1 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br 2 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Os objetivos deste capítulo são: Ensinar a calcular o custo de um produto ou serviço por meio do sistema de custeio por absorção. Justificar os critérios utilizados nesse cálculo, identificando suas vantagens para as empresas. Com isso, você poderá aprimorar os instrumentos de desenvolvimento organizacional. 3 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br O Custeio por Absorção ou Custeio Pleno consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis) à produção do período. Os gastos não fabris (despesas) são excluídos. É o método derivado da aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade e é, no Brasil, adotado pela legislação comercial e pela legislação fiscal. 4 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Não é um princípio contábil em si, mas uma metodologia decorrente da aplicação desses princípios. Dessa forma, o método é válido para a apresentação de demonstrações financeiras e para o pagamento do Imposto de Renda. 5 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br A distinção principal no custeio por absorção é entre custos e despesas. A separação é importante porque as despesas são jogadas imediatamente contra o resultado do período, enquanto somente os custos relativos aos produtos vendidos terão idêntico tratamento. Os custos relativos aos produtos em elaboração e aos produtos acabados que não tenham sido vendidos estarão ativados nos estoques desses produtos. 6 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Consiste na apropriação de todos os custos de produção para os produtos e/ou serviços produzidos, levando em conta todas as características da Contabilidade de Custos. Por essas características, seus custos vão para o ativo na forma de produtos e só podem ser considerados despesas ao ocorrer a venda do produto – Princípio da Realização. 7 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Custeio é um processo de três passos. Primeiro, é preciso separar os custos de produto dos custos de período. Segundo, os custos diretos de produto são atribuídos aos produtos específicos, enquanto os custos indiretos são atribuídos a centros de custos. Terceiro, os custos indiretos são distribuídos do centro aos produtos de acordo com seu uso. A soma de custos diretos e custos indiretos distribuídos forma o custo do produto. 8 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Suponhamos que a empresa Astorga tenha tido os seguintes gastos durante determinado período: GASTO R$ MIL Salários de fábrica Comissão de vendedores Matéria-prima consumida Salários da administração Honorários da diretoria Depreciação Seguros de fábrica Materiais diversos – fábrica Manutenção Despesas de entrega Material de expediente 120 60 270 80 40 30 10 20 30 10 20 TOTAL 690 9 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br O primeiro passo é a separação dos custos de produção e das despesas do período. Teremos, então, a seguinte distribuição: CUSTOS R$ MIL Salários de fábrica Matéria-prima consumida Depreciação Seguros de fábrica Materiais diversos – fábrica Manutenção 120 270 30 10 20 30 TOTAL 480 10 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br DESPESAS Comissão de vendedores Salários da administração Honorários da diretoria Material expediente Despesas de entrega TOTAL R$ MIL 60 80 40 20 10 210 11 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Devemos observar que os gastos, no valor de $ 690.000,00, ficaram assim distribuídos: GASTOS R$ MIL Custo de produção Despesas do período 480 210 TOTAL 690 12 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br As despesas não integram o custo dos produtos e, como consequência, serão lançadas diretamente contra os resultados do exercício. 13 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Suponhamos que nossa hipotética empresa elabore apenas dois produtos, A e B. Devemos, então, fazer a apropriação dos custos diretos. 14 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Para o consumo de matérias-primas a empresa dispõe de um sistema de controle de materiais que lhe possibilita identificar quanto cada produto consumiu de matéria-prima. E, por esse sistema, podemos saber quanto de matéria-prima foi consumido por produto: 15 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br CUSTO DIRETO R$ MIL Produto A Produto B 80 190 TOTAL 270 16 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Com relação aos salários de fábrica, há a necessidade de se separar a mão-de-obra direta e a indireta. A empresa mantém apontamentos que permitem a apuração das horas gastas em cada produto e as horas de mão-de-obra indireta. 