GANEP- NUTRIÇÃO HUMANA MARCELA TIUZZI LICOPENO E CÂNCER: BASES BIOMOLECULARES SÃO PAULO 2008 2 MARCELA TIUZZI LICOPENO E CÂNCER: BASES BIOMOLECULARES Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de especialista em Nutrição Clínica, sob orientação do Profº Dr. Dan L. Waitzberg. SÃO PAULO 2008 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 1 OBJETIVOS 5 2 METODOLOGIA 6 3 EFEITOS DO LICOPENO SOBRE CÉLULAS IN VITRO 7 3.1 CONCLUSÃO 1 11 4 EFEITOS DO LICOPENO IN VIVO 12 4.1 CONCLUSÃO 2 13 5 EFEITOS DO LICOPENO EM HUMANOS 14 5.1 CONCLUSÃO 3 15 6 CONCLUSÃO 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 17 4 RESUMO O licopeno está presente em frutas e vegetais, sendo que tomates e produtos processados constituem a maior fonte de licopeno; é responsável pela cor vermelha predominante, podendo estar associado a um menor risco de câncer. O objetivo deste trabalho de revisão foi apresentar os mecanismos de biologia molecular pelos quais o licopeno pode influenciar no câncer de próstata. Foram pesquisados diversos trabalhos originais e de revisão, publicados a partir de 1999, nas bases de dados MedLine, Lilacs e SciELO, utilizando-se os seguintes termos: licopeno, tomate, dieta, câncer de próstata, homens, carotenóides, vitaminas e suplementos. Os trabalhos evidenciam a influência do carotenóide licopeno (também chamado de antioxidante dietético) na prevenção e/ou redução do risco de câncer de próstata, através da proteção do DNA. Vários fatores contribuem para o risco de câncer de próstata tais como idade, origem étnica, predisposição genética, fumo, ingestão elevada de gordura, obesidade, falta de exercícios e alimentação inadequada. Para a prevenção do câncer é necessário que haja a prevenção oxidativa do DNA e o licopeno foi mostrado para reduzir in vivo, in vitro e em humanos este dano oxidativo. Palavras–chave: licopeno, tomate, dieta, câncer de próstata, homem, carotenóide, vitaminas e suplementação. 5 ABSTRACT Lycopene is present in fruits and vegetables, while tomatoes and processed products are the largest source of lycopene; is responsible for the predominant red color and may be associated with a lower risk of cancer. The objective of this revision work was to present the mechanisms of molecular biology in which lycopene may influence prostate cancer. It was searched several original and review work, published from 1999, in the databases MedLine, Lilacs and SciELO, using the following terms: lycopene, tomatoes, diet, prostate cancer, men, carotenoids, vitamins and supplements. The works evidence the influence of the carotenoid lycopene (also called dietary antioxidant) in the prevention and / or reduc tion of prostate cancer risk, through the DNA protection. Several factors contribute to the prostate cancer risk as age, ethnicity, genetic predisposition, smoking, high fat intake, obesity, lack of exercise and inadequate nutrition. For the prevention of cancer is necessary to prevent oxidative DNA, and lycopene has been shown to reduce in vivo, in vitro and in humans this oxidative damage. Key words: lycopene, tomato, diet, prostate cancer, men, carotenoids, vitamins and supplementation. 6 INTRODUÇÃO Licopeno, carotenóide sem atividade pró-vitamina A, lipossolúvel, constituído somente por átomos de carbono e hidrogênio, possui 11 ligações duplas conjugadas e 2 ligações não conjugadas, está presente em frutas e vegetais; entretanto, tomates e produtos processados constituem a maior fonte de licopeno que de beta-caroteno, sendo responsável pela cor vermelha predominante, também é o mais abundante no soro e nos tecidos humanos e em menor número em alimentos de cor vermelha como tomate, goiaba vermelha, mamão, melancia e pitanga1,2,3,4,5,6,7,8,9. Os principais carotenóides, corantes naturais presentes nas frutas e vegetais são, ß caroteno, licopeno, zeaxantina e lute ína eles exercem funções antioxidantes agindo nos radicais livres, peróxido e O2 molecular, bloqueando-os5. O licopeno dietético é encontrado 90% sob a forma do isômero trans (trans-licopeno), porém, os tecidos humanos contêm principalmente isômeros cis deste carotenóide, que são produzidos durante