Promovendo Saúde na Contemporaneidade:
desafios de pesquisa, ensino e extensão
Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010
CARCINOMA PROSTÁTICO: A CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO¹
Flores, A. L.²; Massirer, S. L. A. ²; Desconci, M.²; Friedrich, C. B.²; Moreschi, C.³; Siqueira, D. F.
4;
5
de³; Sá, R. G. C. de Lucio, D. B. M .
1
Reflexão teórica.
2
Acadêmicos do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria,
RS, Brasil
³Acadêmicos do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria,
RS, Brasil. Membros do GEPESES.
4
Acadêmico do Curso de Enfermagem FISMA, Santa Maria,RS, Brasil.
5
Enfermeira Docente do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.
E-mail:[email protected]
RESUMO
O objetivo desse estudo é descrever sobre o carcinoma prostático e a contribuição do
profissional enfermeiro voltado para o paciente portador dessa patologia submetido ao procedimento
cirúrgico. Trata-se de uma análise teórica, em que o tema em questão foi explorado e discutido por
meio de revisão de bibliográfica com reflexão dos achados. Foi realizado no período de novembro a
dezembro de 2009, em periódicos e literatura específica da Área da Saúde. O estudo demonstrou um
entendimento aprofundado acerca dos processos fisiopatológicos da hiperplasia prostática benigna e
o câncer de próstata , assim como seus sintomas no intuito de elucidar um cuidado específico. Desse
modo vale salientar que a enfermagem tem um papel fundamental de proporcionar atenção básica e
o cuidado com essas pessoas que necessitam de auxílio devido a sua condição, e assim minimizar
as angústias da doença e contribuir para a melhora na qualidade de vida.
Palavras-chave: Carcinoma prostático. Profissional Enfermeiro. Procedimento Cirúrgico.
1. INTRODUÇÃO
A próstata, uma pequena glândula masculina que se localiza abaixo da bexiga e acima do
reto, pode ser sede de dois processos distintos. O primeiro é o crescimento benigno, chamado de
hiperplasia, que acomete quase 70% dos homens após os 40 anos e que produz dificuldade para a
eliminação da urina. O segundo é o câncer da próstata, que surge associado ou não ao crescimento
benigno e que se manifesta quase sempre depois que os homens completam 50 anos. A próstata
aumenta estendendo-se para cima e para dentro da bexiga, obstruindo o fluxo de urina ao avançar
sobre o orifício vesical. Essa condição é conhecida como hiperplasia benigna de próstata (HBP), o
aumento ou hipertrofia da próstata. Sendo uma das condições patológicas mais comuns em homens
idosos (PORTO, 2007).
O câncer é um processo patológico que começa quando uma célula anormal é transformada
pela mutação genética do DNA celular. Essa célula anormal forma um clone e começa a proliferar-se
de maneira irregular, ignorando as sinalizações de regulação do crescimento no ambiente
circunvizinho à célula (BRUNNER, 2006).
O número de mortes por câncer de próstata diminuiu nos últimos cinco anos, o que foi
atribuído por alguns, ao uso disseminado de estratégias de detecção. Contudo a triagem não mostrou
melhorar a sobrevida em ensaios prospectivos. O paradoxo do tratamento é que embora a doença
continue sendo a segunda causa de morte por câncer em homens, apenas um, em oito com ela
morre em decorrência disso (HARRISON, 2008).
Este trabalho teve por objetivo descrever sobre o carcinoma prostático e a contribuição do
profissional enfermeiro voltado para o paciente portador dessa patologia submetido ao procedimento
cirúrgico.
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2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica. Segundo Lakatos e Marconi (1999) a pesquisa
bibliográfica trata de levantamento de bibliografias já publicadas, com a finalidade do pesquisador ter
conhecimento de tudo que foi escrito sobre determinado assunto.
O levantamento bibliográfico foi realizado no período de novembro a dezembro de 2009, em
periódicos e livros da Área da Saúde. A busca por tais documentos foi realizada por meio da análise
dos volumes disponíveis na biblioteca do Campus I do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA.
