CUSTOS E TARIFAS fiscais. Se, de um lado, à vista dos relatórios financeiros não é possível identificar se percursos, clientes e viagens são mais ou menos rentáveis, de outro lado a apropriação de despesas ao preço padrão, a veículos, viagens e clientes, não garante a fidelidade dos valores realmente gastos, porque não resiste à análise para a sua comprovação. Custos fixos: apropriação polêmica Pelo sistema de custos tradicional, os gastos fixos são rateados segundo critérios discutíveis – a incorporação de custos indiretos na planilha de custos é motivo de rejeição por parte dos clientes. São valores apropriados de difícil comprovação, mesmo porque os clientes não os consideram como valor agregado ao produto ou serviço. As atividades empresariais dedicadas à prestação de serviços, nelas incluídas as empresas de transportes, não dispõem de uma definição clara sobre custos diretos e indiretos apropriados a clientes. Na maioria dos casos, mais de 50% dos valores apropriados, estão classificados como custos indiretos, numa zona cinza indefinida, comumente separados como custos fixos, comuns a todos os clientes da carteira. Estes custos fixos são impropriamente distribuídos aos centros de custos produtivos mediante critérios de rateio. Por esse método questionável, há certamente distorções que penalizam algumas operações e favorecem outras, com reflexos diretos sobre a composição de custos de um cliente em relação a outro. A escolha das bases de rateio (toneladas transportadas, número de viagens, horas trabalhadas, quantidade de entregas, quilômetros percorridos, volume de conhecimentos emitidos, etc.) é feita mediante considerações de caráter subjetivo. A decisão de escolha nem sempre está relacionada ao volume de recursos utilizados pelo cliente, na proporção devida. Pode-se afirmar, com certeza, que a distribuição das despesas fixas não é equânime. Deriva-se daí a fonte das distorções de custos: gravam-se, indevidamente, os custos de um cliente em benefício de outros. Neste caso, as consequências são desastrosas porque, quando se deseja reajustar fretes, as distorções no custo final, do produto ou serviço, interferem diretamente nos lucros ou prejuízo apurados. Clientes rentáveis aparecem com margem negativa, enquanto clientes que demandam operações mais complexas mostram margem de lucros atrativa. Os sistemas GPK ou RKW, que utilizam bases de 102 Anuário NTC&Logística 2012 - 2013 rateio na apropriação de custos, são denominados como sistema de custos por absorção. Estes sistemas de custos estão ultrapassados, assim como outros sistemas de custos, tais como custeio direto e custo padrão. Grande parte das despesas comuns fixas poderia ser alocada diretamente ao objeto de custos; desta forma, muitos custos fixos se transformariam em custos variáveis. Por exemplo: na contratação de um seguro especial para a carga de um determinado cliente, as despesas decorrentes desta contratação seriam imputadas a este cliente em vez de ser distribuída a outros clientes, que não estão cobertos pelo prêmio de seguro expresso na apólice. O mesmo se dá na contratação dos serviços de escolta. Outro exemplo: os gastos com o esforço de cobrança para a recuperação de crédito de um cliente inadimplente deveriam somente a ele ser imputados. Muitas outras despesas fixas, comuns a todas as operações de transporte, deveriam receber o mesmo tratamento, isto é: recursos aplicados a uma atividade específica devem ser aportados diretamente a cada objeto de custo. É muito genérico, e é insuficiente apurar despesas aos centros de custos produtivos ou a órgãos de apoio. É preciso identificar os fatores geradores de custos. São neles que residem as causas dos gastos. Atividades consomem recursos, e, como tal, geram gastos, cujas despesas são próprias de cada atividade. Não há despesa sem ligação com algum fator gerador de custos; portanto, é indispensável que se conheça a origem dos gastos e a sua vinculação com este, ou aquele objeto de custos. O estudo e a análise do processo explicam cada um dos fatores geradores de custo. Sistema de custos por processo O processo de negócio reúne um conjunto de atividades que perpassam por diversos departamentos. Só é possível exercer uma gestão eficaz quando se percebe a cadeia de atividades e operações, por onde produtos e serviços passam e sofrem transformações. No modelo de gestão departamental, a orientação tem um sentido vertical, enquanto, na administração por processos, a visão é horizontal e as decisões são compartilhadas entre gerentes de diversas áreas. A organização focada no processo de negócio é, em última análise, a coordenação de atividades sequencialmente ordenadas, administradas segundo princípios econômicos e mercadológicos, voltada para a satisfação do cliente.