Índice 1 Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 2 Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 3 Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 4 Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue Anexo I Indicação de concentrado de hemácias fenotipados Anexo II Indicação de componentes celulares irradiados Anexo III Indicação de albumina humana Anexo IV Indicações de concentrado de plaquetas Anexo V Transfusão em Recém Nascidos (menos que quatro meses de vida) Anexo VI Indicação de concentrado de hemácias RhD positivo (D+) em pacientes RhD negativos (D-) Leitura Complementar Guías para la transfusión de sangre y sus componente Leitura Complementar Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados voltar ao índice A Hemoterapia moderna se desenvolveu baseada no preceito racional de transfundir-se somente o componente que o paciente necessita, baseado em avaliação clínica e/ou laboratorial, não havendo indicações de sangue total. A maioria das padronizações de indicação de hemocomponentes está baseada em evidências determinadas através de análise de grupos de pacientes, nunca devendo ser empíricas ou baseadas somente na experiência do profissional médico envolvido. As indicações básicas para transfusões são restaurar ou manter: a capacidade de transporte de oxigênio, o volume sangüíneo e a hemostasia. Devemos ressaltar que as condições clínicas do paciente, e não somente resultados laboratoriais, são fatores importantes na determinação das necessidades transfusionais. Sabemos também que apesar de todos os cuidados, o procedimento transfusional ainda apresenta riscos (doença infecciosa, imunossupressão, alo-imunização), devendo ser realizado somente quando existe indicação precisa e nenhuma outra opção terapêutica. Como o procedimento transfusional apresenta risco potencial, a decisão deve ser compartilhada pela equipe médica com o paciente ou seus familiares, se o mesmo não tiver condição de entendimento, os riscos devem ser discutidos e todas as dúvidas devem ser esclarecidas. Em situações relacionadas com crenças religiosas existem orientações específicas que devem ser discutidas com o médico hemoterapêuta do serviço. Qualquer orientação quanto à conduta para transfusão de determinados hemocomponentes através da determinação de critérios, protocolos ou guias de utilização (guidelines) nem sempre levam em consideração variações e características individuais dos pacientes, portanto, estas orientações não devem ter a intenção de suplantar a avaliação criteriosa e individualizada do profissional médico envolvido com o tratamento do paciente que leva em consideração situações clínicas particularizadas e/ou especiais, porém, devem servir como orientação básica no processo decisório. A seguir apresentaremos as indicações de cada hemocomponente disponível. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 4 Concentrado de Hemácias A transfusão de concentrado de hemácias (CH) tem como objetivo restabelecer a capacidade de transporte de oxigênio e a massa eritrocitária, portanto, sua indicação está relacionada com o comprometimento da oferta de oxigênio aos tecidos, causada pelos níveis reduzidos de hemoglobina. Indicações: Nas anemias, a capacidade de transporte de oxigênio reduzida é compensada por: − aumento no débito cardíaco (elevação da freqüência cardíaca principalmente); − aumento na quantidade de 2,3 - DPG (2,3 – difosfoglicerato) das hemácias que leva a um desvio da curva de dissociação de oxigênio da hemoglobina. Em conseqüência deste aumento observamos uma maior oferta desse nível tecidual. Apesar destas alterações compensatórias há casos que estas são insuficientes. Nesses casos está indicada a reposição da massa eritrocitária através da transfusão de concentrado de hemácias (CH). Não há evidências que seja necessário transfundir um paciente para se obter níveis “normais” de hemoglobina no pré-operatório. Estudos revelam que grupos de pacientes com hematócrito em torno de 25% não apresentaram maior morbidade ou mortalidade pós-operatória. Pacientes portadores de miocardiopatia isquêmica submetidos recentemente a revascularização se beneficiam com níveis de hemoglobina de 10,0 g/dL, estes estudos demonstram uma redução da morbidade e mortalidade no período pós-operatório imediato. Não encontramos justificativa para manutenção dos níveis de hemoglobinas acima de 10g/dL em pacientes oncológicos submetidos a procedimentos quimioterápicos e/ou radioterápicos, sempre a indicação deve ser a presença de sinais de descompensação clínica. Alguns estudos demonstram que em situações específicas de pacientes em tratamento radioterápico de grandes massas tumorais, níveis mais levados de Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 5 hemoglobina potencializam a formação de radicais livres melhorando o efeito da radioterapia. Estes estudos não demonstram resultados clínicos evidentes, porém existe uma possibilidade teórica desta ação benéfica, portanto aconselha-se manter níveis de hemoglobina entre 9,0 e 10,0 g/dL nestas situações, mesmo na ausência de sinais objetivos de descompensação clínica. Nas hemorragias agudas, a reposição inicial deve ser com cristalóide e/ou substitutos sintéticos do plasma. O uso de concentrado de hemácias fica reservado para perdas sanguíneas estimadas superiores a 30% da volemia (aproximadamente 1.500mL). Armazenamento: o CH deve ser armazenado a temperaturas constantes de +2 a +6oC, em câmaras de conservação específicas para esta finalidade. Se coletados com CPDA-1 como anticoagulante podem ser utilizados até 35 dias após a coleta. Soluções de conservação contendo estabilizadores de membrana eritrocitária permitem o armazenamento por até 42 dias como SAG-manitol e ADSOL®. Orientações para transfusão: Os CHs devem ser infundidos preferencialmente em acesso venoso exclusivo, periférico, utilizando “scalps” ou cateteres de calibre superior a 19 e 20, respectivamente. O tempo de infusão deve ser de 90 a 120 minutos (min), não devendo permanecer a temperatura ambiente por mais de 6 horas, portanto o tempo de infusão não deve ser superior a 4 horas. Em situações especiais como em pacientes portadores de sobrecarga volêmica ou doença cardíaca grave com insuficiência cardíaca congestiva, o tempo de infusão pode ser mais longo, porém respeitando o limite máximo de 4 horas. Critérios para transfusão de concentrado de hemácias: − Ht ≤ 15% ou Hb ≤ 5,0 g/dL com anemia crônica e sem sinais de hipóxia tecidual; − Ht ≤ 21% ou Hb ≤ 7,0 g/dL com anemia aguda e sem sinais de hipóxia tecidual e sem fatores agravantes; Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 6 − Ht ≤ 27% ou Hb ≤ 9,0 g/dL em pacientes portadores de arteriosclerose cardiovascular sem angina (frequentemente pacientes idosos) e clinicamente estáveis; − Ht ≤ 27% ou Hb ≤ 9,0 g/dL em pacientes portadores de doença pulmonar crônica ou aguda, com pO2 inferior a 80 mmHg; − Ht ≤ 27% ou Hb ≤ 9,0 g/dL em pacientes com quadros de isquemia tecidual aguda ou aumento do consumo de oxigênio pela condição clínica; − Ht ≤ 30% ou Hb ≤ 10,0 g/dL em pacientes portadores de miocardiopatia isquêmica no período pós-operatório imediato de cirurgia de revascularização; − hemorragias agudas (perda sangüínea superior a 10 mL/kg de peso em uma hora). Podemos citar como fatores que comprometem a oferta de oxigênio: presença de doenças pulmonar grave, aterosclerose, insuficiência miocárdica ou outra doença cardíaca, ou que elevam o consumo de oxigênio: sepsis, trauma grave, pós-operatório de cirurgias de grande porte. Outras condições especiais podem existir e a decisão de indicação de transfusão de CH deve ser discutida com o médico hemoterapêuta. Crianças com idade inferior a 14 anos: Deve-se prescrever o volume a ser transfundido (mL). Para se obter um incremento no hematócrito de 7 10% ou 2 a 3g/dL da hemoglobina, deve-se transfundir 10 mL/kg de peso. As indicações de CH em recém nascidos (RNs) e pacientes cirúrgicos serão discutidas separadamente por possuírem características específicas. Concentrado de Hemácias Modificado: CH Lavadas com salina: A lavagem promove uma redução de 60 - 80% dos leucócitos e mais de 95% do plasma existente na unidade de CH. Indicações: Nos pacientes portadores de deficiência seletiva de IgA, de hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) quando Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 7 forem ser transfundidas unidade não ABO idênticas e nos casos de pacientes que apresentam reações alérgicas relacionadas a proteínas plasmáticas. Não é eficaz na profilaxia da sensibilização leucoplaquetária. Armazenamento: +2 - +6oC, por 24 horas após a lavagem pelo risco de contaminação microbiana pela utilização de sistema aberto para lavagem com solução fisiológica. CH Pobre em Leucócitos Os Concentrados de Hemácias Pobre em Leucócitos (CH-PL) são produzidos utilizando sistemas de coleta que permitem a retirada da camada leucocitária (sistema top-and-botton). Este componente caracteriza-se por uma baixa contaminação leucocitária (redução de cerca de 80% dos leucócitos contaminantes) mantendo em torno de 107 a 108 leucócitos por unidade e um menor volume de plasma. Esta leucorredução e redução do conteúdo de plasma leva a uma redução da ocorrência e intensidade dos sintomas de RFNH e de reações alérgicas, respectivamente. Indicações: Nos pacientes com antecedentes de RFNH ou reações alérgicas (um ou dois episódios anteriores) associadas a transfusões de CH. CH Desleucocitado Obtidos através do uso de filtros de 3a geração (poliester ou algodão), com redução de pelo menos 99,9% dos leucócitos contaminantes. Este procedimento é suficiente para a redução do risco de aloimunização contra antígenos leucocitários (HLA e HNA) associado à transfusão. A desleucocitação também reduz a ocorrência de aloimunização contra antígenos plaquetários (HPA), porém de maneira menos eficaz. Indicações: nos casos onde há necessidade de profilaxia da sensibilização contra antígenos leucocitários como: anemia aplástica grave, renais crônicos candidatos a transplante de rim cadáver, portadores de anemia crônica em regime de transfusão regular (anemia aplástica, doença falciforme, talassêmicos, portadores de síndrome mielodisplásica, etc), candidatos a Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 8 transplante de medula óssea e nos pacientes que mantêm reação febril não hemolítica (RFNH) mesmo com uso de CH-PL. A desleucocitação, por reduzir o número de células nucleadas contaminantes nos CHs, também reduz o risco de transmissão de doenças infecciosas por agentes intra-nucleares, portanto deve ser utilizada com o objetivo de reduzir a transmissão de infecção pro citomegalovírus (CMV) em: recém nascidos, transfusões intra-útero e transfusão em pacientes imunossuprimidos com sorologia não reagente para CMV (IgM e IgG negativas). Armazenamento: se utilizado sistema fechado (sistema de conexão estéril ou desleucocitação com filtros in line) o mesmo do componente original. Se o método de desleucocitação utilizar sistema aberto, validade de 24 horas se mantido em condições ideais de armazenamento. CH Irradiado: Os hemocomponentes celulares são irradiados com utilizando radiação gama com a finalidade de inativar células imunocompetentes viáveis contaminantes dos CHs, fazendo deste modo profilaxia da doença transplante versus-hospedeiro associada a transfusão (GVHD-TA). A capacidade proliferativa destas células é abolida com dose mínima de 2.500 Rads, sem alterar significativamente a função dos componentes, porém estes ainda mantêm as propriedades antigênicas possibilitando a sensibilização contra antígenos leucocitários. Indicações (anexo I): − Obrigatórias: imunodeficiências congênitas do tipo celular, transfusões intra-uterinas, transfusões de recém-nascidos (RNs) prematuros (menos 28 semanas e/ou baixo peso menor 1.500g), ex-sangüíneotransfusões de RNS (independente da idade gestacional no parto), pacientes após o início do condicionamento para transplante de medula óssea (TMO) até a completa suspensão da imunossupressão, portadores de anemia aplástica grave sob terapêutica com soro anti-linfocítico ou ciclosporina e na transfusão de componentes celulares obtidos de parentes de 1o grau (pais e irmãos). Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 9 − Relativas: portadores de linfoma de Hodgkin e não Hodgkin, de leucemias agudas ou crônicas e tumores sólidos pós-quimioterapia com drogas citotóxicas em altas doses (ARA-C e MTX principalmente) ou análogos da purina, pacientes pós transplante de órgãos sólidos (rim, fígado, coração/ pulmão) em uso de drogas imunossupressoras (principalmente ciclosporina e globulinas anti-linfocíticas). Armazenamento: As mesmas do CH “standard”, não existe risco para os profissionais. A irradiação leva a uma lesão das hemácias, portanto a validade do CHs deve ser reduzida. CH Fenotipadas O programa de utilização destes CHs é chamado “Programa de Hemácias Fenotipadas”, consiste na utilização de CH tipados para antígenos de outros sistemas além do ABO para pacientes sensibilizados ou profilaticamente. Os sistemas mais imunogênicos são o Rh, Kell, Duffy e Kidd. Indicações (anexo II): o objetivo é evitar que os pacientes transfundidos cronicamente sejam aloimunizados contra antígenos eritrocitários. É indicado nos portadores de talassemia, de anemia falciforme em programa de transfusão regular, de anemia aplástica e de síndrome mielodisplásica. Pacientes já aloimunizados apresentam um maior risco de aloimunização (chamados de bom respondedor), portanto é recomendável que se faça a profilaxia para outros sistemas eritrocitários. Programa profilático: recomenda-se utilizar CH fenotipadas para os seguintes antígenos: − C,c,E,e (sistema Rh), K, k (sistema Kell), Fya, Fyab (sistema Duffy), Jka, Jkb (sistema Kidd), Dia (sistema Diego), S,s (sistema MNS): em portadores anemia falciforme; − C,c,E,e (sistema Rh), K, k (sistema Kell), Fya (sistema Duffy), Jka (sistema Kidd), Dia (sistema Diego): hemoglobinopatias hereditárias (exceto anemia falciforme), doença de membrana eritrocitária ou deficiência enzimática em programa de transfusão crônica, portadores de anemia hemolítica Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 10 autoimmune com fenotipagem e/ou genotipagem conclusivas, receptores crônicos de transfusão de CHs com aloimunização prévia (anticorpos imunes e clinicamente significativos) – com dois ou mais anticorpos identificados; − C,c,E,e (sistema Rh), K, k (sistema Kell): síndromes mielodisplásicas, anemia aplástica grave, doença mieloproliferativa crônica (por exemplo: LMC, LMMC, mielofibrose, etc.), hemoglobinúria paroxística noturna, aplasia pura de série vermelha, telanjectasia hereditária hemorrágica, receptores crônicos de transfusão de CHs com aloimunização prévia (anticorpos imunes e clinicamente significativos) – com somente um anticorpo identificado. Armazenamento: as mesmas condições que para CH “standard”. É necessária uma programação para estas transfusões, pois às vezes não temos à disposição unidades adequadas. Recomendações Gerais − Recomenda-se a utilização de CHs com menos de 15 dias de armazenamento nas seguintes situações: portadores de insuficiência renal crônica em diálise, transfusões maciças (> 10 unidades de CH em 24 horas), pacientes em terapia intensiva com suporte ventilatório, cirurgias cardíacas com circulação extra-corpórea ou outras situações onde a oferta de oxigênio deve ser ideal ou potencializada; − Em transfusões de pequenos volumes (recém-nascidos) é recomendada a utilização de sistema de aliquotagem em sistema fechado com o objetivo de reduzir exposição; − ou Não está contra-indicada a utilização de CH conservados em SAG-manitol ADSOL® em RNs ou pacientes pediátricos exceto sanguíneotransfusão. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 11 para ex- Plasmas e Derivados Constitui a porção líquida do sangue e apresenta 3 funções básicas: manter efeito oncótico do sangue, mediar a coagulação e a fibrinólise e propriedades anti-sépticas. Plasma Fresco Congelado O plasma fresco congelado (PFC) é preparado de doações de sangue total ou obtido por procedimentos de aférese. Este último método não é autorizado em nosso país, exceto em situações especiais. O volume pode variar de 150 a 400 mL, dependendo da forma de obtenção. O plasma é congelado rapidamente (em até 6 horas após a coleta) atingindo uma temperatura inferior à –30oC com o objetivo de manter a atividade de todos os fatores de coagulação próxima ao normal. Indicações: Deficiência de um único fator de coagulação: Nesta situação só deve ser utilizado se não tivermos a disposição produto purificado (hemoderivado), pois este possui maior segurança. Essas situações são pouco freqüentes e a indicação de reposição deve estar sempre associada à presença de sangramento ou risco deste na realização de procedimento invasivo. Também existe indicação de uso de PFC em situações de risco trombótico como no caso da deficiência de fator XI (FXI). Deficiência múltipla de fatores da coagulação: Esta indicação deve sempre estar associada à presença de sangramento ou de risco aumentado para este. Como exemplos, podemos citar: insuficiência hepatocítica grave, coagulação intravascular disseminada, transfusão maciça, etc. O comprometimento da hemostasia acontece quando a deficiência do fator ou fatores da coagulação for severa, resultando numa atividade inferior a 30 – 40%. Esta deficiência corresponde a uma avaliação laboratorial com TP/RNI e/ou TTPa/R maior ou igual a 1,6 – 1,8 ou TP/AP inferior a 30%. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 12 Situações mais freqüentes de indicação: − coagulopatia intravascular disseminada (CID) com sangramento; − reversão imediata dos efeitos dos dicumarínicos (anticoagulação oral por antagonizar a vitamina K e diminuir a síntese dos fatores II, VII, IX e X), por sangramento ou necessidade de procedimento cirúrgico; − púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e síndrome hemolítico urêmica (SHU) como produto para reposição nas plasmaféreses terapêuticas; − doença hepática grave com deficiência de fatores de coagulação severa em presença de sangramento ou necessidade de procedimento cirúrgico; − reposição de fatores de coagulação em situações de transfusão maciça; − deficiência de antitrombina - III (AT-III). Não deve ser utilizado somente para expansão volêmica, nem como suporte nutricional. Armazenamento: -20 a -30oC, por 1 ano, descongelado a 37oC protegido da exposição a água do banho-maria, infundido em 30 - 60 minutos, não permanecer a temperatura ambiente por mais de 2 horas. Dose: − Ataque: doses de 10 a 15 mL/kg de peso, EV em infusão rápidas 30 a 60 minutos, parecem corrigir significativamente a deficiência dos fatores de coagulação restabelecendo a hemostasia. No caso preparo para procedimentos invasivos, deve-se aguardar 1 hora para realizar procedimento, não sendo necessário o controle laboratorial pré-procedimento. Nas situações de transfusão maciça com deficiência de fatores de coagulação comprovada laboratorialmente deve-se utilizar esta dose. − Manutenção: doses de manutenção só estão indicadas nos casos de perpetuação das causas de consumo (por exemplo CID) ou do sangramento, após a utilização da dose de ataque. A manutenção de ser de Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 13 20 a 30 mL/kg de peso/dia dividido em 3 ou 4 doses, durante período necessário. Atenção: considerar peso ideal do paciente. Somente transfundir pré-procedimento invasivo e/ou cirúrgico se TTPa/R ou TP/RNI for superior a 1,6 - 1,8. A reposição não é necessária, independente do resultado TP/RNI e/ou TTPa/R, se o paciente não estiver sangrando ou não houver a necessidade de procedimento cirúrgico e/ou invasivo. Orientações para transfusão: o PFC deve ser infundido preferencialmente em acesso venoso exclusivo, periférico, utilizando equipos que contenham filtros de 170 – 200 μm. A punção venosa pode ser feita com “scalps” ou cateter de pequeno calibre. O tempo de infusão deve ser de 30 a 60 minutos, não devendo permanecer a temperatura ambiente por mais de 2 horas. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 14 Crioprecipitado Componente obtido a partir do plasma fresco congelado (PFC). Contém aproximadamente 50% do Fator VIII (70 - 80 UI), 20 - 40% do Fibrinogênio (100 - 350 mg), algum Fator XIII e fibronectina presentes originalmente na unidade de PFC. O Crioprecipitado (CRIO) contém tanto a fração coagulante quanto a de von Willebrand do Fator VIII. Objetivo: Reposição de Fator VIII, fator XIII e Fibrinogênio. Indicações: As indicações deste do CRIO estão previstas em regulamento técnico da ANVISA (Resolução RDC No23 de 24 de janeiro de 2002). Deve ser utilizado: − repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia e déficit isolado congênito ou adquirido de fibrinogênio, quando não se dispuser do concentrado purificado (hemoderivado) e dosagens inferiores a 70 - 100 mg%; − repor fibrinogênio em pacientes com coagulopatia intravascular disseminada (CID) e graves hipofibrinogenemias (inferiores a 70 - 100 mg%); − repor fator XIII em pacientes com hemorragias por déficit deste fator, quando não se dispuser do concentrado purificado (hemoderivado); − repor fator de von Willebrand (fvW) em pacientes portadores de doença de von Willebrand (dvW) que não têm indicação de DDAVP ou não respondem ao uso do mesmo, apenas quando não se dispuser de concentrado de fvW ou de concentrados de fator VIII ricos em multímeros de fvW. A utilização em situações não previstas acima deve se comunicada ao responsável técnico do serviço, para posterior notificação a Vigilância Sanitária. Armazenamento: -20 a -30o C, por 1 ano, deve ser descongelado a 37o C protegido da exposição a água do banho-maria e administrado em até 2 horas após o descongelamento. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 15 Dose: Usualmente 1U / 10kg de peso, dose diária, se dosagem de fibrinogênio inferior ou igual a 100 mg% e com sangramento clínico. Não se deve realizar reposição empírica (sem dados laboratoriais). Nos casos de doença de von Willebrand deve-se utilizar protocolo específico de tratamento dependendo da gravidade do sangramento. O tempo de infusão deve ser de 30 a 60 minutos. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 16 Albumina Humana A albumina é uma proteína presente em grandes concentrações no plasma humano e á principal responsável pela manutenção da pressão coloidosmótica. Além desta função ela também está associada ao transporte de substâncias vitais e a inativação de substâncias tóxicas. Dois terços da albumina corposral está no compartimento extravascular. Na prática clínica atual a indicação mais freqüente é nas reposições volêmicas quando está contra-indicado o uso de cristalóides ou substitutos sintéticos do plasma. Indicações (anexo III): − em doentes portadores de síndrome nefrótica insuficiência hepatocítica grave, enteropatias perdedoras de proteína e grandes queimados onde haja hipoproteinemia aguda com comprometimento hemodinâmico (hipotensão, choque), queda da filtração glomerular (oligúria) ou alteração da função renal (elevação das dosagens de creatinina); − em situações de reposições volêmicas agudas com refratariedade ao uso de cristalóides; − no tratamento de ascites volumosas refratárias, preferencialmente na reposição de paracenteses volumosas (superior a 5 litros drenados); − na profilaxia ou tratamento de síndrome hepatorenal associado a peritonite bacteriana espontânea (PBE) em pacientes cirróticos; − na reposição volêmica em grandes queimados; − reposição volêmica em procedimentos de plasmaférese terapêuticas; − para preenchimento (priming) da bomba de circulação extracorpórea (CEC) em cirurgias cardíacas; Armazenamento: 4oC, por até 5 anos, infusão em 30 - 60 minutos. Disponível comercialmente a 20% (hiperosmolar) ou 4% (iso-osmolar). − Albumina 20% - 50ml - 10g / frasco Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 17 − Albumina 4% - diluir - 5 frascos (250ml) em 750 ml de SF 0,9%. Dose: a dose a ser utilizada depende do déficit de volume estimado, lembrando que um frasco de albumina humana a 20% corresponde a uma expansão volêmica de 200 a 250 mL. Nas paracenteses volumosas, preconizase a reposição de 5 a 10 g de albumina por litro de ascite drenado (por exemplo: drenado 6 litros → 3 a 6 frascos). Nas PBE utilizar: dose inicial: 1 g/ kg de peso ideal do paciente e manutenção de 2 a 4 frascos/dia. Em outras situações: administrar 1 - 2 frascos, EV, em 30 - 60 minutos, 1 ou 2 vezes ao dia ou em maior quantidade se necessário. Nunca repor albumina em níveis séricos superiores a 2,0g/l, nível em que pressão coloidosmótica é adequada. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 18 Concentrado de Plaquetas O concentrado de plaquetas (CP) pode ser obtido a partir de unidade individual de sangue total (CP unitárias) ou por aférese, coletadas de doador único. Cada unidade de CP unitárias contém aproximadamente 5,5 x 1010 plaquetas em 50 - 60 mL de plasma, já as unidades por aférese contém 3,0 x 1011 plaquetas em 200 - 300 mL de plasma (correspondente a 6 - 8U de plaquetas unitárias). Em toda transfusão de plaquetas deve-se levar em conta os benefícios e os riscos de estimulação antigênica contra antígenos do sistema HLA e HPA que leva a refratariedade a transfusões subsequentes (principalmente após 20 - 30 doadores diferentes). Desta forma, dependendo do objetivo final pode ser proposta a seguinte recomendação: Transfusões terapêuticas (contagem desejada superior a 40.000/μL): − adultos > 55Kg de peso – dose mínima de 6,0 X 1011 (8-10 U de CP unitárias e 1-1,5 U CP obtidas por aférese) − pacientes 15-55Kg de peso – dose mínima de 3,0 X 1011 (4-6 U de CP unitárias e 0,5-1 U CP obtidas por aférese) − crianças < 15Kg – dose de 5-10 mL/Kg Transfusões profiláticas (contagem desejada superior a 25.000/μL): − adultos > 55Kg de peso – dose mínima de 4,0 X 1011 (6-8 U de CP unitárias e 1 U CP obtidas por aférese) − pacientes menores – dose 1U de CP unitárias para cada 10-15Kg de peso Porém, a dose de plaquetas pode ser calculada de maneira mais detalhada ou precisa, identificando-se o incremento plaquetário desejado (IP) e levando-se em conta a volemia sanguínea (VS) e o seqüestro esplênico estimado (aproximadamente 33%), utilizando-se para isso a fórmula abaixo: Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 19 Dose (x109) = IP x VS / F onde: IP – incremento plaquetário desejado (x109/L) VS – volemia sanguínea (L) F – fator de correção (0,67) Administração e avaliação de rendimento transfusional O tempo de infusão da dose de CP deve ser de aproximadamente 30 minutos (min) em pacientes adultos ou pediátricos, não excedendo a velocidade de infusão de 20-30 mL/Kg/hora. A avaliação da resposta terapêutica a transfusão de CPs deve ser feita através de nova contagem das plaquetas 1 hora (h) após a transfusão, porém, a resposta clínica também deve ser considerada. Em pacientes ambulatoriais a avaliação laboratorial 10 min após o término da transfusão pode facilitar a avaliação da resposta e possuí resultados comparáveis. Dois indicadores podem ser calculados e são úteis no acompanhamento da eficácia transfusional principalmente em transfusões profiláticas: 1. Recuperação plaquetária – R (%) R = IP x VS x 100 / dose (x109) onde: IP – incremento plaquetário desejado (x109/L) VS – volemia sanguínea (L) 2. Incremento corrigido da contagem (ICC) ICC = IP x SC / dose (x1011) onde: IP – incremento plaquetário desejado (x109/L) SC – superfície corporal (m2) Utilizando estes indicadores, define-se como uma transfusão de CPs eficaz resultados de R(%) superiores a 30% em 1 h e a 20% em 20-24 hs após a transfusão ou de ICC superiores a 7,5 em 1 h e a 4,5 – 5,0 em 20-24 hs. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 20 Esta avaliação é útil na prática clínica para o diagnóstico de refratariedade plaquetária. Indicações de transfusão de Concentrado de Plaquetas Basicamente, as indicações de transfusão de CP estão associadas a plaquetopenias desencadeadas por falência medular, raramente indicamos a reposição em plaquetopenias por destruição periférica ou alterações congênitas de função plaquetária. I. Plaquetopenias por falência medular A discussão inicial que surge quanto a indicação de transfusão de CP em pacientes portadores de plaquetopenias associadas a falência medular (doenças hematológicas e/ou quimio e radioterapia) refere-se a utilização de transfusões profiláticas. Nas situações de plaquetopenias por tempo determinado, freqüentemente associadas a métodos terapêuticos para doenças oncológicas ou onco-hematológicas, como quimioterapia, radioterapia e transplante de células progenitoras hematopoiéticas, indica-se a transfusão profilática se contagens inferiores a 10.000/μL na ausência de fatores de risco e se inferiores a 20.000/μL na presença de fatores associados a eventos hemorrágicos como febre (>38oC), manifestações hemorrágicas menores (petéquias, equimoses, gengivorragias), doença transplante versus hospedeiro (GVHD – graft versus host disease), esplenomegalia, utilização de medicações que encurtam a sobrevida das plaquetas (alguns antibióticos e antifúngicos), hiperleucocitose (contagem maior que 30.000/mm3), presença de outras alterações da hemostasia (por exemplo, leucemias promielocítica aguda) ou queda rápida da contagem de plaquetas. Alguns trabalhos identificam duas situações especiais: a primeira, pacientes pediátricos toleram contagens plaquetárias mais baixas, definindo-se como critério de indicação de transfusão de CP contagens inferiores a 5.000/μL em pacientes estáveis, e em segundo, pacientes adultos portadores de tumores sólidos teriam maior risco de sangramento quando submetidos a quimio e/ou radioterapia associado a necrose tumoral, sendo indicado transfusão de CP se contagens inferiores a 20.000/μL. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 21 E situações em que a plaquetopenia por falência medular tem um caráter crônico (por exemplo, anemias aplástica grave, síndrome mielodisplásica, etc.), os pacientes devem ser observados sem transfusão de CP, esta estaria indicada profilaticamente somente se contagens inferiores a 5.000/μL ou se inferiores a 10.000/μL na presença de manifestações hemorrágicas. II. Distúrbios associados a alterações de função plaquetária Pacientes portadores de alterações da função plaquetária raramente necessitam de transfusões de CPs. Nas situações de disfunções congênitas como trombastenia de Glanzmann (deficiência congênita da GPIIb/IIIa), síndrome de Bernard-Soulier (deficiência da GPIb/IX), síndrome da plaqueta cinza (deficiência dos grânulos alfa), etc. a ocorrência de sangramentos graves é pouco freqüente. A recomendação terapêutica é de transfusão de CPs pré procedimentos cirúrgicos ou invasivos e no caso de sangramentos após utilização sem resultados de outros métodos como agentes antifibrinolíticos e DDAVP (1-deamino-8-D-arginina vasopressina). Freqüentemente, em pacientes submetidos a procedimentos cardíacos cirúrgicos, com utilização de circulação extracorpórea por tempos superiores a 90-120 min, a função plaquetária pode estar comprometida, por mecanismos associados a ativação plaquetária, desencadeando sangramento difuso intraoperatório, nesta situação, mesmo com contagens superiores a 50.000/μL, está indicado a transfusão de CPs. III. Três Plaquetopenias por destruição periférica situações mais freqüentes e de importância podem ser caracterizadas neste grupo, onde temos um consumo aumentado e/ou destruição por mecanismos imunes das plaquetas: Transfusão maciça: espera-se uma contagem inferior a 50.000/μL se aproximadamente duas volemias sangüíneas forem trocadas do paciente, nesta situação recomenda-se a transfusão de CPs se a contagem for inferior a 50.000/μL e se inferior a 100.000/μL na presença de alterações graves da hemostasia, trauma múltiplo ou de sistema nervoso central; Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 22 Coagulopatia intravascular disseminada (CID): esta situação a reposição de plaquetas e fatores de coagulação é desencorajada, pois, não há evidências de efeitos benéficos profilaticamente, porém, em presença de sangramentos, mesmo que sem gravidade no momento, deve-se iniciar a reposição de fatores de coagulação (PFC) e de CPs objetivando contagens superiores a 20.000/μL; Plaquetopenias imunes: a mais freqüente forma de plaquetopenia imune é a púrpura trobocitopênica imune (PTI), associada a presença de autoanticorpos antiplaquetas, nesta situação a transfusão de CPs é restrita a situações de sangramentos graves, que coloquem em risco a vida dos pacientes. A terapêutica de reposição deve ser agressiva e sempre associada a formas de tratamento específico como altas doses de corticóides e imunoglobulina. IV. Procedimentos cirúrgicos ou invasivos em pacientes plaquetopênicos Existe uma grande variedade de dados associados a indicações de transfusão de CP em pacientes plaquetopênicos submetidos a procedimentos cirúrgicos ou invasivos, porém, a dificuldade de comparação entre os trabalhos leva a uma dificuldade de definição de critérios conclusivos. Existe um consenso que contagens superiores a 50.000/μL são suficientes para a maioria dos casos, exceto, para procedimentos neurocirúrgicos e oftalmológicos onde níveis mais elevados são exigidos (superiores a 80.000 a 100.000/μL). A tabela a seguir demonstra diferentes critérios de indicação para transfusão de CP em situações cirúrgicas específicas que podem ser utilizados como orientação de conduta. Cabe ainda ressaltar que nestes procedimentos a habilidade do profissional que executa o mesmo é relevante na ocorrência de complicações. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 23 Indicação de transfusão para procedimentos cirúrgicos e/ou invasivos Condição Punção lombar para coleta de líquor ou quimioterapia pacientes pediátricos pacientes adultos Biópsia e aspirado de medula óssea Nível Desejado (/μL) superior a 10.000/μL superior a 20.000/μL superior a 20.000/μL Endoscopia digestiva sem biópsia superior a 20.000 – 40.000/μL com biópsia superior a 50.000/μL Biópsia hepática superior a 50.000/μL Broncoscopia com instrumento de fibra óptica sem biópsia superior a 20.000 – 40.000/μL superior a 50.000/μL com biópsia Cirurgias de médio e grande porte superior a 50.000/μL Cirurgias oftalmológicas e neurológicas superior a 100.000/μL V. Situações especiais Compatibilidade ABO As plaquetas possuem antígenos ABH na sua superfície e níveis de expressão variáveis individualmente. Existem evidências que a transfusão de CP ABO-incompatíveis reduz em aproximadamente 20% o incremento da contagem pós transfusional e parece ser mais relevante quando os títulos de anticorpos naturais presentes no receptor são elevados associado a alta expressão do correspondente antígeno nas plaquetas do CP, situação esta pouco freqüente. O significado clínico da transfusão de CP ABO-incompatível parece pouco relevante. Contrariamente, existem evidências que a transfusão de CP ABO-incompatíveis desenvolva refratariedade de causa imune associada a aloimunização - com maior freqüência quando comparado com transfusões de plaquetas ABO-idênticas. Em resumo, deve-se preferir transfusões de CP ABO-compatível, porém, se esta não for possível, optar por Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 24 transfusões de unidades ABO-incompatíveis em pacientes que não necessitarão de suporte crônico. Compatibilidade RhD A aloimunização contra o antígeno RhD está associada a contaminação por hemácias dos CPs. Alguns estudos demonstram a ocorrência desta aloimunização em aproximadamente 10% dos pacientes RhD-negativos transfundidos com CPs RhD-positivos, esta é menos freqüente em pacientes onco-hematológicos e pediátricos e nos que recebem CPs obtidos por aférese (menor contaminação por hemácias) e pode ser evitada utilizando-se imunoprofilaxia anti-D (imunoglobulina anti-D). Contra-indicações Duas situações clínicas possuem contra-indicação formal para a transfusão de CP a menos que ocorra sangramento grave, colocando em risco a vida do paciente, estas são: púrpura trobocitopênica trombótica (PTT) e plaquetopenia induzida por heparina (PIH). Esta contra-indicação se deve a associação com a piora do quadro clínico dos pacientes ou complicações tromboembólicas. Resumo das Indicações (anexo IV): Plaquetopenias por falência Medular: transfundir quando contagem: − inferior a 10.000/mm3 sem fatores de risco; − inferior a 20.000/mm3 em presença de fatores de risco; − inferior a 30.000/mm3 para realização de pequenos procedimentos cirúrgicos (biópsias exceto biópsia hepática e renal, acesso venoso central, coleta de líquor); − inferior a 50.000/mm3 para procedimentos cirúrgicos de médio e grande porte; − inferior a 100.000/mm3 para neurocirurgias e em pacientes pós procedimento com circulação extra-corpórea. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 25 Os fatores de risco associados a sangramentos em pacientes plaquetopênicos são: esplenomegalia, febre e/ou sepse, uso de medicações (anfotericina, vancomicina, globulinas anti-linfocíticas) e GVHD. Plaquetopenias por consumo periférico: (púrpura trombocitopênica imune, hiperesplenismo, CID). A transfusão de CP é extremamente ineficaz, deve-se realizá-la somente se houver sangramento com risco de vida, sempre na vigência de tratamento da causa de base. Evitar transfundir CPs em portadores de PTT e plaquetopenia induzido por heparina. Armazenamento: a temperatura ambiente (22oC ± 2oC), por 5 dias, em agitação contínua, infundido em 30 minutos. Dose As plaquetas contidas numa unidade de CP unitária, em condições ideais, deve elevar a contagem em 5.000 a 10.000/μL em um receptor com 6075Kg. As unidades de CP obtidas por aférese permitem transfundir quantidades maiores de plaquetas em volumes ainda toleráveis. Considera-se como dose padrão, 4-8 unidades de CP unitárias que corresponde a 3,0 a 6,0 x1011 plaquetas para pacientes adultos. Em caso de pacientes pediátricos, 10 mL/Kg de peso em neonatos e crianças pequenas e 1U/10Kg de peso em crianças maiores. Em situações em que a resposta à transfusão é inadequada por causas não imunes, doses elevadas de CP parecem ser ineficientes. Modelos matemáticos demonstram que a resposta à transfusão depende do tamanho do paciente e da contagem inicial, portanto, estes parâmetros devem ser utilizados na escolha da dose a ser transfundida. Nunca transfundir empiricamente, sempre se deve realizar o controle laboratorial. Em caso de situações excepcionais, com sangramentos graves, doses maiores podem ser necessárias. Temos a disposição concentrados de plaquetas modificados: − CP irradiados: profilaxia da doença transplante-versus-hospedeiro associada à transfusão (GVHD-TA); Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 26 − CP desleucocitados: profilaxia de aloimunização contra antígenos leucocitários (HLA e HNA) e da reação febril não hemolítica (RFNH). Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 27 Fatores de Coagulação Concentrados Fator VIII: Obtido a partir de um “pool” de plasma humano, com pureza variável e submetido a processo de inativação viral ou através de técnicas de produção de proteínas recombinantes. Indicado no tratamento de manifestações hemorrágicas ou em uso profilático em procedimentos fisioterápicos ou cirúrgicos em pacientes portadores de hemofilia A. Fator IX: Apresenta as mesmas características do fator VIII, deve ser utilizado no tratamento de hemofílicos B. CPPA: (Complexo Protrombínico Ativado) Constituído de ativadores e precursores dos fatores de coagulação vitamina K dependentes, inclusive os fatores VIII e X ativados. Está indicado em pacientes portadores de altos títulos de inibidor do fator VIII ou IX. Fator VII ativado: Obtido através de técnicas de produção de proteínas recombinantes. Utilizado como alternativa na terapêutica dos pacientes hemofílicos portadores de inibidores e que não respondem adequadamente ao CPPA. Antitrombina III: (AT III) Derivado obtido de “pool” de plasma humano submetido à inativação viral, utilizado no tratamento da deficiência congênita de AT III, patologia associada a fenômenos trombóticos. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 28 Orientações para transfusão de hemocomponentes e derivados Os hemocomponentes devem ser transfundidos utilizando-se equipos específicos para sangue que possuem filtros de 170 a 200μ. O acompanhamento do procedimento deve ser feito objetivando a detecção precoce de sinais e sintomas associados a reações transfusionais e estes se presentes devem sempre ser notificados e devidamente investigados. voltar ao índice Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados 29 Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão voltar ao índice Reações Transfusionais Os efeitos adversos das transfusões de sangue e hemoderivados são inevitáveis, porém os benefícios deste procedimento devem superar os riscos. Os sinais e sintomas mais freqüentes são: mal-estar, tremores, calafrios, febre (superior a 1oC), sudorese, palidez cutânea, mialgia, taquicardia, taquipneia, cianose, náuseas, vômitos, etc. Lembramos ainda que estes sinais e sintomas são inespecíficos, isto é, para definição do tipo de reação transfusional (RT) é necessário a investigação laboratorial e o seguimento clínico do paciente. Os efeitos adversos podem ser: REAÇÕES HEMOLÍTICAS A. Reação hemolítica aguda ou intra-vascular Esta reação hemolítica é mediada por anticorpos definidos como completos (da classe IgM ou IgG que fixam e ativam a via do complemento). Os sinais e sintomas são imediatos e predominam a febre, mal estar, dor muscular, taquipnéia e hipotensão. Encontramos complicações freqüentes como: insuficiência renal aguda (IRA), coagulopatia intra-vascular disseminada (CID) e insuficiência respiratória aguda. Os exemplos mais freqüentes são os casos incompatibilidade ABO e hemólises desencadeadas pelo anticorpo antiJka. B. Reações hemolíticas tardia ou extra-vascular A hemólise extravascular inicia-se 7 a 10 dias após a transfusão de hemácias incompatíveis e é mediada por anticorpos incompletos (classe IgG). O sinal mais freqüente durante a infusão do hemocomponente é febre; tardiamente temos icterícia, colúria e hepato-esplenomegalia. Laboratorialmente detectamos o teste da antiglobulina humana (Coombs direto) positivo. Os exemplos mais freqüentes são os anticorpos anti-D, -E, -C, -K e Fya. A prevenção é feita através de um programa de hemácias fenotipadas e transfusões compatíveis para os antígenos mais imunogênicos. Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 31 REAÇÕES NÃO HEMOLÍTICAS A. Reação febril não hemolítica (RFNH) É a reação transfusional mais freqüente ocorrendo em 3-4 % de todas as transfusões de componentes celulares e em até 10% das transfusões de pacientes politransfundidos. Está relacionada com a presença de anticorpos contra antígenos leucocitários (principalmente do sistema HLA), anticorpos estes da classe IgG, desenvolvidos por aloimunização prévia (partos, transfusões). Provavelmente ocorre liberação de interleucinas (IL-1β, IL-6, IL-8 e TNFα). Recentemente tem-se descrito a ocorrência deste tipo de reação em componentes desleucocitados, provavelmente nestes casos a febre ocorre por mediadores imunológicos acumuladas durante o armazenamento do componente. O quadro clínico caracteriza-se por febre podendo estar acompanhado de calafrios, tremores, cianose ou outros sintomas. Se houver recorrência deste tipo de reação deve-se utilizar componentes pobre em leucócitos ou desleucocitados. A avaliação laboratorial é realizada através do teste de reatividade contra painel de linfócitos (técnica de linfocitotoxicidade) para a pesquisa de anticorpos anti-leucocitários. B. Reações alérgicas Este tipo de reação transfusional é a segunda mais freqüente. Podem ser reações urticariformes localizadas na região de infusão do hemocomponente ou generalizados caracterizando-se pela presença de urticária, edema palpebral e/ou labial e eritema, freqüentemente sem febre. Ou então, reações mais graves definidas como anafilactóides onde encontramos além dos sinais citados, hipotensão, dispnéia, chiadeira e diarréia. Ocorrem pela presença de anticorpos contra produtos solúveis do plasma dos componentes, geralmente contra formas polimórficas de proteínas séricas como IgG, albumina, haptoglobina, transferrina, C3, C4, entre outras. Algumas evidências demonstram que este tipo de reação pode ser desencadeada pela transfusão de componentes que contenham altos níveis de anafilatoxinas (C3a e C5a) ou histamina. Frente a este tipo de reação, o uso de componentes isento de plasma (Ex.: componentes lavados) e/ou administração de antihistamínicos é indicada. Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 32 Reações muito mais graves podem ocorrer, com quadro clínico dramático, de início precoce, cursando com hipotensão refratária e choque acompanhado de perda da consciência, neste caso é denominado choque anafilático. Geralmente é desencadeado pela presença de anticorpos contra alergênicos transfundidos como drogas ingeridas pelo doador (penicilina, sulfas e aspirina) ou substâncias químicas presentes no componente (formaldeído,oxido de etileno, plastificantes). Outro mecanismo envolvido é a presença de anti-IgA em receptores deficientes desta classe de imunoglobulina (aproximadamente 1:1.000 - 1:8.000 população) ou anti-IgA sub-classe ou alotipo específico em pacientes com níveis séricos normais de IgA. Em ambos os casos é necessário exposição prévia. Nestes casos é necessário o uso de componentes lavados ou obtidos de doadores deficientes de IgA . C. Lesão pulmonar aguda associada à transfusão (TRALI – transfusion related acute lung injury) Esta reação transfusional é dependente da presença de leucoaglutininas potentes no plasma de doadores contra antígenos dos leucócitos dos receptores. A infusão destes componentes leva a formação de leucoagregados que se depositam principalmente em microcirculação pulmonar, com ativação do complemento (liberação das frações C3a e C5a do complemento) levando a lesão endotelial com alteração de permeabilidade capilar e edema pulmonar intersticial, comprometendo deste modo, as trocas gasosas no pulmão. A insuficiência respiratória aguda ocorre precocemente, e não se observa sinal de sobrecarga volêmica. Ao contrário dos pacientes com sobrecarga circulatória, os pacientes com esta reação apresentam pressão venosa central normal e baixa pressão pulmonar. A maioria dos pacientes (80%) demonstra melhora clínica em 48-96 horas com lesão pulmonar tipicamente transitória, portanto apesar da a manifestação clínica ser freqüentemente dramática, ela é auto limitada. É necessário suporte respiratório intensivo. Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 33 D. Contaminação microbiana Esta reação transfusional é extremamente rara, predominando em transfusões de concentrado de plaquetas. Alguns fatores críticos estão envolvidos como: antecedentes do doador (bacteremia), desinfecção do local da flebotomia, manipulação e armazenamento dos componentes e utilização de insumos (bolsas de coleta de sangue) submetidos a procedimentos inadequados de esterilização. O quadro clínico é muito grave, predominando hipertermia severa (temperaturas corporais superiores a 39oC) podendo evoluir para choque, insuficiência renal aguda, coagulopatia intravascular disseminada e óbito (em até 70% dos casos). O fator associado à gravidade do quadro clínico é a capacidade de produção de endotoxinas da bactéria contaminante, esta endotoxina é um potente ativador dos macrófagos que secretam citocinas como o fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-1β (IL-1β), IL-6 e IL-8. Estes mediadores imunes são responsáveis provavelmente pela maioria dos sintomas e sinais associados ao choque séptico. Este tipo de reação esta mais frequentemente associada a transfusão de concentrado de plaquetas com período de armazenamento longo (4 ou 5 dias) porém são reações leves na maioria dos casos apresentando-se como RFNH. Já as reações associadas a transfusão de concentrado de hemácias são mais graves com mortalidade elevada. Antibioticoterapia de largo espectro e suporte intensivo são as condutas necessárias. E. Sobrecarga volêmica Este tipo de reação é secundária a hipertransfusão em pacientes com reserva cardíaca diminuída, a sobrecarga volêmica desencadeada pela transfusão desencadeia um edema pulmonar agudo secundário a insuficiência cardíaca congestiva (ICC). As manifestações clínicas mais freqüentes são dispnéia, cianose, taquicardia e aumento da pressão arterial, geralmente algumas horas a pós a transfusão. Está mais freqüentemente associada à transfusão de concentrado de hemácias e sua prevalência é desconhecida, pois freqüentemente não é notificada. O tratamento é o mesmo utilizado em outras causas de ICC. Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 34 Reações não hemolíticas tardias A. Reação transplante versus hospedeiro relacionado a transfusão A reação transplante versus hospedeiro relacionada a transfusão pode ocorrer em pacientes susceptíveis devido a presença de linfocítos viáveis nos hemocomponentes. Esta forma relacionada à transfusão tem uma manifestação aguda iniciando-se 2 a 30 dias após a transfusão. Apresenta quadro clínico exuberante com: febre, eritema cutâneo máculo-papular, pancitopenia, hepatite, diarréia importante, e freqüentemente evolui para óbito (mortalidade de 90 a 100%). A irradiação dos componentes é a única maneira de fazer a profilaxia desta grave reação adversa. B. Hemossiderose secundária Cada transfusão de concentrado de hemácias contém 250mg de ferro e, portanto pacientes transfundidos cronicamente (portadores de síndromes mielodiaplásicas, talassemia major e anemia falciforme) evoluem com acúmulo de ferro no sistema retículo endotelial. C. Infecciosas Várias doenças podem ser transmitidas por transfusão de componentes sangüíneos como sífilis, hepatites virais, infecção por citomegalovirus, SIDA, etc. D. Púrpura pós-transfusional Evento raro, relacionado com a presença de aloanticorpos contra antígenos do sistema plaquetário (HPA) que se comportam como autoanticorpos. Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 35 Conduta diagnóstica 1. Esta conduta tem por objetivo identificar a causa da reação transfusional bem como detectar as possíveis repercussões clínicas no paciente e a futura conduta transfusional. Conduta padrão frente a sinais ou sintomas de reação transfusional: 2. Suspender infusão de sangue ou hemocomponentes; 3. Manter acesso venoso com solução isosmolar (infusão de grande volume); 4. Examinar cuidadosamente todas as etiquetas, rótulos e registros, conferir a identificação do paciente; 5. Hidratar o paciente (solução fisiológica a 0.9%) e controlar os dados vitais periodicamente (pressão arterial, freqüência cardíaca, temperatura e diurese); 6. Comunicar ao laboratório de imunohematologia que preparou o componente a ocorrência de reação transfusional, reencaminhando o componente suspenso e novas amostras do paciente para novo estudo (repetição dos exames pré-transfusionais e realização de exames complementares); 7. Colher exames laboratoriais conforme avaliação inicial (hemoculturas, coagulograma, dosagens de Hb/Ht, de bilirrubinas, de eletrólitos, avaliação da função renal, etc.); 8. Registrar no prontuário do paciente a reação transfusional e sua evolução. Nos casos de RTs relacionadas com transfusões de Concentrado de Hemácias (CH), alguns exames laboratoriais devem ser realizados no paciente e na unidade devolvida ao laboratório de compatibilidade: 9. Re-determinação do grupo sangüíneo ABO e Rh do paciente (amostra pós reação) e da unidade de CH; Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 36 10. Repetição da Pesquisa de anticorpos anti-eritrocitários e da prova cruzada, se possível utilizando-se técnicas mais sensíveis (amostra pós-reação); 11. Teste direto da antiglobulina (Coombs direto) (amostra pós-reação). 12. Cultura para agentes microbianos do hemocomponentes e diferentes temperaturas (22oC e 37oC); Exames complementares podem ser necessários para melhor caracterização da RT ou seguimento do paciente como: avaliação de função renal ou metabólica, gasometria arterial, coagulograma, pesquisa de hemoglobinúria, etc. Se o hemocomponente envolvido for concentrado de plaquetas e houver a presença de febre, tremores, calafrio e/ou mialgia, é necessária a realização de cultura do CP e se disponível a pesquisa de anticorpos contra leucócitos no soro do paciente (pesquisa de anticorpos anti-HLA). No caso de manifestação alérgicas com rush cutâneo, prurido, broncoespasmo, etc. associado à transfusão de CPs, plasma fresco congelado ou crioprecipitado, somente é necessário a dosagem de IgA e/ou haptoglobina nos casos graves. Tratamento das Reações Transfusionais Reação febril não hemolítica − cloridrato de meperidina: 10-20 mg EV para tremores severos (não utilizar em pacientes pediátricos), 1 amp=2mL=100 mg; − paracetamol 750 mg VO ou 10 mg/Kg/dose em pacientes pediátricos, ou dipirona 1amp EV ou 15 mg/Kg/dose como antipirético. Reação alérgica Reações alérgicas: − cloridrato de difenidramina 5-10 mg, EV, infusão lenta; Reiniciar transfusão lentamente após ceder sintomas. Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 37 Reações anafilactóides: − interromper imediatamente a transfusão; − manter acesso venoso e expansão volumétrica com SF 0,9%; − se apresentar urticária ou angioedema: cloridrato de difenidramina 10 mg, EV, infusão lenta; − se apresentar broncoespasmo: aminofilina (6 mg/kg dose) EV seguido por dose de manutenção de 0,5-1,0 mg/kg/hora; − se insuficiência respiratória: cateter de 02 nasal; Não reiniciar a transfusão. Reações anafiláticas (choque anafilático): − interromper imediatamente a transfusão; − manter acesso venoso com SF 0,9% ; − adrenalina 0,4 a 0,5 mL IM de uma solução 1:1.000 − se apresentar: − hipotensão refratária: adrenalina (0,5 mg -5ml de uma solução 1:10.000) EV de 5-10 minutos e dopamina 2-50 μl /kg/minuto); − broncoespasmo: Aminofilina (6 mg/kg dose) EV seguido por dose de manutenção de 0,5-1,0 mg/kg/hora ou succinato de hidrocortisona: 500mg ou em pacientes pediátricos 5 – 10 mg/Kg/dose EV 6/6 horas. − manutenção de vias aéreas e se necessário I.O.T. Nunca reiniciar a transfusão. Obs.: o uso de corticosteróides via endovenosa não é eficaz no evento agudo. Seu efeito máximo ocorre entre 6-12 horas e seu principal papel é na profilaxia de outras reações. Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 38 Todos os pacientes com reação anafilactóide ou anafilática devem ser observados em média por 6 horas. Lesão Pulmonar Aguda associada à Transfusão (TRALI) − suporte respiratório e se hipoxemia severa I.O.T. e ventilação mecânica, se necessário FiO2 100%; − agentes vasopressores se hipotensão severa; − corticoesteróides têm papel marginal; − não existe indicação do uso de diuréticos. Reação Transfusional Hemolítica Intra-vascular Nestes casos temos destruição das hemácias transfundidas e uma seqüência de respostas neuroendócrinas, ativação do complemento, efeitos na coagulação e efeitos mediados por citocinas. O processo é auto limitado com duração média de 48 horas. O prognóstico depende da eficácia do controle clínico e do grau de comprometimento renal. O tratamento depende da quantidade de sangue incompatível transfundido, a especificidade do anticorpo e da severidade clínica da reação. Tratamento vigoroso da hipotensão e manutenção de fluxo sangüíneo renal adequado são princípios básicos assim como acesso venoso calibroso (preferencialmente por veia central), monitorização periódica de dados vitais (2/2 horas ou a critério do intensivista) e internação em UTI. a. complicações renais: − baixas doses de dopamina EV (1-5 μg/kg/min); − manter pressão arterial e débito urinário: adulto 3-4 litros/24 horas e crianças: 2- 3 mL/kg/hora; − uso de diuréticos: furosemida 10 mg = 1amp 4-6x/dia (manter diurese no mínimo em 100mL/hora); Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 39 b. complicações pulmonares: − monitorização da função pulmonar (RX de tórax e gasometria arterial); − oxigenoterapia (O2 5 litros/min), se necessário ventilação mecânica; c. coagulopatia intravascular disseminada: − se fenômenos hemorrágicos: PFC 10 – 15 mL/kg dose de ataque e 20-30 ml/kg dia como manutenção. Se plaquetopenia grave (<20.000/mm3 ) com sangramento: CP manter contagens acima de 40.000/μL. Contaminação Microbiana O diagnóstico é feito através da suspeita clínica, inspeção visual da bolsa que frequentemente apresenta alteração da cor, coágulos ou hemólise e através da coloração de Gram no conteúdo restante da unidade transfundida. É indispensável a realização de culturas em meios aeróbios e anaeróbios. O diagnóstico é confirmado quando o mesmo organismo é encontrado na hemocultura do receptor e na cultura do restante do componente transfundido ou nos outros componentes da mesma doação. Se na for possível esta confirmação o evento deve ser considerado provável. − interrupção imediata da transfusão com manutenção do acesso venoso com infusão de SF 0,9%; − iniciar antibioticoterapia imediatamente mesmo antes do isolamento da bactéria. Se através da coloração de Gram for positiva usa-se antibioticoterapia específica. Entretanto se o resultado da coloração não fornecer a informação necessária amplia-se o espectro do tratamento através da combinação entre antibióticos com cefalosporinas de terceira geração associadas ou não a aminoglicosídeos; − iniciar reposição volêmica mesmo que não exista hipovolemia evidente, num ritmo de 500 mL em 30 minutos. Optar por colóides em pacientes idosos, desnutridos ou cardiopatas, ou quando reposição cristalóide inicial não tiver sucesso. A pressão arterial e a volemia devem permitir diurese acima de 30 mL/hora; Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 40 − não se obtendo pressão arterial sistólica superior a 90mmHg em 30 minutos, iniciar o uso de drogas vasoativas (dopamina ou noradrenalina); − suporte ventilatório se necessário; − disfunções orgânicas, distúrbios ácido-básicos, alterações hidroeletrolíticas e da coagulação devem ser tratadas especificamente. Sobrecarga Volêmica (Edema agudo de pulmão) − interromper transfusão imediatamente; − elevar o decúbito para redução da pressão venosa e consequentemente da pré-carga além da facilitação da movimentação diafragmática; − corrigir hipoxemia: oxigênio úmido que é melhor administrado através de máscara facial. A correção da hipoxemia é seguida da diminuição da pressão arterial pulmonar média com melhora do débito cardíaco; − melhorar capacidade venosa com diuréticos de alça como furosemide na dose de 40-60 mg EV (4-6 ampolas). Esses diuréticos reduzem a pré-carga antes de induzir a diurese; − aliviar a ansiedade causada pelo desconforto respiratório: meperidina 2mg EV a cada 2 minutos (1 amp = 2 mL = 100 mg); − se manutenção dos sintoma: flebotomia 250 mL; − se choque circulatório ou arritmias cardíaca potencialmente fatais que exijam cardioversão: I.O.T Em casos de pacientes suscetíveis (por exemplo, idosos com doença cardíaca congestiva), os componentes devem ser divididos em alíquotas mantendo-as estocadas em condições ideais para uma transfusão mais lenta (em 4 a 6 horas). O volume de infusão deve ser de no máximo 1 mL/kg/hora. Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 41 Prevenção das Reações Transfusionais Evitáveis Das reações febris não hemolíticas: − uso de componentes celulares desleucocitados (CH e CP desleucocitados) preferencialmente pré-armazenamento − uso de paracetamol 750 mg VO 30 min, antes da transfusão, como medicação profilática, tem poucas evidências na literatura, porém pode ser uma alternativa na ausência do hemocomponente adequado. Das reações alérgicas urticariformes: − cloridrato de difenidramina 10 mg EV, infusão lenta; − no caso de transfusões de CH pode ser utilizado CH lavadas. Das reações alérgicas anafilactóides ou anafiláticas: − excluído deficiência de IgA e reações de repetição: CH lavadas e as transfusões de CP e PFC devem ser administrada criteriosamente; − um único episódio: deve-se descartar a existência de anticorpos anti-HLA, transfusão com alérgenos, transferência passiva de IgE e coincidência com reação alérgica do paciente. A próxima transfusão deve ser seguida cuidadosamente e se não houver recorrência, manter transfusões com componentes não modificados; − transfusão de plasma e plaquetas ou concentrado de hemácias sem possibilidade de lavagem com recorrência de reações anafilactóides ou anafiláticas: pré-medicação com succinato de hidrocortisona (200 a 500 mg, EV, 30 min antes da transfusão) e/ou cloridrato de difenidramina - 10mg EV. No caso de pacientes deficientes de IgA ou outras proteínas plasmáticas: − transfusão de CH: estas unidades deverão ser lavadas com 2 litros de solução salina 0,9%; − transfusão de CP, PFC ou criopreciptado: obtidos de doadores deficientes ou CP lavadas; Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 42 − derivados do plasma: consultar fabricante sobre conteúdo de IgA. Usar lotes designados para deficientes de IgA. voltar ao índice Manual de orientação para diagnóstico e tratamento dos Efeitos Adversos Imediatos relacionados à Transfusão 43 Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça voltar ao índice Manual de Orientações para uso de Hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas Avaliação pré cirúrgica / Ambulatório de avaliação pré anestésica: 1. Anemias, distúrbios de coagulação e hipoproteinemias deverão ser investigadas ambulatorialmente. O paciente será orientado e tratado antes do agendamento cirúrgico. 2. Investigar o uso e as indicações de drogas que interferem na coagulação conforme protocolo específico. 3. Avaliar as indicações dos métodos alternativos para reposição de produtos hemoterápicos, de acordo com a previsão do consumo de hemocomponentes. Auto-transfusão pré-depósito e hemodiluição normovolêmica intra operatória deverão ser programadas conforme protocolo específico. A recuperação intra operatória apenas será realizada em situações especiais como cirurgias vasculares, cardíacas e transplantes de fígado. O caso deverá ser discutido com o médico hemoterapêuta no Serviço de Transfusão, no momento do agendamento. Pré cirurgia: 1. Anemias: - Os níveis de hematócrito / hemoglobina no pré operatório dependem das condições clínicas do paciente. Não existe um nível mínimo fixo considerado ideal. - Pacientes portadores de aterosclerose, cardiopatias, doenças pulmonares crônicas ou agudas (pO2 inferir a 80mmHg) e quadros de isquemia tecidual necessitam níveis de Ht ≥ 27% e de Hb ≥ 9,0g/dl. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 45 Importante: - O procedimento transfusional apresenta riscos como: transmissão de doenças infecciosas, imunossupressão e aloimunização, portando deve ser realizado apenas quando houver indicação precisa. - Níveis de Ht/Hb elevados no pré cirúrgico acarretam proporcionalmente, maiores perdas do volume eritrocitário durante os sangramentos. 2. Plaquetopenias: - O diagnóstico etiológico é imprescindível em cirurgias eletivas e a avaliação hematológica / hemoterápica é fundamental. - A transfusão de concentrado de plaquetas (CP) está indicada nas plaquetopenias por falência medular, somente em raras situações de consumo periférico a transfusão do CP deve ser indicada. Indicações: Plaquetas < 50.000/mm3 – Cirurgias de pequeno e médio porte Plaquetas < 70.000/mm3 – Cirurgias de grande porte. Plaquetas<100.000/mm3 – Anestesia por punção medular (peridural, raqui) e neurocirurgias Dose: 1U/10Kg do peso ideal pré procedimento, 1 hora antes do início da cirurgia. 3. Distúrbios da coagulação: - O diagnóstico etiológico é imprescindível em cirurgias eletivas e a avaliação hematológica / hemoterápica é fundamental. - Na insuficiência hepatocítica a reposição de plasma fresco congelado está indicada quando Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPa) (relação paciente / controle - R) e ou o Tempo de Protamina (RNI) forem maiores que 1,8. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 46 Dose: 10ml/Kg peso EV em 30 minutos, 1 hora antes do início da cirurgia. Reserva cirúrgica: 1. Antes da solicitação de reserva verificar a programação proposta na avaliação pré cirúrgica com relação aos métodos alternativos para reposição de hemocomponetes (auto-transfusão pré depósito e hemodiluição normovolêmica). 2. Discussão e programação da recuperação intra operatória com o médico do Serviço de Transfusão. 3. A reserva cirúrgica deverá ser realizada segundo a padronização do Hemocentro, que foi elaborada de acordo com a média do consumo de hemocomponentes por procedimento cirúrgico e dados da literatura. A justificativa técnica de eventuais alterações é imprescindível. 4. A requisição da reserva cirúrgica acompanhada das amostras (1 tubo sem anticoagulante - seco e 1 tubo com EDTA) deve ser enviada ao Serviço de Transfusão / laboratório de Compatibilidade na véspera da cirurgia até às 17:00hs. 5. A confirmação da reserva é essencial considerando que a presença de anticorpos irregulares anti-eritrocitários requer a identificação do anticorpo e posterior seleção do concentrado de hemácias Fenotipado (CHF). Importante lembrar que alguns casos exigem testes suplementares para definição da especificidade do anticorpo, o que demanda maior tempo ou situações em que a instituição não possui o CHF disponível. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 47 Intra e pós operatório imediato 1- Reposição do Volume Circulante A reposição do volume circulante deve ser com cristalóide, apenas em grandes sangramentos e situações especiais está indicado soluções coloidais (tabela 1). O concentrado de hemácias (CH) está indicado nas perdas sangüíneas maiores que 30% da volemia (aproximadamente 1.500ml) e para manutenção de níveis de Hb entre 7.0 e 9.0g/dl, dependendo das condições clínicas do paciente. 2 - Coagulopatias Hemodiluição de fatores da coagulação e plaquetas A hemodiluição é a principal causa dos distúrbios da coagulação no intra e no pós operatório imediato, decorrente da substituição de mais de uma volemia sangüínea do paciente. A prevenção da hemodiluição em grandes sangramentos, através da transfusão de plasma fresco congelado (PFC), não demostrou benefícios, devendo portanto a reposição ser realizada apenas quando a relação paciente/controle do TTPa (R) e/ou do TP (RNI) forem superiores a 1,8. Nos sangramentos superiores a uma volemia e meia deve ser solicitado contagem de plaquetas e dosagem de fibrinogênio. O Concentrado de Plaquetas (CP) está indicado nas plaquetopenias menores que 50.000/mm3 e o Crioprecipitado quando o fibrinogênio estiver abaixo de 70g/dl. Alguns outros fatores menos freqüentes quando associados podem contribuir para piora do quadro: - Lesões teciduais - Choque - Bacteremias Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 48 As lesões teciduais acarretam a liberação de citoquinas e Tromboplastina que ativam o sistema fibrinolítico e a cascata da coagulação levando a Coagulopatia Intravascular Disseminada (CIVD). Esta complicação é pouco frequente e geralmente está relacionada com o choque. O diagnóstico da coagulopatia de consumo se caracteriza pelo alargamento do R e do RNI desproporcional a hemodiluição; a queda significativa do fibrinogênio e das plaquetas e o aparecimento de produtos da degradação da fibrina (PDF). Em geral o tratamento da CIVD se resume na remoção da causa e reposição de fatores da coagulação. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 49 Tabela 1: Considerações gerais com relação as Indicações de albumina e colóides Indicações: 10- Cristalóide Choque 20- Cristalóide + colóides hemorrágic ( ↓ capacidade de transporte de O2 – CH o Hemodiluição – PFC ) 10- Cristalóide Choque não hemorrágico 20- Colóides – Indicações: (má distribuição) - Edema pulmonar e/ou periférico - Após administração de cristalóide (2L) sem resposta. 10- Cristalóide Hepatectomia 20- Colóides / Albumina – Indicações: Retirada superior a 40% do fígado. De acordo com função residual do órgão e status hemodinâmico (1a opção colóides). Isquemia cerebral / 10- Cristalóide 20- Colóides / albumina – Contra indicados nas hemorragia subaracnóidea primeiras 24h Albumina – Indicada apenas: (1) Int Diarréia > 2 L/dia e albumina sérica < 2.0 g/dl com prot. Total < 4 g/dl. Cirurgia Cardíaca Cirrose Hepática Paracenteses Transplantes de órgãos 10- Cristalóide 20- Colóides – Risco de edema pulmonar 30- Albumina – Resposta insatisfatória aos colóides / 10- Colóides 20- Albumina: Drenagem superior a 4L Albumina: Albumina sérica< 2.5 g/dl com proteína total < 4.0 g/dl. Pressão capilar pulmonar < 12mmHg Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 50 Tabela 2.:Protocolo para reposição de hemocomponentes, nos períodos intra e pós operatório imediato, em função do volume do sangramento e resultados laboratoriais Perd Sintomas as Avaliaçã Reposição o laboratorial < 15% FC↑, PA normais Desnecessária Desnecessária 15 a 25% ↑FC, ↓ PA postural, Desnecessária ↑FR, Vasoconstricção, ansiedade Cristalóides 25% a 30% FC↑, PA ↓, FR↑, Ma Hb, Ht perfusão,confusão mental Cristalóide / Soluções coloidosmóticas + CH (Hb < 7.0 g/dl*) 30 a 60% Choque, FC↑, PA ↓, Hb, Ht, FR↑, oligúria, Coagulograma letargia/coma CH (Hb < 7.0*g/dl) + Cristalóide / Soluções coloidosmóticas 60 a 100% Idem Hb, Ht, Coagulograma CH (Hb<7.0*) + PFC (R e/ou RNI > 1.8) > 100% idem Hb, Ht, Coagulograma, Fibrinogênio, contagem de Plaquetas CH (Hb<7.0*) + PFC (R e/ou RNI > 1.8) + CP (plaquetas<50.000/m m3) + Crioprecipitado (Fibrinogênio<70g/dl) *Nível de Hb – Avaliar as condições clínicas do paciente Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 51 Considerações gerais 1. Hemoglobina (Hb): Manter entre 7,0 e 9,0g/dl de acordo com as condições clínicas do paciente. 