Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 ESTUDO SOBRE O SURGIMENTO E A EXPANSÃO DAS REDES ELÉTRICAS INTELIGENTES EM CIDADES DIVERGENTES SANTOS, FERNANDA M. C., SPATTI, DANILO H., SILVA, IVAN N. Laboratório, Departamento Pós-Graduação da Engenharia Elétrica, Universidade de São Paulo Av. Trabalhador São-carlense, 400, São Carlos – SP, 13566-590 E-mails: [email protected], [email protected], [email protected] Abstract⎯ Together with innovative smart technologies emerging, the smart grid stands out as ideal vision of future power system. In recent years, various studies have highlighted the smart grids in different initiatives, either in the area of network automation, or in power supply, or in services aimed at consumers. Pilot projects are under development in countries with different economic and political status, but it seeks primarily to create a set of sustainable and reliable networks, and to find energy solutions that meet future needs. Therefore, this article aims to drill in which prospects the smart grids are being developed in national and internationally scenarios, besides highlighting their future directions. Keywords⎯ Smart city, smart grids, smart meters, sustainability. Resumo⎯ Junto com as inovadoras tecnologias inteligentes despontando, a rede elétrica inteligente destaca-se como visão ideal do futuro do sistema de energia. Nos últimos anos, variados estudos destacam as redes elétricas inteligentes em diferentes iniciativas, seja na área de automação da rede, ou no fornecimento de energia, ou nos serviços destinados ao consumidor. Projetos pilotos estão em desenvolvimento em países com diferentes status econômicos e políticos, mas que buscam, principalmente, criar um conjunto de redes sustentável e confiável, além de encontrar soluções energéticas que atendam as necessidades futuras. Portanto, este artigo tem o objetivo de detalhar em quais perspectivas as redes inteligentes estão sendo desenvolvidas nos cenários internacional e nacional, além de destacar suas direções futuras. Palavras-chave⎯ Cidade inteligente, redes elétricas inteligentes, medidores inteligentes, sustentabilidade. 1 viços elétricos (Gellings, 2009). A SG aumentará a conectividade e a automatização entre os consumidores, às várias empresas geradoras de energia e as redes que executam tanto a transmissão de longa distância quanto as de distribuição local (Lin et al., 2013). O desenvolvimento de novos produtos e serviços relacionado ao SG proporcionará uma participação ativa do consumidor na gestão de sua energia. Um benefício para a sociedade será a maior eficácia na realização de programas de uso racional de energia, atrelados a potencial redução dos gastos com energia elétrica, melhorias na qualidade do fornecimento de energia, redução de furtos de energia e redução emissões de CO2. Dado que o desenvolvimento de projetos de SG em países desenvolvidos seja mais numeroso do que em países em desenvolvimento, existem fatores que se assemelham na justificativa da aplicação de SG em ambos. Dentre estes fatores, países como a China, Índia e Brasil destacam (Fadaeenejad et al., 2014): qualidade e confiabilidade do sistema energético; construção de um SG ao invés do sistema tradicional; custo de investimento eficaz para rápida demanda de energia e uso de energia renovável. Desta forma, este artigo tem o objetivo de relatar os atuais e futuros projetos de SG desenvolvidos pelo mundo, dando uma visão de suas principais características e os primordiais motivos que levaram os países a adotarem esta nova tendência tecnológica. Ademais, uma atenção especial será dada ao Brasil, país que se destaca como país emergente na economia mundial. Introdução Com o surgimento da economia digital e o explosivo crescimento da popularidade da Internet móvel, o setor industrial da energia elétrica está confrontando com novos desafios. Alguns problemas relevantes como mudanças climáticas, proteção ambiental, redução do CO2, emissão de outros gases de efeito estufa, desenvolvimento sustentável, aumento da demanda de energia tanto pela população quanto pelo setor industrial estão tornando cada vez mais intensos. Embora as tecnologias do sistema energético