ISSN: 2317-1960 Ano III, Número 13 Jan / Fev 2015 ntu.org.br Menos de 30% das principais cidades brasileiras possuem Plano de Mobilidade Urbana Mesmo com lei, municípios brasileiros caminham lentamente na elaboração dos planos de mobilidade urbana 14 Especialistas explicam porque “tarifa zero” é utopia nas grandes cidades Projetos de mobilidade sustentável ganham destaque no mundo quando o transporte individual subsidia o coletivo 13 24 26 prioridade ao coletivo para uma mobilidade sustentável m a r q u e n a a g e n d a 1-3 / setembro / 2015 transamérica expo center, são paulo (sp) informações: (61) 2103-9293 [email protected] www.ntu.org.br re a li z a ç ã o o r g a n i za çã o a p o i o in s t i t u ci o n a l a p o i o e d i to r i a l Editorial Biênio 2013-2015 Ano novo, grandes problemas O cenário de crise que paira sobre 2015 traz muitas inseguranças para todos os setores da economia. Não será diferente para os serviços públicos essenciais, que já são precários e pouco assistidos pelo governo federal e devem ter seus investimentos reduzidos, tornando-se ainda mais difícil a melhora na qualidade. No setor de transporte público, o pessimismo é latente. Para fechar os grandes rombos nas contas públicas e o País voltar a crescer, corre-se o risco de voltar à estaca zero, abandonando-se todos os diálogos, projetos e até mesmo investimentos conquistados duramente nos últimos anos. A volta da cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), que poderia ser uma fonte de recursos aos municípios para financiar o sistema de transporte, está prevista para maio e não deve atender à proposta do setor, e sim, ser destinada para reequilibrar as contas públicas. Segundo notícias dos bastidores, os Programas de Aceleração do Crescimento (PAC), nos quais estão previstos os recursos para a grande parte dos projetos de mobilidade, podem ser drasticamente reduzidos devido ao corte de despesas nacionais. Os municípios, endividados e sem apoio Conselho Diretor Membros titulares e suplentes Região Centro-Oeste Edmundo de Carvalho Pinheiro (GO) titular Ricardo Caixeta Ribeiro (MT) do governo federal, não têm folego para conduzirem seus projetos e, novamente, deixarão a mobilidade em segundo plano. suplente Região Nordeste Dimas Humberto Silva Barreira (CE) titular Mário Jatahy de Albuquerque Júnior (CE) suplente Uma grande frustração do setor refere-se ao cumprimento da Lei de Mobilidade Urbana. Após mais de 20 anos de luta para aprovação de uma legislação que regulamentasse as politicas públicas para a mobilidade urbana, em poucos dias encerra-se o prazo para a entrega dos planos de mobilidade urbana e menos de 30% das cidades brasileiras conseguirão cumpri-lo. Luiz Fernando Bandeira de Mello (PE) Os municípios tiveram três anos para se capacitarem, planejarem e elaborarem o seu plano de mobilidade. Há de se considerar que houve descaso por parte do governo federal em capacitar e apoiar os municípios nessa missão, conforme determina a própria lei. Lélis Marcos Teixeira (RJ) titular Paulo Fernando Chaves Júnior (PE) suplente Região Sudeste Albert Andrade (MG) titular Wilson Reis Couto (MG) suplente Eurico Divon Galhardi (RJ) titular - presidente do Conselho Diretor Narciso Gonçalves dos Santos (RJ) suplente titular Francisco José Gavinho Geraldo (RJ) suplente João Carlos Vieira de Sousa (SP) titular - vice-presidente do Conselho Diretor Júlio Luiz Marques (SP) suplente João Antonio Setti Braga (SP) titular Mauro Artur Herszkowicz (SP) O medo de investir, de fazer planos futuros, traz uma instabilidade imensa ao País e coloca freio aos anseios de crescimento da nação. A famigerada crise não deve impedir que os cidadãos tenham melhores condições de deslocamento e ganhem em qualidade de vida. Em uma visão de médio e longo prazo, para garantir crescimento e prosperar na economia, é urgente na produtividade brasileira e o transporte público é fundamental para isso. suplente Região Sul Ilso Pedro Menta (RS) titular Enio Roberto Dias dos Reis (RS) suplente Conselho Fiscal Membros titulares e suplentes Paulo Fernandes Gomes (PA) titular Heloísio Lopes (BA) titular Haroldo Isaak (PR) titular Ana Carolina Dias Medeiros de Souza (MA) suplente Jacob Barata Filho (RJ) suplente José Roberto Iasbek Felício (SP) suplente 4 Revista NTU Urbano S U M Á RIO 6 10 11 13 14 20 Expediente entrevista Diretoria Executiva Marcello Barra Sem transporte de qualidade, cidades serão foco de revoltas ainda maiores, afirma sociólogo Presidente PARADA OBRIGATÓRIA Notinhas para você se agendar, se informar e se atualizar DIÁLOGO TÉCNICO André Dantas Feliz desafio da efetivação dos Planos de Mobilidade Urbana 24 CAPA Menos de 30% das principais cidades brasileiras possuem Plano de Mobilidade Urbana EMBARQUE NESSA IDEIA Luis Antonio Lindau A regulação como instrumento na melhoria da qualidade tecnologia App traz ônibus em tempo real e promove interação entre usuários e gestores públicos sustentabilidade Projetos de mobilidade sustentável ganham destaque em algumas partes do mundo mobilidade urbana 28 pelo mundo 30 32 34 André Dantas Especialistas explicam porque “tarifa zero” é utopia nas grandes cidades 26 29 Marcos Bicalho dos Santos Diretor Administrativo e Institucional Diretor Técnico Políticas públicas e produtividade do transporte coletivo 22 Otávio Vieira da Cunha Filho Inversão lógica: quando o transporte individual subsidia o coletivo Conheça as novidades e soluções de mobilidade adotadas mundo afora Ponto de ônibus Bicicletas e transporte público tornam cidades da Europa as mais sustentáveis do mundo Artigo Rogerio Belda Porque queimam ônibus acontece nas empresas Empresas de ônibus de Salvador investem na saúde de seus funcionários SAUS Q. 1, Bloco J, Ed. CNT 9º andar, Ala A Brasília (DF) CEP 70.070-944 Tel.: (61) 2103-9293 Fax: (61) 2103-9260 E-mail: [email protected] Site: www.ntu.org.br Editora responsável Bárbara Renault (DF 7048 JP) Editora assistente Hellen Tôrres (DF 9553 JP) Colaborou nesta edição Aline Santos André Castro Flávio Neponucena Laisse Nonato Diagramação Duo Design Esta revista está disponível no site www.ntu.org.br #NTURECOMENDA Dicas de livros, sites, aplicados e vídeos sobre transporte Siga a NTU nas redes sociais www.twitter.com/ntunoticias www.facebook.com/ntubrasil www.flickr.com/ntubrasil www.youtube.com/transporteurbanontu Revista NTU Urbano 5 e n t r e v i s ta Marcello Barra Sem transporte de qualidade, cidades serão foco de revoltas ainda maiores, afirma sociólogo Shutterstock.com A falta de políticas públicas voltadas para o transporte público é apontada como um dos principais motivos das mobilizações E stando ou não no centro de manifestações e reivindicações sociais, os veículos do transporte público coletivo continuam sendo alvos de grande visibilidade, o que gera problemas de atendimento à população e prejuízos 6 Revista NTU Urbano às empresas. Para o sociólogo da Universidade de Brasília (UnB) Marcello Barra, faltam políticas públicas para o transporte público e o ataque aos ônibus é um dos reflexos disso. Confira essa e outras opiniões de Barra nessa conversa com a Revista NTU Urbano: e n t r e v i s ta Como o senhor avalia os movimentos sociais focados na redução da tarifa de ônibus? Essa é uma questão que tem vários aspectos a considerar. Primeiro, é impressionante que um tema específico tenha causado enorme rebuliço na vida política e na sociedade. Na verdade, os 20 centavos foram a fagulha que acendeu o estopim. Mas isso representou uma série de demandas por direitos sociais que, apesar de consagrados na Constituição, não são executados, não se transformam em políticas públicas e em ação pública. O que mostra também uma fragilidade da lei que não consegue dar uma resposta real, concreta e objetiva. A questão da tarifa é muito cara ao próprio funcionamento do sistema capitalista pela questão da mobilidade urbana. Afeta por um lado o acesso ao trabalho, e, de modo mais amplo, afeta também o acesso aos direitos sociais em geral, como as possibilidades de lazer, de saúde, educação. A mobilidade é central para o capitalismo. Assim como o capital se movimenta livremente, o trabalho precisa de mobilidade para sobreviver. Essa é uma bandeira palpável, que alcança o dia a dia da população. Em sua opinião, os manifestantes brasileiros têm um perfil definido? É um perfil mais característico de uma vanguarda social. Mas é difícil estabelecer categorias estáticas num cenário que está em constante mutação. O próprio Movimento do Passe Livre era um antes de junho e passou a ser outro depois das manifestações, ganhou outro perfil. As manifestações, de forma geral, partiram de um setor mais esclarecido, ligado ao meio acadêmico, aos jo- vens universitários ou a uma formação política mais avançada, vinda de um processo de diálogo social. Assim como em manifestações anteriores, um tema específico que atinge setores mais pobres pode ganhar contornos sociais generalizados. Começa com uma vanguarda e se universaliza, alcançando a massa da sociedade. "Existe um conjunto de razões que ajudam a entender os motivos pelos quais os veículos do transporte público se transformam em alvos das insatisfações populares. Eles representam uma lógica de funcionamento do sistema capitalista, de mobilização da classe trabalhadora. Quando essa parcela da população não tem acesso ao transporte, perde acesso ao trabalho. Sem renda, não tem acesso à vida, à sobrevivência. Ao mesmo tempo, o transporte é condição também para a sobrevivência do capital, da produção. Pode-se dizer que o transporte público é um direito horizontal porque atinge o acesso a outros direitos, é essencial para a sobrevivência da sociedade." O usuário dos ônibus tem realmente preocupação com a tarifa? Sim! Isso é muito curioso. Aquele que puxa o movimento, a vanguarda, não tem tanto essa necessidade. Mas é um representante num momento em que se passa por uma crise geral de representatividade em relação ao sistema político-partidário. Apesar de os líderes das manifestações não precisarem tanto, representam uma grande massa, menos mobilizada, que precisa muito. Ao mesmo tempo em que os 20 centavos aparecem como muito pouco, como foi o tema inicial, de fato representam muito, pesa bastante no fim do mês para quem usa o transporte público no dia a