Promover a aprendizagem ativa, orientada para processos de descoberta, autônomos e refletidos. As Técnicas de Ensino: Ensino individualizado; Discussões; Debates; Painéis; Simulações; Jogos de Papéis; Resolução de Problemas. (http://formacao.atwebpages.com/2_2_1_modos_modelos_aprendizage m.htm) www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem 2 TEORIAS PSICOLÓGICAS APLICADAS À EDUCAÇÃO Falamos muito até o momento em teorias... Mas, o que são e para que servem as teorias? Essa deveria ter sido a primeira pergunta a responder. Pois bem: etimologicamente, a palavra teoria, de origem grega, literalmente significa “um olhar privilegiado próximo a Deus”. Simplificando poderíamos dizer que relaciona-se a algum aspecto do que se deseja conhecer e explicar. Em termos de educação, cada teoria, isoladamente, procura responder a determinadas questões, abordando alguns aspectos do ato de educar. Há teorias que discutem como crianças e adolescentes constituem conhecimentos, algumas abordam aspectos voltados para o papel do sujeito nesta constituição, outras discutem o papel da interação entre sujeitos, da mediação da linguagem, da importância de diferentes estruturas como a percepção, a memória. É importante que fique claro que nenhuma teoria por si só explica toda a complexidade do ser humano. 03 (três) teorias da Psicologia despertaram para um maior entendimento e internalização: a Behaviorista, (com Pavlov e Skinner), a do Construtivismo Genético (com Piaget) e a Sociointeracionista (com Vygotsky). Apesar de apresentarem pontos de vista diferentes e múltiplos, as teorias psicológicas da aprendizagem tem uma concepção em comum quando consideram os processos de aprendizagem como de vital importância no desenvolvimento do ser humano. Vejamos algumas leis e princípios que explicam e regulam os processos de aprendizagem: 2.1 Ivan Pavlov e Skinner - Behaviorismo Ivan Pavlov - formulou sua teoria do reflexo no início do século XX. Sua hipótese fundamental tem três aspectos indissociáveis: www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem A espécie animal responde aos estímulos do ambiente de forma incondicionada; É possível condicionar a resposta a partir de estímulos neutros, modificando o comportamento incondicionado; Os estímulos neutros passam a ser estímulos condicionados. Esquematicamente, sua formulação decorre de uma experiência que pode ser representada assim: Estímulo incondicionado (ambiente)-> resposta (incondicionada) Estímulo ambiente + estímulo neutro -> resposta Estímulo condicionado -> resposta condicionada As formulações de Pavlov influenciaram a psicologia norte-americana através da escola behaviorista. Skinner, posteriormente, vai caracterizar as formas de condicionamento pavlovianos- watsonianos como “respondentes” em contraposição aos condicionamentos operantes. Skinner - Partiu dos mesmos pressupostos epistemológicos de Watson. O modelo de Skinner adota o associacionismo de Thorndike como base de suas formulações psicológicas do comportamento, as quais são marcadas pela preocupação com a aprendizagem (SILVA, 2003). A lei do efeito é apropriada por Skinner para definir o comportamento operante, constituído por associações estímulo-reforço (positivo ou negativo) às respostas de um sujeito. Suas formulações resultaram na “instrução programada” e no “ensino melhorada” (utilizando o computador). Os pressupostos de sua teoria são os seguintes: O comportamento é aquilo que pode ser objetivamente estudado; A personalidade é uma coleção de comportamentos objetivamente analisáveis; As ideias de liberdade, autonomia, dignidade e criatividade são ficções sobre comportamento sem valor explicativo e científico, na medida em que apenas expressam tipos variados de condicionamento; www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem O comportamento pode ser modelado através da administração de reforços positivos e negativos, o que implica também numa relação causal entre reforço (causa) e comportamento (efeito); A proposta psicopedagógica de Skinner envolve: 1. Apresentações das informações em pequenas etapas (para que possa haver controle de cada avanço da aprendizagem); 2. Exigência de participação ativa do aluno (resposta) através de um sistema de avaliação ancorado na reprodução da resposta; 3. Reforço imediato à resposta, no sentido de um feedback indicando acerto ou erro; 4. Autocontrole por parte do aluno (isto é, o aluno que responde corretamente às questões pode passar a módulos posteriores). Skinner, o principal psicólogo da corrente behaviorista, é um cientista pouco lido e raramente compreendido. Suas ideias são muito complexas e enfatizam a necessidade de explicar qualquer comportamento, por mais simples que pareça, como resultado da combinação de muitas causas(SILVA, 2003). Toda a teoria de Skinner está baseada na noção de que o comportamento de um indivíduo é afetado pelas consequências que comportamentos similares tiveram no passado. Skinner distingue dois tipos de consequências do comportamento. Os reforços fazem com que comportamentos similares ocorram com mais frequência no futuro (este processo é denominado condicionamento operante). Já as punições podem fazer com que comportamentos similares diminuam no futuro (SILVA, 2003). Porém, Skinner sempre chamou a atenção para o fato de que a redução de comportamentos através de punições é ineficaz e costuma trazer graves subprodutos psicológicos. Com base nisto, ele desaconselha enfaticamente o uso de punições na educação ou em qualquer outro campo das atividades humanas. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem Aplicando as noções de reforço e punição poderíamos imaginar, por exemplo, que um indivíduo que fala muito pode ter tido o seu comportamento de falar bastante reforçado no passado; por outro lado, um indivíduo que fala pouco e mostra-se constantemente reservado, silencioso e introvertido, pode ter sido pouco reforçado e/ou frequentemente punido por seu comportamento de falar (SILVA, 2003). Os métodos de análise desenvolvidos por Skinner mostram que raramente as coisas ocorrem de modo tão simples e uniforme. Por exemplo, reforços ou punições específicas podem fazer com que o indivíduo fale mais na presença de determinadas pessoas e menos na presença de outras; ele pode falar mais sobre certos assuntos e menos sobre outros. Além dos reforços e punições de sua história passada, a fala do indivíduo pode ser afetada pelas suas emoções, motivações, fadiga ou efeito de certas drogas, etc. Em “A Tecnologia do Ensino” (1968), o “pai” do behaviorismo radical, como era chamado, lançou a teoria do “ensino programado”. Defendia que “máquinas de ensinar” seriam mais eficazes do que professores em sua tarefa pedagógica. Os alunos deveriam ser educados da mesma forma que animais eram induzidos a responder a estímulos determinados dentro do laboratório. No campo da psicologia, a contribuição fundamental de Skinner foi uma invenção à primeira vista banal: uma caixa capaz de isolar animais em laboratório e estudar seu comportamento em condições tidas como ideais. A invenção foi batizada de “caixa de Skinner” (SILVA, 2003). 2.2 Piaget – construtivismo genético Embora não tenha construído uma teoria pedagógica propriamente dita, Piaget influenciou em muito e educação. Jean Piaget nasceu na Suíça em 1896 e faleceu em 1980 aos 83 anos, deixando uma produção imensa: mais de 70 livros e mais de 200 artigos. De formação inicial em Biologia, teve preocupações eminentemente epistemológicas, tendo-se dedicado ao estudo de como o ser humano constrói conhecimento. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem Embora sua “teoria” propicie respostas pedagógicas, Piaget nunca se preocupou com o “como fazer”, isto é, não se poderia falar num método ou técnica Piagetiana. Piaget, procurando descobrir a gênese, a origem da história do comportamento do ser humano, criou o que seria chamado de Psicologia Genética (SILVA, 2003). Por se dedicar ao estudo do modo como o ser humano constrói conhecimentos em interação com o meio social e natural, sua teoria é conhecida como Teoria Construtivista Interacionista. Tendo-se dedicado a estudar predominantemente a relação sujeito/objeto do conhecimento, analisando os tipos de estruturas necessárias para que o sujeito se apoderasse destes objetos, Piaget se dedicou mais ao polo do Construtivismo, não se aprofundando muito na relação sujeito/sujeito. Piaget condena veementemente as hipóteses inatistas que concebem o sujeito como estando, desde o início, munido de estruturas inatas, para quem o ser humano é dotado geneticamente com a capacidade específica de aprender uma língua, sendo, portanto, a aquisição desta, um processo de base biológica. Para Piaget, a linguagem é uma construção da inteligência sensóriomotora, preparada passo a passo, até se concretizar no período pré-operatório, mais ou menos aos dois anos de idade (SILVA, 2003). Segundo a Teoria Construtivista, o sujeito é ativo e em todas as etapas de sua vida procura conhecer e compreender o que se passa à sua volta. Mas não o faz de forma imediata, pelo simples contato com os objetos. Suas possibilidades, a cada momento decorrem do que Piaget denominou esquemas de assimilação, ou seja, esquemas de ação (agitar, sugar, balançar) ou operações mentais (reunir, separar, classificar, estabelecer relações), que não deixam de ser ações, mas se realizam no plano mental. Estes esquemas se modificam como resultado do processo de maturação biológica, experiências, trocas interpessoais e transmissões culturais. Por outro lado, os objetos do conhecimento apresentam propriedades e particularidades que nem sempre são assimiladas (incorporadas) pelos esquemas já estruturadas no sujeito. Isto ocorre, ou porque o esquema assimilado é muito geral e não se aplica a uma situação particular, ou porque é www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem ainda insuficiente para dar conta de um objeto mais complexo. Assim, uma criança que já construiu o esquema de sugar, assimila a mamadeira, mas terá que modificar o esquema para sugar a chupeta, comer com colher, etc. (SILVA, 2003). Outro exemplo: um aluno que já construiu o conceito de transformação, terá que compreendê-lo tanto em situações específicas da vida cotidiana, como em conteúdos de História, Geografia, Biologia, etc. A este mecanismo de ampliação ou modificação de um esquema de assimilação, Piaget chamou