&21*5(662/$7,12$0(5,&$12 7(&12/2*,$(*(6721$352'8d2'((',)Ë&,26 6ROXo}HVSDUDR7HUFHLUR0LOrQLR Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC-USP 03 a 06 de novembro de 1998 – São Paulo - Brasil $1È/,6('$$57,&8/$d2(175(266(59,d26'( (1*(1+$5,$(352-(726($6(675$7e*,$6'( 352'8d2'$6(035(6$6&216758725$6'( (',)Ë&,26 )$%5Ë&,20iUFLR0LQWR Eng. Civil, doutorando - PCC/EPUSP. Telefone : (011) 818-5422 - E-mail : [email protected] 6,/9$)UHG%RUJHVGD Eng. Civil, mestrando - PCC/EPUSP. Telefone : (011) 818-5422 - E-mail : [email protected] &$5'262)UDQFLVFR)HUUHLUD Eng. Civil, Prof. Dr. PCC/EPUSP. telefone : (011) 818-5469 - E-mail : [email protected] Av. Prof. Almeida Prado, trav. 1, no. 271 - São Paulo - SP - 05508-900 5(6802 Partindo do trabalho de CARDOSO (1996), que identifica novas estratégias pelas quais as empresas de construção brasileiras vêm procurando obter vantagem competitiva, o presente artigo analisa a importância e a forma de participação dos fornecedores de serviços de engenharia e projetos junto a empresas construtoras, sob a ótica das estratégias de produção desenvolvidas por estas últimas. Através do estudo dos dois casos, em empresas com diferentes estratégias competitivas, busca-se analisar como estas têm se articulado com os fornecedores de serviços engenharia e projetos, tendo em vista o direcionamento destes serviços às suas estratégias particulares. $%675$&7 8VLQJ &$5'262 V QHZ SURGXFWLRQ VWUDWHJLHV FODVVLILFDWLRQ IRU FRPSHWLWLYH DGYDQWDJH LQ EUD]LOLDQ EXLOGLQJ LQGXVWU\ WKLV SDSHU VHHNV WR DQDO\]H WKH UROH RI HQJLQHHULQJ DQG GHVLJQ VHUYLFH VXSSOLHUV LQ HDFK VWUDWHJ\ 7ZR VWXG\ FDVHV LQ EXLOGLQJ FRPSDQLHV KDYLQJ GLIIHUHQW FRPSHWLWLYH VWUDWHJLHV DUH VKRZHG WR GHPRQVWUDWHKRZLVWKHUHODWLRQVKLSEHWZHHQDEXLOGLQJFRPSDQ\DQGLWVHQJLQHHULQJ DQGGHVLJQVHUYLFHVXSSOLHUVLQRUGHUWRDFKLHYHDFRPSHWLWLYHDGYDQWDJH ,1752'8d2 As empresas de construção de edifícios têm como desafio se desenvolver diante do acirramento da concorrência que coloca a eficiência como variável determinante para a competitividade. Nesse contexto e sob uma conjuntura de restruturação industrial trazida pela abertura econômica e pela estabilidade monetária, as empresas de 559 construção de edifícios líderes têm buscado alterações em seu escopo de atuação de forma a se adaptarem aos novos desafios de mercado. Segundo PORTER (1989), a busca por vantagens competitivas pode se dar através de duas estratégias genéricas, que são de liderança por custos ou diferenciação. A primeira, se baseia na busca em fornecer produtos compatíveis em termos de qualidade com os das concorrência e por um preço menor. A Segunda, se dá através da busca em fornecer produtos que, embora possam ser mais caros do que os da concorrência, apresentem características que os diferenciem e agreguem valor ao produto. A partir da metodologia de análise de PORTER (1989), CARDOSO (1996) identifica Novas Formas de Racionalização da Produção (1)53) (tabela 1) que as empresas de construção têm adotado para obter vantagens competitivas em seus mercados de atuação. A racionalização da produção é entendida como sendo a "representação das fontes e mecanismos de eficácia, tendo em vista os condicionantes de um dado mercado, e a capacidade de os analisar, os formalizar e os operacionalizar em ferramentas e métodos de organização e de gestão ou em ferramentas de tomada de decisão" e o termo "novas" é utilizado para enfatizar as formas de racionalização que levam em conta a mudança de paradigma afetando a representação dos fatores de eficiência e de eficácia no setor. (675$7e*,$&203(7,7,9$*(1e5,&$ ',)(5(1&,$d &86726 129$6)250$6'(5$&,21$/,=$d21$352'8d2'((',)Ë&,26 (QJHQKDULD6LPXOWkQHD – centrada nas relações entre empresa e projetistas, busca a integração de todas as necessidades da produção e operação desde a fase de concepção, obtendo ganhos de custos através de uma melhor definição do produto e do processo. 