aquecimento e processamento do tomate. Os isômeros cis de licopeno têm menor dificuldade em se mover através de membranas plasmáticas e parece ser melhor incorporados nos quilomícrons , moléculas que transportam a gordura da alimentação, distribuindo-a pelo organismo para utilização e armazenamento 10,11. O licopeno é absorvido pelo intestino, tem uma biodisponibilidade aumentada devido ao cozimento e presença de gordura na mesma refeição, favorecendo a formação de micela do carotenóide. Algumas fibras, como a pectina, podem reduzir a absorção de licopeno devido ao aumento da viscosidade12, 13,14. Alguns componentes bioativos, inclusive os que atuam como antioxidantes, tais como as vitaminas C e E e certos carotenóides como o licopeno são vistos em tomates, responsável pela coloração vermelha, podendo estar associado a um menor risco de câncer15,16,17,18. 7 O mecanismo de ação do licopeno em câncer de próstata, voltado para danos no DNA in vivo e in vitro, devido seu potencial antioxidante inclui inibição da proliferação celular, efeitos antiandrógenos e anticrescimento, aumento da comunicação intercelular através do aumento de junções do tipo gap entre as células e modulando a progressão do ciclo celular19, 15, 18, 17,20. A interação célula a célula via junções do tipo gap é considerada um fator fundamental na homeostase tecidual, sua alteração está associada com o fenótipo neoplásico21. Estudos recentes sobre o papel de carotenóides na regulação de genes, apoptose e angiogênese tem avançado nosso conhecimento no mecanismo possível pelo qual os carotenóides agindo como antioxidantes regulam a função imunológica e o câncer. O resultado da ação dos carotenóides na resposta imunológica depende do tipo e concentração do mesmo, assim como do tipo de célula e da espécie animal envolvida22. Em diversos estudos recentes viu-se que as altas concentrações de licopeno no plasma devido à ingestão de tomates e seus produtos mostram associação com menor risco de doenças crônicas tais como câncer e doenças cardiovasculares1, 23,24. Através de diversos estudos de coorte nos EUA, foi visto que o risco para desenvolver câncer de próstata diminuiu significantemente para homens que consumiram maiores quantidades de produtos a base de tomate, com isso o licopeno surgiu como o principal candidato para intervenções dietéticas do câncer de próstata 13, 25, 26, 20, 27, 28, 21,29. O aumento da concentração de licopeno no sangue, vários tecidos e na próstata é sugerido devido o consumo de produtos a base de tomate, havendo favorecimento de marcadores de estresse oxidativo (que é visto como um dos maiores contribuintes do aumento do risco de câncer), Antígeno Prostático Específico (PSA) ou biomarcadores teciduais no aumento da morte celular por apoptose suprimindo a progressão das células de câncer de próstata 16, 30, 31, 17, 32, 28,15. O licopeno é mais eficiente em extinguir o oxigênio singlete e em limpar radicais livres do que outro carotenóide geralmente consumido e 8 classificado mais altamente do que outros carotenóides testados na prevenção de dano induzido oxigênio singlete em células linfóide humana cultivada. Em células cultivadas, estes efeitos incluem um aumento em uma comunicação intercelular através das junções via gap, da diferenciação aumentada, e da fosforilação alterado de proteínas reguladoras. Qualquer mecanismo é aparente que o licopeno é capaz de suprimir o crescimento de células cancerosas humanas in vitro e de inibir o desenvolvimento espontâneo e induzido do tumor nos modelos animais33. O dano oxidativo da proteína celular, do lipídeo e do DNA tem sido considerado por desenvolvimento muito do tempo câncer. como Os um mecanismo antioxidantes possível dietéticos, do podem conseqüentemente fornecer a proteção do DNA e lipídios da membrana de dano oxidativo e assim não é surpreendente que houve muito interesse nos efeitos da quimioprevenção destes agentes no câncer34. A prevenção da concessão oxidativo de dano do DNA é do interesse para a prevenção de câncer preliminar. O Licopeno foi mostrado para reduzir in vivo a quantidade de dano oxidativo do DNA na cultura de células e nos