O Conhecimento de idosos sobre a prevenção do Câncer de Próstata The knowledge of old people about the prostate câncer Autores: Fernada Kerles Rocha de Oliveira Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Juridícas de Teresina, Teresina – PI, Brasil. Maria Helena Alencar Trigo Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Juridícas de Teresina, Teresina – PI, Brasil. Tassila de Oliveira Meireles Pessoa Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Juridícas de Teresina, Teresina – PI, Brasil. Helony Rodrigues da Silva Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI,Brasil. Leonardo Wanderley Cavalcante Universidade Federal do Piaui, Teresina-PI,Brasil. Resumo A prevenção em saúde consiste em ações orientadas para que o sujeito não adoeça e possa desfrutar de melhor qualidade de vida, sendo essencial para a promoção do envelhecimento ativo e saudável. Esse estudo qualitativo teve como objetivo descrever o conhecimento de idosos sobre a prevenção do câncer de próstata. Foi desenvolvido com 20 idosos do sexo masculino que são cadastrados na Estratégia Saúde da Família 176, responsável pela assistência da população do bairro Vila Operária em Teresina – Piauí, cuja coleta de dados foi feita por meio de uma entrevista semi-estruturada. Os resultados mostraram que alguns idosos desconhecem os métodos preventivos da patologia; outros, relacionaram a procura de serviços médicos como a forma de prevenção; e na terceira categoria identificou-se que idosos mencionaram os exames e outras formas alternativas para a prevenção. Mediante esses resultados, concluiu-se que a enfermagem deve atuar na socialização das informações e na efetivação de programas que incluam as práticas preventivas para o fortalecimento desse grupo como estratégia no desenvolvimento de ações preventivas, buscando suprir lacunas do serviço de saúde quanto à condução efetiva do auto cuidado e promoção da melhor qualidade de vida do idoso. Palavras- Chave: Idoso. Próstata. Enfermagem Abstract The prevention in health is based on guided actions to prevent the person of getting sick and enjoy a better quality of life, this is essential to provide the healthy and active aging. This qualitative study had as objective to describe the knowledge of elders about the prevention of the prostate cancer. It was developed with 20 male elderly whose are registered in the 176 Family Health Strategy, responsible to attend the population living in the Vila Operária in Teresina – Piaui, which data collection was obtained thru a semi-structured interview. The results has shown that some elderly presented a shortage of knowledge about this pathology; others, related the search of medical services as the way of prevention; and in the third category it was identified that elderly had mentioned the exams and other alternatives for the prevention. By these results, we concluded that the nursery must act in the socialization of the information and on the effectiveness of programs that may include the preventive practices for the strengthening of this group as strategy on the development of preventive actions, trying to supply the lacks of the health service as the effective conduction of the self-care and of the promotion of the better quality of life of the elderly. Keywords: Elderly, Prostate .Nursing Introdução O envelhecimento da população no planeta é uma realidade e estima-se que em 2050 exista cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos e mais, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento. No Brasil, existem, atualmente cerca de 17,6 milhões de idosos. Este envelhecimento é uma resposta à mudança de alguns indicadores de saúde, como a queda da fecundidade e da mortalidade e o aumento da expectativa de vida (1). Em menos de 40 anos, passou-se de um cenário de mortalidade característico de países de população jovem, para um quadro de morbidades complexas e onerosas, típicas da terceira idade, com doenças crônicas-degenerativas de grandes diversidades, com demandas assistências múltiplas e permanentes, doenças que