Laudatio für Prof. Dr. iur. Dr. h.c. António Manuel Hespanha Die Rechtswissenschaftliche Fakultät der Universität Luzern verleiht dieses Jahr das Ehrendoktorat an einen herausragenden Vertreter der europäischen Rechtsgeschichte: Der Geehrte ist Prof. Dr. António Manuel Hespanha, Ordinarius für Rechtsgeschichte, Verfassungsgeschichte und Rechtstheorie an der Universidade Nova in Lissabon. António Manuel Hespanha ist ein juristischer Grenzgänger, der für sich das beansprucht, was sein Landsmann, der Schriftsteller José Saramago, einmal als das Grundrecht auf Häresie bezeichnet hat: das Recht, ja die Pflicht, zur ständigen Infragestellung überkommener Vorstellungen und zur Kritik traditioneller Sichtweisen. Unorthodox ist seine Vorgehensweise, die geprägt ist von der ständigen Auseinandersetzung mit aktuellen sozialwissenschaftlichen Theorieangeboten und vom Versuch, diese Ansätze für die rechtshistorische Forschung fruchtbar zu machen. So hat er seit den 1970er Jahren stets für eine „Neue Rechtsgeschichte“ plädiert, die nicht in einer dem geltenden Recht dienenden und legitimierenden Funktion verharrt, sondern die soziale Dimension des Rechts anerkennt, sich dem juristischen Diskurs und der Konstruktion des Rechts zuwendet und sich dadurch zu einer Mentalitäts- und Kulturgeschichte wandelt. Unorthodox sind auch viele der Themen, denen sich António Manuel Hespanha gewidmet hat. Angefangen bei seiner Dissertation, den „Vespern des Leviathans“, eine Geschichte der politischen Institutionen Portugals im 17. Jahrhundert, die einen Neuanfang für die portugiesische Historiographie bedeutete. Angeregt durch Michel Foucaults Überlegungen zur Macht, stellte Hespanha den bis dahin üblichen Rückprojektionen moderner Staatsvorstellungen auf die Frühe Neuzeit das Bild eines fragmentierten Herrschaftssystems mit einer eigenen inneren Logik gegenüber. Elogio do Prof. Dr. iur. Dr. h.c. António Manuel Hespanha (lido pela Directora da Faculdade de Direito da Universidade de Lucerna, Drª Regina Aebi-Müller) A Faculdade de Direito da Universidade de Lucerna atribui este ano o Doutoramento Honoris Causa a um destacado representante da História do Direito. A pessoa distinguida é o Prof. António Manuel Hespanha, catedrático de História do Direito e de Teoria do Direito na Universidade Nova de Lisboa. António Manuel Hespanha é um jurista de fronteira, que adotou aquilo que o seu compatriota escritor José Saramago, definiu uma vez como o direito fundamental à heresia; ou seja, o dever de pôr permanentemente em questão as concepções recebidas e de submeter à crítica as maneiras de ver tradicionais. Seguir a não ortodoxia é o seu modo de proceder, caracterizado pelo constante debate dos resultados teóricos das ciências sociais e pela tentativa de os tornar frutíferos para a investigação na história do direito. Por isso é que ele, já nos anos setenta, reclamava uma “Nova História do Direito”, que não servisse o direito vigente e a sua legitimação, mas antes que reconhecesse a dimensão social do direito, aplicando isto ao discurso jurídico e à construção do direito e, a partir daí, contribuindo para uma mudança da mentalidade e da cultura jurídicas. Não ortodoxos são também muitos dos temas a que António Manuel Hespanha se dedicou. Começando pela sua dissertação de doutoramento, as “Vésperas do Leviathan”, uma história das instituições políticas portuguesas no séc. XVII, que representou um momento de renovação para a historiografia portuguesa. Inspirado pelas conceções de Michel Foucault sobre o poder, Hespanha construiu uma visão fragmentada do sistema de poder, oposta às que então dominavam, baseadas numa retro-projecção das 1 Dazu gehört insbesondere die – von ihm in späteren Werken noch stärker herausgearbeitete – Verknüpfung des Rechts mit einer Theologie der Gnade und der Liebe. Diese Andersartigkeit des Ancien Régime und dessen normativer Pluralismus traten noch markanter hervor, als er sich der Kolonialgeschichte zuwandte. Auch auf diesem