PROBLEMAS DE OPTIMIZAÇÃO EXTREMOS: MÁXIMOS E MÍIMOS As questões de optimização estão relacionados com a escolha da melhor alternativa para a resolução de um problema com base em critérios particulares. Os critérios de selecção mais usados na maioria das ciências são a maximização e a minimização, e.g., maximização dos lucros de uma empresa, minimização dos custos para produzir um determinado artigo. Dada uma função objectivo y = f (x ) , os extremos podem ser classificados de várias formas: Extremos relativos: máximos e mínimos relativos; Extremos absolutos: máximos e mínimos absolutos ou globais. Pode acontecer a não existência de extremos e.g., função constante. TESTE DA 1ª DERIVADA O cálculo da 1ª derivada ou da derivada de 1ª ordem é fundamental para determinar os extremos de uma função y = f (x ) . Definição: Diz-se que c é um ponto crítico de uma função f se f ' ( c ) = 0 ou se f ' ( c ) não existe. Se um extremo relativo ocorre em x = x0 , então ou f ' (x0 ) = 0 ou f ' (x0 ) não existe. Neste 2º caso (ver Figura 1), ambos os pontos A e B representam 18 y y A B + B O + A x O Figura 1 x x1 x2 Figura 2 extremos relativos de y, no entanto as derivadas não estão definidas nesses pontos agudos. Daqui para a frente vamos excluir esta situação supondo que y = f (x ) é contínua e possui derivadas contínuas. Na figura 2, A e B representam valores extremos, respectivamente um mínimo e um máximo ( f ' (x1 ) = 0 e f ' (x 2 ) = 0 ). Assim, se a primeira derivada de uma função f (x ) no ponto x = x0 é f ' ( x0 ) = 0 , então o valor da função nesse ponto f ( x0 ) é: um máximo relativo, um mínimo relativo, ou então não é nem um máximo nem um mínimo (ponto de inflexão). Quando possui o mesmo sinal em ambos os lados do ponto x0. Se f ' (a ) > 0 , então f (x ) é crescente em x = a . Se f ' (a ) < 0 , então f (x ) é decrescente em x = a . Exercícios 1. Achar os extremos relativos da função y = f (x ) = x 3 − 12 x 2 + 36 x + 8 Resolução: f ' (x ) = 3 x 2 − 24 x + 36 . Para acharmos os valores críticos, i.e., os valores de x quando f ' (x ) = 0 , igualamos a zero a função derivada quadrática obtendo a equação quadrática: 3x 2 − 24 x + 36 = 0 . Resolvendo a equação do 2º grau, vem que x1 = 2 ( f ' (2) = 0, f (2) = 40 ), x 2 = 6 ( f ' (6 ) = 0, f (6) = 8 ). 19 É fácil verificar que f ' (x ) > 0 para x < 2 e que f ' (x ) < 0 para x > 2 na vizinhança imediata de x=2, portanto o valor correspondente da função f (2 ) = 40 é um máximo relativo da função. Analogamente, já que f ' ( x ) < 0 para x < 6 e f ' ( x ) > 0 para x > 6 na vizinhança imediata de x=6, o valor da função f (6) = 8 é um mínimo relativo. 2. Achar o extremo CM = f (Q ) = Q − 5Q + 8 . relativo da função de custo médio 2 Resolução: f ' (Q ) = 2Q − 5 , igualando a 0 obtemos a equação linear 2Q − 5 = 0 que possui a raiz única Q1 = 2,5 . Para realizarmos o teste da 1ª derivada, vamos achar os valores da derivada em Q = 2,4 e Q = 2,6 . f ' (2,4 ) = −0,2 < 0 e f ' (2,6 ) = 0,2 > 0 . Podemos concluir que o valor estacionário CM = f (2,5) = 1,75 representa um mínimo relativo e também absoluto. 