de acomodação. E fica claro que, embora seja “provocado” pelo objeto, é também possível graças à atividade do sujeito, pois é este que se modifica para a construção de novos conhecimentos. O conteúdo das assimilações e acomodações variará ao longo do processo de desenvolvimento cognitivo, mas a atividade inteligente é sempre um processo ativo e organizado de assimilação do novo ao já construído, e de acomodação do construído ao novo. Fica assim estabelecida a relação do sujeito conhecedor e do objeto conhecido. Por aproximações sucessivas, articulando assimilações e acomodações, completa-se o processo a que Piaget chamou de adaptação. A cada adaptação realizada, novo esquema assimilador se torna estruturado e disponível para que o sujeito realize novas acomodações e assim sucessivamente. O que promove este movimento é o processo de equilibração, conceito central na teoria construtivista. Diante de um desafio, de um estímulo, de uma lacuna no conhecimento, o sujeito se “desequilibra” intelectualmente, fica curioso, instigado, motivado e, através de assimilações e acomodações, procura restabelecer o equilíbrio que é sempre dinâmico, pois é alcançado por meio de ações físicas e/ou mentais. O pensamento vai se tornando cada vez mais complexo e abrangente, interagindo com objetos do conhecimento cada vez mais abstratos. Para Piaget, ter assegurado o direito à educação, significa ter oportunidades de se desenvolver, tanto do ponto de vista intelectual, como social e moral. Cabe à sociedade, através de instituições como a família e a escola, propiciar experiências, trocas interpessoais e conteúdos culturais que, www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem interagindo com o processo de maturação biológica, permitam à criança e ao adolescente atingir capacidades cada vez mais elaboradas, de conhecer e atuar no mundo físico e social (SILVA, 2003). Como enfatiza Piaget, a lógica, a moral, a linguagem e a compreensão de regras sociais não são inatas, ou seja, pré-formadas na criança, nem são impostas de fora para dentro, por pressão do meio. São construídas por cada indivíduo ao longo do processo de desenvolvimento, processo este entendido como sucessão de estágios que se diferenciam um dos outros, por mudanças qualitativas. Mudanças que permitam, não só a assimilação de objetos de conhecimento compatíveis com as possibilidades já construídas, através da acomodação, mas também sirvam de ponto de partida para novas construções (adaptação). Para que este processo se efetive, é importante considerar o principal objetivo da educação que é a autonomia, tanto intelectual como moral. Para Piaget (1958, p. 201): “O ser humano, desde o seu nascimento, se encontra submerso em um meio social que atua sobre ele do mesmo modo que o meio físico. Mais ainda, que o meio físico, em certo sentido, a sociedade transforma o indivíduo em sua própria estrutura, porque não somente o obriga a conhecer fatos, mas lhe fornece um sistema de signos completamente construídos que modificam seu pensamento, propõe-lhe valores novos e impõe-lhe uma cadeia definida de obrigações. É, portanto, evidente, que a vida social transforma a inteligência pelo conteúdo das permutas (valores intelectuais), pelas regras impostas ao pensamento - normas coletivas, lógicas ou pré-lógicas”. Na perspectiva construtivista de Piaget, estas pressões sociais e linguísticas vão sendo exercidas sempre em interação com as possibilidades de cada indivíduo ao longo do processo de desenvolvimento. Neste sentido, afirmamos que a linguagem transmite ao indivíduo um sistema que contém noções, classificações, relações e conceitos produzidos pelas gerações anteriores. Mas a criança utiliza este sistema, seguindo sua própria estrutura intelectual. Se não tiver ainda construída a operação de classificação, uma palavra relativa a um conceito geral, será apropriada na www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem forma de um preconceito, semi-individual e semi-socializado. Uma vez construída a operação de classificação e seu sistema de inclusão, novas possibilidades se abrem para o sujeito que é capaz de fazer deduções e inferências, de forma cada vez mais autônoma, ou seja, sem que precise ser “ensinado” a cada nova etapa no ensino-aprendizagem. Esta é uma das contribuições mais promissoras do construtivismo para a Educação. Partir do ponto em que o aluno se encontra significa, do ponto de vista cognitivo, levar em consideração sua forma de pensar, perceber contradições, inconsistências, enfim, procurar identificar o que ele sabe e o que ainda precisará saber durante o processo ensino-aprendizagem (SILVA, 2003). Os estágios de desenvolvimento por que passa o ser humano segundo a Teoria Construtivista de Piaget são: 1. Estágio sensório-motor - desenvolvimento inicial das coordenações e relações de ordem entre as ações, início de diferenciação entre os objetos e entre o próprio corpo e os objetos; aos 18 meses, mais ou menos, constituição da função simbólica (capacidade de representar um significado a partir de um significante). No estágio sensório-motor o campo da inteligência aplica-se a situações e ações concretas (0 a 2 anos). 