ratos. Além disso, diversos estudos clínicos demonstraram que o consumo do tomate protegeu leucócito humano de encontro a dano oxidativo do DNA in vitro35. Vários fatores contribuem para o risco de câncer de próstata, são eles: idade, origem étnica, predisposição genética, fumo, ingestão elevada de gordura, obesidade e falta de exercícios. Os componentes dietéticos é um dos fatores de estilos de vida que está sendo investigado através de pesquisas epidemiológicas, tentativas clínicas e experimentais com animais, culturas de células e tecidos13. Nos últimos anos, tem aumentado o interesse no papel possível de fatores dietéticos no desenvolvimento e na progressão dos cânceres, incluindo o de próstata 34. O interesse no licopeno e no seu papel protetor em relação à carcinogênese iniciou em 1995 na publicação de um trabalho de 9 Giavannucci et al onde os mesmos demonstraram um fator de proteção do licopeno em relação ao câncer de próstata 5. 10 1 OBJETIVOS Objetivo Geral Apresentar os mecanismos de biologia molecular pelos quais o licopeno pode influenciar no câncer de próstata. Objetivo Específico Identificar métodos de prevenção e efeitos do licopeno sobre células in vitro, in vivo e em humanos. 11 2 METODOLOGIA Trabalho de revisão bibliográfica de artigos existentes nas bases de dados MedLine, Lilacs e SciELO publicados entre 1998 a 2008 em periódicos de diversos países. Os estudos investigados tratavam sobre definição de carotenóides, presença nos alimentos, sua forma de absorção, mecanismo de ação, fatores contribuintes para o risco de câncer de próstata, prevenção e efeitos sobre células in vitro/in vivo e humanos. Dentre os trabalhos pesquisados foram incluídos trabalhos de revisão bibliográfica, meta análises e estudos originais. Termos utilizados para pesquisa foram: licopeno, tomate, dieta, câncer de próstata, homens, carotenóides, vitaminas e suplementos. 12 3 EFEITOS DO LICOPENO SOBRE CÉLULAS IN VITRO: Hwang e Lee (2006) investigaram os efeitos do licopeno sobre a adesão, invasão, migração e crescimento de células de hepatoma SK-Hep 1. O licopeno inibiu o crescimento celular de maneira dose-dependente com taxas de 5% e 40% em 0,1µM e 50µM, respectivamente, após 24 horas de incubação. Houve diminuição das atividades gelatinolíticas tanto da matriz de metaloproteinase (MMP) – 2 quanto MMP-9, que são secretadas pelas células SK-Hep 1, a incubação destas células inibiu a adesão celular das membranas do substrato Matrigel Traswell. A invasão por células SK-Hep 1 foi reduzida para 28,3% e 61,9% dos níveis dos controles com 5 µM e 10 µM de licopeno, respectivamente. Houve níveis menores de migração das células tratadas com licopeno com comparação as não tratadas, mostrando assim propriedades antimetastáticas do licopeno em inibir a adesão, invasão e migração de células de hepatoma humano SK-Hep 1 36. Obermuller – Jevic et al (2003) investigaram os efeitos de licopeno sobre células epiteliais normais de próstata humana (PrEC) tratando-as com todo – E - Licopeno sintético (acima de 5 µmol/L) e acessando a proliferação via incorporação de timidina tritiada. Foram investigados os efeitos do licopeno na progressão celular via citometria de fluxo, que permite o estudo da variabilidade genômica pelo perfil colorimétrico do conteúdo do DNA e para elucidar se o licopeno modula ciclinas envolvidas no ciclo celular, expressão de ciclina D1 e E também foram analisadas. Ciclinas são proteínas que regulam o ciclo celular. Ciclina E exerce a função de crescimento nas células, controlando se esta fica em ponto morto ou se segue o ciclo, sendo que, quando o nível dessa proteína é mais alto que o normal fica demonstrado a provável incidência de câncer. Os resultados mostraram que o licopeno inibe o crescimento de PrEC e que a citometria de fluxo teve uma parada no ciclo celular entre as fases G0/G1, confirmado pela inibição da ciclina D1 enquanto os níveis de ciclina E permaneceram inalterados. Também viu-se que o licopeno inibe o crescimento não neoplásico de células PrEC in vitro37 . 