INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE / SOEBRAS
ELBA LAUDARES MOREIRA SOARES
REABSORÇÃO RADICULAR RELACIONADA À ORTODONTIA
São Carlos
2011
ELBA LAUDARES MOREIRA SOARES
REABSORÇÃO RADICULAR RELACIONADA À ORTODONTIA
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em
Ortodontia das Faculdades Unidas do Norte de Minas –
FUNORTE e Associação Educativa do Brasil SOEBRAS, como exigência para obtenção do grau de
Especialista em Ortodontia.
Orientador: Prof. Dr. Mário Sérgio Duarte
Co-Orientadora: Profa. Dra. Analu Giampietro Brandão
São Carlos
2011
FOLHA DE APROVAÇÃO
DEDICATÓRIA
Dedico a minha mãe Elba, que sempre
me ajudou e incentivou, ao meu pai
Marcos “sempre presente”, ao meu
querido esposo George Henrique, e aos
meus filhos queridos, Júlia e André, que
sempre me apoiaram e fazem parte
desta conquista.
AGRADECIMENTOS
À Deus,
Toda honra, toda glória e todo louvor.
Ao Coordenador do Curso de Especialização e Orientador, Prof. Mestre Mário Sérgio
Duarte, pela oportunidade desta conquista e pelos ensinamentos transmitidos e notável
dedicação à Especialidade.
A Co-orientadora, Profa. Mestre e Doutora Analu Giampietro Brandão, pela sua
simpatia, amizade e dedicação. Esteve acessível e disposta à ajudar.
A equipe do Dr. Mario Sergio: Edson, Claudia, Adriana, Talita, Érika, Maria, Elenir
que muito ajudaram no andamento da clinica do curso de especialização.
Aos meus colegas amigos: Cyntia, Marina, Alessandra, Antonio Carlos, Alan, Marcelo
e Bruno pela saudável convivência.
RESUMO
A reabsorção radicular é o termo utilizado para designar as perdas de volume da estrutura
radicular do dente, o qual compreende por um processo multifatorial e está geralmente
presente durante o tratamento ortodôntico. Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar uma
revisão da literatura sobre quais fatores podem estar relacionados com a maior incidência de
reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico. Com base nos artigos analisados podese observar que apesar das controvérsias da literatura, os fatores sistêmicos e a variabilidade
individual devem ser analisados cuidadosamente durante o tratamento ortodôntico, os fatores
como idade, gênero, tipo de má oclusão e tempo de tratamento podem apresentar relação
direta com a reabsorção radicular, enquanto que a presença de hábitos, trauma e reabsorção
prévia são considerados fatores de risco para o aumento da reabsorção radicular. Já os dentes
tratados endodonticamente não apresentam maior susceptibilidade à reabsorção radicular
desde que obturados corretamente e acompanhados radiograficamente. Com relação aos
dentes mais susceptíveis ao processo de reabsorção os dentes anteriores foram considerados
os dentes mais atingidos. Além disso, os fatores mecânicos como magnitude, intervalo e
natureza da força devem se analisados durante o tratamento ortodôntico para se evitar um
aumento no processo de reabsorção radicular. Dessa maneira, pode-se concluir que a
reabsorção radicular tem origem multifatorial e portanto o profissional deve realizar um
correto exame clínico e radiográfico antes e durante o tratamento ortodôntico para prevenir ou
amenizar o processo de reabsorção radicular.
Palavras-chave: Força ortodôntica. Movimentação dentária. Reabsorção radicular.
Tratamento ortodôntico.
ABSTRACT
Root resorption is the term used to designate the volume loss of tooth root structure,
comprising a multifactorial process, usually present during orthodontic treatment. Thus, the
purpose of this study was to review the literature about the factors that may be related to
higher incidence of root resorption during orthodontic treatment. Based on the reviewed
articles and despite the controversy in the literature, systemic factors and individual variability
should be carefully considered during orthodontic treatment; factors such as age, gender, type
of malocclusion and treatment time may have a direct relationship to root resorption, whereas
presence of habits, trauma and prior resorption are considered risk factors to increase root
resorption. Endodontically treated teeth did not present higher susceptibility to root resorption
since filled correctly and radiographically followed-up. Regarding the susceptibility to
resorption process, front teeth were considered the most affected ones. In addition,
mechanical factors such as magnitude, range and the force nature must be analyzed during
treatment to avoid increasing the root resorption process. Thus, it can be concluded that root
resorption presents multifactorial origin and the orthodontist should perform a proper clinical
and radiographic examination before and during treatment to prevent or mitigate the process
of root resorption.
Key-words: Orthodontic force. Tooth movement. Root resorption. Orthodontic treatment.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - O movimento de inclinação. Fonte: Langlade (1995) ............................ 18
Figura 2 - O movimento de translação. Fonte: Langlade (1995) ............................ 19
Figura 3 - O movimento de rotação. Fonte: Nanda (2007) .................................... 20
Figura 4 - O movimento de verticalização. Fonte: Langlade (1995)....................... 22
Figura 5 - O movimento de verticalização. Fonte: Langlade (1995)....................... 23
Figura 6 - O movimento de extrusão. Fonte: Langlade (1995)...............................
24
Figura 7 - O movimento de intrusão. Fonte: Langlade (1995)...............................
24
Figura 8 - Classificação dos níveis de reabsorção radicular durante o tratamento
ortodôntico, sugerido por Levander e Malmgren em 1988: 1=
reabsorção mínima, 2= reabsorção moderada, 3= reabsorção severa e
4 = reabsorção extrema. Fonte: Capelozza Filho e Silva Filho (1998) .. 35
Figura 9 - Classificação dos níveis de reabsorção radicular durante o tratamento
ortodôntico. Fonte: Chiqueto (2004) ...................................................... 36
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................
09
2 REVISAO DE LITERATURA ...............................................................................
11
2.1 HISTÓRICO ..........................................................................................................
12
2.2 MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA .........................................................................
15
2.2.1 Tipos de Movimento Dentário Ortodôntico ....................................................
17
2.3 O PROCESSO DE REABSORÇÃO RADICULAR ..............................................
27
2.3.1 Hialinização .........................................................................................................
31
2.3.2 A Reabsorção Radicular ....................................................................................
33
2.3.3 Diagnóstico ..........................................................................................................
36
2.4 FATORES QUE INFLUENCIAM A REABSORÇÃO RADICULAR .................
37
2.4.1 Genética e Fatores Sistêmicos ...........................................................................
39
2.4.2 Idade ....................................................................................................................
41
2.4.3 Gênero .................................................................................................................
43
2.4.4 Hábitos .................................................................................................................
44
2.4.5 Trauma e Reabsorção Prévia ............................................................................
45
2.4.6 Endodontia ..........................................................................................................
47
2.4.7 Má Oclusão .........................................................................................................
48
2.4.8 Dentes mais susceptíveis ....................................................................................
49
2.4.9 Fatores Mecânicos ..............................................................................................
50
3 DISCUSSAO ............................................................................................................
52
4 CONCLUSÕES ........................................................................................................
57
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................
59
INTRODUÇÃO
Introdução 10
1 INTRODUÇÃO
Lopes e Siqueira Jr. (1999) definiram a reabsorção dentária como um processo
patológico, caracterizado pela atividade odontoclástica e cementoclástica, que resulta na perda
de estrutura dos tecidos duros dos dentes. É um processo multifatorial com perda progressiva
do cemento ou cemento e dentina, com possível comprometimento do dente. Este tema vem
sendo amplamemente analisado a dois seculos atrás e ainda hoje é muito discutido em
congressos o e convenções.
Bates (1856) publicou primeiro artigo científico sobre reabsorção radicular. Após esse
artigo, inúmeros outros foram sendo publicados com o objetivo de determinar qual o principal
fator etiológico da reabsorção radicular e qual o melhor procedimento para evitá-la ou reduzíla durante o tratamento ortodôntico.
Spurrier et al. (1990) mostraram que a reabsorção radicular era considerada,
geralmente, como um problema idiopático. Existe um consenso em associar a reabsorção
radicular à um problema iatrogênico comum que ocorre durante o tratamento ortodôntico.
Assim os ortodontistas buscaram conhecimentos sobre a reabsorção radicular, que
vem dando origem a problemas legais (BREZNIAK; WASSERSTEIN, 1993), principalmente
porque a perda do material radicular ao nível de estrutura cementária é imprevisível e quando
se estende à dentina é irreversível.
Apesar da reabsorção radicular apresentar uma etiologia multifatorial (BREZNIAK;
WASSERSTEIN,1993; CAPELOZZA FILHO; SILVA FILHO, 1998), o conhecimento dos
fatores que podem levar a esse tipo de reabsorção associada ao tratamento ortodôntico é muito
importante para que o profissional possa tomar atitudes clínicas coerentes, no que se refere a
um
diagnóstico
correto,
mecanoterapia
que
respeite
as
estruturas
biológicas e
acompanhamento radiográfico periódico (SANTOS et al. 2007).
Esta revisão da literatura visa discutir a reabsorção dentária radicular relacionada à
Ortodontia, por meia da análise dos fatores que influenciam a ocorrência de reabsorção
radicular durante o tratamento ortodôntico.
REVISÃO DA
LITERATURA
Revisão da Literatura 12
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 HISTÓRICO
O primeiro trabalho científico de reabsorção radicular em dentes permanentes foi de
Bates em 1856.
Ottolengui (1914) foi primeiro a relacionar a reabsorção radicular ao tratamento
ortodôntico. A amostra incluiu 151 incisivos superiores em 40 pacientes (16 masculinos, 24
femininos) com idade de 12 a 22 anos e com má oclusão variada. Foram obtidas radiografias
periapicais iniciais e de 6 e 12 meses após o início do tratamento. Medidas quantitativas
foram obtidas de 80 incisivos centrais e 71 laterais superiores, corrigindo a distorção de
imagem. A redução de comprimento de raiz foi calculada em milímetros e em termos da
porcentagem do comprimento de raiz original. Os resultados demonstraram que reabsorção
foi clinicamente significante quando se apresentou maior que 1 mm nos 12 meses de
tratamento ativo.
Ketcham (1927) após analisar a reabsorção radicular concluiu que 22% dos 224
pacientes tratados ortodonticamente sofreram algum grau de encurtamento da raiz. Já em
1929, 21% dos 500 pacientes avaliados apresentaram reabsorção radicular, dessa maneira, o
autor foi relutante em atribuir a reabsorção radicular totalmente à terapia mecânica. Ele
observou que outros fatores poderiam ter deixado seus pacientes mais susceptíveis a
desenvolver a reabsorção.
Deshields (1969) desenvolveu uma pesquisa onde observou que os fatores sistêmicos
eram fatores de predisposição para a reabsorção radicular.
Segundo Vonderahe (1973), o encurtamento apical raramente era discutido na
ortodontia até que as radiografias revelaram coroas de incisivos muito bem alinhadas com
nenhuma estrutura radicular remanescente.
Taithongchai, Sookkorn e Killiany (1996) utilizaram uma amostra de 400 pacientes
com o objetivo de avaliar a diminuição apical das raízes dos incisivos centrais. Foram
realizadas radiografias periapicais pré e pós-tratamento dos incisivos centrais superiores e
telerradiografias iniciais foram traçadas e medidas. O resultado foi um encurtamento radicular
apical de 2% da amostra. O tratamento ortodôntico proporcionou um encurtamento radicular
apical nos incisivos centrais superiores em quase todos os pacientes.
A remoção dos
Revisão da Literatura 13
cementoblastos da superfície radicular é um fenômeno típico dos traumatismos e
movimentação ortodôntica, por isso o tratamento ortodôntico associa-se freqüentemente à
reabsorção radicular.
Por meio de uma revisão da literatura, Capelozza e Silva Filho (1998) procuraram
definir um método para facilitar a identificação de indivíduos predispostos à reabsorção
radicular antes do tratamento ou em tempo hábil, adaptação das condutas clinicas uma vez
identificado o problema e orientação dos procedimentos pós-tratamento em pacientes que
apresentavam reabsorção radicular. Segundo os autores, os fatores que influenciavam a
reabsorção radicular eram: hereditariedade, gênero (mulheres são mais susceptíveis), idade
(adultos tem maior predisposição), alterações endócrinas, tipo de má oclusão (gravidade),
hábitos, trauma prévio, estágio de desenvolvimento radicular (dentes com ápice aberto são
menos susceptíveis), forma da raiz (formato atípico tem maior susceptibilidade), magnitude
da força ortodôntica (a força deverá ser leve para evitar a reabsorção radicular), intervalo de
aplicação de força (quanto maior o tempo menor o risco de reabsorção radicular) e força
continua, interrompida por períodos de repouso (são as mais favoráveis para resposta celular).
Para evitar reabsorção radicular externa deve-se realizar um planejamento ortodôntico,
controle radiográfico das raízes dos incisivos durante o tratamento e cuidados com a
contenção que deverá ser passiva.
Almeida, Pinzan e Almeida (1999) baseados na hipótese de que os pacientes que não
se submeteram ao tratamento ortodôntico também apresentavam uma susceptibilidade à
reabsorção radicular, principalmente aqueles que possuíam distúrbios sistêmicos, analisaram
um caso clínico onde o paciente nunca havia se submetido ao tratamento ortodôntico e
apresentava reabsorções radiculares extensas em vários dentes e concluíram que existia uma
susceptibilidade individual na determinação do potencial de reabsorção radicular,
independentemente do tratamento ortodôntico.