6yFLR7pFQLFD – centrada no sistema de produção, supõe a “internalização” da produção, permitindo ganhos de custos devido ao domínio das técnicas e dos métodos. Esse Domínio engloba, habilidades afeitas à execução das tarefas propriamente ditas, como também à logística e à gestão da M.O. *HVWmR3HORV)OX[RVH3DUFHULDV - supõe a externalização da produção (mão-de-obra tercerizada). Permite a empresa obter ganhos de custos graças a uma capacidade de gestão bem desenvolvida dos fluxos de operações e de informações que circulam ao longo da obra. 7pFQLFR&RPHUFLDO – combina aspectos técnicos e comerciais, o promotor-construtor se dirige para o autofinanciamento, exigindo um aumento dos prazos de canteiro e um tamanho mínimo para as operações. 4XDOLGDGH7RWDO - o objetivo é produzir produtos que tenham, segundo a visão do cliente, uma maior qualidade. 5HGXomR*OREDOGRV3UD]RV – busca atrair clientes graças às capacidades de organização e de condução do processo de produção que permitem ganhos de tempo, ou reduções globais dos prazos de construção. 2IHUWDGH6HUYLoRV – o objetivo maior é atrair os clientes graças à oferta, por parte da empresa de construção, de diferentes tipos de serviços, ao longo do processo de produção. 7DEHOD Síntese das Novas Formas de Racionalização da Produção De maneira geral, o engajamento de uma empresa de construção em uma dessas 1)53 requer ações coordenadas que envolvem vários aspectos da cadeia de produção da empresa, com repercussões e demandas frente às várias áreas da mesma e aos seus fornecedores. Em função da 1)53 que a empresa se engaje, ela deve dar ênfase a diferentes aspectos do processo de produção e a diferentes interações 560 entre etapas e agentes, o que é especialmente válido para aqueles afeitos aos serviços de engenharia e projetos. Compõem este grupo uma infinidade de prestadores de serviços, dentre os quais destacam-se os projetistas de arquitetura, de engenharias de produto (fundações, estruturas, instalações, etc.) e os responsáveis por serviços tais como orçamentos, planejamento e gerenciamento, desenvolvimento de métodos construtivos, projetos para produção, engenharia de segurança, entre outros. Dada a importância dos fornecedores de serviços de engenharia e projetos à competitividade das empresas construtoras, o presente trabalho busca analisar o papel desses serviços face a diferentes estratégias de produção. Para tanto, além de uma análise teórica dessa problemática é apresentado um estudo de casos em duas construtoras com diferentes estratégias competitivas (focadas em custo e em diferenciação). 266(59,d26'((1*(1+$5,$(352-(726($61)53 Apesar da importância dos projetos na construção ser consensualmente reconhecida, as construtoras se mantêm relativamente à margem do processo de projeto que são desenvolvidos por escritórios ou profissionais contratados, cujos vínculos são de caráter predominantemente comercial. Na realidade, diante da descontinuidade dos ciclos de produção de edificações e da cultura do setor que privilegia organizações ágeis, a manutenção de equipes próprias de projeto representa um investimento que a maioria das empresas não pode e não tem interesse em sustentar (CARDOSO et. al., 1998). Na busca por maior eficiência produtiva, as construtoras devem buscar estabelecer mecanismos para incrementar a qualidade dos projetos e serviços de engenharia que utiliza. Para tanto, o relacionamento das construtoras com os contratados e a participação destes ao longo do processo de produção é condição necessária para integrar a concepção do produto às características da estratégia de produção da empresa. Assim, o escopo dos projetos e a articulação da construtora com os projetistas devem funcionar segundo lógicas distintas que valorizem diferentes características dos projetos e do processo de concepção / execução destes em função da estratégia adotada pela empresa. Independente do caminho ou da 1)53 escolhida pela empresa, é possível afirmar que os serviços de projeto e engenharia têm uma importância significativa no sucesso da produção e comercialização de um empreendimento. É também lógico prever que, em função da 1)53 adotada, os serviços de engenharia e projetos vão ter diferentes papéis com pesos diferentes nas empresas construtoras. Para uma melhor compreensão da influência dos serviços de engenharia e projetos na competitividade das empresas, descreve-se a