DEUS NOS FALA 19/01/2014 2º. Domingo do Tempo Comum João 1, 29-34 Pe. Cláudio Pighin* O evangelho de hoje não tem o objetivo de narrar o batismo de Jesus, mas de mostrar quando e como o Batista reconhece o Messias. A profissão de fé do sumo profeta se manifesta através do pronunciamento com as palavras: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E eu o vi e dou testemunho que Ele é Filho de Deus”. No fundo dessa imagem, vê-se o Cordeiro Pascal do Êxodo. É a ação sacrifical vetero-testamentária que permite selar uma aliança do ser humano com Deus. É nesta concepção que se funda a nova aliança com Jesus. Ele é o novo cordeiro, imolado para sagrar a aproximação das pessoas com Deus. É Jesus a única e verdadeira vítima que pode resgatar a vida humana. De fato, o cordeiro representa a total obediência e o amor que vão até a cruz. O cordeiro representa também o servo de Deus. Servo indica essa total dependência com o seu dono. E, neste caso, é Deus. Reconhecendo-nos como servos, muda a nossa maneira de pensar e agir, porque o servo não pode mandar mais que o patrão. O empregado sempre obedece e procura estar em total sintonia com o chefe. Assim é a nossa condição de cristãos, testemunhada pelo Servo dos servos que é Jesus, o Cristo. Precisamos obedecer cegamente ao nosso patrão que é Deus. Porque confiamos totalmente que só Ele nos pode ajudar. E esta dependência total ao nosso Deus provém também da incapacidade de compreendermos totalmente sobre a nossa vida. E vencer o pecado significa reconhecer que só Deus pode nos ajudar. Sem Ele, nós estamos perdidos. Em oposição ao pecado, temos que fazer uma contínua e constante experiência do conhecimento, não somente intelectual, de Deus. Hoje, para muitas pessoas, este testemunho de salvação, de resgate e de aliança se torna muito difícil a ser compreendido. Hoje a tendência é reduzir a proporção terrestre àquilo que a gente não consegue entender. É urgente resgatar a importância desta redenção e salvação que Jesus nos testemunhou. O perigo é de sonhar um mundo irreal. No entanto, precisamos deparar com a realidade da vida, do coração humano, da esperança humana, do sofrimento humano, os limites da nossa compreensão. É neste contexto da nossa existência que passa o processo de redenção e a promessa da salvação. E o profeta Batista confirma que foi Deus que o ajudou a discernir a presença de Jesus: “Eu também não o conhecia. Aquele que me enviou para batizar com água, foi ele quem me disse: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e pousar, esse é quem batiza com o Espírito Santo.’” O ser humano, sozinho, tem muita dificuldade de fazer esse encontro com Deus e, por isso, precisa se abrir a Deus, participando da comunidade. Ela tem um papel importantíssimo na sua vida cristã. Por fim, insisto, a ação de Jesus é de batizar no Espírito Santo, diferente do profeta, porque ele se impregna com a plenitude da potência divina para comunicar para todas as pessoas a condição de filhos e filhas de Deus. Concluindo, pergunto-lhe: o que você está fazendo para se deixar ajudar por Deus em descobrir a vontade dele na sua vida? Jesus se oferece por todos nós. E você, se oferece para o seu próximo? Lembra-se todos os dias que foi batizado? E como vive, concretamente, o seu batismo no seu cotidiano? * Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação E-mail: [email protected]