G.7.15 – História da Educação. As salas de aulas das escolas primárias paranaenses: iluminação e tecnologias. Elaine Cátia Falcade Maschio 1 1 Doutora em Educação - UFPR, Professora do Programa de Pós-Graduação Educação e Novas Tecnologias - UNINTER, [email protected] Palavras Chave: educação, história, espaços. Introdução A análise da cultura material escolar em perspectiva histórica busca compreender a dimensão dos espaços e da materialidade da escola, caracterizados pelos edifícios, pelos objetos, pelos materiais e pelo mobiliário. No início do século XX, a precarização das salas de aulas das escolas públicas primárias paranaenses colocava em evidência a necessidade de modernização da materialidade escolar. Vislumbrada nos diversos discursos das autoridades do ensino da época, a defesa pela renovação da escola pública primária considerou três reformas: a distribuição dos alunos em sala; a necessidade da luz, a fim de melhorar a iluminação das salas de aulas; e a inovação dos materiais de ensino substituindo os mais antigos por objetos e mobiliários mais novos e” modernos”. O presente trabalho tem como objetivo analisar a materialidade das salas de aulas (distribuição, iluminação e os materiais) das escolas públicas primárias do Paraná nas duas primeiras décadas do século XX. Sob a perspectiva da História Cultural, a tessitura do trabalho foi realizada mediante a análise das fontes históricas, de correspondências oficiais, entre elas, os relatórios dos secretários, inspetores e professores, encontrados no Arquivo Público do Estado. Na mesma direção, o diálogo historiográfico foi constituído pelos estudos de Bucaille e Pesez (1989), Viñao Frago (2001) e Benito (2010). Resultados e Discussão A falta de espaço e de materiais adequados para o ensino nas escolas públicas primárias paranaenses foi uma das principais reclamações no início do século XX. A necessidade de se renovar o mobiliário escolar, bem como, a de se construírem prédios mais espaçosos e iluminados para o bom andamento das aulas, eram aspectos que permeavam constantemente os discursos dos Diretores da Instrução Pública, dos inspetores escolares e dos professores primários. Os discursos sanitaristas adentravam os ambientes escolares, afirmando-se a necessidade de prover as escolas com mobiliários e objetos “modernos”, que estivessem de acordo com os critérios ergométricos, tecnológicos e pedagógicos concebidos na época. Novos objetos passaram a constituir outra materialidade da escola substituindo materiais como as lousas de ardósia e os gizes de pedra, por tecnologias tais como: os cadernos, as canetas de pena, os tinteiros para as carteiras e os planetários. Vários foram os ofícios declarando a autorização de verbas especiais por parte dos governos, para efetuar a renovação do mobiliário e dos materiais do ensino nas escolas primárias. A distribuição dos alunos e a iluminação das salas de aula, também se constituíram em problemática destacada pelas autoridades do ensino. Nos diversos relatórios, a sala de aula ideal deveria ter espaço necessário para 25 carteiras duplas, mesa do professor e um corredor amplo em frente ao quadro. Os alunos deveriam ser distribuídos em formato de círculo. A sala de aula deveria receber luz unilateral, da esquerda para a direita; ou bilateral, da esquerda e de cima, da esquerda e da frente. Figura 1. Sala de aula da escola primária de Tibagi/PR. A partir do século XX a constituição de um espaço físico adequado ao ensino, a preocupação com a higienização da sala, e a necessidade de novos materiais didáticos foram configurando paulatinamente o cotidiano das escolas primárias. As autoridades do ensino defendiam a necessidade urgente de melhorar os espaços das salas de aula, buscando ordenar a distribuição dos alunos e a iluminação correta. A inserção de objetos e mobiliários mais “modernos” visava garantir a aprendizagem e a disciplina dos alunos nos espaços escolares de nível primário. Conclusões Objetos, artefatos, mobiliários, tecnologias são apropriados para a transmissão do conhecimento. Olhar para esse universo material das escolas é adentrar nos sentido e significados daquela materialidade. Os materiais e utensílios utilizados nas escolas não expressam somente uma forma física, mas também as ideias envolvidas no processo de produção e de apropriação dos objetos. A renovação dos materiais e mobílias escolares e a adequação da iluminação dos espaços escolares por meio de discursos sanitaristas contribuíram para reforçar o processo de homogeneização de uma cultura escolar das escolas públicas primárias paranaenses. ____________________ BENITO, Agustín Escolano. Patrimonio material de la escuela e historia cultural. Revista Linhas, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 13-28, jul./dez. 2010. BUCAILLE, Richard; PESEZ, Jean-Marie. Cultura Material. In: Enciclopédia Einaudi. v. 16. Portugal: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1989. p. 1147. VIÑAO FRAGO, Antonio; BENITO, Augustín Escolano. Currículo, Espaço e Subjetividade: a arquitetura como programa. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. 67ª Reunião Anual da SBPC