exigem medicamentos contínuos e exames periódicos e freqüentes, impondo desafios para o governo, para iniciativa privada e para a sociedade como um todo, exigindo estabelecimento de novos modelos de gestão e de assistência capazes de atender as demandas crescentes (2). A proporção de idosos no Piauí segue a tendência nacional, onde eles já somam 251.551 (8,66%) dos 2.904.389 habitantes, sendo que na zona urbana o percentual destes é um pouco superior a 8,71%. Em Teresina, a estimativa total supracitada corresponde a 715.360, sendo distribuídos entre mulheres (380.109) e homens (335.251). Já no bairro Vila Operária, localizado na 2 capital do Piauí, existem 3.237 habitantes, no qual 1.376 são do sexo masculino e 1.861 do sexo feminino. E dessa população, 487 são idosos, sendo 142 do sexo masculino (3). Atendendo a essa demanda, o governo federal em consonância com a Política Internacional, vem construindo políticas públicas dirigidas a essa clientela, e em 1999 criou a Política Nacional do Idoso, em 2003 o Estatuto do Idoso representando um grande avanço na legalização da atenção integral a pessoa idosa, pois o envelhecimento saudável é um direito pessoal e sua proteção um direito social (4). Portanto, o acelerado envelhecimento populacional passa a ser uma problemática de saúde pública preocupante, pois é um fenômeno que certamente desencadeará demandas sociais e assistenciais em breve espaço de tempo, e exigirá a implementação de políticas públicas de assistência, educação e pesquisa, com a conseqüente ampliação da produção de conhecimentos em todas as áreas inclusive, da Enfermagem (5). Dentre as demandas assistenciais nessa faixa etária encontram-se as doenças crônicodegenerativas e compondo esse quadro destaca-se o câncer de próstata de alta incidência na população idosa, considerado o sexto tipo de câncer mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total dos cânceres existentes. O número de casos novos de câncer de próstata estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 52.350. Estes valores correspondem a um risco estimado de 54 casos novos a cada 100 mil homens (6). Algumas pesquisas têm mostrado uma maior susceptividade dos homens às doenças, sobretudo as enfermidades graves e crônicas, e que eles morrem mais precocemente, o Ministério da Saúde lançou em agosto do ano 2009, a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem, com o intuito de promover a melhoria das condições de saúde da população masculina, buscando maior interação desta com os serviços de saúde e reduzindo, de modo efetivo, a morbidade e mortalidade (7,8-9). Diante a essa situação, pode-se relatar que o conhecimento da patologia e o acesso aos serviços preventivos e de diagnósticos são considerados pontos importantes na prática preventiva do câncer de próstata. Dessa forma, conhecendo-se a evolução da neoplasia prostática, os métodos de diagnóstico precoce, a doença pode ser detectada em uma fase inicial e com isto, na maioria das vezes, apresentar melhor prognóstico. Por isso, é de suma importância a função da (o) enfermeira (o) na assistência integral a pessoa idosa que tem na sua atuação primordial a promoção em saúde, sendo um dos instrumentos fundamentais na dimensão biopatológica, como também na social, emocional e cultural, respeitando as individualidades e as questões de gêneros. 3 Durante a realização do estágio supervisionado da disciplina Saúde Coletiva no Centro de Saúde Cidade Verde com a Estratégia de Saúde da Família (ESF) 176, responsável pela assistência à população do bairro Vila Operária, nos chamou atenção o número de idosos atendidos pela equipe, sendo 487 idosos e destes 142 são do sexo masculino. E também, a experiência familiar de uma das discentes com o câncer de próstata. Com isso, veio à afinidade de trabalhar com esse grupo etário e ampliar os conhecimentos na área de gerontologia. A pesquisa teve como objetivo descrever o conhecimento de idosos sobre a prevenção do Câncer de Próstata. Metodologia Compreende a metodologia como um conjunto de operações que devem ser