Gebiet reicht sein Einfluss weit über das rechtshistorische Feld hinaus: Von 1995 bis 1998 amtierte Hespanha als Generalkommissar der 500-Jahre-Feiern zu den portugiesischen Entdeckungen und wirkte massgeblich an der Aufarbeitung der Kolonialvergangenheit mit. Dafür wurde ihm im Jahr 2000 der höchste Orden Portugals, der Ordem de Santiago, verliehen. Aber António Manuel Hespanha ist nicht bei der portugiesischen Geschichte stehen geblieben, sondern hat sich immer mehr auch einer europäischen Dimension zugewandt. Eindrücklich belegt wird dies insbesondere durch sein, mittlerweile in mehreren Sprachen übersetztes Lehrbuch zur Geschichte der europäischen Rechtskultur, das mitunter auch das Ergebnis intensiver Lehrtätigkeit im Inund Ausland darstellt (unter anderem als Gatsprofessor in Yale, Berkely, Macau, an verschiedenen südamerikanischen Universitäten und an der Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales in Paris). Mit dem Ziel, die impliziten, kritiklos hingenommenen Voraussetzungen der Rechtsdogmatik zu problematisieren und damit der kritischen Funktion der Rechtsgeschichte im Rahmen der juristischen Ausbildung gerecht zu werden, präsentiert Hespanha in seinem Lehrbuch eine neuartige Geschichte der das Recht konstituierenden europäischen Rechtsdiskurse vom Mittelalter bis zur Krise des modernen Rechts und zu den gegenwärtigen postmodernen Entwicklungen. Und es ist gerade letztere Thematik, die ihn in seinen neuesten Forschungen beschäftigt und es ihm auf modernas representações do Estado, reclamando para ela uma lógica interna específica. Isso inclui, particularmente, a articulação do direito com uma teologia da Graça e do Amor, que ele continuou a re-elaborar em obras ulteriores. Essa alteridade do Ancien Régime e o seu pluralismo normativo ainda resultam mais estruturantes quando ele se começou a dedicar à história colonial. Também nesta área a sua influência se estende muito para além do campo da história jurídica: De 1995 a 1998 Hespanha desempenhou o cargo de Comissário Geral das Comemorações dos 500 anos dos Descobrimentos Portugueses Português, tendo colaborado na re-elaboração (histórica) do passado colonial. Por isso ele foi, em 2000, agraciado com uma das mais altas condecoração de Portugal, o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago. Mas António Manuel Hespanha não parou na história Português, ganhando uma dimensão cada vez mais europeia. De destacar é, neste ponto, o seu livro sobre a História da Cultura Jurídica Europeia, traduzido em várias línguas, combinado com os resultados da sua atividade docente no país e no estrangeiro (incluindo, a título de professor visitante, o que realizou em universidades como Yale, Berkeley, Macau, em outras várias universidades sul-americanas e na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. Com o objetivo de analisar criticamente os pressupostos, implícita e acriticamente tomados no âmbito da dogmática jurídica e, com isso, justificar a função crítica da História do Direito no quadro geral do ensino jurídico, Hespanha apresenta no seu manual um novo tipo de história do discurso que está na base do direito europeu desde a Idade Média até à crise do direito moderno e aos desenvolvimentos deste na atual pós-modernidade. É esta, precisamente, a temática que o ocupa nas suas investigações mais recentes e 2 virtuose und provokative Weise ermöglicht, Rechtsgeschichte mit Rechtstheorie zu verknüpfen. Unsere Ehrung erfolgt in tiefer Anerkennung der grossen Verdienste, die sich António Manuel Hespanha als innovativer Querdenker in der Aufarbeitung der rechtlichen Dimension der europäischen Kulturgeschichte erworben hat. que lhe permite ligar, de forma ao mesmo tempo refinada e provocativa, a História do Direito com a Teoria do Direito. Este nossa homenagem é o resultado do reconhecimento daquilo que António Manuel Hespanha, como pensador prospetivo e inovador, realizou na reelaboração da dimensão jurídica da história da cultura europeia. 3