Entrevista
João Couto
DIRECTOR-GERAL
DA MICROSOFT
PORTUGAL
"Queremos formar 10 mil
portugueses em tecnologias"
Além de estudantes do ensino superior e técnico, programa da gigante
tecnológica terá como um dos alvos principais os desempregados
nesta área de "big data", cerca de 10.
E este centro pode aumentar para
ANA TORRES PEREIRA
[email protected]
40 a 50 pessoas, que já é alguma
dimensão, mesmo a nível europeu.
as
AMicrosoft Portugal continua a investir em Portugal. João Couto, director-geral da subsidiária, adiantou em entrevista ao Negócios que a
empresa quer formar 10 mil técnicos em sistemas
de informação
no
espaço de três anos. Objectivo: apostar nas pessoas que estão desempregadas.
AMkrosoftcontinuaainvestirem
cen-
em Portugal. 0
mais recente, com um investimento de
tros de competência
2 milhões de euros. Qual a expectativa
de negocio?
Recentemente
a
reforçámos
de suporte
equipa internacional
para soluções de "cloud" [nuvem]
com base no Office 365 e estaéuma
aposta no País, com contratação
de
pessoal especializado que vai dar suporte não só ao nível de Portugal,
mas a nível europeu. Estamos a ultimara criação desta equipa com 25
pessoas.
Existem outras áreas de interesse que
possa captar para Portugal?
Na área da "cloud" há um longo
caminho a percorrer, é uma área relativamente nova para a Microsoft,
o nosso objectivo é passar todos os
serviços para a "cloud" e estamos
mais ou menos a 20% dos clientes.
Depois temos a segunda aposta, que
é o centro de investigação de reco-
nhecimento de fala que temos cá
em Portugal. O objectivo é utilizálo de forma mais aplicada, não só
para português, mas para cerca de
14 línguas, ligando-o à oferta comercial dos produtos da Microsoft. E ligada a esta área, está a do "big data",
que passa pela análise de grandes
volumes de informação não estru-
turada para, de uma forma analítica, se conseguir tirar conclusões. E
queremos alargar o nosso centro de
competências para essa área.
0 que é que isso significa?
Neste momento temos cerca de
35 pessoas que fazem investigação
ao nível do reconhecimento da fala
e algumas delas já estão a trabalhar
Que impacto terá no negócio?
Tem um impacto importante no
sentido de colocar Portugal no
mapa. Queremos ser um pólo de
desenvolvimento nesta área dentro
da Europa.
Tem mais difiaildaòe
em vender Por-
tugal quando se tenta posidonarnes-
te panorama internacional?
É óbvio que
que o
país oferece são importantes, eu diria que são a segunda derivada. A
primeira é a credibilidade que a
equipa de gestão tem, de já ter entregue o que prometeu, e quão robusto é o plano de investimento
para fazer uma coisa nova
as condições
Em que fase é que está
a contratação?
Neste centro, nos últimos dois
anos, crescemos perto de 50%, estamos a ultimar novas instalações
no Porto onde vamos ter um pólo de
juntamente com a
investigação
Universidade do Minho, para fazer
crescer este centro em múltiplos
projectos de investigação.
Que investimento
é esse?
Ainda não posso dizer, mas ideia
e fazê-lo crescer até às 40 pessoas
até ao final de 2014 e, depois, ter até
às 50 em 2015.
numa situação de desemprego. Estamos a montar um projecto para
fazer isto em mais larga escala, os
nossos parceiros estão a dizer-nos
que há escassez de técnicos qualificados em determinadas áreas - com
a "cloud" - e também há procura a
nível internacional. E a Microsoft
pode ter aqui um papel muito importante, porque a certificação Microsoft é válida em Portugal, na China, nos EUA ou qualquer país.
Que programa é esse?
Queremos certificar cerca de 10
mil técnicos em tecnologias Microsoft A nossa rede de parceiros tem
cerca de 3.500 empresas e emprega cerca de 45 mil profissionais.
Essa rede conseguirá
Se olharmos
absorvê-los?
só para Portugal
não, mas se olhar-
provavelmente
mos para isto num contexto europeu poderemos ampliar esse número de 45 mil para 90 mil. Neste momento estamos a ser prudentes a
certificar 10 mil, mas isto pode rapidamente escalar, bastapenetrar em
Espanha, Inglaterra e Alemanha e
atingir essa meta.
absorver pode ser
uma desilusão generalizada?
Pode, sim, mas por isso vamos
Se não as conseguir
ser prudentes e estamos a pensar
formar 10 mil pessoas num espaço
de três anos e vamos caminhando à
medida que vamos andando, para
ver qual é a saída
Portugal continua a ser atractivo?
Portugal pode ocupar e transformar-se um "cluster" dentro da Europa nesta área das Tecnologias. Há
um movimento de retrocesso de
uma aposta mundial em "offshoring" para países como a índia que
não surtiram os efeitos que estavam
à espera E por isso as empresas estão a tirar esses investimentos
e a
recentrá-los dentro da Europa. E
Portugal pode ter um papel importante.
Queremos fazer uma aposta na
certificação e formação de técnicos
qualificados em sistemas de informação, aproveitando não só o sistema de ensino, mas também a requalificação de quadros que entraram
Esse investimento
crosoft ou partilhado
em formação é Micom os parceiros?
Vamos disponibilizar todo o conteúdo programático, vamos organizar logisticamente e depois vamos
ter um conjunto de parceiros que
vão executar a formação e para assegurar que há uma ligação entre a
formação e a empregabilidade
Que parceiros
já se juntaram?
Eu não queria anunciar já, hoje
já temos uma rede com 10 parceiros, entre formação, certificação e
parceiros de empregabilidade.
Nacionais e multinacionais.
Sim.
Portugal pode
transformar-se
num "cluster"
dentro da Europa
nesta área das
tecnologias.
PERFIL
DAS TELECOMUNICAÇÕES À
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
João Couto licenciou-se
nharia Electrotécnica
em Engee de Compu-
tadores pelo Instituto Superior
Técnico, tendo concluído pos-
teriormente
o MBA da Universidade
Católica, com especialização em
Marketing. Antes de entrar na
o gestor esteve no
mercado das telecomunicações.
Entre 2008 e 2010 foi membro do
Microsoft,
de administração e CFO da
Vodafone Portugal, responsável pela
área financeira e liderando uma
conselho
equipa de cerca de 200 pessoas.
E entre 2009 e 2010, João Couto
presidiu
à APRITEL, a Associação
de Operadores de
Portuguesa
Antes disso, João
Telecomunicações.
Couto esteve nove anos na A. T.
Kearney, como vice-presidente
e
"partner", já com especialização nas
áreas de telecomunicações,
media e
tecnologia.
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