2. Estágio pré-operatório - reprodução de imagens mentais, uso do pensamento intuitivo, linguagem comunicativa e egocêntrica, atividade simbólica pré-conceitual, pensamento incapaz de descentração (2 a 6 anos). 3. Estágio operatório concreto - capacidade de classificação, agrupamento, reversibilidade, linguagem socializada; atividades realizadas concretamente sem maior capacidade de abstração (7 a 11 anos). 4. Estágios das operações formais - transição para o modo adulto de pensar, capacidade de pensar sobre hipóteses e ideias abstratas, linguagem como suporte do pensamento conceitual (11/12 anos). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem 2.3 Vygotsky - sociointeracionismo Vygotsky, foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa ao insistir que as funções psicológicas são um produto de atividade cerebral. Associou psicologia experimental com neurologia e com fisiologia ao relacionar a dialética aos processos de construção do pensamento e conseguiu explicar a transformação dos processos psicológicos elementares em processos complexos dentro da história (PSICOPEDAGOGIA ON LINE, 2010). Seu trabalho foi baseado em pesquisas em: literatura, psicologia, deficiência física e mental e em educação. Para Vygotsky (1987), o desenvolvimento mental da criança é um processo contínuo de aquisição de controle ativo sobre funções inicialmente passivas. Desde os primeiros dias, as atividades da criança adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratadas através do prisma do ambiente da criança. Daí que, de início, o caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa. Neste sentido, o processo de solução de problemas em conjunto com outra pessoa não é diferenciado pela criança pequena no que se refere aos papéis desempenhados por ela e por quem a ajuda. Segundo Oliveira (1993, p, 33) observa-se que o aprendizado está relacionado ao desenvolvimento e é “um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas”. É o aprendizado que possibilita o despertar de processos internos de desenvolvimento que, não fosse o contato do indivíduo com certo ambiente cultural, não ocorreriam. Para Carrara (2004) a aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores etc., a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. Inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo – incluindo sempre aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre as pessoas. O desenvolvimento fica impedido de ocorrer na falta de situações propícias ao aprendizado. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem O ser humano cresce num ambiente social e a interação com outras pessoas é fundamental para o seu desenvolvimento. Haja vista os registros históricos sobre o „menino selvagem de Aveyron‟, „Kasper Hauser‟ e o mais famoso de todos – o caso das „meninas-lobo da Índia‟, não sorriam, andavam como quadrúpedes, uivavam para a lua e sua visão era melhor à noite do que durante o dia. Vê-se, portanto, que sem contato humano não se consegue ser humano de fato; o homem só pode ser homem se viver em sociedade (CARRARA, 2004). Vygotsky (1987) afirma que “ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo”. Para ser considerada como possuidora de certa habilidade, a criança tem que demonstrar que pode cumprir a tarefa sem nenhum tipo de ajuda. Vygotsky denomina essa capacidade de realizar tarefas de forma independente de nível de desenvolvimento real (NDR). Refere-se a etapas já alcançadas, como resultado de processos de desenvolvimento já completados. Chama a atenção para o fato de que para compreender adequadamente o desenvolvimento devemos considerar não apenas o nível real da criança, mas também seu nível de desenvolvimento potencial (NDP) – a capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de adultos ou de colegas mais capazes (CARRARA, 2004). Essa possibilidade de alteração no desempenho de uma pessoa pela interferência de outra é fundamental na teoria de Vygotsky. Não é qualquer indivíduo que pode, a partir da ajuda do outro, realizar qualquer tarefa. A capacidade de se beneficiar de uma colaboração de outra pessoa vai ocorrer num certo nível de desenvolvimento, mas não antes da mediação do educador, seja ele de qual natureza for. Ele atribui importância extrema à interação social no processo de construção das funções psicológicas humanas, portanto, o desenvolvimento individual se dá num ambiente social determinado e a relação com o outro, nas diversas esferas e níveis da atividade humana, é essencial para o processo de construção do ser psicológico individual (OLIVEIRA, 1993). www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem A partir da existência desses dois níveis de desenvolvimento chegamos à zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que seria “a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes” (VYGOTSKY, 1987, p. 22). Vygotsky põe toda a sua atenção no estudo do desenvolvimento da atividade psicológica superior. Interpreta o crescimento como processo dialético em que cada etapa se atinge porque, de base, existe uma “atividade mediadora” ou ato de elaboração e utilização de um instrumento cada vez mais evoluído. Esta atividade mediadora tem a sua origem na relação social e é fruto do desenvolvimento histórico-cultural. 