APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS: UM ESTUDO NO SETOR
AVÍCOLA DO MUNICÍPIO DE SÃO BENTO DO UNA – PE
ALEXANDRE BARROS FONSÊCA; REGINALDO JOSÉ CARLINI JUNIOR;
ANDRE QUEIROZ DOURADO;
FACULDADE BOA VIAGEM (FBV)
RECIFE - PE - BRASIL
[email protected]
APRESENTAÇÃO SEM PRESENÇA DE DEBATEDOR
ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS:
Um Estudo no Setor Avícola do Município de São Bento do Una – PE.
•
Endereço para correspondência:
Rua João Lira, 143 Apt°.121 Boa Vista – PE CEP 50050-550.
•
Forma de apresentação:
Apresentação em sessão sem debatedor
•
Grupo de pesquisa:
Administração Rural e Gestão do Agronegócio
APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS:
Um Estudo no Setor Avícola do Município de São Bento do Una – PE.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo descrever a importância e a utilização da contabilidade
de custos dentro do setor avícola Pernambucano. A pesquisa foi realizada no município de São
Bento do Una, localizado na região Agreste desse estado. Essa discussão destaca a importância
de tal consideração, como pressuposto obrigatório para a competitividade em qualquer segmento
de atividade econômica, de forma efetiva, com as mudanças ocorridas no cenário mundial na
última década. Identificou-se que a gestão de custos se constitui numa ferramenta crucial, dado o
grau de concorrência neste setor.
Palavras chave: contabilidade de custos, setor avícola e competitividade.
1 Introdução
O desenvolvimento da avicultura brasileira tomou grande impulso com o aumento do
consumo interno da carne de frango e com as exportações, porque a confrontação qualitativa
obrigou a agroindústria a se aperfeiçoar, a se desenvolver tecnologicamente, aumentando, assim,
sua produtividade.
Com a recessão dos mercados interno e externo nos anos 80, ocorreu uma readequação
forçada da avicultura (conseqüência da queda das margens de lucro) e as empresas que não
obtiveram performance adequada em termos de eficiência, conversão alimentar, sanidade,
mortalidade e organização da produção, saíram do mercado. (UNIÃO BRASILEIRA DE
AVICULTURA UBA, 2000).
A avicultura nordestina utiliza-se de insumos provenientes do Sudeste, Centro-Oeste e Sul
do Brasil, embora utilize também algumas matérias-primas produzidas na região. Ressalte-se que,
em face de a maioria dos produtores do Nordeste operam em sistema de integração ou de
vinculação a cooperativas ou associações. (MENELAU et. al, 1996).
É interessante ressaltar a importância econômica e social da avicultura para a Região
Nordeste, na qual o quadro de dependência em relação à maioria dos insumos é preocupante. De
fato, esse quadro é marcante para a maioria dos insumos utilizados na região. Por outro lado, a
dependência funciona também como ativador das desigualdades regionais, vez que se materializa
significativa transferência de renda da Região Nordeste pobre, para as regiões mais desenvolvidas
do país, em função da aquisição de milho e soja.
Dentro deste contexto, o Nordeste brasileiro se destaca com grande potencial de
competitividade nas atividades dos agronegócios, tanto para abastecimento do mercado interno
quanto do externo. Entretanto, esta região precisa de políticas públicas de investimento em infraestrutura e de outras alternativas de transporte como portos, ferrovias e hidrovias. A avicultura
desta região ainda é muito primária e tem muito a evoluir nas áreas de gestão de agronegócios e
mercadológica, vez que tem se limitado basicamente à comercialização do frango vivo, abatido
na hora, como também no que tange à falta de gerenciamento de informações, controle e
avaliação, com destaque para a área de custos.
As dificuldades na tomada de decisão por parte dos produtores, técnicos e gestores vêm
em conseqüência da falta de dados consistentes. As empresas rurais, hoje em dia, enfrentam um
contexto econômico de crise e dificuldades financeiras. Essas empresas se deparam com uma
questão primordial. Como utilizar as informações sobre os custos de produção agrícola,
zootécnica e agroindustrial no papel de um instrumento de apoio às tomadas de decisões e ao
controle das suas operações?
