SAÚDE, COMO COMPREENSÃO DE VIDA UM PROGRAMA OE SAÚDE DESTINADO A PROFESSORES E ALUNOS DE 5a. a 8a. SÉRIE DO 1.° GRAU CONVÊNIO M S / D N E S - MEC/PREMEN PARTICIPARAM da elaboração da obra não somente técnicos do campo da saúde e da educação, mas também um grande número de professores do 1.° grau, dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Rio de Janeiro, na definição das necessidades de informação em saúde e em método para o seu ensino e na experimentação dos textos preliminares. Equipe técnica e colaboradores: Maria Helena Salgado Edite Novais da Mata Machado Joaquim Alberto Cardoso de Mello Angelina Leite Ribeiro Garcia João Carlos Pinto Dias (coordenação do capítulo — AS DEFESAS DO HOMEM) Mônica Ângela Azevedo Mayer Marcos Moreira Alice Montandon Silva Luís Carlos Ferreiro Lait Rosinha Borges Dias Hortensia de Hollanda Iris Lérou (consultora da OPAS, participante da revisão final) Dora Zaverucha Tânia Ruiz Direção de Arte e Criação: Alexandre Hanszmann e Guy de Hollanda Ilustrações: Ângela Moura e Marília Andrés Paixão Fotografias: Alexandre Hanszmann, Guy de Hollanda e Sebastião Barbosa Composição e Impressão: Minas Gráfica Editora Ltda. Este Trabalho foi possibilitado por um convênio entre o Ministério da Educação e Cultura e o Ministério da Saúde, através de seus órgãos — Programa de Melhoria e Expansão do Ensino (PREMEN) e Divisão Nacional de Educação Sanitária (DNES), na gestão dos srs. Ministros Ney Braga e Paulo de Almeida Machado. Sendo diretor do PREMEN — Pery Porto Sendo diretor da DNES e Coordenadora do Projeto — Hortensia H. de Hollanda. APRESENTAÇÃO Êste Programa se dirige a professores interessados na educação em saúde e procura ser, também, uma resposta à lei n.° 5.692/71 que instituiu o ensino de saúde nas escolas de 1.º grau. Com a reunião desse material e mantendo um constante relacionamento com os professores, elaborou-se uma primeira versão do texto, onde as idéias fundamentais foram alinhadas, entrevendo-se o que viria a ser o atual Programa. Desde o início da sua elaboração efetuaram-se pesquisas bibliográficas no âmbito das publicações sobre saúde destinadas ao ensino e no âmbito do comportamento pedagógico. Serviram-nos de modo especial as idéias de Jean Piaget, já muito difundidas, cs experimentos do grupo Biological Scisnces Curriculum Study na área de Ciências humanas — Human Sciences: a developmental approach to adolescent education, o trabalho de O. J. Harvey, David E. Hunt, Harold M. Schroeder, Conceptual Systems and Personality Organization. A experiência com a versão de ensaio, apresentada em dois volumes em junho/agosto de 1976 foi feita em áreas de Brasília, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, atingindo 70 escolas, 100 professores e 2.700 alunos aproximadamente. A pesquisa realizada em Capim Branco (19741975), possibilitada pelo CNPq (*) com a colaboração do MEC-PREMEN, onde a linguagem foi o campo descoberto à investigação das idéias, pensamentos e conceitos, mostrou que os conhecimentos e os julgamentos sobre saúde fluem no cotidiano de cada um, com valores e conotações que às vezes estão bem distantes dos pressupostos dos profissionais que tratam de saúde. (*) Houve três tipos de experimentação prática: de um grupo de professores que já havia participado de encontros anteriores à elaboração do texto-ensaio, e que o submeteu a uma aplicação com os seus alunos; de um segundo grupo de professores que aplicou o texto, independente de uma preparação prévia; de um terceiro grupo, que antes de aplicar o texto diretamente na escola, assumiu o papel de aluno, por ocasião do curso de Licenciatura Parcelada em Ciências ( * ) , em julho de 1976 — BH, como forma de treinamento para experimentar o texto. Na mesma oportunidade foram distribuidos exemplares a diversas pessoas e instituições. Em meados de agosto do mesmo ano reuniu-se uma equipe de avaliação onde foram examinadas Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (*) Convênio SEEMG/PREMEN-MG/UFMG-FaE/CECIMIG todas as contribuições críticas relativas aos aspectos teóricos e de aplicação prática. dar uma aproximação com as diferenças e peculiaridades de cada região, e uma adaptação à vida rural e urbana. O resultado da avaliação do ponto de vista teórico, surpreendeu pelo número de reparos ao texto, desde a sua estrutura às falhas de normalização do documento. A experiência prática revelou um percentual de respostas altamente positivas, tanto de professores quanto de alunos. Apesar do empenho em oferecer um material que possa servir a todos os professores, indistintamente, acreditamos que isso só será viável se cada professor desenvolver um esforço de interpretação do Programa, repensando as informações que lhe são familiares e buscando significados para aquelas que lhe pareçam novas. É dessas contribuições que resulta esta edição, na qual procuramos integrar ao máximo as observações recebidas, inclusive reestruturando o sumário para que pudesse servir de roteiro de estudo. Falhas ou imperfeições que persistam não devem desanimar o professor, antes pedem o seu auxílio. Como êste Programa deve chegar a todas as escolas do país, ou pelo menos à maioria dessas escolas, cuidou-se que os temas pudessem guar- Os professores nos asseguraram em suas avaliações ser conveniente um treinamento antes de aplicar o Programa, pois além da abordagem lhes parecer nova, difere bastante da tradicionalmente usada no ensino de saúde. SUMÁRIO 1. 2. Introdução 12 Uma interpretação da educação em saúde 15 Saúde, vida, trabalho — gente falando 17 Por uma compreensão de saúde 20 Ensaio de uma metodologia — Como a criança pode fazer a sua aprendizagem de saúde 23 A organização de uma "memória" — O banco de informações — BI para o aluno 39 Um programa de saúde para as Escolas de 1.° Grau — Unidades fundamentais 42 Documentação de apoio 45 Aplicação prática do programa de saúde para as últimas séries do 1.° Grau 49 As unidades — diagramas dos textos para o professor diagramas das situações para os alunos 51 52 53 Unidade OS AUMENTOS E A SAÚDE Texto 1. Texto 2. Situação 2.1. 54 O problema de nutrição e o desenvolvimento dos escolares . 55 O processo da nutrição 55 Do alimento para o corpo 80 Situação Situação Situação 2.2. 2.3. 2.4. Situação 2.5. Aplicação prática Texto 3. Situação Situação Situação Aplicação 3.1. 3.2. 3.3. prática Unidade Texto 1. Situação Situação Situação Situação Aplicação 1.1. 1.2. 1.3. 1.4. prática Texto 2. Situação 2 . 1 . Aplicação prática Texto 3. Situação 3 . 1 . Aplicação prática Texto 4. Situação 4.1. Em busca de vitaminas e minerais 83 Comida, tem fibra? 84 Você acha que a mãe deve amamentar o seu filho? 87 Comilão 88 Orientação preliminar 90 Diagrama das situações 93 Informações do BI 92 Seleção e preparo de alimentos para melhor nutrição Fazendo comida Feijão, angu e couve Alimento proibido? Orientação preliminar Diagrama das situações Informações do BI 104 108 109 110 111 113 112 OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE 128 A morada do homem Além das quatro paredes Saúde, nunca tive e tive Os invasores Cidade ou Roça? Orientação preliminar Diagrama das situações Informações do BI 130 134 135 137 139 140 142 143 Os modos de morar do homem e as parasitoses intestinais Verme, todo mundo tem? Orientação preliminar Diagrama das situações Informações do BI 150 158 163 164 165 Os modos de morar do homem e as diarréias .. 167 Por que a diarréia? 175 Orientação preliminar 178 Diagrama das situações 179 Informações do BI 180 Os modos de morar do homem e a esquistossomose H2O e mais alguma coisa? 182 187 Aplicação prática Orientação preliminar Diagrama das situações Informações do BI 189 191 192 Texto 5. Os modos de morar do homem e a doença de Chagas Bicudo, procotó, chupão ou "barbeiro"? Orientação preliminar Diagrama das situações Informações do BI 194 202 204 205 206 Situação 5 . 1 . Aplicação prática Texto 6. Situação 6 . 1 . Aplicação prática Os modos de morar do homem e a tuberculose . 211 Que é_ a tuberculose? 214 Orientação preliminar 216 Diagrama das situações 217 Informações do BI : 216 Unidade AS DEFESAS DO HOMEM 218 Texto 1. Situação 1 . 1 . Aplicação prática A vida e o meio Perigo à vista Orientação preliminar Diagrama das situações Informações do BI 220 226 227 229 230 Texto 2. Situação Situação Situação Situação Situação Aplicação 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 2.5. prática Texto 3. Situação Situação Situação Situação Aplicação 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. prática Os processos naturais de defesa Cabra-cega O leva e traz O que é, que é: pega e não deixa pegar? Queda de braço Um homem e uma mulher Orientação preliminar Diagrama das situações Informações do BI Documentação de apoio O homem e as suas defesas Atenção: saúde ó notícia! Fumar, por quê? Pode-se prevenir uma doença? Mãos à obra! Orientação preliminar Diagrama das situações Informações do BI . ...... 230 261 263 265 267 . 270 271 275 276 285 295 296 298 299 301 303 304 309 INTRODUÇÃO Êste Programa foi elaborado com a intenção de ajudar os alunos das escolas de 1.° grau a entenderem situações imediatas que podem afetar a qualidade da sua saúde, com desenvolvimento de modos de olhar e pensar os problemas de saúde, que possam ser conservados independentemente das situações de estudo propostas no programa. Acreditou-se que um modo de dar feição concreta às situações seria estabelecendo ligações entre as informações novas sôbre saúde — objeto da aprendizagem — e as experiências de vida dos próprios alunos, criando oportunidades de ação prática para o desenvolvimento intelectual do adolescente. Conhecimentos sobre parasitoses intestinais, valores dos alimentos ou modos de defesa do homem, introduzidos em situações com tais características, permitem relacionar causas e efeitos, fazer comparações, associações que estimulem o pensamento e a formação de julgamentos, induzindo a uma compreensão de saúde não limitada apenas ao que está sendo descoberto na sala de aula. Vai além, toca a experiência de cada um. É um Programa onde há preocupação com o que deve ser aprendido sobre saúde e como pode ser aprendido. A primeira parte, intitulada UMA INTERPRETAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE, dirige-se exclusivamente ao professor. A segunda, APLICA- ÇÃO PRATICA DO PROGRAMA DE SAÚDE PARA AS ULTIMAS SÉRIES DO 1.° GRAU é compartilhada por aluno e professor. Uma consulta ao sumário permite distinguir essa diferença de conteúdos informativos. O que se chamou de Ensaio de uma metodologia — como a criança pode fazer a sua aprendizagem de saúde—começa com o resultado da experiência com a versão preliminar do Programa. Estrutura-se em três fases de exercício para o professor, de aplicação prática da própria metodologia. O tópico que se segue à metodologia, A organização de uma "memória" — o banco de informações — BI para o aluno, é complementar às situações de aprendizagem pois refere-se à organização das informações que serão trabalhadas pelos alunos. A segunda parte, que o professor poderá acompanhar examinando o sumário ao mesmo tempo, compõe-se de três unidades básicas: Os alimentos e a saúde, Os modos de o homem morar e a saúde, As defesas do homem. Cada uma contém vários textos para o professor, um conjunto de situações pertinentes para o exercício prático do aluno, e orientação que permita ao professor assegurar o desenvolvimento das situações relativas aos textos. Tanto a 1.ª quanto a 2.ª parte contém documentação de apoio que indica livros e outros materiais úteis ao professor. UMA INTERPRETAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE Foi a partir dos modos de ver saúde — de pessoas diferentes, que vivem em contextos de vida diferentes, em diversas áreas do País — que procuramos construir um texto de educação em saúde. Selecionamos os temas, sentindo e observando diretamente uma realidade, tentando ver e conhecer como as pessoas enxergam a sua própria vida. Isso foi procurado em situações diversas — em escolas, no contato com professores e alunos; visitando famílias, em conversas casuais, em entrevistas de pesquisa em áreas especialmente estudadas. Ao mesmo tempo que essas impressões nos marcavam e davam uma direção ao nosso projeto de um Programa de educação em saúde, recolhíamos informações de outras fontes — de publicações diversas, de encontros com estudiosos de vários campos da saúde e da educação, com os quais procuramos delinear uma metodologia de educação em saúde a partir do experimentado, do sentido pelas pessoas. SAÚDE, VIDA, TRABALHO GENTE FALANDO De gente falando sobre saúde, alguns depoimentos que nos pareceram sensíveis aqui estão, na sua expressão direta: " Saúde é vontade de viver, ter vigor e energia." (aluno de 7.ª série) " Saúde é vida." (aluno de 7.a série) " Saúde nos dá força e energia para poder trabalhar." (aluno de 6.a série) " Saúde é o estado de paz de espírito, sem d o r e s . " (aluno de 7.a série) Saúde é viver sem perturbações, tranqüilo, despreocupado." (aluno de 6.ª série) " Saúde é ter cabeça fria para poder trabalhar." (aluno de 6.a série) Saúde é quando a pessoa não está doente e tem muita vibração no c o r p o . " (aluno de 6.a série) Saúde é sentir-se bem, não sentir-se mal; não ter receio de sua personalidade." (aluno de 6.ª série) Saúde é o modo de os seres vivos viverem bem de um modo geral e gozar a vida sempre s a d i o s . " (aluno de 7.a série) " Saúde é quando uma pessoa é forte." (aluno de 4.a série) " Saúde é a pessoa alegre, feliz e com c o r a g e m . " (aluno de 6.' série) " A pessoa pode viver anos sem sentir nada, mas qualquer uma dorzinha ela sempre tem mesmo. Não tem essa pessoa que fala que é são. Mas são, sem ter uma doença, aqui não t e m . " (estudante — área rural) " Algumas pessoas são mais resistentes que outras porque dispõem de uma boa alimentação, condição econômica, bom ambiente e a s s e i o . " (aluno de 7.a série) " Eu nunca tive muita saúde não. Nunca tive e tive; aquele reumatismo . . . o joelho d'água . .. capinava lavoura . . . o joelho inchava . . . mas nunca parei de trabalhar." (pequeno agricultor) Todo mundo fica doente uma vez ou outra. Mas as doenças são mais comuns nas pessoas que comem mal, trabalham demais e vivem em más condições de habitação." (aluno de 6.a série) " Primeiramente precisamos de saúde e com a saúde a gente possui o dinheiro. Com o dinheiro a gente possui as coisas necessárias." (aluno da 5.a série) " Em nossa casa diariamente nós gastamos água, energia, gás, gêneros alimentícios, produtos de limpeza, etc. E para que essas coisas não faltem em casa devemos economizar cada vez mais um pouco, mas nem sempre podemos, pois precisamos gastar m e s m o . " (aluno de 7.ª série) Um dia na vida de minha família é um dia em que todos saem; de manhã eu saio para estudar; meu pai e meus irmãos saem para trabalhar e só voltam à noite e é nesta hora que nos encontramos." (aluno de 7.a série) A vida de minha família é muito agitada. Minha mãe passa roupa, lava, cozinha, costura, limpa a casa. Meus irmãos acordam de manhã cedo, alguns vão para o trabalho e outros para o colégio. Meu pai que não faz muito porque já está aposentado." [aluno de 7.ª série) Nas ruas esgotos escorrendo, fios de luz caídos, arborização que falta; não há asfalto, as moradias são inadequadas; tudo isso são coisas comuns que podem prejudicar a s a ú d e . " (aluno de 6.ª série) A gente peleja aí na roça, aí na lavoura, um ano dá, outro não dá, aquela coisa só dificuldade; é muito difícil a vida na r o ç a . " (pequeno agricultor) Na roça começa desde novo prejudicando a saúde. A roça diminui a vida do p o v o . " (pequeno agricultor) Nunca que dá pra gente que vive da lavoura, que apanha muita friagem e tudo, não dá prá fazer tratamento da saúde d i r e i t o . " (pequeno agricultor) " A gente quando adoece é dureza apanhar saúde outra vez. Precisa tomar muito remédio. Porque é como se diz, doença põe tralha e entra, né? Prá sair é aquela dificuldade. Tomando remédio sem parar." (mãe de família do interior) " Ultimamente nas localidades as pessoas estão morrendo por falta de uma boa morada, de alimentação 3 vezes ao dia, por acidentes (que na Bahia está imenso o número de acidentes) e, principalmente, o número de habitantes que dia a dia a u m e n t a . " (aluno de 7.a série — BA) .. .quase que doença nenhuma. É que aqui quase só morre gente matado, na maioria das vezes esfaqueado." (aluno de 6.a série) POR UMA COMPREENSÃO DE SAÚDE "Saúde é não sentir nada, é ter apetite e alegria, é gostar de trabalhar" (de um aluno de 5.ª série) Do ponto de vista fisiológico, a concepção mais difundida e aceita de SAÚDE é a de um estado de harmonia e equilíbrio funcional do corpo. O coração se contrai, o pulmão trabalha na base de 16 a 18 respirações por minuto, o sangue flui incessantemente levando oxigênio e nutrientes a cada uma dos bilhões de células que formam o nosso c o r p o . . . Tudo sem que a gente perceba os movimentos, as reações químicas, os processos de nascimento e morte de células, de degradação e síntese de substâncias — que estão ocorrendo na intimidade do nosso corpo. "Saúde é não sentir nada." A dor, a febre, o desconforto — tudo que incomoda e impede o exercício de nossas atividades normais e, principalmente, tudo que nos faz sofrer, que nos limita, é que nos dá consciência de um corpo que deixou de funcionar em silêncio No entanto, o "não sentir nada" nem sempre é o equivalente da ausência de doença, pois lesões e processos que põem a vida em perigo podem permanecer "calados" por muito tempo, sem serem percebidos por seus portadores. Faz parte do nosso aprendizado de vida, entender e interpretar a linguagem, os sinais que o corpo emite quando se desvia de sua normalidade. A fala po- pular está cheia de expressões que revelam esse aprendizado. Ainda que saúde e doença ganhem sentido, uma em relação à outra, saúde não é apenas não-doença, não-dor. É ter apetite e alegria, é gostar de trabalhar como definiu o menino. Em sua formulação o menino diz que gostar do trabalho e não apenas estar em condições de trabalhar, é uma das características do estado de saúde. Se perguntado, ele acrescentará, em sua linguagem, que esse gosto pelo trabalho não pode ser imposto; que nasce das possibilidades que o trabalho oferece à expressão, à atividade criadora e ao desenvolvimento da pessoa total. Por simples que pareçam, as percepções dos alunos são caminhos que os levarão ao conhecimento necessário em saúde. A partir das percepções chegarão à consciência das relações existentes, em sua localidade ou região, entre os modos de vida e os níveis de saúde; à descoberta e categorização dos condicionamentos da, saúde ou da doença; ao entendimento do mundo que os rodeia — onde não apenas outras pessoas, mas outros seres vivos — animais, plantas e microorganismos — partilham com eles o espaço de vida, revelando as mesmas necessi- dades básicas de alimento e de abrigo e comportando-se com notáveis poderes de adaptação e de luta para sobreviver. São muitos os caminhos abertos para o conhecimento daquilo que interessa à vida e à saúd3 do adolescente. Versos populares, por exemplo, podem servir para iniciar o estudo da reprodução, estudo que levasse à compreensão do processo de vida e desse uma referência mais ampla para as indagações que povoam o pensamento e a fantasia dos adolescentes. "Em meu corpo está a minha mãe, o meu pai, e outros que nem conheci. Está o filho que ainda não veio" Fig. 1 Os professores de adolescentes sabem do seu interesse e de sua necessidade de informação sobre o corpo, sobre o sexo. São freqüentes solicitações de aluno como essa: "Professora, não tem mas deveria ter em ciências uma aula que a senhora falasse sobre sexo, para a gente ficar sabendo. Porque às vezes minha mãe ainda me dá uns livros, mas tem crianças aí que os pais não dizem n a d a . . . " (do relatório de um professor do D F . ) . As indagações e as sugestões dos próprios alunos poderiam levá-los ao estudo do corpo, em relação com o processo da fecundação; do desenvolvimento do embrião que se organiza e cresce no corpo materno, o qual, durante todo o tempo de gestação se ajusta de modo a criar espaço e proteção para o novo ser, para provêlo de oxigênio e dos nutrientes necessários ao seu crescimento. O professor precisará estar preparado para caminhar com os alunos, a partir de suas próprias propostas no terreno da reprodução humana. O assunto é pessoal e carregado de emoção e exige contribuições de vários campos do saber humano, da genética entre outros. O novo ser, o feto formado na obscuridade e silêncio da trompa e do útero, traz em si um "projeto" estabelecido no momento da concepção, o qual vai dirigir em detalhe a formação e o crescimento do seu organismo. E de acordo com esse projeto realiza as variadas atividades requeridas para nutrir-se, crescer no es- forço de viver e se tornar um ser à semelhança dos que lhe deram origem. O tema não é somente pessoal e emocional; ele é também social. Até que ponto é a hereditariedade responsável pela sobrevivência e saúde do novo ser enquanto no ventre materno? E pelas más-formações, debilidades ou incapacidade de sobreviver? Que se deve à ação do ambiente? Que se deve ao comportamento da mãe durante a gestação e às suas relações com o ambiente? Que sabemos sôbre isso? É importante a compreensão de que desde a primeira etapa da existência, que corresponde ao período de vida intra-uterina, a saúde é o resultado da interação da totalidade do organismo com os seus ambientes. Ainda no ventre mater- Fig. 2 no, a criança interage não apenas com o microambiente da placenta, mas também com o ambiente do corpo materno total e, através dele, com o ambiente exterior que contém a mãe. A busca de uma concepção de saúde é também a procura de compreensão do processo de vida. Procura essa que será sempre mais rica e significativa para os alunos se partir de suas próprias experiências de vida. A partir dessa experiência levantada e pensada é que eles podem fazer indagações à ciência, buscar explicar ções mais completas para o que de algum modo já conhecem. O caminho inverso implica sempre o risco de tentar passar um conhecimento científico alheio à experiência de cada um em seu ambiente, e, portanto difícil de ser dominado e utilizado. Cada criança que nasce já encontra um mundo organizado que deve aprender a conhecer, do qual precisará apropriar-se e ao qual terá que se adaptar. Desde o início, interagindo com o mundo que a rodeia, vai aprendendo a mover-se dentro do ambiente a começar pela casa que a acolhe; vai descobrindo e aprendendo a utilizar os recursos existentes para a sobrevivência; vai conhecendo e usando os instrumentos disponíveis para o trabalho. É a sua aprendizagem devida e de saúde. A capacidade biológica de fazer frente às ameaças existentes no ambiente, cada indivíduo deverá acrescentar a capacidade de perceber e en- tender o mundo que o rodeia e de responder aos seus desafios. Dentro dessa visão, a proposta de educação para a saúde é um projeto de trabalho que parte da experiência dos alunos, trabalho capaz de propiciar-lhes estruturas de conhecimento ou modos de adquirir conhecimentos. Conhecer o próprio corpo, conhecê-lo na sua Intimidade, poder entendê-lo nas suas relações com o meio, saber cuidá-lo. Conseguir perceber e interpretar as respostas do organismo ao meioambiente, conhecer e compreender a totalidade do ambiente — o meio social e a natureza, são certamente objetivos relevantes na aprendizagem da vida e não apenas da saúde. ENSAIO DE UMA METODOLOGIA Como a criança pode fazer a sua aprendizagem de Saúde Uma das avaliações mais importantes dos professores relativa à experiência com a versão preliminar deste Programa, foi que a metodologia sugerida permitiu-lhes conhecer seus próprios alunos num campo de expressão pessoal até então pouco evidente: o do pensamento, das emoções e sentimentos, o da criação e da iniciativa durante o processo da aprendizagem. Os depoimentos coincidem quanto à surpresa de verificar que os alunos sabiam mais do que o professor poderia imaginar e conseguiam agir com certo grau de autonomia, progressivamente ampliado no decorrer da prática de algumas atividades. Faltou, porém, um melhor entendimento de como os alunos realizavam o seu desenvolvimento intelectual. Os professores, parece que se sentiram hesitantes para avaliar o aprendizado obtido. Tiveram dificuldade para perceber a qualidade das operações mentais, os modos de o aluno exercitar o raciocínio, a memória. Como a metodologia ensaiada pretende incorporar as informações novas ao saber já possuído pelo aluno, e como em sua formação técnica o professor é geralmente exercitado para verificar a aprendizagem através de instrumentos como a prova, por exemplo, é compreensível que tenha surgido essa dificuldade. No presente ensaio de uma metodologia para a aprendizagem em saúde procurou-se proporcionar ao professor oportunidade de auto-treinamento, como um meio de atender a esse problema. Além disso parece-nos importante, na metodologia, ressaltar o valor da participação do aluno na aprendizagem; da utilização de um processo que leve em consideração o seu corpo, a sua saúde; do desenvolvimento de suas habilidades de raciocínio — pensar com clareza, flexibilidade; da sua satisfação emocional — o prazer, a beleza na ação de aprender, o erro não provocando reprimenda, mas ajuda, correção, estímulo para encontrar caminhos e respostas adequadas. Depoimentos de professores e alunos colhidos da experimentação prática com a versão preliminar podem nos dar uma idéia do que ocorreu com o primeiro ensaio desta metodologia: "Vi como as crianças gostam que a gente confie nelas e como são dinâmicas." (PROF. — MG). "É uma oportunidade formidável de conhecermos bem os nossos alunos e de deixá-los à vontade, trazendo à baila suas próprias experiências e v i vências inéditas, que, muitas vezes, nós professores, nem podemos imaginar." (PROF. — MG). "Eles mesmos declararam que esse tipo de aula desenvolve a inteligência, especificaram o fato de que aulas como essas fá-los-iam gostar muito mais da escola." (PROF. — MG) "Para nossa comunidade foi muito válido, uma comunidade muito pobre. Porque naquela época nem material de limpeza não tinha na escola. E eles participaram da campanha da limpeza e trouxeram, mesmo sem muito poder aquisitivo, eles conseguiram. E nós não falamos de higiene com eles." (PROF. — DF) "A fase de preparação do material foi trabalhosa. Em compensação, durante as aulas, o aluno está tendo mais condições de agir livremente e eu estou tendo mais tempo para observar e orientar." (Grifos do professor) (PROF. — MG) "Observação da realização das operações mentais foi o mais difícil das tarefas." (PROF. — DF) "De Início na aplicação deste trabalho, eu notei que realmente houve uma evolução no comportamento, no decorrer do desempenho das tarefas. Embora eu reconheça as contribuições e os seus registros, eu acho que o Programa não atendeu às minhas expectativas. Eu achei que deveria ter » sido melhor, eu não sei se eu estava querendo demais." (PROF. — DF) " . . . trabalhamos, durante sete aulas. No início, confesso, que achei bem difícil, atender sozinha a nove grupos, dentro de uma mesma sala, cada um com um tema e uma dificuldade, em apenas 50 minutos. Depois, com o decorrer do trabalho, tudo foi se tornando mais f á c i l . " (PROF. — MG) "Ponto positivo no manual é a flexibilidade., É muito flexível. Os alunos criaram muita coisa em torno. Muita coisa abrangente. Toda atividade é bem abrangente. Pode sair e explorar bem." (PROF. — MG). " . . . os alunos discutiram sobre todos os problemas referentes às atividades, mas depois foi abordado o assunto sobre sexo." (PROF. — DF) "Outro dia, um aluno meu chegou e falou: — Professora, não tem, mas deveria ter na aula de ciências, uma aula que a senhora falasse sobre sexo. para a gente ficar sabendo. Porque às vezes minha mãe ainda me dá uns livros, mas tem crianças aí que os pais não falam nada. Então a gente quase não sabe nada sobre sexo, e a professora tem que ensinar." (PROF. — DF) "Porque eu achei que o aluno pôde dinamizar mais o seu estudo, vivenciando situações de aprendizagem e conhecendo seu meio ambiente, no sentido de defesa do homem, e também melhorando sua capacidade de se expressar, de verbalizar. .. Cria-se um movimento pouco usual, mas é que os alunos estão discutindo, tão vivendo os problemas." (PROF. — DF) • "Os meninos saíam de dentro da sala de aula. é iam estudar fora também." (PROF. — MG) "Um menino tinha a maior dificuldade de conversar com pessoas, mais do que ele; depois que entrevistou o médico, conversou com qualquer pessoa. Foi importante para ele este contato." (PROF. — MG) "Eu estou espantada: os alunos da 5.