dia. Na sua avaliação, qual o papel das redes sociais nesses movimentos contra o aumento de tarifas? São totalmente influentes e estão totalmente conectadas. São formas de comunicação muito rápidas e de grande alcance, sem proprietários e com amplitude de acesso. A internet permite alcançar uma audiência de massa. São meios também de mobilização e organização. Isso é um fenômeno que reflete o que acontece no mundo, não é um fenômeno só brasileiro. Desde a Primavera Árabe, as redes sociais são condições para grande parte dessas grandes mobilizações sociais. Os movimentos iniciados com a questão tarifária são realmente focados no transporte ou refletem ansiedades sociais não atendidas? De fato, o movimento é sobre os 20 centavos, mas não é só sobre isso. Foi o estopim que ajudou a reivindicar uma série de direitos sociais sobre os quais o Estado não está cumprindo seu papel institucional de prover. E se ampliaram também a direitos políticos. Esse tipo de movimentação social não foi criado no Brasil, já aconteceu em movimentos Revista NTU Urbano 7 e n t r e v i s ta Por que motivos o transporte público é atacado quando existe alguma insatisfação popular? Existe um conjunto de razões que ajudam a entender os motivos pelos quais os veículos do transporte público se transformam em alvos das insatisfações populares. Eles representam uma lógica de funcionamento do sistema capitalista, de mobilização da classe trabalhadora. Quando essa parcela da população não tem acesso ao transporte, perde acesso ao trabalho. Sem renda, não tem acesso à vida, à sobrevivência. Ao mesmo tempo, o transporte é condição também para a sobrevivência do capital, da produção. Pode-se dizer que o transporte público é um direito horizontal porque "O setor de transporte praticamente não recebe nada do orçamento público. Isso resulta em precarização, dificuldade de sobrevivência do empresariado e na dificuldade para a população em depender do transporte público para sobreviver. É necessária uma grande mudança no orçamento público para que seja efetivada uma tarifa zero." 8 Revista NTU Urbano Shutterstock.com na Espanha, por exemplo, onde se amplia a direitos civis, liberdade de falar, de se manifestar, de se reunir. A resposta truculenta do Estado polarizou as manifestações e lhes deu amplitude. atinge o acesso a outros direitos, é essencial para a sobrevivência da sociedade. Historicamente, há episódios de ataques contra o transporte urbano datados de 1917, na revolta dos bondes que aconteceu em São Paulo. Ela foi de grandes proporções para a época, quando a população descarrilou bondes e os incendiou. Essa revolta é uma reação das pessoas querendo sobreviver nas cidades. O transporte público que atende um grande contingente da população que também participou das manifestações é ruim. Demora-se horas para chegar aos destinos, há muitos atrasos, a infraestrutura é ruim. Isso é um sofrimento diário para a população e tem impacto imediato no dia a dia. Esses podem ser alguns indicadores sobre os motivos para acabarem tornando-se alvos mesmo quando não são o motivo direto da insatisfação. Na sua opinião, a tarifa zero é viável? Quem pagaria a conta? Existem dados que mostram que essa tarifa zero poderia levar a uma expansão do PIB pelo aumento da atividade econômica em toda a sociedade. Com mais acesso aos meios de produção, haveria também mais acesso aos mercados, a opções de lazer e uma série de outros desdobramentos. É um estímulo ao funcionamento do sistema como um todo. Claro que não se pode ainda implantar em grandes metrópoles, mas em cidades menores já é viável testar. A questão do financiamento deste modelo é outro grande debate que está em desenvolvimento. O setor de transporte praticamente não recebe nada do orçamento público. Isso resulta em precarização, dificuldade de sobrevivência e n t r e v i s ta do empresariado e na dificuldade para a população em depender do transporte público para sobreviver. É necessária uma grande mudança no orçamento público para que seja efetivada essa tarifa zero. No Brasil, percebe-se uma polarização: uma relação de amor com o transporte privado (carro ou moto) e um certo desprezo quando se trata de transporte coletivo. Isso reflete a realidade? Essa é uma questão bastante contraditória. De um lado, a sociedade capitalista e individualista prima pelo indivíduo sobre o todo, por isso, o transporte individual reflete, em parte, o modelo da sociedade em que vivemos. Existe a tendência de amor pelo aspecto individual e de desprezo pelo coletivo. Mas esse modelo individualista não consegue sobreviver, especialmente numa grande cidade. O automóvel individual começa a demandar horas para o deslocamento e torna-se parte importante do problema. E isso não é uma questão só brasileira. Há um consenso no meio acadêmico de que sem o transporte coletivo não há saída e as cidades serão foco de revoltas ainda maiores. Nos países desenvolvidos, percebe-se a mesma fúria contra o transporte público? Não nas mesmas dimensões. Na sociedade francesa, o transporte coletivo é consagrado como um direito, realizado de maneira mais plena. Lá, percebe-se que a revolta é contra os carros, o transporte individual. Aqui é contra o transporte público porque não é um direito consagrado e vigente, que funcione de maneira orgânica. "A realidade é que não existem políticas públicas para o transporte no Brasil. Houve uma revolta que mobilizou a sociedade e teve resultados vazios. Um dos eixos colocados pela presidenta foi uma política de transporte público, que não aconteceu. Foram anunciados milhões de reais em repasses e não sabemos se foi ou não usado. Mas mesmo que tenha sido, isso não implica uma política pública. Para isso precisa-se de um debate público, formulação, legislação, gestão, acompanhamento público, além de controle por órgãos públicos e pela sociedade. Existe uma política de transporte, mas de transporte individual." Faltam políticas públicas para o transporte público no Brasil? A realidade é que não existem políticas públicas para o transporte no Brasil. Essa é a nossa realidade. É triste. Houve uma revolta que mobilizou a sociedade e teve resultados vazios. Um dos eixos colocados pela presidenta foi uma política de transporte público, que não aconteceu. Foram anunciados milhões de reais em repasses e não sabemos se foi ou não usado. Mas mesmo que tenha sido, isso não implica uma política pública. Para isso precisa-se de um debate público, formulação, legislação, gestão, acompanhamento público... E envolve também controle por órgãos públicos e pela sociedade. Mesmo depois dessa revolta de junho de 2013, o Estado não implementou uma política pública de transporte. Existe uma política de transporte, mas de transporte individual. Quando se dá incentivo às montadoras, quando se reduzem impostos sobre o consumo de veículos individuais, configura-se uma política do transporte individual. Mas não é uma política pública porque ela teria esse transporte como complemento, não como seu fator principal como percebemos hoje. Perfil Marcello Barra é administrador pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), quando em ambos foi bolsista do CNPq. Estudou também na Columbia University em Nova York e City University de Londres. Pertence ao grupo “Ciência, tecnologia e educação na contemporaneidade” (Sociologia) e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Política Social (Serviço social), da UnB. Recebeu 13 prêmios, dentre os quais, por quatro anos seguidos, o Prêmio Pesquisador Amigo da Imprensa (2010, 2011, 2012 e 2013), concedido pela UnB. Estuda atualmente Burocracia, Movimentos Sociais e Políticos, Tecnologias da Comunicação e Informação e História das Ideias. Revista NTU Urbano 9 PARADA O B RI G AT Ó RIA Recorde na produção de Diesel S-10 Shutterstock.com O Brasil bateu um novo recorde com produção de 889 mil metros cúbicos (m³) de diesel com ultrabaixo teor de enxofre (S- 10). Este óleo combustível representava apenas 8% de toda a produção em 2013, e em dezembro de 2014, ele alcançou 21% no montante. Esse avanço na produção do Diesel S-10 é decorrente da implantação de novas unidades de hidrotratamento nas refinarias Gabriel Passos ( Regap) e Alberto Pasqualini ( Rafep). Além disso, houve o aproveitamento das sinergias, aumentando a qualidade dos produtos e acompanhado o andamento do mercado brasileiro. A produção de Óleo Diesel S-10, foi iniciado em 2013 aqui no Brasil e traz alguns benefícios. Adequando-se a veículos a novas tecnologias de controle de emissão, a reduções de gases como óxido de nitrogênio podem ser de até 98%. Dentre outros benefícios está a redução nos gastos com manutenções e o menor desgaste do motor. A Lei que regulamentava o compartilhamento de táxi na cidade de São Paulo foi vetada pelo prefeito Fernando Haddad. O projeto de lei, aprovado na Câmara dos Vereadores no final do ano passado, previa que a tarifa poderia ser dividida entre 2 a 4 passageiros e que os táxis já teriam suas rotas pré-definidas. Para o prefeito da cidade, a lei traria de volta os modelos de ‘lotações’ adotadas por táxis-lotação nos ano 90, quando muitos desses eram clandestinos e passaram a competir com o transporte público regular. Quando aprovada na Câmara, o projeto de lei do vereador Ricardo Young tinha o objetivo de estimular o uso do táxi como transporte público. 