A contabilidade rural, de uma maneira geral, é conhecida por suas finalidades fiscais. O
pequeno interesse por sua aplicação gerencial ocorre de acordo com a percepção do empresário
rural, (sobretudo os pequenos e médios). A contabilidade de custo é uma técnica complexa em
sua execução e possui um baixo retorno prático. Na contabilização de seus custos, as empresas
rurais apresentam dificuldades para manter um rigor no controle de seus elementos formadores.
Suas características próprias de formação do custo dependem da natureza do produto que ela
possui, dos instrumentos de controle disponíveis e do intervalo de tempo entre o início da
produção e a realidade das vendas. A contabilidade de custo se constitui, sem dúvida, em um
importante e eficiente instrumento auxiliar da administração. As informações relativas aos custos
são utilizadas como ferramenta gerencial nas resoluções de várias questões tais como produzir ou
comprar matérias-primas, determinação do preço e negociação no mercado.
O município de São Bento do Una/PE, objeto de estudo desse artigo, está contido na
mesorregião agreste de Pernambuco, composta de seis microrregiões (Alto Capibaribe, Brejo
Pernambucano, Garanhuns, Médio Capibaribe, Vale do Ipanema e Vale do Ipojuca), e ocupa uma
área de 511km², representando 0,52% do estado.
No município estudado existem dois períodos característicos de produção: o período da
safra (estação das águas) e o da entressafra (estação da seca), os quais se diferenciam pela
precipitação pluviométrica, mais acentuada na primeira estação. Essa característica tem reflexo
evidente na avicultura, principalmente quanto ao aparecimento de doenças respiratórias em
períodos prolongados da estação das águas, conseqüentemente interferindo no aumento dos
custos de produção, com controle profilático maior.
O município de São Bento do Una/PE tem na produção avícola uma das suas principais
atividades. A exploração da avicultura de corte e postura deve-se às condições da região que se
enquadram nas exigências naturais da atividade.
De acordo com o que foi abordado surge um problema a ser pesquisado:
Qual a importância e como os produtores avícolas localizados no município de São Bento
do Una utilizam nas suas atividades agrícolas e de produção a contabilidade de custos?
2 Fundamentação Teórica
2.1 Elementos componentes do custo
Os elementos componentes do custo podem ser identificados sob diversos aspectos:
quanto ao modo de sua apuração, quanto à sua composição e quanto ao objeto.
Quanto ao modo de apuração, o custo pode ser direto e indireto. O custo direto é formado
pelo montante de todas as despesas relativas a cada uma das culturas vegetais, criações ou
produções agroindustriais. O custo indireto é formado por todas as despesas referentes ao
conjunto de atividades desenvolvidas. Segundo Valle (1999), os elementos componentes dos
custos diretos e indiretos nas explorações culturais, pecuárias, agroindustriais e auxiliares.
Quanto à composição, custo pode ser referenciado como agrário (vegetal, pecuário e
agroindustrial), complexivo (ou comercial) e completo (ou técnico-econômico). O custo agrário é
composto pelas despesas diretas e indiretas, que são próprias da atividade rural. O custo
comercial pela soma das despesas agrárias e as comerciais (administrativas e de vendas). O custo
completo é constituído pela soma das despesas agrárias diretas e indiretas, das operações
comerciais e das despesas condicionais e figurativas.
Quanto ao objeto, o custo pode ser global ou parcial. O custo global abrange o cálculo de
todas as produções da empresa e o custo parcial se refere a cada produção em particular.