Segundo Consolaro e Martins-Ortiz (2004), durante a movimentação dentária induzida
a concentração de forças no ápice implica em maior destruição dos cementoblastos pela
compressão destas células e dos vasos periodontais.
Consolaro (2005) após revisar a literatura relatou que um dos critérios das reabsorções
dentárias diz respeito à dimensão da causa, sendo esta local e sistêmica. As causas das
reabsorções dentárias, quase sempre tem dimensões locais. Freqüentemente profissionais se
deparam com informações de casos, que pela multiplicidade ou severidade de reabsorção
dentária, teriam causas sistêmicas e ficam apreensivos e ansiosos para a tomada de medidas
Revisão da Literatura 14
diagnósticas e preventivas em suas clínicas. Em alguns casos essas informações nem sempre
são fundamentadas cientificamente, falta uma análise minuciosa de todos os possíveis farores
locais envolvidos, uma anamnese bem direcionada é fundamental. Quando o profissional não
puder identificar o fator local desencadeante da rebsorção dentária, a recomendação do autor é
a sua classificação como casos de origem idiopática e, não como de origem sistêmica. A
iniciação de um processo reabsortivo depende de uma significante necrose dos
cementoblastos, que é um fenômeno estritamente local. Dessa maneira, o autor concluiu que
as endocrinopatias não induziam ou influenciaram na etiopatogenia das reabsorções dentárias,
nos pacientes com tratamento ortodôntico com ou sem reabsorção.
Artun et al. (2005) avaliaram as radiografias periapicais padronizadas dos incisivos
superiores de 247 pacientes com idade entre 10,1 e 57,1 anos, obtidas antes do início do
tratamento ortodôntico (T1), seis meses (T2) e um ano após a colagem dos braquetes (T3). Os
resultados mostram que 20,2%, 7,7% e 5,3% dos pacientes tinham menos de um dente com
mais de 2,0, 3,0 e 4,0mm de reabsorção radicular comparados com T3 respectivamente.
Concluiu-se que: reabsorções radiculares podem ser detectadas nos estágios iniciais do
tratamento ortodôntico, cerca de 5% dos pacientes tiveram reabsorções radiculares de 2mm ou
mais nos quatro incisivos e 8% apresentaram um ou mais incisivos com reabsorção radicular
de 3mm ou mais após 12 meses de tratamento.
Smale et al. (2005) determinaram a prevalência da reabsorção radicular apical durante
os estágios iniciais do tratamento ortodôntico ativo, por meio de uma amostra de 290
pacientes (com idade variando de 10,1 a 57,1 anos). Os autores avaliaram as radiografias
periapicais digitalizadas antes do tratamento e após um período médio de 6,4 meses da
colagem de braquetes nos incisivos superiores. Após a análise dos resultados observou-se que
a média de reabsorção radicular para os quatro incisivos foi de 0,53 mm, enquanto o dente
mais severamente reabsorvido foi 1,18mm, 4,1% dos pacientes apresentaram uma reabsorção
média de 1,5 mm, ou mais, e,15,5% possuíam pelo menos um dente com 2,0mm ou mais de
reabsorção. Outros fatores de risco foram as raízes longas, estreitas e períodos aumentados de
tratamento. Os parâmetros relacionados ao uso de arco retangular, presença de irregularidades
dos incisivos e história de trauma não foram identificados como fatores de risco.
Consolaro (2005), revisando a literatura e analisando o resultado das pesquisas,
dentária apresentaram o mesmo perfil sistêmico e endocrinológico, assim como os pacientes
sem tratamento ortodôntico, no grupo de pacientes submetidos a tratamento ortodôntico com
Revisão da Literatura 15
reabsorção dentária, a morfologia radicular triangular e morfologia da crista óssea retangular
foram as mais freqüentes do que nos demais grupos.
Krishnan e Davidovitch (2006) revisaram a literatura e analisaram todas as grandes
descobertas desde o início das pesquisas biológicas sobre o movimento dentário e concluíram
que o movimento dentário através da aplicação de forças ortodônticas era caracterizado por
meio de remodelação nos dentes e tecidos periodontais. Estes tecidos quando expostos a
variada magnitude, freqüência e duração de força mecânica, com resultados que poderiam ser
vistos macroscopicamente e microscopicamente. Depois de analisar os efeitos dos sistemas de
força durante a mecanoterapia, concluíram que a magnitude da força ortodôntica e a rigidez
da fixação do arco nos braquetes podem ser consideradas o fator mais importante para
predisposição de um dente ter reabsorção radicular. Os dentes que mais sofrem reabsorção são
os incisivos superiores em particular os incisivos centrais.
Segundo Garbin, Guedes-Pinto e Grieco (2009) a reabsorção dentária é o termo
utilizado para designar as perdas de volume das estruturas dentárias, podendo ser considerada
uma seqüela decorrente de inúmeros fatores que podem desencadear um desequilíbrio
funcional entre células que são responsáveis pelas reabsorções e aposições dos tecidos
dentários mineralizados. Pode ser um evento fisiológico, como na esfoliação dos dentes
decíduos, como também pode ser patológico, resultado de injúrias traumáticas ou irritação do
ligamento periodontal e/ou tecido pulpar de dentes permanentes. O componente ativo desse
processo representado pela interação de células inflamatórias e outras chamadas clastos,
decorre dos inúmeros estímulos e sinalizações moleculares vindos de citicina, neuropeptideos
e produtos de degradação liberados pelo tecido lesado.
2.2 MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA
Segundo Reitan (1960) as estruturas de suporte do dente são o centro da atividade de
todo o movimento dentário e um cuidadoso estudo de suas reações deve ser realizado. O
processo alveolar consiste de tecido epitelial, tecido fibroso e tecido ósseo, o qual é submetido
durante e após o estágio de desenvolvimento a alterações causadas pelo crescimento, função
muscular e, em algumas circunstâncias, ao movimento dentário ortodôntico. Para se obter o
máximo de movimento dentário em um certo período de tempo, a força aplicada deve ser de
Revisão da Literatura 16
magnitude suficiente e atuar através de uma distância apropriada às condições mecânicas e
anatômicas.
Tanne et al. (1998), concordaram que o movimento dentário é o resultado da atividade
especializada do osso alveolar como resposta à aplicação de uma força e que o ligamento
periodontal e o osso alveolar de suporte são gradualmente remodelados.
Segundo Nanda (2007) o movimento dentário ortodôntico resulta de aplicação de
forças aos dentes por meio dos aparelhos ortodônticos ativados. Os dentes e suas estruturas
associadas de suporte respondem à essas forças com uma complexa respostas biológicas,
resultando no movimento do dente através do seu suporte ósseo. As células do periodonto
respondem baseadas apenas nos estresses e tensões que ocorrem em seu ambiente.às forças
aplicadas. A teoria da pressão-tensão é clássica, no que se refere ao movimento dentário
ortodôntico, e baseia-se mais na química do que nos sinais elétricos como estímulo para
diferenciação e conseqüente movimento dentário.
Para Norton e Burstone (1989) não há dúvida de que os mensageiros químicos são
importantes, na grande quantidade de eventos que levam a remodelação óssea alveolar e
movimento dentário. Nesta teoria, uma alteração no fluxo sanguíneo do ligamento periodontal
é produzida por uma força aplicada, o que causaria mudanças de posição do dente no espaço
periodontal, comprimindo o ligamento em algumas áreas, enquanto tensionadas em outras. O
fluxo sanguíneo diminui onde o ligamento é comprimido, enquanto é frequentemente mantido
ou aumentado onde o ligamento está sob tensão. No caso de regiões do ligamento periodontal
super-distendidas, o fluxo sanguíneo pode ser diminuído transitoriamente. As alterações no
fluxo sanguíneo geram, rapidamente, mudanças no ambiente químico. Por conseqüente, o
nível de oxigênio certamente pode cair na área comprimida, mas aumenta no lado de tensão e
a proporção relativa de outros metabólitos também pode mudar em questão de minutos. Estas
mudanças químicas, agindo diretamente ou por estímulo da liberação de outros agentes ativos
biologicamente, poderiam estimular, então, a diferenciação e atividade celular. Em essência,
esta visão do movimento dentário mostra três estágios: alteração no fluxo sanguíneo
associado à pressão no ligamento periodontal, a formação e/ou liberação de mensageiros
químicos e ativação celular.
Revisão da Literatura 17
2.2.1 Tipos de Movimento Dentário Ortodôntico
Langlade (1995) admite que as condições mecânicas de nossos dispositivos
ortodônticos são, às vezes, capazes de aumentar consideravelmente a força aplicada. É assim
que as forças qualificadas como leves podem impor ao dente uma pressão extremamente
elevada, com muito mais danos que as forças chamadas pesadas. Daí a necessidade do
profissional conhecer bem a biomecânica dos sistemas ortodônticos, propostos ao longo de
nossos tratamentos, efetuando diversos movimentos dentários, cada um podendo ser descrito
a partir de um centro de referência. Estes movimentos podem ser produzidos separadamente
ou em conjunto. Destacam-se os movimentos: inclinação, verticalização, translação, rotação,
torque, extrusão e intrusão.
2.2.1.1 Inclinação:
Reitan (1960) definiu o movimento de inclinação como o movimento dentário mais
seguro e biológico. Isto se deve, principalmente, ao fato do movimento fisiológico dos dentes
ocorrer em forma de inclinação. Durante o tratamento ortodôntico, um dente pode ser
inclinado com certas variações em direção vestíbulo-lingual ou mesiodistal. O resultado
característico de uma inclinação é quase sempre a formação de uma zona hialinizada
ligeiramente abaixo da crista alveolar.
Segundo Langlade (1995), inclinação é um movimento coronário em torno do ápice.
Uma força exercida sobre a coroa dentária desloca-a para o lado oposto à força aplicada. A
aplicação desta força submete o ligamento periodontal a uma pressão do lado oposto à força e
uma tensão do lado aplicação da força (Figura 1).
De acordo com Proffit (1995), movimentos de inclinação são produzidos quando uma
força simples (p. ex., uma mola estendida de um aparelho removível) é aplicada contra a
coroa de um dente. Quando isto é feito, o dente gira em torno de seu centro de resistência em
um ponto localizado aproximadamente no terço apical da raiz. Quando o dente gira desta
forma, o ligamento periodontal é comprimido próximo ao ápice do mesmo lado da mola e da
crista alveolar do lado oposto à mola. Pressão máxima do ligamento é criada na crista alveolar
e no ápice. Progressivamente, menos pressão é criada próximo ao centro de resistência.
Forças utilizadas para inclinar dentes devem ser bastante baixas. Tanto os experimento em
Revisão da Literatura 18
animais quanto os experimentos clínicos em humanos, sugerem que as forças de inclinação
não deveriam exceder 50 g.
Figura 1 - O movimento de inclinação. Fonte: Langlade (1995).
2.2.1.2 Translação:
Segundo Langlade (1995) o movimento de translação é paralelo ao longo eixo do
dente, onde a raiz desloca exatamente na mesma distância que a coroa e é realizada com uma
força distribuída de forma relativamente uniforme ao longo da superfície radicular. O centro
de rotação, no movimento de translação, está no infinito. Pode-se demonstrar que uma única
força, agindo através do centro de resistência do dente, produz uma translação pura do mesmo
(Figura 2).
Clinicamente Proffit (1995) considerou necessário a aplicação de duas forças
simultaneamente sobre a coroa de um dente para se conseguir o movimento de translado.
Desta forma, a coroa e o ápice radicular movem-se na mesma direção e quantidade,
comprimindo o ligamento periodontal uniformemente. Torna-se claro que, para produzir a
mesma pressão em todo o ligamento e, portanto, a mesma resposta biológica, o dobro da força
deve ser necessário para o movimento de corpo, em relação ao movimento de inclinação.
A hialinização durante o movimento de translação inicial ocorre em grande parte por
fatores mecânicos. Clinicamente observa-se que não existe translação sem o movimento de
inclinação logo após o início do movimento ortodôntico (REITAN, 1960).
Revisão da Literatura 19
Figura 2 - O movimento de translação. Fonte: Langlade (1995).
2.2.1.3 Rotação:
Segundo Reitan (1960) a correção de um dente rotacionado é considerada um
procedimento bastante simples do ponto de vista histológico, a transformação tissular que
ocorre durante a rotação é influenciada pelas disposições anatômicas das estruturas de
suporte. Em trabalhos experimenteis, sobre rotação de dentes, é possível distinguir os terços
cervicais, médios e apicais da raiz dentária. Na região cervical, a maioria das fibras
periodontais é formada pelo grupo de fibras gengivais livres e transeptais. As fibras principais
do terço médio e apical estão ancoradas na superfície radicular e no osso alveolar, e as fibras
supralveolares estão conectadas com todo o sistema fibrilar das regiões supralveolares. Esta
diferença na fixação das fibras tem demonstrado ser de grande importância, especialmente
durante o período de contenção. Após a rotação de um dente, o estiramento das fibras
gengivais livres podem provocar o deslocamento das fibras colágenas, elásticas e oxitalânicas
colocadas a uma certa distância do dente que se está movendo.Um movimento de rotação
pode provocar certas variações no tipo de resposta tissular observada nos lados de pressão.Em
certas ocasiões, ocorre hialinização e absorção óssea solapante em um dos lados de pressão,
enquanto que em outros ocorre absorção óssea direta.