10 Revista NTU Urbano Novas condições de financiamento na compra de ônibus O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) publicou novas condições para a aquisição de ônibus via financiamento. Pelas novas regras do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), não será mais possível financiar 100% do bem. Além disso, houve mudança nos juros para a compra de ônibus. As taxas para adquirir os ônibus elétricos ou elétricos híbridos variam entre 6,5% e 7%, enquanto a taxa de financiamento para ônibus a diesel está entre 9,5% e 10% ao ano. Apesar do alto custo de aquisição dos veículos menos poluentes, as novas medidas buscam incentivar a compra da tecnologia sustentável no Brasil. Shutterstock.com Haddad veta lei que regulariza o compartilhamento de táxi D i á lo g o T é c n i c o André Dantas, PhD, diretor técnico da NTU Feliz desafio da efetivação dos Planos de Mobilidade Urbana E mais um ano começou com inúmeros desafios. Entre eles, observamos a efetivação dos Planos de Mobilidade Urbana, que continua sendo um desafio para os municípios brasileiros com população acima de 20 mil habitantes. Desde a sanção da Lei 12.587, esses municípios tiveram três anos para cumprir o prazo legal, que se encerrará no dia 12 de abril de 2015. A partir dessa data, os municípios ficarão impedidos de receber recursos orçamentários federativos destinados à mobilidade urbana, caso não tenham elaborado e integrado o Plano de Mobilidade Urbana ao Plano Diretor Municipal. Potencialmente, esse impedimento afetaria mais de 1.600 municípios que não possuem o plano. Ao longo do processo de debate desse desafio, tornou-se consenso, entre os atores envolvidos, que a viabilização da estrutura necessária para desenvolver e implantar os Planos de Mobilidade Urbana é um ponto crítico. Essa estrutura inclui, prioritariamente, a formação de uma equipe técnica-institucional, que conduza todo o processo considerando a mobilidade urbana como instrumento indutor da transformação. Essa equipe tem que ser consciente do papel do Plano de Mobilidade Urbana como a materialização do compromisso com a melhoria da qualidade de vida. Ademais, a equipe tem que atuar em alinhamento com o apoio político e participação popular, para que os anseios coletivos sejam representados, discutidos e avaliados como parte da estratégia municipal de mobilidade urbana. Apesar do amplo entendimento da importância dessa estrutura, a realidade observada na maioria dos municípios é de limitados recursos técnicos e financeiros, que são insuficientes para enfrentar o desafio com as mínimas condições necessárias e a prioridade determinada por lei. É notório que em muitos municípios não existe sequer uma estrutura institucional responsável pela mobilidade urbana. A Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE (2012) revela que 1.432 municípios não possuem qualquer tipo de estrutura de gestão do transporte. Por outro lado, essa mesma pesquisa indica que apenas 801 municípios possuem uma secretaria exclusiva para tratar da questão da mobilidade urbana. Como consequência direta dessa realidade, verifica-se, até o momento, que um número limitado de municípios atende integralmente à Lei 12.587. Por exemplo, entre as capitais brasileiras, apenas quatro municípios já elaboraram e aprovaram o Plano de Mobilidade Urbana, de acordo com as determinações legais. Diante desse desafio e o contexto atual do país, seria fundamental e urgente iniciar um esforço nacional para reverter a situação observada. Nesse sentido, a Lei 12.587 é muito oportuna ao especificar as atribuições da União (Art. 16.), dos Estados (Art. 17.), dos Municípios (Art. 18.) e do Distrito Federal (Art. 19.). Especificamente, pode-se destacar as atribuições da União: “...prestar assistência técnica e financeira aos Estados, Distrito Federal e Municípios...”; e “...contribuir para a capacitação continuada de pessoas e para o desenvolvimento das instituições...”. Poderíamos discutir se a União cumpriu ou não com essas atribuições, mas é preciso agir pragmaticamente e evitar o debate inócuo. Por exemplo, a União poderia utilizar parte dos recursos captados com o retorno da cobrança da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) para alavancar uma série de iniciativas que subsidie ao transporte público coletivo. Segundo estimativa recente da NTU, apenas a parcela da CIDE referente ao consumo de óleo diesel no transporte público urbano representaria cerca de R$440 milhões por ano. Esses recursos certamente contribuiriam para que Estados e Municípios também possam cumprir as respectivas atribuições determinadas por lei. Em suma, o desafio da efetivação dos Planos de Mobilidade Urbana é inexorável, mas sabemos por onde começar e temos todas as ferramentas para superá-lo. Revista NTU Urbano 11 POL Í TICA S P Ú B LICA S Especialistas explicam porque “tarifa zero” é utopia nas grandes cidades Shutterstock.com Conceder transporte público gratuito é uma das questões mais complexas do setor e exige análise de governos e especialistas Q uem deve pagar a conta do transporte público coletivo no Brasil é tema recorrente de discussões entre grupos que defendem a “tarifa zero”. A cada reajuste no valor da passagem (ato que é previsto em contrato), novas manifestações são realizadas na intenção de pressionar os governantes ao não aumento. No entanto, a discussão é bastante ampla e não se restringe apenas ao argumento comumente utilizado de que “o transporte é público, então, deveria ser de graça”. Em muitas cidades europeias, exemplo vivo nas discussões sobre transporte público gratuito, a realidade é que muitas delas recebem subsídio do governo e toda a população paga taxas de manutenção do sistema. 12 Revista NTU Urbano Segundo um estudo da União Internacional de Transporte Público (UITP), 29 cidades pelo mundo, com população entre 10 mil e um milhão de habitantes — a maioria situada na Europa e Estados Unidos —, optaram pelo transporte público gratuito. Entretanto, o secretário geral da União Internacional de Transporte Público (UITP), Alain Flausch, é contrário à adoção deliberada da tarifa zero. “Pensar em transporte público de graça para cidades com mais de um milhão de habitantes, que é a média de habitantes das grandes cidades, é algo fora da realidade”, justifica. Ele explica que tornar possível a tarifa zero não depende exclusivamente de fatores econômicos, mas também de fatores geográficos. No Brasil, a tarifa zero pode ser realidade apenas em pequenas cidades com até 35 mil habitantes. O município de Agudos (SP), por exemplo, oferece transporte de graça há 12 anos. A cidade tem 34 mil habitantes, dos quais nove mil utilizam o transporte público diariamente. O município de Porto Real (RJ) tem 18 mil habitantes e a gratuidade ocorre desde 2011. Nos dois municípios, o investimento para custeio do serviço é de 2% do orçamento municipal mensal. Contrariando as estimativas de Flausch, o município de Maricá (RJ), onde moram cerca de 127 mil pessoas, adotou a tarifa zero em dezembro do ano passado. A Empresa Pública de Transportes (EPT) da cidade esclarece que a extensão do município, com 363 quilômetros quadrados, contribuiu POL Í TICA S P Ú B LICA S para a implantação da gratuidade nos ônibus, compensando, assim, o número expressivo de habitantes. A cidade também possui um orçamento público reforçado pelos royalties do Petróleo. Riscos e impedimentos da tarifa zero O especialista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Henrique Carvalho alerta que a inserção da tarifa zero implicaria em problemas de ordem econômica e operacional. Para ele, do ponto de vista fiscal, recursos do orçamento público geralmente são insuficientes para cobrir as obrigações básicas dos governos, como custeio da máquina e investimentos sociais em educação, saúde, segurança pública, programas sociais. “Por isso, quando se coloca mais uma despesa concorrente, como a tarifa zero, pode haver impactos fortes sobre as demais políticas sociais”, ressalta. Do ponto de vista de operação do transporte, o pesquisador esclarece que haveria sérios riscos quanto à segurança dos usuários em função da superlotação das estações e à impossibilidade de aumento da oferta do transporte público em curto prazo. “Quando você suprime o preço de um serviço, a demanda tende a subir muito e de maneira súbita, de forma que não há possibilidades de aumento da oferta na mesma proporção. Os sistemas de ônibus até possuem certa flexibilidade nos períodos fora de pico, mas com forte limitação de oferta nos períodos de pico”, explica Carvalho. O engenheiro civil e professor da Universidade de Brasília (UnB) Joaquim Aragão acredita que a tarifa zero traria problemas caso a gratuidade fosse Tarifa zero no Brasil Cidades No Brasil, oito cidades não cobram tarifa dos Agudos (SP) usuários do transporte público por ônibus. 36 mil habitantes Dourado (SP) Um levantamento realizado pela NTU permite 8 mil habitantes constatar que os serviços com tarifa zero Ivaiporã (PR) possuem as seguintes características comuns: 32 mil habitantes •Atendem pequenas cidades; •Baixa demanda de usuários: parcela inexpressiva dos deslocamentos da população; •Frota reduzida: poucos ônibus para operação; •Existência de poucas linhas: não contempla a real necessidade de deslocamento; •Limitada cobertura do serviço: não atende todos os bairros da cidade e pontos turisticos; •Menor custo operacional: baixo custo operacional permite custeio pelas administrações municipais. O tema “Tarifa zero” surgiu em São Paulo, durante a gestão de Luiza Erundina, entre 1989 e 1992, e logo tornou-se um dos assuntos sociais mais debatidos no País. O projeto foi idealizado pelo então secretário mu- Muzambinho (MG) 21 mil habitantes 18 mil habitantes ofertada é insuficiente diante da demanda; Origem da tarifa zero no Brasil 143 mil habitantes Porto Real (RJ) •Poucos horários: quantidade de horários generalizada e aponta que direcionar a proposta para grupos específicos, como estudantes, idosos e portadores de necessidades especiais, seria muito mais viável. Ele também destaca que oferecer transporte público de graça é, antes de tudo, uma decisão política. Sendo assim, seria necessário que o governo e o setor de transporte entrassem em acordo para encontrar meios que permitissem a isenção da tarifa. “Além do interesse mútuo entre o poder público e o setor, os efeitos do financiamento governamental teriam de ser avaliados, as necessidades de recursos e de acomodação de outros gastos e investimentos haveriam de ser levantadas”, pontua. Maricá (RJ) Potirendaba (SP) 16 mil habitantes Silva Jardim (RJ) 21 mil habitantes nicipal de Transportes, Lúcio Gregori, em 1990, que sugeriu o financiamento público para custeio total da tarifa atrás de um Fundo de Transportes. Os impostos para arrecadar recursos ao projeto seriam equivalentes à situação econômica e social dos contribuintes: quem pode mais, paga mais; quem pode menos, paga menos e quem não pode, não paga. A iniciativa foi apoiada por Luiza Erundina que, no mesmo ano, enviou o projeto à Câmara Municipal. Em entrevista a rádio CBN, em junho de 2013, a ex-prefeita de São Paulo explicou que “a ideia era criar um imposto que se juntasse ao IPTU para um