3. Encontre os valores estacionários das seguintes funções (verifique se são máximos, mínimos ou pontos de inflexão. O domínio é IR. a) y = −2 x 2 + 8 x + 7 b) y = 3x 2 + 3 c) d) y = 3x 2 − 6 x + 2 2 y = 5x + x 20 TESTE DA 2ª DERIVADA As derivadas de ordem superior nomeadamente de 2ª ordem possibilitam desenvolver critérios alternativos para localização dos extremos relativos de uma função. A derivada de 2ª ordem pode ser representada por: f ' ' (x ) ou d2y . dx 2 Se derivar a 2ª derivada obtenho a 3ª e assim por diante. Exemplo y = f ( x ) = 4 x 4 − x 3 + 17 x 2 + 3 x − 1 f ' ( x ) = 16 x 3 − 3 x 2 + 34 x + 3 f ' ' ( x ) = 48 x 2 − 6 x + 34 f ' ' ' ( x ) = 96 x − 6 f (4 ) ( x ) = 96 f (5 ) ( x ) = 0 Se pretender por exemplo conhecer o valor de f ' ' (x ) no ponto 0, fica f ' ' (0 ) = 34 Se f '' (a ) > 0 , então f (x ) tem concavidade para cima em x = a . Se f ' ' (a ) < 0 , então f ( x ) tem concavidade para baixo em x = a . Exercícios 4. Calcular as primeiras 4 derivadas da função racional y = g (x ) = x , ( x ≠ −1) 1+ x Podemos tirar conclusões em relação à curvatura de uma determinada função num ponto se conhecermos as 1ª e 2ª derivadas nesse ponto. 21 Se em x = x1 f ' ( x1 ) > 0 f ' ' ( x1 ) < 0 x = x2 f ' (x2 ) = 0 f ' ' (x 2 ) < 0 ponto B x = x3 f ' ( x3 ) < 0 f ( x3 ) < 0 ponto C x = x4 g ' (x4 ) < 0 g ' ' (x4 ) > 0 ponto D x = x5 g ' ( x5 ) = 0 g ' ' (x5 ) > 0 ponto E x = x6 g ' (x6 ) > 0 g ' ' (x6 ) > 0 ponto F '' ponto A Figura 1 O teste da 2ª derivada para um extremo relativo diz que se a primeira derivada de uma função f no ponto x = x0 é f ' (x0 ) = 0 , então o valor da função nesse ponto f (x0 ) é, a) um máximo relativo se f ' ' (x 0 ) < 0 b) um mínimo relativo se f ' ' (x 0 ) > 0 c) se f ' ' ( x0 ) = 0 , nada se pode concluir 22 Exercícios 5. Achar o extremo relativo da função y = f (x ) = 4 x 2 − x . Resolução: f ' (x ) = 8 x − 1 f '' (x ) = 8 Igualando f ' (x ) a 0 e resolvendo a equação resultante, achamos o valor crítico (único) x = 1 8 1 1 que gera o valor estacionário (único) f = − e 8 6 já que a segunda derivada é positiva (para todo o x), o extremo achado é um mínimo. 6. Achar os extremos relativos da função y = g (x ) = x 3 − 3x 2 + 2 . Resolução: Calculando as 1ª e 2ª derivadas, g ' (x ) = 3 x 2 − 6 x g ' ' (x ) = 6 x − 6 Igualando g ' (x ) a 0 e resolvendo a equação quadrática, obtemos os valores críticos x1 e x 2 . 3 x 2 − 6 x = 0 ⇔ x1 = 0 ∨ x 2 = 2 que por sua vez geram os dois valores estacionários g (0) = 2 (um máximo porque g ' ' (0) = −6 < 0 ) e g (2) = −2 (um mínimo porque g ' ' (2) = 6 > 0 ) ESBOÇO DE GRÁFICOS Alguns passos fundamentais a seguir para esboçar um gráfico: 23 1. A partir de f (x ) , calcular f ' (x ) e f ' ' (x ) . 2. Localizamos em seguida todos os pontos de máximo e mínimo relativos fazendo em seguida um esboço parcial. 3. Estudamos a concavidade de f (x ) e localizamos todos os pontos de inflexão (quando f ' ' (x ) = 0 ). 4. Outras propriedades do gráfico como por exemplo as intersecções com os eixos dos xx e yy. Exercícios 7. Esboce o gráfico de uma função f (x ) que tenha as seguintes propriedades: i) f (3) = 4 ; ii) f ' (x ) > 0 para x < 3, f ' (3) = 0 e f ' (x ) < 0 para x > 3 8. Esboce o gráfico de uma função f (x ) que tenha as seguintes propriedades: i) (2,3), (4,5) e (6,7) são pontos do gráfico ii) f ' (6) = 0 e f ' (2 ) = 0 iii) f '' (x ) > 0 para x < 4, f ' ' (4 ) = 0 e f '' (x ) < 0 para x > 4 24 1 4 9. O gráfico da função quadrática f (x ) = x 2 − x + 2 é uma parábola e, portanto, tem um extremo relativo. Encontre esse ponto e esboce o gráfico. 10. Localize todos os extremos relativos no gráfico da função f ( x ) = x 3 − 3 x 2 + 5 . Verifique a concavidade nesses pontos e utilize essa informação para esboçar o gráfico de f (x ) . 1 3 11. Esboce o gráfico de y = − x 3 + 3x 2 − 5 x . 