17 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br CUSTO Mão-de-obra: A B Total de mão-de-obra direta Mão-de-obra indireta R$ MIL 40 50 90 30 18 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Dessa forma, os $ 90.000 são apropriados diretamente aos produtos A e B, enquanto $ 30.000 serão incorporados aos gastos gerais de fabricação para posterior distribuição. Supondo que os demais custos sejam considerados indiretos, podemos montar o seguinte quadro: 19 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br CUSTOS DIRETOS A B Matéria-prima Mão-de-obra direta Depreciação Seguros de fábrica Materiais diversos Mão-de-obra indireta Manutenção 80.000 40.000 190.00 0 50.000 TOTAL 120.00 0 240.00 0 INDIRETO S TOTAL 30.000 10.000 20.000 30.000 30.000 270.000 90.000 30.000 10.000 20.000 30.000 30.000 120.000 480.000 20 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Do total de custos, $ 360.000 já estão alocados aos produtos A e B, e os gastos gerais de fabricação, ou custos indiretos de fabricação, no montante de $ 120.000, precisam, por algum critério, ser rateados aos dois produtos. 21 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Vejamos algumas formas de alocação de tais custos indiretos que totalizam $ 120.000. Uma maneira bastante simples é a distribuição proporcional ao total de custos diretos. 22 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Produto Diretos Proporção Indiretos Total A B 120.000 240.000 1/3 2/3 40.000 80.000 160.000 320.000 Total 360.000 1,0 120.000 480.000 23 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Outra alternativa de rateio seria de acordo com o gasto de mão-de-obra direta. Produto Matériaprima - R$ Mão-deobra direta - R$ Proporção Indiretos Total A B 80.000 190.000 40.000 50.000 4/9 5/9 53.334 66.666 173.334 306.666 Total 270.000 90.000 1,0 120.000 480.000 24 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Consiste em dividir a fábrica em segmentos, chamados Departamentos, a que são debitados todos os custos de produção neles incorridos. 25 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Departamento é a unidade mínima administrativa constituída, na maioria dos casos, por homens e máquinas que desenvolvem atividades homogêneas. Deve haver sempre um responsável. Podem ser divididos em dois grupos: 26 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Os Departamentos de Produção são aqueles que atuam sobre os produtos e têm seus custos apropriados diretamente a estes. 27 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Os Departamentos de Serviços não atuam diretamente na produção e sua finalidade é de prestar serviços aos Departamentos de Produção. Seus custos não são apropriados diretamente aos produtos, pois estes não transitam por eles, mas são transferidos para os Departamentos de Produção, que se beneficiam dos serviços deles. 28 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Para efetuar o rateio dos CIF que são indiretos em relação aos departamentos e dos que representam custos comuns a todos eles, cada empresa deve estudar sua situação específica para escolher critérios adequados que efetivamente reflitam a carga de custos que devam ser descarregados em cada um deles. 29 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br CIF Comuns ou Indiretos em relação aos Departamentos Gastos relacionados com o edifício da fábrica, tais como Aluguel, Depreciação, Seguros, Limpeza, Reparos e Imposto Predial Critérios de Rateio para os Departamentos Área Ocupada Área ocupada, número de lâmpadas ou pontos de luz Iluminação da Fábrica Gastos com o escritório da fábrica (inclusive os relativos à Contabilidade de Custos) Números de empregados, horas-máquinas trabalhadas ou horas trabalhadas/MOD Material Indireto Mão de obra Indireta Material Direto Almoxarifado Número de empregados, horas trabalhadas/MOD Manutenção das máquinas Custo dos Materiais Custo de Refeitório, Transportes e Assistência Médica dos empregados. Horas-máquinas trabalhadas Energia Elétrica (força) Quilowatt-hora consumido Número de empregados 30 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Consiste em se efetuar uma estimativa de qual será o valor destes em determinado período de produção e utilizar este gasto pré-estimado para apurar o custo de produção do período, ao invés do gasto real. 31 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Previsão dos CIF predeterminados Para fazer a estimativa dos CIF no período, a empresa deverá efetuar os seguintes passos: estimativa do volume de produção no período (uma vez que o valor dos CIF variáveis depende desse volume); estimativa dos CIF variáveis, com base na previsão do volume de produção; estimativa dos CIF fixos; cálculo de uma taxa predeterminada dos CIF para aplicação à produção. 