sistematizadas e trabalhadas em coerência com: clareza na colocação do problema, atendimento aos objetivos preestabelecidos, consistente no referencial teórico, escolha adequada dos instrumentos ou técnicas de pesquisa, definição de um cronograma de atividades, coleta e análise dos dados e conclusão(10). Para o desenvolvimento dessa pesquisa realizou-se um estudo descritivo de abordagem qualitativa, por se tratar de um processo de análise da realidade para compreensão do objeto de estudo. Nesse sentido, o autor, aborda que o método qualitativo se adequa ao estudo das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam(11). O cenário do estudo foi realizado na Unidade de Saúde de Atenção Básica, que serve de base para a Equipe 176 da ESF e tem como território assistencial o Bairro Vila Operária, na zona norte do Município de Teresina. A escolha deste cenário se deu em decorrência do estágio supervisionado na disciplina de Saúde Coletiva, pelo CEUT no segundo semestre do ano de 2008.2, com isso, houve o conhecimento da unidade e uma maior aproximação das discentes com a equipe. A ESF 176, atualmente, apresenta 487 idosos, dos quais 142 são homens, e destes foram selecionados 20 sujeitos para as entrevistas, sendo que os critérios de inclusão dos sujeitos eram idosos do sexo masculino, com faixa etária de 60 anos e mais, orientados, boa condição de deambulação e que são cadastrados na equipe. Para o levantamento de dados, utilizou-se uma entrevista individual e semi-estruturada. Durante sua aplicação, as falas foram gravadas com um gravador digital e logo em seguida 4 transcritas integralmente. Antes da respectiva coleta de dados, os participantes assinaram o Termo de Consentimento e Livre Esclarecimento, conforme preconizado pela Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) de número 196, de 10 de outubro de 1996, confirmando a sua voluntariedade, anonimato e interesse em colaborar com a pesquisa. Assim, a identificação dos participantes se deu através de uma numeração de ordem. Ex.: Depoente 01, Ex.: Depoente 02, Ex.: Depoente 03, etc. Os dados foram coletados nos dias 16, 22 e 23 de abril do ano corrente, na ocasião entrevistou-se 20 idosos do sexo masculino, no qual as discentes juntamente com os agentes de saúde da equipe foram até as residências destes. A análise de dados deu-se a partir dos seguintes critérios: repetição dos depoimentos, clareza e especificidade das respostas dadas. Durante o trabalho de categorização dos depoimentos, identificou-se os seguintes grupos empíricos: categoria 01- Conhecimento dos idosos sobre a prevenção do Câncer de Próstata: Sei que existe, mas não sei os detalhes; Categoria 02 - Na busca da prevenção do Câncer de Próstata: quem decide o que fazer é o médico; Categoria 03 - Como prevenir o Câncer de Próstata: fazendo exames, melhorando minha alimentação e procurando me informar. Após essa etapa, as informações obtidas foram confrontadas com literatura pertinente ao assunto. Considerações éticas O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade Integral Diferencial (Facid), em abril/ 2010. (protocolo n° 008/10). Resultados Caracterização dos sujeitos Dentre os sujeitos estudados nessa pesquisa, as idades variaram de 62 a 88 anos, sendo que a média de idade dos participantes foi de 74,1 anos. Quanto ao estado civil, (1/20) é divorciado, (3/20) são solteiros, (6/20) são viúvos, (10/20) são casados. No que se refere a profissão, (1/20) é comerciante, (1/20) é agente administrativo, (1/20) é músico, (17/20) são aposentados. Já no quesito escolaridade, (1/20) estudaram até o ensino superior completo, (2/20) estudaram até o ensino médio completo, (5/20) são analfabetos, (12/20) estudaram até o ensino fundamental incompleto. Categoria 01 - Conhecimento dos idosos sobre a prevenção do Câncer de Próstata: Sei que 5 existe, mas não sei os detalhes Nessa unidade os sujeitos demonstram escassez do conhecimento sobre a prevenção da patologia, podendo decorrer da falta de efetivação dos programas específicos voltados à saúde do homem, como a promoção e prevenção de