ANÁLISE DOS TERMOS DE DESIGNAÇÃO PARA INCLUSÃO
EDUCACIONAL NO WEBJORNALISMO
Lucas Lameira Martins
PALAVRAS-CHAVE: Análise, Educação, Inclusão.
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar um trabalho que é realizado em um projeto de
pesquisa no qual se faz a analise das ocorrências de termos relacionados à temática inclusão
educacional no webjornalismo. Essa análise ocorre a partir dos textos veiculados em dois
portais de notícias, Inclusive e Novidades do Dia, vinculados a esta temática, tendo como base
metodológica a análise de discurso e a retórica, investigando questões como: quem são os
agentes que tecem o discurso da educação inclusiva e como eles o constroem através de
entrevistas, artigos, reportagens, notícias e outras formas de cobertura. Além disso, busco a
origem dos referidos termos em leis que se apresentam nestas coberturas e em coberturas de
outros portais, que são divulgados por eles, desde portais de educação a jornais da grande
mídia.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é apresentar uma pesquisa que é realizada em projeto de Iniciação
Cientifica pelo PIP/CNPq dentro do projeto “Linguagem, Identidade e a Recepção da
Deficiência no webjornalismo” orientado pelo professor Ubiratan Garcia Vieira. A pesquisa
trata da análise de termos de designação no tema inclusão educacional no webjornalismo. Tal
trabalho se faz necessário devido à crescente emergência das discussões sobre este assunto
tanto na esfera social quanto na jurídica, resultando na criação e reformulação de leis que
promovem a criação da educação inclusiva no Brasil. Os discursos presentes nestas discussões
e leis são carregados de termos que deixam suas marcas na realidade social à medida que,
utilizando do conceito de Foucault, são próprios de determinados enunciados (Gregolim,
2004).
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(...) ao mesmo tempo em que surge em sua materialidade, aparece com um
status, entra em redes, se coloca em campos de utilização, se oferece a
transferências e modificações possíveis, se integra a operações e estratégias
onde sua identidade se mantém ou se apaga. Assim, o enunciado circula,
serve, se esquiva, permite ou impede a realização de um desejo, é dócil ou
rebelde a interesses, entra na ordem das contestações e das lutas, torna-se
tema de apropriação ou de rivalidade. (Gregolim, p.32, 2004)
Sendo assim, parte da realidade social das pessoas com deficiência que diz respeito à inclusão
educacional delas tem origem na utilização dos termos que permeiam estas discussões. Por
isso torna-se necessária a verificação da utilização destas terminologias por parte dos
mediadores de notícias, que são importantes agentes na construção social da realidade (Berger
e Luckmann, 1985). Desta forma, além do conceito de enunciado de Foucault já citado
anteriormente, esta análise recorre também ao conceito de língua como prática social de
Bourdieu (Hanks, 2008) e à análise retórica como proposta por Reboul (Reboul, 1925) para
analisar aquilo que ocorre nas produções noticiosas sobre inclusão educacional no
webjornalismo.
1. METODOLOGIA DE PESQUISA
Esta análise parte de uma seleção de termos recorrentes na discussão atual sobre educação
inclusiva. Dentre eles podemos encontrar inclusão educacional, exclusão educacional,
educação especial, ensino regular, escola comum, escola especial, classe regular, classe
especial e Atendimento Educacional especializado. Estes termos são constantemente
colocados em oposição no discurso à medida que são utilizados pelos veiculadores de notícias
de diversos portais, sejam estes da grande mídia ou dos meios ativistas. Blogs de ativistas
também são verificados no decorrer da pesquisa.
1.1 Ferramentas de pesquisa
Este trabalho é realizado com auxílio de ferramentas de pesquisa na internet. Uma
destas ferramentas de busca na internet é denominada “Google Scraper”
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Com esta ferramenta, torna-se possível realizar a busca de um determinado termo em um
portal especifico.
Além desta ferramenta, também é utilizada outra ferramenta denominada “Reframe it”
Com ela é possível selecionar trechos do texto postado em uma página de um portal e fazer
anotações sobre ele na mesma página.
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Após esta busca pelos termos, os Hiperlinks contidos nestes hipertextos, “construtos multiebunciativos produzidos e processados sobre a tela de um computador” (Xavier, p.284, 2003),
fazem remeter a novas fontes noticiosas que fomentam a pesquisa. Estes Hiperlinks podem
aparecer de diversas formas no hipertexto, sejam através dos comentários dos próprios leitores
nos textos postados nestes portais no exercício de uma intertextualidade explicita (Koch,2008
) ou através dos comentários dos próprios leitores nos textos postados nestes portais.
Realizada esta busca, a análise destes textos prossegue com base nos questionamentos
denominados lugares da interpretação como proposta na leitura retórica de Reboul (Reboul,
1925), dando maior consideração aos questionamentos de quem são os agentes que
(re)produzem estes discursos, quando esses discursos se realizam e como eles veiculam
notícias relacionadas ao tema. Todos estes questionamentos partindo da análise do emprego
deste termos de designação em notícias em que se tangem discussões dentro deste campo da
educação inclusiva.