fundo de transportes, mas o projeto não passou na Câmara, apesar de a sociedade ter se manifestado favoravelmente”. Após décadas da proposição inicial, a proposta não foi esquecida, ainda é pautada pela mídia e ganhou adeptos que se organizaram e fundaram diversos movimentos em prol do passe livre Brasil afora. Revista NTU Urbano 13 c a pa Menos de 30% das principais cidades brasileiras possuem Plano de Mobilidade Urbana Mesmo com lei, municípios brasileiros caminham lentamente na elaboração dos planos de mobilidade urbana. Na reta final do prazo, 67% das capitais brasileiras e 95% do total de municípios acima de 50 mil habitantes não finalizaram as diretrizes das suas cidades 14 Revista NTU Urbano c a pa E m abril de 2015, finda o prazo de três anos para a elaboração do plano de mobilidade urbana nos municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes, estabelecido pela Lei 12.587/2012, a Lei de Mobilidade Urbana. Nesse período, as cidades deveriam ter incluído nos seus planos diretores as diretrizes de transporte determinadas na Política Nacional de Mobilidade Urbana. No entanto, a poucos meses da expiração desse prazo, mais de 70% das capitais e cidades brasileiras acima de 500 mil habitantes, e 95% do total de municípios acima de 50 mil habitantes, não conseguiram finalizá-lo. Desde 1988, a Constituição Federativa do Brasil já objetivava, na política urbana, a ordenação e o desenvolvimento das funções sociais da cidade e a garantia do bem-estar da população. O plano diretor já constava como obrigatório para os municípios acima de 20 mil habitantes. No entanto, apenas 13 anos depois, com o Estatuto das Cidades (Lei n.° 10.257/2001), ocorreu a regulamentação e foram estabelecidos os critérios dessas políticas urbanas, incluindo a obrigação da União em instituir as diretrizes para os transportes urbanos - o que aconteceu somente em 2012. A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic), realizada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constatou que apenas 3,8% do total dos municípios brasileiros possuíam Plano Municipal de Transporte. Nas cidades acima de 500 mil habitantes, 55,3% dos municípios tinham o Plano e 28,9% estavam em processo de elaboração. Em recente controle dos Planos de Mobilidade Urbana feito pelo Minis- tério das Cidades, de 1.317 municípios que responderam a pesquisa (equivalente a 38% dos 3.325 mil municípios acima de 50 mil habitantes), apenas 61 (5%) possuem o plano de mobilidade urbana. O número total de municípios que não têm o plano são 1.256 (95%), dos quais apenas 361 (29%) estão em processo de elaboração. não conhecem o teor da lei nem as reais sanções para a não-elaboração do Plano de Mobilidade, apesar dos esforços da Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana (SeMob) para divulgação da Lei nº 12.587, seja através de seminários, cursos e publicações sobre o tema”, explica o órgão em nota oficial. Às vésperas do encerramento do prazo definido pela Lei de Mobilidade, a Revista NTU Urbano apurou em 46 cidades, incluindo as 27 capitais e as cidades acima de 500 mil habitantes, os principais gargalos sobre a elaboração dos chamados “Plamob” e também de que maneira secretários e técnicos têm encarado a missão de transformar a mobilidade urbana em suas localidades. A SeMob do Ministério das Cidades ressalva que “vem identificando um crescente interesse por parte dos municípios para a capacitação e maior mobilização nos últimos meses para a elaboração de Plano de Mobilidade”. No levantamento, foi constatado que 71,8% das cidades não têm o plano. Dentro desse percentual, 91% estão em processo de elaboração e 9% não iniciaram. Das cidades que possuem o plano, 69% são capitais. Das 27 capitais brasileiras, 67% não possuem o Plano de Mobilidade Urbana e 33% possuem ou estão em fase de elaboração (confira os gráficos da página 16). Dificuldades enfrentadas De acordo com a apuração da Revista NTU Urbano, dentre os principais problemas enfrentados pelos municípios na elaboração dos planos, destacam-se a falta de recursos financeiros e a precária estrutura de pessoal. Esses também foram apontados como os motivos para o atraso na entrega dos projetos. Segundo o Ministério das Cidades, as razões são variadas. “Pudemos identificar que alguns municípios Em suma, a realidade é que um número muito alto de cidades não conseguirá atender ao prazo da Lei. Essa é a realidade de Cuiabá (MT), que ainda está na fase de contratação de empresa para elaboração do plano. Segundo Anna Regina Feuerharmel, secretária -adjunta da Secretaria de Mobilidade Urbana da capital, esse processo não foi iniciado antes por falta de recursos humanos e financeiros. “Já foi feito o escopo básico e o termo de referência para licitação. A previsão para a finalização do plano é até 18 meses após o seu início”, revela Anna Regina. Das cidades que ainda não possuem plano, três exemplos são Duque de Caxias (RJ), Niterói (RJ) e Goiânia (GO), que ainda não deram início a nenhuma etapa do processo de elaboração. Na capital goiana não há previsão para a construção do PMU. É o que informa Sérgio Wiederhecker, diretor de Planejamento e Gestão Sustentável. “A elaboração do plano está na agenda, mas não sabemos quando será iniciado porque existem outras prioridades (da prefeitura de Goiânia), como saneamento e outras questões”, justifica. Revista NTU Urbano 15 c a pa Planos de Mobilidade Urbana nas cidades acima de 500 mil habitantes e capitais Status Número de cidades Possui plano 13 Não possui plano 33 (%) 28,2% 71,8% Cidades e capitais que POSSUEM plano de mobilidade Status Número de cidades Totalmente pronto 10 Em revisão 3 (%) 77% 23% Cidades e capitais que NÃO POSSUEM plano de mobilidade Status Número de cidades Em elaboração 30 Não iniciado 3 (%) 91% 9% Planos de Mobilidade Urbana nas capitais Status Número de cidades Possui plano 9 Não possui plano 18 (%) 33% 67% *inclui DF. Cidades que estão em processo licitatório foram consideradas no Status “Em elaboração”. *Levantamento elaborado pela Revista NTU Urbano em fevereiro de 2015. 16 Revista NTU Urbano c a pa Integrando a cidade Como previsto na Lei 12.587/2012, o Plano de Mobilidade Urbana deve ser integrado ao Plano Diretor do município. Apesar de ser um dos aspectos fundamentais da legislação que as áreas de desenvolvimento urbano estejam em consonância, esse também se tornou um dos motivos para os atrasos dos planos. Devido a esse fator, alguns municípios precisam aguardar a elaboração ou revisão do Plano Diretor para dar andamento ao Plamob. Um exemplo dessa situação é Palmas (TO). O projeto foi iniciado há dois anos. Mas, como está sendo integrado a todas as outras áreas de planejamento da capital, a finalização do plano de mobilidade urbana e transporte foi adiada. Ainda assim, a previsão é de que o plano seja apresentado ao Ministério das Cidades em abril deste ano. Shutterstock.com A diretora de Planejamento e Projetos da Secretaria Municipal de Acessibilidade, Mobilidade, Trânsito e Transporte (SMAMTT), Joseísa Furtado, afirma que todo o plano de mobilidade urbana e transporte da capital tocantinense está em harmonia e totalmente integrado a outras áreas da cidade. “Teremos a implantação de sistemas BRT que caminha junto com calçadas e ciclovias”, garante. Para Furtado, todas essas mudanças são muito importantes. Ela enxerga de maneira otimista que, embora, esses investimentos tenham demorado a acontecer, são extremamente necessários. “Sem dúvida, nunca investiram tanto em mobilidade urbana. A Copa do Mundo foi um fracasso (na cidade), mas deixou todos esses projetos como um legado para as cidades”, opina. Há também aquelas cidades que se antecederam à Lei, trabalhando com um planejamento para a mobilidade e transporte antes de 2012, e que agora passam por um momento de revisão desse plano, atendendo melhor aos critérios estabelecidos na Política Nacional de Mobilidade Urbana. Entre elas, está Curitiba (PR), cidade modelo em implantação de redes multimodais e sistemas mais avançados de transporte coletivo urbano. A capital paranaense possui o plano desde 2008. “Atualmente, estamos em fase de finalização da revisão do Plano Diretor Municipal. Após a entrada em vigência desta versão atualizada, iniciaremos a revisão do Plano de Mobilidade, já em consonância com a nova política nacional e com o próprio plano diretor atualizado”, explica o supervisor de Informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Oscar Ricardo Schmeiske. Em Boa vista (RR), a prefeitura informa que o Projeto de Mobilidade Urbana está de acordo com o Plano Diretor da Cidade, no que se refere à mobilidade. O projeto, executado por meio do convênio com a Caixa Econômica Federal, destina R$ 68 milhões para a melhoria do sistema de transporte urbano da capital, que inclui a implantação de 44,6 quilômetros de ciclovia. Estão previstas ainda a implantação de 50 bicicletários e a revitalização da sinalização vertical e horizontal. Os processos licitatórios para contratação das empresas já foram iniciados e, depois de seguidos todos os trâmites legais, estima-se que os serviços sejam finalizados no final de 2016. Em Florianópolis (SC), a participação do BNDES no desenvolvimento dos estudos foi muito além do apoio financeiro, afirma o coordenador técnico do PLAMUS pela SC Parcerias, Guilherme Medeiros. “A troca de experiências e conhecimentos com a Área de Estruturação de Projetos do BNDES, acostumada a desenvolver e acompanhar diversos projetos estruturados de grande porte e bem sucedidos no Brasil, foi bastante positiva e a participação da equipe técnica do BNDES durante todo o período de desenvolvimento do estudo, muito intensa e direta”, explica. Segundo Medeiros, por meio de um Acordo de Cooperação Técnica, o BNDES apoiou o desenvolvimento dos estudos com recursos provenientes do Fundo de Estruturação de Revista NTU Urbano 17 c a pa Projetos (FEP). Os recursos aportados pelo banco, no estudo, possuem caráter não reembolsável por parte do Governo de Santa Catarina, sendo este responsável pelo apoio institucional em conjunto com os municípios. “É a primeira vez que um estudo patrocinado pelo FEP possui caráter regional e não nacional, e há uma expectativa por parte do BNDES que o PLAMUS vire uma referência para que outras regiões metropolitanas construam seus planos de mobilidade”, conta o coordenador. Elaboração do PMU A Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), assegurada na Lei n.