13 Livny et al (2002) investigaram os efeitos do licopeno na proliferação de uma linhagem de células cancerosas estabelecidas, KB-1, e comparou-se com a cultura celular primária obtida da mucosa normal. O licopeno exerceu uma inibição significante sobre a proliferação de células KB-1, enquanto a mucosa oral normal não foi afetada. Concluiu-se que o licopeno é um quimiopreventivo promissor, bem como um agente antifroliferativo e anticarcinogênico21. Amir et al (1999) avaliaram aspectos mecanísticos para linhagem celular de leucemia promielocitica HL-60 em particular, a possibilidade de que a atividade antiproliferativa do licopeno associado com indução de diferenciação celular. Viu-se uma redução dose-dependente no crescimento de células medido por incorporação de timidina [H3] e contagem celular. Este efeito foi acompanhado pela inibição da progressão do ciclo celular na fase G0/G1 como medido por citometria de fluxo. O licopeno sozinho induziu diferenciação celular podendo sugerir a inclusão deste carotenóide nas dietas como prevenção cancerígena 38. Canene – Adams et al (2005) mostraram que utilizando amostras de plasma de homens, um estudo randomizado e controlado por placebo de aspirina e ß-caroteno, o licopeno foi o único antioxidante que diminuiu os casos de câncer de próstata em relação aos seus controladores (p=0,04)15 . Huang et al (2005) testaram a possibilidade de que o licopeno pudesse inibir a metástase de células tumorais aumentando a expressão de nm23-H1, um gene supressor de metástase em células SK-Hep-1, uma linhagem celular de Hepatoma altamente invasivo e determinaram se as atividades de migração e invasão e a expressão da nm23-H1 e de seu RNA mensageiro. Viu-se que o licopeno inibiu a migração e a invasão de SK-Hep1, aumentou a expressão de nm23-H1 tanto no nível de proteína quanto de RNAm. Estes efeitos podem estar associados com a auto-oxidação do licopeno em concentrações elevadas. Concluíram que o licopeno tem atividade antimigração e anti-invasão, e este efeito é associado à sua indução de expressão de nm23-H126. 14 Tang et al (2005) testaram a hipótese de que o efeito do licopeno no câncer de próstata seria estágio específico no processo de carcinogênese, para isso os efeitos inibitórios do licopeno natural na proliferação de 3 diferentes linhagens celulares de carcinoma prostático humano foi examinado. Após 24 horas do cultivo, o meio de cultura foi suplementado com o licopeno ou o THF (tetrahydrofuran). A viabilidade da célula foi avaliada pelo ensaio do microtitration usando 3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl) 2,5-diphenyltetrazolium brometo (MTT). Citometria de fluxo revelou que tratamento com o licopeno de 4 a 32 µmol/L por 48h causou para as células DU145 ao acumulado na fase G0/G1 do ciclo de célula e submetem-se ao apoptose em uma maneira dose dependente. A taxa do apoptose, como demonstrada pelo aumento na fase sub-G1 foi aumentada pelo tratamento com 8-32 µmol/L; nas células tratadas com o licopeno 32µmol/L, a taxa era 42.4% maior do que nos controles. No fim do estudo de 8 semanas, a taxa de crescimento do tumor era 55.6 e 75.8% mais baixo nos ratos tratados com os 100 e 300mg/kg licopeno respectivamente, comparado com os controles não tratados. As células DU145 licopeno-tratadas não induziram tumores como fizeram as células não tratadas, sugeriu-se que o licopeno não pudesse somente inibir o crescimento das células cancerosas, mas igualmente pôde induzir a diferenciação ou o apoptose em uma maneira estágio-específica. O licopeno inibiu o crescimento de células DU145 e PC-3 com maior potência do que células LNCaP dependentes de andrógenos. Isso mostra que o ilcopeno pode inibir especificamente o crescimento de cânceres de próstata independente de andrógenos20 . Gann et al (1999) utilizaram neste estudo em perspectiva casocontrole as amostras do plasma de homens saudáveis obtidas em 1982 registros no Physicians’ Health Study, em uma experimentação randomizada, prova placebo-controlada de aspirina e no ß-caroteno. Determinaram os 5 principais picos do carotenóide no plasma (a e ß caroteno; ß criptoxantina; lute ína e licopeno). Os participantes fracionaram o sangue pela centrifugação e retornaram as amostras em tubos de