agravos. Ilustram esses aspectos os seguintes depoimentos: “Sei que tem ..mais ,é como eu to dizendo ,eu nunca ,procurei mais. Sei não...eu sei não...sei que existe tudo, mais não sei os detalhes.” (Depoente 14) “Sei que existe prevenção...eu nunca fiz não...eu já ouvi falar mas não sei explicar sobre isso não.” (Depoente 10) De acordo com as falas dos sujeitos, a escassez de conhecimento sobre a prevenção do câncer de próstata, provavelmente, é advinda não somente da falta de conhecimento sobre a patologia, mas por ainda não haver a implantação, nos serviços de saúde, dos programas específicos existentes direcionados a população masculina. Dessa forma tal pensamento vai de encontro a discussão realizada pelo autor, afirma que os homens procuram menos os serviços de saúde do que as mulheres e, este acesso deveria ser estendido a todas as pessoas independentemente de gênero. Refere também que os serviços de saúde são poucos aptos em absorver a demanda apresentada pelos homens, pois sua organização não estimula o acesso destes ao serviço e as próprias campanhas de saúde pública não se voltam para este segmento populacional. Complementa ainda que a ausência dos homens nos serviços de saúde justificam pela vergonha da exposição do seu corpo perante o profissional de saúde, particularmente a região anal, no caso de prevenção ao câncer de próstata, sendo um grande fator que impede a procura a unidades de saúde(12). O profissional de saúde deve além de se atentar para as barreiras que dificultam o homem a buscar os serviços de saúde como também quanto a heterogeneidade das possibilidades de ser homem, uma vez que, a masculinidade é construída historicamente e sócio-culturalmente e a significação da mesma é um processo em permanente construção e transformação. Os autores complementam ainda que a promoção da equidade na atenção a população masculina é de fundamental importância para tal compreensão, assim , produzir ações de saúde ao homem pressupõe considerá-lo como sujeito desse processo, de modo a salientar para as diferenças em relação a idade, condição socioeconômica , étnico-racial e a orientação sexual e identidade de 6 gênero não hegemônica(13). Pôde-se observar, também, entre os depoentes que os mesmos apresentaram baixa escolaridade, podendo ser um fator de grande relevância para o desconhecimento da patologia. Os discursos dos entrevistados abaixo relatam claramente esta questão: “Minha fia... eu mermo, eu não sei não, não sei de jeito nenhum. ai sei que tem Ai eu tou neutro. O que é minha fia?” (Depoente 04) Com base nisso, há autores que associam a falta de informação sobre a prevenção e tratamento câncer, ao baixo grau de escolaridade e apontam ainda que a desinformação atinge em maior intensidade a população masculina com menor nível de escolaridade e poder socioeconômico (14). Categoria 02 – Na busca da prevenção do Câncer de Próstata: quem decide o que fazer é o médico Para alguns idosos entrevistados, a prevenção do Câncer de Próstata está estreitamente relacionado à procura do atendimento médico, o que pode ser constatado nas seguintes falas: “Sempre ir ao médico pra fazer os exames.”(Depoente 11) Ao conceituar prevenção em saúde, refere que esse termo se relaciona a uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural, a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença. Assim, falar de prevenção implica, obrigatoriamente, em fazer referência aos fatores casuais ou predisponentes. É sobre esses fatores que incide o nível de prevenção primária, sendo de extrema importância a orientação, como por exemplo, ações de uso de imunizações específicas, uso de alimentos específicos, proteção contra substâncias carcinogênicas, dentre outras ações(15). O autor retrata que o modelo proposto por Leavell e Clark classifica as ações preventivas em três níveis: primário, secundário e terciário. A prevenção primária é composta por dois níveis, promoção de saúde e proteção específica, nos quais existe uma série de ações já no período prépatogênico, por exemplo, a adoção de hábitos saudáveis. A