tradicional possam aliviar esses problemas, eles provaram serem inadequados. Como resultado, novas tecnologias devem ser usadas para ajudar a resolver esses desafios. Assim, várias pesquisas e esforços de profissionais multidisciplinares estão focados na criação de um sistema de redes capaz de suportar a nova demanda energética, e, em paralelo, suportar o fluxo de informações gerado pelos novos aplicativos da rede (Li and Zhou, 2011). Como resultado dos esforços, surgiu a formulação do conceito de redes elétricas inteligentes (smart grid - SG), que difere de acordo com o ponto de vista do profissional que a define. Por definição, uma rede elétrica inteligente é uma rede elétrica digitalmente habilitada que reúne, distribui e atua em informações sobre o comportamento de todos os consumidores e fornecedores de energia elétrica, a fim de melhorar a eficiência, importância, confiabilidade, economia e sustentabilidade dos ser- 1926 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 O artigo está organizado da seguinte forma: a Seção 2 identifica como os objetivos da SG são definidos no contexto das cidades inteligentes. A Seção 3 descreve alguns projetos sobre o desenvolvimento de SG em diferentes países. Finalmente, na Seção 4, o artigo é concluído. No contexto dos sistemas de energia elétrica, as cidades inteligentes são constituídas por um conjunto de redes inteligentes compostas por diferentes topologias. As redes elétricas inteligentes podem ser entendidas como a união entre os diferentes elementos dos sistemas elétricos com as tecnologias de informação e a rede de comunicação, como ilustrados na Figura 2. As redes elétricas inteligentes utilizam sensores, medidores, controles digitais e ferramentas computacionais para automatizar, monitorar e controlar o fluxo bidirecional de energia em todas as operações. Por meio das redes elétricas, a concessionária de energia pode otimizar o desempenho da rede elétrica, prevenir interrupções, restaurar falhas mais rápido, e permitir aos consumidores controlarem o consumo de energia. Perante as inovações e benefícios no sistema de energia elétrica, será descrito alguns exemplos do surgimento e da expansão das redes elétricas inteligentes em cidades divergentes. Ou seja, cidades que se diferenciam em fatores demográficos, climáticos, ecônomicos e políticos. 2 O Modelo de Cidades Inteligentes O termo cidades inteligentes é definido por uma habilidade intelectual originada da integração dos aspectos técnico-sociais e socioeconômicos provindos das inovações na urbanização, na tecnologia móvel, na economia das cidades e no comportamento das pessoas como cidadão (Atkinson and Castro, 2008; Belisent, 2010; Shapiro, 2003). Similarmente, o artigo Naphade et al. (Naphade et al., 2011) conceitua cidades inteligentes como a integração e a otimização de um conjunto de sistemas públicos e privados para obter um novo nível de eficiência e eficácia. Estes sistemas são elementos constituintes de uma cidade inteligente, e são responsáveis em produzir e em consumir informações, as quais são transmitidas através de uma infraestrutura tecnológica avançada, com o intuito de criar uma cidade autossustentável. A Figura 1 ilustra os sistemas descritos no artigo Naphade et al. (Naphade et al., 2011). A literatura permite definir as dimensões de uma cidade inteligente num modelo de referência holístico (Zygiaris, 2013). Ou seja, o paradigma das políticas de inovações urbanas inter-relacionaria o crescimento urbano com as questões das cidades verdes, da vida de um cidadão conectada às redes de telecomunicações, das infraestruturas locais das comunidades inteligentes, das inovações dos ecossistemas e da sustentabilidade ambiental e social. Diante desta dimensão, os principiados projetos de implantação de cidade inteligente diferenciam entre si pelos tipos de sistemas desenvolvidos e pela forma de abordagem: top-down, de líderes do governo para a população, ou bottom-up, a partir das comunidades inteligentes. Figura 2. Imagem extraída do artigo National Institute of Standards and Technology (2013) que representa os fluxos de comunicação e fluxos elétricos das redes elétricas inteligentes 3 Redes Elétricas Inteligentes