1 6 3 2 12. Esboce o gráfico de f (x ) = x 3 − x 2 + 5 x + 1 . QUESTÕES DE OPTIMIZAÇÃO EM UMA VARIÁVEL FUÇÕES COM Uma das mais importantes aplicações do conceito de derivada está nos problemas de optimização, nos quais alguma quantidade pode ser maximizada ou minimizada. Estas aplicações podem ser utilizadas na maioria das áreas do conhecimento e.g., uma companhia aérea pretende decidir o número de voos diários entre duas localidades para maximizar os lucros; um médico pretende conhecer a quantidade mínima de droga que produzirá o efeito desejado nos seus pacientes; um fabricante precisa determinar a frequência com que equipamentos devem ser substituídos de forma a minimizar os custos de manutenção. O objectivo passa por encontrar ou construir uma função que corresponda a um “modelo matemático” para o problema. Depois a partir do gráfico dessa função teremos possibilidade de responder ao problema de optimização. 25 Exercícios 13. Encontre valor f ( x ) = 2 x − 15 x + 24 x + 19 para x ≥ 0 . 3 o mínimo da função 2 14. Uma pessoa quer plantar um jardim rectangular ao longo de um dos lados da casa e construir uma cerca nos outros três lados do jardim. Encontre as dimensões do maior jardim que pode ser cercado, utilizando 40 metros de cerca. Nos anos recentes, as decisões económicas têm sido cada vez mais orientadas pela matemática. Em face de uma enorme quantidade de dados estatísticos, dependendo de centenas de diferentes variáveis, os analistas de negócios e economistas tem recorrido à ajuda de métodos estatísticos para descrever e compreender o que está a acontecer, prever os efeitos das várias políticas e para decidir estratégias razoáveis dentro de um enorme número de possibilidades. Entre os métodos utilizados está o Cálculo. Vamos de seguida estudar algumas destas aplicações do cálculo aos negócios e à economia. Estas aplicações vão estar centradas em torno do que os economistas chamam de teoria da firma. Por outras palavras estudamos a actividade de um negócio ou de toda uma indústria e restringimos a análise a um período de tempo durante o qual as condições básicas (tais como fornecimento de matéria prima, salários, impostos) podem ser consideradas constantes. Vamos ainda mostrar como o cálculo pode ajudar a administração de uma firma a tomar decisões vitais para a produção. São utilizadas várias funções que passo a apresentar: C(x) = custo para produzir x unidades de um produto R(x) = facturação gerada pela venda de x unidades de um produto 26 P(x) = R(x) – C(x) = lucro (ou perda) gerado pela produção e venda de x unidades de um produto. Exercícios 15. Suponha que a função custo de um fabricante seja dada por C(x) = (10 −6 )x 3 − 0,003x 2 + 5x + 1000 euros. Descreva o comportamento do custo marginal. Esboce o gráfico de C(x). Resolução: As primeiras duas derivadas de C(x) são dadas por : ( ) ( ) C ' (x) = 3 × 10 - 6 x 2 - 0,006x + 5 C '' (x) = 6 × 10 −6 x − 0,006 Vamos em primeiro lugar esboçar o gráfico de C ' (x) . Do comportamento de C ' (x) , teremos condições de obter o gráfico de C(x). A função custo marginal y = (3 × 10 −6 )x 2 − 0,006x + 5 tem como gráfico uma parábola com abertura para cima. y ' = C '' (x) = 0,000006(x − 1.000), podemos observar que a parábola tem uma tangente horizontal em x= 1000. A coordenada y correspondente é (3 × 10 )(1000) −6 2 − 0,006 × (1000 ) + 5 = 3 − 6 + 5 = 2 Observando o gráfico C ' (x) podemos verificar que no início o custo marginal diminui, atingindo o seu mínimo de 2 no nível de produção 1000, aumentando depois. Isto corresponde à parte de a) . Vamos agora obter o gráfico de C(x). Podemos observar que o gráfico de C ' (x) nunca é zero logo podemos concluir que não existem extremos relativos. Como C ' (x) é sempre positivo, C(x) é sempre crescente. 