prevenção secundária, que inclui o diagnóstico e o tratamento precoce, além da limitação da invalidez, permite que aquelas pessoas porventura não tenham sido protegidas sejam corretamente diagnosticadas e tratadas, uma vez que se tem claro que tal atitude favorece o prognóstico. Já na prevenção terciária, a incapacidade do paciente se torna definitiva, procurando todas as maneiras possíveis de readaptar o indivíduo na sua 7 comunidade para que desempenhe o máximo de suas atividades e consiga ter de volta a sua autonomia(16). Nesse sentido, as intervenções preventivas podem ser tradicionalmente médicas, como a solicitação da realização exames preventivos ou tratamento com quimioterápicos, ou, ainda envolver intervenções educativas sobre mudanças de estilo de vida, sendo necessário envolver o indivíduo com informações relevantes para que se insira ativamente e possa incoporar hábitos preventivos (17). “Prevenção...é procurar...prevenção primeiro é procurar um médico pra se consultar e o médico é que da difinição ne?” (Depoente 02) “... então, só o medico que sabe mermu né...é isso ai.”(Depoente 08) Ainda nessa categoria, pôde-se observar que a figura do médico é vista como o único profissional da saúde que pode interferir na prevenção da patologia, em detrimento dos demais profissionais, inclusive o enfermeiro. A participação efetiva dos enfermeiros nos programas de educação comunitária para adoção de hábitos saudáveis de vida (dieta rica em fibras e frutas e pobre em gordura animal, atividade física e controle do peso ) e profissional é de extrema importância, pois estes são considerados o principal disseminador das informações de saúde pertinentes ao câncer de próstata(18). Com isso, cabe aos profissionais de saúde estarem capacitados e atualizados para orientar os homens que procuram uma unidade básica de saúde em busca de orientações e exames para detecção precoce do câncer de próstata. Categoria 03 – Como prevenir o Câncer de Próstata: fazendo exames, melhorando minha alimentação e procurando me informar No que se refere ao conhecimento de exames acerca da prevenção do câncer de próstata, foi mencionado entre os entrevistados o Exame Retal Digital (ERD) e o Antígeno Prostático Específico (PSA) Dos vinte idosos estudados, observa- se que oito deles comentam sobre o conhecimento de exames para a prevenção da patologia, o que corresponde a 40% do total dos sujeitos. Ilustram esses aspectos os seguintes depoimentos: “Fazer o PSA, fazer o toque, pra ver se a glândula está normal ou pelo menos dentro das expectativas de acordo com a idade de cada um... né isso?! A prevenção é hoje...a...a que eu venho fazendo e realizando é essa: é o PSA, que é feito no sangue e o toque, que é feito lá...lá no consultório 8 médico faz.....né isso?!São só essas duas que eu...eu...eu tenho conhecimento e que venho fazendo desde os 45 até hoje.” (Depoente 20) A fala do depoente 20 reflete o conhecimento da prevenção do Câncer de Próstata, quando o mesmo ressalta sobre os exames, PSA e o ERD, no qual ainda menciona sobre a glândula prostática e a freqüência da realização da prevenção a partir dos 45 anos, é o que recomenda a Sociedade Brasileira ,que em homens sem história familiar para o câncer de próstata, já os homens com história familiar é acima de 40 anos, que façam os exames periódicos para a detecção precoce da patologia. Também, constatou-se que o sujeito apresenta um grau de escolaridade elevado (Ensino Superior Completo) em relação aos demais entrevistados, e como já foi citado na categoria 01, a escolaridade pode influenciar no conhecimento da prevenção(19). O ERD ou toque retal é um procedimento clínico em que o médico especialista introduz o dedo indicador, recoberto por uma luva, no ânus do paciente, afim de palpar a porção anterior do reto, região em que se localiza a próstata. O profissional avalia o tamanho, o formato, a consistência da glândula, observa a sensibilidade à dor na próstata à palpação, assim como, também, a presença e a consistência de qualquer nódulo. O ERD é o teste mais utilizado, apesar de