Deus depois de ter criado nunca abandona a criatura
a si mesmo. Não só lhe dá o ser e o existir como o
mantêm no ser, lhe dá o agir e o conduz ao seu termo.
Nós acreditamos que Deus tudo criou
livremente, com sabedoria e por amor a partir
do nada. E que Ele mesmo é infinitamente
maior do que todas as suas obras.
“…de todas as coisas visíveis
e invisíveis.”
Foi o próprio Deus que criou o mundo visível, com
toda a sua riqueza, a sua diversidade e a sua ordem.
A sagrada escritura apresenta a obra do Criador
simbolicamente como uma sequência de seis dias
de “trabalho” divino, que termina no “repouso” do
sétimo dia (Gn1, 1-2, 4). O texto sagrado ensina
verdades reveladas por Deus para nossa salvação,
as quais permitem “conhecer a natureza última e o
valor de todas as criaturas e a sua ordenação para
glória de Deus” (LG36): Nada (visível e invisível)
existe que não deva a sua existência a Deus Criador.
O mundo começou quando foi tirado do nada pela
Palavra de Deus; todos os seres existentes, toda a
Natureza, toda a história humana radicam neste
acontecimento primordial: é a própria génese, pela
qual o mundo foi constituído e o tempo começado.
Nós acreditamos que cada criatura possui
a sua bondade e perfeição próprias. A
interdependência das criaturas é da vontade
de Deus. A beleza do universo, a hierarquia
das criaturas e o homem como ponto alto da
obra da criação são reveladoras da glória de
Deus.
ORAÇÃO
Deus eterno e omnipotente que criastes o universo
e o confiastes ao homem para que ele proclamasse
a magnificência do vosso nome, e enviastes o
vosso filho, em tudo igual a nós, para que, coroado
de honra e glória, elevasse acima dos céus a
dignidade do homem, voltai o vosso rosto sobre os
filhos do novo Adão, e concedei-lhes o esplendor
da luz do vosso filho, Jesus Cristo, que é Deus
convosco na unidade do Espírito Santo.
VIGARARIA DA TROFA
VILA DO CONDE
2013
ANO DA FE 2012
DIOCESE DO PORTO
existência e foram criadas” (Ap. 4,11). “Como são
grandes, Senhor, as Vossas obras! Tudo fizeste com
sabedoria” (Sl 104, 24). “O Senhor é bom para com
todos e a Sua misericórdia se estende de geração
em geração” (Sl. 144,9). A solicitude da divina
providência é concreta e imediata, cuida de tudo,
desde os mais insignificantes pormenores até aos
grandes acontecimentos do mundo e da história:
“Tudo quanto Lhe aprouve, o nosso Deus o fez, no
Céu e na Terra” (Sl114,3) e “há muitos projetos no
coração do homem, mas é a vontade do Senhor que
prevalece” (Pr 19, 21). Porque Deus é infinitamente
maior do que todas as suas obras: “a Vossa
majestade está acima dos Céus” (Sl 8,2), “insondável
é a Sua grandeza” (Sl 144,3). Mas porque Ele é o
Criador soberano e livre, causa primeira de tudo
quanto existe, está presente no mais íntimo das
Suas criaturas: É n’Ele que vivemos, nos movemos
e existimos” (Act 17, 28) Deus é mais íntimo ao
Homem do que o próprio homem a si mesmo.
• Creio em um só Deus
• Creio em só Senhor, Jesus Cristo
• Creio no Espírito Santo
• Creio na Igreja
é a primeira
afirmação da profissão de fé e também a mais
fundamental.
“Creio em um só Deus,…”
Todo o Símbolo de Fé é resposta à Revelação de
Deus.
Se depois fala do Senhor, Jesus Cristo;
se depois fala do Espírito Santo;
se depois fala da Igreja, é em referência à progressiva
Revelação do “um só Deus”.