2.2 Classificação dos custos
Atualmente, existem várias formas de classificação de custos. Esses apresentam inúmeras
variações em suas nomenclaturas e referenciais utilizadas devido aos distintos enfoques dos
autores. Neste trabalho, utiliza-se a classificação proposta por Marion (1997), por sua adequação,
referenciais e enfoque, apresentando três tipos, que são: quanto a natureza, quanto à identificação
com o produto e quanto à sua variação quantitativa. A classificação quanto à natureza refere-se à
identidade daquilo que foi consumido na produção. Muitas vezes a nomenclatura se assemelha à
utilizada para dar nomes a bens e serviços. Estão inseridos nesse tipo de classificação os
materiais ou insumos utilizados, as mãos-de-obra direta e indireta, a manutenção de máquinas e
equipamentos, sua depreciação, e os combustíveis e lubrificantes utilizados. Por outro lado, a
classificação quanto identificação com o produto refere-se à maior ou menor facilidade de
identificar os custos com os produtos, através de uma medição precisa dos insumos utilizados, da
relevância do seu valor ou da apropriação dos gastos por rateio. Estão inseridos nessa
classificação os custos diretos e indiretos. Os custos diretos são identificados com precisão no
produto acabado, através de um sistema de medição. Os custos indiretos são aqueles necessários
à produção, geralmente de mais de um produto, mas que são alocáveis, através de um sistema de
rateio, estimativas e outros meios. A classificação quanto à sua variação quantitativa refere-se ao
fato de os custos permanecerem inalterados ou variarem em relação às quantidades produzidas.
Ou seja, os custos podem variar proporcionalmente ao volume produzido ou podem permanecer
constantes, independentemente do volume. Esses são divididos em custos variáveis e fixos. Os
primeiros são aqueles que apresentam variações em proporção direta com o volume de produção
ou área de plantio. Os segundos são aqueles que permanecem inalterados em termos físicos e de
valor, independentemente do volume de produção e dentro de um intervalo de tempo relevante.
São também conhecidos como custo de capacidade por serem oriundos de posse de ativos e de
capacidade ou estado de prontidão.
Eventualmente, alguns custos podem variar, mas não de uma forma proporcional ao
volume produzido. São exemplos: a energia utilizada na iluminação de um galpão durante um
turno de trabalho, que passa a variar pela qualidade de turnos, não pelo volume produzido, e o
pivô da central de irrigação, que possui um gasto fixo de energia (demanda instalada) e outra
variável em função do tempo de irrigação e da área a ser irrigada.
Outros custos permanecem realmente fixos, não só dentro de um intervalo de tempo
relevante, mas também permanecem fixos até um certo nível de atividade.
2.3 Sistema de custeamento
Para determinar os custos, a contabilidade utiliza dois sistemas básicos de custeamentos
que são: o sistema de custeamento por ordem de produção e o custeamento por processo. Para
Leone (1998), a opção por um dos sistemas citados depende do tipo de produto, do processo de
fabricação e da convivência da empresa.
A diferença entre os dois sistemas gira em grande parte em torno da maneira pela qual se
realiza o custeio do produto. Ao contrário do custeio por processo, que lida com amplas, médias e
grandes massas de unidades similares, o método da ordem de serviço, essencialmente, tenta
aplicar os custos a serviços específicos, que podem ser uma única unidade física (como um sofá
por encomenda), ou algumas unidades (como uma dúzia de mesas) de um lote. (HORNGREN,
2000).
Observa-se que nesse sistema, a identificação do papel dos vários departamentos como
centros de custo, poderá favorecer a participação de cada um deles na composição total. Essa
informação é fundamentada para que haja um controle eficaz e um gerenciamento do
comportamento dos custos.
O sistema de contabilidade de custos por processo é utilizado quando existe continuidade
na produção de bens idênticos ou semelhantes, ou que seu preço fundamental para o custeamento
é a departamentalização de custos.
De acordo com Marion e Santos (1999), o ciclo de produção definido no tempo e no
espaço geográfico caracteriza o sistema de ordem de produção. Assim, de acordo com as ordens
específicas de produção cada elemento de custo é acumulado separadamente A cada ordem é
atribuído um código e com isso todos os gastos decorrentes dos custos de produção serão
alocados por meio desse código.
