C.14.1 – Zoologia PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE NÍVEL MÉDIO SOBRE A ABELHA AFRICANIZADA (Apis mellifera L.) NO MUNICÍPIO DE PAU DOS FERROS-RN Ruam Carlos Damião Nogueira Rêgo1, Eduardo Alves de Souza1, Guilherme Sampaio Queiroz1, Stephano Bismark Lopes Cavalcante Moreira1, João Paulo de Holanda-Neto2 1. Discentes do Curso Técnico em Apicultura – IFRN (Campus Pau dos Ferros). E-mail: *[email protected] 2. D.Sc. em Biologia. Docente em Apicultura do IFRN (Campus Pau dos Ferros) Palavras Chave: Etnoentomologia, Hymenoptera, Apis mellifera Introdução A maneira que as pessoas percebem, identificam, categorizam e classificam o mundo natural interfere claramente no modo como eles pensam, agem e expressam emoções com relação aos animais (COSTANETO e PACHECO, 2004). Dessa forma, a percepção que o homem tem sobre determinado ser vivo, tem impacto direto quanto aos usos dentro dos rituais e atitudes produtivas e culturais do grupo ou comunidade étnica (MODRO et al., 2009). A abelha africanizada é um polihíbrido resultante dos cruzamentos ocorridos entre as abelhas Apis mellifera scutellata (raça africana) e as da raça europeia: Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera carnica e Apis mellifera caucasica. Predominantemente, no polihíbrido africanizado, o comportamento assemelha-se mais ao das abelhas africanas, pelo fato da adaptabilidade climática (RAMOS e CARVALHO, 2007). Nesse contexto, o presente trabalho visou realizar um estudo da percepção dos estudantes do Ensino Médio de escolas públicas do município de Pau dos Ferros-RN na identificação da abelha africanizada. Figura 01. Respostas sobre identificação dos insetos. Figura 02. Respostas sobre os serviços fornecidos pela abelha africanizada. Figura 03. Respostas sobre as reações com a abelha africanizada. Resultados e Discussão O estudo foi realizado através da identificação de insetos himenópteros por meio da apresentação de fotos e aplicação de questionários para 50 alunos do Ensino Médio, tendo como base a metodologia proposta por Souza et al. (2014) ao trabalhar com percepção sobre gafanhotos (Orthoptera). A partir dos dados, podemos observar na Figura 01 que 52,0% dos entrevistados identificaram a vespa (Vespidae) como sendo a abelha africanizada. Quanto a abelha africanizada (Apis mellifera L.), 32,0% das pessoas marcaram esta opção, o que correspondia com a verdade. Quanto ao questionamento sobre os serviços e benefícios prestados pelo inseto (abelha africanizada), 66,0% das pessoas falaram que este animal fornece o mel; 18,0% disseram que é a polinização; enquanto que 10,0% não sabem identificar nenhum benefício ofertado pelo inseto (FIGURA 02). Na Figura 03, estão dispostos os resultados sobre o comportamento das pessoas ao aproximarem-se da abelha africanizada. Observa-se que 20,0% das pessoas reagem de forma normal, contudo, 30,0% e 26,0% dos entrevistados falaram, respectivamente, que afastam-se e têm medo da abelha Apis mellifera. Em estudo em uma comunidade de Santa Catarina, Ulysséa et al. (2010) identifica 16 animais categorizados como insetos, e estes, percebidos negativamente pelos moradores. Os autores relataram apenas três usos eram praticados com os insetos: consumo de mel, picada de abelha para curar reumatismo e borboleta para decoração. Modro et al. (2009) também apresentaram a atribuição de qualidades negativas (medo e nojo) e reações de agressividade contra os insetos, em trabalho realizado no Mato Grosso. Conclusões Conclui-se que o conhecimento sobre a Apis mellifera ainda não está bem difundido, principalmente referente a sua importância ecológica via polinização, bem como a sua própria identificação em relação aos demais Himenópteros utilizados na pesquisa, apesar dessa espécie ter sido introduzidas no Brasil, em 1839. ____________________ COSTA-NETO, E. M.; PACHECO, J. M. A construção do domínio etnozoológico “inseto” pelos moradores do povoado de Pedra Branca, Santa Terezinha, estado da Bahia. Acta Scientiarium. Biological Sciences, Maringá, v. 26, n. 1, p. 81-90, 2004. MODRO, A. F. H.; COSTA, M. S.; MAIA, E.; ABURAYA, F. H. Percepção entomológica por docentes e discentes do município de Santa Cruz do Xingu, Mato Grosso, Brasil. Biotemas, v. 22, n. 2, p. 153-159, 2009. RAMOS, J. M.; CARVALHO, N. C. Estudo morfológico e biológico das fases de desenvolvimento de Apis mellifera. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, v. 6, n. 10, p. 1-21, 2007. SOUZA, A. 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