Revelação do Deus que é PAI, que é FILHO, que é
ESPIRITO SANTO, que é IGREJA/COMUNHÃO.
Por fim, se encontramos alguma relação com o
Mundo e com o Homem também é em Revelação da
sua pessoa. Pois são sua criação – Deus tudo criou,
tudo governa e tudo pode, “Faz tudo quanto lhe
apraz” (Sl 113, 3).
Nós acreditamos com firmeza e afirmamos
simplesmente que há um só Deus, amoroso,
pessoal, próximo. (“Se Deus não é único, não
é Deus” Tertuliano) Um Deus que revela o seu
nome e faz Aliança com o Homem.
Cada um de nós que agora está a ler estas “linhas”
não inicia um diálogo, não marca um encontro, e
muito menos realiza comunhão no anonimato, sem
primeiro revelar o seu nome e querer saber o nome
da outra pessoa.
Assim é o nosso Deus. Tomou iniciativa de revelar o
seu nome, à semelhança, com a natureza que criou
(o Homem). O meu nome é: “EU SOU AQUELE
QUE SOU”.
O nosso Deus é de vivos, convoca para o diálogo,
marca encontros, realiza comunhão: Deus chama
por Moisés do meio duma sarça que arde e não se
consome. E diz-lhe: “Eu sou o Deus de teu pai, o
Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob”
(Ex. 3,6) Moisés disse a Deus: “vou procurar os
filhos de Israel e dizer-lhes: O Deus de vossos pais
enviou-me a vós. Mas se perguntarem qual é o seu
nome, que hei-de responder-lhes? Deus disse então
a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. Disse mais: “Eis
como hás-de falar aos filhos de Israel”: Aquele que
tem por nome “EU SOU” é que me enviou a vós (…)
será este o meu nome para sempre, nome que ficará
de memória para todas as gerações (Ex 3, 13-15).
Deus, deste modo, diz Quem é e com que nome
deve ser chamado. Este nome revela o mistério, o
mistério do “Deus escondido” (Is. 45, 15). Deve-se
entender que é, ao mesmo tempo, um nome revelado
e a recusa dum qualquer outro nome. O pecado de
Israel, que também é o de cada um de nós, reside
em adorar outros “nomes”. Nomes que nos afastam
do “EU SOU”. No entanto, “EU SOU” revela a sua
fidelidade, que é de sempre e para sempre. Válida
tanto para o passado (“Eu sou o Deus de teus pais”
– Ex. 3,6), como para o futuro (“Eu estarei sempre
contigo” – Ex. 3, 12). As nossas infidelidades não
são suficientes para indignar o nosso Deus que é
clemente e compassivo, cheio de misericórdia e
fidelidade (Ex. 34, 5-6).
Nós acreditamos que o nome Deus é “EU
SOU”, revela-se como o Deus que está sempre
connosco, presente junto do seu povo para
o salvar. A riqueza do nome divino está na
verdade e no amor. E assim permanece sempre
fiel a Si mesmo e às suas promessas. É nas
promessas de Deus que reside a nossa grande
Esperança. O “EU SOU” é a nossa primeira
origem e o nosso último fim.
Consequências da fé em Deus Único para toda
a vida:
É conhecer a Sua grandeza e majestade;
É viver em ação de graças;
É conhecer a unidade e a verdadeira dignidade de
todos os homens;
É fazer bom uso das coisas criadas;
É ter confiança em Deus, em todas as circunstâncias,
mesmo na adversidade.
“Nada te perturbe, nada de atemorize
Tudo passa, Deus não muda
A paciência tudo alcança, quem a Deus tem
Nada lhe falta, só Deus basta.”