° 12.587/2012, estabelece os princípios e as diretrizes para o transporte nas cidades e também do Plano de Mobilidade Urbana. Esse, por sua vez, deve ser elaborado pelo poder público municipal em integração com os respectivos planos diretores dos municípios acima de 20 mil habitantes. A sua avaliação, revisão e atualização devem ser feitas, periodicamente, no prazo de até 10 anos. Para a composição desses planos, muitas cidades precisaram efetivar a contratação de empresas de consultorias para alguns processos e até mesmo para a elaboração total do plano. Algumas delas contaram com o apoio de entidades parceiras como a Embarq Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público para Todos (MDT) e também do Ministério das Cidades. Pensando em contribuir com a co nst ru ção do plan o e au xiliar melhor as cidades nesse processo, a Embarq Brasil desenvolveu o guia “Passo a Passo para a Construção de um Plano de Mobilidade Urbana Sustentável”. A publicação traz conceito e exemplos práticos que colaboram para a formulação da política e do plano de mobilida- de municipal. O guia apresenta a metodologia que descreve o passo a passo necessário para preparar, gerenciar, elaborar, instituir, implementar e revisar o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável. É possível fazer o download da publicação no site www.embarqbrasil.org. Outras publicações com orientação para elaboração do Plano de Mobilidade Urbana podem ser acessadas no site do Ministério das Cidades (www.cidades.gov.br). Se as cidades não elaborarem os planos, terão como penalidade a falta de recursos financeiros para investir em mobilidade urbana. De acordo com o parágrafo 4° do Artigo 24 da lei, “Os Municípios que não tenham elaborado o Plano de Mobilidade Urbana na data de promulgação desta Lei terão o prazo máximo de 3 (três) anos de sua vigência para elaborá-lo. Findo o prazo, ficam impedidos de receber recursos orçamentários federais destinados à mobilidade urbana até que atendam à exigência desta Lei.” Virando Lei Embora não conste na Lei n.º 12.587/2012 que os planos de mobilidade urbana tenham que se transformar em um Projeto de Lei (PL) e posteriormente em uma lei municipal, algumas cidades sinalizaram que isso deva acontecer. Dos planos já elaborados, alguns já possuem PL, como é o caso de Sorocaba (SP). O PL 198/2014 encontra-se em votação na Câmara Municipal de Sorocaba, segundo Adriano Brasil, gerente de Operação e Transporte Urbano, que informou que a previsão de votação é até o final de março. “O projeto de lei ficou parado na câmara porque está 18 Revista NTU Urbano interligado com o Plano Diretor, que teve algumas alterações”, explica. Já em Belo Horizonte a Câmara Municipal sancionou, em 2011, a Lei n° 31/11, que institui a Política Municipal de Mobilidade originária do Projeto de Lei n° 2.347/09, de autoria do Vereador Anselmo José Domingos. Existem também os casos das cidades em que os Projetos de Lei foram arquivados. É o caso de Brasília (DF) e Recife (PE), nos quais os números dos projetos são, respectivamente, PL 796/2012 e PLE 12/2011. C a pa Passo a passo para elaboração do Plano de Mobilidade Urbana 1.1 Mobilização Inicial 1.2 Análises preliminares 1.3 Tomada de decisão 7 7.1 Avaliação das propostas e ações 7.2 Revisão e atualização periódicas 1 avalição 6.1 Cooperação para implementação implementação 6.2 Detalhamento e implantação de estudos e projetos 6.3 Monitoramento das ações 1.5 Comunicação e participação Social Preparação e revisão 6 1.4 Mapeamento dos atores plano de mobilidade urbana 1.6 Estruturas de gestão e participação 2 definição do escopo 2.1 Construção da visão 2.2 Objetivos e área de intervenção 2.3 Metas, prioridades e horizontes passo a passo 5 3 aprovação procedimentos gerenciais 5.1 Verificação da qualidade 5.2 Audiência pública final 5.3 Instituição do plano 4 elaboração 3.1 Cooperação para elaboração 3.2 Termo de referência e licitação 3.3 Plano de trabalho e cronograma 4.1 Caracterização e diagnóstico 4.2 Cenários e avaliação de propostas 4.3 Formulação e avaliação de propostas 4.4 Programa de acão 4.5 Indicadores de desempenho 4.6 Consolidação do plano Fonte: Embarq Brasil E mb a r q ue n ess a i d e i a Luis Antonio Lindau, PhD, presidente da EMBARQ Brasil A regulação como instrumento na melhoria da qualidade e produtividade do transporte coletivo A o longo dos últimos anos, observa-se uma tendência de declínio na demanda de transporte coletivo por ônibus nas principais cidades brasileiras. O que fazer para reverter esta situação? A solução passa por melhorar a qualidade e a produtividade do serviço ofertado. Neste contexto, a regulação desempenha um papel importante uma vez que estabelece os termos e requisitos para a oferta do serviço, a responsabilidade dos envolvidos e cria um instrumento de interação entre gestores e operadores. Existem diferentes instrumentos para a regulação do serviço de transporte coletivo. Em alguns países, a delegação do serviço é estabelecida através de contratos baseados em critérios de desempenho. O sucesso destes contratos depende da transparência, da confiança entre as partes e dos mecanismos contratuais pactuados de controle e aferição do desempenho. No caso brasileiro, a legislação determina que serviços de transporte público devem ser necessariamente delegados através de licitações. In de p en d en tem e nte d o i nst rumento utilizado para a delegação, a qualidade dos serviços de transporte coletivo depende de decisões 20 Revista NTU Urbano estratégicas. Entre elas constam: a alocação de riscos entre gestores e operadores, a duração do contrato, a forma de organização dos serviços, e de remuneração, além da política tarifária. Muitas cidades brasileiras encontram-se pressionadas para realizar licitações, porém destinam pouco tempo para discutir a incorporação de temas estratégicos nos contratos. Como o sucesso de um sistema de transportes depende de pessoas e organizações, os principais atores desempenham papel importante para a melhoria do serviço ofertado e aumento da produtividade. Esta foi uma das principais constatações do Seminário Modelos de Concessão de Transporte Urbano por Ônibus – Práticas e Tendências, realizado em São Paulo no segundo semestre de 20141. Ainda, governos e órgãos públicos deveriam investir na capacitação técnica para elaboração de programas de concessão bem estruturados e alinhados aos objetivos estratégicos das cidades, além de promover a transparência nos processos de delegação do serviço e o diálogo entre as partes. Os operadores privados deveriam poder usar a experiência adquirida na oferta do serviço de transporte coletivo para propor arranjos operacionais vantajosos a todos. Órgãos de controle – que têm participado ativamente de diversos processos licitatórios – deveriam estabelecer mecanismos de contato com os envolvidos nos processos de licitação e concessão para facilitar seu entendimento e atuação. Já as organizações do terceiro setor deveriam promover espaços de discussão e capacitação sobre o tema, desenvolver estudos técnicos que reúnam práticas mundiais e catalisar encontros e missões para a troca de informações e experiências. A prática internacional revela que não existe um modelo de contrato ideal. É preciso analisar cada contexto localmente e estudar as particularidades do sistema de transporte coletivo de cada cidade para propor instrumentos contratuais que garantam o melhor retorno econômico e social. Tudo começa com a definição dos objetivos estratégicos por parte dos governos locais, incluindo metas tais como a promoção de maior acesso da população de baixa renda ao transporte coletivo e a fidelização do usuário através de mecanismos que aprimorem a confiabilidade, a conectividade, a rapidez e a segurança do sistema. Notas 1 http://bit.ly/1A3f6J7 T E CNOLO G IA App traz ônibus em tempo real e promove interação entre usuários e gestores públicos Shutterstock.com O aplicativo Moovit ajuda pessoas do mundo todo a descobrir as melhores rotas do transporte coletivo. Secretarias de transporte utilizam o app para um diálogo direto com a população C om 15 milhões de usuários pelo mundo, o aplicativo Moovit faz parte do universo dos smartphones e tablets que contribui cada vez mais em facilitar a vida do usuário do transporte coletivo. O app já alcançou 500 cidades em 45 países e foi programado para 22 Revista NTU Urbano orientar os passageiros com informações que permitem o planejamento de trajetos, horários atualizados das linhas de ônibus, mapas locais, serviços de alerta, entre outras funções. Segundo o gerente do Moovit Brasil, Pedro Palhares, o compartilhamento de informações dos usuários é um grande diferencial para o funcionamento do aplicativo. “O Moovit está sempre trabalhando para melhorar o aplicativo e facilitar o transporte local e as contribuições dos nossos usuários nos ajuda a sempre pensar em novas melhorias para o aplicativo”, destaca. T E CNOLO G IA Cidades brasileiras aprovam o app Só no Brasil, o Moovit tem aproximadamente 3 milhões de usuários em 28 cidades. As regiões que mais possuem pessoas utilizando o aplicativo são: Belo Horizonte, Juiz de Fora, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, São Bernardo do Campo, São José dos Campos e Uberaba. Em São José dos Campos (SP), o Moovit foi lançado em dezembro de 2014 e em pouco mais de um mês cerca de 10 mil pessoas já haviam instalado o app. Segundo a Secretaria Municipal de Transportes o primeiro mês foi marcado por opiniões sobre a receptividade do motorista, ocupação dos ônibus e condições de limpeza dos veículos. A avaliação do usuário chega diretamente na secretaria e ajuda a garantir a qualidade do serviço prestado. Atualmente, os moradores da cidade podem consultar os principais dados sobre as linhas de ônibus, trajetos e horários. A previsão é que até o início de março deste ano a Secretaria consiga implantar o sistema de consulta em tempo real do deslocamento do ônibus e sua chegada até o ponto de parada. “A prefeitura buscou no Moovit uma forma rápida e eficaz de disponibilizar informação ao usuário do transporte público de