4º
P93
Esta prova contém
M
05
A
24/10/2008
questões.
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Boa prova!
Os clássicos rebeldes
Algumas peças de roupa foram decisivas para a transformação de uma geração no
século XX. Uma delas foi a calça jeans, que Jacob Davis criou em 1853 com um pano
geralmente usado para cobrir carroças. Outra foi a minissaia, nascida da imaginação e
audácia da estilista inglesa Mary Quant.
O pano que deu origem ao jeans começou a ser fabricado em Nîmes, na França, em fins
do século XVII. No século XVIII já era produzido em Halifax, na Inglaterra, onde ficou
conhecido como De Nîmes, que deu origem ao seu nome: denim. Da Europa, ele seguiu
para os Estados Unidos junto com imigrantes, como o alemão Lévi-Strauss, que foi para a
Califórnia em 1847 e abriu uma distribuidora de tecidos importados em San Francisco com
seu cunhado.
Na mesma época, o alfaiate Jacob Davis fazia calças para os mineiros que trabalhavam
nas minas da Califórnia. A clientela não estava muito satisfeita, pois a roupa se estragava
com facilidade no seu tipo de trabalho. Para resolver o problema, Davis foi a San Francisco
procurar um pano mais resistente. Lévi-Strauss então lhe vendeu um lote de tecido de sarja
marrom, usada geralmente para cobrir tendas e carroças. Foi com ele que Davis fez as
novas calças, reforçadas nos bolsos com rebites e fechadas na braguilha por botões de
metal. O negócio foi melhorando devagar. Faltava a Davis o capital necessário para
desenvolve-lo com um bom sistema de fabricação e distribuição. Ele então escreveu a LevisStrauss, que continuava a ser seu fornecedor de tecidos, e propôs lhe dar 50 por cento dos
lucros se a firma fizesse registrar comercialmente o modelo da calça e fornecesse mais
tecidos. Strauss aceitou sua proposta. Em 1873 a marca e o feitio das calças estavam
registrados. Assim foi criada a primeira grife de roupa jeans.
A partir daí começaram a coexistir dois panos. Como o escritor John Hayes já observava
numa obra de 1942, um deles era o próprio jeans, um pano sarjeado de algodão com fios da
mesma cor, utilizado em calças rancheiras, camisas para trabalhar e macacões. O outro era
o denim, uma versão na qual o sarjeado compreendia fios de algodão cru, tecido mais caro
utilizado nas roupas de trabalho. No século XIX as calças de Lévi-Strauss já eram de tecido
azul com fios de algodão cru e o tecido na cor marrom tinha sumido de circulação.
No campo, nas indústrias e nas ferrovias que rasgavam o território americano, o jeans
começava a fazer parte da paisagem. Quem usava uma camisa, um blusão ou uma
rancheira jeans era identificado como trabalhador – não só os mineiros, como os
trabalhadores do campo, os caubóis e os ferroviários. O jeans começou a se popularizar
ainda mais no começo do século XX, com o lançamento dos filmes com o caubói Tom Mix,
que se tornaram sucesso no mundo inteiro. Em No tempo das diligências , do diretor John
Ford, filmado em 1939, John Wayne usava jeans. O filme que mais lançou o jeans no
cinema, contudo, foi As vinhas da ira, 1940. Baseado no romance de John Steinbeck, tinha
como personagem principal Henry Fonda no papel de um agricultor. A figura dos heróis do
cinema com jeans se tornou quase uma marca nos filmes que Hollywood passou a produzir.
Elvis Presley usou jeans em seu primeiro filme, Ama-me com ternura, 1956. Marlom Brando,
em Uma rua chamada pecado, também. Marlyn Monroe em O rio das almas perdidas , de
Otto Preminger, estava de jeans. James Dean, o astro rebelde do cinema americano, era tão
associado ao jeans que os fabricantes passaram a utilizar sua imagem em material
publicitário.
Na Segunda Guerra, aquelas calças de sarja grossa deixaram de ser usadas apenas no
trabalho das fábricas para ganhar destaque no dia-a-dia. As mulheres que trabalhavam como
operárias não só usavam roupas jeans como as mesmas roupas jeans dos homens.
Descobriram rápido a praticidade daquela roupa sem grandes pretensões e de preço
acessível.
O jeans se tornou o espírito da América que estava saindo da guerra. Começavam
naqueles anos as mudanças que iriam influenciar as gerações seguintes. Depois disso, as
pessoas e o modo como elas se vestiam nunca mais seriam os mesmos.
Era o princípio também de um período delirante em que se buscava um novo estilo, e o
jeans era o material favorito para essa transformação.
Não bastava usar calça jeans; era preciso ser rebelde como ela. Aqueles tempos da
moda pós-guerra procuravam novas afirmações. E o jeans, que nada mais era do que uma
roupa popular, boa para o trabalho e o lazer, começou a se transformar em elemento de
estilo.
(BARROS, Fernando. O homem casual. São Paulo, Mandarim, 1998)
1. Na sua origem, as calças jeans surgiram para resolver uma insatisfação dos clientes do
alfaiate Jacob Davis. Explique. (1,5)
2. O quinto parágrafo do texto é quase inteiramente dedicado ao papel exercido pelo
cinema na divulgação do jeans. Que papel foi esse, segundo o texto? (1,0)
3. “No campo, nas indústrias e nas ferrovias que rasgavam o território americano, o jeans
começava a fazer parte da paisagem.” Explique o significado da expressão destacada.
(1,5)
4. Qual seria a intenção do autor ao criar um texto como esse? (1,0)
5. Sobre a leitura extraclasse Ciranda de Pedra, de Ligia Fagundes Teles, responda:
a) Qual o nome da protagonista da obra?(1,0)
b) Quem é Fraulein Herta?(1,0)
c) Por quem a protagonista é apaixonada?(1,0)
d) O que acontece com a saúde da mãe da protagonista? (1,0)
e) O título da obra faz referência a que elemento material da vida da protagonista?(1,0)
RESPOSTAS
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5.
a)
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b)
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c)
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d)
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e)
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