* E, tão fracos, estão se saindo muito melhor que os alunos da 5.ª C." (depoimentos idênticos de vários professores — MG) "As vezes tinha alunos em um grupo que eram rejeitados e passaram quase a liderar." (PROF. — DF) "Na nossa turma, tinha alguns alunos que sempre ficavam de lado. E nessa tarefa, todos os alunos participaram. Alguns alunos que ficavam quietinhos, participaram, fizeram perguntas. E antes eles estavam mais afastados. Se conheceram m a i s . . . " (PROF. — DF) "Nessa parte aqui, eu notei que apenas uma aluna do grupo foi capaz de sintetizar as idéias do grupo. Ela foi aparecendo, porque a gente foi estimulando. Ela sentiu que era capaz. Antes era apagada. Ninguém no colégio, antes, sabia dessa capacidade dela." (PROF. — DF) "A gente ficava preocupada com a disciplina, porque os meninos falavam demais, devido à metodologia. Se fosse essa metodologia na escola toda seria normal. A gente ficava preocupada com as outras salas." (PROF. — DF) "Pega um programa extenso, preocupação de vencer o programa, não dá para você dar totalidade e liberdade para os meninos." (PROF. — DF) "Gostamos, porque é fácil de entendermos. Porque está na vivência da gente, É diferente, não precisa ficar decorando — a gente faz as tarefas de acordo com o que vimos e experimentamos. A gente pode escolher o assunto." (Aluno — 6.ª série — MG) Um importante depoimento colhido na avaliação, de fonte técnica especializada, ressalta que a versão preliminar apresentou a primeira parte do Programa dentro de uma linguagem pouco acessível e que algumas informações tiveram um tratamento por demais teórico, situando-se além do interesse imediato do ensino sobre saúde nas escolas de 1.° grau. Apesar da reformulação ter levado em conta essa necessidade de uma linguagem mais acessível, lembramos ao professor a Importância de empenhar-se numa compreensão total do Programa, vencendo obstáculos de linguagem ou de conceitos desconhecidos. Isso seria facilitado se o professor contasse com um treinamento onde suas dúvidas pudessem ser colocadas em discussão. A falta dessa oportunidade implica maior esforço do professor e faz-se um apelo para que evite apreciações que separem as informações em categorias de valor tais como teórico ou prático; concreto ou abstrato; de utilidade imediata ou remota — uma vez que é a abordagem integrada desses aspectos que dá sentido ao Programa como um todo. "O aluno trabalhando em grupo, vai criando maior espontaneidade, então ele começa a se desligar e começa a discutir com o colega e passa a ter mais segurança naquilo que está dizendo. Porque, normalmente, quando o aluno vai falar fica com o olho pregado no professor." (PROF. — DF) O professor terá ocasião de experimentar, no ato da própria leitura da metodologia, comportamentos sob muitos aspectos semelhantes aos que serão desenvolvidos pelo próprio aluno. Poderá, também, através desse ensaio, descobrir atitudes que farão parte do seu desempenho em particular, na qualidade de professor, do Programa dentro desta metodologia. "Estamos tendo maior aproveitamento, por aprender mais rapidamente, pois estamos fazendo o trabalho e por fazer, entender." (Aluno — 7.a série — MG) Estruturamos a informação sobre a metodologia em três fases de exercício: Fase A • retoma textos anteriores a este tópico; Fase B • associa à experiência do professor, um texto de apoio; Fase C • focaliza aspectos do processo metodológico, com textos de apoio. 1.3. Seria oportuno fazer um julgamento, emitir uma opinião sobre tudo que leu, compreendeu e/ou não compreendeu. Para cada Fase são propostas situações de estudo seguidas da respectiva orientação. 1.4. Conversar sobre alguns dos assuntos l i dos, com pessoas de sua família, do seu trabalho ou de suas relações sociais, seria outra iniciativa aconselhável. Também tentar entender o que as pessoas pensam, e sentem sobre o corpo, trabalho, saúde, vida, doença, remédio, e outros temas suscitados pela leitura dos textos. Experimentar compreender as opiniões que emitem. pensar nas que são semelhantes ou diferentes das suas a respeito das mesmas coisas. E tentar identificar sua própria opinião dentro dessa troca de comentários. 1.5. Depois de agir dentro dessas indicações, verificar: se o que pensa sobre a vida, saúde, trabalho foi escrito no Programa e que idéias teria a acrescentar aos textos lidos; FASE A Situações: 1 VIDA, SAÚDE, TRABALHO GENTE FALANDO POR UMA COMPREENSÃO DE SAÚDE — Orientação: 1.1. Pede-se ao professor que releia o conteúdo dos tópicos acima e procure expressar para si mesmo o que entendeu; que identifique os significados que lhe são familiares. que coincidam com alguma idéia que já possui; e que identifique também os significados ou idéias que lhe são desconhecidas, e que identifique ainda as recémdescobertas. Pede-se ainda que verifique as palavras ou frases não habituais no seu linguajar e tente penetrar no seu significado usando suas próprias palavras e expressões para dizer aquilo que está escrito. E não sendo isso possível, que procure no decorrer da leitura, mais adiante, descobrir significados que ficaram para trás, mas inteligíveis no novo contexto de palavras ou frases. 1.2. Realizada essa experiência de leitura, sugerimos que reveja as informações que reteve, tentando relacioná-las com a sua experiência de vida, isto é, com aquilo que sabe de si mesmo, da sua infância, da sua família, do trabalho, do meio ambiente em que vive. (Na verdade essa evocação de situações se efetua no próprio ato de ler.) o que significou a leitura dos textos propostos: suas idéias sobre saúde são as mesmas que tinha antes da leitura ou houve alguma modificação. Procure explicar o motivo. FASE B Situação: 1. MINHA VIDA DE PROFESSOR A ESCOLA. OS ALUNOS. SAÚDE Orientação: 1.1. O professor poderá usar os meios que quiser — conversar com seus colegas, escrever, observar — para dizer de sua experiência profissional: escola onde trabalha: organização, relacionamento com os colegas de profissão, disciplina que leciona, relação entre escola e meio local; alunos: quem são, o que aprendem, como aprendem; os resultados da aprendizagem; o aprendizado do professor como professor: como se realiza, sua adequação ao ensino; sociar ao papel do professor a tarefa de ensinar; e ao aluno o de aprender. A relação de aprendizagem assim estruturada ganhou sólidas bases no ensino convencional, que a institucionalizou como uma norma, gerando no professor um comportamento ativo, desempenhado principalmente através de um método de ensino expositivo; e no aluno um comportamento passivo, caracterizado pela atitude de ouvir, responder quando indagado, ou de fazer alguma pergunta vez por outra. as preocupações com a saúde na escola, por exemplo, problemas de alimentação, de doenças, de comportamento, etc. Quais as suas causas, o que se faz para diminuí-las. Para o aluno ficava a preocupação de se sair bem na prova e passar de ano; para o professor, dar a matéria por inteiro dentro da carga horária prevista e verificar o resultado na prova. 1.2. Depois de identificar alguns aspectos da realidade de sua escola, o professor poderá dizer: como deveria ser a escola, o ensino, a aprendizagem, as relações entre professor e aluno. Ao estímulo da matéria ensinada pelo professor, a devolução da resposta do aluno, como uma repetição que invoca mais a memória do que o raciocínio. O risco de erro e de desaprovação ajuda a manter um desempenho intelectual tímido. 1.3. Considerando o conteúdo dos tópicos " V i da, saúde, trabalho — gente falando" e "Por uma compreensão de saúde." lidos anteriormente, o professor poderá tentar estabelecer relações entre as idéias daqueles textos e os problemas de saúde em sua escola. O esforço do aluno não parece ir além da informação recebida, não se sente instigado a saber mais. Se isso acontece, é mais por espírito competitivo do que pelo desejo simples de aprender. 1.4. Poderá elaborar uma síntese que expresse sua opinião a partir desse conjunto de observações. Situação: 2. PEDIRÍAMOS AGORA, AO PROFESSOR, QUE LESSE O SEGUINTE TEXTO E O CRITICASSE A PARTIR DE SEUS CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIAS: "ISTO ACONTECE?" Durante muito tempo estivemos habituados a as- O aluno não chega a ser um criador do seu próprio conhecimento. Repete e copia com mais facilidade, sem grande inclinação para uma elaboração de suas próprias idéias, pois é pouco estimulado nesse sentido. A ação prática do aluno fica fora da relação de ensino, que se baseia mais na percepção de informações abstratas, não levando em conta os conhecimentos anteriores e a experiência de vida do aluno, que no decorrer de seu pequeno tempo de existência já acumulou um saber das coisas, e chegou a determinados julgamentos Sobre saúde, por exemplo, o professor poderá ficar surpreso diante de muitas opiniões, formadas a partir das experiências vividas. Mas diante de um aluno ouvinte, o professor terá pouca possibilidade de conhecer uma opinião que não seja a sua própria. Quando aparecem problemas relacionados com as condições físicas, emocionais e intelectuais da criança, que estão fora da norma restrita de ensino-aprendizagem, algumas escolas procuram dar atendimento através da assistência de orientadores especializados. É um procedimento que não modifica a norma. Uma medida que é acrescentada à organização da escola. Orientação: 2.1. Pede-se ao professor que identifique, entre significados achados no texto, aqueles que coincidem com algum fato ou experiência de sua vida; que indique o que lhe parece desconhecido ou recém-descoberto. 2.2. O professor poderia agora formular sua opinião sobre o texto. 2.3. Poderá tentar fazer uma comparação entre as informações de "Isto acontece?" com a opinião que já tinha formulado ao concluir a prática da orientação do item 1.4desta Fase. 2.4. Será oportuno neste momento formular um novo conceito, integrando o que conhecia, representando na síntese de sua opinião anterior, com a opinião crítica desenvolvida a partir do texto "Isto acontece?" 2.5. O professor também poderá recolher suas idéias sobre as situações propostas na fase A. item 1.5 e tentar ver as relações entre o que pensa e as conclusões formuladas anteriormente, por sugestão daquele item. Poderá ver como educação-saúdetrabalho-aluno-professor se combinam dentro de uma realidade de vida. Expressar sua opinião 2.6. Poderá considerar também a possibilidade, dentro de um programa de educação em saúde, de desenvolver uma relação com o aluno que dê mais ênfase ao processo de aprendizagem, valorizando a participaçãodo aluno. E também de ensaiar uma m e - ' todologia adequada a esse fim. Mas a grande maioria das escolas não dispõem de recursos para esse fim. Talvez o mais freqüente, em ambas as hipóteses, seja a criança ficar entregue a si mesma, um pouco perdida nos seus problemas por falta de ajuda, situação que se agrava quando a família não toma conhecimento, não compreende ou acha que não tem meios concretos para resolver os problemas. Vista desse ângulo, a aprendizagem do aluno é isolada das suas dificuldades e possibilidades pessoais — o que pode repercutir na saúde, ou pelo contrário, ser esta que está atuando como causa da diminuição de rendimento do aluno. Algumas escolas, procurando modernizar-se, estão introduzindo no ensino novas matérias, como aulas de turismo, ou de expressão corporal, na tentativa de abrir um novo espaço de expressão para o aluno. Mas estas, parece apenas se agregarem às demais disciplinas, não significando uma mudança de relacionamento entre professor e aluno, que continua dentro da norma tradicional de ensinar. As reformas que procuram melhorar a qualidade do ensino recaem sobretudo nos conteúdos, apenas tocam — quando tocam — a qualidade do relacionamento do aluno com a matéria, ou seja, o modo de ele aprender. FASE C Situações: 1 A EXPERIÊNCIA INICIAL DO PROFESSOR COM A METODOLOGIA 2. "CONHECER COM (texto de apoio) 3. "O USO DOS TEXTOS NA APLICAÇÃO DO PROGRAMA" (texto de apoio) 4. "FAZENDO COMIDA" — situação de aprendizagem para o aluno. (texto de apoio) — retirada da unidade "Os alimentos e a Saúde" Situação: 5. "VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM" (texto de apoio) 1. A EXPERIÊNCIA INICIAL DO PROFESSOR COM A METODOLOGIA Orientação: Recentemente alguns repórteres de um jornal(*) decidiram realizar uma entrevista por telefone, fazendo esta pergunta — "O que você faz pelo seu corpo?" A oportunidade de tal tema levounos a selecionar em parte ou por inteiro, alguns depoimentos que servem de amostra ao que esta pergunta, subitamente colocada, pode provocar. 1.1. "O que você faz pelo seu corpo?" Situação : .3. leitura da parte inicial da metodologia a realização da orientação contida nas Fases A e B. vo conceito, para saber concretarrvante como desenvolveu seu conhecimento do ponto de vista intelectual. 2. O PROFESSOR PODERIA, AGORA, ACOMPANHAR O SEGUINTE TEXTO DE APOIO: "CONHECER COM O CORPO." • "Não sei, esse assunto foge completamente à minha área. Francamente, se eu for responder, vou dizer besteira. Eu nunca pensei nisso"... (historiador). • Será oportuno que o professor tente recompor o trajeto mental desenvolvido nos exercícios das Fases A e B, distinguindo as operações mentais que realizou para trabalhar com as informações contidas em cada situação. " . . . b e m . . . eu cuido da minha saúde, que é uma maneira de cuidar do corpo". .. (exgovernador) . • "E uma pergunta danada essa. Eu me esforço para mantê-lo vivo. E em boa saúde. Só isso." (escritor). Experimentar também: • "Que que eu faço? Faço trabalhar: trabalhar em todos os sentidos Para se fazer um corpo saudável é preciso fazê-lo funcionar — física, mental e sexualmente. Tá certo?" (dramaturgo) • "Não sei responder a esse tipo de pergunta. Não fui programado para isso. Que mais eu posso dizer? Passo sabonete nele diariamente ." (economista). • • •) CORPO" Sugerimos que o professor reveja sua atuação desde o começo deste ensaio metodológico. Por exemplo: • • 1.2. O comparar seu conceito no início de cada situação e o conceito final que chegou a formular. situar aquelas operações mentais realizadas entre o conceito inicial e o no- Jornal Opinião — 24/12/76 • • • " . . . acho que sempre tive dificuldade em me dar bem com o meu corpo — problemas de educação familiar, sexo, etc. Treinei meu corpo prá me defender... depois descobri os grilos do corpo e tentei diminuir as defesas, o oposto de antes. Mas havia uma contradição entre defender e relaxar. A agressão física era sempre algo que estava em minha cabeça... a descoberta do corpo é uma aprendizagem até hoje..." (engenheiro-professor) "Eu? nada. Trabalho o dia todo sentado por trás de uma máquina..." (escritor) "Corpo? Deixa eu pensar aqui. Nunca tinha pensado nele dessa maneira. Bem, eu vivo por causa dele, acordo de manhã, dou um banho nele, alimento ele, trabalho para sustentá-lo. Nunca pensei nele como uma coisa estranha a mim. Que que eu faço pelo meu corpo? É o meio de transporte melhor que eu tenho... bem, vamos embora: tem tração sobre dois pés, não é movido a gasolina, em compensação é movido por um combustível muito mais caro — o feijão, todas as vezes que ele enguiçou na estrada eu nunca o abandonei, único dono, 32 anos rodados, estado razoável de conservação, cor branca, não tem garantia de fabricante, nem manual de funcionamento. Não troco, nem vendo. Tá bom?" (cartunista). Repetimos a mesma indagação dos jornalistas para o professor, e pedimos que dê o seu depoimento. Se quiser, tente experimentar a mesma pergunta com seus familiares ou amigos. E compare com os depoimentos de "Vida, saúde, trabalho — gente falando," para os quais a pergunta não foi feita. Experimente ver o que há de comum entre as respostas e em que diferem. Os jornalistas que realizaram essa entrevista admitem que a pergunta não estava bem formulada, p o i s " o que você faz pelo seu corpo" leva a supor que você e corpo são duas entidades sepa- radas. Explicam que as práticas sociais ajudaram a inculcar esse modo de pensar, e exemplificam falando no hábito de dizer corpo e mente, emoção e razão, sensibilidade e conhecimento, arte e ciência, trabalho manual e trabalho intelectual. Em Por uma compreensão de saúde, um programa experimental destinado a professores e alunos da 5.ª e 8.ª séries do 1.° grau, a aprendizagem se baseia numa concepção de aprendizagem integrada ao corpo, à vida. Entendemos que aprender não é uma ação isolada de uma parte do nosso corpo, o cérebro por exemplo, com seu mecanismo operacional. O ato de aprender procede de uma organização viva, o corpo, que dispõe de dispositivos especiais — seus diferentes órgãos — preparados para agir coordenadamente com esse fim. Ver, ouvir, cheirar, sentir o gosto, tocar, experimentar o frio, o calor, a dor, o prazer, são capacidades do nosso organismo desenvolvidas por órgãos e sistemas próprios de funcionamento. Aprendemos porque podemos andar, fazer movimentos com equilíbrio, alcançar as coisas e transportá-las. Para isso temos os pés, as pernas, o tronco, os braços, as mãos, a cabeça. Aprendemos porque podemos raciocinar, organizar, inventar, combinar, classificar, ordenar objetos. Podemos reordenar as classificações realizadas em face de elementos novos, que alteram a ordenação feita antes. Temos um sistema nervoso transmitindo ao cérebro informações das coisas percebidas, através dos nossos órgãos sensoriais. E podemos realizar a transformação de informações antigas, que já tínhamos, por causa dá recepção de informações novas, desconhecidas, que somos capazes de reelaborar para produzir um novo conhecimento ou resposta. No entanto, há diferenças de indivíduo para indivíduo na maneira de se relacionar com o meio, de operar intelectualmente as informações» recebidas. Deficiências orgânicas podem afetar o relacionamento do indivíduo com o meio, como por exemplo, deficiências de visão ou audição. As condições ambientais também influem no processo de desenvolvimento e na construção do conhecimento uma vez que este se caracteriza pela ação. Uma criança, por exemplo, perturbada por deficiências de alimentação, por falta de carinho, proteção, dispõe de menor energia para aprender. A dor, o mal-estar diminuem as forças orgânicas, tanto quanto a satisfação e a alegria representam impulsos vigorosos para a ação. Essas respostas do corpo aparecem em sinais que o professor pode perceber no comportamento da criança. Outro aspecto que merece atenção é o do relacionamento entre as crianças, elas próprias, e delas com o professor, com a escola — o clima por assim dizer, em que se processa a aprendizagem. Pareceria pouco coerente transmitir conhecimentos práticos de saúde, sobre "defesas," por exemplo, ao mesmo tempo em que as relações entre alunos e professor ou entre as crianças são de modo a provocar sentimentos de humilhação, medo, constrangimento, etc. Desde o nascer desenvolvemos exercícios de adaptação que envolvem uma ação do nosso corpo, de troca de relações com o meio, de interação, tanto provocadas por atividades espontâneas do organismo quanto por estímulos externos. Aprendemos a comer, a falar, a usar nosso organismo dentro de ações que procedem de nós mesmos e de estímulos de fora. Dispomos de condutas reflexas instintivas. Organizamos os dados percebidos pelos sentidos. Vamos percebendo significados, extraídos de nossas ações. Passamos por exercícios de aprendizagem — repetimos, erramos, acertamos — adquirimos no- vas condutas, que ampliam os significados percebidos anteriormente. Nosso conhecimento vai evoluindo. A formação de hábitos se encontra na origem dessas condutas. Dispomos de uma inteligência que se utiliza de percepções e movimentos — antes de passar ao nível de representação ou do pensamento, de operações mais complexas. Temos uma memória que desde cedo armazena lembranças, permite reconhecer, utilizar aquisições anteriores. Pressupomos que a aprendizagem, no sentido de aquisição de conhecimentos, é a apreensão de significados que são assimilados a conhecimentos anteriores, que se acomodam à entrada da informação nova. A adaptação do conhecimento, isto é a sua passagem de um nível de informação para outro, se realiza por essa assimilação e acomodação orgânica. Vejamos em breve síntese, o desenvolvimento do nosso conhecimento: a — até entrarmos na escola, por volta dos 7 anos, passamos por períodos de diferente evolução. • Entre 0-2 anos. aproximadamente, agimos mais apoiados nas percepções dos nossos sentidos e nos movimentos que realizamos com o corpo. No começo não temos noções de espaço ou tempo, ou de permanência dos objetos. Nossa noção de espaço é tão estreita que se relaciona a uma modalidade, a boca por exemplo. Na continuação do nosso crescimento, desenvolvemos atos intencionais, isto é, nos orientamos para um objeto que desejamos agarrar e realizamos diversos esforços para alcançá-lo. Há, portanto, uma noção mais desenvolvida, de meio e fim. É a adaptação a uma situação nova. Mostramos em nossas ações respostas que têm significados. Se a nossa intenção de alcançar um ob- jeto, encontra qualquer obstáculo, desenvolvemos novas ações para afastar esse obstáculo. Disso se inferem novas noções. como a de separação entre meio e fim. Quando essa noção fica bem diferenciada, no sentido de que para alcançar o fim que desejamos precisamos dos meios apropriados, surge o comportamento de solução de problemas. Desde cedo as crianças desenvolvem seus próprios modos de resolver problemas — que se origina da noção de separação de meio-fim. Também se desenvolve a noção da realidade objetiva do objeto — fora de nós. Podemos repetir o mesmo comportamento com relação a outros objetos, desenvolvendo esquemas de ação que já construimos e constituem um conhecimento nosso, adaptado a novas situações. Com a repetição de nossas ações começamos a perceber os efeitos. Por exemplo, um objeto que cai da mão. É como um novo espetáculo. Deixamos cair o objeto, repetimos a ação e passamos a apreciar o efeito. Nessa ocasião, desenvolvemos o conceito de causalidade. Continuamos a desenvolver nossas habilidades de ação, como por exemplo, a inventar novos meios para realizar o que queremos. Durante esse período torna-se muito evidente a coordenação entre os olhos e as mãos, as relações meio-fim, a consciência da permanência do objeto Nosso conhecimento se constrói por ações que estimulam e são estimuladas pelos reflexos sensório-motores. • Entre os 2-4 anos desenvolvemos o pensamento simbólico, caracterizado sobretudo pela linguagem, jogos simbólicos, imagens; dos 4-7 anos, desenvolvimento do pensamento intuitivo, caracterizado por uma compreensão, explicação dos fatos — um fato explica o outro. Os fundamentos da atividade simbólica se assentam no período sensório-motor, fase em que estamos mais voltados para a ação. Mas no período posterior, a partir dos 4 anos, já explicamos e conseguimos fazer antecipações mais amplas. A representação compreensiva da realidade nos permite incluir passado, presente e futuro. É um período pré-operacional. b — Entre os 7-11 anos, entramos num período de realização de operações concretas, porque nossas ações ainda se referem a objetos. Neste período já percebemos atributos ou propriedades de grupos. Podemos agrupar objetos em uma classe — podemos classificar. E podemos relacionar objetos em uma ordem ou série. As operações se caracterizam por grupamento de objetos percebidos, segundo suas propriedades ou atributos. As características dos processos de pensamento são que os grupamentos ocorrem em nossa mente em virtude de ações manifestas antes, e depois internalizadas. Mostramos maior mobilidade de raciocínio. Neste período grupamos aquilo que percebemos; nosso pensamento depende do mundo real. concreto. Podemos perceber dois aspectos de uma mesma coisa, e coordená-los um com o outro. E podemos voltar ao ponto de partida de um problema. Combinar, separar, repetir, dividir, pôr em ordem, substituir, quando possível, são operações contidas em símbolos matemáticos. Isso se relaciona com o raciocínio lógico. O tipo de raciocínio é indutivo: fazemos generalizações a partir de exemplos concretos . c — A partir dos 11 ou 12 anos começamos a formular hipóteses, com a possibilidade de eliminá-las quando inadequadas — sem necessariamente usar materiais. Mais do que explicar, procuramos arranjar provas, fundamentos para nossas afirmativas. Desenvolvemos um sistema combinatório — somos capazes de pensar em termos de todas as combinações possíveis de objetos, idéias ou proposições, além de relacionar rodas as possibilidades em um todo estruturado. Desenvolvemos um pensamento hipotéticodedutivo, isto é, podemos partir de possibilidades para, a partir delas, raciocinar, experimentar. Somos capazes de fazer abstrações, de pensar em nível abstrato, verbal. Podemos distinguir, forma e conteúdo. Desenvolvemos um pensamento formal. (Seqüência de estágios de desenvolvimento intelectual, apoiado em princípios da teoria de Piaget). Quando pensamos em introduzir informações sobre saúde em um programa para alunos da 5.ª à 8.ª série, procuramos levar em conta alguns processos de desenvolvimento do conhecimento, e a Í)rmulação de conceitos dele decorrentes. Isso também nos levou a pensar que os alunos poderiam desenvolver seus conceitos sobre saúde, usando de um método de aprendizagem que lhes permitisse ampliar seu próprio conhecimento, mediante uma participação mais ativa. Pensou-se, então, em oferecer oportunidade de relação direta com as informações — sem a passagem prévia, de exposição do tema, pelo professor. E em organizar essas informações dentro de situações concretas que dessem ao aluno o ensejo de aprender pela prática de atividades e de exercícios intelectuais. Uma tentativa de agir pensando, e de pensar agindo. Seria uma maneira de começar a aprendizagem estimulando a expressão de conceitos já adquiridos pelo aluno, em suas experiências anteriores de vida; de perceber como ele integra as novas informações no seu campo pessoal de conhecimento; e de ver o produto de suas operações intelectuais, na revelação de seus conceitos recentes. Essas situações de aprendizagem mostram ao professor o aluno trabalhando, estudando, pensando. Criam oportunidade de o professor acompanhar o modo de os alunos entenderem os significados das informações, e o tratamento que dão a esses significados. Por outro lado, na elaboração deste Programa pensou-se igualmente no desempenho do professor. Daí a idéia de estruturar o tema da metodologia como um ensaio do próprio processo que será experimentado com os alunos, ou seja: relação direta com as informações; combinação de informações já adquiridas com informações novas; exercícios de aplicação prática e intelectual. Uma coisa aprendida por mera repetição de palavras é mais fácil de esquecer do que o processo de ações coordenadas, que nos levaram a construir determinado conhecimento. Acreditamos, pois, que estudantes bem treinados na competência de desenvolver o raciocínio durante o 1.