suas limitações, uma vez que, somente as porções posterior e lateral da próstata podem ser palpadas, deixando 40% a 50% dos tumores fora do seu alcance. Quando utilizado em associação à dosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA) com valores entre 1,5 ng/ml e 2,0 ng/ml, sua sensibilidade pode chegar a 95%, ou seja, apresentando um diagnóstico mais preciso (20-21). Ainda sobre os exames de detecção precoce do câncer de próstata, a dosagem sérica do PSA surgiu como teste promissor. A glândula prostática produz uma substância chamada antígeno prostático específico, que pode ser mensurado em uma amostra de sangue no qual o (PSA) sérico pode estar alterado no câncer de próstata ou em outras patologias como a prostite e a hiperplasia benigna da próstata (HBP) assim como após a ejaculação e a realização de uma citoscopia. Segundo a Sociedade de Urologia, considera-se atualmente que o valor normal varia de 2,5 ng/ml para pacientes em torno de 50 anos e de 4,0 ng/ml aos de 60 anos (19-21). Em nosso estudo, observou- se que dois idosos entrevistados referiram o fato da realização do ERD não interferir na masculinidade. Aponta que frente ao exame digital, os homens podem apresentar resistência e constrangimento porque tal procedimento viola a masculinidade, em sua condição de ser ativo(22). Assim, o autor considera que a resistência pode surgir porque os homens podem ver o toque retal como algo que conspiraria contra a noção de masculino. Observa ainda que os estudos voltados para a temática não tocam na questão da masculinidade como fator impeditivo 9 para realização do exame de toque retal. Como diz os sujeitos entrevistados: “Sempre faço exame, já tenho levado muito toque ...risos..saúde da gente, a gente tem que da a vida... se é para fazer o exame certo, isso ai é que não vai tirar a masculinidade de cidadão nenhum.’’(Depoente 06) “Bom, a prevenção assim, só sobre os exames né...porque eu sempre eu faço , uma vez , duas por anos né ..é que eu vejo muita gente que diz ter medo de fazer ai, é uma uma ...eu acho até uma ignorância né...porque a gente hoje no mundo eu que nos tamo nos tamo que tá bem prevenido.’’ ( Depoente 07 ) As barreiras culturais são representadas pelos estereotipos de gênero enraizados há séculos em nossa cultura, as quais potencializam práticas baseadas em crenças,valores, do que é ser masculino. Nessa ótica, a doença é considerada como um sinal de fragilidade, que os homens não reconhecem como inerentes a sua própria condição biológica, assim, jugam se invulnerável. Em conseqüência, acabam cuidando menos de si e se expondo a situação de risco(13). Seguindo na discussão dessa categoria, observou-se que os idosos além de mencionarem a respeito dos exames sobre o conhecimento da prevenção do câncer de próstata, ainda apontaram os hábitos dietéticos e a busca da informação em programas televisivos sobre a prevenção da doença. A fala do entrevistado é bastante ilustrativa: “... eu vejo mais pela televisão, e eu vou assistindo na televisão e me preparando, como sempre. é, é ...sobre a outra parte , eu vejo sempre na televisão de alimentação, eu gosto muito de seguir aquilo que eu vejo, eu assisto os programas é...deixa eu ver...sobre alimentação, frutas, prevenir com melancia, tomates, essas coisas assim...eu sempre vou acompanhando.” (Depoente 01) Entretanto, nota –se que a adoção de hábitos saudáveis pode evitar o aparecimento de doenças, dentre as quais o câncer de próstata. Pesquisas epidemiológicas, mostram que adoção de hábitos dietéticos possam influenciar na redução da prevalência da doença, como, por exemplo, a alimentação pobre em gorduras saturadas, principalmente de fontes de animais, a ingestão abundante de tomate e seus derivados, ricos em licopeno, que parece reduzir em 35% os riscos para a patologia, além da suplementação alimentar com vitamina E e selênio(21-23). Ainda nesse encontro de pensamento, o cenário pela busca de informação na imprensa televisiva sobre a prevenção da neoplasia prostática é de fundamental importância para a população, sendo este um meio de comunicação bastante influente e de fácil acesso, tornando um pressuposto 10 que interfere na adoção de práticas preventivas. Considerar esses e outros aspectos mencionados como, o conhecimento da prevenção para o câncer de próstata relacionados aos exames em associação com hábitos dietéticos é de suma importância para o diagnóstico precoce de medidas preventivas mais efetivas, evitando o aparecimento de doenças, dentre as quais o câncer de próstata. Referências Bibliográficas 1.Brasil. Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Caderno de Atenção Básica nº 19, 2006. 2.VERAS, R.P. Envelhecimento Populacional e as Informações de Saúde do PNAD: Demandas e desafios Contemporâneos. Caderno de Saúde Pública 2007; 23(10) 2007. 3.Brasil. Presidência da República. Censo Demográfico 2000. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Piauí, 2000. 4.Brasil. Presidência da República. Estatuto do Idoso. Lei nº 10.74, 01 de Outubro de 2003. Brasilia, 2003. 5.FIGUEIREDO, M.L.F; Monteiro, C.F.S; Nunes, B.M.V.T; LUZ, M.H.B.A. Educação em saúde e mulheres idosas: promoção de conquistas políticas, sociais e em saúde. Escola Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (3): 458-63. 6.Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativas 2010: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2009. 7.LAURENTI, R.; MELLO-JORGE, M.H.P; GOTLIEB, S.L.D. Perfil epidemiológico da morbimortalidade masculina. Ciência Saúde Coletiva, 2005, 10:35-46. 8.COUTERNAY, W. H. Constructions of masculinity and their influence on men´ s well-eing: a theory of gender and health . Soc Soci Med, 2000,50:1385-401 9.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção á Saúde . Departamento de Acões Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral á Saúde do Homem: Princípios e Diretrizes. Brasilia,2008. 10.OLIVEIRA, M.M. Como fazer pesquisa qualitativa. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. 11.MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde.11° ed. São Paulo: Hucitec, 2008. 12.GOMES, R. Sexualidade masculina e saúde do homem: proposta para uma discussão. Ciência Saúde Coletiva, 2007. 13.SCHRAIBER, L.B; GOMES, R; COUTO, M.T. Homem e saúde na pautada Saúde Coletiva. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro,v.10, n. 1, p.7-17, 2005. 11 14.LUCUMÍ-CUESTA, D.I; CABRERA-ARANA,G.A. Creencias de hombres de Cali, Colombia, sobre el examen digital rectal: hallazgos de un estudio exploratório. Caderno de Saúde Pública, 2005; 21(Supl 5): 1491-1498. 15.CZERESNIA, D.; FREITAS, C.M. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. 2 ed. rev. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009. 16.LITVOC, J.; BRITO, F.C. Envelhecimento: Prevenção e Promoção da Saúde. 1° Ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004. 17.CZERESNIA, D. Ações de promoção à saúde e prevenção de doenças: o papel da ANS. 2003. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/portal/upload/TTAS02Dczeresnia/acoespromocaosaude> Acessado em 18 maio 2010 às 21:00h. 18.Brasil. Ministério da Saúde. Ações de Enfermagem para o controle do câncer: uma prospectiva de integração ensino-serviço. 3°ed. Rio de Janeiro: INCA, 2008. 19.SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA. Câncer de próstata. Rio de Janeiro. 2008. Disponível em: < http://www.sbu.org.br> acessado em 28 de setembro às 21h. 20.ZELMANOWICZ, A.M. ABC da Saúde. Câncer de próstata-Detecção Precoce. 2001. Disponível em: <http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?123> Acessado em 15 de jan de 2010 às 22h. 21.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância – Conprev. Câncer da próstata: consenso. Rio de Janeiro: INCA, 2002. 22.NASCIMENTO, M.R. Câncer de próstata e masculinidade: motivações e barreiras para a realização do diagnóstico precoce da doença. 2005. Disponível em: <http://www.abesp.nepo.unicamp.br> Acessado em 20 de maio de 2010 às 8:00h. 23.NASCIMENTO, F.E; ARAUJO, C.F; REBELO, S.F.E.L; GOMES, R. A prevenção do câncer de próstata: uma revisão da literatura. Rio de Janeiro, 2006. 12