Estas variações são provocadas
principalmente pela posição do dente em relação aos contatos proximais e também pela
Revisão da Literatura 20
magnitude da força. Como em outros tipos de movimento dentário, é favorável a aplicação de
forças leves durante o período inicial de tratamento. Após a rotação, durante 3 ou 4 semanas,
finaliza-se a absorção solapante e prevalece a absorção óssea direta sobre os lados de pressão.
Do lado de tensão, no terço médio, formar-se-ão novas espículas óssea ao longo das fibras
dispostas de maneira mais ou menos oblíquas. Este estiramento das fibras periodontais
coincide com a formação de cemento celular na superfície radicular. Em alguns casos,
encontraremos do lado de tensão um grande aumento na espessura da camada de cemento. Do
lado de pressão pouco cemento será depositado.
De acordo com Proffit (1995) forças para produzir rotação de um dente em torno de
seu longo eixo poderiam ser maiores do que aquelas para produzir outro tipo de movimento
dentário, já que a força pode ser distribuída por todo o ligamento, em vez de uma faixa
estreitamente vertical. No entanto, é essencialmente impossível aplicar uma força rotacional
de forma que o dente não incline em seu alvéolo e, quando isto acontece, uma área de
compressão é criada como em qualquer outro movimento de inclinação. Devido a isto, forças
adequadas para rotação são similares àquelas de inclinação (Figura 3).
Figura 3 - O movimento de rotação. Fonte: Nanda (2007).
Revisão da Literatura 21
Langlade (1995) afirmou que quando se trata de um dente monorradicular, cuja raiz
possui uma forma arredondada em cortes transversais, o ligamento periodontal recebe uma
distribuição bastante satisfatória. Todas as fibras periodontais estão sujeitas às forças de
rotação, por unidade de superfície, de maneira proporcional. Mas, a maioria dos dentes tem
raízes ovais ou múltiplas; nestes casos, zonas de contração fazem surgir pressões mais
significativas, podendo enfraquecer os ângulos. Quase sempre se produz uma reabsorção
marginal sem gravidade, com uma participação muito pequena do osso adjacente neste
deslocamento.
2.2.1.4 Verticalização:
O estiramento e disposição oblíqua das fibras de suporte requerem um período de
contenção maior, após terminado o tratamento. É necessário advertir que o espaço periodontal
aumenta em muito pela absorção óssea após a rotação. Além disso, o novo osso depositado no
lado de tensão está formado, em parte, por espículas ósseas não calcificadas. O novo osso
fasciculado pode reordenar-se com facilidade depois da remoção do aparelho, pela contração
do feixe de fibras deslocados e estirados. A presença de fibras elásticas e oxitalânicas na
região cervical aumenta a contração das estruturas supra-alveolares, originando a tendência à
recidiva (REITAN, 1988).
Langlade (1995) verticalização é um movimento bastante semelhante ao de inclinação.
Entretanto, a coroa permanece estática enquanto o ápice se desloca. Este movimento é muito
empregado durante o fechamento de espaços de extração. Durante o movimento de
verticalização, devido à aplicação da força ser exercida sobre o ápice do dente, há entre este e
a crista alveolar uma área de atrito, na qual pode resultar em absorção radicular. Quando
verticalizamos um dente que sofreu inclinação, devemos nos lembrar que a zona de pressão
no movimento de verticalização é a antiga zona de tensão durante a inclinação e lá se encontra
o osteóide, que pode opor-se ao movimento desejado. Este fenômeno apresenta maiores
inconvenientes em adultos, se o osso neoformado for de natureza fibrosa e pouco sujeito a
absorção. O dente encontrará uma zona atrófica e pode resultar em absorção radicular (Figura
4).
Revisão da Literatura 22
Figura 4 - O movimento de verticalização. Fonte: Langlade (1995).
2.2.1.5 Torque:
Langlade (1995) afirmou que durante o movimento de torque, o ponto de apoio ou
centro de rotação situa-se no bracket ou outro acessório qualquer em uso. Graças à
composição das forças utilizadas a raiz se desloca, enquanto a coroa mantém-se fixa. O torque
pode ser anterior ou posterior:
a) o torque anterior corresponde ao movimento efetuado sobre os incisivos, para que
ao final do tratamento eles estejam em uma relação aceitável entre si e com o restante da face
do paciente;
b) o torque posterior não tem índices pré-estabelecidos por nenhum autor. É
incorporado a um ou mais dentes do segmento posterior, com o intuito de alcançar melhor
interdigitação cuspidária.
Devido ao volume das raízes dos dentes posteriores e a dificuldade de impedir o
movimento coronário, o operador associa, muitas vezes, o movimento de inclinação
(coronária) com o movimento de torque (radicular), ao trabalhar nos segmentos posteriores.
Quanto ao sentido de deslocamento da raiz, o torque pode ser chamado de radículo-vestibular
ou radículo-lingual Um arco retangular encaixado num slot retangular pode gerar um
momento necessário para controlar o posicionamento radicular. O arco é girado (colocado em
Revisão da Literatura 23
torção) à medida que é encaixado no slot do bracket. Os dois pontos de contato estão no canto
do fio, onde ele contacta com o bracket. O braço de força é, portanto, bastante pequeno e as
forças devem ser maiores para gerar o momento necessário (LANGLADE, 1995) (Figura 5).
Figura 5 - O movimento de verticalização. Fonte: Langlade (1995).
2.2.1.6 Extrusão:
Para Proffit (1995) movimentos extrusivos, idealmente, não produziriam áreas de
compressão no ligamento, somente tensão. Como na rotação, é uma possibilidade mais teórica
do que prática, já que o dente se inclina enquanto é extruído e áreas de compressão podem ser
geradas. Mesmo se áreas de compressão pudessem ser evitadas, forças pesadas em tensão
pura seriam indesejáveis, a menos que o objetivo seja a extração do dente sem o
acompanhamento do osso alveolar. Forças extrusivas e também as de rotação deveriam ser da
mesma magnitude daquelas para inclinação, ou seja, de 50 a 75 g.
Segundo Langlade (1995) é o movimento mais fácil de obter, ele desloca o dente no
sentido da sua erupção. O potencial de extrusão de um dente é mais ou menos indefinido. O
movimento de extrusão deve, às vezes, combater as forças de oclusão criadas pelas forças
musculares. Surge a necessidade de aumentar a intensidade das forças ou de liberar as
interferências oclusais dos dentes a movimentar. A utilização de placas de oclusão,
acompanhadas de elásticos verticais, favorecerão uma extrusão deste tipo (Figura 6).
Revisão da Literatura 24
Figura 6 - O movimento de extrusão. Fonte: Langlade (1995).
2.2.1.7 Intrusão:
Durante muitos anos, a intrusão dentária por meio da ortodôntica foi considerado
impossível (LANGLADE, 1995). Clinicamente hoje a intrusão tem sido feita com sucesso, e
tornou-se claro que para este tipo de movimento faz-se necessário um controle cuidadoso da
magnitude da força, tanto que forças bem leves são aplicadas ao dente. Forças leves são
necessárias para intrusão porque elas serão concentradas em uma área pequena do ápice
radicular (Figura 7).
Figura 7 - O movimento de intrusão. Fonte: Langlade (1995).
Revisão da Literatura 25
Reitan (1960) afirma que a intrusão dos dentes anteriores é melhor realizada durante
períodos de crescimento ativo. Como resultado, aparece extrusão simultânea e variável dos
dentes posteriores. Existindo um período de crescimento ativo, as cefalometrias tomadas antes
e depois do tratamento revelarão um aumento geral das dimensões verticais das estruturas
faciais. Esta mudança das dimensões faciais podem causar certa dúvida acerca da real
ocorrência de intrusão dos dentes anteriores. Por tanto, é possível fazer estudos sobre o efeito
causado por forças de intrusão com maior exatidão, em indivíduos cujo período principal de
crescimento já esteja concluído. A absorção apical radicular, após a intrusão, depende em
grande parte das características anatômicas que circundam a raiz. O exame de radiografias
tomadas antes do tratamento pode dar informações acerca da forma e condições do osso
adjacente e do ápice dos dente a intruir. Em pacientes jovens, o ápice muitas vezes está
rodeado por osso esponjoso e amplos espaços medulares, sendo necessário a utilização de
forças leves e contínuas. Porém, se o osso da região apical é bastante compacto, como em
adultos, forças leves e interrompidas serão necessárias. Isto dará tempo para que se inicie a
proliferação celular e prevaleça a absorção frontal, quando os arcos forem reativados após o
período de repouso.Como em outros tipos de movimento dentário, a força aplicada durante o
período inicial de intrusão pode determinar o grau definitivo de absorção radicular.
Exercendo-se uma força definitivamente suave durante 5 a 6 semanas, será menor a tendência
de absorção radicular durante o posterior período de intrusão.
Reitan (1967) classificou as fases do movimento dentário da seguinte maneira:
# Fase 1: devido à força ortodôntica, a espessura do ligamento periodontal é reduzida
no lado de pressão. Uma movimentação imediata ocorre por uma reação devido às
propriedades elásticas do ligamento periodontal. Com o aumento da força, o movimento
dentário inicial também aumenta.
# Fase 2: considerada uma fase de diminuição da quantidade do movimento dentário
e está provavelmente associada com a hialinização do ligamento periodontal. As áreas de
hialinização aparecem precocemente e mais extensamente se as forças pesadas forem
utilizadas. Embora a extensão dessas áreas estar relacionada à magnitude da força, isso parece
não ter significância clínica para o movimento de corpo do dente. Isto pode ser explicado
porque durante o movimento de corpo do dente as forças são mais igualmente distribuídas
pela superfície do osso alveolar do que no movimento de inclinação, reduzindo o risco de
hialinização. Uma grande variação individual foi encontrada na duração desta fase, variando
Revisão da Literatura 26
de 0 a 35 dias, independentemente da aplicação da força. Isso pode indicar que as diferenças
na densidade óssea ou nas atividades metabólicas do osso têm grande importância.
# Fase 3: caracterizada pelo aumento progressivo da movimentação do dente segundo
Reitan (1967). Esta fase de aceleração pode ser interpretada como um período em que o
processo biológico envolvido no remodelamento do ligamento periodontal e do osso alveolar
alcançam sua capacidade máxima.
# Fase 4: caracterizada pelo movimento dentário constante, dando seqüência à fase 3.
A hipótese clássica do mecanismo da movimentação dentária diz que o movimento do dente
no espaço periodontal gera um lado de pressão e um lado de tensão.
Utley (1968) concluiu em seu trabalho que o movimento dentário é independente da
intensidade da força. O propósito do estudo deste autor foi avaliar a dinâmica estrutural e a
atividade osteogênica do osso alveolar afetado pelo movimento dentário ortodôntico,
utilizando forças de diferentes magnitudes. Utilizou como amostra 21 gatos domésticos nos
quais foram instalados aparelhos dentários que liberavam forças variando de 40 a 560 grf. 05
animais foram divididos em grupos de 30 dias de tratamento, 3 dias, 9 dias, 21 dias e 15 dias.
A quantidade de movimento dentário não foi relacionada à magnitude da força liberada pelo
aparelho. Cada animal exibiu sua quantidade individual de movimentação dentária não
importando a intensidade da força ortodôntica.
O estudo de Baumrind (1969) tinha como finalidade avaliar as alterações da atividade
celular devido ao movimento dentário. O autor utilizou como amostra ratos da raça SpragueDawley e realizou as medições durante as primeiras 72 horas de utilização de elásticos entre
os primeiros e segundos molares superiores. A idéia de que o dente se move em conjunto com
o espaço periodontal é, por assim dizer, crucial para a hipótese da "pressão e tensão".
Somente por este mecanismo poderia o dente movimentar-se estreitando o ligamento
periodontal no lado da pressão e alargando o lado da tensão induzindo as alterações
mecânicas na quantidade de vascularização e tensão das fibras.O autor também sugere uma
nova hipótese: quando o aparelho ortodôntico é instalado, forças são aplicadas aos dentes e
transmitidas por eles aos tecidos na região afetada e desta forma dente, ligamento periodontal
e osso serão deformados.A quantidade de deformação produzida por uma força aplicada em
cada estrutura é relativa às propriedades mecânicas do material. Dentro desta hipótese o osso
deforma mais rapidamente que o ligamento periodontal. O osso é um tecido dinâmico
constantemente engajado no processo da atividade biológica envolvendo renovação celular e
das frações inorgânicas. Este processo de renovação encontra-se acelerado durante o período
Revisão da Literatura 27
em que o osso é deformado pela aplicação da força. A reorganização não acontece somente na
lâmina dura do alvéolo, mas também na superfície de todo o trabeculado ósseo. A força
aplicada ao dente é dissipada ao osso.Esta força se transforma em estímulo para a alteração da
atividade biológica de células que se encontram nesta área. A alteração da atividade destas
células modifica a superfície e a organização interna do osso para acomodar a força externa
aplicada sobre ele.