São José. Acreditamos que o investimento em tecnologia traz qualidade e agilidade ao sistema e possibilita um contato direto entre a população e a secretaria”, ressalta o secretário municipal de Transportes, Luiz Marcelo Silva Santos. Em Porto Alegre (RS), o Moovit foi lançado pela prefeitura municipal em fevereiro de 2014 e atualmente é utilizado por 150 mil pessoas, número que representa 10% da população porto-alegrense e 30% dos usuários do transporte coletivo da cidade. Além das atividades comuns do app, o Moovit já foi usado como ferramenta de pesquisa para melhorias no transporte público de Porto Alegre. No ano passado, os moradores do município puderam responder, por meio do aplicativo, se eram contra ou a favor da inserção de ônibus com ar-condicionado no edital de licitação do transporte público. O coordenador do POA Digital, núcleo da prefeitura responsável pela comunicação digital e novas tecnologias, Thiago Ribeiro, revela que a equipe do Moovit apresenta a vantagem de customizar os serviços quando necessário. Em Porto Alegre, diferentemente do que ocorre na maioria das cidades brasileiras, as linhas de ônibus não são identificadas por números, mas pelo nome do destino. “A equipe do Moovit então adaptou esse sistema de identificação das linhas de ônibus aos usuários de Porto Alegre,” explica. No Rio de Janeiro, a base de dados do transporte coletivo é fornecida a equipe do Moovit pela Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). Segundo o gerente de operações da mobilidade da entidade, Guilherme Wilson, como não há custos na parceria com o Moovit, a Fetranspor teve gastos financeiros apenas com a publicidade e divulgação quando o app foi lançado. Entenda o Moovit O projeto para desenvolver o aplicativo foi criado em 2011 em Israel por Nir Erez, atual diretor executivo do Moovit. A ideia surgiu quando Nir Erez deduziu que, apesar dos avanços tecnológicos das últimas décadas, ainda não havia uma tecnologia eficiente a serviço do usuário do transporte público. O Moovit é gratuito e está disponível para os sistemas operacionais iOS, Android e Windows Phone. A base de dados do app funciona com a cooperação entre a empresa e a comunidade de usuários ao redor do mundo. Os dados sobre transporte são obtidos através de agências de trânsito locais e os usuários enviam informações em tempo real, pelo próprio aplicativo, sobre as condições de trânsito. Desta maneira, o usuário do Moovit pode saber o horário em que o ônibus vai passar num local específico, horários de chegada e partida e cálculo do tempo de viagem de uma região a outra. Os mapas do Moovit permitem ter ideia da localização exata de estações e veículos de transporte público. Ao escolher um endereço, o aplicativo avisa a cada deslocamento, por meio de um sinal alerta, quantos pontos faltam para chegar ao destino estabelecido. Recentemente, o Moovit recebeu 50 milhões de dólares em investimento. O financiamento é resultado de uma parceria estratégica liderada pela Nokia Growth Partners e mais sete empresas ligadas ao setor de mobilidade, finanças e transporte público. Agências de transporte que se interessem por firmar parceria com o Moovit devem entrar em contato pelo e-mail [email protected]. Revista NTU Urbano 23 Shutterstock.com S us t e n ta b i l i d a d e Projetos de mobilidade sustentável ganham destaque em algumas partes do mundo Cidades desenvolvem estratégias para reduzir número de carros e atrair usuários para o transporte coletivo e outros meios de locomoção A té o final do século 20, o conceito de mobilidade sustentável ainda não era difundindo no mundo 24 Revista NTU Urbano como é atualmente. Mas o excesso de carros que eclodiu nas duas últimas décadas, resultando num tráfego intenso e caótico, demons- trou que o incentivo ao uso de novos meios de transporte é uma medida que deve ser tomada com urgência. Desse modo, a mobilidade susten- S us t e n ta b i l i d a d e tável é uma maneira de atenuar congestionamentos e danos ao meio ambiente, entre outros problemas. O secretário de cidade sustentável de Salvador, André Fraga, ressalta que os projetos de mobilidade sustentáveis devem estar alinhados com a infraestrutura de cada cidade. “Não adianta, por exemplo, o poder público de determinada região tentar desenvolver uma cidade sustentável ao mesmo tempo em que constrói viadutos e alarga rodovias. É uma questão de administrar o espaço físico da cidade da melhor maneira. Construir ciclovias e corredores exclusivos para ônibus é parte da solução”, destaca. Ainda de acordo com Fraga, Salvador conta com um projeto de construção de 350 quilômetros de ciclovia, além da implantação do corredor BRT, em fase de finalização. Cidades sustentáveis Em 2014, a cidade chinesa de Hangzhou passou a limitar a compra de automóveis para reduzir os problemas de mobilidade urbana e diminuir a emissão de gases poluentes. O governo municipal determinou que o número de carros vendidos anualmente não podem exceder 80 mil unidades. Outras cinco cidades da China já restringiram o número de veículos que podem ser comercializados. Contudo, o objetivo de reduzir consideravelmente a frota de carros também parte de algumas cidades europeias. Helsinki, capital da Finlândia, inicia em 2015 um plano de priorização do transporte público para fazer com que os moradores da cidade não vejam mais motivos para adquirir um carro, e o poder público local pretende obter êxito com o projeto até, no máximo, em 2025. O sistema que deve ser implantado é baseado no conceito de demanda personalizada. Através de um software que pode ser usado em celulares e computadores, será possível consultar a origem, destino e horários — ou seja, programar o trajeto — de acordo com o meio de transporte desejado: bicicleta, ônibus, táxi, metrô ou trem. Em resumo, a população vai dispor de informações que atendam suas necessidades de locomoção em um sistema de integração modal. No entanto, isso não significa a proibição do veículo individual automotivo, mas uma forma de estimular a adesão ao transporte público. Até 2020, a prefeitura de Paris quer acabar com a circulação de carros nos locais onde ficam os maiores monumentos da capital francesa. Com o projeto, somente bicicletas, ônibus e táxis poderão rodar nessas regiões. O plano de mobilidade sustentável vai custar 114 milhões euros, o equivalente a R$ 362 milhões, e inclui a construção de um número expressivo de ciclovias. A prefeitura de Hamburgo, segunda maior cidade da Alemanha, também quer tirar os carros das ruas. Através do plano Grünes Netz —“Rede Verde”, em tradução literal—, o governo hamburguês espera atingir esse objetivo em, no máximo, 20 anos. Basicamente, a estratégia consiste na ampliação das áreas verdes do município e construção de ciclovias que ligarão essas áreas, compostas por parques, jardins comunitários e até cemitérios. Na cidade mais populosa da Suíça, Zurique, 42% dos deslocamentos são feitos a pé ou de bicicleta e 32% através do transporte público. Isso ocorre porque, em Zurique existe um sistema de transporte intermodal, permitindo que a população se desloque para qualquer lugar da cidade sem precisar de um carro. Para reduzir o número de veículos individuais, Zurique conta com um número fixo de estacionamentos que não pode ser alterado e um sistema de controle de tráfego com mais de 4500 sensores que monitoram a quantidade de carros. A utilização de bicicletas é uma alternativa bastante visada nos projetos de mobilidade sustentável, e na Espanha, é cada vez mais comum o uso desse meio de locomoção. Em 2014, um milhão de bikes foram vendidas, enquanto cerca de 720 mil carros foram adquiridos pelos espanhóis. Foi a segunda vez consecutiva que as bicicletas superaram os carros em número de vendas. Esse fato demonstra uma tendência de os espanhóis utilizarem as bikes não somente para o lazer, mas também para se deslocarem de casa até o trabalho. Jonas Bertucci é presidente da ONG Rodas da Paz, entidade com sede em Brasília que atua exclusivamente com projetos para ciclistas da capital federal. Para ele, em qualquer lugar do mundo que haja interesse em desenvolver um projeto de mobilidade sustentável, incentivar o uso da bicicleta é uma passo importante. “Essa é uma alternativa que pode gerar ótimos resultados juntamente com a melhoria do transporte público. No entanto, é necessário que o poder público intervenha e apoie projetos nesse sentido. Em Brasília, por exemplo, ainda é difícil dialogar com o governo para que o mesmo incentive as pessoas a utilizarem bicicletas”, explica o presidente da ONG. Revista NTU Urbano 25 M O B ILIDAD E U R B ANA Inversão lógica: quando o transporte individual subsidia o coletivo Rogério Bomfim A partir de 2016, o transporte público de Santos (SP) pode ser subsidiado com base no cálculo do IPVA. A medida pode ser usada para baratear a passagem de ônibus e possui impacto orçamentário de 0,02% no município 26 Revista NTU Urbano M O B ILIDAD E U R B ANA Transporte individual como fonte de subsídio O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Henrique Carvalho, ressalta que é justificável, no sentido de tentar reparar, de certa forma, os danos causados pelos carros, Shutterstock.com o subsídio do transporte coletivo ser retirado diretamente do IPVA. “Congestionamentos, uso de gasolina, acidentes, entre vários outros problemas gerados pelos carros, afetam o transporte coletivo. Por isso, explorar o IPVA como fonte de subsídio e também avaliar a questão da Cide, servem para que o transporte individual devolva o ônus que ele gera para o transporte público”, pontua. Em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad e o secretário de Transportes, Jilmar Tatto, esperam entrar em acordo com o governo federal para reverter a Contribuição e Intervenção Em dezembro de 2014, a Câmara Municipal de Santos, em São Paulo, aprovou o Projeto de Lei Nº 303/2014 que visa garantir a modicidade da tarifa aos usuários do transporte público da cidade. A matéria foi sancionada em 14 de janeiro e autoriza o Poder Executivo local a conceder subsídio de até 25% do valor anual arrecadado do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ao transporte coletivo da cidade paulista. O repasse dos recursos, no entanto, não é automático. O benefício pode ocorrer quando