° grau, terão melhores probabilidades de sucesso num nível de ensino superior, ou num quadro de trabalho, já fora da escola. Se os conhecimentos específicos que adquiriram no seu período de formação básica forem esquecidos, sua capacidade de pensar garante-lhes um grau de eficiência para enfrentar as novas situações. Parece-nos que o propósito dos ensinamentos sobre saúde se deve apoiar muito nesse postulado de aprendizagem. O aluno poderá vir a esquecer o que aprendeu. Ou pode acontecer que os problemas de saúde que passa a conhecer através deste Programa, não sejam exatamente iguais àqueles com que se defrontará mais tarde. Mas espera-se que a busca de novos conhecimentos lhe seja facilitada por este processo metodológico. Orientação: 2.1. Nossa opinião sobre aprendizagem em saúde da 5.ª a 8.ª série pode ser igual ou diferente da que tínhamos antes da leitura de textos deste Programa. Isto poderá acontecer: • • • porque não mudamos nosso modo de pensar; porque repetimos uma proposta de idéias novas; porque percebemos significados que alteraram nosso modo de perceber a aprendizagem em saúde. O professor poderia dizer qual dessas alternativas coincide com os objetivos da metodologia, e dar as razões. Situação: 3. O USO DOS TEXTOS NA APLICAÇÃO DO PROGRAMA Os conteúdos informativos sobre aprendizagem em saúde fazem parte dos diferentes textos contidos no Programa, sendo os da 1.ª parte com informações gerais, como já dissemos, para o professor; e os da 2.ª parte, com informações específicas que ele procurará desenvolver com os seus alunos, e que constituem o objeto particular da aprendizagem em saúde. Todos os textos, entretanto, como o professor já deve ter notado, são trabalhados dentro da mesma linha metodológica, ou seja, dentro dos princípios que procuramos enunciar no texto "Conhecer com o corpo." Com relação ao uso dos textos de aplicação à 5.ª a 8.ª série, sugerimos ao professor que procure fazer exercícios semelhantes aos que vem realizando no decorrer do texto sobre metodologia. O exercício mais importante que poderá fazer, contudo, é o da prática de uma situação concreta de aprendizagem do aluno. Esta é, alias, uma experiência tentada com sucesso por um professor por ocasião da aplicação da versão preliminar do Programa. Selecionamos para este fim a situação "Fazendo comida," da unidade "Os alimentos e a saúde," que virá a seguir a este tópico. Lembramos algumas características do ensaio metodológico: dar oportunidade ao aluno de contatar diretamente com as informações que contém ensinamentos sobre saúde; estimular os alunos a explicitarem seus próprios conceitos; dar ensejo a desenvolver o conhecimento através de ações práticas; propiciar o desenvolvimento intelectual por meio de operações de raciocínio que levem a perceber significados novos, a comparar, relacionar, classificar, ordenar; que levem a conclusões, a generalizar. A partir daí, o aluno poderá dispor de uma base de raciocínio exercitada em questões concretas sobre saúde, que lhe facilitará fazer combinações de idéias num nível mais avançado, sem necessariamente depender da realização de atividades práticas. Poderá levantar possibilidades e procurar explicações, combinando significados parciais num significado mais global, por um encaixamento lógico de suas idéias. Este seria o saldo a guardar, para um período futuro, através deste ensaio metodológico. Entretanto, durante a prática das situações de aprendizagem já se faz uma tentativa de combinar significados das situações dentro do nível do tema geral da unidade, encaminhando o pensamento para um plano mais abstrato de compreensão da saúde. Assim, também, quando se procura identificar relações entre as três unidades de estudo. Dentro dos pressupostos mencionados para a aprendizagem em saúde, as situações foram organizadas do seguinte modo: • preparo das informações constantes do texto dó professor em uma ficha informativa para o aluno, na qual se evidenciam os conceitos básicos a serem adquiridos, dentro de explicações correspondentes, formando um todo. • composição de um certo número de tarefas, que propiciam uma ação prática junto com o desenvolvimento do raoiocínio. porque as ações envolvem exercícios de operação men- • realização das tarefas em ordem seqüencial, em grupos de 2 ou mais alunos, desenvolvimento de associações e de conclusões sucessivas, vinculadas ao conteúdo da ficha informativa do aluno, A primeira tarefa, em geral é colocada de modo a estimular a expressão das idéias que o aluno tem sobre o tema proposto na situação; a segunda tarefa procura acrescentar novos significados, implicando consulta à ficha informativa do aluno relativa à situação em estudo; da terceira tarefa em diante, as realizações mostram o desenvolvimento do processo inicial de assimilação e acomodação das informações: como os alunos agrupam os dados de acordo com propriedades semelhantes; como os classificam segundo tais propriedades; como sintetizam suas idéias, emitem julgamentos ao final das tarefas — conclusões a que chegaram. Se as conclusões a que chegaram não representam um progresso, uma abertura ou uma mudança das opiniões e conceitos iniciais, o professor deverá estimular o aluno a refazer o caminho percorriddo numa tentativa de re-aprendizagem. A ficha-informativa pode funcionar como referência para "o que" aprender. O percurso da aprendizagem aparece nas atitudes de indagação, discussão, registro, nos suces- sivos passos que. vão dos conceitos iniciais do aluno à apreensão de novos significados e reelaboração das idéias anteriores. A sua expressão final revela os conceitos adquiridos, e como foram adquiridos. O aluno sabe como chegou até eles. Cria-se para o aluno um clima de auto-expressão. Erros, acertos, repetições acontecem no processo de reelaboração dos conhecimentos. O comportamento operacional do aluno se desenrola num andamento flexível, entre avanços e retrocessos. para reajustes do conhecimento. Os alunos planejam a execução das tarefas de acordo com seus ritmos pessoais — mas no tempo estipulado, devem apresentar o resultado que lhes foi pedido. Qual o papel do professor num processo de participação ativa do aluno na aprendizagem? • O de um orientador experiente, que conhece o assunto das situações. Que numa condição de conflito do aluno, quando este não sabe encontar meios adequados para resolvê-lo sozinho, pode dialogar com ele sobre as dificuldades em questão, ajudando-o a encaminhar-se para soluções corretas. Acompanha a maneira como o aluno explora o conteúdo das situações. Fornece-lhe "pistas" quando percebe que ele se afasta das soluções acertadas. Acompanha o percurso de sua elaboração mental por observações e perguntas de como chegou a tal conclusão. Observa reações individuais do aluno, e do grupo. Aprende deles e com eles. Ensina, explicando em diálogo com o grupo, através de indagações que levem os alunos a procurar novas respostas e a reconhecer diferenças não percebidas, que lhes mostrem onde deverão corrigir suas respostas. Observar, esclarecer, assistir, estimular, instigar à procura — são algumas das atitudes mais freqüentes do professor durante as situações. Ele é um sujeito aberto ao diálogo, recusa monologar sua sabedoria. Ele aceita ser indagado e questionado. Ele quer a troca de experiências. O relacionamento entre aluno e professor pode parecer pouco disciplinado dentro da sala de aula porque se permite, pela natureza das tarefas, que os alunos estudem em grupos de tamanho variado, e individualmente, em atividades ligadas a qualquer tarefa, levando a uma desarrumação da posição habitual de cadeiras ou objetos. Também as indagações ou discussões em grupo fazem ruído diferente do de uma voz isolada, como acontece no ensino convencional, quando o professor expõe a matéria. Este assunto será tratado no tópico que segue ao ensaio metodológico. Orientação: 3.1. Sugerimos ao professor dizer que aspectos de "O uso dos textos do Programa" lhe são familiares e quais os que lhe parecem novos. 3.2. Como acha que pode realizar seu desempenho dentro das sugestões propostas. 3.3. Pedimos que experimente relacionar os conteúdos de "Isso acontece" e "Conhecer com o Corpo," com este último texto. E que procure ordenar suas próprias informações . Pode ocorrer no planejamento e realização das tarefas, que alguns alunos revelem qualidades de liderança. Mas o desenvolvimento das atividades de cada tarefa não tem esse propósito. Elas visam a ajudar cada aluno a se desenvolver, a cultivar sua própria iniciativa. Situação: São importantes os estímulos do professor, dados com sua presença nas situações de aprendizagem, com os incentivos de aprovação às qualidades e acertos demonstrados. Sugerimos que experimente realizar, ou pelo menos estudar, a relação de tarefas indicadas. A articulação de todas as situações o professor encontrará no tópico "Um programa de saúde para as escolas de 1.° grau — unidades fundamentais," assim como indicações para o começo da sua aplicação. Para a relação direta do aluno com as informações, ou seja, para que ele possa trabalhar com uma situação escolhida, o professor procurará organizar as fichas-informativas dos alunos em um arquivo, que também guardará todas as situações. Esse arquivo funciona como uma espécie de "memória" ou banco de informações (BI), com materiais outros que possam ser trabalhados por ele, em complementação às fichas-informativas. 4. "FAZENDO COMIDA" — SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM DO ALUNO (O professor encontrará a seguir um exemplo de situação de aprendizagem). A expressão BI quer dizer banco de informações, e serve para designar o lugar onde o aluno vai procurar a situação. A ficha-informativa do aluno, que corresponde a essa situação, o professor pode encontrar na 2.a parte do Programa, na unidade "Os alimentos e a saúde," bem como o texto correspondente, para seu uso. 1.ª Tarefa: 1. Você já preparou uma refeição? 2. Como são em geral preparadas as verduras? • Dar exemplos. 3. Como se costuma cozinhar os legumes? E os cereais? Dar exemplos. • agrupar as opiniões que se assemelham, ordená-las de acordo com os pontos s e m e lhantes. antes de mostrar os resultados da entrevista aos colegas; • em grupo discutir todas as entrevistas; Que relações existem entre o preparo de alimentos e o seu valor nutritivo? Dar exemplos. • anotar as diferenças de opinião entre as pessoas entrevistadas e procurar explicações para essas diferenças; Agora você poderá: • • discutir com o professor e registrar a c o n clusão. 4. Ouais os modos mais comuns de preparar as carnes? Dar exemplos. 5. Que mais sabe você sobre as diferentes maneiras de preparar os alimentos? Dar exemplos. 6. • responder por escrito às perguntas acima; • com os colegas de grupo, discutir as respostas e fazer uma lista das diferentes maneiras de cozinhar os alimentos. 4.' Tarefa: 1. Que informações novas pessoas entrevistadas? foram dadas pelas Em grupo tente: 2.ª Tarefa: • comparar as informações colhidas durante as entrevistas com aquelas da ficha ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE O PREPARO DOS ALIMENTOS; • discutir e anotar as diferenças encontradas; • selecionar entre as informações novas, dadas pelas pessoas entrevistadas, algumas importantes para serem acrescentadas à f i cha-informativa; 3.ª Tarefa: • discutir com o professor. 1. 5.a Tarefa: 1. Retirar do BI a ficha ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE O PREPARO DOS ALIMENTOS. Procure agora: • • discutir com os colegas as informações novas; anotar a conclusão. Quem poderá dar mais informações sobre o preparo de alimentos? 1. Fazer em grupo um relatório com os r e s u l tados das tarefas. 2. Se houver oportunidade apresentar as conclusões para a t u r m a . Experimente: • • preparar, junto com os colegas de grupo, perguntas para uma entrevista com algumas pessoas; entrevistar pelo menos duas pessoas (por exemplo, sua mãe, avó ou uma cozinheira experiente), anotando todas as respostas; OBSERVAÇÃO: — Arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e s é r i e . Situação: 5. "VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM" Orientação: 5.1. • Sugerimos inicialmente que o professor reveja os tópicos anteriores, e que procure: examinar o desempenho que é solicitado do aluno na aprendizagem em saúde; • examinar as condições em que esse desempenho se revela, isto é, as situações de aprendizagem; • examinar o desempenho que acha que deve ter, como professor. 5.2. 5.3. Sugerimos também, a partir das conclusões a que tiver chegado nos itens acima. que procure identificar o que deverá ser considerado • objeto de verificação da aprendizagem; e que meios concretos acha que poderá usar para esse fim, do seu ponto de vista. Pedimos agora que nos acompanhe no estudo de algumas sugestões de avaliação da aprendizagem em saúde neste Programa, contidas no texto que segue: Podemos pensar em três objetivos específicos: a aquisição dos conceitos sobre saúde, contidos na ficha-texto do aluno; o modo de o aluno entender tais conceitos e incorporá-los ao seu saber anterior; os projetos de ação decorrentes. Talvez possamos organizar os instrumentos de avaliação do professor, colocando em evidência suas possíveis atitudes em relação às situações. Teríamos, assim, o desenvolvimento de atitudes de: observar o comportamento do aluno, no início de uma situação, sua iniciativa, modo de entender a tarefa escolhida e de executá-la; as reações — de ouvir os conceitos que expressam; o modo de expressá-los, as explicações que oferecem para as suas afirmações; estar atento às dificuldades que experimentam (em que momento da tarefa e em quais tarefas); acompanhar a evolução do comportamento dos alunos em uma tarefa; e de uma tarefa para outra; que seqüência de habilidades desenvolvem, de que modo a ação das tarefas estimula o raciocínio — como pensam, as relações que estabelecem; como se encaminham para a aquisição das novas informações; tipo de conclusões que formulam — se se aproximam ou se desviam de conceitos a aprender; em que ponto ocorrem os desvios; como os alunos identificam seus próprios erros ou equívocos, como reelaboram suas idéias para reaoertarem o caminho da aprendizagem, como solucionam suas próprias dificuldades, tomando por referência a ficha de informações; dialogar com o grupo ou individualmente, em momentos oportunos do desenvolvimento das tarefas, por exemplo quando os meninos discutem suas idéias. Acompanhar o raciocínio que desenvolvem, fazer perguntas como quem quer aprender. Pedir esclarecimentos. Mostrar dúvidas e solicitar explicações; intervir quando solicitado a prestar uma orientação, a ajudar num impasse experimentado pelo aluno ou pelo grupo — mas propondo questões que levem o aluno e o grupo a repensarem o problema e a encontrarem novas saídas ou soluções; estimular sempre; participando quando possível. de pelo menos uma atividade de qualquer tarefa, de cada grupo, trabalhando junto com os alunos' — uma experiência valiosa se o professor souber aproveitá-la; escutar as conclusões finais de cada tarefa, discuti-las para perceber o caminho realizado, as relações que os alunos conseguiram estabelecer entre as diversas informações. Ampliar os conoeitos expressos, para a relação com o corpo, a vida, a experiência de cada um, para o significado da situação no todo da unidade de estudo. E entre as situações das demais unidades — estas, novamente inter-relacionadas; criar condições de o aluno verificar o seu próprio aprendizado, pela comparação do seu modo inicial de ver e entender o significado das situações, ao expressar seus conceitos, no início, com o seu modo último de expressão que revela o conhecimento adquirido. Trabalhar no sentido de que o aluno encontre satisfação, recompensa de seus esforços, prazer com aquilo que foi aprendido. A alegria faz parte da saúde, da aprendizagem portanto. Quanto ao registro da verificação da aprendizagem, o professor pode fazê-lo do modo que melhor se adapte aos meios sugeridos — por aluno, em relação ao seu desempenho em situações; ou por situação, mostrando o desempenho da equipe de alunos. No primeiro caso, poderia identificar alguns itens, como: nome do aluno, unidade-situação e tarefas, anotando em cada tarefa a evolução do aluno por meio de observações. No segundo caso, a identificação preliminar seria a da equipe, seguida da unidade-situação, com o registro do seu procedimento por tarefa. Um recurso válido neste caso, é a utilização dos relatórios conclusivos guardados no BI. A finalidade de criar essa documentação, que poderia também ser guardada no BI, é reunir dados de comprovação da aprendizagem, que pudessem auxiliar em futuros cursos de treinamento do professor. Porque isto, do ponto de vista do aluno, é secundário. As correções são realizadas durante a aprendizagem, e o sentido de reprovação não conta como critério. O que parece ganhar importância, como já dissemos, é o modo de o aluno se relacionar com a informação. Como o professor pode constatar, na aprendizagem que se propõe em saúde, o aluno mantém um contato direto com a informação, e indireto com o professor, que passa a ser um auxiliar e orientador do seu trabalho. É uma posição que confere ao aluno maior independência e responsabilidade. Quando o aluno começa a agir dentro das situações, seus conceitos revelam o modo como aprendeu a ver e julgar a realidade, isto é, a sua representação — o que construiu sob a forma de imagens em seu cérebro, em traços guardados na memória, reflete os componentes do meio em que se desenvolveu e dentro do qual construiu seu conhecimento. Repetimos uma realidade que foi aprendida como realidade — raramente questionamos sobre a verdade dessa realidade e os conceitos adquiridos a partir dela. O aluno experimentará, pois, pensar sobre as coisas aprendidas. E o professor tentará alargar o campo de sua percepção e conhecimento (um se liga ao outro), propondo-lhe situações de ação que lhe permitam descobrir aspectos ou atributos diferentes; repensar o aprendido; evoluir nos conceitos, de modo a reolhar a realidade conhecida sob nova visão e julgamento. Por conseguinte, a verificação da aprendizagem pede que o professor dê atenção aos conceitos emitidos pelos alunos no começo das suas atividades, na tarefa inicial, e que os compare com os conceitos expressos ao final, para avaliar o grau de ampliação do conhecimento. A organização de uma "memória" O banco de informações- BI, para o aluno Dissemos que o aluno estabeleça uma relação direta com as informações e que estas se encontram organizadas em um único lugar, numa espécie de arquivo que chamamos de "memória" ou banco de informações. A apropriação deste nome — banco de informações ou BI, se deve ao interesse, inclusive, de exercitar o aluno em lidar com informações ar- rumadas em diferentes documentos, em lugares certos, e que são usadas e recolocadas constantemente em seus respectivos lugares. A "memória" recebe, guarda e transmite informações colhidas por professores e alunos. Ela começa com um certo número de informações básicas, previamente preparadas pelo professor, e pode aumentar o seu número de dados por aquisições posteriores. O material que o professor terá de preparar e organizar refere-se a estes itens: 1. Situações • As tarefas a serem executadas pelos alunos estão relacionadas em "fichas-lista" de tarefas que devem ser guardadas numa determinada divisão do BI; as fichas-informativas dos alunos, com dados sobre saúde são também guardadas no BI, em outra divisão, mas em correspondência com as fichas-lista respectivas. 1 . 1 . Unidades • Os alunos da 5ª à 8.ª série, como será visto adiante, trabalham em situações que se vinculam a um tema geral, identificado em unidades. Assim, por exemplo, a situação "Fazendo Comida" relaciona-se à unidade "Os alimentos e a Saúde." 2. Materiais de trabalho • Para o desenvolvimento das tarefas dos alunos há informações representadas por materiais diversos, que o professor deverá armazenar antecipadamente na "memória," em divisão própria. Esses materiais podem ser: fotografias; artigos de jornal; fichas com dados sobre serviços de saúde (relação de agências de saúde, por exemplo, ou de hospitais e t c ) : dados sobre serviços de distribuição de água e remoção de dejetos, ou outros sugeridos dentro do item "Informações do BI," que o professor encontrará na aplicação prática de cada situação (ver sumário à página 10). Utilizando caixas de papelão, latas ou gavetas. conforme os recursos da escola, teríamos para cada unidade duas divisões: uma para guardar as fichas-lista das tarefas; outra para guardar as fichas de informação correspondentes a cada f i cha-lista, e também os materiais de trabalho citados . Exemplificando o começo da organização do banco de informações com caixas, teríamos: • 1 caixa-ficha-lista das tarefas, classificadas por situação, isto é, tendo uma indicação na frente da ficha, do nome da situação correspondente. • 1 caixa-ficha-informatíva. classificada por situação, com o mesmo sistema de pôr o nome da situação em evidência, o que permite colocar os dois tipos de ficha (lista das tarefas e informativa) em correspondência uma com a outra dentro da mesma situação. Certas f i chas-informativas podem ser usadas para mais de uma situação. — materiais diversos, também são colocados nesta caixa, classificados por assunto. Por exemplo: fotografias; artigos de jornal etc. Tanto as fichas-lista de tarefas e informativas — como os materiais diversos, são colocados em ordem alfabética. Existe uma terceira caixa que contém o registro do tratamento das informações, ou seja. o produto da aprendizagem dos alunos (relatórios, e t c ) . Esta caixa poderia ser organizada, classificando-se os registros dos alunos, isto é, os relatórios conclusivos das tarefas, por situação e unidade respectiva. Os documentos desta caixa podem ser usados pelo professor como recurso de verificação da aprendizagem. Periodicamente poderá ser feita uma eliminação do material desnecessário, nas caixas, para assegurar espaço à entrada de novas informações. Seria interessante poder conservar uma documentação que possibilitasse comparar, por exem- plo, a evolução da aprendizagem em turmas de anos diferentes. Exemplo da organização de um banco de informações dentro do programa para a 5.ª à 8.ª série: C A I X A S BANCO DE INFORMAÇÕES (pode ser um armário, uma prateleira) ALIMENTOS ALIMENTOS MORADA MORADA DEFESAS DEFESAS Situações Situações Situações Situações Situações Situações • • • • • Ficha-lista Tarefas • • • • • Ficha-informativa Materiais de trabalho Ficha-lista Tarefas • • • • • Ficha-informativa Materiais de trabalho As sugestões apontadas são flexíveis. O professor poderá tentar organizar as informações da maneira que julgar mais prática. A experiência com a versão preliminar mostrou um aspecto particularmente inventivo na organização do BI: ele apresentou diferenças de escola para escola. Segundo, ainda, essa experiência, o banco de informações para a aprendizagem em saúde favorece o treinamento das habilidades do aluno em lidar com documentos, fazer consulta a materiais organizados dentro de um sistema de relações (classificação das situações por assuntos). Através da prática de algumas tarefas pode-se aumentar o número e qualidade das informações já guardadas no "banco," conseguindo-se com isso maior quantidade — e seleção — de ma- Ficha-lista Tarefas UNIDADES ALIMENTOS DEFESAS MORADA Ficha-informativa Materiais de trabalho Relatórios Conclusivos terial de trabalho. A "memória" guarda o trabalho de todos os alunos, emite e recebe informações individuais e do grupo, do professor e de fora da escola. Em certo sentido, os registros guardados no BI abrem a escola à uma realidade externa, da saúde. Lidando com determinados materiais o aluno passa a compreender melhor o significado dos serviços ou recursos existentes na área em que reside, e a tomar consciência da sua utilidade. O BI pode ainda funcionar como uma "unidade de informação" para entidades interessadas em problemas de saúde, pois os trabalhos feitos pelos alunos contêm dados que podem ser aproveitados . UM PROGRAMA DE SAÚDE PARA AS ESCOLAS DE 1.° GRAU Unidades fundamentais Entende-se que seria proveitoso para crianças no nível da 5.ª a 8.ª série formular um programa que contivesse conhecimentos sobre nutrição, modos de morar e meios de defesa, somando informa ções voltadas para a saúde — indivíduos s meio ambiente. Esses temas tinham sido apontados pelos professores em encontros anteriores e são representativos dos problemas encontrados na maioria da população escolar. Formam três unidades que se inter-relacionam organicamente através da proposta de situações e tarefas que são trabalhadas pelos alunos. Cada unidade compreende assuntos específicos que formam um texto de consulta para o professor. Os vários textos de cada unidade estão reunidos em diagrama, na 2.a parte, que trata da aplicação prática. Por exemplo: A unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE compreende 6 textos: a morada do homem; os modos de morar do homem e as parasitoses intestinais; os modos de morar do homem e as diarréias; os modos de morar do homem e a esquistossomose; os modos de morar do homem e a doença de Chagas; os modos de morar do homem e a tuberculose. A sugestão básica do Programa é a de desenvolver um aprendizado que se processe através da realização de tarefas concretas, por parte do aluno, levando-o a exercitar idéias e pensamentos e a aproveitar da sua experiência — e da do professor, do seu conhecimento dos textos, da sua estória de vida. Essas tarefas concretas formam o percurso do aprendizado em saúde e são representadas por um conjunto de atividades dentro de uma situação que contém conceitos extraídos do texto de estudo do professor, relativos a uma das três unidades mencionadas. Tal estrutura oportuniza três tipos de reação: física — as crianças podem se movimentar livremente para o desempenho das tarefas; intelectual — os alunos desenvolvem uma série de operações mentais, de raciocínio; emocional — eles expressam emoções e sentimentos. A unidade OS ALIMENTOS E A SAÚDE tem 3 textos: O problema da nutrição e o desenvolvimento dos escolares; o processo da nutrição; a arte de selecionar e preparar os alimentos. Os conhecimentos sobre saúde contidos nos textos do professor são dados ao aluno, no BI, sob a forma de situações que encerram conceitos de saúde, a serem elaborados pelos alunos, através de associações estimuladas no desempenho das tarefas. Essas associações induzem-no a pensar nas suas experiências de vida e a conectar o saber anterior com a vivência do novo conhecimento que está sendo adquirido. Para a unidade AS DEFESAS DO HOMEM foram preparados 3 textos: A vida e o meio; Os processos naturais de defesa; o homem e suas defesas. A situação é mostrada para o aluno sob um nome. É ele que a escolhe e trabalha para descobrir o seu conteúdo. A unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE, por exemplo, no texto 1. do professor, apresenta 4 situações para o aluno: "Além das quatro paredes," "Saúde, nunca tive e tive," "Os nvasores." "Cidade ou Roça?" (ver sumário à página 10 ). O diagrama das situações aparece ao lado do diagrama dos textos para o professor, por unidade, possibilitando-lhe ver o conjunto do Programa. O conhecimento das unidades pode ser desenvolvido através de uma abordagem seqüencial, Isto é, partindo das situações da unidade sobre os alimentos para as da morada e depois as das defesas; ou desenvolvendo simultaneamente o tratamento das situações nas três unidades; ou abordando de forma não seqüencial, ou seja. escolhendo as situações de qualquer unidade e saltando para as das outras duas indistintamente. Na abordagem seqüencial os conhecimentos evoluem numa direção linear, progressiva, formando justaposição de conhecimentos que são depois relacionados. Corresponde ao manejo dado às disciplinas, de modo geral, no ensino convencional. O desenvolvimento simultâneo, em classe, das situações das três unidades, possibilita maior estímulo à associação das situações das diferentes unidades. O aluno pensa numa informação sobre alimentos, por exemplo, relaciona-a com outra trabalhada na unidade da morada ou da defesa. As associações são mais vivas, imediatas, não obedecem a uma ordem preestabeecida. A abordagem não seqüencial obriga a um esforço associativo mais agudo, a ordenar constantemente as idéias para cobrir lapsos de uma informação ainda não assimilada. A experiência prática foi multiforme, mas não suficiente para uma indicação definitiva. Parecenos mais produtiva, entretanto, a que se refere ao desenvolvimento simultâneo. De preferência o professor deverá ensaiar a modalidade que melhor se ajusta às possibilidades de sua escola. O importante é não perder de vista o estabelecimento de relações entre os conteúdos atribuídos às diferentes unidades. O professor poderá selecionar as situações para aprendizagem de acordo com a realidade do meio sócio-econômico de sua escola, com as condições de saúde dos alunos e com o tempo da que poderá dispor dentro da carga horária destinada ao Programa. As unidades, por uma razão evidente, não comportam todos os problemas de saúde, talvez nem mesmo alguns que sejam relevantes no período de idade dos alunos ou nas localidades em que residem. Gripes, sarampo, caxumba, surtos de meningite, incidência de acidentes, ou problemas como o da poluição, do desmatamento, poderão eventualmente interromper ou modificar os conteúdos das situações, causando uma mudança da informação, que embora não contida no texto do professor, poderá ser adquirida numa fonte competente. A estrutura (situações, tarefas) e a metodologia não são alteradas com essa adaptação. Também existe abertura no programa para a participação interdisciplinar — de professores que reconheçam essa vantagem e queiram, em determinadas situações, planejar uma ação integrada de ensino-aprendizagem dentro de suas respectivas disciplinas. Para o início da aplicação do programa da 5.