Baseado numa rede consistente e segura, as SG permitem a automação integrada dos sistemas de medição, geração e armazenamento distribuído de energia, efetivamente. Portanto, a SG envolve vários segmentos e tecnologias, tornando necessário um longo período para sua instalação e seu desenvolvimento. Por exemplo, o State Grid Corporation da China fez o planejamento da construção de uma eficiente SG em três estágios: planejamento do projeto piloto (de 2009 a 2011), o estágio de construção (de 2011 a 2015) e o estágio de divulgação e atualizações (de 2016 a 2020) (Kang et al., 2009). Nas seções subsequentes, há a descrição de cidades em diferentes países que estão agindo para a concretização da SG. Estes projetos apresentam-se na fase de planejamento, ou na fase de desenvolvimento ou na fase de atualização e correção de um ou de alguns segmentos que compõem a SG. Figura 1. Imagem extraída do artigo Naphade et al. (2011) que representa os sistemas que integram uma cidade inteligente. 1927 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 3.1 Cenário Internacional dados e a integração de sistemas (Fadaeenejad et al., 2014). O governo chinês é o responsável pelo desenvolvimento da SG e, no período de 2011 a 2015, deliberou amplos investimentos nos setores: geração, transmissão e transformação, distribuição, comunicação, utilização e expedição (Saputro et al, 2012). Vários fatores caracterizam a urgência do governo chinês em implantar SG, porém os fundamentais são encontrar a demanda de eletricidade para o futuro, já que o crescimento desta demanda será de 233% entre 2007 e 2050 (Fadaeenejad et al., 2014). O outro fator é alcançar o equilíbrio entre as fontes de energia e os usuários, por intermédio de um desenvolvimento cooperado e sustentável de energia elétrica, já que a China é o maior emissor de gás carbono no meio ambiente (Lin et al., 2013). Ademais, a política do governo chinês apresenta outras inovações, como o funcionamento otimizado do sistema de energia nas indústrias; melhorias na capacidade da rede para uma alocação ótima de recursos; integração da geração de energia renovável plug-and-play; geração distribuída usando estruturas de redes eficientes e modos de operação flexíveis dos recursos energéticos disponíveis (Lin et al., 2013). O artigo (Lin et al., 2013) faz uma comparação entre a política do SG na China e no USA. Este estudo destaca que o USA apresenta alguns problemas estruturais nos atuais sistemas elétricos, como o envelhecimento da infraestrutura elétrica, congestionamento na transmissão, baixa eficiência e confiabilidade, lacunas entre o sistema secundário e as tecnologias de informação. Contudo, vários modos de gerenciamento de recursos enérgicos existem, ostentando equilíbrio entre a geração e o consumo de energia local, o que justifica a transmissão à longa distância ser raro neste país. Assim, o governo americano atualizou os sistemas de distribuição e de transmissão para digital, o que contribuiu para otimizar a operação da rede e para abrir mercado de energias alternativas. Juntamente, a construção de SG veio para aumentar a confiabilidade e eficiência do sistema de transmissão de energia e do consumo dos cidadãos, o qual foi auxiliado pelo medidor inteligente no controle dos dados de consumo. A política de inovação das SG nos EUA conta com o apoio do governo e de empresas públicas, e faz a distribuição dos investimentos nas proporções: 39% para o domínio de fornecimento de energia, que envolve desenvolvimento técnico e científico, empresas públicas, informatização e educação; 53% para o domínio ambiental, que engloba fatores financeiros, políticos, tributários e leis de regulamentação; e 8% para o domínio da demanda, destinado à serviços públicos, agentes estrangeiros e comercial (Lin et al., 2013). O Japão é um dos pioneiros no desenvolvimento de SG, responsável em criar modelos caracterizados pelas abordagens government-led, communityoriented e business-driven (Mah et al., 2013). Government-led significa a atuação do governo nacional Desde 2008, a Holanda apresenta investimentos em três setores da SG que são voltados à produção de eletricidade: powerhouse, flexworker e cidades inteligentes (Heuvelhof and Weijnen, 2013). Powerhouse engloba as redes de alta e média voltagem, nas quais os geradores de energia em grande escala e os usuários estão conectados. Estes geradores produzem energia elétrica com base em carvão, gás e vento. Em relação a flexworker, a Holanda atua como um fornecedor de serviços com base nas usinas de gás, para preencher a lacuna entre a geração nuclear inflexível e a geração à gás. Além disso, aumenta o fornecimento de energia intermitente provinda de fontes renováveis, especialmente de grandes parques eólicos localizados no Mar do Norte, Dinamarca e no Norte da Alemanha. O flexworker está localizado em redes de transmissão AC de média e alta voltagem. Já as cidades inteligentes, neste contexto, produz energia em baixa escala, conectando geradores descentralizados em pequena escala, instalações de armazenamento e cargas flexíveis em domicílios. Por outro lado, a cidade inteligente de Amsterdam desenvolveu um projeto envolvendo o sistema de energia elétrica, pela iniciativa de companhias particulares, autoridades governamentais e laboratórios de pesquisas. Neste projeto, a cidade de Amsterdam visa 25% de redução de energia para 2035 com base em energia renovável (Zygiaris, 2013). O conselho da cidade está implementando uma rede interligando as residências por fibra óptica envolvendo 400 mil casas, aproximadamente. Algumas partes da cidade são instrumentadas com medidores inteligentes de energia e carregadores elétricos inteligentes que fornecem feedback do consumo de energia. Os projetos individuais da cidade inteligente são integrados usando um SG e a plataforma EcoMap (Amsterdam Smart City, 2011). A Itália, dentre os países da União Europeia, destacase por estar inovando na política de regulamentação dos serviços da cidade inteligente para melhor atender as metas do European-wide, que são a eficiência energética, redução de emissão de gás de efeito estufa e produção de energia renovável. Por conseguinte, a regulamentação italiana criou três novas áreas: integração de fontes de energia renovável (renewable energy sources - RES); geração dispersa e resposta à demanda; electromobilidade (Schiavo et al., 2013). Para aumentar a presença de RES, especialmente da energia eólica, iniciou o investimento em redes de transmissão e em sistemas de armazenamento de energia. Sobre electromobilidade, projetos estão sendo analisados e testados para a escolha da melhor ação regulatória destinada às infraestruturas de carregamento público e à concorrência entre os fornecedores de energia privados. A China introduziu a tecnologia SG em 2006 com o projeto Solution Architecture for Energy (SAFT), usando sensores para auxiliar a conexão de equipamentos e melhorar o nível digital, a coleta de 1928 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 japonês em grandes iniciativas em direção ao desenvolvimento de redes inteligentes, por meio da implantação de diretrizes de política, de intervenção governamental direta e de parcerias com o setor privado e os governos locais. Já a abordagem community-oriented enfatiza a administração de sistemas de tarifas dinâmica e a resposta da demanda, que são medidas para testar mudança comportamental entre os consumidores residenciais. A abordagem business-driven representa as fontes de investimentos financeiros dos projetos de SG realizados no país, que são as grandes corporações como Toyota, Mitsubishi, Sharp, Toshiba, Fujitsu, Panasonic, NEC e Nissan Motor. O cenário na África Subsaariana é diferente dos demais, pois a duplicação do consumo de energia entre os anos de 2007 a 2030 justifica-se pela acessibilidade dos serviços de energia elétrica a um grande número de pessoas em áreas urbanas e rurais que antes não possuíam (Welsch et al., 2013). O planejamento nesta área ocorre de forma equilibrada entre a integração de redes inteligentes regionais, as melhorias na rede nacional de distribuição de energia e o desenvolvimento de micro-redes inteligentes descentralizadas iguais às descritas em Katiraei and Iravani (Katiraei and Iravani, 2006). Atenção especial deve ser destinada ao treinamento e materiais informativos para os técnicos e para as comunidades, principalmente, para os