No sistema de ordem de produção os custos são identificados diretamente com cada
ordem de produção e cada uma possui características diferentes. Esse sistema também pode ser
utilizado por empresas que primeiro reúnem partes dos produtos, que depois, passará por um ou
mais processos ou departamento de acabamento.
2.4 Métodos de custeamento
Existem três métodos para determinar o custo dos produtos vendidos, que são: absorção,
direto e custo Padrão.
O método de custeamento por absorção é realizado sob a ótica da contabilidade de custos
tradicional, respeitando os princípios fundamentais da contabilidade. São levantados, a fim de
mensurar de forma monetária, os estoques de produtos acabados ou em exploração
(processamento), ao fim de um exercício ou intervalo de tempo, para apurar o resultado contábil
da empresa. É um sistema de acumulação de custos que apropria os custos fixos à produção e os
inclui nos estoques.
O método de custeamento direto (ou variável) atribui apenas os custos variáveis aos
produtos elaborados, juntamente, com as despesas variáveis para determinar a margem de
contribuição do produto. Considera apenas os custos variáveis para determinar os custos de
produção (mão-de-obra direta, máquinas diretas e insumos agrícolas). Os custos fixos são
considerados despesas correntes e são debitados diretamente nos resultados. Esse método não é
aceito pela legislação fiscal vigente, podendo ser utilizado apenas na apuração de resultados
gerenciais, fornecendo subsídios valiosos para o processo de tomada de decisões.
O método de custo padrão é utilizado para confrontar os resultados obtidos com os
padrões de custo ou outros tipos de metas e medições contidos no planejamento.
3 Metodologia
Para determinar o universo ou população desta pesquisa, foi utilizada uma lista de
avicultores obtida através da Associação dos Avicultores de Pernambuco (AVIPE) que nos
forneceu todos os dados cadastrais dos avicultores de São Bento do Una/PE.
Quadro 1 – Número de avicultores e respectivas quantidades de aves estabilizadas no ano
Estratos
I
II
III
IV
Total
Quantidade De Aves (Estabilizadas no ano)
Até 100.000
De 100.001 a 300.000
De 300.001 a 500.000
Acima de 500.000
Nº de Avicultores
15
06
03
02
26
Fonte: Dados de Pesquisa, 2005.
Obedecendo ao critério: quantidade de aves (estabilizadas no ano), foi estabelecida a
seguinte classificação para o universo:
O estrato I será composto pelos avicultores que possuem até 100.000 aves estabilizadas no
ano;
O estrato II será composto pelos avicultores que possuem de 100.001 a 300.000 aves
estabilizadas no ano;
O estrato III será composto pelos avicultores que possuem de 300.001 a 500.000 aves
estabilizadas no ano;
O estrato IV será composto pelos avicultores que possuem acima de 500.000 aves
estabilizadas no ano.
Dentre os 26 avicultores independentes, foram encontrados 11 de Postura, 14 de Corte e
01 de Postura, Corte e Matrizes que totalizam o universo da pesquisa.
Com a realização de uma pesquisa de natureza descritiva, buscou-se responder o
problema de pesquisa, que tem como objetivo central descrever a importância dada pelos
avicultores localizados no município de São Bento do Uma, PE à apuração e controle de custos.
“As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.”
(GIL, 1991, p.46). A principal vantagem desse tipo de pesquisa é a possibilidade de aprofundar a
descrição de uma determinada realidade.
No que se refere à coleta de dados foram utilizados três procedimentos técnicos de coleta:
entrevista; e as pesquisas bibliográfica e documental. Segundo Rampazzo (2002, p. 108) “a
entrevista é um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informações a
respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional.” A
entrevista pode ser do tipo estruturada e não-estruturada. A primeira é caracterizada por seguir o
entrevistador um roteiro previamente estabelecido. A segunda é aquela em que o entrevistador
tem liberdade para adaptar suas perguntas durante a entrevista. As entrevistas realizadas com os
avicultores foram do tipo não-estruturada. É importante destacar que durante as entrevistas foi
utilizado um gravador, no qual todas respostas eram devidamente gravadas e, posteriormente,
transcritas e analisadas. A pesquisa bibliográfica, de extrema importância, foi desenvolvida com
o objetivo de agregar conhecimento teórico aos autores desse trabalho e de solidificar os
argumentos, dando credibilidade aos resultados obtidos. “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida
a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. (GIL,
1991, p.48).