32 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br ITENS R$ Administração da fábrica Almoxarifado Controle de qualidade Usinagem Cromeação Montagem 200 100 60 120 160 200 TOTAL 840 33 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br ITEM R$ Aluguel Salários Outros 60 100 40 TOTAL 200 34 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br O aluguel será rateado aos outros cinco departamentos com base na área utilizada pelos mesmos ITEM R$ Almoxarifado Controle de qualidade Usinagem Cromeação Montagem 15 10 10 15 TOTAL 60 10 35 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Os salários serão distribuídos de acordo com o número de empregados em cada departamento ITEM Almoxarifado Controle de qualidade Usinagem Cromeação Montagem TOTAL R$ 12 17 21 20 30 100 36 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Os outros custos indiretos da administração serão distribuídos em partes iguais a cada departamento ITEM Almoxarifado Controle de qualidade Usinagem Cromeação Montagem TOTAL R$ 8 8 8 8 8 100 37 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Os custos desse departamento somam agora $ 135.000, isto é, mais $ 35.000 decorrentes da distribuição dos custos da administração, e serão distribuídos em partes iguais aos departamentos produtivos, uma vez que estes são os que efetivamente usam o almoxarifado e o controle de qualidade praticamente não se utiliza do almoxarifado. 38 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br ITEM R$ 45 45 45 Usinagem Cromeação Montagem TOTAL 135 39 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Rateio dos custos do controle de qualidade no valor de $ 95.000, ou seja, $ 60.000 mais $ 35.000 decorrentes da distribuição dos custos da administração. O rateio é feito à base do número de testes feitos para cada departamento. 40 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br ITEM Usinagem Cromeação Montagem R$ 47.500 15.200 32.300 TOTAL 95.000 41 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Após estes rateios, temos todos os custos indiretos de fabricação atribuídos somente aos três departamentos de produção: ITENS Usinagem Cromeação Montagem TOTAL GERAL CUSTO TOTAL $ 120.000 + $ 131.500 $ 160.000 + $ 103.200 $ 200.000 + $ 125.300 251.500 263.200 325.300 $ 480.000 + $ 360.000 840.000 42 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Supondo que a empresa tenha produzido no período 1.000 unidades dos produtos A e B e que tenha feito apontamentos dos gastos de hora-máquina por produto, em cada departamento de produção, temos: 43 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br Produto Usinagem Cromeação Montagem A B 300 h/m 200 h/m 250 h/m 150 h/m 100 h/m 100 h/m Total 500 h/m 400 h/m 200 h/m 44 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br A apropriação, finalmente, a cada um desses dois produtos, seria feita com base nas horas-máquinas consumidas. O custo indireto por h/m e por departamento: Usinagem: $ 251.500 / 500 h/m = $ 503, h/m Cromeação: $ 263.200 / 400 h/m = $ 658 h/m Montagem: $ 325.300 / 200 h/m = $ 1.626,50 h/m 45 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br DEPARTAMENTOS Usinagem Cromeação Montagem CUSTO 300 h × 250 h × 100 h × $ 503 h/m = $ 658 h/m = $ 1.626,5 h/m = Total $ 150.900 $ 164.500 $ 162.650 $ 478.050 46 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br DEPARTAMENTOS Usinagem Cromeação Montagem CUSTO 300 h × 250 h × 100 h × $ 503 h/m = $ 658 h/m = $ 1.626,5 h/m = Total $ 100.600 $ 98.700 $ 162.650 $ 361.950 47 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br A produção do período foi de 1.000 unidades de cada produto, logo os custos unitários de A e B seriam $ 478,05 e $ 361,95, respectivamente. Evidentemente, esses custos unitários incluem os custos diretos, representam apenas os custos indiretos de fabricação alocados a cada unidade produzida. 48 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br OBRIGADO ! 49 Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi www.EditoraAtlas.com.br