cidadãos que não usufruíam de energia elétrica, pois precisam manter os sistemas de micro-redes de forma sustentável. Micro-redes são subsistemas de energia autônomos separados da rede principal de transmissão, os quais são projetados para produzir energia elétrica que atenda a demanda de pequenas comunidades locais. Os projetos de micro-redes propõem o fornecimento de energia e a integração de geradores de energia distribuídos com a energia renovável produzida localmente, como a energia eólia, energia solar, energia hídrica, células de combustível e bioenergia (Chen et al., 2011). Além disso, as micro-redes oferecem maior eficiência na geração e na utilização de energia em razão da menor perda de transmissão e redução da emissão de gases de efeito estufa, respectivamente. No Japão, três sistemas de micro-redes são testados pela NEDO (New Energy Industrial Technology Development Organization) (Bando et al, 2009). O Reino Unido analisa um modelo de micro-redes que inclui a energia solar, a combinação de calor e eletricidade como fonte de energia, o armazenamento de eletricidade e as instalações de armazenamento térmico para atender hospitais, hotéis e centros de lazer (Hawkes and Leach, 2009). O artigo Schmitt et al. (Schmitt et al., 2013) descreve inovadores micro-redes instituídos na Europa, destacando as diferenças funcionais entre eles e suas funções em relação ao ecossistema global de energia. Um dos projetos relatados no artigo Schmitt et al. (Schmitt et al., 2013) é o NiceGrid, localizado no município de Carros, no sudeste da França. Este projeto destina-se a testar uma arquitetura inovadora para micro-redes de distribuição de baixa e média tensão, com alta concentração de geradores fotovoltaicos em conjunto com casas inteligentes, capazes de gerenciar as suas necessidades elétricas. 3.2 Cenário Nacional No Brasil, por outro lado, não há uma necessidade tão urgente em aumentar a produção de energia ou elevar a utilização de fontes renováveis como em outros países, uma vez que sua matriz energética é prioritariamente hidráulica. Os maiores desafios são, principalmente, diminuir as perdas e melhorar a qualidade da energia disponibilizada aos consumidores, tanto residenciais quanto industriais, contornar a elevada extensão e ramificação das redes de energia e a inserção de Geração Distribuída. Dentre as pesquisas em andamento em solo brasileiro destacam as concessionárias responsáveis e suas respectivas localidades de desenvolvimento: • COPEL: Cidade do Futuro em Fazendo Rio Grande, PR, e em Curitiba; • LIGTH: Rio de Janeiro, RJ; • CEMIG: Cidades do Futuro, em Sete Lagoas, MG; • EDP no Brasil: Inovcity em Aparecida, SP; • AES Eletropaulo: Barueri, SP. Em Curitiba, foram criadas novas redes elétricas compactas, com a substituição de 900 km de redes convencionais, trazendo mais confiabilidade à população. Ademais novas subestações transformadoras de energia automatizadas foram construídas para atender a população de Curitiba e de cidades vizinhas, oferecendo um expressivo reforço na disponibilidade de energia elétrica para o consumo (COPEL, 2010). O programa Smart Grid Light está sendo realizada na cidade do Rio de Janeiro, sob a gerência da concessionária Light. Este programa adotou a abordagem fim a fim, ou seja, este é um programa constituído de projetos que abrangem a modernização da rede elétrica, o desenvolvimento de medidor inteligente, automação das residências, suporte ao desenvolvimento de cidades sustentáveis e a criação de um programa destinado à regulamentação e à criação de políticas públicas direcionadas às SG (Toledo, 2012). Os objetivos destas regulamentações são para padronizar e garantir interoperabilidade entre as empresas do Grupo Ligtht e as demais concessionárias do país. A cidade de Sete Lagoas está passando por uma fase de validação dos projetos de implantação de uma cidade inteligente, que englobam a criação de uma SG, a fundação da primeira usina experimental de geração solar fotovoltaica da América Latina e o Estádio Solar Arena do Jacaré, o qual visa à captação e o fornecimento de energia (CEMIG, 2012). Na cidade de Aparecida, a concessionária EDB Bandeirantes está na fase de desenvolvimento da