Satisfação Pré-Cirúrgica da
Aparência Facial em Pacientes
que irão Submeter-se à
Cirurgia Ortognática
EDSARD VAN STEENBERGN, DDS, MDSA,
MARK D. LITT, PHK,B
RAVINDRA NANDA, DDS, MDS, PHDC
UNIVERSIDADE DE ODONTOLOGIA DE CONNECTICUT.
ATUA EM ORTODONTIA.
PROFESSOR ASSISTENTE, D EPARTAMENTO
COMPORTAMENTAIS .
C
PROFESSOR E CHEFE DO DEPARTAMENTO
A
B
DE
CIÊMCIA
DE
ORTODONTIA.
Pacientes que se submetem à cirurgia
ortognática podem apresentar uma
variedade de desvios mensuráveis do ideal
em suas estruturais faciais. Ortodontistas e
cirurgiões buco-maxilofaciais presumem
que as correções destes desvios
resultarão em melhoria da aparência facial e função e portanto em um paciente
satisfeito. Esta suposição não é sempre
verdadeira, entretanto, a despeito de
melhorias favoráveis na estética e função.
Mesmo um sucesso cirúrgico não garante
um paciente feliz.
Ao se medir a desarmonia facial,
ortodontistas e cirurgiões bucomaxilofaciais fazem uma suposição
implícita de que a desarmonia observada
esteja relacionada com a falta de satisfação
do paciente. Presume-se que os pacientes
estejam insatisfeitos por causa da falta de
harmonia de diferentes partes da face. Não
está claro, entretanto, se os pacientes
julgam suas faces da mesma maneira que
os ortodontistas. Sugeriu-se que os
ortodontistas analizam as diferentes partes
da face, enquanto que os pacientes o
conjunto. Além do mais, o ortodontista se
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DE
concentra no perfil, o qual os pacientes
não observam com freqüência. Se os
ortodontistas estão usando padrões de
atratividade diferentes daqueles do
paciente, então a possibilidade de um
resultado insatisfatório para o paciente é
maior, mesmo se a cirurgia e a ortodontia
forem bem sucedidas.
A satisfação com a aparência parece ser
influenciada por outros fatores além da
desarmonia facial somente. Alguns destes
fatores são sexo, auto-conceito, e aflições
psicológicas.
O propósito deste estudo foi determinar a
extensão com o qual uma medida objetiva
da desarmonia facial (quando
determinada por um grupo de
ortodontistas), o auto-conceito do
paciente, aflições psicológicas, sexo, idade
e situação sócio-econômica tem relação
com a satisfação do paciente quanto à sua
aparência facial antes da cirurgia
ortognática. Esse estudo fornecerá dados
básicos comparativos dos pacientes
imediatamente após a cirurgia e com
acompanhamento a longo prazo. Mais
importante, os resultados deste estudo
podem nos ajudar esclarecer fatores que
são importantes para a satisfação do
paciente com a sua aparência. Tais
informações podem nos ajudar a preparar
pacientes antes da cirurgia ortognática.
A amostra do estudo era composta de
indivíduos do sexo feminino e masculino
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VOLUME 1, Nº 2
selecionados da clínica ortodôntica do
centro de saúde da universidade e de 10
consultórios particulares na região de
Nova York - Connecticut. Os pacientes
apresentavam desarmonia craniofacial
atribuída principalmente às anormalidades
de crescimento com indicação de cirurgia
ortognática. A amostragem final consistiu
de 41 mulheres e 13 homens, cujas idades
variaram de 13 a 54 anos, com idade
média de 24,6 anos (D.P.= 9,0). A renda
média anual desses indivíduos era de $
20.000.
Os dados dos pacientes deste estudo foram
coletados por meio de questionários
enviados pelo Dr. van Steenbergen e pelos
ortodontistas da área que concordaram
em participar nesta pesquisa.
De acordo com a idéia de que o
julgamento da pessoa sobre a aparência
facial é baseado na composição global
da face, nossa medida principal de
satisfação foi um ítem de satisfação geral
quanto à atratividade facial. Além disso, o
questionário também abrangeu a
satisfação quanto às seguintes
características faciais: testa, olhos, nariz,
lábios, boca, dentes, mento, pescoço e
perfil. Todos os valores foram
determinados em uma escala de 0 a 5
pontos.
Para avaliar a severidade da desarmonia
facial foram tomadas duas fotografias
frontais, uma com a face na posição de
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repouso e uma sorrindo, e uma fotografia
lateral de cada paciente. As fotografias
foram avaliadas por um grupo de cinco
ortodontistas, todos com experiência no
tratamento de pacientes cirúrgico. Cada
ortodontista analisou as fotografias faciais
em ítens representando os pontos de
referência importantes para decisão de
cirurgia ortognática. As classificações
foram feitas numa escala de 1 (normal) a
5 (severamente deformada).
Além disso, ortodontistas também
analizaram a impressão geral em uma dada
vista da face: vista frontal total em repouso,
vista frontal total sorrindo, e vista lateral
total em repouso. Para se analizar a autoestima do paciente foi utilizada a Escala de
Auto Conceito de Tenesse.
A revisão da lista dos sintomas checados
(SCL-90-R) foi usada para avaliar as
aflições psicológicas do paciente. A SCL90-R é uma lista de auto-relato com 90
itens criada para avaliar a variedade de
sintomas psicológicos e fornecer um
índice global das aflições psicológicas.
Um modelo de predição multivariado de
satisfação com a aparência facial foi
desenvolvido com a análise de regressão
múltipla.