Foi utilizada a Internet como meio de busca eletrônica para enriquecer o levantamento da bibliografia
disponível.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
O câncer de próstata é o mais comum em homens depois do câncer de pele diferente do
melanoma e a segunda causa mais comum de mortes por câncer em homens norte americanos com
mais de 55 anos de idade. Os fatores de risco para o câncer de próstata incluem a idade crescente, a
incidência de câncer aumenta rapidamente depois dos 50 anos de idade, e mais de 70% dos casos
acontecem em homens acima de 65 anos de idade. Os homens afro americanos apresentam a
incidência máxima de câncer de próstata no mundo. Uma predisposição familiar pode ocorrer 5 a
10% dos casos do câncer de próstata. Ter uma pai ou irmão com câncer de próstata duplica o risco,
aumentando ainda mais quando vários parentes tiveram e se eram jovens no momento do
diagnóstico. Uma dieta rica em carnes vermelhas e gorduras aumenta o risco (SILVA, 2008).
O risco de receber o diagnóstico de câncer de próstata é duas vezes maior quando um
parente de primeiro grau teve a doença e quatro vezes se dois ou mais tiveram. Acredita-se que o
consumo elevado de gorduras na dieta, como o ácido linoleico ou hidrocarbonetos aromáticos
policiclicos, que se formam durante a cocção da carne vermelha possa aumentar o risco (SILVA,
2008).
O câncer de próstata em seus estágios iniciais raramente produz sintomas. Os sintomas que
se desenvolvem devido a obstrução urinária acontecem tardiamente na doença. Esse câncer tende a
variar em sua evolução, quando a neoplasia é suficientemente grande para avançar sobre o colo
vesical, ocorrem sinais e sintomas de obstrução urinária, dificuldade e freqüência de micção, retenção
urinário, tamanho e força de jato. Os outros sintomas podem incluir o sangue na urina ou sêmen e
ejaculação dolorosa. A hematuria pode resultar quando o câncer invade a uretra e ou a bexiga,
podendo gerar metástase para os ossos e linfonodos. Os sintomas relacionados com metástases
incluem dor nas costas, no quadril, desconforto perineal e retal, anemia, perda de peso fraqueza
náuseas e oliguria (GOLDMAN; AUSIELO, 2005).
Quando o câncer de próstata é detectado precocemente, a probabilidade de cura é alta. Todo
o homem com mais de 40 anos de idade deve fazer exame retal digital (ERD) como parte de seus
exames regulares de saúde. A palpação retal rotineira da próstata é importante porque o câncer
inicial pode ser detectado como um nódulo dentro da substancia da glândula ou como um
endurecimento extenso no lobo posterior. A lesão mais avançada é pétrea e fixa. O ERD também
fornece informações clinicas úteis sobre o reto, esfincteranal e qualidade das fezes (PORTO, 2007 ).
O diagnóstico do câncer de próstata é confirmado por um exame histológico do tecido
removido por meios cirúrgicos através de rececção transuretral, prostatectomia aberta ou biopsia por
agulha transuretral. A aspiração por agulha fina é um método rápido e indolor de obter células da
próstata para e exame citológico, o procedimento também valioso para determinar o estágio da
doença. A análise sanguínea ao antigénio específico da próstata (PSA), umas proteases da serina
neutras, são produzidas pelo epitélio ductal prostático normal e neoplasico e secretado para a luz
glandular. Um simples exame de sangue pode ser empregado para medir os níveis de PSA, a sua
concentração no sangue é proporcional a massa prostática total. Embora o nível de PSA indique a
presença de tecido prostático, ele necessariamente não indica a malignidade, sua testagem para PSA
é rotineiramente empregada para monitorizar a resposta do paciente a terapia do câncer e para
detectar a progressão local e recidiva precoce do câncer de próstata (SMELTZER; BARE, 2006).
Os exames de ultra-som transretal estão indicados para homens portadores de níveis
elevados de PSA e achados anormais de ERD. Os exames de ultra-som ajudam na detecção de
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câncer de próstata impalpável e auxiliam no estagiamento do câncer de próstata localizado. Outros
exames incluem as cintilografias ósseas para detectar metástases, urografia excretora para detectar
alterações causadas por obstrução uretral, provas de função renal e tomografia computadorizada ou
cintilografia para identificar as metástases nos linfonodos pélvicos (SILVA, 2008).