cidade inteligente, a qual engloba as seguintes ações: siste1929 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 ma eficiente para a iluminação pública da cidade; substituição de lâmpadas para garantir eficiência energética; instalação de medidor inteligente em todas as unidades consumidoras; orientações à população para prepará-la para mudanças de condutas em relação ao consumo energético; e geração distribuída renovável (EDP Bandeirante, 2012). Por fim, a cidade de Barueri está sendo modificada para que em 2015 se torne uma cidade inteligente. Desde 2010, a concessionária em parceria com a Universidade de São Paulo começou a elaboração de projetos pilotos para a SG e, principalmente, iniciou inovações na infraestrutura da cidade, como a digitalização de subestações e instalação de equipamentos de automação na rede. Atualmente, softwares estão em fase de implantação, medidores inteligentes estão sendo instalados em comunidades carentes e projetos futuros estão sendo elaborados. Dentre estes projetos destacam o veículo elétrico, o pré-pagamento e a tarifa diferenciada por horário de consumo de energia (AES Eletropaulo, 2013). inteligentes que está em falta em grande parte da Europa e da América do Norte. Especialmente, a China está desenvolvendo um sistema de transmissão que é o mais avançado na transmissão, no monitoramento inteligente e na tecnologia de controle do que qualquer um dos sistemas existentes no mundo ocidental. Enfim, as inovações e os desafios nos aspectos que engloba a edificação de uma cidade inteligente são diversos, porém os países, emergentes ou não economicamente, estão se mobilizando para instalar soluções tecnológicas inteligentes. Estas soluções aliadas as fontes de recursos naturais renováveis são a base para a criação de cidades auto-sustentáveis, conceito que deseja-se tornar popular num futuro próximo. Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq (Processo 503912/2012-3) e a FAPESP (Processo 2011/176100) pelo apoio financeiro concedido para o desenvolvimento desta pesquisa. 4 Conclusão As redes inteligentes são a tecnologia-chave para uma rede de fornecimento de energia, capaz de garantir eficiência, sustentabilidade, segurança e, principalmente, um controle inteligente sobre todos os serviços oferecidos. Porém, o modo como as SG estão sendo abordadas pelos diferentes países do mundo depende de vários fatores, como os investimentos financeiros, a atuação e as motivações do governo e de empresas particulares, as pesquisas e os estudos sob os diversos aspectos do sistema elétrico, as necessidades vigentes da população e das indústrias, a busca pela exploração de recursos energéticos renováveis. Na Europa e nos EUA, os motivos dominantes são a adequação de fontes de energia renováveis intermitentes e a otimização do uso da capacidade de infra-estrutura existente, para prolongar sua vida útil. Em outras partes do mundo, os dispositivos desenvolvidos para as redes inteligentes diferem de acordo com as necessidades locais e com o estágio de desenvolvimento econômico. As economias emergentes, como China, Índia e Brasil não tem escolha a não ser investir agressivamente em novas infra-estrutura para manter o rápido aumento na demanda de energia. Visando aumentar seu crescimento econômico, essas economias emergentes estão, primeiramente, com o foco na construção do backbone de transmissão necessário para suprir seus grandes centros de carga com maior potência. No Brasil e na China, onde a energia renovável em grande escala é colhida em áreas remotas, interconectores HVDC de ultra-alta tensão de longa distância são construídos para servir grandes aglomerações urbanas e industriais. No local onde os interconectores estão sendo edificados, encontra-se em fase de construção, instalando equipamentos Referências Bibliográficas AES Eletropaulo, AES Eletropaulo Anuncia o Maior Projeto de Smart Grid do País. Available from: <https://www.aeseletropaulo.com.br>. [February 2013]. Amsterdam Smart City. Available from: <http://www.amsterdamsmartcity.com>. [March 2013]. Atkinson, R. and Castro, D. (2008). Digital Quality of Life. The Information Technology and Innovation Foundation, pp. 