houver necessidade de baratear os custos do transporte e preservar o equilíbrio econômico do setor. A atual tarifa em Santos é de R$ 2,90. O valor não é reajustado desde 2012 e tem se mantido devido às desonerações tributárias concedidas ao setor de transporte público. No entanto, há possibilidade de a tarifa ser elevada ainda neste ano. Mas, para que o subsídio seja concedido, é preciso que haja disponibilidade orçamentária do município. O IPVA servirá como base de cálculo do valor a ser repassado para as operadoras. Os recursos serão retirados do orçamento municipal a partir de previsão na Lei Orçamentária do município. “O projeto aprovado na Câmara estabelece um teto de quase R$ 25 milhões para esse subsídio. Esse valor é equivalente a 25% do IPVA arrecadado em 2013, utilizado para o cálculo da proposta”, explica Antônio Carlos Gonçalves, presidente da Companhia de Engenharia CET-Santos. Ainda de acordo com a proposta aprovada, o impacto orçamentário da medida é de 0,02%. do Domínio no Domínio Econômico (Cide) — alíquota incidente sobre a gasolina — em subsídio para o transporte coletivo da cidade. A proposta começou a ser discutida em março de 2013, durante reunião da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), em Brasília. Em agosto de 2013, em mais um encontro da FNP, o prefeito Fernando Haddad defendeu um estudo preliminar da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que propõe o aumento de R$ 0,50 no valor da gasolina para que houvesse redução de R$ 1,20 na tarifa, que na época custava R$ 3,00. No mesmo evento, ele voltou a pedir a municipalização da Cide como mais uma alternativa para reduzir a tarifa. A São Paulo Transporte (SPTrans), autarquia ligada a Secretaria Municipal de Transportes, informa que, no momento, não há nenhum outro projeto de subsídio sendo avaliado para o transporte público do município. Revista NTU Urbano 27 P E LO M U NDO Kyoto (Japão) A antiga capital japonesa de Kyoto começou a operar ônibus 100% elétricos da empresa chinesa BYD. A cidade é conhecida pela luta em prol da redução de emissões de carbono e foi palco da assinatura do Protocolo de Kyoto (tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa). O diretor de Ministério dos Transportes de Kyoto, Sakabe Mitsuo, afirma que a compra é um marco nas ações de melhoria da qualidade do meio ambiente local. Os ônibus elétricos da BYD já foram testados no Brasil nas seguintes cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Palmas, Curitiba, Distrito Federal, Goiânia, Campinas, Sorocaba e Piracicaba. A empresa Londres (Reino Unido) deve inaugurar ainda em 2015 uma fábrica de baterias e chassis de ônibus O número de acidentes de trânsito em Londres reduziu 40% nos em Campinas, no interior Paulista. últimos 12 anos. É o que revela uma pesquisa do departamento de economia da Lancaster University, que aponta a taxação dos congestionamentos da capital inglesa como o principal motivo. A taxa para os que contribuem para os congestionamentos em Londres, que passou de £5 para £11.50 no período, resultou na queda do número de carros circulando e comprovou que a medida poderia mudar o comportamento dos motoristas. A pesquisa também analisou o número de acidentes ocorridos a cada um milhão de milhas dirigidas (cerca de 1,6 milhão de quilômetros) na área em que a taxa é cobrada. Antes da medida, o índice era de 12,4. Desde que a taxação foi implementada, o número caiu para 2,6 acidentes por milhão de milhas. Fonte: The Cityfix Brasil Nova Iorque (EUA) Uma nova medida da Metropolitan Transportation Authority (MTA) deixou os ciclistas de Nova Iorque entusiasmados. O departamento anunciou que irá implantar porta-bicicletas na parte dianteira dos ônibus urbanos. A ideia surgiu decorrente da campanha Bike and Bridges (Bicicletas e Pontes), que visa facilitar o acesso das bikes em pontes e viadutos da cidade. Na cidade americana, são realizados 340 mil trajetos diários de bicicletas. O diretor do departamento, Trolly Tottenberg, afirma que vai ampliar a rede cicloviária em 80 quillômetros ao ano. Os americanos, animados, destacam que a nova medida vai ampliar em muito as possibilidades de deslocamento pela região. 28 Revista NTU Urbano P o n t o d e ô n i bus Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes Bicicletas e transporte público tornam cidades da Europa as mais sustentáveis do mundo O que é uma cidade sustentável? A Organização das Nações Unidas (ONU) define um crescimento sustentável como “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.” Para ser sustentável, portanto, a cidade deve oferecer meios para que as pessoas vivam melhor, respeitando os aspectos sociais, econômicos e ambientais. Neste contexto, a prioridade no espaço urbano ao transporte coletivo e os meios não motorizados de deslocamento é uma ação fundamental para ter esse selo. "Para ser sustentável, portanto, a cidade deve oferecer meios para que as pessoas vivam melhor, respeitando os aspectos sociais, econômicos e ambientais. Neste contexto, a prioridade no espaço urbano ao transporte coletivo e os meios não motorizados de deslocamento é uma ação fundamental para ter esse selo." como o equilíbrio de vida social e trabalho, o transporte, a saúde, e o peso dos impostos frente à qualidade dos serviços públicos. Ou seja, como as pessoas se relacionam com as cidades. É o que aponta um levantamento feito pela consultoria internacional Arcadis em 50 cidades do mundo. Todos os municípios que figuram entre os 10 primeiros têm uma rede de transporte público de qualidade que integra ônibus e modais ferroviários com destaque aos deslocamentos não motorizados. O trabalho foi realizado ao longo de 2014 e os resultados disponibilizados recentemente. Roterdam, na Holanda, ficou em primeiro lugar nesse indicador. Segundo a consultoria, a rede de transportes integrada entre ônibus, trens e metrô foi fundamental para a cidade conquistar o primeiro lugar neste quesito. Neste indicador, São Paulo e Rio de Janeiro ficaram nas posições de número 39 e 46, respectivamente, num ranking de 50 cidades. Os outros indicadores foram “Planeta”, que evidencia ações diretamente ligadas ao meio ambiente, e “Lucros”, que mostra as possibilidades de abertura de negócios e crescimento econômico de cada cidadão. Foram analisados três indicadores para os resultados finais. O transporte público e as ciclovias, além de moradias de baixo custo e próximas aos locais do trabalho, pesaram no indicador “Pessoas”. Esse índice mede aspectos No ranking geral, que faz uma média destes três indicadores, Frankfurt, na Alemanha, foi a campeã. Já São Paulo apareceu em 31º e o Rio de Janeiro, em 40º. De acordo com a consultoria, vários aspectos pesaram para a liderança de Frankfurt. Em 1990, a cidade integrou a Aliança do Clima das Cidades Europeias, quando se comprometeu a reduzir em 10% as emissões de gás carbônico a cada cinco anos. A cidade alemã assumiu o compromisso de até 2050 ter 100% de sua energia gerada a partir de fontes renováveis, incluindo os veículos de transporte coletivo. Em suma, o estudo comprova que a mobilidade urbana influencia diretamente na qualidade de vida das pessoas. Mais do que restrição aos carros, o transporte público e os espaços para deslocamento a pé ou de bicicleta oferecem qualidade, conforto e segurança pelo fato de terem sido colocados como prioridade nas agendas de investimento destas cidades. O estudo completo você pode conferir aqui: www.sustainablecitiesindex.com Revista NTU Urbano 29 A rt i g o Rogerio Belda, diretor da ANTP e assessor técnico do Metrô São Paulo Porque queimam ônibus Independente da condição da quantidade de material inflamável com que os ônibus urbanos são feitos, o fenômeno de sua queima como protesto existe não só aqui como também em outros países. A queima de ônibus é um comportamento criminoso que merece uma análise de natureza quase antropológica, pois está ligado à condição urbana da vida das pessoas. Mesmo quem não anda de ônibus utiliza muitos serviços e produtos criados por outras pessoas que os utilizam. Na cidade de Paris, para representar a “escravidão do cotidiano” de quem vive naquela grande cidade, há um dito popular que representa a rotina da vida do cidadão comum: “Metrô (viajar), bulot (trabalhar), dodô (dormir)”. Mas, nos bairros populares, queimamse automóveis nos protestos. Em países mais pobres, os ônibus são queimados como bodes expiatórios do infortúnio rotineiro. A frequente queima de ônibus também nas cidades brasileiras gera perplexidade: se a motivação é a insuficiência do serviço, a destruição dos veículos só agrava a deficiência. O passageiro fica sem atendimento e a empresa sem o seu patrimônio, porque as agências de seguro não aceitam contratos com estas empresas. Queimam-se ônibus até em protestos que não se referem aos serviços de transporte coletivo. O ônibus é um bode expiatório privado, pois, mesmo quando a insatisfação é dirigida ao poder público em geral ou, em um sentido mais amplo, ele representa o desencanto à vida urbana como ela é atualmente. 