O tratamento baseia-se no estágio da doença e na idade e sintomas do paciente. Cirúrgico,
uma prostatectomia radical, permanecendo como o procedimento cirúrgico padrão para pacientes
que apresentam doença potencialmente curável em estágio inicial e uma expectativa de vida de 10
anos ou mais. A impotência sexual sucede a prostatectomia radical e 5 a 10% dos pacientes
apresentam graus variados de incontinência urinária. Radioterapia, quando o câncer é detectado em
seu estágio inicial o tratamento pode ser radioterapia curativa: quer a teleterapia com um acelerador
linear quer a irradiação intersticial (implante de pérolas radioativas de iodo ou palácio), também
referida como braquiterapia. A teleterapia envolve aproximadamente 6 a 7 semanas de tratamento
com radiação (5 dias por semana). O implante de pérola intersticial é realizado sob anestesia,
aproximadamente 80 a 100 pérolas são posicionadas com orientação por ultra-som e o paciente
retorna para casa depois do procedimento. As orientações de segurança contra radiação incluem
coar a urina e usar um preservativo durante as relações sexuais por duas semanas depois do
implante para capturar pérolas que podem atravessar a uretra (HARRISON, 2008).
Terapia hormonal é um método utilizado para controlar, em lugar de curar o câncer de
próstata ela suprime os estímulos androgênios para a próstata ao diminuir os níveis plasmáticos
circulantes de testosterona ou ao interromper a conversão em didrotestosterona ou a ligação com
esta, em conseqüência disso o epitélio prostático sofre atrofia (PORTO, 2007).
3.1 Os procedimentos cirurgicos e suas complicações
Ressecção transuretral da próstata é o procedimento mais comum utilizado e pode ser
realizado através de endoscopia. O instrumento cirúrgico óptico é introduzido diretamente na próstata
através da uretra que pode ser então visualizada diretamente. A glândula é removida em pequenas
lascas com uma laça de corte elétrica. Esse procedimento que não requer incisão pode ser utilizado
para glândulas de tamanho variado e é ideal para os pacientes que apresentam próstatas pequenas e
para aqueles considerados como portadores de riscos cirúrgicos ruins (NETTINA, 2003).
Prostatectomia suprapubica, é um método para remover a glândula através de uma incisão
abdominal, é realizada uma incisão na bexiga sendo a próstata removida do plano superior, essa
técnica pode ser utilizada para uma glândula de qualquer tamanho e acontecem poucas
complicações. Prostatectomia perineal, envolve a remoção da glândula através de uma incisão no
períneo, essa conduta é praticada quando outras condutas não são possíveis e é útil para biopsia
aberta. Prostatectomia retropubica é realizada uma incisão abdominal baixa e aborda a próstata entre
o arco púbico e a bexiga, sem adentrar a bexiga, esse procedimento é adequado para grandes
glândulas localizadas na parte alta da pelve (SMELTZER; BARE, 2006).
Incisão transuretral da próstata é empregado no tratamento de HBP, um instrumento é
inserido através da uretra, uma ou duas incisões são feitas na próstata e na cápsula prostática para
reduzir a pressão da próstata sobre a uretra e para diminuir a constrição uretral. Prostatectomia
radical laparoscópica é um método recentemente desenvolvido na França, a conduta laparoscópica
propicia melhor visualização do sitio cirúrgico e das áreas circunvizinhas (SMELTZER; BARE, 2006).
As complicações dependem do tipo de prostatectomia realizada e pode incluir a
hemorragia,formação de coágulos, obstrução da sonda e disfunção sexual. Todas as prostatectomias
comportam um risco de impotência por causa da lesão potencial dos nervos pudendos. Para os
pacientes que não querem interromper a atividade sexual, estão disponíveis opções para produzir
ereções suficientes, implantes de próteses penianas, dispositivos com pressão negativa e fármacos
(SMELTZER; BARE, 2006).