2. CONTEXTO DA INCLUSÃO EDUCACIONAL NO BRASIL
Atualmente, um dos principais focos de tensão da discussão sobre inclusão escolar no
Brasil se deve a homologação do parecer n º 13 do Decreto 6.571 que propõe a
distribuição de recursos do FUNDEB, acompanhado de subsídios para a
regulamentação do atendimento educacional especializado no ensino regular,
propondo a complementaridade das escolas especiais, instituições filantrópicas ou
comunitárias a exemplo das APAEs, no processo de implementação da inclusão
escolar.
Neste contexto, surgem, basicamente, dois grupos de oposição dentro do tema. Um
que se coloca a favor da matricula de alunos com deficiência em escolas especiais, se
opondo à inserção deles no ensino regular normal. E outro que defende a inserção
destes alunos dentro do ensino regular normal. O primeiro defende a idéia de que se
inseridos no ensino regular normal, alunos com deficiências mais severas e com tipos
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de deficiência específicos, a exemplo da deficiência intelectual, não se adequaram as
escolas devido ao atual despreparo dos professores em lidar com eles, e a falta de
profissionais no mercado que saibam fazê-lo. Dessa forma argumentam que a
matricula destas pessoas na escola comum constitui uma forma de exclusão.
O segundo grupo, defende a inserção de pessoas com deficiência no ensino regular
normal defendendo que só desta forma é que se exercerá a inclusão escolar de fato.
Entretanto, neste grupo ainda se subdivide entre os que defendem a inserção destes
alunos em classe especiais e outro grupo que defende a inserção das mesmas em
classes regulares.
3. OS TERMOS DE DESIGNAÇÃO NOS PORTAIS DE WEBJORNALISMO
Neste contexto, os termos que aparecem nesta discussão não servem somente à
designação de espaços e realidades físicas, servem também à construção delas. Isso
ocorre porque a utilização destes termos, e os enunciados que remetem, são
contrutores de uma realidade social que tem se modificado constantemente neste
campo em tensão. Por isso os portais de webjornalismo especializados nestes temas,
fazem menção a termos específicos dentro de sua produção noticiosa, para designar
estas instiuições, colocando se como agentes construtores desta realidade. Abaixo
segue uma lista com alguns termos de designação feita através da análise de dois
portais de webjornalismo especializados em inclusão, Inclusive e Novidades do Dia:
3.1- Atendimento Educacional Especializado:
“Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de
acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou
suplementar à formação dos alunos no ensino regular.” (Decreto nº 6.571/2008,Art. º1, § 1º)
3.2- Classe comum e Classe regular: Diferenciação de classes em escolas comuns
para alunos com deficiencias. Pessoas com deficiencia que não se adquam às classes
rregulares são matriculados em classes especiais.
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3.3- Educação Inclusiva: Inserção de alunos com deficiencia nas escolas comuns do
ensino regular com previsto pelo decreto nº6.751/2008. Incluindo a inserção dos
mesmos dentro das classes regulares.
3.4- Escola comum e Escola especial: Escola comum é a referente ao ensino regular
normal que, com o atendimento educacional especializado, será o lugar da inclusão
escolar de fato. Já as escola especiais são as intituições comunitárias, filantrópicas ou
confessionais que oferecem atendimento especializado para pessoas com defiencia,
entretanto devem trabalhar em conjunto com as escolas comuns, para que seja
efetivado o processo de escolarização destes alunos.
4. Conclusão
Visto que, conscientes da materialidade do discurso veiculados pelos meios noticiosos,
estes portais de notícias também conduzem suas produções neste sentido, estes
ativistas, jornalistas e colaboradores localizando-se no centro da tensão no campo
existente acerca do discurso da educação inclusiva, evidênciada pelos pares de termos
em oposição nas discussões do tema(classe especial/classe regular, escola especial,
ensino regular, educação especial, dentre outros), teceram uma padronização na
utilização destes termos aos moldes de um manual de redação, afim de propiciar a
“correta” utilização destes termos pelos receptores. A partir disso, pode-se evidênciar
que a utilização de termos que não são incorporados a este manual, constituem uma
espécie de violência simbólica dentro deste campo, assim
como percebida por
Bourdieu (Hanks, 2008).
5. Referências
BERGER, Peter L. A construção social da realidade: tratado de sociologia do
conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1995.
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HANKS, William F. Língua como prática social: das relações entre língua, cultura
e sociedade a partir de Bordieu e Bakhtin. São Paulo: Cortez, 2008.
KOCH, Ingedore G. Villaço. Intertextualidade: diálogos possíveis. São Paulo:
Cortez, 2008.
XAVIER, Carlos Antonio. Hipertexto e intertextualidade. Caderno de estudos
lingüísticos, Unicamp, Campinas (44): 283-290, 2003.
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