Outras fontes de informações foram as análises dos documentos cedidos pelos avicultores.
A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A
diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa
bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre
determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam
ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os
objetivos da pesquisa. (GIL, 1991, p.51).
Vale ressaltar que nessas coletas buscaram-se informações relacionadas com as atividades
relacionadas a apuração e o controle de custos no setor e na localidade pesquisados. Os
documentos cedidos foram devidamente analisados e interpretados.
4 Análise dos resultados
4.1 Apuração e controle dos custos de produção
Quadro 2 - Percentual e número de avicultores que utilizam a estruturação dos custos.
Estratos
Formas de custos
Sistema de Custos
Estruturação simples de custo
Nenhuma forma de controle
TOTAL
I
%
40
60
100
II
Nº
06
09
15
%
50
50
100
Nº
03
03
06
III
%
33,3
66,7
100
IV
Nº
01
02
03
%
50
50
100
Nº
01
01
02
Fonte: Dados de Pesquisa, 2005.
Com relação à estruturação dos custos, observa-se que só os avicultores pertencentes aos
estratos III e IV adotam o sistema de custos em 33,3% e 50% respectivamente. Na adoção pela
estruturação simples de custos, constatou-se que os avicultores pertencentes ao estrato II – 50%
utilizam esta forma de estruturação, ficando os estratos I e III com 40% e 66,7%,
respectivamente, e o estrato IV, de 50%.
Os avicultores pertencentes aos estratos I e II, respectivamente, 60% e 50% não utilizam
nenhuma forma de controle.
Constata-se que os avicultores pertencentes aos estratos de tamanho maior, utilizam a
forma de custos mais completa, que é o sistema de custos.
De acordo com os números do quadro 2, nota-se que a principal causa da não utilização
de nenhum meio formal de controle de custos está ligada à falta de orientação técnica. Verificase, através de depoimentos dos gerentes dos avicultores pesquisados, que, em algumas
localidades, os técnicos responsáveis pelo monitoramento não estão executando esse
acompanhamento de forma profunda.
Quadro 3 - Razão da não utilização de nenhuma forma de controle de custos por parte dos
avicultores dos estratos I e II.
Estratos
Motivo
I
03
03
03
09
A produção é pequena e não há necessidade
Os dados da contabilidade geral são suficientes
Por falta de orientação técnica
TOTAL
II
02
01
03
Fonte: Dados de Pesquisa, 2005.
Através dessa informação, constata-se que as atividades de capacitação estão atingindo
seus objetivos e que os avicultores, em sua grande maioria, estão assimilando as técnicas de
conhecimento transmitidas nessas atividades. Mas, nota-se que os avicultores com menor
quantidade de aves, estrato I e II, apresentam certa dificuldade para adotar uma estruturação de
custos para controlá-los. Baixo índice de escolaridade, as limitações organizacionais e as
incertezas sobre os benefícios gerados pela contabilidade de custos são as principais causas dessa
resistência. A AVIPE precisa elaborar uma estratégia de monitoramento dos pequenos avicultores
que reduza essa resistência e altere suas perspectivas sobre a importância da contabilidade de
custos dentro da organização.
Quadro 4 - Percentual e número de avicultores em relação aos responsáveis pelo registro e
controle dos custos.
Estratos
responsável
Gerente
Chefe de produção
Técnico
Contador
Ninguém
Total
i
%
40
13
7
40
100
ii
nº
06
02
01
06
15
%
33
17
17
33
100
iii
nº
02
01
01
02
06
%
33,33
33,33
33,33
100
iv
nº
01
01
01
03
%
50
50
100
nº
01
01
02
Fonte: Dados de Pesquisa, 2005.
