Segundo foco de ferrugem surge em Mato Grosso PÁGINA 2 economia [email protected] Mais de 69% das indústrias têm alguma dívida PÁGINA 3 A GAZETA - 1C CUIABÁ, SÁBADO, 17 DE NOVEMBRO DE 2012 DOMÉSTICAS Levantamento aponta que minoria conta com direitos trabalhistas e situação pode piorar 74% estão na informalidade SILVANA BAZANI DA REDAÇÃO Mato Grosso possui atualmente 106 mil empregados domésticos, sendo que 79 mil deles ou 74,52% atuam na informalidade, conforme revela o Retrato do Emprego Doméstico no Estado de Mato Grosso, elaborado pelo Instituto Doméstica Legal com base nos dados do PNAD/IBGE. Levantamento realizado pela mesma entidade aponta que nos 2 últimos anos foram extintos 39 mil postos de trabalho nessa área no Estado, reduzindo de 145 mil em 2009 para os atuais 106 mil. Previsão é que a partir de 2013, quando deve ser aprovada a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 478/2010 que altera a lei dos empregados domésticos, ocorram 200 mil demissões em todo país e consequente estímulo à informalidade, diz o presidente do Instituto Doméstica Legal, Mario Avelino. Favorável à mudança na legislação para equiparação dos direitos dos trabalhadores domésticos aos dos demais trabalhadores, Avelino alerta para a necessidade de se modificar concomitantemente a redução dos custos para o empregador. Uma das propostas do Instituto é baixar o percentual de contribuição previdenciária para o trabalhador de 12% para 4% e reverter a diferença (8%) para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “A PEC das domésticas é justa, merecida, mas contanto que se reduza o custo para o empregador, caso contrário o que vai haver é o aumento das demissões e da informalidade”. No dia 07 de novembro foi aprovada a criação da Comissão da PEC 478/2010 na Câmara dos Deputados. Depois de apreciada pelos deputados federais, a proposta segue para o Senado e, se aprovada, para a sanção da presidente Dilma Roussef. Expectativa do Sindicato dos Empregados Domésticos do Estado de Mato Grosso é que a aprovação definitiva aconteça ainda no primeiro semestre de 2013, diz a presidente do Sindicato, Wilza Sodré Farias de Almeida. Ela concorda que a união dos trabalhadores domésticos e empregadores irá fortalecer a reivindicação para a adequação na legislação. Projeto de Lei foi gerado em Mato Grosso e está em discussão desde 2010, acrescenta a presidente. Entre as principais alterações estão a definição de jornada diária de 8 horas, folga durante os feriados, férias remuneradas, 13º salário, recolhimento de FGTS e contribuição previdenciária. Para as trabalhadoras que atuam como diaristas, a nova lei prevê que o atendimento 3 vezes por semana num único domicílio seja caracterizado como vínculo empregatício formal. Atuando há 7 anos como diarista, a trabalhadora Eire da Costa, 23, diz que atualmente se divide na função entre duas residências. “Numa delas trabalho 3 vezes por semana, pela manhã ou à tarde, e na outra trabalho o dia todo”. Diz que pelo trabalho semanal recebe menos de um salário mínimo. “Trabalho como diarista há 7 anos, nunca recebi 13º salário e nem férias, porque nunca trabalhei com carteira assinada”. Para melhorar as condições de vida, pretende começar uma faculdade no próximo ano. No caso da trabalhadora doméstica Sandra Fidalgo da Silva, 32, a opção foi por não ser registrada no atual emprego. “Trabalho de segunda a sábado, das 7h às 17h30, há 7 meses, mas recebo as férias e o 13º salário”. Remuneração ficou assegurada em pouco mais de um salário mínimo, diz. “A principal dificuldade é não ter FGTS, seguro desemprego, mesmo que a gente trabalhe dez anos numa mesma casa”. Hoje, das 14h às 17h, na sede da AMM haverá debate sobre os direitos e deveres dos empregados domésticos, sob o tema “Regularize a sua empregada doméstica” Marcus Vaillant/Arquivo Empregadas domésticas contarão com maior respaldo a partir de 2013 caso nova lei seja sancionada pela presidente