seguir, em função das 1)53, os principais elementos chaves para uma articulação eficiente e eficaz entre os fornecedores destes serviços e as construtoras. Engenharia Simultânea - É necessário que na fase de projeto haja uma ampla discussão acerca do que se vai produzir e como se vai produzir. Os profissionais que atuam nesta fase precisam conhecer os métodos construtivos adotados, os procedimentos de execução, as diversas tecnologias empregadas pela empresa e os 561 índices de produtividade para os diversos serviços. Desta maneira, estes profissionais podem realizar a integração dos aspectos técnicos e econômicos na etapa de concepção e fazer simulações dos custos da obra em função de soluções adotadas. Sócio-Técnica - Os fornecedores de serviços em engenharia e projetos podem cumprir um papel importante na proposição de novos métodos construtivos, nas atividades de preparação da obra, na elaboração de projetos para produção ou, ainda, assessorando as atividades logísticas de suprimento e de canteiro. Também, devido à grande preocupação com o bem estar e fixação da mão-de-obra própria na empresa, ganha importância os serviços relativos à engenharia de segurança e ao treinamento da mão de obra. Gestão pelos Fluxos e Parcerias - Tem grande importância a capacidade da empresa estabelecer parcerias com os diversos agentes que intervêm no processo de produção de um empreendimento (fornecedores de materiais e de serviços). A empresa precisa suprir os projetistas com as informações necessárias para a tomada de decisão na fase de concepção, tais como os métodos, processos e sistemas construtivos adotados, bem como os projetos devem fornecer um nível de detalhes suficiente para que as atividades operacionais de execução ocorram dentro de parâmetros bem definidos. Outro aspecto que é essencial para o sucesso desta forma de racionalização é o desenvolvimento da logística e para isto a empresa pode dispor da contratação de serviços especializados. Técnico-Comercial - O empreendimento deve ser planejado de forma a ampliar o prazo de execução, permitindo o autofinaciamento das unidades (aspecto comercial). Por outro lado, os projetos devem estar orientados à busca de uma produção em escala que viabilize reduções dos custos (aspecto técnico). Portanto, a empresa necessita ter grande eficiência no planejamento, orçamentação, programação e controle da produção, bem como uma grande ascendência sobre tais serviços. Qualidade Total - Os projetos e os serviços de engenharia devem estar voltados à busca de soluções inovadoras de produtos e processos que atendam diferenciadamente às necessidades dos clientes e usuários. Assim, a capacidade dos prestadores de serviços de engenharia e projetos em desenvolver “novos” produtos, superiores (aos da concorrência), e subsidiar a melhoria contínua do processo de produção é um fator chave ao sucesso da empresa. Redução Global dos Prazos - Todos os fatores relacionados à engenharia simultânea são igualmente importantes para a redução global dos prazos, ou seja, bom relacionamento com projetistas e a integração dos aspectos técnicos e econômicos na etapa de concepção. Há uma grande necessidade de cooperação com os projetistas, procurando introduzir, na fase de concepção, inovações tecnológicas, desenvolvimento de novos métodos construtivos, entre outros. Sempre com o objetivo central de redução dos prazos de execução. É necessário também uma boa gestão logística que garanta o fornecimento de materiais nos prazos adequados e que equacione os espaços e fluxos de canteiro. Oferta de Serviços - Em geral a empresa, passa a explorar pontos fortes relacionados às formas de racionalização por custos, da engenharia simultânea, sócio técnica, gestão pelos fluxos ou parcerias ou técnico-comercial, que sejam capazes de gerar também uma diferenciação em relação às suas concorrentes. Mesmo utilizando 562 serviços de terceiros, a capacidade da empresa em gerir e explorar esses serviços de maneira diferenciada de seus concorrentes pode vir a oferecer vantagens aos seus clientes. (678'2'(&$626 Para compreender e ilustrar a importância dos serviços de engenharia e projetos