27 Como C ' (x) é decrescente para x menor do que 1000 e é crescente para x maior do que 1000, temos que C(x) tem concavidade para baixo para x menor do que 1000 e concavidade para cima para x maior do que 1000 e possui um ponto de inflexão em x=1000. Podemos ver que o ponto de inflexão de C(x) ocorre no mesmo valor de x para o qual o custo marginal é mínimo. A maioria das funções custo marginal têm a mesma forma que a função custo marginal do exemplo anterior. Para x pequeno, o custo marginal diminui. Entretanto o aumento da produção eventualmente leva a horasextra, utilização menos eficiente dos recursos de produção, instalações antigas e competição por matéria prima. Assim vemos que C ' (x) inicialmente decresce e depois cresce. Função facturação – De um modo geral num negócio interessa não apenas os seus custos mas também a sua facturação. Como vimos R(x) é a facturação recebida com a venda de x unidades de algum bem. A derivada R ' (x) é chamada de facturação marginal. Os economistas utilizam isso para medir a taxa de aumento da facturação por unidade de aumento das vendas. 16. Se x unidades de um produto são vendidas a um preço p por unidade, então a facturação total R(x) é dado por R(x) = x.p. Resolução: 1 2 A equação de procura de um certo produto é p = 6 - x euros. Encontre o nível de produção que resulta na facturação máxima. Neste caso, a função facturação é 1 1 R(x) = x.p= x 6 − x = 6x − x 2 euros 2 2 A facturação marginal é 28 R ' (x) = 6 − x O gráfico de R(x) é uma parábola com abertura para baixo. Tem uma tangente horizontal no valor de x para o qual R ' (x) = 0, isto é, para x=6, o qual resulta numa facturação de 18 euros. Exercícios 17. Uma Companhia Aérea oferece passeios turísticos em Lisboa. Um dos passeios, custa 7 euros por pessoa e tem uma procura média de 1000 turistas por semana. Quando o preço baixar para 6 euros, a procura semanal sobe para 1200 turistas. Supondo que a equação de procura seja linear, encontre o preço do passeio por pessoa que maximiza a facturação total em cada semana. Funções Lucro – Tendo conhecimento da função custo C(x) e da função facturação R(x), podemos obter a função lucro P(x) de P(x) = R(x) –C(x) Exercício 18. Suponha que a equação de procura de um comerciante é p= 1000,01x e a função custo é C(x) = 50x+10000. Encontre o valor de x que maximiza o lucro e determina o preço correspondente e o lucro total para este nível de produção. 19. Refaça o exercício anterior com a condição que o governo cobra um imposto de 10 euros por unidade. 20. Dada a função custo C(x) = x 3 − 6x 2 + 13x + 15 , encontre o custo marginal mínimo. 21. A função facturação de uma firma que produz um único produto é R(x) = 200 − 1600 −x x +8 Encontre o valor de x que resulta na facturação máxima. 29 22. Uma empresa que produz um único produto estima que a sua função custo diário é C (x ) = x 3 − 6 x 2 + 13x + 15 , e a sua função facturação é R(x ) = 28 x . Encontre o valor de x que maximiza o lucro diário. 23. Para qual x a função g (x ) = 10 + 40 x − x 2 tem o seu valor máximo? 24. Encontre o valor máximo da função f (x ) = 12 − x 2 e forneça o valor de x para o qual esse máximo ocorre. 25. Encontre o valor mínimo de f (t ) = t 3 − 6t 2 + 40, t ≥ 0 e forneça o valor de t para o qual o mínimo ocorre. 26. Para que t a função f (t ) = t 2 − 24t tem o seu valor mínimo? 30