30 Revista NTU Urbano Se comparado com as etapas anteriores, o transporte coletivo atual nas cidades brasileiras até melhorou, porém ainda de forma insuficiente. Isso porque ele é prestado em vias em que o transporte individual por automóveis tornaram quase intransitáveis. Os ônibus, que necessitam percorrer rotas fixas, são os que mais sofrem sob o efeito dos congestionamentos. A outra face desta dificuldade é o crescente uso de motocicletas no trânsito, agora seguido também do uso de bicicletas como veículo de transporte, cujo uso antes era restrito a algumas áreas da cidade ou para acesso a estações das ferrovias, e não apenas como lazer. É assim tanto no Brasil como em New York, Paris ou Tóquio. Para complicar, existe há décadas um movimento generoso de estudantes que defende o passe-livre para todos, tal como é garantido aos idosos. Na sua argumentação os adeptos do passe-livre utilizam exemplos curiosos como uma linha circular de bondes em Sidney, na Austrália, que corresponde a uma parcela ínfima (3%) da rede sobre trilhos, que serve como integração das linhas, onde o percurso é pago. Ou então, serviços municipais em pequenas cidades do interior de São Paulo com intervalo de atendimento apenas horário nas quais os usuários reclamam de vandalismo. Embora sejam escassos os exemplos, é provável que a generalização ampliaria a depredação porque, no imaginário popular, o transporte coletivo é como uma face tangível do governo. A gratuidade não inibirá o vandalismo no transporte coletivo, pelo contrário. Para que não sejam esquecidos, vale lembrar antigos ensinamentos: o transporte público necessita de regularidade, modicidade e qualidade. São atributos interdependentes e não se pode dizer que sejam totalmente satisfatórios atualmente. E menos ainda que a tarifa-zero possa estimulá-los. BEM-VINDO À BYD ÔNIBUS ELÉTRICO À BATERIA BEM-VINDO AO FUTURO DA MOBILIDADE ELÉTRICA 250km de autonomia por carga Modelo piso baixo 18m 120 passageiros ENERGIA SOLAR ARMAZENAMENTO EFICIENTE DE ENERGIA BYD, uma empresa brasileira, inauguração da fábrica no primeiro semestre de 2015. BYD BRASIL Presidente Xi Jinping e presidente Dilma Rousseff testemunharam a história da BYD no Brasil. Avenida Antonio Buscato, 230 - Campinas | São Paulo | Brasil | CEP 13069-119 | +55-11-2308 8037 Rua Oscar Freire, 2250, Cj.402 - Pinheiros | São Paulo | Brasil | CEP 05409-011 | +55-11-2308 8137 facebook.com/bydcompany twitter.com/bydcompany youtube.com/bydcompany www.byd.com ACONT E C E NA S E M PR E S A S Empresas de ônibus de Salvador investem na saúde de seus funcionários Arquivo Expresso Vitória Coletivos São Cristóvão destaca benefícios que vão desde prevenção de doenças a aumento de produtividade dos trabalhadores H á quatro anos, a Coletivos de São Cristóvão, de Salvador (BA), percebeu que cuidar da saúde dos colaboradores, garantindo-lhes melhor qualidade de vida, seria um inves- 32 Revista NTU Urbano timento na própria empresa. Hoje, a operadora colhe os frutos do “Programa de Qualidade de Vida e Bem-Estar Para o Trabalhador” com profissionais mais ativos, saudáveis e produtivos. O programa é coordenado pelo educador físico Adriano da Silveira Cardoso, responsável por orientar os trabalhadores da companhia na prática de ginástica laboral, pilates e musculação. Essas atividades são ACONT E C E NA S E M PR E S A S Além dos benefícios físicos, a empresa ainda contabiliza os resultados psicológicos do programa, como a redução do estresse e aumento da produtividade dos colaboradores. “O trabalhador saudável produz com mais eficiência na empresa, e isso é proporcionado pelas atividades que oriento juntamente com acompanhamento nutricional. Além disso, a empresa conta com salas para massagem e fisioterapia. Há um investimento concreto da iniciativa privada na saúde de seus colaboradores”, ressalta Adriano. A técnica em segurança do trabalho Eliana de Souza Santana, do departamento de Recursos Humanos, revela que, inicialmente, houve resistência dos colaboradores com relação ao programa. “Hoje, a avaliação dos funcionários é muito positiva. No início, muitos relutaram porque não estavam acostumados com a prática dessas atividades. Mas, ao perceberem os benefícios do programa, passaram até a sugerir que o projeto fosse realizado mais vezes por semana”, ressalta. Eliana observa ainda que, desde que o programa foi implantado, o número de atestados médicos reduziu consideravelmente. Atualmente, as atividades ocorrem duas vezes durante a semana. Para Florisvaldo de Jesus, motorista orientador da São Cristóvão há nove anos, a fisioterapia é de suma impor- tância para os rodoviários porque aliviam as dores causadas por movimentos repetitivos dos braços e pernas realizados para conduzir os veículos. “A iniciativa é um exemplo de valorização da saúde do trabalhador”, reconhece Florisvaldo. Coletivos São Cristóvão complementadas por consultas com fisioterapeutas, nutricionistas e massoterapeutas, também contratados pela empresa. O projeto é direcionado a todos os trabalhadores da companhia, envolvendo os setores de operação, administração, manutenção e serviços gerais. O educador físico Adriano da Silveira aplica o programa em mais três empresas de ônibus de Salvador: Expresso Vitória, Modelo e Camurujipe. Os colaboradores da Expresso Vitória e Camurujipe praticam Pilates, musculação e ginástica laboral, enquanto os funcionários da Modelo fazem ginástica laboral e recebem sessões de fisioterapia. O programa nessas companhias também envolvem os trabalhadores de todos os setores. Atividades e orientações realizadas nas empresas - Ginástica laboral: atividade composta por uma série de alongamentos para evitar lesões e adaptada para a função que o trabalhador exerce na empresa. - Musculação: atua prevenindo doenças relacionadas ao trabalho e outros problemas de saúde. - Pilates: alongamento e exercícios suaves que auxiliam no combate a dores nas costas e fortalecimento da musculatura abdominal. Também serve como prática de relaxamento. - Fisioterapia do trabalho: na fisioterapia direcionada ao trabalhador, o objetivo é reabilitar profissionais com lesões musculares e prevenir doenças ocupacionais. - Educação nutricional: programa nutricional de reeducação alimentar para evitar problemas como sobrepeso, diabetes e hipertensão. - Quick massage: massagem rápida de dez a quinze minutos que tem como objetivo diminuir e prevenir tensões musculares. Revista NTU Urbano 33 # n t u r e c o me n d a Apps Não Durma No Ponto Você é daqueles que gosta de tirar um cochilo no ônibus, mas sempre acaba perdendo a parada? O aplicativo “Não Durma no Ponto” pode ser um ótimo aliado. O usuário identifica na ferramenta onde fica o ponto em que irá descer e, chegando ao destino, o aplicativo dispara um alarme. O aplicativo utiliza o Google Maps como base, o que facilita encontrar vários locais do mundo. Depois de marcar o local, a rede de dados não é mais necessária, mas é preciso que o GPS esteja ativo durante todo o percurso. Ao chegar próximo do seu ponto de chegada, o alarme Redes Sociais Trânsito + Gentil Evitar brigas quando um motorista não deixa você ultrapassar ou perdoar quando alguém pegar a vaga de estacionamento que você estava esperando. Essas são atitudes difíceis de encontrar hoje em dia. A campanha “Trânsito + gentil” surge para revivê-las no nosso dia a dia, apresentando várias dicas e ideias para tornar essas atitudes mais comuns. A fan page Trânsito+gentil já conta com 712.006 apoiadores no Facebook e busca conscientizar a população sobre a mudança de atitudes Impressos Como viver em São Paulo Sem carro O guia “Como Viver em São Paulo Sem Carro” já está em sua terceira edição e conta a história de 15 pessoas que decidiram deixar de lado o carro e viver uma rotina de transporte diferente. O objetivo e encorajar as pessoas a mudarem o modo de suas viagens diárias. No livro também é possível encontrar uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Economicas (Ipespe), a qual revela que 80% dos habitantes da cidade de São Paulo consideram o trânsito um dos principais causadores de stress. O livro está disponível nas livrarias. no trânsito, trazendo ações que podem fazer toda a diferença no dia a dia da população. soará. O app está disponível apenas para plataforma Android. Here Transit O HERE Transit poder ser grande parceiro na hora de planejar seu percurso. Dê ônibus, trem Virada Sustentável ou metrô, com esse aplicativo você pode orga- “Mobilidade urbana – o que você precisa saber” nizar como usará o transporte público, obtendo A “Virada Sustentável” é um movimento que informações sobre horários, rotas e quanto busca mobilizar e educar a sociedade a ter O e-book foi escrito tempo levará para chegar ao lugar desejado. A atitude sustentáveis. O movimento para a sus- por Eduardo Alcân- ferramenta está disponível em 740 cidades de tentabilidade utiliza atrações culturais e ativi- tara de Vasconcellos, 52 países. Para usar, é dades lúdicas como principais ferramentas de movido especialmen- preciso ativar o GPS. educação e mobilização. Na fan page Virada- te pelas manifesta- Ao abrir o HERE Tran- sustentavel, com mais de 80 mil seguidores, o ções ocorridas em sit, insira a hora em internauta encontra dicas e ideias sobre o tema junho de 2013. O texto que você pretende e ainda conhece ações de diversas cidades, discute alguns dos sair, o local de onde universidades, empresas e movimentos sociais, principais problemas p re te n d e s a i r, e o que colaboram para um país mais sustentável. da atualidade, como destino. Em segui- congestionamentos e o custo do transporte, da, o aplicativo irá e apresenta algumas medidas já adotadas pra mostrar quais são as contornar esses problemas. O livro também opções de rotas den- traz conceitos importantes para discussão da tro de todas estas características. Basta tocar mobilidade urbana e critica ações já em anda- em uma delas para ver todos os detalhes. O app mento. (Cia. das Letras, R$ 4,99) Mais informa- está disponível somente para Windows Phone. ções: www.companhiadasletras.com.br 34 Revista NTU Urbano Anúncio SPUrbanuus SP URBANUSS URBA COMO FUNCIONA O responsabilidades Você sabe quem são os responsáveis pelo transporte público na sua cidade? A responsabilidade é compartilhada entre as empresas e o poder público. Saiba como funciona a gestão do transporte público e conheça também as suas responsabilidades como usuário do sistema. investimentos Tarifa As secretarias e diretorias de transporte dos municípios são as responsáveis por definir, reajustar e revisar as tarifas. Você sabia que um dos fatores que influenciam a fixação das tarifas são as gratuidades e os descontos que representam 19% do seu valor na média nacional? Os investimentos são sempre importantes para o desenvolvimento de qualquer serviço de um país. Ao priorizar investimentos ao transporte coletivo, os governos permitem que você tenha mais qualidade de vida e que as próprias empresas de ônibus trabalhem melhor. custos Qualidade no Transporte Público Você conhece quais sãos os custos do sistema de transporte coletivo no Brasil? Eles podem ser fixos ou variáveis e muitos não estão sob o controle das empresas, como o combustível, que tem o preço fixado pelo governo. Acesse Qualidade no transporte público é sinônimo de qualidade de vida. Regularidade, segurança e conforto são requisitos básicos para atingir esse objetivo. Entenda o que é preciso ser feito para alcançar um transporte de qualidade na sua cidade. www.transportepublico.org.br