face às diversas formas de racionalização da produção, apresenta-se a seguir um estudo de dois casos em empresas que competem respectivamente por diferenciação e por custos. A primeira empresa estudada HPSUHVD $ é uma grande construtora de obras sobre encomenda que atua em todo o país, na construção de edifícios industriais, comerciais, VKRSSLQJV, supermercados, escolas, centros empresariais, etc. A empresa se firma no mercado com o seu prestígio pela competência técnica na execução de obras diferenciadas com qualidade e, principalmente, pelos seus prazos reduzidos. Assim, pode-se caracterizar a empresa como tendo uma estratégia competitiva por diferenciação através da 1)53 de Redução Global dos Prazos. A principal modalidade de negociação e estabelecimento de contratos da empresa com seus clientes é, atualmente, a construção por preço de custo com a definição de um preço alvo para a execução da obra. Quando consegue concluir a obra abaixo deste preço, a construtora é bonificada pelo contratante e, caso contrário, quando os custos da obra superam o preços alvo, a construtora paga "multas" para o contratante. Também merece destaque, em relação a empresa, o fato desta contar com uma grande equipe de técnicos próprios (em sua maioria engenheiros), que desempenham importante função no desenvolvimento e acompanhamento das obras, marcando uma significativa competência, da empresa, nas atividades de planejamento e preparação de suas obra. Como a construtora executa obras sob encomenda, muitas vezes o contratante fornece os projetos já prontos (em especial a concepção e os projetos preliminares de arquitetura). Contudo, a construtora tem uma forte engenharia e é comum que ela seja chamada a colaborar com a equipe de projetos e acabe intervindo nas soluções originais. Além disso, a empresa incentiva seus clientes a contratarem projetistas da sua confiança e tenham outros trabalhos em comum com a construtora. Diante do caráter específico e não repetitivo dos empreendimentos em que a construtora participa, a ênfase, no tocante aos projetos (contratados) está no atendimento aos clientes externos, através da busca por soluções de projeto que possibilitem atingir as metas de custos, qualidade e principalmente prazo. Isso demanda a consideração precoce, em projeto, dos desdobramentos das especificações do produto para a obra. Para tanto, o detalhamento e a consistência dos projetos são de suma importância, uma vez que a empresa realiza obras com prazos reduzidos, o que restringe o espaço para absorção de erros de projetos e eventuais re-projetos. Por outro lado, como os projetos subsidiam a composição dos orçamentos e, portanto, a definição do preço alvo a ser atendido, inconsistências nos projetos podem implicar na perda de confiabilidade dos orçamentos gerando distorções na composição do preço alvo que 563 podem comprometer os lucros da empresa ou diminuir a sua competitividade na participação de concorrências. A empresa valoriza a formação de equipes de projetos integrada (envolvendo os vários projetistas e técnicos da empresa) e aberta a analisar os diferentes problemas impostos por diferentes empreendimentos. Melhorando a sua capacidade de propor soluções específicas que atendam as necessidades dos clientes externos e internos. Isso demanda uma grande competência técnica e criativa dos projetistas na proposição de soluções que melhorem as características e desempenho do produto e do processo de produção. A coordenação de projetos é apontada pela empresa como essencial para alcançar as metas impostas. É nessa tarefa que ela encontra um dos seus maiores problemas e tem dificuldades de desenvolver uma metodologia de coordenação que atenda as diferentes obras em que participa. Na ausência de uma metodologia de coordenação de projetos única aos vários empreendimentos, a empresa entende que a coordenação deva ser delegada a um profissional com grande experiência em suas obras e que também tenha uma visão ampla e abrangente sobre as várias especialidades de projeto. Contudo, a dificuldade de selecionar profissionais com este perfil vem tornando a atividade especialmente problemática