ensaio. Foram divididos em partes alíquota e armazenados em - 82ºC. A 15 degradação dos carotenóides, do retinol, e dos tocoferóis foi relatada para ser não detectável no plasma armazenado - em 70ºC por até 51.5 meses. O Licopeno era o único antioxidante encontrado a níveis médios significativamente mais baixos do que nos controles (P= 0.04 para todos os casos). No grupo do placebo, o licopeno do plasma era muito fortemente relacionado a um mais baixo risco de câncer de próstata. Estes resultados coincidem com uma análise dietética em perspectiva recente, que identifica o licopeno como o carotenóide com a relação inversa a mais desobstruída ao desenvolvimento do câncer de próstata. Estes dados fornecem uma evidência mais adicional que o consumo aumentado de produtos do tomate e de outros alimentos pode reduzir a ocorrência ou a progressão do câncer de próstata 33. Barber et al (2006) neste estudo empregaram-se, preliminares PECs isolados dos tecidos (n=6) obtidos na altura da cirurgia prostática e examinados o efeito do licopeno na síntese do DNA como medida pela incorporação de 5 bromo-2-deoxyuridine (BrdU). Prosseguiu-se a um estudo em escala reduzida nos pacientes (n=41) diagnosticados previamente com câncer de próstata para investigar se o licopeno dietético suplementado retardaria a taxa de progressão da doença como julgado por mudanças em níveis do soro Antígeno Prostático Específico (PSA). Os pacientes (n=6) que se submetem à cirurgia prostática foram aproximados para o recrutamento. O pó do Licopeno foi armazenado a - 70ºC. A síntese do DNA foi examinada determinando a porcentagem das células que incorporaram BrdU no DNA. O alvo preliminar do estudo era determinar se a velocidade da PSA (a taxa de ascensão ou a queda do soro PSA) esteve alterada pelo suplemento do licopeno. Velocidade da PSA foi diminuída comparada ao valor da préintervenção. Todos os pacientes tinham sido diagnosticados com câncer de próstata após a biópsia. Nenhuns destes estavam no tratamento ativo além da fiscalização clínica cuidadosa, não tinham recebido a terapia hormonal ou outro tratamento conhecido para afetar a PSA na entrada precedente do estudo, e não tomavam suplementos de licopeno, da vitamina C, dos flavonóides ou dos carotenóides. Foi dado o licopeno 10mg por dia (2 16 tabletes do licoplus - cada tablete contém 5mg licopeno, 100mg vitamina C, 1,25mg vitamina E, 0,83mg phytoene e o phytofluence e 0,21mg ßcaroteno). A regressão linear foi usada para calcular pré e pós-tratamento taxas de PSA. Durante a proliferação, câncer de próstata e PSA exibem o crescimento registro-linear. Nossos resultados que empregam licopeno células cancerosas da próstata demonstram os efeitos inibitórios dependente da dose do licopeno na síntese do DNA. Os ensaios clínicos precedentes mostraram que os suplementos de licopeno (30mg/dia), sob a forma do molho de tomate ou tabletes, por um curto período antes da prostatectomia radical aumenta concentrações do licopeno no tecido da próstata e pode diminuir a taxa positiva da margem, o volume do câncer, o dano oxidativo do DNA e o soro PSA. Estes estudos mostram, pela primeira vez, que o licopeno pode inibir a síntese do DNA nos PECs preliminares in vitro que sugerem que o licopeno possa ter um papel inibitório importante em seu crescimento 34. Conclusão 1: Conclui-se que o licopeno tem efeito antimetastático, sendo um agente antiproliferativo, anticarcinogênico, inibindo assim a adesão, invasão e a migração de células in vitro, o que pode reduzir a ocorrência ou a progressão do câncer de próstata. 