Nas atividades de campo, verificou-se, através das observações, que os avicultores não
possuem uma organização contábil definida, embora sua maioria possua um simples tipo de
estruturação de custos. O baixo índice de escolaridade associado à falta de orientação técnica são
suas principais causas. Quatro dos avicultores pesquisados possuem uma contabilidade geral
atualizada, sete outros avicultores apresentam seus registros, enquanto os demais avicultores não
possuem nenhuma forma de registro. A estruturação de custos encontrada é composta pelos
registros analíticos auxiliares, que contêm as informações relativas às operações internas, embora
também registre algumas operações externas.
De acordo com a realidade observada sobre a estruturação dos custos dos avicultores
independentes, verifica-se que os de maiores quantidades de aves possuem um sistema contábil
simples, mas organizado. Nos avicultores com menores quantidades de aves, a contabilidade
ainda não possui um papel definido dentro da organização, sendo considerada como um
instrumento acessório dentro de sua gestão administrativa.
4.2 Registro analítico auxiliar
Quadro 5 - percentual e número de avicultores em relação à utilização de meios formais de
apuração e controle dos custos.
Estratos
Formulários
I
%
40
26,7
33,3
100
Possui e utiliza
Possui e não utiliza
Não possui
TOTAL
II
Nº
06
04
05
15
%
50
16,7
33,3
100
III
Nº
03
01
02
06
%
100
100
IV
Nº
03
03
%
100
100
Nº
02
02
Fonte: Dados de Pesquisa, 2005.
Com relação ao centro de custos avícolas, foi constatada a existência de meios formais
para anotar os registros analíticos auxiliares. O quadro acima apresenta a utilização de meios
formais de registros e controle de custos pelos avicultores.
Outra importante informação é o modo pelos quais esses formulários estão sendo
utilizados pelos avicultores. Não basta apenas possuir formulários ou registros analíticos
auxiliares. É preciso também anotar corretamente e de forma organizada os fatos ocorridos
durante o exercício.
Como se pode constatar no quadro 5, 40% (06) dos avicultores, pertencentes ao estrato I,
utilizam meios formais de apuração e controles dos custos e os 50% (03), 100% (03 e 02) dos
estratos II, III e IV, respectivamente, também utilizam.
Quadro 6 - Registro e organização dos fatos contábeis pelos agricultores.
Organização
Não agrupa
Registro
Não registra
Agrupa
Total da linha
%
nº
%
nº
%
nº
46,1
12
-
-
46,1
12
Registra
15,4
04
38,5
10
53,9
14
Total da coluna
61,5
16
38,5
10
100
26
Fonte: dados de pesquisa, 2005.
Constata-se que 46,1% (12) dos avicultores pesquisados, não agrupam e nem registram os
fatos contábeis; 15,4% (04) registram e não agrupam e 38,5 (10) agrupam e registram os fatos
contábeis.
4.3 Apropriação dos custos aos produtos
Quadro 7 - Apropriação dos custos dos produtos composição dos custos totais dos avicultores
Custos variáveis
87%
Custos fixos
13%
Custos totais
100%
Fonte: Dados de Pesquisa, 2005.
O sistema de apropriação dos custos aos insumos utilizados pelos avicultores pesquisados
é o sistema de custeamento por lotes. Sobre o método de apropriação dos custos ao produto,
constata-se que o custeio direto é utilizado por todos os avicultores que possuem estrutura de
custos. Nesse método são apropriados aos produtos apenas os custos variáveis. Verifica-se que
87% do total dos custos pertencem aqueles variáveis tendo em vista as aquisições de milho e soja
que contribuem com o maior percentual para o fabrico de ração. Os custos fixos no total de 13%
são computados para apurar o resultado do exercício, que é monitorado pelos técnicos.
