O PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DE PALAVRAS DA LÍNGUA INGLESA
NA GASTRONOMIA BRASILEIRA
Autor(a): Sandra Christina Vasconcelos Lyra da Silva
Coautor(es): Profª. Msc. Suzana Paulino e Profª. Esp. Sandra Marinho
Faculdade SENAC Pernambuco
1 INTRODUÇÃO
Diante de um mundo globalizado, onde o acesso às informações está cada vez
mais disponível e rápido, o conhecimento é apreendido de forma rápida e
multidisciplinar, favorecendo a construção de um conhecimento global.
O estudante da atualidade lida com conhecimentos múltiplos e deve fazê-lo para
ter uma formação abrangente, já que o mercado de trabalho exige que a mão de obra
seja cada vez mais qualificada, com vasto conhecimento. Não basta ter o conhecimento
técnico de uma área específica, é preciso buscar novidades para ter uma formação ampla
e sistêmica.
Esse conhecimento dá-se também através da herança linguística e dos
empréstimos feitos, o que um povo fala e como fala irá determinar como é esse povo,
seus costumes, suas tradições. Ao se fixar a língua traz também a carga cultural que ela
possui. A língua pátria é a referência primária, mas referências de outras línguas são
importantes. “O léxico de uma língua é como uma galáxia, vive em expansão
permanente por incorporar as experiências pessoais e sociais da comunidade que a fala
(CARVALHO, 2002, p. 10).”
A gastronomia atual é mais do que saber cozinhar, é preciso saber de onde vem
cada insumo e a história de cada local, para compreender hábitos alimentares e culturais
de um povo, para atender seus gostos e preferências.
Esta pesquisa busca ampliar esse horizonte e fazer pensar todos que tiverem
acesso a esse material que busca entender como ocorre o processo de incorporação de
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palavras da língua inglesa na gastronomia brasileira, contribuindo para a formação
integral do estudante. É relevante para a relação traçada ou estabelecida entre a
linguística e a Gastronomia, passando pela história, geografia e principalmente pelos
aspectos culturais que estão envolvidos nesse processo.
Ao pesquisar o processo de incorporação de palavras da língua inglesa na
gastronomia brasileira estamos buscando fazer um levantamento histórico da presença
da língua inglesa nela; registrar as ocorrências de palavras de língua inglesa no léxico da
gastronomia brasileira e classificar o léxico encontrado por área de ocorrência.
Por sofrer influências de outras línguas, palavras são incorporadas ao dia-a-dia
do cozinheiro e muitas vezes sua origem é estrangeira, trazendo dificuldade no
entendimento e na fala dessa palavra.
“No caso do português do Brasil, os empréstimos vêm na sua grande maioria da
língua inglesa, através dos Estados Unidos, onde, segundo Maria Tereza Biderman, o
inglês é o verdugo que desfigura cada vez mais a língua portuguesa (CARVALHO,
2002,p. 13).”
Diversos termos originados no inglês já fazem parte do nosso dia-a-dia sem que
percebamos, tais como: teste (test), coquetel (cocktail), drinque (drink), lanche (lunch
[i]), sanduíche (sandwich) e muitos outros, sendo seu comportamento na língua
portuguesa bastante variado. Muitos, como estes, introduzem um novo significado e
utilizam fonemas do português para aproximar-se foneticamente a língua original.
Podem também ganhar foros de naturalidade, sendo incorporados ao léxico português e
representados com grafemas da língua receptora. Sendo essa problemática um dos
pontos desse trabalho.
A pesquisa buscará responder a pergunta de como ocorre o processo de
incorporação de palavras da língua inglesa na gastronomia brasileira. Tendo como
objetivo geral pesquisar o processo de incorporação de palavras da língua inglesa na
gastronomia brasileira e objetivos específicos: fazer um levantamento histórico da
presença da língua inglesa na gastronomia brasileira; registrar as ocorrências de
palavras de língua inglesa no léxico da gastronomia brasileira e classificar o léxico
encontrado por área de ocorrência.
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“Teoricamente uma língua de uma comunidade isolada que se bastasse a
si própria para sua sobrevivência não precisaria de receber empréstimos
externos, pois a própria língua local daria conta das necessidades de
comunicação da comunidade. Se havia evolução cultural e, portanto,
surgiam novas necessidades de comunicação, estas seriam supridas pela
língua local (Rodríguez, p. 20).”
Segundo o autor, o fato acima nunca acontecerá porque é inerente ao ser humano
trocar conhecimentos, alimentos e experiências. Foi assim na antiguidade e continua nos
tempos atuais, cada vez mais rápido e dinâmico. Sendo assim o empréstimo de termos
de uma língua por outra se dá cada vez mais, principalmente na língua portuguesa para
com os Estados Unidos. Por ter sido durante muitos anos uma grande potência mundial,
muita tecnologia foi importada, também na Gastronomia. Apesar da França ter sido o
berço da Gastronomia e ter exercido grande influência cultural e linguística no século
XIX o americano supera isso e com a expansão e o progresso econômico dos países de
língua inglesa, principalmente o dos Estados Unidos, acaba interferindo também
linguisticamente no português, mas intensamente no português do Brasil.
Os termos de que a língua portuguesa faz uso trazem uma carga cultural imensa,
ao utilizarmos uma palavra americana queremos demonstrar conhecimento, isso é um
fato bastante relevante no estudo do léxico. A área da Gastronomia faz também essas
trocas culturais, o breakfast americano não é igual ao café da manhã do brasileiro, mas
ao utilizar esse termo trazemos seu modelo para nosso dia-a-dia.
A metodologia utilizada serão pesquisas bibliográfica e documental, utilizando
duas publicações gastronômicas de maior relevância no Brasil, Revistas: Prazeres da
Mesa e GULA. Foram utilizadas as matérias e reportagens das revistas para coleta das
palavras, de agosto/2011 a janeiro/2012.
Quanto aos resultados, os dados estão sendo coletados, porém já indicam o uso
de algumas palavras da língua inglesa na linguagem utilizada no Brasil, como fast food,
self-service, shelf life.
REFERÊNCIAS
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CARVALHO, Nelly. Empréstimos Linguísticos. Editora UFPE, 2002.
RODRIGUEZ, Alfredo Macieira. Empréstimos Lexicais Recentes do Inglês ao
Português
do
Brasil.
Disponível
em:
www.filologia.org.br/anais/anais%20III%20CNLF%2054.html Acesso em: 16/08/2011
CARVALHO,
Nelly.
Léxico,
Cultura
e
Publicidade.
http://www.filologia.org.br/vcnlf/anais%20v/civ2_10.htm
Disponível
em:
Acesso em: 30/08/11
SILVA, Manoel M. & CHAGURI, Jonathas de P. A Etnoterminologia da culinária
bahiana na obra Dona Flor e seus Dois Maridos: análise do discurso etnoliterário
na
versão
para
o
inglês.
Disponível
em:
http://www4.uninove.br/ojs/index.php/dialogia/article/viewFile/1649/1929 Acesso em:
4
22/09/11
FIDALGO, Janaina. Livro "Léxico Científico-Gastronômico" ajuda a decifrar a
cozinha atual. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/comida/ult10005u404399.shtml
22/09/11
Acesso
em:
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