Segundo Reitan e Kvam (1971) a reabsorção no lado da pressão cria um espaço para o
dente avançar enquanto que a formação óssea no lado da tensão mantém o avanço progressivo
do periodonto
A relação entre a magnitude de uma força ortodôntica contínua e a quantidade de
movimento dentário de corpo foi estudada no trabalho de Pilon, Kuijpers-Jagtman e Maltha
(1996). A amostra do trabalho consistiu de 25 cachorros da raça Beagle machos e adultos nos
quais foram extraídos os terceiros pré-molares inferiores e implantados marcadores ósseos na
mandíbula.Após 16 semanas foram instalados aparelhos ortodônticos e elásticos exercendo
forças de 50, 100 e 200 grf para a distalização dos segundos pré-molares inferiores.Após a
avaliação das radiografias realizadas antes e depois da aplicação da força os autores
verificaram que houve grandes diferenças individuais na quantidade de movimentação
dentária em todos os grupos que utilizaram forças diferentes.A explicação dada por eles foi
que cada animal tem sua própria "pressão ótima" e reage de maneira diferente frente à
aplicação de uma força. Outra consideração feita pelos autores foi que a estrutura e a
densidade óssea têm influência na quantidade do movimento dentário.Este processo de
remodelação óssea, estimulado pela aplicação de força ótima, permite a movimentação
dentária mantendo a integridade do alvéolo.
2.3 O PROCESSO DE REABSORÇÃO RADICULAR
Segundo Reitan (1967) um certo tipo de alta densidade óssea é geralmente normal nos
adultos, uma densidade óssea que é diferente da observada nos pacientes jovens. Porém não é
essa densidade o fator mais importante para a lenta resposta tecidual inicial em pacientes
adultos. A razão essencial para a resposta lenta é o fato de que nos adultos o tecido está
predominantemente em uma fase estática antes do tratamento. Em adultos, a proliferação
Revisão da Literatura 28
celular inicial ocorre após um período de 8 a 10 dias enquanto que um aumento no número de
células pode ser observado após 2 ou 3 dias de tratamento em crianças.
Gianelly (1969) observou em seu estudo que o suprimento vascular no ligamento
exerce um papel estratégico na determinação do tipo de reabsorção óssea que segue a
aplicação de uma força. Por exemplo, a reação do suprimento vascular periodontal a pressões
exercidas por forças aplicadas indica que certas magnitudes de força podem ser aplicadas ao
dente sem obliterar os vasos do ligamento. A aplicação destas forças estimula a reabsorção no
lado da pressão. Assim, a aplicação de uma força que comprime os vasos do ligamento,
resulta em reabsorção de uma área óssea secundária. Em termos de fibras, o ligamento
periodontal do lado de pressão sofre uma desorganização e uma diminuição na sua produção
enquanto que no lado de tensão, a produção de fibras é estimulada incisivos centrais.e laterais
porém houve diferenças entre os incisivos do mesmo paciente.
Dermaut e De Munck (1986) realizaram um estudo com o propósito de investigar a
reabsorção radicular que ocorre durante o movimento de intrusão. Eles examinaram a
possibilidade de uma relação entre a quantidade de reabsorção radicular e a duração da força
intrusiva. Vinte pacientes foram submetidos ao movimento de intrusão durante um período de
29 semanas. Telerradiografias de perfil foram realizadas antes e após o período de
movimentação. Após a análise das radiografias os autores verificaram que durante o
movimento de intrusão a reabsorção radicular dos incisivos superiores foi óbvia e que não
houve diferenças entre os incisivos centrais e laterais, porém houve diferenças entre os
incisivos do mesmo paciente. Com relação à duração do movimento de intrusão os autores
verificaram que não houve uma relação significante entre o tempo de duração da força de
intrusão e a reabsorção radicular. Segundo os autores este resultado foi alcançado devido ao
tempo curto de avaliação pois o experimento esteve limitado ao período de intrusão. Segundo
a relação entre o comprimento radicular antes e depois do movimento de intrusão, a
quantidade de reabsorção radicular encontrada foi de 18%.
Mcfadden et al. (1989) realizaram um estudo com a intenção de examinar a relação
entre a intrusão dos incisivos superiores e inferiores e o encurtamento radicular. Neste estudo
foram avaliadas radiografias periapicais e telerradiografias de perfil pré e pós-tratamento de
38 pacientes tratados pela técnica Bioprogressiva que apresentavam sobremordida profunda
antes do início do tratamento. Os autores verificaram que houve pouca correlação entre a
quantidade de intrusão e a quantidade de encurtamento radicular.
Revisão da Literatura 29
Após a avaliação de radiografias panorâmicas e telerradiografias de perfil pré e póstratamento de 200 pacientes tratados ortodonticamente, Kaley e Philllps (1991) verificaram
que os movimentos de intrusão ou de extrusão não foram fatores significantes para a
reabsorção radicular.
Beck e Harris (1994) realizaram um estudo para avaliar a reabsorção radicular apical
nos pacientes tratados ortodonticamente. Foram selecionados 82 casos de má oclusão de
Classe I que necessitavam extração de 4 primeiros pré-molares. Destes, 41 foram tratados
com a técnica de Tweed e 41 foram tratados com a técnica de Begg. As raízes foram medidas
através de telerradiografias de perfil e radiografias panorâmicas realizadas pré e póstratamento.Após a análise dos resultados os autores verificaram que houve significantes
associações entre o tipo de movimento dentário, especificamente o movimento de intrusão, e a
presença de reabsorção radicular. Segundo os autores, devido à forma cônica da raiz, o
componente axial da força aplicada ao dente estará maximizado no ápice radicular o que leva
a uma condição de isquemia e necrose da região periapical permitindo a aproximação de
cementoclastos.
Parker e Harris (1998) realizaram um estudo com o propósito de quantificar os
movimentos incisais e apicais dos incisivos centrais superiores durante o tratamento e
determinar quais os movimentos eram clinicamente relevantes para a reabsorção radicular
apical. A amostra do trabalho consistiu de 110 casos tratados ortodonticamente dos quais 41
foram tratados com a técnica de Tweed, 20 com a técnica de Begg e 40 com a técnica de
Roth. Desses pacientes foram analisadas as telerradiografias de perfil pré e pós-tratamento.
Neste estudo, o aumento do ângulo entre os incisivos centrais superiores e o plano palatino foi
fortemente relacionado ao aumento da reabsorção radicular apical. Este aumento ocorreu
devido ao torque lingual de raiz dos incisivos centrais superiores porque todos os casos foram
tratados com extrações dos primeiros pré-molares superiores e mecânica de retração dos
incisivos superiores. A técnica de Tweed preconiza a retração dos incisivos com a
manutenção do torque, assim uma força substancial é requerida para que ocorra o movimento
de torque dos incisivos e essa força é concentrada no ápice radicular, que é a menor área do
dente e a mais sensível à reabsorção.
A pesquisa realizada por Valdrighi et al. (1999) evidenciou que os movimentos
dentários de retração, intrusão e torque são fatores predisponentes que podem contribuir com
a quantidade de reabsorção radicular.
Revisão da Literatura 30
Segundo Choy et al. (2000) respostas biológicas como reabsorção óssea no lado de
pressão e formação óssea no lado da tensão são respostas que ocorrem no ligamento
periodontal A força tende a empurrar o dente contra a parede alveolar, comprimindo o
ligamento periodontal. Conseqüentemente, a atividade osteoclástica é estimulada e acontece a
reabsorção óssea desta região, movimentando o dente na direção da força aplicada.
Simultaneamente, promove um estiramento das fibras do ligamento periodontal, na região
oposta da força aplicada, originando uma área de tensão e um pequeno espaço onde irá formar
osso.
Com a finalidade de encontrarem fatores associados à ocorrência da reabsorção
radicular, Santos et al. (2007) concluíram que condutas técnicas associadas à reabsorção
radicular, como a intrusão, estão muito mais relacionadas com a magnitude da força utilizada.
Com o intuito de prevenir a reabsorção radicular antes e durante o tratamento ortodôntico
devemos realizar radiografias periapicais de diagnostico dos dentes anteriores; bem com,
radiografias periapicais de preservação dos dentes anteriores após 6 meses de tratamento; e
ainda, diagnosticada a reabsorção fazer um período de 60-90 dias de repouso associada à
reavaliação do caso para continuidade do tratamento.
Marques et al. (2010) avaliaram a prevalência de reabsorção radicular e identificaram
possíveis associações de pacientes ortodônticos tratados com o método Edgewise. A amostra
incluiu 1.049 pacientes que tiveram radiografias periapicais, tomadas de todos os incisivos,
antes e após o tratamento. As radiografias foram examinadas por dois ortodontistas usando
um visualizador de raio-x com intensidade de luz normal. Essas variáveis foram coletados: a
forma de raiz, overbite, reabsorção inicial, e hipodontia. Os pacientes foram classificados de
acordo ao gênero, classificação de Angle, etnia, idade, duração do tratamento, o tipo de
dentição (mista ou permanente), e tratamento, com ou sem extração de quatro pré-molares.
Reabsorção foi considerada grave quando mais afetadas de um terço do comprimento da raiz.
Conclusões: A alta prevalência de reabsorção radicular foi observada em pacientes brasileiros
tratados com o método Edgewise. Os principais fatores diretamente envolvidos na reabsorção
severa foram a extração dos primeiros pré-molares, raízes em forma de triângulo e reabsorção
radicular antes do tratamento.
Revisão da Literatura 31
2.3.1 Hialinização:
O trabalho de Reitan (1967) teve como finalidade discutir os princípios gerais da
movimentação dentária e os vários fatores que podem influenciar o grau de mobilidade
dentária. O autor enfatizou que a movimentação dentária não ocorre até que a área hialinizada
no lado de pressão seja eliminada pela reabsorção óssea. Se a zona de hialinização inicial é
pequena, o osso ao redor dela é prontamente eliminado pela reabsorção. As zonas de
hialinização pequenas somente podem ser criadas por forças leves, conclusão que o mesmo
autor já havia revelado em trabalho realizado em 1960.
De acordo com Rygh (1972), a hialinização é um processo de necrose estéril nas zonas
de pressão do ligamento periodontal que pode ocorrer durante a fase inicial do movimento
dentário.
Rygh (1973) realizou uma pesquisa para avaliar as alterações estruturais das fibras
periodontais durante o tratamento ortodôntico. Utilizou uma amostra de 67 ratos nos quais
foram movimentados os primeiros molares com um aparelho fixo.Após um período
experimental de 30 minutos a 28 dias de utilização do aparelho, os ratos foram sacrificados e
foram feitos cortes histológicos da região dos primeiros molares para a avaliação em
microscópio eletrônico.Foi verificado que após 24 horas do início da movimentação, algumas
fibras individualmente perdem a organização funcional e após 3 a 7 dias ocorre um arranjo
irregular das fibras que perdem a sua orientação funcional.Algumas áreas localizadas do
tecido hialinizado mostraram uma avançada degradação após 14 dias do início da
movimentação.Parte da superfície radicular localizada abaixo da área hialinizada revelou
alguma alteração estrutural. Áreas da superfície óssea apareceram com pouca ou nenhuma
ligação com as fibras periodontais, porém a reconstrução do ligamento pode ser verificada 28
dias após o início do experimento. Nesta fase, o cemento e o osso alveolar também se
recuperaram.
A eliminação do tecido hialinizado produzido pela movimentação ortodôntica na
região marginal do ligamento periodontal foi estudada por Rygh (1974). Em uma amostra de
67 ratos, nos quais foram instalados aparelhos fixos, o autor movimentou os primeiros
molares por períodos experimentais que variavam de 30 minutos a 28 dias.A remoção do
colágeno, das células remanescentes e dos elementos vasculares degradados é mediada por
Revisão da Literatura 32
diferentes formas de atividade celular.A invasão de novos vasos sangüíneos mostrou ser um
importante fator para a eliminação do tecido hialinizado.
Kurol, Owman e Lundgren (1996) concluíram que a hialinização do tecido periodontal
precede a reabsorção radicular durante o movimento ortodôntico dentário. Os primeiros
molares de 67 ratos foram movimentados por um aparelho fixo que exercia forças de
aproximadamente 5 a 25 grf. Em um período experimental entre 30 minutos e 28 dias os ratos
foram sacrificados e feitos cortes histológicos da região dos primeiros molares que foram
movimentados. O autor enfatizou que existe uma degradação progressiva resultando na morte
de células durante o desenvolvimento das zonas de hialinízação no ligamento periodontal,
envolvendo os fibroblastos e os tecidos de conecção. Parece que a fase inicial da necrose local
nas zonas de pressão é inevitável com a extensão das forças utilizadas no tratamento
ortodôntico. No entanto, essa necrose parece estar em áreas circunscritas e limitadas ao
ligamento periodontal.
