Monitoramento por Satélite do Desmatamento no Bioma Caatinga INTRODUÇÃO Ante o sucesso do monitoramento da Amazônia por dados de satélites e conhecendo a relevância dos demais biomas brasileiros, que representam, aproximadamente, metade do território nacional, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente - SBF/ MMA está promovendo o Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite. Este projeto é resultado de uma parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação – ABC, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério de Meio Ambiente (SBF/MMA),e Centro de Sensoriamento Remoto –CSR, da Diretoria de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (DIPRO/IBAMA). Seu objetivo principal é a elaboração e execução do Sistema de Monitoramento por Satélite do Desmatamento nos Biomas Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, com intuito de quantificar as áreas remanescentes de vegetação nativa e embasar as ações de fiscalização e combate aos desmatamentos ilegais naqueles biomas. O primeiro resultado deste Projeto refere-se ao mapeamento das áreas desmatadas no bioma Cerrado, e foram lançados em setembro de 2009. Em março de 2010 foram lançados os primeiros dados sobre a Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, que ocupava originalmente 11% do país. A caatinga detém a maior biodiversidade entre as regiões semiaridas do planeta e se encontra seriamente ameaçada. Os dados iniciais se referiam ao desmatamento até 2002, e entre 2002 e 2008. Os últimos dados do monitoramento da Caatinga, lançados em junho de 2011, representam os desmatamentos ocorridos entre os anos 2008 e 2009. METODOLOGIA A metodologia de análise e detecção dos desmatamentos teve como área útil de trabalho o Mapa de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros, que identificou os remanescente em escala 1:250.000, ano base 2002 (MMA, 2007), com área mínima mapeada de 40 ha. elaborado por um conjunto de instituições de pesquisa contratadas pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira - PROBIO/MMA. Estes dados foram utilizados como “mapa de tempo zero” para início do monitoramento. Para efetuar o trabalho, foram utilizadas imagens digitais dos satélites CBERS-2B (111 cenas) e TM Landsat 5, obtidas por meio do portal do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Tais imagens foram corrigidas geometricamente, tendo como referência cenas Landsat Geocover do GLCF (Global Landsat Cover Facility). O procedimento de identificação dos polígonos de áreas desmatadas teve como escala base de trabalho 1:50.000, estando os respectivos resultados separados/disponibilizados conforme articulação 1:250.000 das folhas cartográficas do IBGE. A área mínima mapeada foi de 2 ha. As análises foram executadas por meio da detecção visual e digitalização manual das feições de desmatamento encontradas nas áreas dos polígonos de remanescentes citados. Tais desmatamentos foram classificados como áreas desmatadas, sem identificações do tipo de uso da terra, e validadas por meio de gabaritos do Centro de Sensoriamento Remoto, bem como conferências com imagens de alta resolução, disponibilizadas pelo INPE (CBERS-2B sensor HRC) e pelo software Google Earth. Para cada alvo de desmatamento identificado e delimitado foram especificados os seguintes atributos: período do desmatamento, área em hectares e o Bioma em que se encontra. Cabe ressaltar que, para se aprimorar o Mapa da Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros (MMA, 2007), escala de 1:250.000, ano base de 2002, ficou sob responsabilidade do CRS/Ibama identificar também os desmatamentos ocorridos anteriormente a 2002 inferiores a 40 ha, tão somente dentro da referida área útil de trabalho mencionada. A precisão na identificação dos desmatamentos foi de 98,4%. Mapa de Distribuição do Desmatamento no Bioma Caatinga HISTÓRICO DE DESMATAMENTO NA CAATINGA Classe RESULTADOS A partir da quantificação das áreas desmatadas, foram elaborados mapas e estatísticas contendo a distribuição do desmatamento no Bioma, em especial nos estados e municípios, nas regiões hidrográficas, nas unidades de conservação federal e nas terras indígenas. Os vetores de desmatamentos em formato digital e as análises mencionadas estão disponíveis no portal do Ministério do Meio Ambiente e do IBAMA. Os dados do Projeto estimam que 45,6% da área da Caatinga foram desmatados até 2009. No período entre 2008 a 2009, foram desmatados 1.921 km², o que representa 0,23 % da área total do bioma, enquanto que no período entre 2002 e 2008 a taxa anual foi de 0,28%. Até 2002 (%) Até 2008 (%) Até 2009 (%) Área desmatada 43,7 45,4 45,6 Área Remanescente 55,7 53,6 53,4 1 1 1 Corpos d’água ÁREA DA CAATINGA: 826.411km2 ÁREA DESMATADA (2002-2008): 14.113,59 km2 (2.352,26 km2/ano; taxa média de 0,28% ano) ÁREA DESMATADA (2008-2009): 1.921 km2 (equivalente a 0,23%/ano) UF Área da UF Área desmatada Área desmatada Área desmatada Desmatamento Desmatado dentro da antes 2002 2002 – 2008 2008-2009 Total antes de 2002% Caatinga (Km²) (km²) (Km²) (Km²) (Km²)% AL 13,000.43 10,320.20 353.22 23.85 10,697.27 79.38% Desmatado de 2002 - 2008% 2.72% Desmatado de 2008 - 2009% Desmatamento acumulado 0.18% 82.28% SE 10,027.13 6,683.37 157.67 4.39 6,845.43 66.66% 1.57% 0.04% 68.27% PE 81,141.30 41,159.83 2,204.98 167.77 43,532.58 50.72% 2.72% 0.21% 53.65% MG 11,100.15 5,371.62 359.61 15.16 5,746.39 48.39% 3.24% 0.14% 51.77% BA 300,967.81 149,619.66 4,527.84 638.35 154,785.85 49.72% 1.50% 0.21% 51.43% RN 49,402.20 21,418.69 1,142.99 98.19 22,659.87 43.36% 2.31% 0.20% 45.87% PB 51,357.83 22,342.84 1,013.18 91.89 23,447.91 43.51 1.97% 0.18% 45.66% CE Para informações adicionais favor acessar http://siscom.ibama.gov.br ou www.mma.gov.br/portalbio 147,675.44 54,735.07 4,132.95 440.19 59,308.21 37.06 2.80% 0.30% 40.16% MA 3,753.07 1,134.57 97.61 32.32 1,264.50 30.23 2.60% 0.86% 33.69% PI 157,985.87 45,754.18 2,586.11 408.92 48,749.21 28.96 1.64% 0.26% 30.86%