2. R (relação paciente/controle do Tempo de Tromboplastina Parcial ativado) e RNI (relação paciente/controle do Tempo de Protrombina). No intra operatório e até 48 horas após a cirurgia manter R e RNI < 1.8. Dose: PFC 10ml / Kg de peso corporal / dose No Pós Operatório Manutenção: 15 – 20ml/ kg se necessário 3. Fibrinogênio: Manter >70mg/dl durante o período intra operatório e PO imediato (até 24 horas). Dose: crioprecipitado 1U/10 kg peso corporal 4. Plaquetas: Transfundir Concentrado de Plaquetas (CP) se contagem for inferior a 50.000/mm3 no intra operatório e até 48 horas após cirurgia. Após a correção do R , RNI e Fibrinogênio e persistindo o sangramento, deve-se transfundir CP se contagem inferior a 70.000/mm3. Cirurgias com circulação extra corpórea (CEC) transfundir CP se a contagem for inferior a 100.000/mm3 , devido a presença frequente de disfunção plaquetária. No PO tardio (>72 horas ) transfundir se < 30.000/mm3 somente na vigência de sangramento. Dose: 1U/10Kg do peso ideal pré procedimento (vide manual específico) Sangramentos persistentes com coagulograma e número de plaquetas adequados: Hipóteses: - Alteração de função plaquetária - Hipocalcemia - Hipotermia Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 52 Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Transfusão Maciça Transfusão maciça Transfusão maciça é definida como a substituição de uma vez e meia a volemia estimada do paciente num intervalo de 24 horas. A sobrevida é baixa quando se transfunde quantidades superiores a 50 U de hemocomponetes e a taxa de mortalidade é aproximadamente 50% nos indivíduos transfundidos maciçamente. Os sintomas são decorrentes do quadro que gerou o sangramento associado às conseqüências da substituição da volemia sangüínea por substitutos do plasma e produtos hemoterápicos. Alterações descritas nas grandes reposições volêmicas : 1 - Hemodiluição de fatores de coagulação e plaquetas. 2 - Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) 3 - Aumento da afinidade da hemoglobina ao oxigênio 4- Alterações metabólicas 5 - Hipotermia do receptor Tratamento – Considerações especiais: 1- Reposição do Volume Circulante Nas grandes perdas sangüíneas, a rápida restauração do volume circulante é fundamental, considerando que existe um aumento da mortalidade proporcional a duração do choque. Existe controvérsias com relação ao melhor produto para reposição nesta fase como cristalóides, gelatinas, drextran, hidroxietil starch (HES), albumina, etc. Na prática, a terapia combinada é recomendada, inicialmente a reposição com cristalóides, SF 0,9% ou Ringer, e a seguir estão indicados colóides (Tabela 1). Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 53 Nos sangramentos agudos a concentração de proteínas plasmáticas cai discretamente e por um curto período, conseqüência da perda e da mobilização protéica para o espaço extravascular. Nas grandes perdas, a albumina está indicada apenas quando outras soluções como HES, dextran e gelatinas já foram utilizados, sem resposta adequada. Nas grandes perdas sangüíneas, a rápida restauração do volume circulante é fundamental, considerando que existe um aumento da mortalidade proporcional a duração do choque. Os critérios para reposição volêmica são os mesmos descritos previamente. Importante enfatizar que, em pacientes com perdas agudas do volume circulante, a anemia é melhor tolerada que a hipovolemia . A velocidade de infusão varia de acordo com a volemia do paciente, o coração e as condições hemodinâmicas. Indivíduos adultos sadios podem tolerar velocidades superiores a 100ml/min. A rápida infusão freqüentemente requer velocidade de fluxo maior que a gravidade pode proporcionar, como por exemplo: uma bolsa colocada a aproximadamente um metro de altura, com agulha calibre 17, leva a um fluxo de 40ml/min. Nas situações em que a rápida infusão é recomendada ,está indicado agulhas de maior calibre, aquecimento do hemocomponente e bombas adequadas que proporcionam uma velocidade de infusão próxima a 500ml/min e não ultrapassam a pressão de 300mmHg sobre a bolsa de hemocomponente (pressão homogênea e controlada). 2 - Coagulopatias Os distúrbios da coagulação em transfusões maciças são causados principalmente pela hemodiluição de fatores da coagulação e plaquetas (protocolo de cirurgia eletiva). 3 - Aumento da afinidade do oxigênio a hemoglobina No sangue armazenado existe um declínio da 2,3 - DPG eritrocitária para menos de 10% após 14 dias da coleta, gerando um aumento da afinidade da hemoglobina ao oxigênio. A redução na liberação da hemoglobina para os Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 54 tecidos é transitória, conseqüência de um aumento in vivo da 2,3 –DPG que ocorre poucas horas após a transfusão. 4 - Alterações metabólicas Os distúrbios metabólicos, acidose e hiperpotassemia, são conseqüência do citrato utilizado como anticoagulante nos hemocomponentes e do armazenamento do CH. Uma unidade de sangue contém aproximadamente 3 g de citrato. Um indivíduo com função hepática normal pode receber até 01 unidade de hemocomponente a cada 5 minutos, sem nenhum cuidado especial. O fato do citrato ligar-se ao cálcio e magnésio pode, em raras situações como neonatos e hepatopatas, levar a hipocalcemia. A reposição do cálcio apenas esta indicada quando os níveis estiverem abaixo de 50% do normal. No CH, o potássio aumenta aproximadamente 30 mmol/litro após três semanas de armazenamento. A hiperpotassemia pode ser encontrada após transfusões maciças e paradoxalmente a hipopotassemia é descrita, resultante do metabolismo do citrato para bicarbonato e conseqüente alcalose metabólica 5- Hipotermia do receptor A rápida e maciça transfusão de produtos hemoterápicos de 1 a 6°C, pode induzir a hipotermia principalmente em politraumatizados , onde a área cruenta exposta geralmente é extensa . Cinco unidades de hemocomponentes transfundidos rapidamente são suficientes para gerar queda da temperatura corpórea. A hipotermia pode contribuir para arritmias além da piora da coagulopatia. Na falta de correlação entre o sangramento do paciente e os resultados dos testes laboratoriais, deve se suspeitar de baixa temperatura corpórea interferindo na cascata da coagulação e função plaquetária, pois o coagulograma é realizado a 37°C. Alguns cuidados gerais estão indicados como, cobrir o paciente, aquecimento do ambiente e em raras situações a transfusão de componentes aquecidos. O aquecimento deve ocorrer em equipamento com sistema de Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 55 aquecimento a seco e equipado de termômetro e alarme, assegurando que a temperatura não ultrapasse 42°C. A indicação de aquecimento se restringe as situações em que a velocidade de infusão é igual ou superior a 50ml /Kg/hora. Avaliação Imunohematológica Requisição de concentrado de hemácias acompanhada de amostras identificadas (1 tubo seco e 1 tubo com EDTA) devem ser encaminhadas ao serviço de transfusão. De acordo com a urgência, definida pelo médico hemoterapêuta e/ou médico que esta atendendo o paciente, o hemocomponente poderá ser liberado sem completar todos os testes pré transfusionais . A definição do grupo sangüíneo do receptor é considerada imprescindível e pode ser realizada em 5 minutos. Testes pré transfusionais: Rotina: - Na amostra do receptor: Determinação do grupo sangüíneo e a pesquisa de anticorpos irregulares. - Na bolsa de CH : re-determinação do grupo sangüíneo (Re-DGS) - Prova de compatibilidade Emergência: Quando for caracterizado emergência, 04 unidades de concentrados de hemácias poderão ser liberadas sem os resultados das provas de compatibilidade e da pesquisa de anticorpos irregulares. Esta situação define o “Alerta Vermelho” onde apenas a determinação do grupo sangüíneo do paciente e re-determinação dos grupos sangüíneos das bolsas são realizadas. A indicação de transfusão sem provas de compatibilidade completas deve ser compartilhada entre a equipe médica assistente e o hemoterapêuta. Após a transfusão de 15 Unidades de CH em adultos a prova de compatibilidade pode ser suprimida, podendo a bolsa ser liberada após a redeterminação do grupo sangüíneo. Manual de Orientações para uso de hemocomponentes e derivados em Cirurgias Eletivas e em Transfusão Maciça 56 Referências Bibliográficas: - ASSURANCE COMMITTEE Guidelines for Blood Utilization Review. American Association of Blood Banks, Bethesda, M.A., 1992-1993. - BALDI L, LAWSON-AYAYI, PEREZ P, CHENE G, LECONTE des FLORIS MF, VICARIOT M, VIGNAL M, PALMER G, SALMI LR. Plasma frais congelé: étude pilote du contexte d´útilisation et des indications.TCB, 1995;3:159-166. - CARSON JL. Morbility risk in the surgically anemic patient. Am J. Surg, 1995; 70: 32-36S. - CHEN AY & CARSON JL. Perioperative management of anaemia. Br. J. Anaesth. 81:20-24; 1998. - DONALDSON MD, SEAMAN MJ, PARK G R. Massive blood transfusion Br J Anesth 69:621-630; 1992 - ELY E.W, BERNARD G.Transfusion in critically ill patients. N. Engl.J. Med. 340:567-468; 1999. - GREENBURG AG. A physiologic basis for red blood cell transfusion. Am J. Surg, 1995; 70: 44-48S. - GUESDES R. 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No entanto, o rigor na observação cuidadosa das normas de segurança nas atividades hemoterápicas leva a uma diminuição substancial desses riscos. A qualidade do produto hemoterápico começa no momento de campanhas bem direcionadas e na criação da consciência da doação na comunidade. Essa qualidade se estende quando uma seleção criteriosa de candidatos à doação é realizada, através da triagem clínica desses candidatos. A importância da triagem clínica de doadores de sangue é ressaltada por: - ser o único método para se identificar, em doadores, prováveis patologias que não dispõem de testes seguros para sua detecção e ou que não permitem a implantação de uma rotina de triagem laboratorial nos serviços de hemoterapia (p.ex. Doença de Creutzfeld-Jacob ou suas variantes, babesiose, etc.). - permitir o reconhecimento de candidatos à doação que possam estar em “janela sorológica” (potenciais infectantes), mesmo nos casos de doenças infecciosas que possuem triagem laboratorial segura - proporcionar uma doação de sangue segura, tanto para o doador quanto para o paciente, sem , no entanto, resultar em rejeição de doadores saudáveis E quem pode fazer a triagem clínica? Segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, a triagem deve ser realizada por profissionais da área de saúde com nível superior (Biologistas, Enfermeiros) especialmente treinados para este fim, sob supervisão médica. Esses profissionais devem buscar atualização constante, através de consultas à literatura técnica e com isso, aprimorarem sua atividade. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 61 Os critérios de seleção utilizados devem ter um embasamento científico. Qualquer situação que gere dúvidas, prevista ou não neste manual, deve ser discutida com o médico responsável pelo serviço de hemoterapia. Por fim, a equipe multi-profissional envolvida no atendimento ao doador deve ter em mente que o ato da doação deve ser agradável, objetivando diminuir a frequência de reações à doação bem como o estimular esse doador a doar sangue novamente. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 62 Tipos de Doadores Espontâneo É o doador que realiza a doação por altruísmo. Habitualmente repete este ato em intervalos regulares, estando consciente da importância da doação para a manutenção de estoques dos hemocomponentes com qualidade. - É o doador ideal! A motivação para a doação espontânea é obtida através de um processo educacional complexo, de longo prazo, com campanhas de informação continuada dirigidas a crianças e adultos, em escolas, universidades, comunidades, meios de comunicação, etc. Essas campanhas buscam esclarecer sobre todo o processo da doação, sua importância, e a necessidade dos indivíduos em se preocupar, em conjunto com os serviços de hemoterapia, com os estoques e a qualidade do sangue. Junto aos adultos cabe ressaltar a necessidade de se eliminar os tabus e mitos existentes quanto à doação (principal causa de desestímulo). Os doadores espontâneos regulares são considerados ideais por apresentarem também menor índice de soropositividade, quando comparados aos doadores em geral. No Hemocentro da UNICAMP, podemos exemplificar com os dados abaixo: % de doadores com sorologia bloqueada (primeiro semestre) 12,3 12,3 11,9 10,8 10,35 9,5 8,62 9,46 10,27 7,17 5,2 3,6 1995 1996 4,7 1997 3,5 1998 2,5 1999 Regular 3,31 3,78 2001 2002 1,7 2000 2,83 2003 3,46 Média Outros Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 63 De Reposição É o doador que realiza a doação com o intuito de "repor" os hemocomponentes que foram ou podem vir a ser utilizados por um determinado paciente. Esta forma de recrutamento é muito utilizada pelos hospitais, tendo como inconvenientes: • não garantir estoques para atendimento de urgências, emergências ou politransfundidos; • diminuir a segurança no procedimento transfusional; • permitir algumas formas de coação (voluntárias ou não). Geralmente os doadores de reposição são familiares ou amigos dos pacientes em questão. Remunerado É o doador que recebe pagamento pela doação de sangue. Esta forma de recrutamento é proibida pela legislação em vigor em nosso país, por apresentar maiores riscos de transmissão de doenças infectocontagiosas e pela possibilidade de não se respeitar o intervalo mínimo entre as doações. A doação remunerada é também proibida em outros países como a França e a Espanha, sendo permitida em outros como os Estados Unidos e Alemanha. Convocado É o doador que comparece ao Serviço de Hemoterapia por solicitação deste, como por exemplo, doadores portadores de antígenos eritrocitários de baixa frequência na população. Específico É o doador já conhecido no Serviço de Hemoterapia, cujo componente doado será destinado a um paciente previamente estabelecido. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 64 Esta forma de doação é útil em situações especiais como: • Plaquetas por aférese, HLA ou HPA compatíveis; • Hemácias Fenotipadas para pacientes sensibilizados contra um antígeno de alta frequência na população, etc. A doação específica pode trazer também alguns riscos, como por exemplo, GVHD (Doença do enxerto contra o hospedeiro) em pacientes imunossuprimidos quando recebe transfusões de familiares próximos com histocompatibilidade parcial. Para que possamos garantir estoques constantes de Hemocomponentes e atender prontamente as necessidades transfusionais com segurança, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que 2 a 4% da população realize doações de sangue de forma espontânea e regular (pelo menos 2 doações num intervalo de 12 meses). A situação na região de Campinas está exemplificada no gráfico a seguir: 82061 83890 83303 64463 47867 19848 70656 70592 52888 22445 28846 35708 39143 74654 42970 48677 51329 52482 Regulares Geral 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 65 Candidatos à doação (anual) Considerando nossa região com aproximadamente 2.000.000 de habitantes, temos uma projeção anual de candidatos dentro dos critérios preconizados pela OMS, o que explica a atual regularidade de estoques do Hemocentro da UNICAMP. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 66 Sala de triagem A triagem deve ser realizada numa sala limpa, bem iluminada, onde seja garantida a privacidade do procedimento. Além disso, o triador deve buscar empatia com o candidato para que esse sinta-se seguro em informar assuntos íntimos exigidos na entrevista. Obs: Durante a entrevista devem estar na sala somente o triador e o candidato! Identificação A identificação precisa do doador, de sua bolsa e respectivas amostras (etiquetagem adequada) é fundamental no processo. O registro completo ou cadastro do doador nos permite diferenciar homônimos, localizar um determinado doador para convocação (p.ex.:grupos específicos, problemas sorológicos), obter dados epidemiológicos, etc. Dados de Cadastro • Nome • Sexo • Idade / Data de Nascimento • Procedência • Naturalidade / Nacionalidade • Raça • Estado Civil • Documento de Identificação com foto (emitido por órgão oficial - ex: RG, carteira de habilitação, entre outros) • Filiação Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 67 • Endereço Residencial Completo + Telefone para contato • Endereço Profissional Completo + Telefone Nome Deve estar completo. Anotá-lo sem abreviaturas. Raça Este dado é importante num momento posterior à doação, quando se necessita de um rastreamento de fenótipos eritrocitários específicos ou quando se pesquisa patologias com maior frequência em uma determinada raça, p. ex., uma hemoglobinopatia. Procedência Importante para obtenção de dados epidemiológicos (malária, doença de Chagas, etc..). Idade O doador deve ter entre 18 e 65 anos, 11 meses e 29 dias de idade. Os indivíduos mais idosos podem realizar a doação de sangue. Porém, devemos estar atentos com o maior risco de doenças cardio-vasculares com o aumento da idade, sendo portanto necessária a apresentação de um relatório de um médico que ateste o estado de saúde do candidato, bem como a liberação da doação pelo médico do Hemocentro, com a justificativa para essa liberação, a ser arquivada. Menores de 18 anos: Somente podem doar, em situações especiais, mediante autorização formal do responsável. Deve constar na "Declaração de Consentimento Livre e Esclarecido à Doação": • Informações sobre: 1. Riscos da doação de sangue Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 68 2. Significado da doação de sangue; • Autorização com assinatura do reponsável; • Data da declaração. • A assinatura de duas testemunhas. Endereço O doador deve ter um endereço fixo, a fim de que possa ser localizado sempre que necessário. Podemos dividir a abordagem ao potencial doador, de forma genérica, sob dois aspectos: • Visando proteção ao doador; • Visando proteção ao receptor (paciente). Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 69 Visando proteção ao doador Sinais Vitais Temperatura A temperatura axilar deve ser menor ou igual a 37°C Pulso Deve estar regular, entre 60 e 100 batimentos por minuto (bpm). ATENÇÃO - Pulso maior que 100 bpm pode estar relacionado à ansiedade; - Pulso menor que 60 bpm é possível em atletas (nesse caso é necessária a liberação pelo médico do Hemocentro) Quando o doador se encontra muito ansioso, deve-se procurar diminuir sua ansiedade e solicitar que aguarde aproximadamente 10 minutos, quando será reaferido o pulso. Para a doação com pulso fora dos limites citados, é necessária a avaliação do médico do Hemocentro. Pressão Arterial • Sistólica: deve estar entre 90 e 180 mmHg; • Diastólica: deve estar entre 60 e 100 mmHg. O doador ansioso pode apresentar sua PA (em especial a sistólica) acima do limite citado. Nessa situação, deve-se adotar o mesmo procedimento de respouso e reaferição mencionado anteriormente. Para a doação com pressões fora dos limites acima, é necessária a avaliação do médico do Hemocentro. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 70 Peso • Doadores com peso maior que 50 Kg podem doar periodicamente 450 ± 45 mL de sangue, além das amostras em tubos (até 30 mL) para exames laboratoriais. • Doadores com menos de 50 Kg: o volume de sangue a ser coletado deverá ser calculado de acordo com seu peso, conforme a fórmula abaixo: ⎛ Peso do Doador (Kg) ⎞ A. Volume de sangue a coletar = ⎜ ⎟ × 450mL 50 ⎠ ⎝ B. Quantidade de anticoagulante necessária = (A/100) x 14 C. Quantidade de anticoagulante a retirar = 63mL - B Se o volume a ser coletado for maior que 300 mL não há necessidade de redução do volume de anticoagulante da bolsa. Hemoglobina ou Hematócrito Os níveis de hemoglobina (Hb) ou hematócrito (Ht) que permitem a doação são: Homens Hb Ht Mulheres entre 13g/dL e entre 12,5g/dL 17g/dL 17g/dL entre 39% e 50% entre 38% e 50% e Em alguns países, como a França, o nível de Hb/Ht não é determinado antes da doação. Esses valores são estimados clinicamente e quando confirmada a anemia posteriormente, o doador é convocado para orientação. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 71 A queda na dosagem de hemoglobina após a doação é de aproximadamente 1g/dL. A compensação eritrocitária ocorre 3 semanas em média após a coleta (pico reticulocitário ≈ 9°. dia). Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 72 Condições de Saúde Caso durante a triagem clínica do candidato seja detectada alguma anomalia que possa sugerir uma doença ainda não diagnosticada ou avaliada por um médico, esse candidato deve ser encaminhado a um serviço de saúde de sua conveniência para a devida investigação. Ao retorno, esse candidato deve trazer um relatório médico que será avaliado pelo médico do Hemocentro. Histórico de reações prévias à doação deve ser cuidadosamente avaliado. Na ocorrência de reações graves anteriormente, o candidato deve ser impedido de doar sangue definitivamente, após adequadamente orientado sobre os riscos de uma nova doação. Frequência de doação Deve ser respeitado um intervalo mínimo e uma freqüência máxima de doação, que varia, segundo a legislação brasileira, de acordo com o sexo: Intervalo Freqüência (12 Homens Mulheres 60-65 anos 8 semanas 12 semanas 6 meses 4 vezes 3 vezes 2 vezes meses) Após uma citaferese, deve-se respeitar o intervalo de 72 horas antes da doação de sangue total. No entanto, após uma doação de sangue total, o doador deverá esperar 8 semanas antes de realizar uma doação de citaférese. O intervalo mínimo entre doações por plaquetaférese é de 48 horas, podendo um doador ser submetido ao procedimento no máximo 4 vezes por mês e 24 vezes por ano, exceto em circunstâncias especiais, com a devida autorização do médico hemoterapêuta. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 73 Repouso A ausência de repouso não contra-indica a doação. Entretanto, deve-se ter maior atenção ao doador nessa condição pois existe maior possibilidade de reações à doação de sangue. Menstruação Não contra-indica a doação, se a dosagem de hemoglobina estiver dentro dos limites citados nesse manual. Atenção: em casos de irregularidade menstrual deve ser afastada a hipótese de gravidez! A candidata deve apresentar relatório do médico assistente sobre a investigação da irregularidade menstrual para avaliação sobre a aptidão pelo médico do Hemocentro. Gravidez , Abortamento, Amamentação Deve ser rejeitada a candidata à doação grávida (exceto para autotransfusão) ou que esteja amamentando (a menos que o parto tenha ocorrido há mais de 12 meses). Após o parto ou abortamento, a doação não deve ser realizada num intervalo que varia conforme literatura : • Estados Unidos = 6 semanas; • Legislação brasileira = 12 semanas (adotada no Hemocentro); • França = 6 meses. Cirurgias Os candidatos submetidos à cirurgia devem ser rejeitados até que tenham retomado as suas atividades habituais normais. Veja na tabela ao fim do manual. Medicamentos Normalmente o uso de medicamentos em si não é causa de rejeição à doação. O motivo da sua utilização (natureza da doença) deve ser levado em conta quando se avalia o candidato. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 74 • Medicamentos que contra-indicam a doação por 30 dias após última dose (efeito teratogênico): -Isotretinoína (Roacutan®) - tratamento de acne -Finasteride (Proscar®) - tratamento de hiperplasia protática benigna • Medicamentos que contra-indicam definitivamente a doação (efeito teratogênico) -Etretinato (Tegison®) - tratamento de psoríase ; -Acitretina - tratamento de psoríase Outros - dependendo da meia vida biológica da droga e seu tempo de eliminação do organismo (consultar um livro de farmacologia ou o DEF®) rejeição temporária ou definitiva. O uso de ácido acetil-salicílico até 5 dias antes da doação impede o uso de plaquetas provenientes dessa coleta. Veja tabela na página 20. Quaisquer dúvidas remanescentes, consultar o médico do Hemocentro. História de Neoplasias Malignas Os candidatos com história de neoplasia maligna (exceto carcinoma "in situ" da cervix uterina e carcinoma basocelular localizado de pele - rejeição por 5 anos após cura cirúrgica) devem ser rejeitados definitivamente. Doenças Pulmonares Tuberculose (tb) ativa deve ser critério de rejeição à doação até 5 anos após a cura. Candidatos com tb tratada, curada, sem sequela importante podem realizar a doação , após o intervalo acima (obs: tb extra-pulmonar: rejeição definitiva) Portadores de asma brônquica leve, compensada com medicamentos por via inalatória, poderão doar sangue 1 semana após a última crise, se Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 75 estas tiverem intervalos maiores que 3 meses, e não houver necessidade atual de uso de medicamentos. Outras Patologias Veja a tabela na página 21 ou consulte a literatura técnica. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 76 Visando proteção ao receptor História Hemoterápica Os candidatos à doação que tiverem recebido componentes do sangue ou seus derivados devem ser excluídos à doação por um período de 12 meses. Tatuagem / Acupuntura O candidato à doação que tiver sido submetido à tatuagem, acupuntura ou depilação com instrumento cuja assepsia não possa ser comprovada deve ser rejeitado por 12 meses. História de Imunização Os candidatos submetidos à imunização podem realizar a doação conforme o tipo de vacina. Imunização Tempo de inaptidão Vacinas de germes mortos difteria, tétano, febre tifóide, cólera, influenza, poliomielite Salk, hepatite B não derivada do plasma, hepatite A. 48 horas Soros de origem animal: antitetânico, anti-ofícidico e antiescorpiônico, etc.. 3 semanas Vacinas de vírus atenuados contra: varicela, parotidite, sarampo, febre amarela e poliomielite oral (Sabin) Vacina dupla viral contra o sarampo e a rubéola; Vacina para varíola Vacina para gripe 1 mês Vacina profilática para raiva (sem acidente com animal) Vacina tríplice viral contra o sarampo, caxumba e rubéola; Vacina monovalente contra rubéola BCG intradérmico. Vacinas em fase experimental. Imunização passiva (globulina hiperimuine contra hepatite B; outras); imunização contra raiva com antecedente de acidente (mordedura, lambedura em lesão aberta) por animal. 12 meses Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 77 Doenças Infecciosas e Parasitárias Sífilis/DST Candidatos com história de sífilis podem realizar a doação se estiverem curados segundo critérios da OMS. No Hemocentro temos rejeitado os indivíduos com história desta patologia pela possibilidade de falha de tratamento. Candidatos com história de tratamento de doenças sexualmente transmissíveis (DST) recentes devem ser rejeitados por 12 meses após cura (risco de HIV, HCV e HBV). Candidatos com história de DST recorrentes devem ser rejeitados definitivamente. Hepatite B (HBV) e Hepatite C (HCV) Candidatos com história de hepatite viral distinta da hepatite A após 10 anos de idade devem ser rejeitados definitivamente. Em casos de dúvida sobre a etiologia da hepatite, solicitar orientação do médico do Hemocentro. Candidatos com prova sorologia positiva para HBV devem ser rejeitados definitivamente à doação (obs: anti-HBs Ag positivo por vacinação não contra-indica a doação!). Também rejeitar por 12 meses os candidatos que tiveram contatos íntimos com indivíduos que apresentem icterícia ou hepatite. História ou sorologia positiva HCV é critério de rejeição definitiva. História de uso de drogas injetáveis devem ser rejeitados definitivamente pelo risco de contaminação pelo HCV. O uso de drogas por inalação (ex: cocaína), contra-indica a doação por 12 meses após último uso. Doença de Chagas Candidatos com história de Doença de Chagas devem ser excluídos definitivamente. Candidatos com epidemiologia positiva para a doença (ter Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 78 morado em região endêmica, etc.) devem ter avaliação sorológica negativa para doença de Chagas no Hemocentro antes de ser autorizado a doar. Candidatos que relatam contato domiciliar com o triatomíneo devem ser excluídos definitivamente. Malária A malária é uma doença que se apresenta em áreas endêmicas no Brasil, sendo que os critérios de aptidão variam de acordo com a área onde o serviço de Hemoterapia atua. São sinônimos mais utilizados da malária na linguagem popular: paludismo, impaludismo, maleita, sezão, febre terçã, febre quartã. Áreas Endêmicas para a Malária: no Brasil: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins. IPA Em outros países: Afganistão, Colômbia, India, Srilanka e Vietnam. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 79 Na tabela estão descritos os critérios definidos pela legislação brasileira: Candidatos: Situações de risco relatadas o Tempo de inaptidão Visita a área endêmica para Malária (alto, médio ou baixo risco de acordo 6 meses após a visita com o IPA -índice parasitário anual fornecido pelas secretarias de saúde) de áreas livres de malária que o relataram: residência anterior em área endêmica (alto, médio ou baixo risco de acordo com o IPA) o Malária (Plasmodium vivax e falciparum) com Residência atual em áreas endêmicas de médio e baixo risco para o Febre nos últimos 30 dias o História de Malária (Plasmodium malária (de acordo vivax e falciparum) nos últimos 36 com o IPA) que relataram: meses com Residência atual em áreas endêmicas de alto risco para o com ou sem história de malária malária (de acordo com o IPA) 3 anos após a mudança para área não endêmica 3 anos após a cura até apresentar resultado negativo em exame parasitológico atual (antes da coleta). enquanto o IPA classificar a área como de alto risco Atenção: candidatos que relataram infecção por Plasmodium malariae são inaptos definitivos para a doação de sangue Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) Pessoas com evidências clínicas ou laboratoriais de infecção pelo HIV devem ser rejeitados definitivamente à doação de sangue. Também devem ser rejeitados definitivamente candidatos em risco de DST, com: • uso atual ou remoto de drogas intravenosas (IV); • pacientes portadores de deficiência de fatores de coagulação, que necessitem de reposição de concentrado de fatores; Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 80 Excluir por 12 meses: • candidatos que tenham tido relações sexuais: - com pessoas incluídas numa das situações acima; - com parceiros ocasionais ou de vida sexual desconhecida; - com parceiros: em hemodiálise; que tenham recebido sangue ou componentes; que tenham sorologia positiva para HIV, HBV ou HCV; que tenham infecção transmitida por via sexual e pelo sangue; • homens ou mulheres que tenham tido relações sexuais, por dinheiro ou drogas; • homens que tenham tido relações sexuais com outros homens nos últimos 12 meses, e ou as parceiras sexuais desses; • indivíduos provenientes, no presente ou no passado, de estabelecimentos penais (permanência maior que 24 horas), de recuperação de drogaditos ou de doentes mentais; • candidatos que tenham recebido transfusão de sangue ou seus componentes nos últimos 12 meses; • pessoas que tenham tido contato com sangue ou fluidos corpóreos através de inoculação percutânea ou lesões abertas de pele. Obs.: Perda importante de peso (10% do peso corpóreo nos últimos 6 meses) sem causa aparente deve ser critério de rejeição temporária do candidato à doação. O candidato à doação deve ser encaminhado a um médico para investigação da causa. Esta perda de peso pode ser decorrente de doença grave ou aids. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 81 Vírus HTLV-I Candidatos à doação com história clínica ou sorológica para HTLV-I (mesmo sem qualquer sinal ou sintoma de doença) deve ser rejeitado definitivamente. Gripe Candidatos que estiverem com sintomas de gripe não devem doar sangue até 1 semana após o desaparecimento destes sintomas. Dengue Candidatos com suspeita de infecção pelo vírus da Dengue (dengue clássica) devem ser considerados inaptos por 1 mês após a cura. Candidatos com história de dengue complicada devem ser considerados inaptos por 6 meses. Em períodos de epidemia, o candidato que apresentar febre deve ser considerado inapto por 15 dias após o fim da febre, se não for suspeito de Dengue (se suspeito, respeitar o período de 1 mês já citado). Em áreas epidêmicas, os candidatos devem ser orientados a avisar o serviço de hemoterapia no qual realizou a doação, caso apresentem sintomas de Dengue (febre, cefaléia, mialgia, artralgia, dores abdominais, exantema, prudido, petéquias/sangramentos, hipotensão) até 7 dias após a doação. Febre maculosa Candidatos com epidemiologia positiva para febre maculosa (picada por carrapato estrela) devem ser considerados inaptor por 21 dias após o contato. Doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD) e suas variantes A CJD e suas variantes ainda não apresentam testes que permitam sua triagem por análise de amostras de sangue em larga escala. A única forma de prevenção atualmente disponível é a rejeição na triagem clínica de indivíduos que tenham tido risco de exposição ao prion. O consumo de carne de animais contaminados é tido atualmente como uma forma provável de transmissão da doença. Da mesma forma, o uso de Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 82 hormônio de crescimento de origem humana contra-indica a doação de sangue. O critério adotado atualmente no Hemocentro (com baixo impacto no número de doações) é a rejeição por tempo indeterminado de candidatos que tenham permanecido em países do Reino Unido, por mais de 6 meses consecutivos ou intermitentes, de forma cumulativa, de 1o. Janeiro de 1980 a 31 de dezembro de 1996, ou por mais de 10 anos consecutivos ou intermitentes, de forma cumulativa, em Portugal, na França ou República da Irlanda desde 1980. Tão logo sejam disponíveis novas informações que permitam menor rigor nesse critério, o mesmo será revisto. Diarréia Candidatos que apresentem história de diarréia devem ser considerados inaptos até 1 semana após a normalização do hábito. Há risco de septicemia grave pós-transfusional pela Yersínia enterocolítica, que pode ser letal a pacientes imunossuprimidos. Sintomas de quadro infeccioso após a doação Deve ser solicitado ao candidato que apresente sinais ou sintomas de quadros infecciosos ou tenham diagnóstico de quadros infecciosos no período até 7 dias após a doação, que entre em contato com o Hemocentro para comunicar o fato. Outras patologias Veja na tabela a seguir outras patologias e situações relacionadas à doação. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 83 Drogas mais freqüentemente utilizadas DROGA DA CT CD 24h (depende da patologia de base) 1 semana após cessar o uso da droga Analgésicos (Novalgina, Tylenol, Tylex, Dôrico,etc) Anorexígenos (Dualid, Inibex, etc) Antiácidos - (Pepsamar, Mylanta, Aldrox, etc) Antiácidos - Bloqueadores H2 - (Tagamet, Antak,etc) Antiarrítimicos (Ancoron, Dilacoron, etc.) Antiasmáticos (Bricanyl, Aerolin, Aminofilina, etc) ☺ 3 dias após fim do tratamento Pela patologia de base Depende da patologa de base Variável, de acordo com a patologia de base Pela patologia de base Antibióticos (Amoxil, Amplacilina, Keflex, etc) Anticoagulantes (Heparina, Marcoumar, Marevan,etc) 1 semana, se houve controle da patologia Pela patologia de base Anticolesterolinêmicos (Cedur, Mevacor, etc) Anticonvulsivantes (Gardenal, Hidantal, Tegretol, etc) 24h após cessar uso da droga, à critério médico Pela patologia de base Pela patologia de base Pela patologia de base 1 semana após fim do tratamento Se local de punção não acometido Se ausência de efeitos colaterais 5 dias após suspensão (se possível) Antidepressivos (Anafranil, Tofranil, Triptanol, etc) Antidiarrêicos (Imosec, etc) Antieméticos (Plasil, Eucil, Dramin, etc) Antienxaqueca (Ormigrein, Neosaldina, etc) Antifúngico-oral, venoso (Nizoral, Cetonax, etc) Antifúngico-tópico (Daktarin, Jadit, etc) ☺ Antihipertensivos (Adalat, Moduretic, etc) ☺ Antihipertensivo vasodilatador - Hidralazina Antihipertensivos ação central (metildopa, bloqueadores, bloqueadores adrenérgicos) Antihistamínicos (Polaramine, Teldane, etc) Antiinflamatórios Não Hormonais (Voltaren, etc) 48 horas Pela patologia de base Dependendo da patologia de base 24h (depende da patologia de base) Pela patologia de base Pela patologia de base Pela patologia de base ☺ (∗) Antipiréticos (Novalgina, Magnopirol, Anador, etc) Antipsicóticos (Haldol, etc.) Antitireoidianos (Tapazol, etc) Cardiotônicos (Digoxina, etc) Contraceptivos orais (Microvlar, Gynera, etc) Corticosteróides Corticosteróides tópicos (Betnovate, Decadron, etc) Descongestionantes orais (Descon. Naldecon, etc) Insulina Hormônio de crescimento não recombinante Hormônios-exceto contraceptivos Testosterona Indutores do sono (Dormonid, etc) OBSERVAÇÕES ☺ - - - À critério médico Dependendo da patologia de base Pela patologia de base Pela patologia de base - - De acordo com patologia de base 6 meses após suspensão do uso 12h ☺ - Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 84 Miorrelaxantes (Dorflex, Tandrilax, etc) 24 h Tranquilizantes - Benzodiazepínicos (Diazepan, 24h etc) ☺ Vitaminas DA= Doação Autorizada ; CT= Contra-Indicação Temporária ; CD= Contra-Indicação Definitiva Quadro sinóptico Quadro de critérios para a seleção de candidatos à doação de sangue Inapt temp= inapto temporário; Inapt defin= inapto definitivo Situação Apto Inapt temp Inapt defin Comentários Oncologia Carcinoma “in situ” de cervix uterina ☺ Carcinoma basocelular de pele ☺ Outras neoplasias malignas Alergia Alergia aguda (urticária, rinite, dermatite, etc.) apto após a crise ou fim do tratamento Tratamento de desensibilização apto após 72h da última aplicação Doenças cardiovasculares Acidente Vascular Cerebral Arritmia cardíaca Arrtimia (extrassistolia) associada ao uso de nicotina, cafeína, ansiedade - - - à critério médico, após avaliação cardiológica Bradicardia do atleta - - - à critério médico Coronariopatia (angina, infarto, etc) Endocardite Febre reumática Flebite de repetição Insuficiência cardíaca congestiva Miocardite Pericardite apto após 1 ano na ausência de sequelas Pericardite tuberculosa Prolapso mitral assintomático - - - à critério médico Sopro inorgânico (após avaliação cardiológica) - - - à critério médico - - - à critério médico Taquicardia após repouso Taquicardia associada à ansiedade Tromboflebite isolada apto após 6 meses, na ausência de medicamentos e restrição de atividades Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 85 Valvulopatias congênitas adquiridas Valvulopatias congênitas corrigidas, assintomáticas, sem uso de medicamentos e/ou limitação física ☺ Varizes de membros inferiores, após esclerose Situação 3 dias Apto Inapt temp Inapt defin Comentários Cirurgias Por videolaparoscopia apto após 3 meses Com transfusão de sangue apto após 1 ano Cardiovasculares Aneurisma trombose arterial Coronária má-formação cardíaca (comunicação inter-atrial; comunicação inter-ventricular, etc) - - - varizes de membros inferiores à critério médico (em função da presença ou não de sequelas) apto após 6 meses Dermatológicas pequeno porte (verrugas, unhas etc...) apto 1 semana após alta Endócrinas Hipófise para-tireóide apto após 6 meses supra-renal tireóide apto após 6 meses Ginecológicas intervenções pequenas (coloscopia, conização, etc.) apto após 3 meses intervenções grandes (histerectomias, mamas, etc.) apto após 6 meses Neurológicas má-formação vascular (aneurisma, angiomas, etc.) pós-traumática com sequela (hematoma sub-dural ou extradural, etc.) pós-traumática sem sequela - - - à critério médico Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 86 Situação Apto Inapt temp Inapt defin Comentários Odontológicas Tratamento de canal, extração dentária drenagem de abcesso, gengivites. Por 1 semana após o término do anti-inflamatório e ou do antibiótico Procedimentos simples, sem anestesia e sem sangramento (pequenas cáries, ajuste de aparelhos, etc) Por 1 dia após o procedimento Remoção de tártaro e outros procedimentos com anestesia local (obturações, etc.) Por 3 dias após o procedimento Cirurgias sob anestesia local Por 1 semana após término do antibiótico Cirurgias sob anestesia geral Por 1 mês após o término do tratamento Oftalmológicas Miopia, catarata, etc. sem acesso ao sistema nervoso central Cirurgias com acesso ao sistema nervoso central apto após alta oftalmológica - - - à critério médico Ortopédicas em geral apto 6 meses após a consolidação Torácicas lobectomia pneumectomia Transplantes alogênicos Autólogos - - - à critério médico Urológicas Extração de cálculos; varicocele; prostatectomia apto após 3 meses fimose; vasectomia apto após 1 mês Nefrectomia pós-traumática - - - à critério médico, de acordo com a função renal residual; contra-indicada doação por aférese Viscerais amigdalectomia apto após 3 meses apendicectomia apto após 3 meses colecistectomia apto após 6 meses colectomia (pós-traumática ou pólipo benigno) apto após 12 meses esplenectomia pós-traumática apto após 6 meses Situação Apto Inapt temp Inapt defin Comentários esplenectomia por outras causas gastrectomia Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 87 hipertensão porta pancreatectomia proctológica (hemorroidectomia, fissura anal, etc.) apto após 3 meses Outras Acupuntura, implantação de “piercing” ou brincos sob antissepsia apropriada apto após 72 horas plástica (estética ou reparadora não extensa) apto após 3 meses plástica sob anestesia geral apto após 6 meses Doenças dermatológicas Acne ☺ sem complicações ou tratamento Angioma ☺ sem acometimento do local de venopunção Doença de Behcet (autoimune) Erisipela apto 1 mês após o fim do tratamento Erisipela recidivante ou crônica - - - Eritema nodoso infeccioso à critério médico apto após 2 meses do fim dos sintomas e tratamento Eritema nodoso não infeccioso Eritema tóxico multiforme apto após 4 meses do fim dos sintomas e tratamento Exérese tumor benigno apto 1 semana após tratamento Furunculose apto 2 semanas após cura Hanseníase Pênfigo vulgar; vegetante; foliáceo; eritematoso (autoimune) Psoríase com pequeno comprometimento cutâneo local de venopunção sem lesões, sem manifestações clínicas e na ausência de uso de medicamentos ☺ Psoríase extensa ou com outras manifestações associadas Verruga vulgar ☺ Vitiligo - - - à critério médico Doenças endócrinas Bócio eutireoidiano ☺ Dabetes Insípidus Diabetes Mellitus tipo I (dependente de insulina) Diabetes Mellitus tipo II, controlado e sem alteração vascular Situação Apto Diabetes Mellitus tipo II, descontrolado e sem alteração vascular Depende de relatório do médico assistente afirmando a inexistência da complicação e de avaliação do médico do Hemocentro ☺ Inapt temp Inapt defin Comentários Até o controle da doença (depende de relatório do médico assistente afirmando o controle e de avaliação do médico do Hemocentro) Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 88 Diabetes Mellitus tipo II com lesão vascular Feocromocitoma Gota (crise) apto após fim dos sintomas Hiperaldosteronismo Hiperfunção hipofisária Hiperlipoproteinemias essenciais Hipertireoidismo Hipopituitarismo Hipotireoidismo autoimune Hipotireoidismo compensado (reposição hormonal) ☺ Hipoglicemia funcional ☺ desde que sem sintomas recentes Insuficiência supra-renal Síndrome de Cushing Tireoidite aguda e subaguda após cura, sem sequela, com relatório médico Tireoidite autoimune Tireoidite crônica Tratamento de obesidade - - - à critério médico Doenças gastrointestinais Cirrose hepática Cisto hidático Colite ulcerativa Diverticulite apto 6 meses após a cura Divertículos e pólipos intestinais sem complicações ☺ Doença de Chron Doença hepática crônica de origem desconhecida Endoscopia digestiva apto 12 meses após o procedimento Gastrite crônica sem anemia ☺ Gastroenterite aguda apto 15 dias após a cura Hemocromatose Hepatite após 10 anos de idade (exceto hepatite A) Hepatite medicamentosa apto 3 meses após a cura e afastadas outras etiologias Hérnia de hiato sem anemia Situação ☺ Apto Inapt temp Inapt defin - - - Comentários Hipertensão porta Icterícia de etiologia desconhecida à critério médico (investigar etiologia provável) Infarto mesentérico Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 89 Litíase biliar sem infecção ou complicações ☺ Pancreatite alcoólica aguda Pancreatite biliar, virótica ou medicamentosa apto 2 anos após a cura Pancreatite crônica de qualquer etiologia Síndrome de Gilbert Úlcera gástrica ou duodenal apto 12 meses após a cura clínica Doenças ginecológicas e obstétricas Abortamento apta após 3 meses Gestação apta 3 meses após o parto / fim da amamentação Indução de ovulação apta 3 meses após o fim do tratamento, após certificar a ausência de gravidez Menstruação ☺ Tratamento de reposição com estrógeno e progesterona ☺ Uso de anticoncepcionais orais ☺ Uso de DIU ☺ Irregularidade menstrual = avaliação médica ! Atenção: sem anemia e sem ↑ importante do sangramento menstrual Doenças hematológicas Agranulocitose medicamentosa apto 6 meses após cura Anemia ferropriva apto 6 meses após a normalização dos exames Anemias congênitas Doenças da coagulação Esplenomegalia idiopática Hemocromatose Leucemias Linfomas Neutropenia crônica Porfirias Púrpura trombocitopênica idiopática no adulto Púrpura trombocitopênica idiopática na infância ☺ Tratamento com anticoagulante - - - Apto Inapt temp Inapt defin Situação Se curada e sem sequelas à critério médico (geralmente inapto) Comentários Doenças infeccsiosas e parasitárias Amebíase intestinal até o final do tratamento e cura Amebíase visceral apto 6 meses após o tratamento e negativação sorológica Ancilostomíase apto após fim do tratamento (sem anemia) Ascaridíase ☺ Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 90 Blastomicose Brucelose Citomegalovirus apto 3 meses após o desaparecimento dos sintomas clínicos Cólera apto 3 meses após a cura Conjuntivite apto 1 semana após a cura Dengue apto 1 mês após a cura; forma hemorrágica, 6 meses após a cura DST (incluindo herpes genital) apto 12 meses após cura Doença de Chagas Echinococose alveolar apto 1 ano após cirurgia, com sorologia negativa Enteroviroses apto 3 meses após a cura Esquistossomose – outras formas, curadas sem sequelas ☺ Esquistossomose forma hepatointestinal Esquistossomose forma intestinal Febre de origem indeterminada apto após o fim do tratamento - - - à critério médico Filariose Gonococcia apto 1 ano após a cura Gripe e viroses comuns apto 1 semana após a cura Hepatite A apto 3 meses após a cura Hepatite B Anti-HBs Ag positivo com outros marcadores negativos ☺ Hepatite C Hepatite D Hepatite E apto 3 meses após a cura Hepatite viral – outras etiologias Herpes Simples apto após desaparecimento das lesões Herpes Zoster apto 6 meses após cura, à critério médico HTLV-I/II Situação Apto Inapt temp Inapt defin Comentários Infecções bacterianas comuns não complicadas (otites, amigdalites, etc.) apto 15 dias após a cura Intoxicação alimentar apto 15 dias após a cura Larva migrans cutânea (bicho geográfico) apto 1 semana após a cura Leishmaniose tegumentar apto após fim do tratamento Leishmaniose visceral (Calazar) Leptospirose Micose cutânea apto 3 meses após a cura ☺ área de venopunção livre de lesões Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 91 Mononucleose infecciosa apto 6 meses após a cura Micose visceral apto 6 meses após cura e recuperação do estado geral Oxiuríase ☺ Parvovirose apto 6 meses após a cura Pneumocystis carinii apto: 2 semanas após a recuperação do estado geral; 6 semanas após a recuperação, se tiver complicações Pneumonia apto 1 ano após a cura (a permanência de cicatriz sorológica impossibilita a utilização dos produtos sanguíneos) Sífilis e treponematoses Sífilis recorrente Teníase ☺ ausência de anemia Toxoplasmose apto 1 ano após a cura Tricocefalíase ☺ Triquinose apto após tratamento e cura Tuberculose pulmonar apto 5 anos após a cura Tuberculose extra-pulmonar apto 3 semanas após a cura (desaparecimento das erupções) Varicela Doenças neurológicas e psiquiátricas apto após 12 horas ( volume: até 600mL cerveja, duas doses de destilado ou duas taças de vinho) Alcoolismo agudo apto após 72 horas (volume maior que o citado) abstêmio após 6 meses: apto após avaliação médica Alcoolismo crônico Convulsões até 2 anos de idade ☺ Depressão em tratamento medicamentoso apto 1 mês após fim do tratamento Doença de Creutzfeldt-Jakob e encefalopatias espongiformes transmissíveis Situação Apto Inapt temp Inapt defin Comentários Doença de Parkinson Doença vascular cerebral (AVC) Enxaqueca ☺ Epilepsia (convulsões) até 2 anos de idade ☺ fora das crises e fora de tratamento Epilepsia (convulsões) após 2 anos de idade Esclerose em placa Esclerose lateral amiotrófica Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 92 Hematoma extra-dural ou subdural com sequela ou dependente de tratamento Hematoma extra-dural ou subdural sem seqüela apto 6 meses após a ocorrência Labirintose apto 30 dias após a crise (na ausência de sintomas e necessidade de tratamento) Leuco-encéfalopatia multifocal progressiva Meningite meningocóccica sem seqüelas apto 6 meses após a cura Miastenia Gravis Miopatias Neurofibromatose forma maior Neurofibromatose forma menor ☺ Neuroses que necessitam de uso constante de medicamentos Pan-encefalite esclerosante subaguda Parkinson - Poliomielite com ou sem sequelas - - à critério médico apto 1 ano após o episódio Psicoses Traumatismo craniano com perda de consciência, sem sequelas apto 6 meses após o episódio Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 93 Situação Apto Inapt temp Inapt defin Comentários Traumatismo craniano com sequela ou dependente de tratamento continuado Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (vide Código Civil, Título III – Da Imputabilidade Penal, artigo 26) Doenças que gerem ininputabilidade jurídica Doenças oftalmológicas Glaucoma ☺ Infecções (conjuntivite, ordéolo, blefarite, etc.) apto 1 semana após a cura Transplante de córnea Tumores benignos tratados ☺ Uso de colírio midriático ☺ Doenças ortopédicas Fraturas sem cirurgias apto após alta ortopédica Má formação óssea congênita ☺ Osteomielite aguda apto 2 meses após cura Osteomielite crônica Tumor ósseo benigno apto 6 meses após a cirurgia Asbestose Eczemas alérgicos após desaparecimento dos sintomas Doenças profissionais Afecções periarticulares ☺ Intoxicações benzeno com alterações hematológicas benzeno com outras manifestações apto 6 meses após a cura Berílio apto 6 meses após a cura Cromo apto após o desaparecimento dos sintomas Derivados do petróleo halotano (hepatite) apto após o desaparecimento dos sintomas mercúrio (acometimento cerebelar) Níquel apto 6 meses após a cura fósforo (dermatite) apto após o desaparecimento dos sintomas fósforo (osteomalácia) apto 6 meses após a cura saturnismo Selênio apto após o desaparecimento dos sintomas Situação solventes orgânicos Apto Inapt temp Inapt defin Comentários apto após o desaparecimento dos sintomas Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 94 Pneumoconiose Siderose Silicose Doenças pulmonares e vias aéreas Bronquite crônica com insuficiência respiratória Enfisema pulmonar Sarcoidose Asma com crises frequentes e dependentes de medicação Asma - crises com intervalos maiores que 3 meses compensada com medicamentos inalatórios apto 3 meses após a última crise Cor pulmonale Bronquite aguda – crises leves e com intervalos maiores que 3 meses compensada com medicamentos inalatórios apto 3 meses após a última crise Abcesso pulmonar apto 6 meses após a cura Pneumotórax espontâneo benigno apto 2 meses após a cura Pneumotórax de outras etiologias - - - à critério médico (dependendo da etiologia) Infecção pleural não tuberculosa apto 6 meses após a cura Infecção pleural tuberculosa apto 5 anos após a cura Sinusite aguda ou crônica apto 2 semanas após o fim do tratamento Otite aguda ou crônica apto 2 semanas após o fim do tratamento Doenças reumatológicas Artrite reumatóide Artrose ☺ Doenças auto-imunes (outras) Esclerodermia Espondilite anquilosante Febre reumática Lupus eritematoso sistêmico Osteoporose ☺ se estiver fora de tratamento Periartrite escápulo-umeral após cura e fim do tratamento Polimiosite Situação Apto Inapt temp Inapt defin Comentários Doenças do sistema urinário / nefrologia Doenças renais crônicas (glomérulonefrites, síndrome nefrítica, pielonefrite crônica, etc.) Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 95 Insuficiência renal crônica Cólica nefrética apto 2 semanas após a crise Pielonefrite aguda sem sequela apto 1 mês após a cura Infecção do trato urinário baixo sem complicações apto 1 semana após a cura Glomerulonefrite aguda apto após a cura e normalização da função renal Outros Reações graves à doação de sangue anterior Para a liberação para a doação de sangue, toda a cirscunstância não prevista nesse manual, deve ser avaliada pelo médico do Hemocentro. Todas as situações em que seja necessária a avaliação desse médico devem ter registro realizado pelo mesmo no sistema informatizado ou na ficha do doador. Reações à doação de sangue As reações à doação de sangue ocorrem em 2-5% das doações, especialmente em doadores de primeira vez, variando de acordo com o sexo (veja a tabela abaixo). Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 96 Frequência de reações à doação de sangue Homens Mulheres Doadores de primeira vez 3,8% 4,9% Doadores habituais 1,1% 1,9% O mais importante no processo de doação é o cuidado na prevenção das reações. Entretanto, o diagnóstico precoce dessas reações e a atuação rápida da equipe multiprofissional que realiza o atendimento ao doador, são decisivos na limitação da sua intensidade. Fisiologia das Reações Os doadores de sangue em geral não apresentam qualquer tipo de reação durante ou após a coleta, em virtude de mecanismos compensatórios fisiológicos existentes no organismo que ocorrem tão logo se inicia o procedimento. A pressão arterial e a frequência de pulso não têm alterações significativas. A pressão venosa pode ter uma leve diminuição, retornando aos níveis iniciais após aproximadamente 30 minutos. A principal apresentação das reações à doação de sangue é a síncope vaso-vagal. Esta síncope tem como desencadeantes a tensão emocional e a dor ou agressões ao indivíduo. No caso da doação, o principal fator é o psicológico (apreensão, ansiedade, “tensão emocional”), podendo também ter como contribuintes condições fisiológicas pré-existentes. Em alguns casos, a visão da coleta de sangue de outro doador pode desencadear o quadro. Podemos resumir os eventos ocorridos durante a reação, no esquema a seguir. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 97 Mecanismos envolvidos nas reações à doação de sangue OBS.: Tabagismo → Vasodilatação em Trato Digestivo → ↓ Retorno Venoso Fatores Predisponentes Alguns fatores estão associados ao aumento na frequência das reações à doação de sangue. Esses fatores podem ser relacionados ao candidato e ao ambiente de coleta. Fatores Relacionados ao Candidato • Idade (jovem); • Baixo peso; • Doação de sangue pela primeira vez; • Sexo feminino; • Pressão arterial diastólica baixa ou sistólica alta; • Taquicardia; • Fadiga • História prévia de reações à doação; • Candidato muito quieto ou falante Fatores Relacionados ao Ambiente • Local de coleta cheio e/ou barulhento; • Longas filas de espera; • Local de atendimento (principalmente área de coleta) muito quente e úmido. Classificação das Reações à Doação de Sangue As reações podem ser classificadas de acordo com sua intensidade: 2. - Reações Leves Palidez cutânea; 3. Reações Moderadas - Evolução dos 4. - Reações Graves Qualquer ou todas Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 98 Perspiração (principalmente face e palmas das mãos); Suspiros ou bocejos; Hiperventilação; Sensação de calor ou falta de ar; Sensação de "cabeça leve"; Náusea com ou sem vômitos; Ausência de perda de consciência. - - - - sintomas anteriores; Bradicardia; Respiração "curta"; Hipotensão (PA Sist. ≤ 60 mmHg); Perda de consciência sem convulsões ou tetania; Demora na recuperação (≥ 15 minutos). - - das anteriores; Rigidez ou tremor das extremidades; Coloração de pele variada: Palidez à Cianose; Incontinência urinária; Convulsões. 5. Profilaxia das Reações Além das orientações sobre manter o candidato orientado a respeito de todo o procedimento, mantê-lo relaxado, num ambiente apropriado (calmo, silencioso, sem filas de espera, etc...), com atendimento cordial, sem jejum, recomenda-se a ingestão de aproximadamente 500mL de líquidos (2 copos d´água por exemplo) antecedendo a doação. Conduta nas Reações Como já citado anteriomente, o mais importante é a atuação preventiva. Alguma medidas podem ser adotadas visando-se minimizar a freqüência das reações: - um atendimento cordial e maior atenção individual - adequação da relação pessoal técnico/doador - diminuição do tempo de espera - ambiente calmo, climatizado (temperatura entre 20-24oC) - minimizar a visualização do sangue - tempo apropriado na cadeira de coleta - evitar a visualização de outros doadores com reações Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 99 A equipe que atende ao doador deve estar treinada para poder detectar precocemente qualquer dos sintomas das reações, pois a atuação rápida pode limitá-las, impedindo sua intensificação. As reações devem ser descritas nas fichas do doador. Doadores com reações anteriores devem ter atenção redobrada. O doador nunca deve ser deixado só! As condutas a serem adotadas na ocorrência de reações estão relacionadas a seguir: Reações leves • Pode ser necessário interromper a coleta; • Estimular o doador a tossir; • Afrouxar roupas apertadas; • Elevar membros inferiores (melhora do retorno venoso); • Conversar com o doador enquanto se realiza os procedimentos citados; • Na hiperventilação: - relaxar o doador através de comunicação verbal; - orientar a "segurar"a respiração mantendo intervalos na contagem de 1 a 5; - orientar a tossir com o intuito de interromper o padrão de hiperventilação; - instruir o doador a respirar em um saco plástico colocado sobre o seu nariz e a boca. Reações moderadas • Medidas citadas acima; • Interromper a coleta (retirar a agulha do braço do doador); Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 100 • Proteger o doador inconsciente contra traumatismos (quedas, etc.); • Se necessário, colocar o doador em posição de Trendlenburg; • Retirar o doador do local de coleta ou utilizar biombos para isolá-lo. Reações Graves • Previnir lesões e traumas ao doador; • Interromper a coleta; • Manter vias aéreas permeáveis (se necessário, utilizar uma cânula de Guedel); • Não oferecer nada ao doador por via oral; • Se necessário: infundir de 300 a 500mL de solução salina a 0.9% associada ou não à glicosada a 5% (à critério médico); • Se não houver recuperação espontânea em 30 minutos, deve-se acionar o médico. Deve-se transferir o doador para um local aonde se possa assistí-lo adequadamente. • Orientar o doador a não doar sangue novamente, para sua própria proteção. Após uma reação, o doador deve ser observado cuidadosamente. Antes de liberá-lo para ir embora, este deve receber orientações adicionais. Dependendo da intensidade, razão ou frequência das reações, o doador deve ser orientado a não doar sangue novamente, tendo-se o cuidado de não lhe causar medo ou relacionar a doação a uma experiência ruim. O bom senso é o principal pré-requisito aos profissionais envolvidos no atendimento ao doador, em qualquer de suas etapas ! Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 101 BIBLIOGRAFIA - AHR, J. et al. Contre-indications medicales au don du sang. 2.ed. Paris: Frison-Roche, 1994. 194p. - AMERICAN ASSOCIATION OF BLOOD BANKS. Technical Manual. 14. ed. 2002. - BARJAS-CASTRO, M.L.R. et al. Screening blood donors for Trypanosoma cruzi infection in a non endemic area of Brazil. Transfusion, v.38, p. 611-2, 1998. - BEAUPLET, A., DANIC, B. La0 sélection médicale des candidats à un don de sang: algorithmes décisionnels. Transf. Clin. 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Editora Saraiva, 8a. Edição, 2002. Manual para triagem clínica de candidatos à doação de sangue 102 - DICIONÁRIO DE ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS - DEF-00/01 Editora de Publicações Científicas - 2000; - GALEA, G., GILLON, J., URBANIAK, S.J. Study on medical donor deferrals at sessions. Transf. Med., v. 6, p. 37-43, 1995. - GOLDMAN, B.D., BENNETT J.C., Cecil: Textbook of Medicine. 21.ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 2000. - GREEN, T.S., STECKLER, D. - Donor Room Policies and Procedures 1st Printing - American Association of Blood Banks (AABB) - 1985; - GRUPO MERCADO COMUM. Resolução 42/00. Regulamento técnico Mercosul de Medicina transfusional. Buenos Aires, 2000. 1v. - KLEINMAN, S. Blood donor screening: principles and policies. In: PETZ, L.D. et al. Clinical practice of blood transfusion. 3.ed. New York: Churchill Livingstone, 1996. p. 245-69. - KRISHNAN, L.A., BRECHER, M.E. Transfusion-transmitted bacterial infection. Hematol. Oncol. Clin. 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Sistemas ABO, Rh (CDE), Kell (K, k), Duffy (Fya), Kidd (Jka), Dia − Hemoglobinopatias hereditárias (exceto doença falciforme) − Doença de membrana eritrocitária ou deficiência enzimática em programa de transfusão crônica − Portadores de AHAI (anemia hemolítica autoimmune) com fenotipagem e/ou genotipagem conclusivas − Receptores crônicos de transfusão de concentrado de hemácias com aloimunização prévias (anticorpos imunes e clinicamente significativos) – com dois ou mais anticorpos identificados 3. Sistemas ABO, Rh (CDE), Kell (K, k), Duffy (Fya, Fyb), Kidd (Jka, Jkb), Dia e Ss − Doença falciforme Obs.: em situações em que não for possível a compatibilidade proposta por insuficiência de estoques de CHFs, a opção de exposição deve ser autorizada Anexo I – Indicação de concentrado de hemácias fenotipados 106 pelo hemoterapêuta baseada na imunogenicidade do antígeno e na importância clínica do anticorpo relacionado. Segue seqüência imunogenicidade e/ou importância clínica dos anticorpos mais freqüentes: RhD> RhC> RhE > Rhce > K > Jka > Fya > Jkb > Fyb > S > s > Dia voltar ao índice Anexo I – Indicação de concentrado de hemácias fenotipados 107 de Anexo II – Indicação de componentes celulares irradiados voltar ao índice 1. Síndromes de imunoeficiências congênitas: − Hipoplasia de timo − Síndrome de Wiskott-Aldrich − Doença de Lenier − Deficiência de 5’-nucleotidase − Imunodeficiência severa não classificada − Síndrome de di George 2. Estados de imunodeficiência: − Recém nascidos (RNs) de muito baixo peso (inferior a 1.500g) ou prematuros (menos que 28 semanas de gestação) até atingir o limite de peso ou a idade de quatro semanas de vida − RNs de termo ou prematuros com antecedente de transfusão intra-útero até a quarta semana de vida − Transfusões intra-uterinas − Exsanguíneo transfusão de RNs − Receptores de transplante autólogo de célula progenitora hematopoiética (CPH) após o início do condicionamento e até no mínimo 3 meses ou 6 meses se utilizado radioterapia corporal total − Receptores de transplante alogênico de CPH após o início do condicionamento e até no mínimo seis meses após a interrupção da imunossupressão − Receptores de órgão sólidos em uso de imunossupressão 3. Portadores de neoplasias − Hematológicas: linfomas de Hodgkin (LH) ou não-Hodgkin (LNH), tratamento com antagonistas da purina (CdA, fludarabina), terapêutica Anexo II – Indicação de componentes celulares irradiados 109 com globulina anti-linfocítica específica (por exemplo rituximabe) ou não (por exemplo ATGAN), leucemias agudas em quimioterapia em altas doses (por exemplo, ciclofosfamida, citarabina) − Não hematológicas: avaliação caso a caso no que se refere ao esquema quimioterápico utilizado, está indicado no caso do uso de drogas que comprometam a imunidade celular (por exemplo, esquemas em altas doses utilizando metrotexate) 4. Pacientes imunocompetentes − Receptores de transfusão de componentes celulares de parentes do primeiro grau − Componentes HLA-matched (principalmente para Ags classe I), inclusive concentrado de plaquetas HLA compatíveis − Receptor e doador de populações geneticamente homogêneas. voltar ao índice Anexo II – Indicação de componentes celulares irradiados 110 Anexo III – Indicação de albumina humana voltar ao índice − em doentes portadores de síndrome nefrótica insuficiência hepatocítica grave, enteropatias perdedoras de proteína e grandes queimados onde haja hipoproteinemia aguda com comprometimento hemodinâmico (hipotensão, choque), queda da filtração glomerular (oligúria) ou alteração da função renal (elevação das dosagens de creatinina); − em situações de reposições volêmicas agudas com refratariedade ao uso de cristalóides; − no tratamento de ascites volumosas refratárias, preferencialmente na reposição de paracenteses volumosas (superior a 5 litros drenados); − na profilaxia ou tratamento de síndrome hepatorenal associado a peritonite bacteriana espontânea (PBE) em pacientes cirróticos; − na reposição volêmica em grandes queimados; − reposição volêmica em procedimentos de plasmaférese terapêuticas; − para preenchimento (priming) da bomba extracorpórea (CEC) em cirurgias cardíacas; voltar ao índice Anexo III – Indicação de albumina humana 112 de circulação Anexo IV – Indicações de concentrado de plaquetas voltar ao índice I. Plaquetopenias por falência Medular: transfundir quando contagem: − inferior a 10.000/mm3 sem fatores de risco; − inferior a 20.000/mm3 em presença de fatores de risco; − inferior a 30.000/mm3 para realização de pequenos procedimentos cirúrgicos (biópsias exceto biópsia hepática e renal, acesso venoso central, coleta de líquor); − inferior a 50.000/mm3 para procedimentos cirúrgicos de médio e grande porte; − inferior a 100.000/mm3 para neurocirurgias e em pacientes pós procedimento com circulação extra-corpórea. Os fatores de risco associados a sangramentos em pacientes plaquetopênicos são: febre (>38oC), manifestações hemorrágicas menores (petéquias, equimoses, gengivorragias), doença transplante versus hospedeiro (GVHD – graft versus host disease), esplenomegalia, utilização de medicações que encurtam a sobrevida das plaquetas (alguns antibióticos e antifúngicos), hiperleucocitose (contagem maior que 30.000/mm3), presença de outras alterações da hemostasia (por exemplo, leucemias promielocítica aguda) ou queda rápida da contagem de plaquetas. II. Plaquetopenias por consumo periférico: (púrpura trombocitopênica imune, hiperesplenismo, CID). A transfusão de CP é extremamente ineficaz, deve-se realizá-la somente se houver sangramento com risco de vida, sempre na vigência de tratamento da causa de base. Evitar transfundir CPs em portadores de PTT e plaquetopenia induzido por heparina. Anexo IV – Indicações de concentrado de plaquetas 114 Indicação de transfusão para procedimentos cirúrgicos e/ou invasivos Condição Nível Desejado (/μL) Punção lombar para coleta de líquor ou quimioterapia pacientes pediátricos superior a 10.000/μL superior a 20.000/μL pacientes adultos Biópsia e aspirado de medula óssea superior a 20.000/μL Endoscopia digestiva sem biópsia superior a 20.000 – 40.000/μL com biópsia superior a 50.000/μL Biópsia hepática superior a 50.000/μL Broncoscopia com instrumento de fibra óptica sem biópsia superior a 20.000 – 40.000/μL com biópsia superior a 50.000/μL Cirurgias de médio e grande porte superior a 50.000/μL Cirurgias oftalmológicas e neurológicas superior a 100.000/μL voltar ao índice Anexo VI – Indicação de concentrado de hemácias RhD positivo (D+) em pacientes RhD negativos (D-) 115 Anexo V – Transfusão em Recém Nascidos (menos que quatro meses de vida) voltar ao índice I. Concentrado de hemácias − Hb ≤ 12,0 g/dL em Recém Nascidos (RN) em ventilação mecânica; − Hb ≤ 10,0 g/dL em RN em oxigenoterapia porém fora de ventilação mecânica; − Hb ≤ 7,0 g/dL em RN estáveis, anemia tardia; − hemorragias agudas (perda sangüínea superior a 10 mL/kg de peso em uma hora). II. Concentrado de plaquetas (CP) − PLQ ≤ 100.000/mm3 em RN pré-termo ou termo, com hemorragia periventricular (HPV); − PLQ ≤ 50.000/mm3 em RN pré-termo ou termo, com sangramento ou em terapia intensiva; − PLQ ≤ 30.000/mm3 em RN pré-termo ou termo, sem sangramento, com fatores de risco associado a sangramento como sepses, uso de antibioticoterapia, etc.; − PLQ ≤ 20.000/mm3 em RN pré-termo ou termo, sem sangramento, sem fatores de risco associado a sangramento; III. Plasma Fresco Congelado (PFC) TP/RNI e/ou TTPa/R ≥ 1,6 com sangramento ou risco significativo de sangramento como: HPV prévia, procedimento invasivo, RN prematuro, entubação orotraqueal. voltar ao índice Anexo V – Transfusão em Recém Nascidos (menos que quatro meses de vida) 117 Anexo VI Indicação de concentrado de hemácias RhD positivo (D+) em pacientes RhD negativos (D-) voltar ao índice A fonte de hemocomponentes é limitada, em determinadas situações é necessário a transfusão de CH RhD positivo (D+) em pacientes RhD negativos (D-). Esta padronização pretende definir situações em que a transfusão de CH RhD incompatíveis pode ser uma opção com o objetivo de evitar desabastecimento e proporcional um melhor gerenciamento de estoque. 4. Obrigatório o uso de CH RhD neg (D-) em pacientes RhD neg (D-) − pacientes RhD neg com anti-D − pacientes do sexo feminino RhD neg (D-) em idade fértil (< 35 anos) − crianças e recém nascidos (RNs) 5. Recomendado o uso de CH RhD neg (D-) em pacientes RhD neg (D-) − pacientes com doenças em que a transfusão pode ser crônica (falciformes, talassêmicos, doenças onco-hematológicas, portadores de doença renal ou hepática graves, etc.) 6. Pode ser aceito o uso de CH RhD pos (D+) se estoque de CH RhD neg (D-) estiver insuficiente (veja limite abaixo) − expectativa de transfusão maciça, baseado na situação clínica do paciente − pacientes idosos (idade maior 60 anos) Obs. 1: descartar a presença de anti-D utilizando técnicas sensíveis de PAI (LISS/gel e enzima) Obs. 2: utilizar CH RhD pos (D+) por até 48 horas, após este período utilizar CH RhD neg (D-) Obs. 3: realizar a PAI utilizando sempre amostras recentes (< 48 horas) e técnicas sensíveis (LISS/gel e enzima) Limite de estoque nas ATS desencadeante de ação citada acima HC 6 unidade RhD neg (D-) PUCC 4 unidades RhD neg (D-) Mario Gatti 4 unidades RhD neg (D-) Anexo VI – Indicação de concentrado de hemácias RhD positivo (D+) em pacientes RhD negativos (D-) 119 Referências: - Gonzalez-Porras et al.Prospective evaluation of a transfusion policy of D+ red blood cells into D- patients. Transfusion 2008 (in press) - Yazer MH, Triulzi DJ. Detection of anti-D in D- recipients transfused with D+ red blood cells. Transfusion. 2007; 47(12):2197-201 Anexo VI – Indicação de concentrado de hemácias RhD positivo (D+) em pacientes RhD negativos (D-) 120 Leitura complementar – Guías para la transfusión de sangre y sus componente voltar ao índice voltar ao índice