e deve ser melhorada. $ HPSUHVD % é uma expressiva construtora e incorporadora de edifícios habitacionais com atuação em várias cidades do país, embora com uma forte concentração (cerca de 80%) dos seus empreendimentos na região da Grande São Paulo. A estratégia competitiva da empresa centra-se na busca da redução dos custos e melhoria das condições de venda dos seus imóveis de forma a viabilizar a compra direta de apartamentos por consumidores da classe média. Para tanto, a empresa criou uma importante e inovadora maneira de autofinanciamento dos seus empreendimentos, que é sustentado pelo alongamento do período de construção dos edifícios, adequando o rítmo das obras (mais lentas) à capacidade de desembolso dos seus clientes potenciais. Por outro lado, do ponto de vista da produção, a empresa tem dispensado grandes esforços na simplificação e padronização de seus edifícios, reduzindo custos pela eliminação de detalhes de projeto onerosos e pelos ganhos de escala conseguidas pela manutenção de um fluxo grande e encadeado de obras que mantêm relativamente constante o número de frentes de produção e, principalmente, o volume de arrecadação vindo das parcelas de pagamento dos compradores. A simplificação e padronização conseguidas pela empresa permitiu ainda o desenvolvimento de uma série de parcerias com fornecedores de componentes construtivos (que são comprados diretamente dos fabricantes), conseguindo melhores condições na compra de insumos significativos na curva de custos da empresa. Tais parcerias, também são utilizadas como um importante meio de PDUNHWLQJ através da garantia, aos compradores, da utilização de uma série de insumos de marcas renomadas. Diante do exposto, pode-se classificar a empresa como tendo uma 1)53 predominantemente Técnico-Comercial se bem que, face às peculiaridades da empresa, poderia-se falar de uma variação da 1)53 Técnico-Comercial, dando ênfase às questões ligadas ao financiamento das obras. 564 Como é de se esperar, a inovadora maneira de atuação da empresa frente ao mercado tem importantes reflexos nos projetos que a empresa utiliza e no relacionamento desta com os projetistas contratados. A procura de estabelecimento de parcerias não se limita aos fornecedores de insumos, se estendendo, também, aos serviços subempreitados e aos projetos contratados. Diferentemente das parcerias com os grandes fornecedores de insumos (que cumprem estratégias de conseguir melhores condições de compra e de PDUNHWLQJ da qualidade dos insumos utilizados pela empresa), as parcerias com os subempreiteiros e com os projetistas têm o caracter principal de exigir destes o atendimento a uma série de padrões de obra e de projetos respectivamente. Com os projetistas, criou-se um relacionamento de parceria no qual a empresa construtora seleciona fornecedores de várias especialidades de projeto e estabelece com estes relacionamentos de longo-termo, garantindo a eles um fluxo contínuo de projetos e, em contra partida, impondo uma série de soluções e condutas de projetos padronizadas. Mas, é preciso destacar que o fato da existência de parcerias com os projetistas não pressupõe um relacionamento de igualdade entre construtora e projetistas, tendo a construtora um poder de negociação desigual e preponderante. Normas internas e soluções padronizadas para projetos foram desenvolvidas e são aperfeiçoadas internamente à empresa construtora pelo seu corpo técnico, com destaque à participação de um consultor interno que trabalha exclusivamente na empresa. A viabilidade da utilização de normas de projetos é conseguida pelo fato do partido do projeto (concepção arquitetônica) e as opções tecnológicas de produto serem praticamente os mesmos para os vários empreendimentos da empresa. Assim, a concepção dos projetos é restrita às alternativas previamente definidas, o que simplifica os projetos do produto e, segundo a empresa, facilita a coordenação entre projetos, devido à existência das normas e soluções de referência. Complementado o processo de coordenação entre projetos, existe uma programação, definida pela construtora, que estabelece no tempo as informações que