(Oração de Santa Teresa de Jesus)
“...Pai todo – poderoso,…”
Ao designar o Deus – “EU SOU”, como “PAI”, é
acreditar que Deus é a primeira origem de tudo, é a
autoridade sublime, é bondade e solicitude amorosa
para com todos os Seus filhos. No entanto, esta
ternura paternal de Deus também pode ser expressa
pela imagem da maternidade, que indica de modo
mais incisivo a proximidade de Deus, a intimidade
entre Deus e o Homem. Convém, então, lembrar que
Deus ultrapassa a distinção humana dos sexos. Não
é homem nem mulher; é Deus. Excede também a
paternidade e a maternidade humanas, e de ambas é
a origem e a medida: Ninguém é tão PAI como DEUS,
“porque Podes tudo, de todos Vos compadeceis” (Sab
11, 23). Acreditar que Deus é Pai todo – poderoso, é
testemunhar a Sua omnipotência paterna pelo modo
como cuida das nossas necessidades, pela adoção
filial que nos concede, “serei para vós um Pai e vós
sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor todo –
poderoso” (2 Co 6, 18).
A fé em Deus Pai todo – poderoso pode ser posta
à prova pela experiência que fazemos do mal e do
sofrimento. Parece que Deus está ausente e incapaz
de impedir o mal. No entanto, sabemos como Deus
Pai revelou, diversas vezes, a sua omnipotência do
modo mais misterioso. Na humilhação voluntária,
na vida, morte e ressurreição de seu Filho, venceu o
mal e o pior de todos os sofrimentos, a morte.
Assim, Cristo crucificado é “sabedoria e força de
Deus. A linguagem da Cruz é certamente loucura
para os que se perdem, mas para nós, os que se
salvam, é força de Deus. Pois está escrito: Destruirei
a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos
inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o letrado?
Onde está o investigador deste mundo? Acaso não
tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Pois,
já que o mundo, por meio da sua sabedoria, não
reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a
Deus salvar os que crêem, pela loucura da pregação.
Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam
em busca da sabedoria, nós pregamos um Messias
crucificado, escândalo para os judeus e loucura para
os gentios. Mas, para os que são chamados, tanto
judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de
Deus. Portanto, o que é tido como loucura de Deus, é
mais sábio que os
homens, e o que é tido como fraqueza de Deus, é
mais forte que os homens.” (1 Co 1, 18-25).
Nós acreditamos que Deus mostrou a eficácia
da sua poderosa força e a incomensurável
grandeza na ressurreição e exaltação
de Cristo. E Nele estará também a nossa
ressurreição.
“…Criador do Céu e da Terra,…”
“No princípio, Deus criou o Céu e a Terra” (Gn 1,1).
Isto é toda a Criação. E é por estas palavras solenes
que começa a Sagrada Escritura. Três coisas são
afirmadas nestas primeiras palavras: Deus eterno
deu um princípio a tudo quanto existe fora d’Ele. Só
Ele é criador. E tudo quanto existe depende d’Aquele
que lhe deu o ser.
O mundo foi criado para glória de Deus. A glória de
Deus está em que se realize esta manifestação e esta
comunicação da sua bondade, em ordem a fazer de
nós filhos adotivos por Jesus Cristo. “Assim aprouve
à Sua vontade, para que fosse enaltecida a glória
da Sua graça” (Ef 1, 5-6): “porque a glória de Deus
é o homem que vive, e a vida do homem é a visão
de Deus; se a revelação de Deus pela Criação já
proporcionou a vida a todos os seres que vivem na
Terra, quanto mais a manifestação do Pai pelo Verbo
proporciona a vida aos que vêm a Deus!” (Santo
Ireneu). O fim último da Criação é que Deus Pai,
“Criador de todos os seres, venha finalmente a ser
‘tudo em todos’ (1 Co 15, 28), provendo, ao mesmo
tempo, à Sua glória e à nossa felicidade” (AG 2).
Deus Cria com sabedoria e por amor, quis fazer as
criaturas participantes do Seu Ser, da Sua sabedoria
e da Sua bondade: “porque Vós criastes todas as
coisas e, pela Vossa vontade, elas receberam a
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Folha Vicarial de Dezembro 1