Attílio Corrêa Lima – o “inventor” de Goiânia
THE URBAN EARTH - Reflexões para um mundo urbanizado
Maria Cecilia Luchese
Attílio Corrêa Lima se formou engenheiro-arquiteto na Escola Nacional de Belas
Artes, no Rio de Janeiro, em 1925. Ainda estudante trabalhou no escritório que
Agache abriu no Rio, para desenvolver o Plano Diretor da cidade do Rio de
Janeiro. Por influência de Agache foi para a Universidade de Paris fazer um
curso de pós-graduação em Urbanismo no Institut d’Urbanisme, onde foi aluno de
Henry Prost com quem Agache tinha trabalhado, recebendo uma dupla influência: da
nascente sociologia francesa e da concepção estética da Beaux-Arts, que
influenciou sua proposta para Niterói (que foi sua tese de pós-graduação) e para
Goiânia, posteriormente.
O projeto de Goiânia é de 1933, mas o projeto final foi alterado por Armando de
Godói, engenheiro carioca que assumiu o projeto em 1935 quando Attílio morreu
num acidente de avião.
Além do projeto de Goiânia, Attílio foi durante um curto período professor de
Urbanismo na Escola Nacional de Belas Artes, projetou a cidade de Volta Redonda
e projetou o Conjunto Residencial da Várzea do Carmo com forte influência da
arquitetura moderna dos CIAMs (Congressos Internacionais de Arquitetura
Moderna).
Sobre esse importante arquiteto e urbanista está sendo filmado um documentário
com mais de 1 hora de duração, que segundo os autores deverá estar pronto agora
no final do mês de Março, e que será distribuido em todas as escolas de Goiânia
e para as escolas de arquitetura do Brasil.
Agradeço ao Arq. Daniel Amor Presidente do Sindicato dos Arquitetos Urbanistas
do Estado de São Paulo por me dar a idéia para esse post.
Attilio Corrêa Lima nasceu em Roma, em 19 de abril de 1901 e faleceu no Rio de
Janeiro em um triste acidente de avião em 27 de agosto de 1943, após erro do
piloto na aproximação do aeroporto santos Dumont (vôo VASP São Paulo – Rio,
prefixo PP-PSD). Neste mesmo vôo faleceram também o jornalista Cásper Líbero e
o Arceibispo de São Paulo, dentre outros.
Em 1935 Attilio deixa o projeto de Goiânia, após cumprir todo o contrato
assinado em 1933, devido a problemas políticos e financeiros, ficando a cargo
do arquiteto Armando de Godói as alterações da parte sul de Goiânia.
Armando de Godói foi contratado pela firma Coimbra-Bueno, empresa que foi a
responsável pela implantação e construção da cidade, e que por motivos
econômicos (exploração imobiliária) forçou a desistência de Attilio. Esta
mesma firma omitiu por muitos anos o nome de Attilio como autor do projeto de
Goiânia, o que ocasionou um processo na justiça, sendo que a firma
Cimbra-Bueno se retratou e corrigiu o problema antes do julgamento.
Attilio vai para Paris após vencer um concurso do governo brasileiro, ganhando
uma bolsa de permanência de 5 anos anos de duração, e lá cursa especialização
em urbanismo na Sorbonne, no Instituto de Urbanismo de Paris (IUP), sendo seu
projeto final a reurbanização de Niterói. Retorna em 1930 como o primeiro
urbanista formado do Brasil.
É em Paris que Attilio conhece Agache, chegando a estagiar com o mesmo.
Quando, ainda em Paris, recebe convite do arquiteto Lúcio Costa para lecionar
na Escola Nacional de Belas Artes, sendo o primeiro ocupante da cadeira de
Urbanismo, cadeira esta que ocupa até meados de 1939, tendo se licenciado no
período em que projetou a cidade de Goiânia.
Em 1936 vence o concurso para a estação de hidroaviões do Aeroporto Santos
Dummont (um dos primeiros prédios no estilo modernista – atual INCAER),
completando a obra em 1937.
O conjunto de Várzea do Carmo, sua última obra (Attilio voltava de uma visita
à obra quando morreu) foi construído enquanto era arquiteto do IAPI (Instituto
de Aposentadoria e Previdência dos Industriários). Desenvolvia
concomitantemente em seu escritório o projeto de Volta Redonda – RJ, junto com
mais dois sócios, mas que também não completou devido ao seu falecimento.
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