ª a 8.ª série, o professor poderá orientar-se por algumas indicações que passamos a apontar: • estudar os textos informativos do professor sobre saúde e selecionar situações de aprendizagem para os alunos de acordo com a realidade da escola, com os problemas mais importantes para os alunos e os recursos disponíveis para a sua solução, com o desenvolvimento de outras áreas do currículo às quais esses problemas podem ser relacionados, etc; • planejar o local e o equipamento (gavetas, caixas, etc.) necessários à organização do BI; • destacar, do Programa, o material das situações de aprendizagem do aluno: ficha-lista de tarefas e fichas-informativas correspondentes; organizar esse material no BI; ciando a relação dos assuntos com as observações que tenham feito. Nessa ocasião poderá sugerir aos alunos um estudo das situações apontadas para aumentar seus conhecimenos sobre saúde. Explicará que essas situações contêm um certo número de tarefas, que estão todas organizadas em um único lugar, chamado "memória'' ou banco de informações. • preparar o material de trabalho para as situações: coletar dados sobre serviços locais, procurar fotografias, artigos de jornais, de revistas e t c ; organizá-los no BI; • reproduzir os diagramas de cada unidade (indicados no início da 2.".parte) em folhas de cartolina, em tamanho acessível à classe, fixando-os na parede. Para trabalhar nas tarefas os alunos poderão se organizar em pequenos grupos, discutindo primeiramente a escolha da situação; e a seguir buscar a ficha-lista das tarefas, correspondente à situação, fazendo o planejamento da execução das atividades em conjunto. Realizada essa fase preliminar de preparo, o professor começará o Programa, conversando com os seus alunos de modo a que possam estabelecer relações entre corpo-saúde-aprendizagiem-vida-trabalho. Por exemplo, partindo de uma indagação do tipo "Que vocês gostariam da estudar em saúde?" "Como vocês acham que deveriam estudar saúde?" No início, por falta de hábito, os alunos poderão depender um pouco mais de esclarecimentos do professor. Mas, a experiência preliminar mostrou que gradativamente os alunos adquirem autonomia no trabalho. Após os comentários dos seus alunos, o professor poderá mostra-lhes os diagramas, eviden- O professor poderá acompanhar o desenvolvimento individual de cada aluno através do registro, em uma ficha, de suas observações. DOCUMENTAÇÃO DE APOIO Usamos para esta parte do Programa, uma pequena bibliografia, que pelo seu caráter variado, resolvemos chamar de documentação de apoio. Na área de educação, incluimos os seguintes livros: SCHWARTZ, Bertrand. A educação amanhã: u m projeto de educação permanente; trad. de Paulo Rosas. Petrópolis, Editora Vozes, 1976, 407p. • Publicação que ajuda a fazer uma revisão de posições do ensino. CUNHA, Luís Antônio. Educação e desenvolvimento social no Brasil. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves Editora, 1975, 291 p. • Neste livro há uma tentativa de mostrar a realidade do ensino no Brasil. Vários aspectos são focalizados, entre os quais o problema da educação em termos de distribuição de renda; da escolarização desigual; do desempenho desigual, visto através do problema da fome e da marginalidade cultural. GORMAN, Richard M. Descobrindo Piaget: um guia para educadores; trad. de Maria Lúcia Freire Esteves Peres. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1976, 132p. • Baseia-se em princípios do desenvolvimento intelectual, segundo Piaget. Apresenta uma série de situações práticas, em linguagem acessível. PHILLIPS, John L. Origens do Intelecto: a teoria de Piaget; trad. de Agnes Cretella. São Paulo, Editora Nacional, Editora da USP, 1971, 161p. • Aborda os períodos de desenvolvimento intelectual de acordo com a teoria de Piaget, seguidos de exercícios e explicações que ajudam os educadores interessados na sua aplicação. PIAGET, Jean. Biologia e Conhecimento — ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognoscitivos; trad. de Francisco M. Guimarães. Petrópolis, Editora Vozes Ltda., 1973. 423p. • Importante publicação para consulta. Requer um grande conhecimento do pensamento de Piaget. • REVISTA ARGENTINA DE PSICOLOGIA.Cuerpo, Espacio y Movimiento. Buenos Aires, Ediciones Nueva Vision, Ano V, n.° 17-18, 1974/1975. • TURNER, Johanna. Desenvolvimento Cognitivo; trad. de Álvaro Cabral, Rio de Janeiro, Zahar Editores. 1976, 177p. • Aborda aspectos da teoria do desenvolvimento intelectual segundo Piaget. Também aborda aspectos do desenvolvimento da percepção e do desenvolvimento conceituai. Considera posições teóricas de diferentes autores. CARVALHO, José G. Herculano. Teoria da Linguagem — natureza do fenômeno lingüístico e análise das línguas. Coimbra, Atlântida Editora. 1973. 381p. Livro para educadores interessados no problema da linguagem em relação à educação. Contém artigos que podem ser utilizados para uma melhor compreensão do corpo na aprendizagem. JORNAL DO BRASIL, Revista de Domingo. Suplemento. Como educar 7 milhões de crianças brasileiras. Rio de Janeiro, JB, 03/10/76. Pag. 5. • Entrevista realizada em Pernambuco, Minas Gerais, Paraíba, Ceará. Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, através das sucursais do JB. Tentam dar um quadro das condições do ensino e dos ensaios que estão sendo feitos por algumas escolas. Na área de biologia, os professores poderiam procurar estas publicações: ASIMOV, Isaac. o corpo humano — sua estrutura e funcionamento; trad. de Verginia Léfèvre São Paulo, Boa Leitura Editora S/A. 305p. • Informa sobre a organização do corpo, esclarece termos científicos que são empregados, e dá noções úteis no campo da saúde. ASIMOV, Isaac. O cérebro humano — suas capacidades e funções; trad. de Verginia Lefevre, São Paulo, Boa Leitura Editora S/A, 335p. • Esclarece sobre processos do sistema nervoso. Interessa à aprendizagem. NILSSON. Lennart; LINDBERG. Jan. A descoberta do homem: uma viagem fotográfica pelo interior do corpo humano; trad. de Jaime Bernardes. Rio de Janeiro, Editora Nórdica Ltda., 1974. 25p. • Publicação útil a professores e alunos no campo da aprendizagem em saúde. Mostra órgãos internos do corpo em fotografias a cores, ampliadas, de muita beleza. COUSTEAU, Jacques. Instinct and Intelligence — The ocean World of Jacques Cousteau. World Publishing — Times Mirror, New York. 1973. • Na área literária lembramos: Revela aspectos curiosos do comportamento dos animais, com ilustrações. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas; 3.ª ed., Livraria José Olímpio Editora, 1971. São Bernardo. São Paulo, Livraria Martins Editora. 1971. ROSA, Guimarães. Manuelzão e Miguilin — Corpo de Baile; Rio de Janeiro, Livraria José Olímpio Editora. 1976. NETO, João Cabral de Mello. Morte e Vida Severina e Outros Poemas em Voz Alta; Rio de Janeiro, Livraria José Olímpio Editora, 1976. Entre outras, sugerimos a leitura dessas obras que, parece-nos, podem ajudar a refletir sobre situações regionais e problemas humanos. HUXLEY, Aldous. A Ilha; trad. de Gisela Brigitte Laub, 9.ª ed.. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1976. • Na área desenho - humor: Conta a surpresa de um jornalista, numa ilha desconhecida, diante dos modos de vida e de educação. Obra que pode interessar a educadores. CAULUS. Só doi quando eu respiro. Porto Alegre, L & P Editores, 1976. • Uma série de idéias, em linguagem de humor, que podem ser aproveitadas no campo da educação. Na área de documentação cinematográfica, sugerimos, se possível ver os filmes das obras citadas de Graciliano Ramos — "Vidas Secas" e "São Bernardo." Também o filme "Marcelo, Zona Sul" e "Lição de Amor," que tratam de problemas de adolescentes. Havendo oportunidade, os documentários levados pela televisão — Rede Globo — "O começo da vida" e "O mundo que os nossos olhos não vêem," são, entre outros, de extremo interesse para professores empenhados na educação em saúde. Outras manifestações culturais, como teatro, música, etc., podem ser procurados, com vantagens para os educadores que se preocupam em alargar seus conceitos de aprendizagem. APLICAÇÃO PRÁTICA DO PROGRAMA DE SAÚDE PARA AS ULTIMAS SÉRIES DO PRIMEIRO GRAU AS UNIDADES DIAGRAMA DOS TEXTOS DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES OS ALIMENTOS E A SAÚDE DIAGRAMA DOS TEXTOS Unidade — OS ALIMENTOS E A SAÚDE Texto I - O Problema da Nutrição e o Desenvolvimento dos Escolares Introdução: — Esta unidade, como as demais deste Programa, vincula-se a uma indagação fundamental: como e o que ensinar, para que os alunos se engagem em um esforço consciente no sentido de vida com saúde; para que se tornem capazes de fazer as melhores opções cabíveis em cada situação de vida, no que concerne às necessidades básicas • • • de nutrir-se, de morar, de defender-se contra a doença, de participar construtiva e satisfatoriamente na v i da social. Esta unidade, como as demais do Programa, foi elaborada a partir dos problemas e indagações levantados por professores do 1.° grau que, de um modo ou de outro, participaram da feitura destes materiais. Os problemas, as indagações iniciais: — Entre os problemas mais freqüentes e mais preocupantes, os professores costumam ressaltar o da má saúde dos seus alunos, particularmente a subnutrição, cuja interferência na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças é claramente percebida. Os depoimentos desses professores retratam situações que, por serem tão freqüentes, não poderiam ser ignoradas no momento de se decidir sobre o conteúdo e a abordagem desta Unidade. Levamos também em conta o que vários entre eles disseram: "nós não fomos preparados para lidar com os problemas da pobreza . . . depois do curso de formação, o confronto dos nossos planos de ensino com a realidade das classes menos favorecidas é sempre um choque. Não se sabe o que fazer, como realizar o trabalho." As repercussões dos problemas de carência de saúde e de alimentação deficiente, no processo de aprendizagem são descritos pelos professores: " . . . esses alunos parecem sempre sonolentos, cansam-se facilmente, têm dificuldade de atenção e concentração . . . " e observam: "muitos vão sendo reprovados e acabam deixando a escola . . . alguns voltam mais tarde, como alunos dos cursos supletivos, trazendo as marcas das carências econômicas e sociais." Uma indagação que se repete é como conduzir o processo de ensino-aprendizagem em classes onde predominam alunos inquietos, desatentos que, em jejum ou semi-jejum, não estão em condições de participar do trabalho escolar. No correr das nossas discussões com os professores, ficou claro que o problema é mais grave nas primeiras séries, contribuindo certamente para os altos índices de evasão. Através da evasão vai havendo uma seleção natural", dizem os professores, com um certo humor. Reconhecem ainda os professores a tendência, à qual dificilmente escapam, de dar mais atenção, de acompanhar com mais interesse os alunos que respondem melhor ao esforço de ensinar, agravando assim as más condições de aprendizagem dos alunos carentes. As declarações de todos os professores que conosco colaboraram na elaboração deste manual coincidem quanto às grandes dificuldades dos alunos desnutridos para acompanhar as aulas e participar das atividades de aprendizagem. Evidentemente é difícil saber o que se deve à desnutrição apenas e o que é agravado por um ambiente pobre em estímulos psicossociais. Carência alimentar e aprendizagem: — O processo de aprendizagem é um processo ativo, é um trabalho, e como tal requer ENERGIA. Energia esta que é fornecida pelos alimentos; O corpo humanos funciona à custa da energia contida nos alimentos. Estes, após ingerjdos e desdobrados em elementos mais simples, pelo processo de digestão, são levados pela corrente sangüínea até cada uma dos bilhões de células do nosso corpo. É nas células que se realiza a. oxidação das substâncias alimentares que contêm energia (principalmente os chamados.hidratos de carbono ou açúcares) . A oxidação. ou combustão dos alimentos, significa que há uma reação nas células com a presença do oxigênio que chegou até elas através do sangue que irriga continuamente todas as partes vivas do nosso corpo. É essa energia química, liberada pelo processo de oxidação e transformada em outros tipos de energia — energia térmica (calor) e energia mecânica (trabalho muscular) — que vai atender aos gastos de energia com a manutenção das funções vitais do organismo, tais como a respiração, a circulação, a digestão, a excreção, a regulação térmica, o trabalho muscular. bem como a atividade do sistema nervoso, o cérebro inclusive. Embora o processo de aprendizagem não seja um processo puramente intelectual, de cerebração, pois envolve o corpo nos processos de percepção e de relacionamento com os objetos da aprendizagem, focalizaremos primeiro as necessidades energéticas do sistema nervoso central, principalmente o cérebro. A atividade do cérebro requer uma alta quota de energia. Mesmo no corpo em completo repouso. o cérebro está sempre vigilante, presidindo à manutenção da integração do organismo, ao funcionamento coordenado de todas as suas partes. A energia necessária à sua tremenda e constante atividade de registrar, organizar, coordenar. interpretar e responder aos estímulos e às in- (*) Glicose é a molécula do açúcar simples, fabricado pelas plantas verdes clorofiladas a partir do gás carbôni- formações do ambiente — essa energia, o cérebro obtém da glicose(*) que circula no sangue. No corpo em repouso, o cérebro consome cerca de 2/3 do total da glicose existente no sangue circulante (e aproximadamente 45% do oxigênio inspirado). O cérebro humano requer entre 100 e 145 grs. de glicose por dia. Mesmo em situações de carência alimentar, quando a dieta não fornece a energia requerida para a manutenção das funções normais do corpo e para o seu trabalho, o cérebro não reduz a sua exigência de glicose e de oxigênio, pois isso seria incompatível com a vida. Aliás o cérebro é o órgão mais bem protegido contra carências nutricionais. Explicando, o cérebro é capaz de aproveitar produtos do metabolismo das gorduras e de proteínas para a produção da energia de que necessita. Quando em jejum ou em regime alimentar carente prolongado, o organismo — para atender à exigência do cérebro em glicose — recorre a uma série de ajudas: primeiro lança mão das suas reservas de glicose (sob a forma de glicogênio. no fígado principalmente), depois às reservas de gordura e às proteínas dos músculos esqueléticos. A reserva armazenada no fígado não chega a 100 g não dá para muito tempo; além disso. o fígado tende a não ceder todo o seu glicogênio; guardando algum para poder atender a necessidades de emergência do corpo. Conseqüentemente a reserva do fígado não é suficiente nem mesmo para o período entre a última refeição da noite e o café da manhã seguinte. Estudos de laboratórios mostraram que já por volta das primeiras horas da madrugada, começam a aparecer no sangue certos aminoácidos precursores da síntese da glicose em situações de emergência. co e da água com a ajuda da luz solar, no processo da fotossíntese. É a substância alimentar armazenadora de energia por excelência. O gráfico abaixo mostra o suprimento de energia para o cérebro: em condições normais (barra A ) ; e em regime caloricamente insuficiente, no qual a glicose disponível só pode cobrir 30% da necessidade (barra B) (*) GASTO DE ENERGIA (PERCENTAGEM) OUADRO I Uma alimentação insuficiente, principalmente quando associada a doenças parasitárias e Infecciosas. leva o organismo a utilizar substâncias essenciais como proteínas e lipídios para a produção de energia. Não é difícil Imaginar o desgaste e prejuízos orgânicos resultantes de uma alimentação quantitativa e qualitativamente deficiente. cisão os padrões de defesa evidentes entre os seus alunos mais atingidos pelo problema de má alimentação. Nessas condições, mesmo tendo em conta o papel de outros fatores, a aprendizagem — que implica atividade, experimentação, atenção, reflexão sobre a experiência vivida, adaptação a novas s i tuações — só poderia ser o que vem sendo nesses casos: pobre, inadequada, ineficiente e sem significação para a mudança das circunstâncias de vida geradoras de carência nutricional. Pois esta raramente ocorre como um fenômeno isolado. Ao contrário, ela se manifesta como efeito e causa no ciclo da pobreza e má saúde, em estreita interação com outras formas de carência nas condições de trabalho, de educação, de habitação. O quadro a seguir, elaborado por um grupo de professores em treinamento, pode ser um ponto de partida para o estudo da situação de desnutrição na escola e procura de uma atuação condizente com a realidade daqueles alunos que — em números não desprezíveis — freqüentam as nossas escolas em precárias condições físicas e psíquicas para o trabalho de aprendizagem. QUADRO II O organismo recorre a vários meios para preservar a sua integridade, para sobreviver. Em regime alimentar carente, trata de gastar com mais parcimônia a sua energia, reduz a sua atividade; sua atenção e prontidão de resposta aos estímulos do ambiente são visivelmente diminuídas. Os professores, em geral, mostram-se muito observadores. sendo capazes de descrever com pre(*) "The physiology of starvation", de Vernon R. Young & Nevin Scrimshaw, In Readings from Scientlfic American, FOOD. 1973 Causas e conseqüências da subnutrição em esco lares (definidas por professores do 1.° grau). As dificuldades de aprendizagem mencionadas pelo professor resultam — via de regra — de pelo menos duas séries de fatores imediatos: 1) o consumo insuficiente de alimentos e a decorrência imediata da interação má — nutrição — infecção; 2) deficiência de estímulos psico-sociais que comprovadamente prejudica a aprendizagem mesmo em crianças bem nutridas. São fatores condicionados por um conjunto de circunstâncias comuns, entre as quais se destacam a habitação insuficiente e a baixa renda familiar, a educação ausente e inadequada, os limitados e distantes recursos de saúde. As práticas culturais e os comportamentos que agravam essas circunstâncias, decorrem por sua vez dessas mesmas circunstâncias. Cada vez mais, os professores se dão conta de que a saúde e a alimentação não podem ser ignoradas no processo de ensino-aprendizagem. Cada vez mais, sentem a necessidade tanto de recursos para a alimentação e a saúde como de informações especializadas no campo da nutrição e biologia humana e conhecimentos práticos relativos aos problemas de saúde mais freqüentes. Os meninos, na faixa de idade da 5.ª à 8.ª série, mesmo os duramente atingidos pela carência econômica e seus efeitos sôbre a saúde, dispõem de um potencial de interesse por tudo que se relaciona com seu corpo e a sua nutrição. Há experiências bem sucedidas de ensino centrado no estudo e na busca de soluções práticas para as necessidades de alimentação e saúde identificadas pelos próprios alunos. Os trabalhos realizados no curso da aplicação experimental que antecedeu à elaboração da presente edição mostraram a viabilidade do ensino aliado a projetos de ação elaborados com os alunos a partir do levantamento e estudo das necessidades e dos recursos alimentares. Como ajuda para a avaliação dos recursos alimentares, foi elaborada uma tabela concisa de composição química dos alimentos mais comuns, a qual integra este texto. TABELA DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS INSTRUÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DA TABELA 01: A tabela 01 apresenta a composição química de vários alimentos e de algumas preparações muito utilizadas nas diversas regiões do Brasil. Estas preparações foram retiradas de uma pesquisa que está sendo realizada pela Fundação IBGE. Para alguns grupos de alimentos procuramos dar uma análise média, (frutas, folhas, leguminosas) que poderá facilitar uma análise rápida da alimentação. Os alimentos foram analisados por 100g do seu peso cru, líquido — isto é, porção comestível — e, preparações, assim como os produtos industrializados, por 100g do seu peso preparado. Conhecendo-se os cardápios mais freqüentes e a sua composição qualitativa (alimentos que os compõem) e quantitativa (peso de cada alimento), será possível proceder à análise das características do consumo alimentar diário do grupo observado. Por outro lado, tendo-se a Tabela, será possível compor cardápios que atendam as necessidades do grupo. Outras vitaminas e elementos minerais não foram acrescentados nesta Tabela por serem desconhecidas as suas necessidades no organismo humano. Consideramos que, se a dieta é bem equilibrada, principalmente em calorias e proteínas, os demais elementos estarão presentes em proporções adequadas. TABELAS CONSULTADAS • Food Composition Table For Use East Ásia - FAO/U.S. Department of Health, Education and Welfare • Composition of Foods - U.S. - Department of Agriculture • Tabela de Composição Química dos Alimentos - Guilherme Franco • Tables de Composition (Mineraux et Vitamines) - FAO • Tabla de Composición de Alimentos para uso en América Latina - INCAP-ICNND TABELA 01: ORGANIZADA POR: — DORA ZAVERUCHA — DR. LUIZ CARLOS FERREIRO LAIT DADOS LEVANTADOS POR:— ELVIRA MARIA FERNANDES MACHADO — IRENE MARIA ALVES MACHADO — DELMA ALVES ESCALEIRA COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL N.º ALIMENTO Valor Proteína Energético Cal 9 Lipidios Glicidios Fibra Cálcio Fósforo Ferro 9 g 9 mg mg mg Retinol Equivalente m mg Tiamina Riboflavina Niacina mg mg mg Vitamina C mg 0.06 0.03 0.08 0.05 0.13 0.05 0.10 0.07 0.06 0.38 0.06 0.00 0.03 0.03 0.06 5,2 1.6 1.1 0,4 1.1 2.1 1.3 2.0 1.4 6.0 1.7 0,0 0,8 0,7 1.2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I CEREAIS E DERIVADOS 01 Arroz integral 02 Arroz polido 03 Aveia em flocos 04 Biscoito doce 05 Biscoito salgado 06 Farinha de arroz 07 Farinha de rosca 08 Farinha de trigo 09 Fubá de milho amarelo 10 Macarrão com ovos 11 Macarrão sem ovos 12 Maizena 13 Milho branco-canjica 14 Pão doce 15 Pão francês 357 364 369 407 435 365 412 365 354 388 369 362 354 274 269 8.1 7,2 13.5 9.0 9.6 6.4 11.4 12.0 9.6 12.8 12.5 0,3 8.0 7.5 9.3 1.6 0.6 4.8 7.8 13.2 0.8 7,7 1,3 2.0 4,6 1,2 0.0 1.1 1.4 2.0 76.6 79.7 68.4 74.1 69.7 80.4 73.6 74.1 77.2 72.0 75,2 87.6 76.2 56.3 57.4 0.9 0.6 1.1 0.5 0.5 0.3 0.5 0.5 0,7 0.4 0.3 0.1 0.5 0.3 0.5 22 9 30 22 49 24 44 24 6 31 27 0 17 12 22 250 104 360 67 126 135 125 191 164 183 162 0 174 70 107 2,0 1.3 3.4 1.5 1.6 1.9 1.9 1.3 1.8 2.9 1.3 0.0 1.0 1.2 1.2 0 0 0 0 0 0 0 0 34 22 0 0 0 0.36 0.08 0.20 0,18 0,13 0.10 0,12 0.26 0,20 0,88 0.09 0,00 0.12 0.10 0.08 113 105 126 116 75 120 354 102 149 297 352 1.6 2.2 1.5 1.3 1.8 2,0 1,7 1.8 0,8 5,6 0.6 0,2 0,2 0,3 0.3 0.1 0.1 0,3 0,1 0.3 1,4 0.2 27.3 26.6 29.7 28.5 17,9 28.4 86.4 23.8 36.0 65.4 86,4 0.8 0.8 0.6 0,9 0.4 1.1 1.8 1.0 1.0 18,0 0.1 31 25 45 31 6 22 51 51 35 39 10 49 31 62 37 40 39 48 88 46 82 16 1.4 1,4 3.6 1.0 0.8 1.0 3.1 1.2 1.1 6.8 0.4 65 126 22 300 0 2 0 0 2 3 0 0.07 0,07 0.09 0,11 0,09 0.10 0,08 0,10 0.06 1.35 0.01 0,04 0.04 0,05 0.04 0,03 0.04 0.07 0,03 0,04 0.24 0.02 0.9 0.5 1.0 0.8 1.5 0.7 1.6 0,8 0.7 4.7 0.5 22 28 24 31 16 8 14 8 39 0 0 385 406 284 306 356 0.0 4.4 0.5 0.2 0.6 0.0 12.3 0.2 0.0 0.0 99.5 73.8 72.6 78,0 92,0 0.0 0.3 0.5 0.1 0.0 0 74 70 20 174 0 99 42 16 14 0.1 1.3 1.2 0.8 4,2 0 6 0 0 0 0.00 0.09 0.02 0.01 0,01 0.00 0.09 0.06 0,07 0,09 0.0 1.2 0.4 0.2 0,5 0 0 3 4 0 537 549 18.0 23,2 46.8 44,8 18.6 23.0 2.9 2,9 62 49 555 409 5.7 3.8 5 5 0.56 0,79 0,17 0,14 4,7 15.5 8 1 609 636 296 547 584 19.6 14.0 3.5 30,3 17.6 47.2 63.9 27.2 45.8 52.2 26,4 13.0 13.7 14.4 21.1 0 3,4 3.8 2.2 5.3 575 577 83 1064 620 5.6 3.4 1.8 9.2 10.4 1 7 0 15 2 0.25 1.09 0,04 0.23 0.98 0,34 0,12 0.03 0.16 0,25 2.4 1.7 0.6 2.9 5.0 33 10 4 0 0 — 0 II. TUBÉRCULOS. RAIZES E AMILÁCEOS 16 17 18 18 20 21 22 23 24 25 26 Tubérculos, raízes e amiláceos (média) Banana-da-terrs Batata-baroa Batata-doce Batata-inglesa Cará Farinha de mandioca* Inhame Mandioca Pinhão cozido* Sagú III. AÇÚCARES E PRODUTOS 27 28 29 30 31 Açúcar refinado Doces diversos Melado M e l de abelha Rapadura IV. NOZES E OLEAGINOSAS 32 33 34 35 36 37 38 Nozes e oleaginosas (média) Amendoim Castanha de caju torrada Castanha-do-pará Coco-da-baia Semente de abóbora Semente de gergelim * Excluído da média 10 198 13 38 1212* N.º ALIMENTO Valor Proteína Energético Cal 9 Lipidios Glicídios Fibra Cálcio Fósforo Ferro Retinol Equivalente 9 9 g mg mg mg mmg Riboflavina Níacina Vitamina C mg mg mg mg Tlamina V. LEGUMINOSAS E DERIVADOS 39 40 41 42 43 44 45 46 47 Leguminosas (média) Ervilha em grão Farinha de soja" Feijão Feijão cozido* Feijão soja* Guando Grão-de-bico Lentilha 344 343 356 337 67 400 337 364 340 19.1 22.5 43.4 22.0 4.4 35.1 19,2 18.2 23.7 2.5 2.0 6,7 1.6 0.3 17.7 1.5 6.2 1.3 61.4 61.0 36.6 60.8 12.2 32.0 53.3 61.1 60.7 4.7 4.7 2.5 4.3 0.9 4.2 8.1 3.4 3.2 101 80 263 86 17 226 137 134 68 307 290 634 247 49 546 322 324 353 6,5 5.8 9.1 7.6 1.5 8.5 5,0 7.3 7.0 4 8 8 2 0 2 7 3 0 0.55 0.57 0,83 0.54 0.11 0.66 0.72 0.46 0.46 0.20 0.17 0,36 0.19 0,04 0.22 0.17 0.16 0.33 2.4 3.0 2.6 2.I 0.4 2.2 2,6 1.7 2.4 2 1 0 3 1 0 0 1 5 34 22 15 20 31 36 20 42 40 33 91 27 45 26 31 28 43 2.8 2.8 1.3 1.7 1.6 2.5 1.7 3,3 3.6 2.8 7.0 4.0 3.2 2.0 3.0 1.7 3.2 0.4 0.4 0,2 0.2 0.2 0,5 0.1 0,7 0,7 0.4 1,0 0.2 0.4 0.4 0.5 0.2 0.6 6.6 3.3 2.9 4,1 7.1 6.9 4.1 8.0 7.2 6.5 18.3 4.4 8.1 5.0 5,6 6.1 8.5 1.5 1.1 0.7 0.9 1.7 1.2 0.9 1.7 0,9 1.0 4,0 2.4 3.8 0.9 1.1 1.0 1.3 146 117 43 79 64 132 81 188 203 33 303 477 114 79 183 43 195 58 76 34 23 40 48 54 72 63 58 119 136 34 32 50 36 52 2.3 1,9 1,3 1.7 0.7 2.4 1.7 3,0 1.0 1,0 7.6 0.8 3.1 3.6 3.0 0.7 3.1 472 370 87 263 70 594 330 533 650 3 1960 600 525 250 700 10 607 0,10 0.12 0.08 0.07 0.06 0,10 0.07 0.15 0.20 0,09 0,25 0.09 0.07 0.02 0.11 0.06 0.12 0.18 0.10 0.08 0.12 0.09 0,19 0.14 0,28 0.1 1.0 0.4 0,4 0.6 0.8 0.5 1.5 74 44 12 11 15 101 10 75 0.31 0,11 0.60 0.06 0.22 0.10 0.22 0,04 0,24 1.7 0.7 2.4 3,2 0.6 0.5 0.8 0.3 1.0 92 82 311 80 50 23 97 43 146 32 40 24 27 31 38 35 15 48 36 21 36 1.4 1.2 1.0 1.0 0.9 1.4 1.7 0.7 2.0 2.1 0.8 2.5 0.4 0.3 0.2 0.3 0,2 1.1 0.2 0.1 0.8 0.2 0.3 0.2 7.2 9.8 5.5 6.3 7.7 7.0 8.1 3.4 10.3 8.2 4.6 7,9 1.1 0,6 0.4 1,2 0.6 1.2 0.9 0.4 2.6 1.7 0.6 1.8 27 12 19 23 12 22 32 16 29 84 7 43 38 27 32 31 30 34 24 24 61 90 24 48 1.1 0.7 0.6 0.8 0.6 1.0 2.3 0.6 2.6 1.2 0,6 1.4 115 350 5 0 2 66 380 2 245 31 60 125 0.06 0.05 0.05 0.04 0.03 0.07 0.07 0.03 0.12 0.04 0.06 0.08 0.06 0.04 0.04 0.04 0.04 0.07 0,05 0.04 0.15 0,08 0.05 0.12 0.8 0.6 0,5 0.8 0.4 1.0 0.8 0.2 2.2 0.6 0.7 0.5 34 42 19 5 20 27 11 14 140 47 23 27 VI. VERDURASFOLHAS 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 Verduras-folhas (média) Agrião Alface Almeirão Cebolinha Cheiro-verde Chicórea Coentro Couve Couve-flor Folha de mandioca Folha de abóbora Folha de beterraba Ora-pro-nobis Mostarda Repolho Salsa VII. VERDURASFRUTOS 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 Verduras-frutos (média) Abóbora Abobrinha Berinjela Chuchu Jiló Moranga Pepino Pimentão Quiabo Tomate Vagem COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL I N.