2.3.1 O papel da escola no desenvolvimento do aluno Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a escola tem um papel essencial na construção do ser psicológico adulto dos indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas. Mas o desempenho desse papel só se dará adequadamente quando, conhecendo o nível de desenvolvimento dos alunos, a escola dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim para estágios de desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos, funcionando realmente como um motor de novas conquistas psicológicas (CARRARA, 2004). O processo de ensino-aprendizado na escola deve ser construído, tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança e como ponto de chegada os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente adequados à faixa etária e ao nível de conhecimentos e habilidades de cada grupo de crianças. O percurso a ser seguido estará balizado pelas possibilidades das crianças. “A escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão de mundo a partir de seu desenvolvimento já consolidado e tendo como meta www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem etapas posteriores, ainda não alcançadas”. Por sua vez, “o professor tem o explícito papel de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente” (REGO, 1999, p. 85). O aluno só conseguirá atingir um nível de abstração em Matemática, por exemplo, se anteriormente ele foi estimulado com operações concretas, como o uso do ábaco, do material dourado, dos palitos de sorvete, das pedrinhas, das barrinhas de Cursinaire, entre tantos (CARRARA, 2004). Ao ensinar/educar as crianças, o adulto deverá, ainda, utilizar sempre um vocabulário vasto, além de usar nomenclaturas corretas e dar explicações coerentes, que satisfaçam o grau de desenvolvimento delas. Tornando mais claro, se um professor que trabalha com crianças de quatro anos fazer uso contínuo de diminutivos, certamente elas assim o farão; falarão como o modelo apresentado. Mas, em outro exemplo, se alguém disser às crianças que a gripe é causada por um vírus e lhes der uma explicação plausível sobre o que é „isso‟, elas sairão, no final de cada processo, de cada momento de ensinoaprendizagem, mais bem preparadas, com um vocabulário mais rico e, certamente, não falarão à outra pessoa que a gripe é causada por uns „bichinhos‟ (CARRARA, 2004). Vygotsky enfatiza o papel da intervenção no desenvolvimento, porém o seu objetivo maior é trabalhar com a importância do meio cultural e das relações entre indivíduos na definição de um percurso de desenvolvimento da pessoa humana, e não propor uma pedagogia diretiva, autoritária. Trabalha com a ideia de reconstrução, de reelaboração, por parte do indivíduo, dos significados que lhe são transmitidos pelo grupo cultural. Imitação, para ele, é uma reconstrução individual daquilo que é observado nos outros. Ele não toma a atividade imitativa como um processo mecânico, mas sim como uma oportunidade de a criança realizar ações que estão além de suas próprias capacidades, o que contribuiria para seu desenvolvimento. Ao imitar a escrita de um adulto, a criança está promovendo o amadurecimento de processos de desenvolvimento que a levarão ao aprendizado da escrita. Quando uma criança de três ou quatro anos imita um adulto utilizando-se da www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem garatuja ou dos rabiscos contínuos, na tentativa de se comunicar via escrita, ela está tentando imitar a letra cursiva do adulto/modelo. Isso significa que está sendo, portanto, estimulada pelo meio e, após alcançar o NDP, assim o fará, se bem estimulada. Não se pode esquecer que todo esse mecanismo está intrinsecamente ligado e, ao mesmo tempo, se inter-relacionando com a maturidade do sistema nervoso central. É preciso que tal sistema esteja amadurecido (CARRARA, 2004). A interação entre alunos também provoca intervenções no desenvolvimento das crianças. Ao propor uma atividade em grupo, o professor deve ter como objetivos, além dos específicos, a expectativa de que a ajuda mútua, as discussões, os levantamentos de hipóteses, sejam momentos de grande aprendizado. Se o professor, por exemplo, dá uma tarefa individual aos alunos em sala de aula, a troca de informações e de estratégias entre as crianças não deve ser considerada como procedimento errado, pois pode tornar a tarefa um projeto coletivo extremamente produtivo para cada criança (CARRARA, 2004). Quando um aluno recorre ao professor como fonte de informação para ajudá-lo a resolver algum tipo de problema escolar, não está burlando as regras do aprendizado, mas ao contrário, utilizando-se de recursos legítimos para promover seu próprio desenvolvimento. E uma das melhores formas de o professor ajudá-lo é propondo algo que o faça buscar uma resposta. Por exemplo, se um aluno lhe pergunta se „benefício‟ escreve-se com c, ç, s ou ss, o professor pode, juntamente com ele, buscar a resposta num dicionário. Ou pode propor um desafio para grupos de crianças, oferecendo-lhes uma lista com palavras para trabalharem e criarem regras ortográficas, fazendo-as defrontar-se com o problema. Outro exemplo disso está na construção de