Com o propósito de elucidar o processo de hialinização do ligamento periodontal e a
sua relação com a reabsorção radicular Kurol e Owman-Moll (1998) avaliaram pré-molares
extraídos de pacientes jovens após a utilização de um aparelho fixo ( aproximadamente 50grf)
num período de utilização do aparelho de 1 a 7 semanas. Segundo os resultados, poderia haver
uma relação entre áreas hialinizadas no ligamento periodontal e a reabsorção da superfície
radicular, pois as cavidades de reabsorção foram encontradas próximas às zonas
supercomprimidas. Mesmo com esta estreita relação, aproximadamente metade das áreas
hialinizadas não foi associada com a reabsorção radicular. No entanto, áreas de reabsorção
podem ser vistas após poucos dias ou semanas. O fato de que a superfície radicular estava
intacta próxima à zona hialinizada em 54% dos dentes avaliados pode significar que a
reabsorção iniciará depois, se o cemento ficar danificado. Quando um tecido necrótico é
reorganizado, substâncias são liberadas ativando a reabsorção radicular e removendo áreas de
hialinização, o que precede a reorganização e o reparo. Isso significa que a força aplicada está
dentro dos limites fisiológicos, possibilitando a reconstrução. No entanto, a reabsorção
radicular precoce pode estar próxima ao tecido necrótico em áreas onde forças ortodônticas
estimulam a reconstrução do tecido.Enquanto as células nas áreas hialinizadas não se
diferenciam em osteoclastos, o movimento dentário não ocorre uma vez que o osso alveolar
não é reabsorvido, as áreas hialinizadas eliminadas e um novo ligamento periodontal ainda
não for estabelecido. Então, a formação de extensas áreas de hialinização pode causar atraso
durante o tratamento ortodôntico.
Revisão da Literatura 33
2.3.2 A Reabsorção Radicular:
A reabsorção radicular é classificada como um problema idiopático, caracterizado pelo
encurtamento da raiz, que se não diagnosticado precocemente, pode causar danos adversos,
incluindo a perda do dente. É tida como conseqüência de uma complexa interação de
atividades biológicas, próprias de cada indivíduo, associadas às forças mecânicas planejadas
pelo ortodontista. Inicia-se pela perda da matriz inorgânica da raiz e pré-cemento. O tecido
mineralizado exposto é então destruído pela ação de células clásticas (osteoclastos e
cementoclastos).
Brezniak e Wasserstein (1993) concluíram que a reabsorção radicular apical é um
problema idiopático comum, associado com o tratamento ortodôntico e que recentemente
recebeu uma atenção considerável devido de exposição médico-legais. Perda de material
radicular apical é imprevisível e, quando se estendendo até a dentina, irreversível. Embora a
maioria dos estudos reabsorção radicular tentativa de investigar os fatores etiológicos e
previsibilidade, suas origens permanecem obscuras. São citados os fatores Individual
suscetibilidade, predisposição hereditária, sistêmica, local e fatores anatômicos associados
com aparelhos ortodônticos.
Segundo Garbin, Guedes Pinto e Grieco (2009), a reabsorção dentária significa perdas
de volume das estruturas dentárias, podendo ser considerado uma seqüela decorrentes de
vários fatores que podem desencadear um desequilíbrio funcional entre as células que são
responsáveis pelas reabsorções e aposições dos tecidos dentários mineralizados. O
componente celular ativo deste processo, representado pela interação de células inflamatórias
e outras chamadas clastos, decorrente de vários estímulos e sinalizações moleculares providos
de citicinas, neuropeptídeos e produtos de degradação liberados pelo tecido lesado
2.3.2.1 Classificação das Reabsorções Dentárias
Para obter uma padronização nas características de reabsorção dentária, Levander e
Malmgren (1988) propuseram uma escala para a classificação da reabsorção radicular durante
o tratamento ortodôntico. Os pesquisadores graduaram a reabsorção como:
Revisão da Literatura 34
O = sem reabsorção (correspondendo a 0mm de reabsorção);
1 = pequeno arredondamento do ápice (de 1 a 2 mm de encurtamento);
2 = arredondamento moderado (de 2 a 4 mm de encurtamento);
3 = arredondamento excessivo (mais de 4 mm de encurtamento)
Segundo o estudo de Gibilaro e Proffit (1996), clinicamente é importante distinguir
três tipos de reabsorção radicular:
1) reabsorção limitada, porém generalizada, que ocorre na maioria dos pacientes
submetidos ao tratamento ortodôntico e é de pouca significância clínica;
2) reabsorção severa generalizada, que ocorre raramente durante o tratamento
ortodôntico com uma incidência de 0,5% e também pode ocorrer na ausência do tratamento
ortodôntico e
3) reabsorção severa somente em alguns dentes, que não é freqüente porém está
associada à iatrogenia provocada pelo cirurgião dentista durante o tratamento ortodôntico.
A freqüência da reabsorção radicular externa apical, compreendendo de O a 3 mm de
perda de material radicular, representou 94% do experimento de Valdrighi et al. (1999) onde
analisaram 100 incisivos centrais de 50 pacientes tratados ortodonticamente com extrações
dos primeiros pré-molares e um período médio de tratamento de 36 meses.
Segundo Garbin, Guedes-Pinto e Grieco (2009) há dois tipos de reabsorções dentárias:
Fisiológica, que ocorrem em dentes decíduos como parte do processo de esfoliação e
Patológica, que ocorrem em dentes permanentes e podem ser classificadas como: Reabsorção
radicular interna (RRI) que se inicia devido à traumatismo, pulpites, cáries ou restaurações
profundas que promovem a perda da proteção oferecida pelos odontoblastos, instalação de
células clásticas e início de reabsorção radicular interna e a Reabsorção Radicular Externa
(RRE), que pode ocorrer em qualquer ponto da superfície radicular nos dentes irrompidos, é
caracterizada como um fenômeno multifatorial, imprevisível e irreversível. A reabsorção
radicular resultante do tratamento ortodôntico é chamada de reabsorção de superfície e/ou
inflamatória.
Revisão da Literatura 35
2.3.2.2 Graus de Severidade das Reabsorções Radiculares:
Segundo Levander e Malmgren (1988) as reabsorções radiculares podem ser
classificadas de acordo com o grau de severidade em:
Nível 1- apresenta reabsorção mínima, com contorno apical irregular sem grandes
riscos e o tratamento pode ser mantido normalmente
Nível 2- Reabsorção moderada entre 1 a 2 mm de redução do comprimento radicular.
É indicado estabilizar o tratamento por 2 a 3 meses e reavaliar o caso. O paciente deve ser
alertado sobre o risco da evolução. Controle radiográfico apos 3 meses.
Nível 3- Reabsorção severa, com redução do comprimento radicular de 2mm a 1/3 da
raiz. Existe risco maior de evolução e o tratamento deve ser interrompido por 90 dias e
reavaliado. O paciente deve ser informado da situação e controle radiográfico de 3 em 3
meses.
Nível 4- Redução extrema com redução de mais de 1/3. A simplificação ou
interrupção do tratamento é obrigatória (Figuras 8 e 9).
Figura 8 - Classificação dos níveis de reabsorção radicular durante o tratamento
ortodôntico, sugerido por Levander e Malmgren em 1988: 1= reabsorção mínima, 2=
reabsorção moderada, 3= reabsorção severa e 4 = reabsorção extrema. Fonte: Capelozza
Filho e Silva Filho (1998).
Revisão da Literatura 36
Figura 9 - Classificação dos níveis de reabsorção radicular durante o tratamento
ortodôntico. Fonte: Chiqueto (2004).
2.3.3 Diagnóstico:
Para Cansanção e Martins (1981) o exame radiográfico é de vital importância para o
diagnóstico adequado, pois a radiografia periapical é o meio mais indicado para comprovar a
presença da reabsorção radicular.
Revisão da Literatura 37
Almeida et al. (1999) relataram que é imprescindível a requisição e a análise
minuciosa da documentação ortodôntica, principalmente o exame radiográfico, para verificar
evidências da reabsorção radicular antes do tratamento ortodôntico
Consolaro (2002) afirma que a reabsorção radicular é diagnosticada radiograficamente
por meio de películas periapicais, pois nas radiografias panorâmicas a identificação precisa
não é possível. O período ideal para avaliar “preventivamente” o grau de reabsorção radicular
durante o tratamento ortodôntico varia entre os 6 e 9 primeiros meses de tratamento
ortodôntico.
Rego et al. (2004) ressaltaram a importância da solicitação de radiografias periapicais
iniciais durante o processo do diagnóstico para identificar os pacientes de risco. Por meio do
exame radiográfico periapical pode-se verificar a morfologia radicular e da crista óssea
alveolar.
2.4 FATORES QUE INFLUENCIAM A REABSORÇÃO RADICULAR
Dentre os fatores que causam a reabsorção radicular advinda de uma terapia
ortodôntica, estão: a magnitude da força aplicada, intervalo de aplicação da força, tipo e
duração da força, o tempo de tratamento, a idade e o gênero do paciente, a quantidade de
movimentação dentária, adicionando a suscetibilidade individual e os fatores sistêmicos,
locais (tipo de má oclusão, hábitos, história de traumatismo prévio, estágio de
desenvolvimento radicular, forma radicular e saúde bucal), anatômicos e hereditários
(CAMBI et al. (2002).
No estudo para avaliar a relação entre a intrusão dos incisivos e o encurtamento
radicular, realizado por Mcfadden et al. (1989), foi verificado em alguns dos pacientes da
amostra indicadores para o potencial de reabsorção radicular. Segundo os autores, os
chamados indicadores para o potencial de reabsorção incluem raízes curtas antes de iniciar o
tratamento ortodôntico e raízes em forma de garrafa.
Mirabella e Artun (1995a) objetivaram identificar fatores de risco para reabsorção
radicular apical ortodôntica em adultos. Radiografias periapicais padronizadas de dentes
anteriores superiores e cefalogramas antes e após o tratamento e gráficos de tratamento de 343
pessoas, tratados a partir de quatro práticas ortodônticas. Calculou-se o comprimento e a
largura das raízes no pré-tratamento e pós-tratamento. Dessa maneira, observou-se que o
Revisão da Literatura 38
movimento dentários em raízes linguais e estreitas aumentou o risco de reabsorção radicular
apical e o uso de elásticos de classe II pode ser um fator de risco para o dentes que os
suportam.
Por outro lado, outros autores como Mirabella e Artun (1995b), não detectaram
nenhuma associação entre o alinhamento dos caninos impactados e a reabsorção da raiz dos
incisivos laterais superiores. O propósito do estudo era identificar os fatores de risco para a
reabsorção radicular nos pacientes adultos submetidos ao tratamento ortodôntico. A amostra
deste estudo incluiu radiografias periapicais dos incisivos superiores e telerradiografias de
perfil realizadas antes e depois do tratamento ortodôntico de 343 pacientes adultos. Os
resultados indicaram que formas radiculares anormais, estão associadas com a reabsorção
radicular apical, principalmente raízes com ápices estreitos ou desviados. Outra consideração
feita pelos autores foi que a tendência para a reabsorção radicular aumenta quando os dentes
são longos, e isto é explicado pelo fato de que dentes longos necessitam de forças maiores
para serem movimentados e o deslocamento do ápice radicular é maior durante os
movimentos de inclinação e de torque.
Segundo Baumrind, Korn e Boyo (1996), uma análise pré-tratamento deve ser
realizada enfocando os seguintes aspectos: história médica pessoal e familiar, doenças
crônicas e agudas, desordens genéticas e metabólicas, trauma dentário ou facial prétratamento, severidade da má oclusão, caninos impactados ou ectópicos e mordida cruzada
anterior. Complementando os dados, uma análise deve ser realizada para verificar as
diferenças que ocorrem durante o tratamento como doenças intercorrentes, trauma
intercorrente, mecânica do tratamento incluindo duração, níveis de força dos arcos
retangulares, elásticos de Classe II, elásticos verticais, extra-bucal, torque e mecânica de
retração.
Rimes, Mitchell e Willmot (1997) realizaram um estudo para avaliar a reabsorção
radicular dos incisivos superiores com relação à presença de caninos ectópicos. Na maioria
dos casos de tratamento ortodôntico com caninos impactados ocorre a reabsorção radicular
dos dentes envolvidos, no caso os incisivos.A região mais afetada da raiz dos incisivos é
geralmente o terço médio embora também possam estar envolvidos o terço cervical e o terço
apical, refletindo um estágio avançado de reabsorção na maioria das vezes. Essa situação pode
ser prevenida com o diagnóstico apropriado do posicionamento do canino impactado,
direcionando a movimentação deste dente.
Revisão da Literatura 39
Furquim (2002) utilizou uma amostra de 210 pacientes divididos em três grupos de 70
indivíduos cada, sendo um sem tratamento ortodôntico, pacientes com tratamento ortodôntico
sem reabsorção dentária e com tratamento ortodôntico com reabsorção dentária. Foram
analisadas as características morfológicas dentárias e maxilares, bem como determinando o
perfil hormonal, cônico, enzimático e glicêmico. Os resultados revelaram que os três grupos
da amostra apresentavam o mesmo perfil sistêmico e endocrinológico, no grupo de pacientes
submetidos ao tratamento ortodôntico que apresentaram reabsorção dentária, a morfologia
radicular triangular foi significantemente mais freqüente em relação aos dois outros grupos e
no grupo submetidos ao tratamento ortodôntico que apresentaram reabsorção dentária, a
morfologia da crista óssea alveolar retangular foi significantemente mais freqüente em relação
aos dois outros grupos. Após estes resultados pode se concluir que as reabsorções dentárias
durante o tratamento não são resultante da ação de fatores sistêmicos, inclusive de
endocrinopatia e são fortemente influenciadas pela morfologia da raiz dentária e da crista
alveolar.