As depreciações de benfeitorias, instalações, máquinas e equipamentos não são calculadas
pelos avicultores, pois envolvem elementos que os gerentes e demais membros desconhecem.
Para efetuar cálculos, é preciso conhecer as estimativas de duração das máquinas, equipamentos,
benfeitorias e instalações. Os técnicos em contabilidade são responsáveis pelo cálculo das
operações do ativo permanente.
Através do método da observação, constata-se que os itens fixos são apropriados ao
produto. Os valores dos salários da administração são registrados juntamente com os demais no
formulário de controle dos salários pagos. Os valores relativos aos materiais de escritório,
telefone e energia elétrica são registrados no formulário de controle dos gastos gerais.
5 Considerações finais
As descrições e análises efetuadas revelaram diversas informações a respeito das formas e
critérios utilizados pelos avicultores independentes na composição dos custos avícolas, sua
apuração e controle. Assim como, a importância dos custos, na gestão desses avicultores
independentes, como fonte de informações contábeis para a tomada de decisão sobre as questões
relacionadas com a definição do preço de venda avícola e a substituição de equipamentos.
Verificou-se que a apuração e registro dos custos avícolas são descentralizados e
limitados, mostrando que a estruturação desses custos é feita através de meios informais, não
possuindo uma contabilização precisa.
Todos os custos relativos aos insumos, mão-de-obra e transportes são apurados e
registrados pelos avicultores, não utilizando nenhum meio formal (formulário específico), apenas
anota os itens utilizados, suas quantidades e valores em um simples caderno.
Percebe-se que existe uma resistência por parte dos avicultores em tomar alguma
iniciativa, no sentido de implantar um controle formal que acompanhe a apuração e o registro dos
custos avícolas nas várias granjas, além da falta de orientação técnica que poderia contribuir para
reverter esse quadro.
Como foi observado os sócios/gerentes são agentes responsáveis pela apuração e controle
dos custos. Em entrevistas preliminares, realizadas junto aos técnicos envolvidos, constatou-se
que os pequenos avicultores possuem escassos recursos financeiros, que impossibilitaram a
contratação de contadores ou técnicos que executam essa atividade.
A ausência de uma organização contábil definida dificulta o estabelecimento das práticas
contábeis de escrituração, controle e manuseio dos dados sobre os custos que devem ser adotados
pelos avicultores. A realização de atividades de capacitação associada a um acompanhamento
mais intensivo por parte dos técnicos responsáveis constitui uma estratégia que poderá reverter
esse quadro à médio prazo.
6 Referências bibliográficas
6.1 Referências Bibliográficas Utilizadas
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
HORNGREN, Chales T. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2000.
LEONE, George Sebastião Guerra. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1998.
MARION, José Carlos. Contabilidade Rural. São Paulo: Atlas. 1997.
MARION, José Carlos; SANTOS, Gilberto José dos. Administração de custos na agropecuária.
São Paulo: Atlas, 1999.
MENELAU, Almir Silveira et. al. Estudo do complexo agroindustrial de aves e ovos do
Nordeste. Recife: SUDENE/UFRPE, 1996.
RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica para alunos dos cursos de graduação e pósgraduação. São Paulo: edições Loyola, 2002.
UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA (UBA). Avicultura. Brasília: UBA/IPEA, 2000.
VALLE, Francisco. Manual de contabilidade agrária. São Paulo: Atlas, 1999.
6.2 Referências Consultadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE PINTOS DE CORTE (APINCO).
Produção avícola no Brasil: São Paulo, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS (ABIA). Perfil e tipo de
organização das empresas do setor. São Paulo: ABIA, 1992.
ASSOCIAÇÃO AVÍCOLA DE PERNAMBUCO (AVIPE). Panorama do agribusiness avícola
de Pernambuco. Recife: AVIPE, 1999.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Recomendações
técnicas para o cultivo de milho. Brasília: EMBRAPA, 1993.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
ABASTECIMENTO. Política para o sus agrícola 96/97. Brasília: MAA, 1996.
E
DO
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