regras ortográficas (m antes de p e b, p.ex.). O professor pode, a partir de um determinado texto que se esteja trabalhando em sala ou uma história que a criança goste, solicitar para que procurem neste escrito todas as palavras que possuem as letras m e n, sugerindo que grife uma de azul e a outra de vermelha. Após este levantamento realizado individualmente, pode-se reunir grupos para discutir quando essas letras aparecem precedidas por consoantes e solicitar que levantem hipóteses, que estabeleçam uma relação entre as www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem palavras escritas com tais letras. O professor, após algum tempo, ouve as exposições dos grupos, anota no quadro as hipóteses e, juntamente com o grupo chega à conclusão: construiu-se a regra – m se usa antes de p e b. (CARRARA, 2004). Qualquer modalidade de interação social, quando integrada num contexto realmente voltado para a promoção do aprendizado e do desenvolvimento, poderá ser utilizada, portanto, de forma produtiva na situação escolar. Essa intervenção é feita no sentido de desafiar o sujeito, de questionar suas respostas, para observar como a interferência de outra pessoa afeta seu desempenho e, sobretudo, para observar seus processos psicológicos em transformação e não apenas os resultados de seu desempenho (OLIVEIRA, 1993). A situação escolar deve estar bastante estruturada e explicitamente comprometida com a promoção de processos de aprendizado e desenvolvimento: neste contexto, entram os brinquedos e os jogos, outros domínios da atividade infantil que têm relações com o desenvolvimento. Eles criam uma zona de desenvolvimento proximal na criança. Daí o grande significado que têm para ela, os jogos simbólicos. Um, dentre tantos exemplos, é a brincadeira do faz de conta - privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento. “O comportamento das crianças é fortemente determinado pelas características das situações concretas em que elas se encontram” (OLIVEIRA, 1993, p. 59). Outra função extremamente importante da escola é a de criar espaços/condições para promover a leitura e a escrita. Vygotsky tem uma abordagem genética da escrita: preocupa-se com o processo de aquisição. Para compreender o desenvolvimento da escrita é necessário estudar o que ele chama de “a pré-história da linguagem escrita” – o que se passa com a criança antes de ser submetida a processos deliberados de alfabetização (CARRARA, 2004). A principal condição necessária para que uma criança seja capaz de compreender adequadamente o funcionamento da língua escrita é que ela www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem descubra que a língua escrita é um sistema de signos que não tem significado em si (FERREIRO, 1988). As crianças inicialmente imitam o formato da escrita de um adulto, produzindo apenas rabiscos mecânicos, sem nenhuma função instrumental; num nível mais avançado, elas continuam a fazer sinais sem relação com o conteúdo das sentenças faladas, passando por diferentes subníveis, até que consigam diferenciar os signos da escrita pelo conteúdo do que é dito. Neste ponto, a criança já descobriu a necessidade de trabalhar com marcas diferentes em sua escrita, que possam ser relacionadas com o conteúdo. Passa, então, para a utilização dos desenhos como forma de expressão individual. A partir desse momento, a criança passa à escrita simbólica. O próximo passo envolve o aprendizado da língua escrita propriamente dita – não um processo individual, mas que interage com a observação da vida cotidiana (OLIVEIRA, 1993). O mais importante é lembrar que se deve ensinar a linguagem escrita e não, simplesmente, a escrita das letras. Carrara (2004) aponta outros aspectos que devem ser contemplados para que o processo ensino-aprendizagem seja eficiente A percepção – ao longo do desenvolvimento humano, a percepção torna-se cada vez mais um processo complexo. Ela age num sistema que envolve outras funções. Ao percebermos elementos do mundo real, fazemos inferências baseadas em conhecimentos adquiridos previamente e em informações sobre a situação presente, interpretando dados perceptuais à luz de outros conteúdos psicológicos. “Percebo o objeto como um todo, como uma realidade completa, articulada e não como um amontoado de informações sensoriais” (VYGOTSKY, 1984, p.42). A atenção – que vai sendo gradualmente submetida a processos de controle voluntário, em grande parte fundamentados na mediação simbólica. A memória – uma importante função psicológica ao longo do desenvolvimento e com poderosa influência dos significados e da linguagem. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem Diante do exposto, faz-se importante considerar o ensino como uma prática social específica, que se dá no interior de um processo de educação e que ocorre de maneira espontânea ou sistematizada, intencional e organizada, sempre que mediada pelo educador e quando algo vai errado ou obscuro com nosso aluno, é preciso percepção suficiente para um encaminhamento ao profissional adequado a trabalhar os problemas. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem 3 CAMPOS NORTEADORES DA AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 3.1 Abordagem neuropsiquiátrica Abordagem fundamentada na medicina e medicalização dos problemas de aprendizagem. Há exageros nessa área, como a prescrição de Tofranil para crianças com problemas comuns de atenção escolar (PINEL, 2004). É adequado consultar um médico com residência em neurologia, e com compreensão do movimento inclusivo. 3.2 Abordagem comportamental Abordagem fundamentada nos trabalhos de laboratório de Psicologia experimental de Watson (Behaviorismo Metodológico) e B. F. Skinner (Behaviorismo Radical). O enfoque está na observação e descrição clara dos comportamentos inadequados, a identificação daquilo que mantém (reforça/ recompensa) esse comportamento desviado/ patológico – segundo o contexto do meio - e a intervenção de modificação, por meio de técnicas de controle do comportamento e a instalação de um novo e mais adequado comportamento (PINEL, 2004). A análise de tarefas é um dos programas psicopedagógicos que utilizam as propostas do neobehaviorismo. Filosoficamente o behaviorismo é condenável, pois defende a tese que o homem é uma tabula rasa, sem história e dele fazemos o que quisermos. Entretanto, mesmo psicólogos sócio-históricos como Bock et al (1999).; tem defendido as benesses desses treinamentos para a Psicologia do Excepcional. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem 3.3 Abordagem fenomenológica O mais importante nessa abordagem são as atitudes e posturas do cuidador. É vital o envolvimento existencial com aquilo que se põe ao meu ser Total (Holismo) e o necessário distanciamento reflexivo da coisa mesma, e então apreender o sentido ou o significado do que é vivido pelo outro/ orientando (PINEL, 2004). Heidegger e Sartre são dois filósofos que fundamentam tais práticas. Viktor Emil ou Emmanuel Frakl, Medard Boss, Binswanger, Franz Rúdio, J. Wood/ Doxsey et al., Angerami-Camom e Pinel são alguns psicólogos, que fundamentados nos filósofos, recriaram alternativas de diagnóstico, prevenção e tratamento psicopedagógico. Outro campo norteador da Psicopedagogia é a abordagem da Epistemologia Convergente de Jorge Visca como vimos inicialmente. 3.4 Abordagem psiconeurológica A abordagem psiconeurológica é fundamentada na biologia, psicologia e processos educativos e de treinamento. Pinel (2002) estudou as bases neurais da aprendizagem/ desenvolvimento, buscando compreender alguns mecanismos psicofisiológicos e neuropsicológicos associados aos aspectos cognitivos. Pinel (2002, p.108) destaca que é importante ao estudioso da Psicopedagogia uma atitude de compreensão e esforço intelectual na pesquisa do aluno com problemas de aprendizagem escolar. Recorrendo a Fernández (1990), no livro “Inteligência Aprisionada”, Pinel (2002) sugere que o discente deve ser abordado em quatro aspectos que é o seu ser total: seu ORGANISMO, seu CORPO, seu DESEJO e sua INTELIGÊNCIA. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem O ORGANISMO deve ser entendido no seu funcionamento – normal ou não fisiológico. Doenças perturbam a aprendizagem, a dor – física, etc. Entretanto, deficiências físicas, em si mesmas não são anormais, mas sim a sociedade onde este organismo está inserido, pois é a sociedade que não apresenta pré-requisitos para a inclusão do diferenciado. A sociedade foi e é construída para uma maioria dominante, e para uma elite dominante. Quanto ao CORPO deve ser apreendido o modo como o aluno se percebe. Também: Como o corpo discente se percebe e se movimenta no espaço? Qual o seu Esquema Corporal: Imagem e Conceito Corporal? Como o corpo é introjetado pelo discente: introjeção das partes do corpo e todo o corpo? Quais reações da pessoa frente ao espelho? Etc. Poderíamos falar em motivação, em demanda, em necessidade, em vontade do discente. Recorremos ao termo DESEJO do aluno. Qual a sua vontade de sentido? Qual a sua motivação mais profunda, o seu querer, a sua autoestima, as suas forças e fragilidades? etc. Finalmente a INTELIGÊNCIA é o aspecto não mensurável do desenvolvimento cognitivo. Pode ser até avaliado por intermédio de Testes de Inteligência – utilizados em termos clínicos ou seja: qualitativos. A inteligência refere-se a capacidade do aluno/pessoa solucionar os problemas que se interpõem à sua frente, no seu cotidiano de ser. O modo como ele aborda - criativo ou não – os problemas, solucionando-os ou não. Dentro desse contexto psiconeurológico, os distúrbios biológicos do crescimento e do desenvolvimento que for capaz de interferir prolongadamente no METABOLISMO refletem de modo negativo no crescimento e desenvolvimento. Os principais fatores podem ser agrupados em: 1. Disfunções endócrinas: Ex.: nanismo hipofisário e tireoidiano; gigantismo; puberdade precoce etc. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem 2. Fatores genéticos: Ex.: acondroplasia; síndrome de Down; síndrome de Turner, etc. 3. Desnutrição: O mecanismo de desnutrição gera um atraso no desenvolvimento-aprendizagem, e esse é muito complexo. 4. Doenças crônicas: Essas doenças, quando de longa duração perturbam o metabolismo, atrasando o crescimento. Como é o caso da insuficiência digestiva e de certas afecções renais, pulmonares e cardíacas. 