2.4.1 Genética e Fatores Sistêmicos:
Phillips (1955) avaliou um total de 1745 dentes superiores e 877 dentes inferiores
comparados em radiografias pré e pós-tratamento. Dos 1745 dentes superiores avaliados,
1067 (61,1 %) não mostraram perda de material radicular apical, 130 (7,4%) foram
classificados como classe questionável quanto à presença de reabsorção radicular e 466 dentes
(26,8%) foram considerados dentro de um grau moderado. Apenas 5 dentes (0,3%) foram
considerados em um grau excessivo. O autor verificou que para os níveis extremos de
reabsorção radicular existe uma variação individual ou uma resistência no metabolismo de
cada paciente durante o movimento dentário. Isso explica a interferência de fatores endócrinos
e metabólicos na reabsorção radicular severa. Entre estes fatores estão incluídas as patologias
endocrinológicas e o hipertireoidismo.
Newman (1975) realizou um estudo para avaliar os fatores etiológicos da reabsorção
radicular externa avaliando o exame radiográfico de 47 pacientes que apresentavam
reabsorção radicular severa (perda radicular maior ou igual a um terço do comprimento total
da raiz) e moderada (encurtamento radicular maior que 2mm) em um mínimo de 3 dentes por
paciente. Segundo o autor, entre os casos de reabsorção radicular externa moderada e severa
Revisão da Literatura 40
estudados não houveram causas sistêmicas. O autor sugere que deve haver momentos
específicos onde os fatores sistêmicos são considerados como etiologia da reabsorção, mas
não foi evidente em seu trabalho. A tireoidite presente em três pacientes da amostra,
demonstrou não ter relação com a deficiência na estrutura radicular. Dessa maneira, O autor
verificou que não há relação direta entre a reabsorção radicular e os fatores sistêmicos e
genéticos.
Cansanção e Martins (1981) afirmaram que a suscetibilidade individual pode atuar
como coadjuvante na gravidade da reabsorção
Baumrind, Korn e Boyd (1996) também enfocaram a susceptibilidade individual após
analisar as radiografias periapicais pré e pós-tratamento de 81 pacientes adultos tratados
ortodonticamente. Uma das conclusões deste trabalho foi que as variações individuais
representam aproximadamente dois terços da predisposição à reabsorção radicular.
Por outro lado, Boekenoogen et al. (1996) em trabalho realizado para estudar os
efeitos da prostaglandina na reabsorção radicular em ratos contestaram que a prostaglandina
influencie a reabsorção radicular. Utilizando uma amostra de 132 ratos de 8 semanas de vida
da raça Sprague-Dawley foram injetados níveis de concentração diferentes de prostaglandina
(0.1, 1.0, 5.0 e 10.0 J,Jg). Os resultados mostraram que a prostaglandina não afetou nem no
número nem na profundidade as lacunas de reabsorção radicular.
Segundo Davidovitch et al. (1996) a ingestão constante de bebidas alcoólicas durante
o movimento ortodôntico dentário pode causar reabsorção radicular pela inibição da
hidroxilação da vitamina D no fígado. Na presença de vitamina D defeituosa, a mobilização
do cálcio no sangue do intestino, do rim e dos ossos é reduzida estimulando a produção de
elevados níveis de hormônio da paratireóide resultando no aumento da reabsorção dos tecidos
mineralizados, incluindo os dentes. O fato de alguns pacientes com gengivite, asma ou
alcoolismo terem desenvolvido reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico não
necessariamente significa que todos os pacientes ortodônticos nessa situação estão
automaticamente com risco de apresentar reabsorção radicular. Ainda segundo os autores, se a
vasodilatação induzida pela força ortodôntica ocorre simultaneamente com um ataque de
asma, há uma,condição favorável para o desenvolvimento da reabsorção. Por outro lado, se os
dois episódios ocorrerem em dias separados, a reabsorção radicular pode não acontecer.
Vlaskallc, Boyd e Baumrind (1998) concluíram que as causas da reabsorção radicular
apical é uma variação individual. Desconhece a razão pelo qual alguns pacientes são afetados
e outros não, com ou sem forças ortodônticas pesadas.
Revisão da Literatura 41
Mcnab et al. (1999) avaliaram a reabsorção radicular apical em pacientes asmáticos
tratados ortodonticamente. A amostra consistiu de radiografias panorâmicas pré e póstratamento de 99 pacientes saudáveis, como grupo controle, e de 44 pacientes asmáticos que
formaram o grupo experimental. Após a análise das radiografias, os autores verificaram que
os pacientes asmáticos demonstraram uma maior incidência de reabsorção radicular apical
(55,5%) quando comparados com os pacientes saudáveis (40,9%) ao término do tratamento
ortodôntico.Quanto ao grau 2 (moderado) e o grau 3 (severo) de reabsorção radicular,
pacientes com e sem asma exibiram porções semelhantes. O grau de reabsorção radicular que
mais acometeu as raízes dos molares superiores dos pacientes com asma foi o grau 1,
considerado leve o qual não afeta a longevidade e a função dos dentes. Segundo os autores,
este fato pode ser relacionado às alterações no sistema imunológico dos pacientes que
apresentam asma. O aumento da incidência de reabsorção radicular nos primeiros molares
superiores de pacientes asmáticos pode ser relacionado com a proximidade das raízes com o
seio maxilar devido à presença dos mediadores do processo inflamatório na membrana interna
do seio maxilar destes pacientes. Os autores também citam outros fatores como a respiração
bucal e os problemas estruturais e ortodônticos, que acompanham esta patologia, como fatores
que podem aumentar a predisposição dos pacientes asmáticos à reabsorção radicular.
Baseados na hipótese de que os pacientes que não se submeteram ao tratamento
ortodôntico também apresentam uma susceptibilidade à reabsorção radicular, principalmente
aqueles que possuem distúrbios sistêmicos, Almeida, Pinzan e Almeida (1999) ao avaliar um
caso clínico onde o paciente que nunca havia se submetido ao tratamento ortodôntico
apresentava reabsorções radiculares extensas em vários dentes, concluíram que existe uma
susceptibilidade individual na determinação do potencial de reabsorção radicular,
independentemente do tratamento ortodôntico.
Furquim (2002) afirmou que não se justificam biologicamente as causas sistêmicas,
especialmente as endócrinas em relação à reabsorção.
2.4.2 Idade:
O propósito do estudo de Dermaut e De Munck (1986), foi analisar a reabsorção
radicular dos incisivos superiores durante o movimento de intrusão, considerando a época do
tratamento ortodôntico. Os autores utilizaram uma amostra de 20 pacientes nos quais foram
Revisão da Literatura 42
analisados 66 incisivos superiores através de telerradiografias de perfil pré e pós-tratamento
ortodôntico. A intrusão ocorreu em 29 semanas. Outros 15 pacientes foram incluídos na
amostra como grupo controle. Levando em consideração a idade dos pacientes relacionada à
reabsorção radicular os autores verificaram que ocorre menos reabsorção em crianças, devido
ao ápice incompleto. As chances de reabsorção aumentaram quando o movimento ortodôntico
foi realizado após o ápice radicular estar completo.
McFaddem et al. (1989), realizaram um estudo para avaliar a relação entre a intrusão
dos incisivos superiores e o encurtamento da raiz. Os autores selecionaram 38 casos de
pacientes tratados ortodonticamente e avaliaram as telerradiografias e as radiografias
periapicais pré e pós-tratamento destes pacientes. Do ponto de vista da idade do paciente ao
início do tratamento, esta não teve significância clínica com relação à reabsorção radicular.
Porém, Mirabella e Artun (1995) realizaram um trabalho para avaliar a prevalência e a
severidade da reabsorção radicular apical dos incisivos superiores em pacientes adultos que se
submeteram ao tratamento ortodôntico. Após analisar o comprimento radicular em
radiografias periapicais dos incisivos superiores de 343 pacientes adultos, realizadas pré e
pós-tratamento ortodôntico, os autores concluíram que os pacientes adultos não são de maior
risco à reabsorção radicular do que os pacientes adolescentes, quando comparados com os
resultados de outros estudos. O que pode acontecer, segundo os autores, é que as raízes
dentárias de pacientes adultos podem ser afetadas em proporções maiores que as dos pacientes
adolescentes, podendo alcançar um grau de reabsorção extremo e as raízes severamente
afetadas.
Lupi, Handelman e Sadowsky (1996) avaliaram a freqüência de reabsorção radicular e
perda óssea alveolar em 88 adultos submetidos a tratamento ortodôntico. Pré e pós-tratamento
foram utilizadas radiografias periapicais para determinar a quantidade de reabsorção radicular
externa apical e a perda óssea alveolar do maxilar e incisivos inferiores. O número de
incisivos com reabsorção radicular aumentou de 15% antes do tratamento para 73% após o
tratamento. O número de incisivos com reabsorção radicular apical moderada a severa foi de
2% antes do tratamento e 24,5% após o tratamento.
Há uma prevalência de efeitos
iatrogênicos nos adultos na região de incisivos. No entanto, em geral, a experiência
iatrogênica não exclui o tratamento ortodôntico dos adultos.
Ritter et al. (1999) após uma revisão bibliográfica concluíram que os dentes com ápice
aberto são menos susceptíveis à reabsorção radicular devido à maior nutrição, maior
quantidade de células e maior adaptação dos tecidos periapicais ao movimento dentário.
Revisão da Literatura 43
Bishara, Vonwald e Jacobsen (1999) realizaram um estudo para avaliar as alterações
que ocorrem no comprimento radicular de dentes de pacientes adultos. O propósito do estudo
era determinar longitudinalmente as modificações no comprimento radicular de 26 indivíduos
com idade entre 25 e 45 anos que não foram submetidos ao tratamento ortodôntico. Foi
realizado um levantamento periapical de cada paciente e em cada radiografia foi realizada a
medição do comprimento de raiz.O intervalo entre as medições foi em média 19,9 anos para o
gênero feminino e 20,3 anos para o gênero masculino. Segundo os autores, os resultados deste
estudo não demonstraram alterações no comprimento radicular, tanto no aumento quanto na
diminuição.Não foi observado um aumento significante na incidência da reabsorção radicular
pelo fato dos pacientes serem adultos.
Sameshina e Sindair (2001) encontraram em pacientes adultos mais reabsorção nos
incisivos inferiores do que nas crianças.
Segundo Chaves Neto et al. (2009), o fator idade pode influir no processo de
reabsorção, sendo diretamente proporcional, ou seja, quanto maior a idade, maior o grau de
reabsorção radicular
2.4.3 Gênero:
Deshields (1969) realizou um trabalho para avaliar a freqüência e a severidade da
reabsorção radicular em pacientes tratados ortodonticamente, considerando a diferença entre
os gêneros. A amostra consistiu de radiografias periapicais e telerradiografias de perfil, pré e
pós-tratamento, de 52 pacientes tratados ortodonticamente. As raizes foram medidas nessas
radiografias e após análise dos resultados, o autor concluiu que a incidência da reabsorção
radicular não teve nenhuma correlação com o gênero do paciente.
Newman (1975), em seu estudo para investigar os possíveis fatores etiológicos da
reabsorção radicular externa, relata que o gênero feminino é mais susceptível à reabsorção
radicular, porém segundo o autor, este fato ocorre devido à maior freqüência de pacientes do
gênero feminino que procuram o tratamento ortodôntico.
Rimes, Mitchell e Willmot (1997) ao realizar um estudo em 26 pacientes com as raízes
dos incisivos superiores reabsorvidos devido à presença de caninos ectópicos, concluíram que
o gênero feminino é mais afetado que o masculino.
Revisão da Literatura 44
O objetivo do trabalho de Valdrighi et al. (1999) foi avaliar radiograficamente a média
e a freqüência da reabsorção radicular apical correlacionando com a movimentação
ortodôntica. A sua amostra foi composta de 100 incisivos centrais superiores de 50 pacientes
tratados ortodonticamente sendo 25 do gênero feminino e 25 do gênero masculino. Os autores
observaram que a reabsorção radicular no gênero feminino foi maior que no masculino.
Segundo Consolaro (2005), as mulheres não são mais susceptíveis às reabsorções
dentárias que os homens.
Chaves Neto et al. (2009) analisaram a relação da reabsorção radicular e a influência
no gênero feminino e masculino e constataram que fenômeno apresentou-se igualmente em
ambos os gêneros, ou seja, não houve diferença significativa entre os gêneros
2.4.4 Hábitos:
Newman (1975) realizou um trabalho cujo propósito foi investigar os possíveis fatores
etiológicos na reabsorção radicular externa. O autor verificou que um grande número de
pacientes com mordida aberta, associados à interposição da língua, apresentaram reabsorção
radicular nos dentes anteriores. O autor concluiu então que existe uma correlação entre a força
muscular da língua e o encurtamento da raiz.
Linge e Linge (1991) realizaram um estudo para analisar as características dos
pacientes e as variáveis do tratamento associados à reabsorção radicular apical durante o
tratamento ortodôntico. Foram analisadas radiografias periapicais de 485 pacientes tratados
ortodonticamente. As radiografias foram feitas antes do tratamento e após o período de
contenção. Este estudo demonstrou que o trauma ocorrido nos incisivos superiores 1 ano antes
do inicio do tratamento foi o fator mais fortemente associado com o aumento da reabsorção
radicular durante o tratamento. Os autores concluíram que o trauma persistente resultante da
disfunção dos lábios e da língua e pelas inadequadas adaptações às alterações morfológicas
durante o tratamento ortodôntico podem causar a reabsorção radicular.