137–145. Bando, S.; Watanabe, H.; Asano, H. and Tsujita, S. (2009). Impact of Various Characteristics of Electricity and Heat Demand on the Optical Configuration of a Microgrid. Electrical Engineering in Japan, Vol. 169, pp. 6-13. Belisent, J. (2010). Getting Clever About Smart Cities: New Opportunities Require New Business Models. Forester. CEMIG, Cemig Implements Energy Efficiency and Smart Grids in Sete Lagoas. Available from: <http://www.cemig.com.br >. [February 2012]. Chen, Yen-Haw; Chen, Yen-Hong and Hu, M. (2011). “Optimal energy management of microgrid systems in Taiwan," in Proc. 2011 IEEE PES Innovative Smart Grid Technologies (ISGT), Perth, pp.1-9. COPEL, Curitiba Terá Rede Elétrica Inteligente e Dez Novas Subestações. Available from: <http://www.copel.com/hpcopel/root>. [ September 2010]. EDP Bandeirante, Aparecida, Energia Inteligente, Cidade Eficiente. Available from: <http://www.edp.com.br/distribuicao/edpbandeirante/projetos>. [March 2012] 1930 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Fadaeenejad, M.; Saberian, A. M.; Fadaee, M.; Radzi, M.A.M.; Hizam, H. and AbKadir, M.Z.A. (2014). The Present and Future of Smart Power Grid in Developing Countries. Renewable and Sustainable Energy Reviews, Vol. 29, pp. 828-834. Gellings, C.W. (2009). The Smart Grid: Enabling Energy Efficiency and Demand Response. Fairmont Press, Lilburn. Hawkes, A. D. and Leach, M. A. (2009). Modelling High Level System Design and Unit Commitment for a Microgrid. Applied Energy, Vol.86, pp. 1253-1265. Heuvelhof, E. and Weijnen, M. (2013). Investing in Smart Grids within the Market Paradigm: The Case of the Netherlands and its Relevance for China. Policy and Society, Vol. 32, No 2, pp. 163-174. Kang, C.; Feng, X. and Weidong, Y. (2009). Review on the Basic Characteristics and its Technical Progress of Smart Grid in China. Automation of Electric Power System, Vol. 33, pp.10-15. Katiraei, F. and Iravani, M. R. (2006). Power management strategies for a microgrid with multiple distributed generation units. IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 21, pp 1821–1831. Li, Q. and Zhou, M. (2011). The Future-Oriented Grid-Smart Grid. Journal of Computers, Vol. 6, pp.98-105. Lin, C.; Yang, C. and Shyua, J. Z. (2013). A Comparison of Innovation Policy in the Smart Grid Industry Across the Pacific: China and the USA. Energy Policy, Vol.57, pp. 119-132. Mah, D. N.; Wu, Y.; Ip, J. C. and Hills, P. R. (2013). The Role of the State in Sustainable Energy Transitions: A Case Study of Large Smart Grid Demonstration Projects in Japan. Energy Policy, Vol. 63, pp. 726-737. Naphade, M.; Banavar, G.; Harrison, C.; Paraszczak, J. and Morris, R. (2011). Smarter Cities and their Innovation Challenges. Computer, Vol. 44, No.6, pp.32-39. National Institute of Standards and Technology, NIST framework and roadmap for smart grid interoperability standards, release 1.0, Available from: <http://www.nist.gov/public_affairs/ releases/upload>.[ August 2013]. Saputro, N.; Akkaya, K. and Uludag, S. (2012). A Survey of Routing Protocols for Smart Grid Communications. Computer Networks, Vol. 56, No 11, pp. 2742-2771. Schiavo, L.; Delfanti, M.; Fumagalli, E. and Olivieri, V. (2013). Changing the Regulation for Regulating the Change: Innovation-Driven Regulatory Developments for Smart Grids, Smart Metering and E-Mobility in Italy. Energy Policy, Vol. 57, pp. 506-517. Schmitt, L.; Kumar, J.; Sun, D.; Kayal, S. and Venkata, S.S.M. (2013). Ecocity Upon a Hill: Microgrids and the Future of the European City. IEEE Power and Energy Magazine, Vol.11, pp.59-70. Shapiro, J. (2003). Smart Cities: Explaining the Relationship Between City Growth and Human Capital. Harvard University. Toledo, F. (2012). Desvendando as Redes Elétricas Inteligentes: Smart Grid Handbook. Brasport Livros e Multimída, Brasil. Welsch, M.; Bazilian, M.; Howells, M.; Divan, D. and et al. (2013). Smart and Just Grids for SubSaharan Africa: Exploring Options. Renewable and Sustainable Energy Reviews, Vol. 20, pp. 336-352. Zygiaris, S. (2013). Smart City Reference Model: Assisting Planners to Conceptualize the Building of Smart City Innovation Ecosystems. Journal of the Knowledge Economy, Vol. 4, No. 2, pp. 217-231. 1931