17 4 EFEITOS DO LICOPENO IN VIVO: Clinton (2005) neste estudo usou NMU (N-metil-N-nitrosureia) e o modelo de carcinogênese de próstata induzida por andrógeno , examinou a carcinogênese de próstata em ratos alimentados com ração AIN93G, com licopeno em partículas estabilizadas (Hoffmann- La Roche) provendo uma concentração de licopeno de 161 mg/kg de ração, ou uma dieta liofilizada de tomate em pó (Armour Foods) em concentração de 13mg/kg de ração. Observou-se um efeito anticâncer no grupo tratado com licopeno. O risco de morte por câncer de próstata foi menor para ratos alimentados com tomate em pó do que para ratos alimentados com dieta controle. Os ratos alimentados com licopeno apresentaram maior concentração de licopeno no sangue, mas não apresentaram menor risco de câncer de próstata. Portanto, produtos a base de tomate podem conter múltiplos fatores que contribuem para sua atividade anticancerígena 16 . Liu et al (2006) avaliaram os efeitos da suplementação com licopeno na indução de alterações por cigarro em níveis de proteína p53, alvos de p53, proliferação celular, e apoptose na mucosa gástrica de furões. Durante 9 semanas furões foram expostos ou não a fumaça de cigarro e submetidos a doses baixas ou altas de ilcopeno suplementado. As concentrações de licopeno se elevaram nos furões suplementados apenas, mas foram reduzidas em furões suplementados e expostos a fumaça do cigarro. O licopeno preveniu as alterações induzidas pelo cigarro em p21Walf/Clip1 e Bax1, ciclina D1 e PCNA em uma maneira dose-dependente, com isso pode-se dizer que o licopeno pode prevenir mudanças induzidas por cigarro em p53, fosforilação de p53, genes alvos de p53, proliferação celular e apoptose na mucosa gástrica de furões39. Zaripheh e Erdman (2005) avaliaram a biodistribuição (3-168 h) de uma dose oral única de 14 C-licopeno em ratos alimentados por 30 dias. O fígado foi o depósito primário de licopeno, e o 14 C e produtos polares 14 C- marcados apareceram nos tecidos tão cedo quanto 3 horas após a dose. No presente estudo, ratos F344 (n= 48) foram randomicamente separados em 18 um dos 4 grupos alimentados ou com dieta controle ou enriquecida com licopeno (0,25 g licopeno/kg de dieta) por 30 dias e sacrificados em 5 ou 24 horas após receberem uma dose oral única de 14 C-licopeno. A porcentagem de absorção em 24 horas foi menor (5,5 + 0,5%) em ratos alimentados com licopeno do que no grupo controle (6,9 + 0,4%, P< 0,04). 14 C total hepático e 14 C-licopeno de ratos com dieta controle foi maior do que no grupo alimentado com licopeno em 24 h (P< 0,005). Dos tecidos analisados, um aumento na porcentagem de produtos polares 14 C-marcados ocorreu entre 5 e 24 horas somente na próstata e vesículas seminais, sugerindo acúmulo destes produtos 14 C-marcados nestes tecidos, independentemente da dieta. Esses dados sugerem que a absorção de licopeno, ingestão tecidual e catabolismo são afetados pela alimentação precedente e que o licopeno pode ser parcialmente absorvido por tecidos extra-hepáticos pela fração pósprandial rica em triglicerídeos25. Siler et al (2005) para este estudo foi utilizado o modelo de câncer de próstata de MatLylu Dunning. 30 ratos machos copenhagen foram separados randomicamente em 5 grupos. Os dois grupos controles foram os não suplementados e o controle placebo-suplementado. Os grupos tratados receberam dieta contendo 200µg de licopeno/g de dieta, 540µg de vitamina E/g de dieta, ou ambos. Grupos controle placebo receberam dieta contendo “beadlets” e os suplementados apenas com vitamina E receberam placebo de licopeno. Foi visto que o licopeno regulou o mecanismo em próstata normal e tumoral. O efeito anti-androgênico foi menor, e o antiinflamatório foi mais pronunciado em próstata normal quando comparado à cancerosa18. Conclusão 2: Conclui-se que o licopeno pode regular o mecanismo em próstata normal e tumoral; apresenta-se em maior concentração no sangue de ratos alimentados com licopeno, mas não apresenta menor risco de câncer de próstata e pode prevenir mudanças induzidas por fosforilação de p53, genes alvos de p53, proliferação celular e apoptose. 