Beck e Harris (1994) avaliaram a reabsorção radicular em 83 pacientes adolescentes
que haviam sido submetidos ao tratamento ortodôntico por meio de telerradiografias de perfil
e de radiografias panorâmicas ambas realizadas pré e pós-tratamento.Os autores verificaram
que as forças excessivas advindas da musculatura mastigatória são capazes de produzir a
Revisão da Literatura 45
reabsorção radicular apical como nos casos de bruxismo, oclusão traumática, redução do osso
de suporte e utilização excessiva dos dentes remanescentes em dentições mutiladas.
2.4.5 Trauma e Reabsorção Prévia:
Phillips (1955) após a avaliação radiográfica de 1745 dentes de pacientes tratados
ortodonticamente, concluiu que dentes com história de trauma evidenciados por linhas de
fratura ou com raízes distorcidas geralmente mostram uma grande incidência à reabsorção
radicular.
Deshields (1969) ao avaliar como a freqüência e a severidade da reabsorção radicular
variam em cada paciente, analisou uma amostra que consistia de telerradiografias de perfil e
radiografias periapicais de 52 pacientes tratados ortodonticamente. O autor concluiu que a
existência de reabsorção radicular prévia pode indicar a predisposição à reabsorção radicular
severa durante o tratamento.
Da mesma forma, Newman (1975) em seu trabalho onde analisou radiografias
periapicais de 47 indivíduos para avaliar os possíveis fatores etiológicos da reabsorção
radicular externa, observou que um dos fatores predisponentes foi a presença de reabsorção
radicular externa previamente ao tratamento ortodôntico.
Goldson e Henrikson (1975) avaliaram a incidência e o grau de reabsorção radicular
nos casos tratados com extração pela técnica de Begg. A amostra consistiu de radiografias
periapicais de 42 pacientes durante quatro etapas do tratamento. Ortodôntico: antes do
tratamento (etapa 1), após o fechamento dos espaços das extrações (etapa 2), após os dentes
estarem com alinhamento, torque e inclinação corretos (etapa 3) e seis meses após o final do
tratamento (etapa 4). Ao analisar os resultados os autores encontraram que antes do
tratamento pequenas áreas de reabsorção radicular foram encontradas em 4% dos dentes
avaliados. Os dentes que exibiram a reabsorção prévia desenvolveram um maior grau de
reabsorção durante o tratamento, verificado principalmente nos incisivos superiores.
Malmgren et al. (1982) verificaram a freqüência e o grau de reabsorção radicular em
incisivos traumatizados que foram tratados ortodonticamente. A amostra constitui de um
grupo de 27 pacientes (quinze meninos e doze meninas) com cinqüenta e cinco incisivos
traumatizados, e o segundo grupo de controle com 55 pacientes sem dentes traumatizados.
Todos os pacientes do grupo controle foram tratados com extração de quatro primeiros pré-
Revisão da Literatura 46
molares e aparelho fixo (33 com Edgewise e 32 com um aparelho de Begg). O grau de
reabsorção radicular foi de 51% em dentes traumatizados. Em dentes não traumatizados, 43%
foram tratados com aparelhos Edgewise e 48% tratados com aparelhos Begg.
Segundo Kaley e Philllps (1991), após a avaliação de radiografias panorâmicas pré e
pós-tratamento de 200 pacientes tratados ortodonticamente ficou demonstrado que a história
de trauma prévio esteve presente mais freqüentemente nos casos de reabsorção severa embora
não possa ser considerada estatisticamente significante.
Lupi, Handelman e Sadowski (1996) realizaram um trabalho para avaliar a prevalência
e a severidade da reabsorção radicular apical em pacientes adultos tratados ortodonticamente.
A amostra deste estudo consistiu de radiografias periapicais pré e pós-tratamento dos
incisivos superiores e inferiores de 88 pacientes adultos tratados ortodonticamente. Ao
analisar as radiografias pré-tratamento, foi verificado que os incisivos centrais superiores
apresentaram uma maior freqüência de reabsorção radicular mesmo antes do tratamento
iniciar devido à maior susceptibilidade ao trauma destes dentes. Este estudo demonstrou que
15% dos dentes apresentaram reabsorção radicular antes do tratamento ortodôntico e 73%
após, sendo que 25% dos dentes que apresentaram reabsorção após o tratamento ortodôntico,
o grau de reabsorção variou de moderada a severa o apenas 1 % dos dentes que apresentaram
reabsorção antes do tratamento mostraram este.grau de encurtamento. Eles afirmam ser
necessário um exame oclusal rigoroso para detectar os contatos que existem durante a função,
especialmente os contatos anormais.
Valdrighi et al. (1998) também enfocaram os dentes com trauma prévio ao tratamento
ortodôntico durante uma revisão de literatura. Os autores verificaram que nos casos em que os
dentes sofreram trauma leve ou moderado, um período de pelo menos 4 a 5 meses deve ser
respeitado antes de iniciar a movimentação ortodôntica para que possa ocorrer o reparo dos
tecidos do ligamento periodontal. Portanto, é indicada especial atenção para os casos
associados a trauma, ou seja, injúria prévia ao ligamento periodontal.
Marques et al. (2010) avaliaram a prevalência de reabsorção radicular e identificaram
possíveis associações de pacientes ortodônticos tratados com o método Edgewise. Os
pacientes foram classificados de acordo ao gênero, classificação de Angle, etnia, idade,
duração do tratamento, o tipo de dentição (mista ou permanente), e tratamento, com ou sem
extração de quatro pré-molares. Reabsorção foi considerada grave quando mais a alta
prevalência de reabsorção radicular. Os principais fatores diretamente envolvidos na
Revisão da Literatura 47
reabsorção severa foi a extração dos primeiros pré-molares, raízes em forma de triângulo, e
reabsorção radicular antes do tratamento.
2.4.6 Endodontia:
Spurrier et al. (1990) comparam a reabsorção radicular apical de dentes tratados
endodonticamente e dentes vitais durante o tratamento ortodôntico. Foram analisadas
radiografias periapicais pré e pós-tratamento de 43 pacientes que apresentavam um ou mais
dentes anteriores tratados endodonticamente antes do tratamento ortodôntico. Os resultados
indicaram que 67% dos 43 pacientes exibiram um maior grau de reabsorção nos dentes vitais
do que nos dentes tratados endodonticamente. Este estudo encontrou estatisticamente um
maior grau e freqüência da reabsorção radicular nos dentes vitais quando comparados com os
dentes vizinhos endodonticamente tratados.
No estudo realizado por Mirabella e Artun (1995a) para avaliar a prevalência e a
severidade da reabsorção radicular apical dos incisivos superiores nos pacientes adultos
tratados ortodonticamente, os autores confirmaram a hipótese de que o tratamento
endodôntico é um fator preventivo para a reabsorção radícular, pois os dentes tratados
endodonticamente sofreram menos reabsorção radicular do que os dentes vitais.
Este resultado foi confirmado por Mirabella e Artun (1995b) em trabalho realizado
com o propósito de avaliar os fatores de risco para a reabsorção radicular dos incisivos
superiores em pacientes adultos tratados ortodonticamente.
Valdrighi et al. (1998) revisaram a literatura sobre a reabsorção externa de dentes
tratados endodonticamente frente à movimentação ortodôntica. Após a revisão da literatura os
autores concluíram que os dentes tratados endodonticamente são passíveis de movimentação
ortodôntica sem reabsorção tanto quanto os dentes vitais, desde que o canal radicular esteja
adequadamente obturado. Existe ainda a necessidade de um intervalo entre o final do
tratamento endodôntico e o início da movimentação ortodôntica desses elementos dentários,
para que possa ocorrer o reparo dos tecidos do ligamento periodontal.
Kreia et al. (2005) avaliaram quantitativamente o grau de reabsorção radicular em
dentes com tratamento endodôntico (Grupo 1) e dentes com vitalidade (Grupo 2), antes e após
o tratamento ortodôntico. A amostra foi composta de 20 indivíduos, dos gêneros masculino e
feminino. O critério de seleção foi a presença de um incisivo superior com tratamento
Revisão da Literatura 48
endodôntico prévio ao tratamento ortodôntico e o seu correspondente homólogo, com
vitalidade para controle e parâmetro de comparação. As medições foram realizadas em
radiografias periapicais e modelos de estudo em gesso obtidos antes e após o tratamento
ortodôntico corretivo, por um único operador, com um paquímetro digital e auxílio de uma
lupa. Os resultados demonstraram que, apesar do grupo 1 ter apresentado um grau de
reabsorção menor que o grupo 2 ao final do tratamento ortodôntico, essa diferença não foi
estatisticamente significante. Concluiu-se que os dentes com tratamento endodôntico
apresentaram menor grau de reabsorção radicular ao final do tratamento ortodôntico.
2.4.7 Má Oclusão:
Newman (1975) verificou que existe pouca significância na relação entre os dentes
mal posicionados, a mordida cruzada e a reabsorção radicular.
Mirabella e Artun (1995) concordam que o tipo de má oclusão inicial não é de
importância para a quantidade de reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico.
Segundo Kaley e Phillips (1991) os pacientes que apresentam um trespasse horizontal
aceitável, ou seja, de 2 a 3 mm, e má oclusão de Classe I ao início de tratamento são menos
susceptíveis à reabsorção radicular. Isto provavelmente reflete a menor quantidade de
movimento dentário, particularmente dos incisivos superiores, necessário nos tratamentos das
más-oclusões de Classe I. Quanto mais severa a má oclusão, maior a quantidade de
reabsorção radicular. Esta situação pode ocorrer por duas razões, primeiro porque as forças
ortopédicas ou ortodônticas necessárias para o tratamento das más-oclusões severas são de
grande magnitude e de longa duração; segundo porque grandes correções ortodônticas, ou
seja, grandes movimentações são necessárias para levar os casos extremos à harmonia oclusal,
à funcionalidade e à estética.
Para Harris e Butler (1992), o trespasse horizontal acentuado, característica da má
oclusão de Classe II divisão 1, é considerado um fator de risco à reabsorção radicular.
Segundo Beck e Harris (1994) quanto maior o trespasse horizontal maior a quantidade
de retração dos incisivos superiores e maior a necessidade de ancoragem pelos primeiros
molares superiores durante a retração. Por isso, nesses casos ocorre uma maior quantidade de
reabsorção radicular dos incisivos superiores e da raiz mesial dos primeiros molares
superiores, devido à necessidade de ancoragem.
Revisão da Literatura 49
Porém, no trabalho de Taner, Ciger e Sencift (1998), o trespasse horizontal não foi
relacionado como fator de risco à reabsorção radicular devido ao controle da inclinação dos
incisivos superiores durante a retração. Uma das maiores preocupações durante o tratamento
ortodôntico é o movimento de intrusão, que é citado por diversos autores como o movimento
de maior risco à reabsorção radicular verificaram que quanto mais profunda a sobremordida,
maior a necessidade de intrusão dos incisivos e maior a quantidade de reabsorção radicular.
Rego et al. (2004) concluíram que não há relação entre o tipo de má oclusão e a
incidência de reabsorção radicular durante a terapia ortodôntica.
2.4.8 Dentes mais susceptíveis:
Goldson e Henrikson (1975), após a avaliação de radiografias periapicais pré e póstratamento ortodôntico de 42 pacientes, observaram que a incidência da reabsorção radicular
apical foi maior para os incisivos centrais inferiores (95%).Os incisivos centrais e laterais
superiores mostraram uma incidência de 90% e 87% respectivamente e os caninos superiores
e inferiores 79 e 72% respectivamente. Os pré-molares inferiores mostraram a mais baixa
incidência de reabsorção radicular (53%).
Newman (1975) observou uma seqüência de susceptibilidade à reabsorção radicular
cuja ordem decrescente é a seguinte: incisivos centrais superiores, segundos pré-molares
superiores, incisivos laterais superiores, primeiros pré-molares superiores, segundos prémolares inferiores, incisivos centrais inferiores, primeiros molares superiores, primeiros prémolares inferiores, primeiros molares inferiores, caninos superiores, segundos molares
superiores, incisivos laterais inferiores, segundos molares inferiores e caninos.
Langfor e Sims (1981) apresentaram um caso clínico de um paciente com reabsorção
radicular severa dos primeiros molares superiores devido a distalização destes dentes e com os
segundos molares superiores em desenvolvimento. Os autores verificaram que houve a
reabsorção de toda a raiz disto vestibular do primeiro molar superior mostrando que as raízes
dos dentes posteriores também são passíveis de sofrer reabsorção. A correção ortodôntica dos
caninos superiores impactados foram definidos como um fator de risco para a reabsorção
radicular dos incisivos.
Harris e Butler (1992) relatam que os incisivos superiores demonstraram uma maior
susceptibilidade à reabsorção radicular.
Revisão da Literatura 50
Segundo Lupi, Handelman e Sadowki (1996) uma das razões para que os incisivos
superiores sejam considerados os dentes mais susceptíveis à reabsorção radicular é a
freqüência de trauma que ocorre nestes dentes.