Era esperado, baseado em estudos
anteriores, o valor da severidade da
desarmonia facial considerado pelos
ortodontistas poderia ser altamente
preditivo da satisfação dos pacientes com
a aparência facial. Os valores definidos
pelos ortodontistas quanto à severidade
de diferentes partes da face, entretanto,
não foram preditores significativos da
satisfação dos pacientes com a sua face
Esperava-se ainda que a avaliação das
partes faciais pelos ortodontistas na vista
frontal pudesse ser mais preditiva sobre
a expectativa do paciente, porque estes
tipicamente viam a si mesmos nesta vista
no espelho. Somente a avaliação geral dos
ortodontistas na vista lateral previram
significativamente a expectativa geral dos
pacientes em relação a face, e isto apenas
conduziu a uma correlação simples:
quando forçado a competir com outras
variáveis, os valores de severidade não
eram todos preditivos.
Estes resultados sugerem duas conclusões
possíveis. Primeira, os julgamentos dos
ortodontistas a respeito da desarmonia
podem diferir expressivamente dos
julgamentos feitos pelos próprios
pacientes. Se este for o caso, então podese recomendar aos ortodontistas uma
revisão mais cuidadosa com os pacientes
em relação aos procedimentos que eles
estão planejando.
A segunda conclusão possível é que os
ortodontistas podem estar apresentando
com precisão um consenso externo a
respeito da desarmonia presente nas faces
dos pacientes, onde o mesmo é menos
importante para a satisfação do paciente
do que os próprios sentimentos a respeito
de sua auto-estima. Aqueles que pensam
mais em si próprios estarão provavelmente
mais satisfeitos com suas faces a despeito
da severidade da desarmonia.
Entretanto, após controlar sexo, idade,
situação sócio-econômica, severidade de
desarmonia facial e auto-conceito, a aflição
psicológica não foi um preditor significativo
da satisfação do paciente com a aparência
facial. O aflição estava, entretanto, mais
associada com o auto-conceito. Aqueles
com menos aflições apresentavam um
auto-conceito mais elevado. Estes
resultados sugerem que os ortodontistas
também precisariam prestar atenção nos
níveis gerais de aflições dos pacientes (isto
é, ansiedade e depressão). O problema
pode não estar relacionado diretamente
com a satisfação do paciente, mas pode
ter um efeito indireto sobre a sua
associação com o auto-conceito.
Embora os resultados deste estudo sejam
confiáveis, existem algumas limitações no
trabalho que implicam em cautela na
interpretação. O mais sério dos problemas
é o número de casos limítrofes da amostra.
Algumas relações que poderiam ser
esperadas (por exemplo, uma correlação
entre as taxas de severidade da desarmonia
facial e satisfação com a aparência) podem
não ter sido reveladas por causa do
pequeno poder estatístico. Com relação às
baixas correlações nós preferimos
reafirmar que o não aumento no número
de indivíduos tenderia a um resultado com
um coeficiente de correlação significativo,
mas o tamanho da amostra em estudos
futuros precisará ser muito maior. Um
problema relacionado diz respeito à
generalização da amostra. Como
indicamos na seção de procedimentos,
não podemos afirmar quantos
questionários foram enviados para os
pacientes, desta forma não temos uma boa
estimativa da taxa de retorno. Podemos
afirmar entretanto, que a taxa de retorno
foi, na melhor das hipóteses não superior
a 50%. Não sabemos portanto, se nossos
respondentes são representantes sinceros
dos pacientes de cirurgia ortognática neste
grupo etário. Dadas estas explicações,
seguem abaixo as nossas conclusões.
1. O valor de severidade baseado nas
avaliações dos ortodontistas a respeito dos
componentes faciais não é um previsor
preciso da satisfação dos pacientes com a
aparência facial. Para avaliar um desejo
do paciente quanto à cirurgia ortognática,
os ortodontistas podem não ser os
melhores juízes. Os pacientes deverão ser
consultados cuidadosamente.
2. O auto-conceito foi o previsor mais
importante da satisfação do paciente com
a aparência facial, a despeito da severidade
da desarmonia facial. Pacientes com baixo
auto-conceito podem, portanto, ficar
menos satisfeitos com o resultado da
cirurgia ortognática e podem requerer
cuidado adicional no seu preparo.
3. A alta correlação entre as aflições
psicológicas e satisfação dos pacientes em
relação à aparência facial e auto-conceito,
indicaram a importância das mesmas em
pacientes de cirurgia ortognática.
Pacientes que apresentam aflições
psicológicas podem se beneficiar de
terapia antes do tratamento ortodôntico
cirúrgico começar. Isto provavelmente
exercerá uma influência positiva sobre a
satisfação pós-operatória dos pacientes.
050-96.AR
T - P RESURGICAL SATISFACTION WITH FACIAL APPEARANCE IN ORTHODGNATHIC SURGERY PATIENTS. AMERICAN JOURNAL OF ORTHODONTICS AND DENTOFACIAL
ART
ORTHOPEDICS, V. 109, N. 6, P. 653-659, JUNHO 1996.
CONSULTORIA: DR. EDUARDO SANT'ANA; TRADUÇÃO: KÁTIA REGINA MACHADO; SÍNTESE: DR. LAURINDO ZANCO FURQUIM, DRA. LUCIANE MAEDA; DIAGRAMAÇÃO: MARCELO CRISTIANO
N. BENATTO, RONIS F. SIQUEIRA.
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