19 5 EFEITOS DO LICOPENO EM HUMANOS: Chan, Gann e Giavannucci (2005) viram em uma meta análise de 11 casos controles e 10 estudos de coorte, ingestão elevada versus baixa de tomate esteve associada com aproximadamente 10 a 20% de redução do risco de câncer de próstata, com um efeito forte para produtos a base de tomate cozidos versus crus 30. Chen et al (2001) avaliaram o efeito do consumo de molho de tomate sobre a ingestão de licopeno, danos oxidativos no DNA e níveis de antígeno prostático especifico (PSA) antes e depois da intervenção dietética em 32 pacientes diagnosticados com câncer de próstata durante 3 semanas (30mg de licopeno/dia) precedendo sua prostatectomia radical programada. Danos oxidativos no DNA foram avaliados na próstata extraída dos participantes do estudo e de 7 pacientes randomicamente selecionados. Os resultados foram: a concentração sérica e prostática de licopeno aumentou. Os danos oxidativos no DNA foram estatisticamente reduzidos. Também se observou diminuição em homens que sofreram intervenção do que nos randomicamente selecionados, assim como os níveis de PSA sérico29. Bowen et al (2002) avaliaram neste estudo 32 pacientes com adenocarcinoma localizado na próstata que consumiram pratos à base de molho de tomate por 3 semanas (30mg licopeno/dia) antes da prostatectomia radical programada. O licopeno do soro e da próstata, as concentrações específicas do antígeno da próstata do soro (PSA), e o DNA 8-OH-deoxyguanosine/deoxyguanosine do leucócito (8OHdG) foram medidos na linha de base e no fim da intervenção. As concentrações do licopeno do soro e da próstata aumentaram 1,97 e 2,92 (P<0,001), respectivamente. Concentrações médias do soro do PSA diminuiu 17,5% (P<0,002) e leucócito 8OHdG diminuiu 21,3% (P<0,005) após o consumo do molho de tomate. O índice de apoptose era mais elevado em células hiperplásicas e neoplásicas no tecido ressecado após o suplemento. Estes dados indicam a importância do licopeno no tecido da próstata e uma redução do dano do DNA no leucócito e no tecido da próstata. Demonstram 20 também que os fotoquímicos do licopeno ou do tomate podem modular diversos biomarcadores associados com a carcinogênese da próstata nos pacientes com câncer40. Conclusão 3: Conclui-se que ingestões elevadas de licopeno, particularmente produtos cozidos, esteve associada com aproximadamente 10 a 20% no risco de câncer de próstata; concentrações séricas e prostática de licopeno aumentaram, concentrações médias do soro do PSA diminuíram, danos oxidativos do DNA no tecido da próstata reduziram em homens que consumiram licopeno através do molho de tomate precedendo a prostatectomia radical programada. 21 6 CONCLUSÃO Com este trabalho pode-se concluir que: Dos estudos in vitro analisados todos mostraram que o licopeno possui efeito antimetastático, considerado um agente antiproliferativo, anticarcinogênico onde inibe a adesão, invasão e a migração de células, podendo assim reduzir a ocorrência ou a progressão do câncer de próstata. Nos estudos in vivo o licopeno mostrou que pode regular o mecanismo em próstata normal e tumoral, prevenir mudanças induzidas por fosforilação de p53, genes alvos de p53, proliferação celular e apoptose, porém não apresentou menor risco de câncer de próstata. Nos estudos realizados em humanos viu-se que ingestões elevadas de licopeno, particularmente produtos cozidos, esteve associada com aproximadamente 10 a 20% no risco de câncer de próstata; concentrações séricas e prostática de licopeno aumentaram; concentrações médias do soro do PSA diminuíram; danos oxidativos do DNA no tecido da próstata reduziram em homens que consumiram licopeno precedendo a prostatectomia radical programada. Pode-se então, dizer que o licopeno, encontrado em tomates e produtos processados, goiaba vermelha, mamão, melancia e pitanga, têm sua função importante para o câncer de próstata, porém muitos estudos ainda devem ser realizados para esclarecer, as principais funções dos carotenóides, a quantidade e/ou porções de alimentos fontes que devem ser consumidos diariamente, bem como os efeitos do licopeno voltado para redução do risco do desenvolvimento de doenças crônicas não- transmissíveis. É importante dizer ainda que além da alimentação adequada é necessário obter a abstenção do fumo; o controle da ingestão elevada de gordura; prática de atividade física e o controle do peso corpóreo, para bons hábitos de vida e prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis. 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Rao AV, Agarwal S. Role of antioxidant lycopene in cancer and heart disease. J Am Coll Nutr. 2000;19(5):563-9. 2. Arab L, Steck S. Licopene and cardiovascular disease. 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