cada projetista deve fornecer aos outros, esta programação estabelece também as datas de reuniões de coordenação. Dessas reuniões, participam os vários projetistas e o consultor interno, que desempenha o papel de mediador nos conflitos entre projetistas e verifica o cumprimento das normas de projeto. &216,'(5$d®(6),1$,6 Concluindo o trabalho, pode-se afirmar que as estratégias de produção das empresas e suas várias particularidades culturais e históricas têm um importante papel na definição do escopo que os projetos devem atender e, por conseguinte, na forma de relacionamento das empresas com os projetistas. Nesse sentido, o estudo de casos demonstra dois exemplos, quase paradigmáticos, de como empresas bem conceituadas em seus nichos de mercado entendem o projeto, o relacionamento com os projetistas e as dificuldades em orientar o processo de projetos para atender suas necessidades competitivas. Assim, a HPSUHVD $, embora reconheça a importância de se trabalhar com um determinado grupo de projetistas, considerados competentes e adaptados às suas 565 necessidades construtivas, não se pode caracterizar a formação de parcerias entre ela e seus projetistas, uma vez que a decisão final sobre quais projetistas contratar passa pela aprovação dos contratantes das obras. Por outro lado, o relacionamento da construtora com os projetistas valoriza a competência técnica na proposição de soluções que potencializem a estratégia de diferenciação da empresa, principalmente no tocante ao papel dos projetos na redução dos prazos de obra. Com isso, ao mesmo tempo em que a construtora necessita de soluções relativamente inovadoras e bem desenvolvidas para subsidiar suas obras, muitas vezes, ela se depara com projetistas diferentes e não acostumados à sua cultura construtiva o que, somado à grande variabilidade das obras que constrói, dificulta o estabelecimento de uma metodologia de coordenação de projetos. Tal fato aparece como um dos principais desafios enxergados pela empresa no tocante aos projetos. Na HPSUHVD %, a competição por custos é alicerçada por uma estratégia de financiamento e venda de habitações que viabiliza o estabelecimento de grandes volumes de produção o que, aliado à padronização do projeto dos produtos da empresa, garante a obtenção de ganhos de escala. Estes se refletem na compra de materiais em condições privilegiadas e num melhor desenvolvimento das características produtivas da empresa - se bem que isto seja limitado pela intensa política de subcontratações de serviços, o que não privilegia adequadamente o treinamento da mão-de-obra utilizada. Diante da relativa padronização dos edifícios da empresa, os projetos cumprem o papel de adaptar as soluções normalizadas de projetos às condições do empreendimento específico e de desenvolver as características técnicas da obra de acordo com as opções pré-definidas em normas internas. Como os projetos são desenvolvidos segundo rígidas normas internas e soluções padronizadas, a construtora considera que a coordenação de projetos é garantida por estas normas e não destaca esta atividade como crítica no desenvolvimento de seus produtos. O mesmo papel estratégico deve-se esperar de outros serviços de engenharia nas empresas, tais como orçamentos, planejamento, desenvolvimento de métodos de construção, planejamento da segurança no trabalho, etc., muito embora os casos estudados não tenham trazido elementos factuais conclusivos nesse sentido. %,%/,2*5$),$ CARDOSO, Francisco F. 6WUDWpJLHV G HQWUHSULVHV HW QRXYHOOHV IRUPHV GH UDWLRQDOLVDWLRQ GH OD SURGXFWLRQ GDQV OH EkWLPHQW DX %UpVLO HW HQ )UDQFH. École National de Ponts e Chaussées, Paris, 1996. (Tese de Doutorado) CARDOSO, Francisco F.; SILVA, Fred B.; FABRICIO, Márcio M. Os fornecedores de serviços de engenharia e projetos e a competitividade das empresas de construção de edifícios. In: 6HPLQiULRLQWHUQDFLRQDODUTXLWHWXUDHXUEDQLVPR tecnologias para o século XXI - NUTAU 98. Anais. São Paulo, FAU-USP: 1998. PORTER, Michael. 9DQWDJHP &RPSHWLWLYD Criando e Sustentando um Desempenho Superior. Trad: Elizabeth M.P. Braga. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1989. 566