º ALIMENTO Valor Proteína Energético Lipidios Gllcídios Fibra Cálcio Fósforo Ferro mg mg mg Retinol Equivalente mmg Tiamina Riboflavlna Niacina Vitamina C mg mg mg mg Cal g 9 9 9 52 134 44 45 42 22 23 2.0 5.3 1.7 1,4 1,1 1.7 0,9 0,2 0.2 0.1 0,2 0.2 0.1 0,1 11.2 29,3 9,5 9,7 9,7 4.2 5.0 0,9 1.1 1,0 0.8 1.0 0.8 0,7 28 38 14 30 37 20 26 50 134 38 40 36 20 30 0,9 1.4 0.8 1.0 0.7 0.4 1.2 1 2 2* 2 1100* 0 0 0,06 0,21 0,01 0.04 0,06 0,04 0.03 0.04 0.08 0.04 0.03 0.05 0.04 0,03 0,4 0.6 0.2 0.3 0.6 0.7 0,3 14 9 5 10 8 26 28 50 162 52 95 62 94 44 46 29 62 69 43 42 32 29 58 32 59 22 36 43 38 43 68 0.8 1.8 0.4 2.1 1.5 1.5 2.6 0,8 0,5 1,2 0.9 1,0 0,8 0.4 0.6 0,3 0.5 0.5 0.5 0.8 0.8 0.3 0,7 0.6 0.4 16,0 0.2 1-1 0.6 0,4 11.0 0.2 0.1 0,2 0.4 0,1 0,2 1.4 0.6 0,3 0.1 0.2 0.1 0.3 0.3 0,2 0.2 0.7 12.5 6,4 13,7 22,0 14,3 23.6 13,1 11.6 7.3 15.6 17.3 10.8 10.5 7.0 8,1 15,2 8.3 15.4 5.3 8.5 10,4 9.8 10.9 16.7 1.3 2.0 0.4 3,0 5.2 0.8 7,6 1.5 0.5 1.6 5,3 0.3 0,4 0.3 0.6 0.7 0.6 0.8 0.2 1.3 1.8 1.8 0.4 0.5 26 13 18 96 48 15 156 4 30 50 22 13 34 24 41 6 20 12 6 29 9 19 30 12 20 47 8 45 33 25 54 18 11 30 26 14 20 14 15 10 13 12 7 29 24 20 16 15 1.3 0.7 0.5 1.8 6.3 1.6 5,0 1.0 2.9 0.5 0,7 1.9 0.7 0.4 0.7 0.4 0.4 0.8 0.2 1.0 1.0 2.3 0.4 0.9 38 20 5 46 48 38 6000 40 30 10 26 0 13 2 2 3 37 210 23 3 40 210 12 0 0,05 0,07 0,08 0.02 0,06 0,05 0,03 0.03 0,04 0.04 0,04 0,06 0.09 0,03 0.06 0,03 0,03 0.05 0.02 0.03 0.03 0.03 0.08 0.05 0.05 0.24 0,04 0,02 0.04 0,06 0.03 0.03 0.02 0.05 0.04 0.16 0.03 0,02 0.02 0.05 0.04 0,06 0.03 0.04 0,07 0.06 0.03 0,04 0.6 1,5 0,2 3,4 1.3 0.6 0.7 0.4 0.3 0,4 1,0 2,4 0.2 0.2 0.1 0.2 0.3 0,4 0.2 0.4 0.4 0.3 0.3 0.5 63 12 61 49 326 17 26 219 35 4 218 12 59 40 51 6 46 53 5 70 6 14 33 3 225 146 441 99 268 143 262 124 245 19,4 21,5 42.0 18.0 16.6 20,4 16,4 22,0 18.1 15.8 6.1 29,0 2,4 21,8 5.7 21,2 3,3 18.7 0.0 0,0 0.0 0.0 0.0 1.2 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.7 0.0 1.0 0.0 11 12 93 92 10 128 10 12 10 180 200 161 118 148 276 174 203 218 2.9 3.2 9.7 1,8 2.3 4.5 2.5 1.3 1.8 7 7 0 0 0 105 0 24 260 0.08 0,08 0.08 0.08 0.12 0.18 0.14 0.07 0.06 0.17 0.17 0.95 0.14 0,15 0.24 0,20 0,15 0,14 4,7 4,7 2.8 2.4 4,7 4.6 4.7 8.0 7.7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 VIII. VERDURAS. RAÍZES E BULBOS 77 Verduras, raízes e bulbos (média) 78 79 80 81 82 83 Alho* Beterraba Cebola Cenoura Nabo Rabanete IX. F R U T A S 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 Frutas (média) Abacate* Abacaxi Ablu Araçá Banana Buriti* Caju Carambola Figo Goiaba Jabuticaba Laranjas Llma-da-pérsia Limão Maçã Mamão Manga Melancia Morango Pêssego Pitanga Tangerina Uva X. CARNES PRODUTOS E VÍSCERAS 108 109 110 111 112 113 114 115 116 Boi, carne gorda Boi, carne magra Boi, carne seca Bucho e tripa Carne de cabrito Carne de caça Carne de carneiro Carne de frango Carne de galinha * Excluído da média COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL N.º ALIMENTO 117 118 119 120 Carne de porco Chouriço e paio Embutidos Enlatados, carne de boi 121 Figado. de qualquer animal 122 Miolo, de qualquer animal 123 Pé. de qualquer animal 124 Pele de porco frita 125 Preá 126 Rim 127 Sanque, de qualquer animal XI 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 Valor Proteína Energético Lipidios Glicídlos Fibra Cálcio Fósforo Ferro Retinol Equivalente Tlamina Riboflavlna Niacina Vitamina C Cal g 0 g mg mg mg mmg mg mg mg mg 200 232 352 18.1 19.5 16.4 15.9 15.1 31.1 0.0 3.3 1.2 0,0 0,3 0.0 10 39 10 207 •190 169 2,7 2.4 6.0 0 0 1 0.88 0.93 0.28 0.21 0,26 0.18 4,7 5,1 3.2 0 0 0 216 18.0 11.3 0.0 0,0 10 168 2.6 0 0.18 0.18 4,5 0 136 19.9 3.8 4.4 0.0 10 318 8.2 8561 0.24 3.01 13.0 26 0 125 10.4 8,6 0.8 0.0 10 312 2.4 0 0.23 0,26 4.4 18 197 548 116 121 20.6 65.0 26.3 15.8 12.1 30.0 0.4 5.4 0.0 0.0 0.0 0.9 0,0 0.0 0.0 0.0 32 17 23 11 136 40 200 218 2.0 2.0 1.9 5.2 0 0 284 146 0.51 0.29 0.07 0.44 0.19 0.05 0,21 2.29 2.8 2.0 4,0 7.4 0 0 0 15 90 20.3 0.1 0.4 0.0 14 84 36.3 23 0.01 0.22 1.2 0 48 87 362 366 50 125 75 193 82 88 298 160 100 82 1.8 17.6 62.4 78.0 7.6 20.1 16.6 40.2 16.2 19.9 20.9 23.0 17.9 17.5 0.2 0.9 3.5 0.3 1.2 3.3 0.5 1.8 1.3 0.3 23.2 6.8 2.0 0.8 11,5 0.9 15.6 0.0 1.6 2.5 0,0 1,4 0.4 0.0 0.5 1.5 1,3 0.0 0.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0,0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 510 79 236 4610 52 35 20 190 161 3 402 321 107 107 12 184 995 3100 160 346 100 250 292 140 432 361 192 146 56.0 1.6 4.6 41.0 12.7 1.1 0.7 0.9 2.2 0.3 3.2 3.4 1.8 1.5 25 20 0 0 430 0 32 0 26 5 5 8 36 5 0.00 0.04 0,16 0.07 0.02 0,20 0.15 0.08 0.04 0.10 0.03 0.15 0.05 0.25 0.03 0.08 0,34 0.62 0.12 0.10 0,10 0.31 0.13 0,06 0,12 0.22 0.08 0.50 0.5 2.3 9.5 2.2 2.0 3,2 3.2 4.6 2.0 1,2 5,7 5.9 3.0 2,6 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 105 13,6 4,2 2.9 0.0 94 152 0.3 40 0.03 0.25 0.1 0 456 321 45 63 61 8.1 8.1 1.1 3.1 3.6 45,1 8.7 1.0 3,5 3,0 6.4 54.3 8.1 5.0 4.9 0.0 0,0 0.0 0.0 0.0 59 262 14 114 123 25 206 8 102 96 0.2 0,1 0.2 0.1 0.1 370 87 0 38 33 0.02 0,08 0.02 0.04 0,04 0.11 0.38 0.02 0.14 0.18 0.1 0,2 0,02 0.2 0.1 1 1 0 1 1 70 229 393 392 288 76 3,7 17.5 36.0 28.3 16.0 3.5 3.8 24,7 26.0 30.6 21.4 0,1 5.3 1.8 2.9 0.6 0.2 15.5 0.0 0.0 0.0 0.0 0,0 0.0 127 105 1140 840 565 120 99 184 781 630 875 100 0.1 0,5 0.4 0.6 0.6 0,0 39 240 254 240 210 0 0,04 0.04 0.02 0.04 0.01 0.03 0.20 0.75 0.73 0.50 0.54 0.15 0.1 0.8 0.2 0.4 0.1 0.1 1 0 0 0 0 0 163 12.9 11.5 0.8 0.0 61 222 3.2 530 0.10 0.30 0.1 0 PESCADO Algas marinhas / Camarão fresco Camarão seco Farinha de peixe Mariscos Ovas de peixe Peixe fresco Peixe salgado Pitu Rã Sardinha ao azeite Sardinha ao tomate Siri Tartaruga e tracajá . XII. PRODUTOS LACTEOS 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 Coalhada caseira Creme de leite tipo caseiro Leite condensado Leite materno Leite de vaca. fresco Leite de vaca. tipo C Leite em pó reconstituído (pó 14g. água 86g) Queijo-de-minas Oueijo parmezão Oueijo prato Requeijão Yogurt XIII. O V O S 154 Ovo de galinha ALIMENTO N.* A L I M E N T O S POR 100g D E PARTE COMESTÍVEL COMPOSIÇÃO DE Valor Proteína Energético Lipidios Glicidios Fibra Cálcio Fósforo Ferro Retinol Equivalente 0 9 g mg mg mg mmg Tlamina Riboflavina Niacina Vita mina C mg mg mg mg Cal g 878 902 883 716 720 884 665 737 0.0 0.0 0.0 0.6 0,6 0.0 8.4 4.5 99.1 100.0 99.9 81,0 81.0 100.0 69.3 79.6 0.4 0.0 0.0 0.4 0.4 0.0 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0,0 0,0 0.0 0.0 7 0 2 20 20 0 13 3 8 0 3 16 16 0 108 27 5.5 0.0 0.0 0,0 0.0 0.0 1.2 0.7 45920 0 0 652 792 0 0 0 0.00 0.00 0.00 0,01 0,00 0.00 0.36 0.22 0.00 0,00 0,00 0.02 0,00 0,00 0.11 0.05 0.0 0.0 0.0 0.1 0,0 0.0 1.8 1.2 0 0 0 0 0 0 0 0 231 33 0.0 5.0 0,0 1,7 0,0 13.4 0.0 0.0 0 84 0 84 0,0 3,3 0 0 0,00 0.17 0.00 0.17 0.0 15.0 0 0 51 129 36 39 31 0.9 0.0 0.3 0.0 0.0 1.0 0.0 0.0 0.0 0.0 13.4 35.0 5.1 10,0 8,0 5.0 0,0 0,0 0.0 0.0 10 179 0 2 0 14 383 15 1 0 0.2 5.6 0.1 0.0 0.0 0 0 0 0 0 0.00 0.00 0.01 0.00 0,00 0,00 0.21 0.03 0.00 0,00 12.0 30.6 0.6 0.0 0.0 0 0 0 0 1 334 384 6.6 1.1 4,6 36.8 78.2 13,9 14.5 0.0 120 9 116 30 5,6 0.4 60 34 0.09 0.02 0,19 0.03 1,7 0.0 7 0 39 54 1.7 0.0 0.2 0.3 8.9 14.3 0.4 0.5 13 7 34 10 1.7 0.8 160 15 0.09 0.00 0.05 0.05 1.4 0.3 33 2 238 424 215 385 393 53 0.1 13.5 19.2 13.5 8.5 0.4 0.1 7.8 12.7 2.5 2.8 0.1 61,6 75.1 50.2 78.0 83.9 13.4 0,0 0,3 5.2 0.0 0.0 0.0 18 260 152 550 225 10 6 260 686 450 300 12 1.3 4.6 10.7 12.5 3,1 0.6 1 150 2 415 482 20 0.01 0.36 0,11 0,45 1.01 0,03 0.03 0.26 0.46 0.55 1,70 0.02 0.2 3.5 2.4 7.5 11.5 0.2 3 0 0 0 4 18 102 138 359 339 290 152 111 254 418 120 118 38 650 0.3 2.4 1.8 7,2 5.1 8.6 3.4 4.4 7.4 0.6 4.4 1.2 11.3 0,7 2.1 0.5 7.5 6.7 8.6 0.4 7.6 14.1 0.1 1.9 1.5 61.4 24.6 26.2 86.9 60.6 54,3 10.5 23.0 42,9 70.5 24.5 21.4 5.2 0.0 0,2 0.3 1.9 0,2 0.4 0.7 0.1 1.7 1.0 0.6 0,4 0.0 0.0 2 7 158 217 32 22 8 18 45 21 38 2 40 55 15 111 266 97 77 50 140 147 16 86 19 227 0.6 0,5 5.8 1.2 1.1 2.3 0.4 0.9 2.3 1.1 0.9 0.4 10.0 11 1 0 138 68 1 0 12 2 0 31 13 0 0.07 0,03 0.09 0.16 0.10 0,13 0.01 0.16 0.25 0.02 0.12 0,01 0.13 0,02 0.01 0,08 0.19 0.07 0.08 0,01 0,11 0.08 0.02 0,08 0,02 2,25 0.6 0.4 1.7 1.5 0,5 1.1 0,3 1,6 4.9 0,5 1.6 0.5 1.8 0 0 15 0 1 1 0 55 1 5 13 6 0 96 3.5 3.3 15.5 0.2 77 69 0.4 30 0.03 0.13 0.4 4 80 0.8 0.8 20,6 0.4 11 13 0.6 14 0.03 0,03 0.2 16 XIV, GORDURAS 155 156 157 158 159 160 161 162 Azeite de dendê Indust. Banha Gordura de coco Manteiga Margarina vegetal ó l e o vegetal Toucinho de fumeiro Toucinho fresco XV 163 164 165 166 167 168 169 BEBIDAS ALCOÓLICAS, EDULCORADOS E INFUSÕES Aguardente Café moído Café infusão de. c/açúcar Café solúvel Cerveja Coca-cola Guaraná XVI 170 171 172 173 CONDIMENTOS Colorau Maionese industrializada Massa de tomate industrializada Urucu XVII. MISTURAS I N DUSTRIALIZADAS 174 175 176 177 178 179 Geléia de fruta Farinha Láctea Nescau Neston Ovomaltine Suco de fruta XVIII PREPARAÇÕES 180 Angu de milho 181 Arroz c / f e i j ã o (70/30) 182 Beiju 183 Bolo de trigo 184 Bolo de milho 185 Feijoada caseira 186 Macarrão cozido 187 Pamonha 188 Pé-de-moleque 189 Pirão 190 Purê de batatas 191 Sopa de qualquer tipo 192 Torresmo 193 Vitamina de frutas com leite 194 Vitamina de frutas sem leite CORRESPONDÊNCIA ENTRE ALIMENTO CRU EM GRAMAS E MEDIDAS CASEIRAS 1. 2. 3. Óleo — 15 g = 1 colher de sopa = 10 ml Arroz — 30 g = 1 colher de sopa Feijão — 20 g = 1 colher de sopa 4. 5. 6. Fubá — 15 g = 1 colher de sopa Macarrão — 40 g = 3 colheres de sopa Farinha de mandioca — 20 g = 1 colher de sopa 7. 8. 9. 10. Ovo (médio) — 1 Carne seca — 30 Carne — 70 g = Peixe — 50 g = ovo = 50 g g = 1 colher de sopa 1 bife médio; 25 g = 1 colher de sopa de carne moída 1 posta de tam. médio = 1 colher grande, de pau 11. Folhas Alface — 20 g = 4 folhas Couve — 20 g = 2 folhas 12. Legume-Fruto 1 pedaço de 5 x 7 cm = 100 g 13. Tubérculo 1 pedaço de 5 x 4 cm = 50 g 14. Legume — Bulbo 1 batata média = 50 g 15. Leite fresco — 1 copo = 200 ml = 200 g 16. Leite em pó integral — 2 colheres de sopa = 14 g + 86 ml de água = 100 ml de leite reconstituído 17. Coalhada — 150 ml = 1 xícara = 150 g (idem Yogurt) 18. Pão — 1 pão pequeno = 40 g 19. Queijo — 1 fatia pequena (1 dedo de largura) = 30 g 20. Manteiga — 1 colher de chá = 5 g 21. Açúcar — 1 colher de sopa = 20 g 22. Frutas 1 banana pequena = 100 g 1 laranja = 150 g Texto 2 — O Processo da Nutrição Nunca é demais lembrar que somos parte da natureza, que o nosso corpo, do mesmo modo que o corpo dos demais animais e das plantas, é formado de alguns poucos elementos do solo. do ar e da água. E que para o crescimento, vida e atividade do corpo, é imprescindível um consFig tante consumo de energia e renovação dos elementos que o constituem. São produtos do reino vegetal e do reino animal. que chamamos alimentos, que nos fornecem as substâncias orgânicas e os minerais que compõem o nosso corpo, e a ENERGIA essencial à vida. 6 Não somos como as plantas, que têm a capacidade única de utilizar diretamente a luz solar como energia transformando os elementos não vivos do ar, da água e do solo em matéria orgânica. Posto que os homens e os animais dependem fundamentalmente dos vegetais para obter a energia e o nutrimento imprescindível à sua sobrevivência, é bom começar o estudo da nutrição humana com alguns fatos da nutrição da própria planta. a fotossíntese e a formação dos açúcares — primeira fonte alimentar de energia. As células das folhas verdes, utilizando a luz solar, fabricam o açúcar ou glicose, que é o combustível básico para todos os processos de vida na Terra. Cada molécula do açúcar produzido pela planta através da fotossíntese contém, sob a forma de energia química, um pouco da energia luminosa do sol. Todas as células vivas do nosso corpo obtém a energia de que necessitam "queimando" a glicose que lhes chega com o sangue. Esse processo de "queima" ou oxidação se realiza em presença do oxigênio que também é levado a cada célula pela circulação sangüínea. Inúmeras plantas — que armazenam em seus caules, bulbos, raízes ou sementes, substâncias nutritivas mais complexas — foram adotados como alimentos básicos, por numerosas populações. Entre os mais utilizados destacam-se o feijão, o arroz, o milho, o trigo, as batatas, a mandioca; esses alimentos vegetais, além do amido e outros glicídios presentes em altas perFig 5 centagens, contém em maior ou menor percentagem aminoácidos (proteínas), minerais, lipídios 6 vitaminas. O uso de folhas tenras de muitos desses e outros alimentos vegetais suplementa o valor nutritivo dessa dieta básica de vegetais. A dependência que tem o homem das plantas verdes, para sobreviver, pode ser visualizada na figura abaixo: No solo como nas águas, a vida depende fundamentalmente dos vegetais verdes que, utilizando a energia luminosa do sol, combinam os elementos inorgânicos, transformando-os em fontes de substâncias nutrientes e de energia para os seres animais Além do açúcar e de outros glicídios. as plantas verdes produzem outras substâncias químicas que são NUTRIENTES (ou NUTRI MENTOS) (*) que vão assegurar a sobrevivência do homem, quer diretamente, quer através de animais que se nutrem das plantas verdes. (*) Nutrientes ou Nutrimentos são as substâncias nutritivas básicas contidas nos alimentos: o açúcar e outros glicídios; os aminoácidos; os lipídios, as vitaminas e todas as outras substâncias indispensáveis à formação e à manutenção da vida do corpo. São também conhecidos como princípios nutritivos. Aminoácidos — materiais muitas outras funções. de construção, com Nem todo o carbono de todas as moléculas do açúcar produzido pela fotossíntese é oxidado na planta. Parte dele se une com nitratos (NH3) que a planta retirou do s o l o . Assim são formados os aminoácidos — as pedras de que se constróem as diferentes proteínas. O termo proteína, de origem grega, de uma palavra s i g n i f i cando "o que t e m primazia", refere-se não a uma única espécie de substância mas a milhares delas, todas formadas de aminoácidos que se combinam, se ordenam, se arranjam, de acordo com o modelo particular a cada tipo de proteína, em cada espécie de ser v i v o . A maioria dos vinte aminoácidos que constituem as nossas proteínas, podem ser sintetizados por nosso próprio organismo, a partir de outras substâncias; mas oito aminoácidos para os adultos e Fig 7 dez para as crianças, não podem. São os chamados aminoácidos essenciais que devem ser fornecidos pelos alimentos. As proteínas constituem o mais importante c o m ponente do corpo humano. Têm miríades de formas e funções: São componente essencial de todas as células do corpo. Tanto as células que formam a nossa pele, quanto as que formam os nossos nervos, o nosso sangue ou qualquer outra parte do nosso corpo, são basicamente feitas de proteínas. São muitas as espécies de proteínas e têm muitas funções diferentes. Existem as proteínas que servem para a construção dos tecidos. existem as proteínas que ajudam na defesa do organismo (os linfócitos. os anticorpos e t c ) . existem as que possibilitam o metabolismo (as enzimas), e assim por diante. Das proteínas totais do corpo humano, mais de 1/3 estão nos músculos ( m i o s i n a ) ; 10% estão na pele (querat i n a ) ; 2 0 % estão nos ossos e cartilagens. Os aminoácidos que formam as proteínas do corpo humano são os mesmos encontrados nas plantas. Comidas pelos animais, as proteínas vegetais são transformadas em proteínas animais. As carnes e as vísceras do gado, dos peixes, das aves; o leite, os ovos etc. são alimentos ricos em proteínas capazes de serem totalmente aproveitadas por nosso organismo para as suas funções essenciais: formação e reposição dos Fig vários tecidos (músculos, ossos, pele e t c ) ; produção de hormônios, de defesas celulares etc. São proteínas categorizadas como de alto valer biológico. Isto porque a sua composição em aminoácidos é muito próxima à das proteínas do nosso corpo, contendo em proporções adequadas todos os aminoácidos que não podemos sintetizar. 8 quase nenhuma proteína Se consideramos, no entanto, que no processo de digestão, qualquer proteína ingerida (animal ou vegetal) é desdobrada em seus aminoácidos, os quais — por sua vez — depois de transferidos para o sangue, vão se combinar e se arrumar nas células de acordo com os modelos de proteínas do corpo onde se encontram, podemos compreender porque as pessoas e grupos de população podem manter-se satisfatoriamente nu- tridas, atendendo suas necessidades em proteínas com diferentes tipos de alimentação — desde as exclusivamente vegetarianas até às baseadas predominantemente em alimentos de origem animal. O que importa é comer combinações de alimentos que proporcionem, nas quantidades convenientes, os aminoácidos para a formação das nossas proteínas. Fig 9 FEIJÃO (proteína carente em metio nina) ANGU (de farinha de milho) (proteína carente em lisina) proteínas no estômago (D ESTÔMAGO (2) desdobramento das proteínas no tubo digestivo. (3) Os aminoácidos são absorvidos através das paredes do intestino. (4) Os aminoácidos se reúnem de acordo com o modelo de proteína do nosso corpo. Isso implica certamente uma preocupação com a composição das proteínas vegetais, particularmente no que se refere à sua composição am aminoácidos essenciais, isto é, aqueles que o nosso corpo não sabe sintetizar e devem ser fornecidos pelos alimentos que comemos. São oito os aminoácidos essenciais: fenilalanina, leucina, isoleucina, lisina, metionina, valina, treonina e triptofano. Durante a fase de crescimento, as crianças necessitam, além desses, de arginina e de histidina. (Mais adiante, nesta unidade de Nutrição, o professor encontrará indicações práticas para a complementação das proteínas vegetais que em geral apresentam um ou mais aminoácidos essenciais em quantidades insuficientes.) Fig 10 - COMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÍNAS É importante também considerar que a eficácia na utilização das proteínas constantes da nossa alimentação depende tanto da qualidade e quantidade dos aminoácidos por ela fornecidos, quanto da capacidade dessa alimentação de atender às outras necessidades nutricionais do indivíduo. Assim, a eficácia das proteínas ingaridas é diminuída quando o total de energia fornecida pela refeição (medida em calorias) é insuficiente; como é também reduzida quando a quantidade de proteína é muito elevada. Os lipídios Lipídios (da palavra grega lipos que significa gordura) é o nome dado a outro tipo de substâncias orgânicas produzidas pelas plantas a partir das mesmas matérias-primas — carbono, hidrogênio e oxigênio. Estes elementos, porém, se combinam de forma diferente, formando ácidos graxos e glicerol (um tipo de álcool). Costuma-se pensar nos lipídios principalmente como fonte de energia; fornece mais de nove calorias por grama. Junto com os açúcares e outros glicídios. constituem o grupo dos alimentos ditos energéticos. Mas existem outras boas razões para consumirmos lipídios, particularmente os lipídios vegetais: eles são a única fonte de ácidos graxos essenciais, que o organismo humano não pode sintetizar e que são indispensávais à nutrição de tecidos importantes, bem como de fundamental importância na constituição e função das membranas encontradas nas células, principalmente dos mitocôndrios, corpúsculos onde se realiza a respiração celular do organismo. Certas leguminosas como a soja e o amendoim, frutos como o cacau, o abacate e outros, cocos e castanhas, todos abundantes em nosso país de vários tipos de nozes e amêndoas, constituem fonte vegetal de lipídios. A soja, atualmente, ocupa o primeiro lugar na produção mundial de óleos vegetais. Participa, com o óleo de algodão, na fabricação de margarinas, de gorduras comestíveis e de azeites de mesa. Entre os alimentos de origem animal que são fontes de lipídios, podemos destacar a carne de porco, de carneiro, de gado e alguns peixes gordos, de onde, inclusive, são retirados a banha e a manteiga. Além de seu valor energético, de seu conteúdo em ácidos graxos essenciais e vitaminas, os óleos e as gorduras acrescentam sabor à comida, se utilizadas com técnica adequada e com moderação . Os lipídios — quando em excesso — se depositam e formam tecido gorduroso. Embora a gordura seja necessária, em quantidades moderadas, como fonte de reserva de energia e para proteger não só o organismo contra baixas temperaturas mas também os nossos órgãos frágeis, como os rins e os vasos sangüíneos, o seu excesso não traz qualquer vantagem à saúde. Vitaminas Poucas palavras da nutrição terão alcançado tanta popularidade. O seu conceito, porém, permanece bastante impreciso e pouco científico para a maioria das pessoas. É comum ouvir dizer que um alimento é bom porque tem vitamina, que se alguém está resfriado ou não se sente bem, ou deseja melhorar a pele, ou ter mais vitalidade, precisa tomar vitaminas. Mas esse "tomar" está quase sempre relacionado com vitaminas-remédio. compradas na farmácia. Poucos sabem organizar a sua dieta tendo em conta as fontes naturais de vitaminas. As vitaminas encontram-se espalhadas no reino vegetal principalmente. Embora se encontrem também em alimentos de origem animal, pode-se ter como um princípio prático de alimentação que uma dieta rica em frutas e legumes frescos nos dará o suficiente em vitaminas. Um exemplo dramático, freqüentemente citado no estudo da nutrição é o escorbuto, doença grave, que muito sofrimento causou aos homens das longas expedições marítimas, na época das descobertas de novas terras, e que desapareceu desde que os navegadores passaram a consumir regularmente limões e laranjas. Era a vitamina C dessas frutas, que nessa época não tinha ainda sido identificada nem batizada. Sabemos hoje que é o ácido ascórbico, substância orgânica como as demais vitaminas e como estas presente em quantidades muito pequenas em muitos alimentos, principalmente nos alimentos vegetais frescos. Somente no início do nosso século começaram a ser identificadas essas substâncias encontradas em tão pequenas quantidades nos alimentos, mas essenciais à nossa saúde. Em Java, um médico holandês descobriu que o beriberi, doença muito freqüente no ExtremoOriente, dava nas populações que se alimentavam de arroz branco (descorticado), e que o arroz não polido contém uma substância que protege os consumidores de arroz contra beriberi. A essas substâncias, que foram sendo identificadas com relação a doenças causadas por sua carência, foi dado o nome de "vitaminas" por sua grande importância para a vida (1911). E foram sendo designadas com as letras do alfabeto: A, B, C etc. No entanto, à medida que as estruturas químicas das vitaminas se tornavam conhecidas, elas foram recebendo também outros nomes, por exemplo: retinol e retinal para a vitamina A, tiamina para a vitamina B 1, riboflavina para a B 2. ácido ascórbico para a vitamina C. Vitamina A Entre as principais deficiências nutricionais constatadas em nossa população — tanto através da prática médica quanto de estudos e inquéritos (*) figura a hipovitaminosie A. É um problema de saúde não apenas no nordeste onde já havia chamado a atenção. Os primeiros dados já publicados pelo IBGE sôbre o consumo alimentar; antropometria revelam essa deficiência também em outras regiões do País. A deficiência de vitamina A afeta principalmente a visão e a estrutura da pele (a pele seca e escamosa é um sinal comum). O seu consumo adequado é importante para uma boa pele, viçosa e macia; para mucosas sadias. É também importante na formação de dentes sadios. Esta vita(*) Inquérito do IBGE: Estudo Nacional da Defesa Familiar. mina existe na natureza sob duas formas: a primeira é a vitamina A verdadeira ou retinol. componente essencial da retina do olho. A outra forma é o caroteno ou pró-vitamina A. Os carotenos se transformam em retinol durante a absorção intestinal. O retinol só é encontrado em produtos animais, enquanto os carotenos existem em alimentos vegetais. O fígado é o principal órgão de armazenamento da vitamina A no homem e em outros animais. As melhores fontes de vitamina A são portanto, o fígado dos animais; e como é substância l i possolúvel, os óleos de fígado de vários peixes. Os carotenos são fornecidos sobretudo pelos vegetais (ver tabela). A vitamina A suporta muito bem as temperaturas habituais de cocção, mas é sensível à luz, ocorrendo uma perda considerável de carotenos quando, por exemplo, as folhas verdes ficam expostas muito tempo ao sol. As causas mais comuns de carência de vitamina A são por certo: (1) consumo insuficiente nessa vitamina; de alimentos ricos (2) doenças intestinais, como disenterias. diarréias crônicas que impedem a conversão do caroteno e a absorção da vitamina. (3) regime pobre em lipídios, pois a vitamina A não é solúvel na água. A utilização excessiva de laxativos pode provocar uma perda importante da vitamina A. A denominação de vitamina B foi dada primeiro à substância que no arroz curava e prevenia o beriberi, doença muito freqüente no Oriente, cujas populações se alimentavam à base de arroz. Mais tarde verificou-se que se tratava na realidade de diferentes substâncias que foram então sendo chamadas de vit. B1,B2,etc. A vitamina B1 ou tiamina é a que protege contra o beriberi, doença que se manifesta com perturbações do sistema nervoso. A energia usada pelo sistema nervoso vam basicamente dos glicídios. A vitamina B1 desempenha um papel essencial na transformação dos glicídios em energia. Quando há carência da Vitamina B1 ocorrem perturbações do sistema nervoso, cujas manifestações mais graves têm comprometimento cerebral. É uma vitamina que se encontra em numerosos alimentos principalmente nos legumes folhosos, brotos, feijões, amendoim e soja. Existe nos cereais, mas se localiza sobretudo na parte externa do grão. Assim,o arroz polido e a farinha de trigo excessivamente branca não a contém em quantidade suficiente: (ver tabelas). Devido talvez ao largo uso na alimentação do feijão na dieta brasileira, a carência de tiamina não é freqüente no País. Já a vitamina B2 (riboflavina) que é indispensável à respiração das células, intervindo no processo de utilização dos glicídios e das proteínas por nossos tecidos, é insuficiente na dieta brasileira. A sua carência causa alterações nos lábios, na boca, (observadas com freqüência em crianças e adolescentes), bem como nos olhos e outras partes do corpo; é muito freqüente entre as pessoas que se alimentam basicamente de cereais e tubérculos e consomem pouco leite, legumes verdes e produtos animais. Os cereais, assim como os tubérculos. por si só, não satisfazem as necessidades humanas em vitamina B2. Alimentos de origem animal, tais como ovos, fígado, rins. laticínios, ainda que em pequenas quantidades, se adicionados à essa alimentação de cereais e tubérculos impede a arriboflavinose crônica, bastante comum entre escolares de famílias de baixa renda. A Vitamina PP (niacina) faz parte do grupo de vitaminas B; significa simplesmente prevenção da pelagra. Pelagra vem do latim pellis (pele) e do grego agra (pegar); designa uma doença caracterizada pela língua vermelha, inchada, dermatite, diarréia grave, lesões do sistema nervoso. Está presente em quase todos os alimentos. Os grupos humanos que sofrem de pelagra são principalmente os que se alimentam de milho, arroz, mandioca, sem o hábito de comer verduras e leguminosas. O café torrado é