Valdrighi et al. (1999) citam como os dentes mais afetados os dentes unirradiculares,
com raiz em forma de pipeta ou com dilaceração e com dobras nos ápices, que transmitem a
força aplicada diretamente ao ápice.
Levander e Malmgren (2000) relatam que os incisivos centrais superiores eram os
mais susceptíveis à reabsorção radicular severa.
Para Rego et al. (2004) os dentes mais vulneráveis eram os incisivos laterais
superiores.
Recentemente, Chaves Neto et al. (2009) relataram que os incisivos superiores foram
os dentes que apresentaram maior freqüência de reabsorção radicular.
2.4.9 Fatores Mecânicos:
a) Magnitude da força: A força ótima é aquela capaz de movimentar o dente com
reduzido custo biológico, sem dano às estruturas de suporte, com boa velocidade média e sem
sintomatologia dolorosa. Essa força deve ser menor ou igual à pressão capilar sanguínea (20 a
26g/cm2). A aplicação de forças pesadas resultaria em formação de áreas de hialinização
extensas, reabsorção óssea indireta, presença de cementoplasia, retardo no inicio do
movimento dentário e possibilidade de danos irreversíveis às estruturas dentárias e periodonto
de sustentação (CAMBI et al., 2002).
Deshields (1969) avaliou 52 casos tratados ortodonticamente. Com relação à força
ótima o autor verificou que esta força pode ser considerada ótima quando gera uma pressão de
20 a 26gr/cm2 de superficie radicular. Abaixo desse valor não haverá movimentação e
pressões maiores causarão destruição tecidual devido à compressão excessiva do ligamento
periodontal.
Todos os dentes a serem movimentados ortodonticamente possuem o risco de sofrer
reabsorção radicular, portanto, segundo Ritter et al. (1999), deve-se, em qualquer tratamento
ortodôntico, empregar o bom senso aplicando uma mecânica fisiológica que se traduz em
forças leves, permitindo um período de adaptação adequado ao periodonto.
Revisão da Literatura 51
b) Intervalo de aplicação da força: A força ortodôntica gera uma área de pressão no
ligamento periodontal, com formação de áreas de hialinização, que podem apresentar
extensões variáveis. O metabolismo responde reabsorvendo o osso adjacente e alivia a pressão
o suficiente para devolver a largura e normalidade histológica do ligamento periodontal. Caso
uma nova força seja aplicada não respeitando o intervalo de aplicação da força, ela
determinará a persistência ou aumento da área de hialinização. Os controles ortodônticos para
reaplicação de força devem ser realizados, em média, a cada três semanas.
c) Natureza da força: As forças podem ser classificadas em contínuas, intermitentes e
interrompidas (dissipantes). A contínua é expressa através de uma carga de valor constante
que age sobre o dente ou grupo de dentes durante todo o tempo. A força intermitente é uma
força aplicada no dente alternando períodos de repouso. Está associada constantemente aos
aparelhos móveis e a alguns auxiliares ao tratamento com aparelho fixo (essa força implica
em reabsorções radiculares mais freqüentes devido aos movimentos de vai-e-vem que são
promovidos, sem um período de repouso para o ciclo metabólico da movimentação). A
interrompida diminui de magnitude durante a movimentação dentária, devido ao próprio
movimento do dente e à deformação do sistema mecânico.
Souza, Coelho e Jiménez (1999) verificaram que a aparatologia fixa desenvolve maior
reabsorção radicular quando comparada com a móvel e que o uso de arcos retangulares prédispõem a uma maior reabsorção
d) Tempo de tratamento: Há controvérsias em relação ao tempo de tratamento e a
reabsorção radicular, porém ele tem sido utilizado para predizer a quantidade de reabsorção.
Cansanção e Martins (1981) e Souza, Coelho e Jiménez (1999) afirmaram que o
aumento do período de tempo da movimentação ortodôntica determina uma maior tendência à
reabsorção radicular.
Chaves Neto et al. (2009) não encontraram relação significativa entre o tempo de
tratamento e a reabsorção radicular.
DISCUSSÃO
Discussão 53
3 DISCUSSÃO
A reabsorção radicular é definida como um processo patológico, caracterizado pela
atividade odontoclástica e cementoclástica, que resulta na perda de estrutura dos tecidos duros
dos dentes. É um processo multifatorial com perda progressiva do cemento ou cemento e
dentina, com possível comprometimento do dente (LOPES; SIQUEIRA JR., 1999).
Esse processo foi amplamente estudado na literatura e a classificação mais utilizada
foi desenvolvida por Levander e Malmgren (1988) e considera o grau de severidade da
reabsorção radicular. Os autores classificaram em reabsorção mínima, onde há uma
irregularidade no contorno apical, reabsorção moderada, com 1 a 2mm de redução do
comprimento radicular, reabsorção severa, onde há redução de 2mm a 1/3 da raiz e a extrema
onde mais de 1/3 da raiz sofre reabsorção radicular.
O diagnóstico é de extrema importância e deve ser realizado por meio do exame
radiográfico periapical (CANSANÇÃO; MARTINS, 1981; ALMEIDA et al., 1999;
CONSOLARO, 2002; REGO et al., 2004) e de um modo geral, entre os 6 e 9 primeiros meses
de tratamento ortodôntico, pois, dessa maneira, pode-se avaliar “preventivamente” o processo
de reabsorção radicular (CONSOLARO, 2002).
Dentre os fatores que causam a reabsorção radicular advinda da terapia ortodôntica,
estão: a magnitude da força aplicada, intervalo de aplicação da força, tipo de força, duração da
força, o tempo de tratamento, a idade e o gênero do paciente, a quantidade de movimentação
dentária, adicionando a suscetibilidade individual e os fatores sistêmicos, locais (tipo de má
oclusão, hábitos, história de traumatismo prévio e dentes tratados endodonticamente),
anatômicos e hereditários.
Dessa maneira, discurtir-se-á cada fator separadamente a seguir.
3.1 Genética e Fatores Sistêmicos:
Há uma controvérsia na literatura com relação aos fatores sistêmicos influenciarem ou
aumentarem a reabsorção radicular. Para autores como Phillips (1955), Baumrind, Korn e
Boyd (1996), Vlaskallc, Boyd e Baumrind (1998) e Almeida, Pinzan e Almeida (1999) existe
uma variabilidade individual e as alterações endocrinológicas
influenciam o grau da
Discussão 54
reabsorção radicular (PHILLIPS, 1955). Segundo Cansanção e Martins (1981) a
suscetibilidade individual pode atuar como coadjuvante na gravidade da reabsorção.
Já autores como Newman (1975), Boekenoogen et al. (1996) e Furquim (2002)
verificaram que não há relação direta entre a reabsorção radicular e os fatores sistêmicos e
genéticos.
Com relação aos pacientes asmáticos, Davidovitch et al. (1996) e Mcnab et al. (1999)
relataram que os episódios de asma associados ao tratamento ortodôntico podem desenvolver
maior grau de reabsorção radicular.
3.2 Idade:
Para Dermaut e De Munck (1986), Sameshina e Sindair (2001) e Chaves Neto et al.
(2009) existe uma relação direta entre a idade dos pacientes e o aumento da reabsorção
radicula, ou seja, ocorre menos reabsorção em crianças do que em adultos. Segundo, Chaves
Neto et al. (2009) o fator idade pode influir no processo de reabsorção, sendo diretamente
proporcional, ou seja, quanto maior a idade, maior o grau de reabsorção radicular
Já autores como McFaddem et al. (1989), Mirabella e Artun (1995) e Bishara,
Vonwald e Jacobsen (1999) verificaram que a idade do paciente não influi nas reabsorções
radiculares.
3.3 Gênero:
Newman (1975), Rimes, Mitchell e Willmot (1997) e Valdrighi et al. (1999) relataram
que o gênero feminino é mais susceptível à reabsorção radicular, porém segundo Newman
(1975) este fato ocorre devido à maior freqüência de pacientes do gênero feminino que
procuram o tratamento ortodôntico.
Em contrapartida, Deshields (1969), Consolaro (2005) e Chaves Neto et al. (2009)
concluíram que a incidência da reabsorção radicular não teve nenhuma correlação com o
gênero do paciente.
Discussão 55
3.4 Hábitos:
O desequilíbrio do sistema estomatognático promove um aumento do risco da
reabsorçào radicular (NEWMAN, 1975; LINGE; LINGE, 1991; BECK; HARRIS, 1994),
porque as forças excessivas advindas da musculatura mastigatória nos casos de bruxismo e
oclusão traumática, são capazes de produzir a reabsorção radicular apical.
3.5 Trauma e Reabsorção Prévia:
Com relação a história de trauma prévio ao tratamento ortodôntico, a maioria dos
autores concordam que esse fator aumenta a incidência da reabsorção radicular (PHILLIPS,
1955; MALMGREN et al., 1982; KALEY; PHILLLPS, 1991; VALDRIGHI et al., 1998).
O mesmo acontece com a existência de reabsorção radicular prévia ao tratamento
ortodôntico. Deshields (1969), Newman (1975), Goldson e Henrikson (1975) e Marques et al.
(2010) relataram que os dentes que apresentavam reabsorção prévia desenvolveram um maior
grau de reabsorção durante o tratamento.
3.6 Endodontia:
Os estudos que analisaram a relação entre o grau de reabsorção radicular e a
movimentação de dentes com tratamento endodôntico prévio (SPURRIER et al., 1990,
MIRABELLA; ARTUN, 1995a.; MIRABELLA; ARTUN. 1995b; VALDRIGHI et al., 1998;
KREIA et al., 2005) mostraram que os dentes tratados endodonticamente sofreram menos
reabsorção radicular do que os dentes vitais, desde que o canal radicular estivesse
adequadamente obturado.
3.7 Má Oclusão:
Newman (1975), Mirabella e Artun (1995) e Rego et al. (2004) concluíram que não há
relação entre o tipo de má oclusão e a incidência de reabsorção radicular durante a terapia
ortodôntica.
Discussão 56
Já para Kaley e Phillips (1991), Harris e Butler (1992), Beck e Harris (1994) e Taner,
Ciger e Sencift (1998), quanto mais severa a má oclusão, ou seja, quanto maior o trespasse
horizontal ou vertical, maior a quantidade de reabsorção radicular.
3.8 Dentes mais susceptíveis:
Para Newman (1975), Harris e Butler (1992), Lupi, Handelman e Sadowki (1996),
Levander, Malmgren (2000), os incisivos centrais superiores demonstraram uma maior
susceptibilidade à reabsorção radicular. Para Rego et al. (2004) e Chaves Neto (2009) os
dentes mais vulneráveis eram os incisivos laterais superiores e Goldson e Henrikson (1975)
citaram os incisivos centrais inferiores. Mas de uma maneira geral, os incisivos são os dentes
mais afetados durante o tratamento ortodôntico (VALDRIGHI et al., 1999; CHAVES NETO
et al., 2009).
3.9 Fatores Mecânicos
Com relação aos fatores mecânicos, a literatura demonstrou que os ortodontistas
devem estar sempre atentos a magnitude da força (CAMBI et al., 2000; DESHIELDS, 1969)
que segundo Ritter et al. (1999) deve ser a mais fisiológica possível, ou seja, forças leves que
permitem um período de adaptação adequado ao periodonto. Outros fatores importantes são o
intervalo de aplicação da força e a natureza da força que segundo Souza, Coelho e Jiménez
(1999) a força promovida pelo aparatologia fixa desenvolve maior reabsorção radicular
quando comparada com a móvel.
Além disso, o tempo de tratamento deve ser levado em consideração porque ainda há
controvérsias com relação a esse fator, ou seja, autores como Cansanção e Martins (1981) e
Souza, Coelho e Jiménez (1999) relataram aumento da reabsorção radicular conforme
aumenta o tempo de tratamento, já Chaves Neto et al. (2009) não encontraram relação
significativa entre o tempo de tratamento e a reabsorção radicular.
CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
Conclusões 58
4 CONCLUSÕES
Após a revisão da literatura realizada pode-se concluir que:
- A reabsorção radicular apresenta origem multifatorial.
- É imprescindível a realização de um exame radiográfico periapical minuncioso antes do
tratamento ortodôntico para um correto diagnóstico e durante para observação preventiva da
reabsorção radicular.
- Apesar das controvérsias da literatura, deve-se considerar os fatores sistêmicos e a
variabilidade individual como fatores de risco para a reabsorção radicular porque a reabsorção
possuiu etiologia multifatorial.
- Fatores como idade, gênero, tipo de má oclusão e tempo de tratamento podem apresentar
relação direta com a reabsorção radicular.
- A presença de hábitos, trauma e reabsorção prévia são fatores de risco para o aumento da
reabsorção radicular.
- Dentes tratados endodonticamente não apresentam maior susceptibilidade à reabsorção
radicular desde que obturados corretamente.
- Os dentes anteriores são os dentes mais susceptíveis ao processo de reabsorção radicular.
- A magnitude, intervalo e natureza da força são fatores mecânicos que devem se analisados
cuidadosamente durante o tratamento ortodôntico para se evitar um aumento no processo de
reabsorção radicular.
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reabsorção radicular relacionada à ortodontia