5. Além desses fatores, reafirmamos que problemas emocionais (conflitos e violências no lar; o modo de ser da criança diante do alcoolismo paterno, por exemplo, e o sentimento da criança diante dos jogos psicopatológicos da família; abuso sexual etc.) e infecções frequentes (verminoses e intoxicações etc.) também prejudicam o desenvolvimento/ aprendizagem (PINEL, 2004). As características físicas de uma criança estimulam seus familiares, colegas, professores e outras pessoas significativas em sua vida-vivida, a criar, de modo fantasioso, a respeito dela, uma imagem marcada pelos estigmas, estereótipos e preconceitos. Muitas vezes, esses algozes são destruidores do ser, e então persistem nas condutas e atitudes prejudiciais ao crescimento da pessoa. Muitas vezes o preconceito está localizado no inconsciente (PINEL, 2002). Enfim, o ambiente escolar poderá ser percebido como agradável, suportável ou intolerável. Isso será resultado do modo como a criança é - ou se sente - como se aceita. Tais subjetividades construídos por meio e comportamentos dessas explícitos intersujetividades foram e são patologizadas, desrespeitadoras do desenvolvimento/ aprendizagem do ser. Pode ser que toda essa vivência dolorida faça a criança/ adolescente ou quaisquer pessoas sentir-se - ou de fato viver e sentir - segregada ou ridicularizada. Evidentemente, essas situações, de alguma forma interferem na aprendizagem e afetam todo o conjunto da vida humana. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem A autoestima é outra variável psicológica muito importante para o rendimento (sucesso-fracasso) da criança na escola. Não gostar de si implica em um alto grau de contaminação psíquica, que fere inclusive o organismo, o corpo, o desejo e a inteligência (PINEL, 2002). Moura (1993, p. 55 apud Pinel, 2002) pontua que “muitas crianças crescem precocemente, apresentando peso e altura que sugerem uma idade maior que a real. Quem convive com essas crianças, inclusive os professores, tende a esperar demais delas e a julgá-las unicamente por seu físico, esquecendo que uma criança cuja maturação física é precoce enfrenta exigências para as quais não está psicologicamente pronta, e isso é uma causa geradora de ansiedade”. Assim, a vida escolar da criança, sob cruéis pressões, por parte de outras crianças e por parte dos adultos (professores, diretores, merendeiras, outros adultos presentes na escola etc.) podem produzir no ser desprezado, ansiedade e sentimento de inadequação, a ponto desses sentimentos de menos-valia acompanhá-la e, mais tarde, perturbar sua vida. Essas questões psicoafetivas são vitais quando pensamos, sentimos e principalmente agimos para efetivação da filosofia da inclusão que já discutimos anteriormente e que fazem parte do universo de trabalho do psicopedagogo. Como criar alternativas de incluir o outro se não me incluo no mundo? Como dar passos maiores de inclusão, se nem me respeitar consigo? O ajudador, por meio de uma Psicopedagogia institucional, pode desenvolver trabalhos grupais, desenvolvendo o espírito crítico (PINEL, 2004). Para isso, pode, por exemplo, ensinar ao grupo ver a realidade e detalhes de injustiças elaboradas na intersubjetividades. Depois é necessário levar ao grupo a avaliar a situação concreta de pessoas que se desprezam e desprezam os outros, constando os efeitos dessas relações desrespeitosas. E, finalmente, estimular ao grupo a agir, por meio de planos de intervenção, objetivando mudar atitudes e, de imediato, os comportamentos indesejáveis à socialização do ser. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem Vale lembrar: Como se constata no quadro seguinte, aprendemos de várias formas, e as diferentes formas como aprendemos, implicam processos de aprendizagem diferentes. Aprendemos Fazendo / Experimentando Com o erro Repetindo Memorizando Imitando Reproduzindo o modelo Com o grupo Com a situação Com o problema Descobrindo Transferindo Associando/dissociando Estruturando Analisando Contextualizando Aprendendo a aprender Processos de Aprendizagem Condicionamento ou Aquisição de automatismos Teorias / Principais Representantes Comportamentalistas / Behavioristas ( Watson, Thorndike, Skiner) Modelagem ou Reprodução de Modelos Aprendizagem Social (Modelling), (Albert Bandura) Intuição ou descoberta (Insight) Cognitivistas (Wertheimer, Köhler, Koffka, Lewin, Piaget, Bruner, Ausubel, Chomsk) Estruturação ou elaboração da informação A aprendizagem tem um caráter pessoal; A aprendizagem não se vê em si mesma, mas apenas nos seus efeitos, ou seja, nas modificações que opera no comportamento exterior, observável do sujeito; A contrapartida exterior da aprendizagem, traduz-se em ações que o sujeito não era capaz de realizar antes, e que passa a conseguir depois do período de aprendizagem; É através das manifestações exteriores que se vê se o sujeito aprendeu, mas estas só se revelam se no interior do sujeito tiver ocorrido um processo de transformação e mudança. www.institutoibe.com.br – [email protected] – (0XX31)2533-0500 Instituto Brasileiro de Ensino EJA – Educação de Jovens e Adultos na Diversidade – Processos de Ensino Aprendizagem REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS BOCK, Ana et al. 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