muito rico em niacina e o uso desta bebida é um bom meio de prevenção da sua carência, entre os grupos que se alimentam principalmente de milho, arroz, mandioca, sem o hábito de comer verduras. Entre os alimentos animais mais ricos nesta v i tamina, estão o fígado, qualquer tipo de peixe. As necessidades dessas três vitaminas do grupo B estão em relação direta com as nossas necessidades de energia. A vitamina D é indispensável à fixação do cálcio e do fósforo durante o crescimento ósseo e a formação dos gens. É a vitamina anti-raquítica. O raquitismo se manifesta na criança por deformações ósseas, devido a má utilização do cálcio, causada por consumo insuficiente de vitamina D, pouca exposição ao sol ou por esses dois fatores ao mesmo tempo. O organismo guarda a vitamina D nos tecidos adiposos (ela é lipossolúvel) e no fígado. A mulher grávida precisa de uma boa reserva de v i tamina D, no fígado, para que seu filho possa receber durante a amamentação a quantidade necessária e não venha a sofrer de raquitismo. A vida ao ar livre impede o raquitismo, pois os raios ultravioletas do sol fabricam a vitamina D em nossa pele. A vitamina D só existe em produtos animais. (ver tabela) Ácidos graxos essenciais Já vimos que somente os lipídios nos dão os ácidos graxos essenciais, principalmente sob a forma de ácido linoléico. A maioria dos grãos oleaginosos (amendoim e outros) e dos óleos vegetais, bem como a carne de porco, atendem bem às nossas necessidades, (quadro abaixo) FONTES DE ÁCIDO LINOLÉICO (por ordem decrescente) em g por 100 g de parte comestível. Óleo de girassol 63 Óleo de algodão 60 Óleo de milho 53 Óleo de soja 52 Óleo de amendoim 29 Amendoim 14 Margarina 14 Banha de Porco 10 Grãos de Soja 9 Carne de porco medianamente gorda 5 Farinha de aveia 3 Castanha de caju 3 Abacate 2 Ovo 1 Carne de carneiro 1 A vitamina C ou ácido ascórbico encontra-se amplamente distribuída entre os alimentos vegetais, exceto cereais. Com exceção do fígado, não se encontra vitamina C nos alimentos de origem animal. O papel da vitamina C está relacionado com a formação e integridade do tecido conjuntivo do nosso corpo. O tecido conjuntivo une as células, como o cimento liga os tijolos uns aos outros. No caso de deficiência de vitamina C certas células perdem resistência, ocorrem hemorragias e os dentes e tecidos ós- seos não se formam normalmente. A vitamina C protege a gengiva e outras estruturas da boca; sua carência grave causa o escorbuto, doença comum, no passado, entre os tripulantes das longas viagens marítimas, nas quais os marinheiros não podiam contar com alimentos vegetais frescos. O consumo de frutas e legumes crus diariamente é o melhor meio de assegurar a quantidade suficiente de vitamina C. É uma vitamina que não se armazena em nosso corpo; precisamos portanto, de um suprimento diário em nossa alimentação. A vitamina B12 e a formação dos glóbulos vermelhos e brancos do sangue. A vitamina B12 e o ácido fólico intervém na formação dos glóbulos vermelhos e brancos do sangue. A carência de um delas ou de ambos, é responsável por uma doença grave, a anemia perniciosa. A avitaminose B12 pode manifestar-se em pessoas estritamente vegetarianas, pois suas boas fontes são quase que unicamente de origem animal — fígado, rins, carnes, leite, queijo, peixe, e ovos. A vitamina D, também chamada "vitamina do soi," é indispensável à fixação do cálcio e do fósforo durante o crescimento ósseo e à formação dos genes. É a vitamina anti-raquítica. O raquitismo se manifesta na criança por deformações ósseas, devido à má utilização do cálcio, causada por consumo insuficiente de vitamina D, pouca exposição ao sol ou os dois ao mesmo tempo. O organismo armazena a vitamina D nos tecidos adiposos (ela é lipossolúvel) e no fígado. A mulher grávida precisa de uma boa reserva de vitamina D, no fígado, para que seu filho possa receber durante a amamentação a quantidade necessária e não venha a sofrer de raquitismo. A vida ao ar livre, exposta ao sol, faz com que os raios ultravioleta transformem uma substância já existente na pele (uma pró-vitamina) em vitamina D, que então passa para a corrente sangüínea. Os raios ultravioleta são incapazes de atravessar a neblina, as nuvens, a fumaça, as vidraças de vidros comuns, a roupa. A presença de qualquer um desses elementos reduz a capacidade do corpo de produzir e absorver a vitamina D. A pigmentação da pele atua como proteção contra o excesso de produção da vitamina D, nas pessoas de cor escura, nas regiões tropicais. Se filhos dessas pessoas nascem e vivem nas zonas temperadas, por força dessa pigmentação, são mais suscetíveis ao raquitismo. Os minerais Além do carbono, hidrogênio, o oxigênio e nitrogênio com os quais a planta produz os seus açúcares, aminoácidos e lipídios, outros elementos minerais são por ela retirados da terra para a construção de suas estruturas e participação em uma larga variedade de atividades químicas que se realizam em suas células. Dentre os minerais que a planta acumula em seus tecidos, há vários que são essenciais à nutrição humana. Entre os mais importantes estão o cálcio, o fósforo, o ferro, o cobre, o cobalto, o iodo, o magnésio, o potássio, o sódio, o enxofre, o zinco, o flúor. Em geral esses minerais em nosso corpo estão combinados: com substâncias orgânicas, como por exemplo o ferro na hemoglobina; com outros corpos inorgânicos como no fosfato de cálcio nos ossos. O cálcio é o mais abundante dos minerais do corpo humano; encontra-se combinado com o fósforo, principalmente nos ossos e nos dentes. O cálcio desempenha também um papel importante na coagulação do sangue e no funcionamento do sistema neuro-muscular. O cálcio e o ferro encontram-se em abundância nos legumes de folhas verdes. Mas tanto o cálcio quanto o ferro tem suas fontes mais ricas nos alimentos de origem animal. Para o cálcio, o leite, os queijos, os peixes pequenos, comidos com suas espinhas, os mariscos, principalmente quando cozidos ou comidos com as cascas. O ferro, apesar de sua pequena quantidade no corpo humano (4 a 5 g . ) , desempenha um papel essencial como componente que é das substâncias do sangue que carregam o oxigênio dos pulmões até às células, e delas trazem o gás carbônico para os pulmões. Embora as anemias possam ter outras causas, a mais comum entre nós deve-se a um consumo insuficiente de ferro associado ao parasitismo intestinal, principalmente a ancilostomose. O ferro não utilizado pelo organismo é armazenado no fígado, no baço e na medula dos ossos. O ferro é estocado no fígado — sob a forma de uma proteína. Isso explica o valor do fígado como fonte alimentar de ferro (ver Tabela de A l i mentos) . De um modo geral, os legumes de folhas verdeescuro e outros alimentos ricos em proteínas contêm bastante cálcio e ferro. Fatores que prejudicam a absorção do cálcio e do ferro: O aumento da motilidade do intestino — tudo que aumenta o ritmo do trânsito do bolo alimentar — prejudica a absorção desses minerais. Assim as diarréias, o uso freqüente de laxantes etc. Certas substâncias dos cereais, dos legumes e dos feijões, com exceção da soja, fazem com que apenas uma percentagem muito baixa de seu cálcio ou ferro seja absorvida pelo organismo. O professor poderá acompanhar os alunos na procura dos valores em minerais dos alimentos, nas tabelas elaboradas para o BI F E R R O (100 mg ) Fonte: Watt, B. K., and Merril, A. L: Composition of foods-raw, processed and prepared, U. S. Departament of Agriculture Handbook n.° 8, Washington, D. C, 1963, U. S. Departament of Agriculture. A celulose ou as fibras vegetais A celulose é outro produto da planta formado da união de muitas moléculas de glicose. Faz parte da estrutura de numerosos vegetais que nos servem de alimento Ela, porém, atravessa praticamente inalterada o nosso tubo digestivo, pois não produzimos uma enzima capaz de digeri-la. Esta substância indigerível da nossa, alimentação — a badalada fibra vegetal é no entanto muito importante para o bom funcionamento do nosso tubo digestivo, através da estimulação do movimento intestinal. Modernamente se tem dito que a fibra é o "nutriente esquecido", pois a ela são atribuídos outros papéis além de facilitar a eliminação do bolo fecal. Parece ser de utilidade na prevenção da aterosclerose (perda da elasticidade das paredes dos vasos sangüíneos) e do câncer do intestino. corporal é necessário para manter a motilidade do intestino e a conseqüente defecação normal. Um mínimo de 100 mg de fibra por kg de peso Na ficha de informação para os alunos o tema das fibras é tratado com mais detalhes. A digestão e a excreção A batata doce ou qualquer outro alimento vegetal é, aparentemente, completamente estranha ao nosso organismo. No entanto, depois de comida e digerida, acabará fazendo parte integrante da nossa matéria viva. Seus nutrientes (açúcares. vitaminas, minerais, aminoácidos) passarão para o nosso sangue e chegarão às nossas células. onde serão utilizados. A todas as transformações sofridas pelos alimentos ingeridos, antes que possam ser usados pelas células, é que se chama digestão. É um processo realizado com ajuda de procedimentos mecânicos e reações químicas. Assim, na boca os alimentos são mastigados (ação mecânica) e ensalivados — o que significa uma ação de molhar e amolecer o alimento e também de transformação química (a enzima amilase da saliva transforma o amido da batata doce em açúcar). As implicações de cada um dos procedimentos e reações do processo da digestão podam ser discutidas pelos alunos com vistas para comportamentos favoráveis à saúde. Assim, a importância da mastigação, particularmente no caso dos glicídios (batatas, raízes, bulbos, pão e t c ) . O assunto merece estudo na área dos costumes e ritos relacionados com a alimentação em diferentes regiões e povos do mundo. As populações africanas e das ilhas do Pacífico que se alimentam basicamente de raízes e tubérculos. por exemplo, costumam comer vagarosamente. mastigando numerosas vezes seu alimento, e saboreando as transformações de gosto que vão ocorrendo à medida que o amido vai se transformando na boca. O processo de digestão é tema obrigatório do ensino de ciências. Assim, sendo, bastaria ao professor focalizar as implicações comportamentais. a partir dos problemas e dos interesses levantados pelos alunos no decorrer das situações propostas para estudo. Situação 2 . 1 . DO ALIMENTO PARA O CORPO 1.ª TAREFA: 1. Quanto pesa você? 2. Você sabia que 70% do seu peso se deve a água que faz parte dos vários tecidos do seu corpo — músculos, sangue, ossos etc? 3. Quais são as outras substâncias que formam o seu corpo? 4. De onde seu corpo obtém essas substâncias? Agora você poderá: • responder por escrito às perguntas acima; • discutir as respostas com os colegas de grupo e escrever as conclusões; • discutir com o professor as conclusões do grupo. 2.ª TAREFA: 1. Retirar do BI a ficha-informativa SUBSTÂNCIAS NUTRITIVAS ESSENCIAIS. Procure: • discutir, em grupo, as informações novas ali contidas e compará-las com os seus conhecimentos anteriores, registrando o que já era conhecido. 2. A seguir o grupo deverá realizar os seguintes experimentos: • os açúcares nos alimentos; • as proteínas nos alimentos; • as gorduras nos alimentos. OBSERVAÇÃO: as informações sobre vitaminas e minerais serão trabalhadas em outra situação. 3.' TAREFA: 1.° Experimento — OS AÇÚCARES MENTOS a) Primeiro, separe o seguinte material: • b) pegar parar arroz álcool o arroz e lavá-lo em água. Sea água que serviu para lavar o e pingar nela algumas gotas de iodado; • pegar um pedaço de miolo de pão e deixá-lo na boca por alguns minutos. d) discuta os resultados das experiências com os colegas e o professor. Registre a conclusão. 2.° Experimento — AS MENTOS a) Primeiro, separe o seguinte material: (goma ou ta- PROTEÍNAS • uma xícara de farinha de trigo; • meia clara de ovo; • uma xícara de arroz; • meia xícara de leite; • uma batata; • um limão; • miolo de pão; • um copo de água. • álcool iodado, conta-gotas; • um copo de água. Agora experimente: • c) uma colher de polvilho pioca); NOS A U - • b) • preparar com a farinha de trigo e água uma massinha em forma de bola, bem compacta. Sob um filete de água de torneira, com uma vasilha embaixo, amassar a massinha com os dedos até que reste apenas uma substância amarelada, elástica. Recolha a água sob a qual a bola de farinha de trigo foi amassada. A substância amarelada que restou entre os dedos é uma proteína de grão de trigo: a gluteína; • observar o volume da gluteína, lembrando-se do volume da bola de trigo inicial. Anotar a diferença. misturar o polvilho em um copo de água. Pingar uma ou duas gotas de álcool iodado. O líquido deve ficar azulado. Essa coloração serve para identificar o amido: açúcar armazenado pelas plantas. tomar um pedaço de batata e pingar algumas gotas de álcool iodado, na parte descascada; AU- experimente: depois, faça os seguintes testes e veja o que aconteceu: • NOS Observação: pingar algumas gotas de álcool iodado na água recolhida durante essa experiência e anotar o que aconteceu. c) • 3.° a) b) — um fogareiro; — um pilão. teste ainda e anote os resultados: • d) sua região, grãos de arroz, grãos de milho; misturar uma pequena quantidade de clara de ovo em água. Mexer bem. Dividir o conteúdo da solução clara de ovo e água em dois recipientes: 1.° recipiente: aquecer a solução até o líquido se tornar opaco; 2.° recipiente: pingar algumas gotas de caldo de limão. Procedimentos: • segundo, combinem para que cada companheiro faça uma das operações seguintes, na ordem indicada: — esquentar na frigideira a carne de porco e observar o que acontece; — esquentar na frigideira a carne de vaca e observar o que acontece; — esquentar na frigideira a carne de frango e observar o que acontece; — esquentar na frigideira a carne de outro animal e observar o que acontece ; — socar no pilão, o amendoim, a castanha ou coco, grãos de arroz e grãos de milho' que tiver conseguido (sem misturas); amassar com os dedos cada um desses alimentos já socados no pilão; em meia xícara de leite, pingar algumas gotas de caldo de limão. discuta os resultados das experiências com os colegas e com o professor. Anote a conclusão. Experimento — AS GORDURAS MENTOS NOS ALI- primeiro, faça uma lista dos alimentos ricos em gorduras, comumente usados na alimentação; depois, faça o experimento indicado a seguir: • primeiro, separe o seguinte material: — uma frigideira; — — pedaços de carne de porco. vaca. frango e outro alimento animal comum em sua região (dois pedaços mais gordos e dois mais magros); Observe o que acontece e responda à seguinte pergunta: — amendoim, castanha do Pará ou de caju, ou outra amêndoa ou coco de • Como se pode saber que um alimento é rico em gorduras? 4.ª TAREFA: 1. Em grupo: • trocar idéias sobre as diferentes realizadas; • • discutir com os colegas os achados e escrever uma conclusão. 6." TAREFA: 1. Procure, em grupo, rever todas as atividades desenvolvidas, para fazer o relatório com as conclusões f i n a i s . 2. Se houver oportunidade, fazer, em grupo. uma apresentação dos resultados para a turma. atividades discutir todos os resultados das experiências relacionando-os com as informações novas contidas na ficha-informativa SUBSTÂNCIAS NUTRIVAS ESSENCIAIS arquivada no B . I . ; • discutir com o professor e registrar as c o n clusões; 5.' TAREFA: 1. Retirar do BI a ficha-tabela ALIMENTOS RICOS EM SUBSTÂNCIAS NUTRITIVAS ESSENCIAIS. Observação: arquivar no BI o relatório e as t a refas desenvolvidas com: Procure agora: — nome da unidade da situação; — nome dos participantes do g r u po e s é r i e . Situação: 2 . 2 . • tomar conhecimento dos alimentos mais r i cos em proteínas, açúcares, gorduras, v i t a minas e minerais; • fazer uma lista dos alimentos sua alimentação diária; comuns EM BUSCA MINERAIS DE VITAMINAS 1.ª TAREFA: 1. Que são vitaminas? Para que servem? E em • comparar com a tabela do BI; 2. Quais são as fontes de vitaminas? • responder 3. Que minerais são importantes para o nosso corpo? 4. Que alimentos contêm em maior quantidade minerais importantes para o nosso corpo? 5. Que efeitos resultam da falta de vitaminas e minerais? — por escrito, individualmente: quais desses alimentos estão lhe fornecendo proteínas? Gorduras? Açúcares? Vitaminas? Minerais? Agora você poderá: 3.ª TAREFA: • responder às perguntas acima; 1. Que dizem os colegas, das vitaminas? • ler e discutir as respostas com os colegas de grupo; O grupo poderá: • em grupo, fazer uma lista dos alimentos consumidos diariamente que contêm vitaminas e elementos minerais. 2.ª TAREFA: 1. Retirar do BI a FICHA-TABELA ALIMENTOS RICOS EM VITAMINAS E MINERAIS e algumas bulas de remédios. • entrevistar alguns colegas — principalmente os que estão desenvolvendo as Situações DO ALIMENTO PARA O CORPO e FAZENDO COMIDA — para obter informações e sua opinião sobre vitaminas e minerais; • perguntar aos colegas se mudaram de opinião sobre as vitaminas após realizar as tarefas . 4.ª TAREFA: 1. Escrever um relatório sucinto com as conclusões do grupo. Agora procure: • • na tabela, os alimentos consumidos por vocês diariamente, registrando as vitaminas e minerais que cada um desses alimentos lhes fornece diariamente; na bula de um remédio, as suas vitaminas e minerais. Comparar o custo dos remédios com o custo dos alimentos ricos nas mesmas vitaminas e minerais, usando a TABELA DE ALIMENTOS RICOS EM VITAMINAS E MINERAIS se necessário; Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas, com: • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e a série. Situação: 2.3 — • em grupo, discutir os achados de cada colega; • discutir com o professor e anotar a conclusão. COMIDA, TEM FIBRA? Atualmente fala-se muito nas fibras na alimentação humana, por causa de sua importância no bom funcionamento do tubo digestivo e da suposição 'de que várias doenças estão relacionadas com a sua falta ou diminuição na alimentação moderna. 1.ª TAREFA: 1. Responder individualmente, preenchendo as colunas, como no exemplo: Alimentos ricos em fibras alface abacate almeirão alcachofra agrião pimentão brócolos coco cenoura couve couve-flor quiabo repolho feijão ervilha nabo laranja folha de mandioca folha de batata vagens amendoim arroz integral manga avela existem na minha terra comemos em casa gosto de comer como preparamos SIM SIM SIM crua, em salada 2. Reunir o grupo e discutir as respostas. 4.' TAREFA: 3. Confeccionar um novo quadro com os 7 alimentos mais comuns na alimentação diária e os mais apreciados que tenham fibras. 1. PARA FAZER EM CASA: 2.ª TAREFA: 1. Retirar do BI a ficha-informativa AS FIBRAS QUE COMEMOS. Escolher uma verdura que você gosta bastante e comer duas garfadas bem cheias no almoço e no jantar. Como sobremesa, comer uma laranja com o bagaço após mastigá-lo bem. VOCÊ ESTA COMENDO FIBRAS: EM BOA QUANTIDADE. Cada colega deverá: • ler o texto e fazer um comentário oral; • discutir em grupo as informações novas; • anotar a conclusão. 3.ª TAREFA: 1. Havendo oportunidade, visitar uma máquina de beneficiar cereais (arroz ou trigo). No dia seguinte, observar: • sua defecação foi fácil ou difícil? • a quantidade de fezes foi pequena ou volumosa? • as fezes foram moles ou endurecidas? Procure saber entre outras coisas: 2. a) Como é o cereal antes de ser "beneficiado"? b) Como é o produto após o "beneficiamento"? c) Como é o processo de beneficiar? d) Por que fazem o beneficiamento? e) O que é feito com as sobras? f) Existe diferença de preço antes e após o beneficiamento? Qual? Não havendo possibilidade de visitar uma máquina de beneficiar cereal, como alternativa você deverá: • Comparar o arroz integral com o arroz comum. • Tentar responder às mesmas perguntas acima. 2. PARA FAZER EM SALA DE AULA: Em grupo: • Comparar as observações que cada um fez em casa, relacionando-as com as informações da ficha; • Escrever as conclusões. 5.ª TAREFA: 1. Em grupo entrevistar, pelo menos, 3 pessoas sobre "prisão de ventre." Procure indagar, anotando todas as respostas: • Que sentem as pessoas que sofrem de "prisão de ventre"? • Que comem estas pessoas diariamente nas refeições? • Que remédios caseiros utilizam para a "prisão de ventre"? 4. Por que é aconselhável o leite materno? 5. Como deve ser a alimentação de uma mãe grávida? Por que? 6. Como deve ser a alimentação de uma mãe que está amamentando? Explicar. O grupo poderá agora: 2. Discutir com entrevista. os colegas as respostas da • responder as perguntas acima; 3. Relacionar as opiniões das pessoas com as informações da ficha. • ler e discutir as respostas com os colegas de grupo; 4. Discutir com o professor e anotar a conclusão. • anotar a conclusão. 2.ª TAREFA: 1. Que dizem as mães sobre a amamentação? 6.ª TAREFA: 1. Em grupo, fazer um relatório com os resultados das tarefas e apresentá-lo para a turma, se houver oportunidade. O grupo deverá: • Observação: arquivar no B.l. o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e respectiva série. Situação: 2 4. VOCÊ ACHA QUE A MÃE DEVE AMAMENTAR O SEU FILHO? 1.ª TAREFA: 1. Que você sente ao ver uma mãe amamentando uma criança? 2. Que você sente ao ver um animal amamentando seus filhotes? 3. Por que um animal amamenta os seus filhotes? preparar um roteiro de entrevista, com algumas mães; indagar entre outras coisas: o número de filhos que teve e quantos amamentou ao seio; até que' idade; os filhos que não amamentou até 4 ou 6 meses, por que isso aconteceu, e que alimentação deu a esses filhos; a alimentação da mãe enquanto grávida e depois no período de aleitamento; sua opinião sobre as vantagens da alimentação ao seio, e sobre as dificuldades que podem surgir para a mesma; sua opinião sobre o leite materno, o leite de vaca natural e o leite em pó; as vantagens e desvantagens do uso de cada um desses três tipos de leite. Agora cada colega deverá: • entrevistar pelo menos duas mães, anotando as respostas e as impressões que teve ao fazer a entrevista; • conversar com sua mãe para saber como foi a sua alimentação no primeiro ano de vida. Em grupo: 5.ª TAREFA: • ler, ordenar e discutir as respostas das pessoas entrevistadas; 1. Em grupo, fazer um relatório com as conclusões finais e apresentá-lo para a turma. • discutir com o professor e redigir suas conclusões. Observação: arquivar no B.l. o relatório e as tarefas desenvolvidas com: 3.' TAREFA: 1. Retirar do B.I.: a ficha-informativa LEITE MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR. • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e série. Situação: 2.5. COMILÃO Procure agora: 1.ª TAREFA: • grifar as informações novas ou as que você considera importantes; 1. O que você come diariamente? • comparar as informações da ficha com as respostas das mães; 2. Será que as necessidades alimentares variam de uma pessoa para outra? Por que? • fazer um comentário por escrito. 4.ª TAREFA: Agora você poderá: • responder por escrito às perguntas acima; • ler e discutir todas colegas; • anotar a conclusão. 2.ª TAREFA: 1. Quem come mais em sua casa? as respostas com os Agora o grupo poderá: • • investigar o preço e o peso líquido de uma lata de leite em pó; a quantidade de leite em pó gasta para o preparo de um litro de leite e o preço de um litro de leite de vaca; calcular quanto custa o leite em pó necessário para preparar 1 litro de leite (140 g. leite em pó + 860 g. água); • comparar o resultado desse cálculo com o preço de um litro de leite de vaca; anotar a conclusão; • fazer uma lista com as vantagens e desvantagens do uso dos três tipos de leite: materno, de vaca e em pó. Procure agora: • fazer individualmente uma lista com o nome das pessoas de sua família, indicando a idade e a atividade de cada um; dos primeiros desta lista devem ser aqueles que comem mais e os últimos os que comem menos; • observando as diferenças de idade e atividade entre as pessoas de sua família, explicar porque uns comem mais que os outros; • em grupo, discutir as explicações de todos os colegas e anotar a conclusão; • discutir com o professor. 3.ª TAREFA: 1. Você acha que existe alguma relação entre as necessidades de alimento e o trabalho e atividade de uma pessoa? Por que? O grupo deverá: • planejar uma entrevista com pessoas adultas, do mesmo sexo, idade aproximadamente a mesma e de diferentes ocupações de trabalho entre as seguintes categorias: — ligeiramente ativo: empregado de escritório, professor, dona de casa que tem empregada etc. — moderadamente ativo: Jardineiro, operário de indústria ligeira, empregada doméstica, empregados de restaurantes, de casas comerciais etc. — muito ativo: lavrador, operário de indústria pesada, atleta, mineiro, operário de construção etc. — excepcionalmente ativo: lenhador, estivador, escavador de poço, carregador/ descarregador de caminhão, serrador de madeira; • entre outras coisas, indagar aos entrevistados: o número de refeições que faz por dia; o que come diariamente e a quantidade aproximada; o seu peso e a sua altura; • anotar todos os dados, como também as observações que tenha feito, por exemplo, se a pessoa é gorda ou magra, preenchendo a tabela a seguir: TABELA/ENTREVISTA Necessidades alimentares diárias Número de refeições por dia Tipo e quantidade Peso Altura aproximada de alimentos das refeições diárias Ligeiramente ativo... Moderadamente ativo... Muito ativo ... Excepcionalmente ativo.. OBS.: Preencher os pontinhos com a ocupação da pessoa. OBSERVAÇÕES • analisar os resultados anotados na tabela e comparar com as fichas-tabelas — NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE ADULTOS POR DIA e CONSUMO DE ENERGIA DE UM HOMEM E DE UMA MULHER DURANTE 24 HORAS E EFEITOS DE SUA ATIVIDADE; • uma criança precisa de energia para: .. • uma mulher grávida precisa de energia para: Cada colega deverá: • escrever a conclusão; • discutir com o professor. 4.ª TAREFA: 1. Retirar do BI as fichas-tabelas EXIGÊNCIA CALÓRICA EM DIFERENTES ATIVIDADES; NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES POR DIA. Lembrar que os alimentos fornecem ao organismo energia que é medida em calorias. • responder por escrito as perguntas acima; • discutir com os colegas de grupo as respostas e relacioná-las com as informações contidas nas tabelas números 1, 2 e 3; • anotar a conclusão; • discutir com o professor. 6. TAREFA: 1. Fazer um relatório com os resultados das tarefas desenvolvidas e as conclusões finais. 2. Havendo oportunidade, o grupo deverá fazer uma apresentação dos resultados para a turma. Experimente: • • calcular, usando os dados da ficha-tabela EXIGÊNCIA CALÓRICA EM DIFERENTES ATIVIDADES, a quantidade de calorias que você gasta aproximadamente por dia, nas suas diversas atividades; analisar a ficha-tabela NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES POR DIA e escrever as conclusões. Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e a série. 5.