3.2 O enfermeiro contribuindo para o tratamento cirúrgico
A assistência de enfermagem é de grande relevância no hospital para um bom prognóstico,
exercendo função importante na avaliação e cuidado de muitos dos problemas experimentados,
principalmente pelo paciente que recebe quimioterápicos por causa dos efeitos sistêmicos sobre as
células normais e malignas, esses problemas são freqüentemente amplos afetando muitas funções
do organismo.
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O preparo pré-operatório tem inicio com a internação estendendo-se até o momento da
cirurgia, sendo que a internação pode significar para o paciente reclusão, ansiedade, temores e
afastamento dos familiares. O trabalho, a vida diária do paciente é momentaneamente paralisados e
o desconhecimento do tratamento a que será submetido, tudo isso gera stress, insegurança,
desassossego e medo. Muitas vezes o paciente tem medo da morte, durante ou após a cirurgia, tem
medo de não acordar da anestesia, tem medo de perder qualquer parte do corpo ou de sentir dor
durante a cirurgia. Portanto a enfermagem, no pré-operatório a equipe de enfermagem pode
contribuir em reduzir a ansiedade do paciente, em aliviar o desconforto, fornecer instruções de como
será realizado o procedimento cirúrgico e preparar o paciente (SMELTZER; BARE, 2006).
No pós-operatório de um procedimento cirúrgico as principais metas dos cuidados de
enfermagem podem incluir a manutenção do equilíbrio do volume hídrico, alívio da dor e desconforto,
capacidade de realizar as atividades de autocuidado, e ausência de complicações (SMELTZER;
BARE, 2006).
A dor é um sintoma subjetivo em que o paciente exibe sensação de desconforto, devido à
estimulação ou trauma de determinadas terminações nervosas, sendo um dos sintomas mais
precoces que o paciente experimenta. Quando ocorrer a dor a enfermagem deve determinar a causa
e a localização, porque a dor pode esta relacionada com a incisão ou pode ser o resultado da
escoriação da pele no sítio do cateter. Pode esta localizada na área do flanco, indicando um
problema renal, ou pode ser decorrente de espasmos vesicais. Quanto ao alívio da dor após uma
prostatectomia, o paciente é assistido a ficar sentado e a balançar as pernas sobre o lado do leito no
dia da cirurgia (HUTTEL, 1998).
Além dos cuidados que são direcionados ao paciente em ambiente hospitalar, a enfermagem
carece promover o autocuidado, o cuidado domiciliar e o cuidado comunitário através da educação
continuada. Instruindo o paciente/familiar verbalmente ou por escrito sobre a necessidade de manter
e controlar o sistema de drenagem; monitorar o débito urinário; cuidados com a ferida cirúrgica e
estratégias para evitar as complicações, como a infecção, o sangramento, eliminação de coágulos,
redução ou retenção do jato urinário e a trombose (SMELTZER; BARE, 2006).
4. CONCLUSÃO
O estudo buscou registrar e refletir o impacto da doença no paciente e seus familiares, visto
que a enfermagem se trata de uma profissão que tem em sua essência o cuidado, buscamos explorar
as questões relevantes ao processo de cuidar. Fica evidente que o portador da doença e seus
familiares necessitam de esclarecimentos sobre a patologia e sua evolução, visto que o tratamento é
agressivo e prolongado, juntamente com vivencias de desconforto e dor e que a demanda de
cuidados aumentam, acarretando também a sobrecarga do cuidador.
REFERÊNCIAS
BRASIL.INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Disponível em:
http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=339 (Acesso em 27/nov/2009).
GOLDMAN, L; AUSIELO, D. Tratado de Medicina Interna. 22 ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2005. p.
2927.
HARRISON. Medicina interna. 17ª ed. Rio De Janeiro: McGraw-Hill interamericana do Brasil, 2008.
HUTTEL, R. A .H. Enfermagem Médico-Cirúrgica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da Metodologia Cientifica. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2005.
NETTINA, S. M. Prática de Enfermagem. 7 ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
PORTO, C.C., Vademecum De Clínica Médica, 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
SILVA, M.A.P. Prevenção do câncer de próstata. Manoel Antunes da Silva Paul. -Rio de Janeiro,
2008.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica – Brunner & Suddarth.
10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2006.
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