35 4 Santa Casa da Misericórdia de Vila Real 11.6. Colecção de Paramentaria e Têxteis O conjunto das peças de paramentaria da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real, sem se apresentar extenso na quantidade de elementos, surge com alguns bons exemplares, dignos de figurarem em qualquer exposição de carácter sacro, ainda que de forma temporária. Diversificado nas tipologias e nos materiais, possui peças classificadas como paramentos (casulas, dalmáticas, capas de asperges, estolas e manípulos, bolsas de corporais, véus de cálice), outras pertencentes ao designado enxoval eucarístico (alvas, toalhas de altar, corporais, manustérgios), e outras ainda integrantes do grupo dos ornamentos do espaço sacro (pano de esquife ou de andor, vestes de santos). Os materiais utilizados na confecção destas peças são, na sua maioria, a seda, o linho e o algodão, aos quais acresce a utilização de fios de metal dourado e prateado (ouro? prata?) e pedraria de vidro multicor, criando motivos temáticos de decoração reproduzidos em bordados, galões e franjas, com o objectivo de conceder às peças maior riqueza e sumptuosidade. Alguns tecidos apresentam já, na sua produção, a inclusão de fio de ouro, como acontece no caso dos elementos 253 T e 275 T, respectivamente, uma casula e uma estola de damasco carmim espolinado a fio de ouro. Estas serão, talvez, as peças de maior representatividade, em todo o conjunto daquelas que tivemos oportunidade de estudar, pela riqueza dos materiais, pela possibilidade da sua origem nacional, pela datação e ainda pelo bom estado de conservação em que se encontram. O véu de cálice (0258 T), o pano de esquife ou de andor (s/n.º), o pano da porta (0016 T), as vestes da imagem da Nossa Senhora das Dores (s/n.º) são algumas das peças, entre outras, que se evidenciam pelas temáticas e técnicas, sobretudo de decoração. Lamentamos que alguns elementos, como os frontais de altar, tenham sido vítimas de más condições diversas (ambientais, acondicionamento), mas esse facto não retira importância nem valor patrimonial ao espólio paramental da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real, o qual, sem se apresentar recheado de grande quantidade de peças, integra elementos importantes, raros e de muito boa qualidade.