ª TAREFA: Aplicação prática 1. Em função de que variam as necessidades de energia, de um indivíduo para outro? Orientação preliminar 2. Completar: • um homem para: adulto precisa • um adolescente para: precisa de de energia energia A realização das tarefas sugeridas nas situações — DO ALIMENTO PARA O CORPO; EM BUSCA DE VITAMINAS E MINERAIS; COMIDA, TEM FIBRA? COMILÃO; VOCÊ ACHA QUE A MÃE DEVE AMAMENTAR O SEU FILHO? — possibilitará aos alunos a compreensão de alguns conceitos contidos no texto 2 — 0 PROCESSO DA NUTRIÇÃO. Este texto servirá para o professor orientar os alunos que escolheram umas ou outras das situações apresentadas no diagrama da unidade OS ALIMENTOS E A SAÚDE. No banco de informações (BI) os alunos deverão encontrar a f i cha-lista das tarefas de cada situação escolhida e o material necessário para desenvolvê-las. Na situação DO ALIMENTO PARA O CORPO os alunos poderão discutir a composição dos alimentos; ler algumas informações sôbre as substâncias nutritivas essenciais; realizar experimentos sobre as proteínas, os açúcares e as gorduras nos alimentos; identificar alimentos r i cos em princípios nutritivos, principalmente os que fazem parte da alimentação diária do grupo. O professor participará das discussões do grupo, atento às idéias dos alunos. A partir dos resultados dos experimentos, levantará questões que os ajudem a fazer relações entre cada informação nova, cada fato novo experimentado com os seus conhecimentos anteriores. Na situação EM BUSCA DE VITAMINAS E MINERAIS os alunos deverão dizer o que pensam sobre as vitaminas e os sais minerais; consultando uma tabela, identificar vitaminas e minerais fornecidos por alimentos de consumo diário; usando bulas de medicamentos, comparar o custo das vitaminas e minerais contidos nos alimentos e nos remédios; trocar idéias com colegas de outros grupos, sobre o assunto. O professor prestará atenção às idéias dos alunos sobre as vitaminas. Alunos de 8.a série que participaram da experiência de aplicação da versão preliminar deste Programa, identificaram vitaminas com qualidade dos alimentos e não pensaram nelas como uma dentre as outras substâncias nutritivas essenciais, contidas nos alimentos. Assim eles diziam: "Vitamina é tudo de que é formado o alimento," "o alimento — é bom porque tem vitamina." Questionará ainda, o uso dos medicamentos como fonte de vitaminas e minerais e discutirá a importância do consumo de alimentos ricos nessas substâncias. Na situação COMIDA, TEM FIBRA? os alunos deverão identificar os alimentos ricos em fibra presentes na alimentação diária; ler algumas informações sobre as fibras e sua importância no funcionamento do aparelho digestivo; visitar uma fábrica de beneficiar os cereais para informar-se das vantagens e desvantagens de seu beneficiamento; comparar o arroz integral com o arroz comum; experimentar comer uma grande quantidade de fibras em um dia e anotar o efeito no dia seguinte; relacionar as observações realizadas com as novas informações, a fim de tirar as suas conclusões. O professor eventualmente discutirá com os alunos para ajudá-los a estabelecer relações entre as experiências de cada um e as informações obtidas no decorrer das tarefas. Na situação COMILÂO os alunos poderão discutir a variação das necessidades alimentares entre as pessoas, segundo a idade e o tipo de atividade; entrevistar várias pessoas com diferentes ocupações de trabalho; analisar os dados de várias tabelas, fazer alguns cálculos para buscar relações entre necessidade de energia e idade, peso, sexo, tipo de atividade. Durante as discussões, o professor poderá acompanhar o raciocínio dos alunos, propondo questões que os levem a compreender as variações das necessidades energéticas entre as pessoas. Na situação VOCÊ ACHA QUE A MAE DEVE AMAMENTAR O SEU FILHO? os alunos poderão expressar a sua opinião sobre a importância da amamentação; entrevistar algumas mães para saber o que elas pensam sobre o assunto; ler alguma informação sobre o leite materno e a alimentação complementar e relacioná-las com os comentários das mães; fazer um cálculo comparativo do custo do leite de vaca e do leite em pó; discutir as vantagens e desvantagens do uso dos três tipos de leite: materno, de vaca e em pó. • bulas de remédios que contêm vitaminas e minerais, a serem reunidas pelo professor; O professor poderá discutir com os alunos para perceber como interpretam as diversas informações, abordando novas questões que os ajudem a ampliar as suas idéias, tomando como referência a ficha-informativa. • ficha-tabela ALIMENTOS RICOS EM VITAMINAS E MINERAIS, apresentada a seguir Informações do BI: No banco de informações, os alunos deverão encontrar as fichas-listas das tarefas das situações escolhidas e o material necessário para desenvolvê-las. No tocante à situação DO ALIMENTO PARA O CORPO será utilizado: • alguns materiais para os experimentos: os açúcares nos alimentos, as proteínas nos alimentos, as gorduras nos alimentos, especificados na 3.ª tarefa da situação, que o professor deverá preparar para manuseio dos alunos; • ficha-informativa SUBSTANCIAS NUTRITIVAS ESSENCIAIS, apresentada a seguir • ficha-tabela ALIMENTOS RICOS EM SUBSTÂNCIAS NUTRITIVAS, apresentada a seguir Para o desenvolvimento da situação EM BUSCA DE VITAMINAS E MINERAIS será necessário o seguinte material: Para o desenvolvimento de situação COMIDA, TEM FIBRA? será necessária a ficha-informativa AS FIBRAS QUE COMEMOS, apresentada a seguir: Para o desenvolvimento da situação COMILÂO será necessário o seguinte material: • ficha-tabela NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE ADULTOS POR DIA, apresentada a seguir • ficha-tabela HOMEM E HORAS E apresentada • ficha-tabela EXIGÊNCIA CALÓRICA EM DIFERENTES ATIVIDADES, apresentada a seguir • ficha-tabela NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES POR DIA. apresentada a seguir CONSUMO DE ENERGIA DE UM DE UMA MULHER DURANTE 24 EFEITOS DE SUA ATIVIDADE, a seguir Para o desenvolvimento da situação VOCÊ ACHA QUE A MAE DEVE AMAMENTAR O SEU FILHO? será necessária a ficha informativa LEITE MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR, apresentada a seguir DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Ficha informativa: SUBSTANCIAS NUTRITIVAS ESSENCIAIS As substâncias que formam e mantêm vivo e ativo o nosso corpo, vêm dos alimentos que comemos. Os alimentos podem ter diferentes composições, isto é, podem conter em maior ou menor quantidade as substâncias nutritivas essenciais: • os açúcares ou hidratos de carbono ou glicídeos; • as gorduras ou lipídeos; • as proteínas; • as vitaminas e os minerais. Os açúcares são fabricados pelas plantas em suas folhas e armazenados em seus grãos, raízes e frutos. O açúcar armazenado nos grãos e nas raízes é o açúcar de reserva para a nova planta que daí nascerá. É o chamado amido. Constitui, também, uma fonte de energia importante para o homem: feijões, trigo, arroz, milho, mandioca. inhame etc. O homem e os animais não fabricam açúcares, mas sim, são consumidores dos açúcares fabricados pelas plantas. Podem, no entanto, armazenar uma pequena quantidade — para as emergências — sob a forma de glicogênio. principalmente no fígado. Quando uma pessoa ingere alimentos que contêm amido e outros açúcares, estes se transformam em glicose, no interior de seu organismo. A glicose é a forma mais simples dos açúcares ou glicídeos, e de aproveitamento mais rápido e eficiente nos organismos animais, no atendimento das suas necessidades de energia. As gorduras são muito importantes: comercialmente cerca da metade das gorduras e azeites produzidos no mundo servem como alimento e o resto é utilizado em diversas indústrias como a de sabões, de tintas, de vernizes etc. As gorduras, como os açúcares dos alimentos, dão ao corpo humano, a força e energia necessárias para viver e o que isso implica em trabalho e todo tipo de atividade. O corpo humano pode conter gorduras como reserva de energia. Outra substância nutritiva essencial na estrutura e no funcionamento de nosso corpo são as proteínas. Existem muitas espécies diferentes de proteínas no corpo humano: as proteínas do sangue, dos músculos, dos nervos, da pele etc. Nos vegetais: as proteínas das folhas, das raízes, dos brotos, das sementes, dos grãos etc. As proteínas são certamente os mais importantes materiais de construção das células vivas. São formadas de muitas moléculas menores — os aminoácidos — agrupados numa seqüência linear. Existem 20 diferentes aminoácidos, que se ordenam e se repetem de infinitas maneiras. Cada cadeia de proteína se caracteriza por um certo número de aminoácidos agrupados em uma determinada ordem. Posto que a possibilidade de combinação dos aminoácidos é enorme, também será enorme a possibilidade de formação de diferentes proteínas. Um meio de se ter uma idéia das inúmeras possibilidades de proteínas diferentes, é pensar no nosso alfabeto: com apenas 23 letras, milhares de palavras, de frases, de textos podem ser" construídos. VER FICHA PROTEÍNAS. Além de ser o material de construção e renovação das partes gastas do nosso corpo, as proteínas são indispensáveis na manutenção da saúde. As proteínas têm muitas propriedades que as tornam facilmente reconhecíveis nos alimentos. Por exemplo: coagulam-se sob a ação do calor ou em contato com ácidos como limão e o vinagre. Isso pode ser verificado facilmente com a clara de ovo. gelatina etc. Vitaminas são substâncias essenciais ao organismo humano, mas em pequenas quantidades. frutas, fornece as quantidades de vitaminas de que necessitamos. São encontradas em alimentos vegetais (frutas frescas, grãos, folhas etc.) e em alimentos de origem animal (fígado, peixe, ovos etc.) Os minerais além de serem importantes para o funcionamento do organismo humano, entram na formação de diferentes partes do corpo. Por exemplo, o cálcio nos ossos e nos dentes, o ferro na hemácia, etc. Uma alimentação variada, rica em verduras e Ficha-Tabela: PROTEÍNAS Camarão seco Charque Bacalhau, peixes secos Soja, carnes frescas Ovos Queijos, castanhado-pará Leite Amendoim Feijão Lentilhas, favas Castanha de caju Arroz Farinha de trigo Milho Verduras AUMENTOS RICOS EM SUBSTÂNCIAS NUTRITIVAS ESSENCIAIS (do mais rico para o menos rico) G LIC í DIOS Açúcar Rapadura Doces diversos Arroz Pão Massas Mandioca Feijão Bolos Cará, inhame Farinha de mandioca Banana Milho, trigo Aveia Batatas Soja Maizena LIP í DIOS Banha, óleo vegetal Azeites Manteiga, margarina Toucinho Castanha-do-pará Torresmo Lingüiça de porco Castanha de caju Amendoim Carne de carneiro Carne de porco, abacate Chouriço Sardinha enlatada Maionesie Chocolate Gema de ovo, soja Queijos Coco-da-baía Presunto VITAMINAS Fígado, rim Araçá, caju, goiaba Carne de porco Manteiga Ovos Leite Folha de mandioca Folha de abóbora Folha de cenoura Pequi Cenoura Peixe frito de rio MINERAIS Peixe pequeno, comido inteiro Algas marinhas Farinha de peixe Sangue de qualquer animal Pitu salgado Fígado de qualquer animai Leite Queijos Embutidos Lentilha cozida Vísceras salgadas Sementes de abóbora Ficha-Tabela: AUMENTOS RICOS EM VITAMINAS E MINERAIS Ordem decrescente, segundo quantidades comumente consumidas em uma refeição VITAMINA A fígado pequl azeite de dendê cenoura perdiz leite integrai folhas de mandioca mariscos morango abóbora rim batata doce folhas de batata doce brotos e folhas de abóbora banana da terra manteiga verduras-folhas. todas VITAMINA C araçá caju goiaba folhas de mandioca pimentão muricl couve-flor morango batata doce (frita) abacaxi laranja melão-de-São Caetano laranja, manga abiu lima tangerina carambola limão VITAMINA B2 (RIBOFLAVINA) VITAMINA BI (TIAMINA) levedo de cerveja pinhão cozido carne de porco chouriço e paio macarrão c/ovos pé (de qualquer animal) castanha-do-pará perdiz rim tamarindo feijão fradinho presunto amendoim guando arroz integral ervilha, grão sementes de gergelim feijão fígado rim vísceras salgadas torresmo leite em pó desengordurado coração carne seca de tracajá leite em pó aves, carne frita ovos Ficha informativa: AS FIBRAS QUE COMEMOS Dentre os componentes principais da alimentação do homem, as chamadas fibras vêm ganhando importância cada vez maior para os cientistas, por causa do papel que desempenham no bom funcionamento do tubo digestivo e também porque várias doenças parecem estar ligadas à sua falta ou diminuição na dieta. São chamadas de fibras as partes dos vegetais superiores que servem para lhes dar consistência. As fibras são compostas de grandes arranjos de moléculas de açúcares sintetizados pela própria planta, sendo os mais importantes a celulose, a hemicelulose, a linina e a pectina. Encontram-se em abundância nas verduras folhosas, nos talos e nas camadas externas das sementes (trigo "integral," arroz "integral"). Os animais superiores herbívoros ingerem grandes quantidades de fibras (bovinos, eqüinos, caprinos), enquanto que os carnívoros praticamente não as consomem (cães, gatos, onças). VITAMINA PP (NIACINA) peixe fresco frito. de rio fígado coelho aves defumadas aves. carne frita farinha de amendoim lagarto vísoeras salgadas ganso, peru galinha rim cabrito, carne salgada amendoim coração peixes do mar CÁLCIO peixe pequeno salgado comido Inteiro farinha de peixe traíra piau leite em pó. desengordurado algas marinhas pardal leite em pó pitu salgado leite de vaca ao natural manjuba queijo tipo prato bacalhau queijo ripo minas sardinha, siri FERRO algas marinhas sangue de qualquer animal mariscos tanajura tatu fígado pardal, perdiz ostras farinha de peixe embutidos papa-terra salgado lentilha cozida acará e Jacundá salgados vísoeras salgadas sementes de abóbora Estudos recentes têm mostrado que o homem foi, primitivamente, um ser predominantemente herbívoro, com o tamanho e a conformação do seu tubo digestivo adequados ao consumo e à digestão de vegetais. Com a evolução de seus costumes e o progresso, baseados principalmente nas necessidades de sobrevivência e de conquista de novos espaços, a nutrição do homem foi sendo diversificada. A caça e a criação doméstica de gado e aves aumentou gradativa e consideravelmente o consumo de proteínas e gorduras animais. Os progressos na confecção, conservação e preparo de alimentos naturais foram surgindo e modificando hábitos primitivos. O honrem é, praticamente, o único animal que modifica os alimentos naturais (de certa forma, abelhas e formigas também o fazem), para atender à comodidade (amaciamento, diminuição do tempo de preparo) e ao paladar (diversificação de sabores). Com o chamado beneficiamsnto dos alimentos, especialmente dos vegetais, há mudanças em sua estrutura. O "refinamento" do açúcar e do trigo resulta em produtos muito mais agradáveis ao paladar, de digestão mais rápida e leve, mas com considerável perda no seu valor em proteínas e fibras. O arroz "beneficiado" cozinha muito mais depressa do que o Integral, mas seu valor protéico e em vitamina B1 é extremamente menor e o de fibras nulo. O consumo de fibras pelo homem foi caindo progressivamente através dos tempos e com o aprimoramento da "civilização," dando lugar aos alimentos "refinados." Chega-se hoje a medir o "status" de civilização de um povo pelo seu consumo de açúcares refinados e de proteínas e gorduras animais. Pesquisas recentes do cientista inglês Burkitt, na África, sobre o consumo de fibras, apontaram, para uma mesma região: enquanto os negros "não civilizados" consumiam em média 24 gramas de fibras por dia, os colonos ingleses consumiam 5 e os negros já "civilizados" 14. Além do refinamento industrial, verificou-se que o cozimento e o descascamento doméstico de frutas e verduras eliminam grande parte das f i bras existentes. As fibras exigem esforço e trabalho na mastigação. Embora sejam quase totalmente incorporadas (aproveitadas) pela digestão de certos animais (as cabras, por exemplo), o homem só as digere parcialmente, aproveitando 40 ou 50% de seu valor calórico por sua transformação em ácidos graxos e açúcares. O restante é eliminado pelo intestino, dando consistência e volume às fezes, o que aliás é muito importante. A digestão das fibras vegetais só é possível no homem pela intervenção de uma série de bactérias (microrganismos) que normalmente habitam seu Intestino. Estas bactérias possuem as enzimas (fermentos) digestivas capazes de desdobrar convenientemente as moléculas das fibras e que justamente faltam nos sucos digestivos do Intestino do homem. É aliás, um bom exemplo de cooperação entre seres vivos: alberga e fornece nutrientes para aquelas bactérias, capazes de auxiliá-lo no aproveitamento de sua comida, sem fazer-lhe mal. Além do fornecimento de matéria-prima energética através da cooperação bacteriana, as fibras desempenham relevante papel na fisiologia (bom funcionamento) de todo o aparelho digestivo. A presença da porção não digerida das fibras no Intestino, bem como dos gases resultantes da parte digerida, tem a capacidade de melhorar (aumentar) bastante a função de movimentação deste órgão, facilitando sobremaneira a evacuação. Além disso, as fibras, no intestino, absorvem água e ácidos biliares, o que amolece as fezes e também favorece a exoneração. Várias doenças parecem estar ligadas ao menor consumo das fibras, pois ocorrem mais freqüentemente entre pessoas ou povos cuja alimentação é pobre em verduras e outros vegetais menos "beneficiados." A constipação intestinal ou prisão de ventre e hemorróidas são mais freqüentes entre aqueles que comem poucas fibras. Aliás, o volume diário das fezes é sensivelmente maior entre os comedores de fibras, assim como sua consistência é mais amolecida e a evacuação muito mais fácil. Também a musculatura do intestino é mais forte naqueles que ingerem fibras, e a parede do órgão mais resistente. Isto dificulta o enfraquecimento e formação de saliências intestinais chamadas divertículos, muito mais freqüentes entre os que comem poucas fibras Parece também que o câncer do intestino e a apendicite aguda são mais raros entre os comedores de fibras, embora outros fatores certamente devam também interferir no seu aparecimento. Finalmente, as "dietas de fibra" parecem ser bastante benéficas no tratamento e prevenção da obesidade e da aterosclerose (deposição de gorduras nas paredes internas dos vasos sangüíneos), não somente por sua ação no funcionamento do tubo digestivo, como por seu baixo teor calórico. Em outras palavras, ao comer fibras, uma pessoa obesa sacia sua fome sem ingerir quantidades excessivas de calorias que são causa da obesidade. Ficha-Tabela: NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE ADULTOS POR DIA Ligeiramente ativo KG Moderadamente ativo Mulher Excepcionalmente ativo (empregado de escritó- (jardineiro. operário, rio. professor, dona de industrial, doméstica (lavrador, operário de casa que tem emprega- tradicional) indústria, atleta, minei- (estivador, lenhador) ro, operário de constr.) da e t c . ) Homem Muito ativo 3.100 cal 50 Kg 2.100 cal 2.300 cal 2.700 cal 55 Kg 2.310 cal 2.530 cal 2.970 cal 3.410 cal 60 Kg 2.520 cal 2.760 cal 3.240 cal 3.720 cal 65 Kg 2.700 cal 3.000 cal 3.500 cal 4.000 cal 70 Kg 2.940 cal 3.220 cal 3.780 cal 4.340 cal 75 Kg 3.150 cal 3.450 cal 4.050 cal 4.650 cal 80 Kg 3.360 cal 3.680 cal 4.320 cal 4.960 cal 40 Kg 1.440 cal 1.600 cal 1.880 cal 45 Kg 1.620 cal 1.800 cal 2.120 cal 50 Kg 1.800 cal 2.000 cal 2.350 cal 55 Kg 2.000 cal 2.200 cal 2.600 cal 60 Kg 2.160 cal 2.400 cal 2.820 cal 65 Kg 2.340 cal 2.600 cal 3.055 cal 70 Kg 2.520 cal 2.800 cal 3.290 cal Ficha-Tabela: CONSUMO DE ENERGIA (em calorias) DE UM HOMEM TIPO (65 Kg) E UMA MULHER TIPO (55 Kg),DURANTE 24 HORAS E EFEITOS DE SUA ATIVIDADE Atividade ligeira Na cama (8 horas) Trabalhando (8 horas) Atividades recreativas (8 horas) Variação de consumo de energia (24 h.) Média (24 horas) Média (por Kg de peso corporal) Moderadamente Ativo Excepcionalmente Ativo M u i t o ativo Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher 500 1.100 420 800 500 1.400 420 1.000 500 1.900 420 1.400 500 2.400 420 1.800 700-1.500 580 — 980 700—1.500 580 — 980 700—1.500 580 — 980 700 — 1.500 580 — 980 2 . 3 0 0 - 3 . 1 0 0 1.800—2.200 2.600—3.400 2.000-2.400 3.100—3.900 2 . 4 0 0 - 2 . 7 0 0 3 . 6 0 0 - 4 . 4 0 0 2 . 8 0 0 - 3 . 2 0 0 2.700 2.000 3.000 2.200 3.500 2.600 4.000 3.000 42 36 46 40 54 47 62 55 FONTE: Manual sobre necessidades nutricionales del hombre. Roma, Organizacion de Ias Naciones Unidas para Ia Agricultura y Ia Alimentacion, 1975. Ficha-Tabela: EXIGÊNCIA CALÓRICA, EM DIFERENTES ATIVIDADES caloria/hora 15 20 130 500 59 30 110 7 420 300 180 200 120 10 SENTAR EM REPOUSO FICAR DE PÉ RELAXADAMENTE . . CAMINHAR LAVAR PRATOS COZER VARRER FAZER TRABALHO MENTAL . . . . LAVRAR A TERRA PEDALAR BICICLETA NADAR ESCREVER a 200 a 930 a 8 a 320 a 300 a 700 a 20 Ficha-Tabela: NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES, POR DIA Peso 8,5 12 19 24 34 48 58 35 47 49 kg kg kg kg kg kg kg kg kg kg Calorias 950 1200 1700 1900 2400 2700 2850 2200 2350 2100 Ficha-informativa: LEITE MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Nenhum outro leite substitui plenamente o leite humano na alimentação do recém-nascido. A composição do leite humano contém todos os nutrientes necessários à alimentação da criança. O leite materno possui os nutrientes indispensáveis ao bom crescimento e desenvolvimento da criança pequena com exceção da vitamina D e do ferro. As reservas desses nutrientes com que nasce a criança costumam ser suficientes até o final de 1.° mês para a vitamina D e até o final do 2.° mês para o ferro. Será pois necessário dar-lhe vitamina D — por via oral — a partir do 2.°. mês e ferro (através de um alimento como fígado, por exemplo) a partir do 3.° mês. Pode-se observar na tabela que o leite de vaca, de cabra, e de jumenta têm muito mais proteínas e gorduras que o leite humano. Mas, em compensação, as proteínas do leite humano são iguais às proteínas do sangue da criança, enquanto as do leite de vaca, cabra, e jumenta são apenas parecidos. Além disso as proteínas do leite humano coagulam no estômago da criança em pequenos flocos de fácil digestão o que não acontece com o leite de vaca, que ao chegar ao estômago da criança se coagula em grandes flocos de menor digestibilidade; estes ao serem atacados, pelos fermentos do estômago, causam dor de barriga na criancinha. Este é o motivo pelo qual é necessário diluir-se o leite de vaca (metade de leite, metade de água fervida) . Composição do Leite Humano e de Outros Leites Calorias Proteínas Lipídios Glicidios S 9 g g 1.0 8.1 45 1.1 63 3.1 3.5 5.0 Leite em pó, reconstituído [leite em pó 14 g; água 86g) 70 3.7 3.8 5,3 43 1.7 1,2 6.5 92 3.9 6.2 5,4 O leite humano contém também anticorpos e hormônios elaborados pelo organismo materno; estes concorrem não só para aumentar a defesa da criança contra as doenças infecciosas, como também para o seu melhor desenvolvimento. O leite materno embora pareça ralo "menos forte" que o leite de vaca, é o que melhor alimenta a criança pequena. Uma mãe que está amamentando necessita 500 calorias a mais na sua alimentação diária. A alimentação do lactante pode ser: • alimentação natural ou materna: consiste em dar o leite da mãe ao bebê. • alimentação mista: é uma combinação de leite materno com outros leites. Diz-se que é suplementar quando substitui totalmente uma ou mais mamadas por outro tipo de leite e complementar quando se dá o leite materno e imediatamente depois se completa com outro leite. • alimentação artificial: consiste no uso outros leites e alimentos não lácteos. A criança deve mamar quando mostre o desejo de fazê-lo ou quando a mãe percebe que ela está com fome. Desta maneira a criança mama um maior número de vezes nas 24 horas, o que estimula a produção de uma maior quantidade de leite. Isso é recomendável nos primeiros meses de vida da criança, pois a sucção e o completo esvaziamento do peito são os melhores estímulos para a secreção de leite. Não se deve impor horários rígidos de alimentação. A criança no 2.° ou 3.° mês vai paulatinamente adotando um ritmo de alimentação cada 3 ou 4 horas, com um total de 5 vezes por dia. do A alimentação materna apresenta muitas vantagens tais como: • assegurar ao lactante um crescimento harmônico; quando se administra em quantidade adequada é um dos melhores meios para prevenir a desnutrição precoce; • não necessita preparação, sempre está a uma temperatura adequada; • está sempre fresca e praticamente livre de contaminação bacteriana; • proporciona imunidade e defesa contra as infecções, em especial diarréias e broncopneumonias; • contribui para facilitar a relação afetiva entre a mãe e o filho. Entre uma mamada e outra, deve-se dar ao bebê um pouco de água fresca, filtrada (e férvida, se for necessário), com açúcar (1 colher de sopa rasa de açúcar para meia xícara de água). A partir de uma certa época (ver quadro de alimentos / idade), o leite começa a ser insuficiente para alimentar bem a criança, sendo necessário introduzir, aos poucos, verduras, frutas variadas, cereais, carne, gema de ovo, queijo, etc, em proporções adequadas e levemente temperadas além do leite materno e da mamadeira. É o início da alimentação mista. A idade em que finalmente se suspende a alimentação ao seio depende do ambiente social e dos costumes locais. Entretanto, independente da idade em que suspenda, seja após 6 meses, ou antes, se necessário, a introdução dos novos alimentos deve se dar aos poucos, insistindo-se quando a criança não os aceitar nas primeiras tentativas. Quadro de Alimentos / Idade Alimentação complementar É conveniente que a mãe conheça as vantagens que lhe proporciona o amamentar seu filho, tais como: menores possibilidades de uma nova gestação e de hemorragias depois do parto; menor freqüência do câncer mamário; não representa gastos etc. IDADE: 1.° mês Se a criança está no regime de alimentação láctea artificial, deve receber sucos de frutas, especialmente cítricas (laranja, limão), de cenoura, tomate, começando por uma colherinha (das de chá e aumentando progressivamente até 2 a 4 colheres (das de sopa), que correspondem às necessidades de vitamina C para o lactante (30mg diários). Pode ser dado de uma só vez ou repartido durante o dia. IDADE: 2-3 meses Iniciar a administração de frutas como banana bem madura amassada, ou um pedaço de mamão amassado, ou outra fruta de fácil digestão. Inicia-se com quantidades pequenas aumentando-se de acordo com a tolerância e aceitação de cada criança. IDADE: 4 meses Introduzir o consumo de vegetais como: acelgas, cenoura, batatas, chuchu, espinafre, couve-flor, feijões verdes, beterraba em forma de purê ou sopa. O purê deve ser aquecido juntando-se-lhe meia colherzinha de manteiga, azeite ou margarina. Inicia-se dando uma colherzinha até chegar pouco a pouco a 8-12 colheres (das de sopa). IDADE: entre 4 e 5 meses Introduzir gema de ovo, começando aos poucos, até dar à criança uma gema inteira, três vezes por semana. A gema pode ser dada sozinha ou misturada com a papa. IDADE: entre 5 e 6 meses A criança deve passar a receber 4 ou 5 refeições por dia. Se estiver sendo alimentada artificialmente, pode passar a receber leite integral (o leite integral para ser administrado antes dessa idade deve ser diluído: metade leite, metade água fervida). Se estiver sendo alimentada ao seio e o leite materno não for abundante, pode-se substituir a mamada do almoço e eventualmente a do jantar, por mamadeira. Deve-se variar a papa de frutas utilizando-se as frutas da época para propiciar à criança o conhecimento do maior número possível de sabores e de cores. Manter as papas de legumes e sopa de cereais, antes de algumas mamadas. IDADE: entre 7 e 8 meses Acrescentar carne ou fígado moído, na papa do almoço, começando com 1 colher (de chá) e aumentando aos poucos essa dose até 2 colheres (de sopa) por dia. No jantar, pode-se dar à criança pirão de batatas, inhame, cará, mandioca ou mandioquinha, ou cremes de ervilha, lentilha, grão de bico, aveia, cevada, sagu, palmito ou sopa de massinhas e gema de ovo misturada com um dos alimentos acima. Introduz-se feijão (passado na peneira) com arroz e angu; também pode ser enriquecido com gema de ovo e verdura de folha, cozida. A criança deve continuar a tomar de 150 a 200 gramas de leite integral por refeição. Parte desse leite deverá ser usada no preparo dos alimentos acima mencionados, ou ser misturada à sobremesa (doce de frutas ou geléias). IDADE: a partir dos 8 a 9 meses A mesma alimentação dada aos 8 meses, acrescentando-se pedaços de pão e biscoitos. Uma mamadeira pode ser feita misturando o leite com frutas. IDADE: a partir dos 12 meses Pela manhã:' leite rado do. com pingado com café ou mistucom uma gema de ovo batiTorradas ou bolachas ou pão manteiga. Almoço: dois ou três vegetais variados mal esmagados ou em pequenos pedaços. Um desses vegetais poderá ser dado cru. em salada, temperado com azeite ou limão. Os outros podem ser cozi- Lanche: Jantar: dos ou refogados, ou cozidos sob forma de suflê. É aconselhável nunca usar dois vegetais de tipo farináceo (batata e mandioca) na mesma refeição. Carne, fígado, miolo, peixe e frango. as empresas "em que trabalham pelo menos 30 (trinta) mulheres, com mais de 16 (dezesseis) anos de idade, terão um local apropriado onde seja permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no período da amamentação." 100 a 200 gramas de leite puro ou batido com uma fruta, ou coalhada com biscoito, ou sorvete o jantar poderá ser igual ao indicado para os 7 meses. Poderá ser dado um ovo no almoço ou no jantar, substituindo a carne. Este local deverá possuir, pelo menos, uma salaberçário para amamentação. Esta lei diz também que "é proibido o trabalho da mulher grávida no período de 4 (quatro) semanas antes e 8 (oito) semanas depois do parto." Desafortunadamente, estas disposições não são cumpridas. Apesar de muitas mães reconhecerem a importância e benefícios da lactância materna e do seu desejo de poder amamentar o seu bebê, existem múltiplos problemas, de variada índole, que a impedem de fazê-lo. Entre estes podemos anotar como o principal, o problema sócio-econômico. O baixo nivel de rendas, a baixa renda familiar, forçam a mãe a trabalhar para contribuir com seu salário ao sustento de seus filhos. Isso implica em que possa amamentar o seu bebê somente durante dois meses, já que a lei só autoriza este curto período de repouso depois do parto. A Consolidação das Leis do Trabalho, Lei de n.° 5.452, de 1.° de maio de 1943, diz que todas FONTE: "Infância e saúde" Osmar R. Mendonça, Gutemberg M. Rocha e José Mariano Oliveira. El valor Incomporable de Ia leche humana, Jellife D. B. y Jellife E. F. Boletfn de 1a O.P.S. Vol. LXX, n.°s 5. 6. 7 mayo y Junio de 1971. Vol. LXXI. n.°s 1, 2, 3. 4, 5. Jullo-novlembre 1971" O INAN, através do seu programa de nutrição em saúde, ajuda a mãe grávida e a nutriz mediante o fortalecimento de suplementação alimentar adequada. O programa atende às crianças de 6 meses a 3 anos de idade. Para estimular a amamentação materna, as crianças menores de 6 meses não recebem suplementação alimentar;elas se beneficiam indiretamente, por meio da atenção dada à mãe. Têm direito a esse programa de suplementação alimentar os grupos mais vulneráveis à desnutrição, de baixa renda familiar, que se situam abaixo dos salários mínimos. Texto 3. SELEÇÃO E PREPARO DOS ALIMENTOS PARA MELHOR NUTRIÇÃO Fig 12 - O GRÃO DE ARROZ Os hábitos alimentares têm a ver com fatores geográficos, econômicos, psicológicos e bioquímicos; variam de um grupo sócio-cultural para outro; tendem a ser mantidos pelas respectivas populações através das gerações e não são facilmente alterados. Nos grupos de imigrantes observa-se que o modo de vestir e de falar da nova terra são mais rapidamente adotados do que os costumes alimentares . Em todos os grupos sócio-culturais, a educação das crianças, desde a mais tenra idade, inclui valores, preferências, restrições, conhecimentos e práticas relacionadas com os alimentos e a alimentação. A influência da família e principalmente da mãe na formação dos hábitos alimentares é particularmente importante, não podendo ser ignorada pela escola, à qual incumbe uma educação alimentar mais baseada em conhecimentos científicos. São bem conhecidas as tentativas frustradas de mudança planejada de hábitos relacionados com a alimentação. Cita-se freqüentemente a tentativa de introdução de uma nova espécie de milho híbrido a qual, apesar de ser três vezes mais produtiva que a variedade comum, foi rejeitada porque as donas de casa achavam que alterava a consistência das tradicionais "tortillas" preparadas com milho. Freqüentemente a preferência por um tipo de alimento não tem nada a ver com o seu valor nutritivo. A preferência por cereais muito refinados (trigo, arroz e t c ) , por exemplo, não se justifica do ponto de vista nutricional, nem de preço. O pão escuro, o arroz integral, o açúcar mascavo só ganham valor para as pessoas que realmente se educaram em matéria de nutrição. 1) a parte externa à linha marrom é a que se perde no beneficiamento 2) na malequização os nutrientes solúveis em água (vitaminas B e minerais) passam à parte interna do grão, que poderá então ser beneficia do sem maiores prejuízos. O arroz malekizado, apesar de não ser escuro, e a despeito do seu melhor valor nutritivo parece não ter muita aceitação. Seria por sua coloração amarelada e cheiro um pouco acentuado devido a sua impregnação pelas vitaminas do complexo B, principalmente a vitamina B2. Também a soja, apesar de sua riqueza em proteína, e cujo consumo poderia se esperar grande em um país como o nosso que figura entre os maiores produtores mundiais dessa leguminosa, tem conseguido pouco espaço nos hábitos de alimentação da população, particularmente entre os grupos mais necessitados de melhoria. Uma razão freqüentemente dada, mesmo quando o feijão anda escasso no mercado, é o gosto diferente e "o caldo que não fica grosso e gostoso como o do feijão." Tendemos a fazer da alimentação uma rotina diária com o uso de um número limitado de variedades de alimentos; mas o desejável seria um consumo bastante diversificado, embora observados os limites impostos pelos nossos orçamentos. A introdução de novos alimentos modificaria a rotina e enriqueceria o valor nutritivo das refeições. Na experiência com a 1.ª versão deste manual, apesar da previsão dos professores de que seria extremamente difícil ver as crianças empenhadas no estudo e na mudança dos hábitos alimentares, verificou-se, para surpresa de muitos, que os alunos realizaram com verdadeiro interesse as tarefas propostas que os levavam à descoberta de novos valores e significados tanto para os alimentos usuais como para aqueles que até então desconheciam como alimentos. Na realidade a situação nutricional dos alunos, tantas vezes mencionada pelos professores como sério obstáculo ao seu desenvolvimento físico e intelectual, poderia em muitos casos, ser melhorada por meio de uma seleção mais criteriosa e dentro de uma visão mais ampla de alimentos. Sabe-se por exemplo, que existem duas a três mil espécies de plantas comestíveis e que apenas duzentas a trezentas delas são utilizadas pelo homem. Portanto, muitos recursos alimentares naturais deixam de ser aproveitados por negligência, em alguns casos, e por desinformação na maioria deles. As folhas de mandioca, de beterraba, de abóbora, entre outras, são fontes de proteínas, minerais e vitaminas utilizadas por algumas populações, mas ignoradas por outras. Existem espécies nativas vegetais comuns em extensas áreas de Goiás e Minas Gerais, o ora-pro-nobis e a samambaia não ornamental, por exemplo, que são boas fontes de proteínas, crescendo como mato, e cujo valor como alimento pouca gente conhece. Na flora inazônica há uma grande variedade de plantas oi riesíveis, r i cas em boas proteínas vegetais e outros rincípios nutrivos, que vão sendo abandonadas e ignorados pelas populações "modernizadas," principalmente pelos grupos que migram para as c i dades maiores. Certos pratos básicos tradicionais n; d rta brasileira, principalmente as misturas de cereais e leguminosas como o arroz e feijão, representam acertadas complementações de proteínas vegetais com a vantagem do seu valor energético. O cereal e a leguminosa quando consu, lidos, simultaneamente na mesma refeição em proporções adequadas, terão suas proteínas melhor utilizadas pelo organismo. O aminoácido deficiente de um será compensado pelo que existe em mais abundância no outro. Exemplificand J: a deficiência de lisina nos cereais é compensada pelas leguminosas em geral. E a deficièncic destas, em metionina e cistina, pelos cere ais em geral. As tabelas 1 e 2 da Ficha-informativa MISTURAS COMPLEMENTARES mostram combinações comuns na alimentação brasileira, nas proporções mais adequadas, com um complemento indicado de proteína animal ou vegetal. Alimentos mais baratos são muitas vezes tão ou mais nutritivos do que outros bem mais caros, dentro da mesma categoria. Por exemplo, vísceras (miúdos) e peixes — mais baratos e menos procurados que outras carnes de preço mais alto, na realidade rivalizam com estas, em valor nutritivo. Na categoria "carnes," os alunos deverão chegar à compreensão de que todos os tipos de carne são boas fontes protéicas, variando muito pouco nos tipos de aminoácidos. O fato de ser carne de 1.ª ou de 2.ª não significa diferenças do ponto de vista nutricional. Ademais, algumas das "carnes" mais baratas, como as vísceras, por exemplo, além de suas proteínas, elas têm em abundância várias vitaminas. As vitaminas mais freqüentemente encontradas nos vegetais (folhas, frutas, legumes e tubérculos), são as solúveis em água. Exemplo: Vitamina C, B1, B2. Uma folha que é guardada muito tempo depois de colhida, mesmo na geladeira, perderá a maior parte de suas vitaminas; o mesmo ocorre se ela for cozida com muita água e com a panela destampada. Daí a conveniência de se comprar os vegetais em quantidades suficientes para 3 ou 4 dias, no máximo. Os legumes, frutas e tubérculos devem (após boa lavagem) ser cozidos, sempre que possível, com suas cascas, inteiros, com pouca água e com a panela tampada. No caso de serem cozidos sem casca, usar também pouca água, panela fechada, e, aproveitar no preparo de outros pratos a água do cozimento. grande, quando se retiram a casca e as sementes) . • que a margarina enriquecida com vitamina A tem o mesmo valor nutritivo da manteiga, a um custo bem mais baixo. • que o valor nutritivo dos ovos não depende do seu tamanho e da cor de suas cascas. • que a data de fabricação ou de vencimento de um produto alimentício deve ser observada, principalmente se não se tem a intenção de consumi-lo Imediatamente. • que ao utilizar alimentos enlatados, é importante verificar se estão em boas condições. pois têm sempre um tempo limitado de duração. A ingestão de conservas estragadas pode produzir diarréias e, em alguns casos, botulismo que é uma doença muito grave. As latas mal fechadas e estufadas devem ser jogadas fora. • que o preço da carne não ó indicador de seu valor nutritivo; este será o mesmo para qualque corte de carne, (algumas vísceras, têm ainda maior teor de nutrientes). Um bife de No caso de frutas frescas, elas devem ser descascadas ou retirado seu caldo, somente minutos antes da ingestão, pois suas vitaminas se decompõem em espaço médio de 2 horas. As leguminosas (feijão, soja, lentilha, guando, fava etc.) devem ser colocadas em remolho, depois de muito bem lavadas, e, a água do remolho, aproveitada para o cozimento, que também deve ser feito com a panela tampada. filé mignon, uma fatia de lagarto assado, um pedaço de coxão duro ensopado ou uma porção de músculo cozido, numa sopa, possuem todos o mesmo valor nutritivo. È bom lembrar: • que os alimentos frescos são bem melhores, do ponto de vista nutritivo do que os alimentos em conserva, seja em lata ou em vidro. • que os alimentos próprios da estação que se está atravessando são mais baratos. • que o tamanho de um vegetal não é sinal de valor nutritivo. Muitas vezes o vegetal menor é mais saboroso (caso das beterrabas e cenouras) e custam menos; outras vezes, o desperdício poderá ser maior em vegetais menores (um mamão pequeno tem maior percentual de desperdício do que um • que também no caso dos peixes o maior preço não significa valor nutricional mais alto. O lambari tem o mesmo valor que o dourado, assim como a manjuba e a sardinha, o mesmo que o cação ou a pescada. • que é importante reconhecer se os peixes estão em bom estado: devem ter os olhos brilhantes, as guelras de cor vermelha viva, as escamas aderidas ao corpo. Ao pressionar-se o peixe com o dedo o seu corpo deve voltar à posição. • • Fig que é importante escolher as frutas no momento da compra; se queremos boas fontes de vitamina C, é preciso que as frutas estejam íntegras, sem batidas ou rachaduras, para que não haja desorganização celular; quando isso ocorre, os sistemas enzimáticos internos se descontrolam, e haverá destruição da vitamina C pela oxidação provocada por certas enzimas existentes nas frutas. que os vegetais folhudos devem ser umedecidos e colocados em recipientes de plástico ou polietileno, na parte menos fria do refrigerador. Quando não houver geladeira, deve-se envolver a verdura umedecida em • • papel, colocando-a na sombra e em lugar fresco. que onde não houver pasteurização, o leite deverá ser fervido para destruir a maior parte das bactérias presentes e, então guardado em local de baixa temperatura. Quando não houver geladeira, recomenda-se que seja guardado em panela tampada, colocando-o de preferência, dentro de uma vasilha maior com água. Quanto aos ovos: ao olhá-los contra o sol, na posição vertical, a gema deve estar no centro; se estiver muito baixa, o ovo não está fresco. Outro modo de verificação, é o seguinte: 14 OVOS FRESCOS OU NAO Coloca-se os ovos em água salgada (7 colheradas rasas de sal para um litro de água): 1) o ovo de um dia vai diretamente para o fundo do recipiente; 2) o ovo de 2 a 3 dias equilibra-se no centro do líquido; Tabus alimentares O modo de alimentar-se é parte dos costumes aprendidos com a família e com os grupos sociais a que estamos ligados. No processo de viver e se desenvolver, os grupos humanos vão estruturando costumes que se 3) o ovo de 15 dias emerge horizontalmente; não serve para o consumo. tornam característicos desses grupos. Alguns, são respostas adequadas às condições e desafios do ambiente. Outros perderam sua provável razão de ser, mas continuam indiferentes às evidências em contrário. Entre estes, muitos "tabus" alimentares. Alguns "tabus" merecem atenção especial do educador, na medida em que proíbem as pessoas de cornar alimentos ricos em nutrientes. Assim, o medo de misturar manga com leite, as restrições ao limão porque "é ruim para o sangue," "corta o sangue," o costume de não alimentar adequadamente crianças com febre, com doenças infecciosas, em geral porque a maioria dos alimentos mais nutritivos não estão na categoria dos alimentos "leves" que convém em tais situações. Exemplo: quando a criança tem febre, muitas mães retiram toda a alimentação, deixando a criança numa dieta restrita de chá (chá preto, de erva cidreira, de folha de laranjeira e t c . ) . Nas situações de aprendizagem propostas há pistas para a investigação e julgamento dos chamados tabus alimentares. Espera-se que o professor. ele também se pergunte dos seus tabus, das suas reações ao tentar modificar as suas crenças à luz de conhecimentos científicos de nutrição. Também as facas e utensílios de cozinha devem ser de aço inoxidável ou alumínio, pois os de ferro, zinco e cobre aceleram a oxidação da vitamina C. Os açúcares contribuem para estabilizar a vitamina C nos sucos ou saladas de frutas. Nas verduras, o vinagre ou suco de limão ajudam a conservar a vitamina. Os molhos vinagrete reduzem as perdas de vitamina C nas saladas. Já o hábito de se adicionar bicarbonato de sódio (alcalino), quando se cozinham as verduras, para melhorar sua cor, resulta em destruição das vitaminas. Situação 3 . 1 . 1.ª TAREFA: 1. Você já preparou uma refeição? 2. Como são em geral preparadas as verduras? Dar exemplos. 3. Como se costuma cozinhar os legumes? E os cereais? Dar exemplos. 4. Quais os modos mais comuns de preparar as carnes? Dar exemplos. 5. Que mais sabe você sobre as diferentes maneiras de preparar os alimentos? Dar exemplos. 6. Que relações existem entre os modos de preparar os alimentos e o seu valor nutritivo? Dar exemplos. A cocção dos alimentos A cocção geralmente melhora o sabor dos alimentos. Para que nessa operação não haja perda de alguns nutrientes, é preciso que se observem alguns cuidados. Assim para que as vitaminas hidrossolúveis (vit. C e complexo B) não passem em grande parte para a água de cocção dos vegetais que as contêm, é importante mudar dois hábitos muito difundidos — o de cortar o vegetal em pedaços muito pequenos e o de colocá-los em um grande volume de água. O procedimento correto é usar um mínimo de água, panela sempre tampada e um tempo mínimo de cocção. O cozimento em vapor dágua, em algum tipo de panela conjugada com um recipiente f u radinho (como um cuscuzeiro) é excelente técnica, do ponto de vista de preservação dos nutrientes, principalmente as vitaminas que se dissolvem n'água. FAZENDO COMIDA Agora você poderá responder por escrito às perguntas acima: • em grupo, rever as respostas, fazendo uma listagem das diferentes maneiras de cozi- nhar e preparar os alimentos com as vantagens e desvantagens correspondentes. • 2.ª TAREFA: 1 O grupo poderá: Retirar do BI a ficha-informativa ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE O PREPARO DOS ALIMENTOS Procure agora ler e discutir com os companheiros do grupo as informações novas e registrar a conclusão. • • • comparar as informações obtidas nas entrevistas com as da ficha-informativa; discutir e registrar as diferenças encontradas; selecionar entre as informações dadas pelas pessoas entrevistadas, algumas importantes para serem acrescentadas à ficha-informativa; discutir com o profsssor. 5.ª TAREFA: 3.ª TAREFA: 1. Quem poderá dar mais informações sobre o preparo dos alimentos? EXPERIMENTE: • • • • • • preparar, junto com os colegas, perguntas para entrevistar algumas pessoas adultas sobre o preparo dos alimentos; entrevistar pelo menos duas pessoas (por exemplo: sua mãe, avó, uma cozinheira experiente); agrupar as opiniões; ordená-las de acordo com pontos semelhantes; 1. Fazer, em grupo, um relatório com os resultados das tarefas. 2. Se houver oportunidade, apresentar as conclusões para a turma. Observação: arquivar no B.l. o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e série. Situação 3.2. FEIJÃO, ANGU E COUVE 1.ª TAREFA: 1. discutir com os colegas todas as entrevistas; Você está aproveitando o seu alimento da melhor forma possível? Por que? 2. anotar as diferenças de opinião entre as pessoas entrevistadas e procurar explicações para essas diferenças; Que alimentos você tem costume de comer juntos nas refeições? 3. Por que você tem esse costume? discutir com conclusão. o professor; registrar a Agora você poderá: • responder por escrito as perguntas acima; 4.ª TAREFA: • 1. • em grupo, ler e discutir as respostas de todos os colegas; fazer uma lista de todas as combinações de alimentos citados pelo grupo. Das informações dadas pelas pessoas entrevistadas, quais eram novas para vocês? 2.' TAREFA. • discutir clusão. 1. Retirar do BI a ficha-informativa MISTURAS COMPLEMENTARES e a ficha-tabela NECESSIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR E O ADOLESCENTE. 3.ª TAREFA: 1. Retirar do BI a ficha-informativa PROTEÍNAS. com o professor e anotar a con- Experimente: Em grupo, experimente: • • trabalhar as informações novas, realizando o jogo proposto na ficha; • discutir com os colegas os exercícios feitos e anotar a conclusão f i n a l . 4.ª TAREFA: 1. Em grupo, preparar um relatório com as c o n clusões finais e apresentar os resultados para a turma, se houver oportunidade. • • • • • identificar a sua necessidade calórica e protéica por dia, consultando a ficha-tabela NECESSIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR E O ADOLESCENTE; anotar em folha de papel; assinalar na ficha-informativa as misturas complementares (combinações básicas e as complementações de proteína animal e vegetal) que constituem normalmente as suas refeições; anotar uma dessas misturas, considerando os alimentos da esquerda e da direita da tabela e sua quantidade em c o Iheres; sabendo-se que essa quantidade de a l i m e n to fornece-lhe 500 calorias e 10 gramas de proteínas assimiláveis, calcular quantas c o Iheres desses alimentos você deve comer em duas refeições para obter a quantidade de calorias e proteínas por dia, de que você necessita; fazer o mesmo cálculo utilizando os dados da ficha-tabela NECESSIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR E O ADOLESCENTE; escrever como você gostaria que fossem as suas refeições de um dia para obter o que necessita de proteínas e calorias, usando, ao mesmo tempo, a ficha-informativa MISTURAS COMPLEMENTARES e a ficha-tabela NECESSIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR E O ADOLESCENTE; em grupo, ler e comparar os resultados dos cálculos de cada colega; Observação: arquivar no BI o relatório e as t a refas desenvolvidas com: • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e s é r i e . Situação 3 . 3 . ALIMENTO PROIBIDO? 1.ª TAREFA: 1. Que são tabus alimentares? 2. Oue tabus alimentares você conhece? 3. Qual a origem desses tabus? Agora você poderá: • responder individualmente às perguntas a c i ma; • ler e discutir as respostas com os colegas de grupo; • • listar todos os tabus alimentares conhecidos pelo grupo; identificar os alimentos que aparecem com mais freqüência na lista dos tabus a l i m e n tares; • discutir com os colegas de grupo as possíveis origens dos tabus alimentares. 2.ª TAREFA: 1. Que tabus alimentares são mais comuns e n tre as pessoas que você conhece? 4.ª TAREFA: 1. De que são compostos os aparecem na lista dos tabus? preparar em grupo, perguntas para e n t r e v i s tar pessoas entre os familiares, vizinhos e amigos sobre os tabus alimentares; • retirar do BI a ficha-tabela QUÍMICA DOS AUMENTOS; • procurar na tabela os alimentos da lista dos tabus (2. a tarefa) e anotar a composição química de cada um deles; • comparar o valor nutritivo desses alimentos com outros encontrados na tabela; anotar as diferenças; • discutir com o professor. 5.ª TAREFA: Em grupo fazer um as conclusões f i n a i s . • entrevistar no mínimo três pessoas, anotando todas as respostas; 1. • em grupo, reunir todos os dados colhidos durante as entrevistas; fazer uma lista contendo todos os tabus conhecidos, identificando os mais citados pelas pessoas; comparar essa lista com aquela feita pelo grupo na 1.a tarefa; anotar os pontos semelhantes; 2. • nome da unidade e da situação; • discutir com o professor. • nome dos participantes e s é r i e . 3.ª TAREFA: Aplicação prática 1. Ouem já experimentou desrespeitar desses tabus? Que aconteceu? alguns Cada colega deverá: • contar para os outros do grupo a sua própria experiência com misturas de alimentos p r o i bidos; • discutir as experiências e buscar em grupo explicações para a persistência dos t a b u s . que O grupo poderá: Procure agora: • alimentos relatório COMPOSIÇÃO sucinto com Havendo oportunidade apresentar os resultados para a t u r m a . Observação: arquivar no BI o relatório e as t a refas desenvolvidas com: Orientação preliminar A realização das tarefas sugeridas nas situações — FAZENDO COMIDA; FEIJÃO, ANGU E COUVE; AUMENTO PROIBIDO? — possibilitará aos alunos a compreensão de alguns conceitos c o n tidos no texto 3 — SELEÇÃO E PREPARO DE AUMENTOS PARA MELHOR NUTRIÇÃO. Este texto servirá para o professor orientar os alunos que escolheram umas ou outras das situações apresentadas no diagrama da unidade OS A L I - MENTOS E A SAÚDE. No banco de informações (BI) os alunos deverão encontrar a ficha-lista das tarefas de cada situação escolhida e o material necessário para desenvolvê-las. Na situação FAZENDO COMIDA os alunos poderão discutir as diferentes maneiras de se preparar os alimentos e ler algumas informações sobre o assunto; fazer entrevistas, comparar as informações fornecidas pelas pessoas com as da ficha, registrando o que constitui novidade para o grupo. Durante as discussões com os alunos, o professor poderá ajudá-los a confrontar as informações de uma fonte com as de outra, além de incentivá-los a procurar relações entre essas informações e fatos da experiência de vida de cada um. Na situação FEIJÃO. ANGU E COUVE os alunos deverão dizer o que pensam sobre as combinações de alimentos; analisar alguns dados sobre as misturas complementares e planejar uma refeição, considerando a quantidade de proteínas e calorias necessárias por dia; fazer a série de exercícios sobre as proteínas, sugeridos na f i cha-informativa. O professor ajudará os alunos no manejo das tabelas. Discutirá os resultados dos cálculos, enfatizando a importância da combinação de alimentos de origem vegetal em determinadas proporções. Quanto aos exercícios sobre as proteínas, chamará a atenção para a possível ampliação de conhecimentos: que os alunos pensavam antes sobre as proteínas? Que idéias têm agora? Na situação ALIMENTO PROIBIDO? os alunos deverão discutir o que são os tabus alimentares e a sua origem; listar os mais conhecidos pelo grupo; entrevistar algumas pessoas sobre o assunto; a partir da experiência de vida de cada um, analisar a validade dos tabus; usando uma tabela, pesquisar a composição química de alimentos cujas combinações constituem tabus e compará-la com a de outros alimentos da tabela. O professor participará das discussões com os alunos para perceber as relações que eles estabelecem entre as informações. Estimulará o estudo da composição química dos alimentos proibidos e dará oportunidade aos alunos de levantarem hipóteses que expliquem a persistência dos tabus alimentares entre as pessoas. Informações do BI No banco de Informações, os alunos deverão encontrar as fichas-listas das tarefas das situações escolhidas e o material necessário para desenvolvê-las. No tocante à situação FAZENDO COMIDA será utilizada a ficha-informativa ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE O PREPARO DOS ALIMENTOS. apresentada a seguir: Para o desenvolvimento da situação FEIJÃO, ANGU E COUVE será necessário o seguinte material: • ficha-tabela NECESSIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR E ADOLESCENTE, apresentada a seguir • ficha-informativa MISTURAS TARES, apresentada a seguir • ficha-informativa PROTEÍNAS, apresentada a seguir COMPLEMEN- Para o desenvolvimento das situação ALIMENTO PROIBIDO? será necessária a ficha-tabela COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS, DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Ficha-lnformativa. ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE O PREPARO DOS ALIMENTOS 1. O cozimento transforma os alimentos, modificando-lhes o valor nutritivo. Os alimentos, ao serem cozidos, tornam-se de mais fácil digestão, mas perdem parte de seus nutrientes. O amido dos alimentos crus é mal digerido pelos sucos do tubo digestivo porque ele é um açúcar complexo. Por isto usa-se cozinhar os alimentos que têm amido (arroz, milho, batata e t c ) . Em presença de vapor ou de água fervente o amido se dissolve e se transforma em açúcares mais simples que são facilmente assimilados pelo homem. As gorduras se liqüefazem sob a ação e Isso facilita sua digestão. Mas óleos gorduras superaquecidos se modificam do substâncias de difícil digestão, e para o estômago. do calor e outras formanirritantes As proteínas coagulam-se com o calor. Esse fenômeno é muito visível quando cozinhamos um ovo, ou fazemos um rosbife — a superfície se coagula, se escurece enquanto a parte de dentro se conserva macia e rosada. Algumas vitaminas são sensíveis à ação do ar e sobretudo do calor (vitamina C ) . Outras, entretanto, resistem bem ao calor (vitamina A) embora sensíveis à luz. Certas vitaminas hidrossolúveis (B e C) e os sais minerais se dissolvem na água. e são em grande parte perdidos se a água em que são cozidos os alimentos que os contêm for jogada fora. 2. Os alimentos podem ser preparados, de diversas maneiras, sob calor seco ou calor úmido. Nas frituras e refogados utiliza-se calor seco. Neste caso, os alimentos perdem água. Um exemplo disso é o "encolhimento" da carne assada em gordura. Outro exemplo: as carnes cozidas ou assadas pelo calor desprendido por brasas (carne grelhada) ou pelo calor das chamas (carne em espeto). Esse modo de preparar carnes, aves ou peixes conserva seu valor nutritivo pois a rápida elevação da temperatura da superfície coagula (solidifica) as proteínas, formando uma barreira contra a saída dos nutrientes presentes nela. O calor úmido serve para hidratar os alimentos, através da água ou de outros líquidos. É utilizado, por exemplo, no preparo do feijão, que de remolho na água a absorve, aumentando de volume quando cozido. Cozinhar os alimentos na água é também muito praticado. Comumente, coloca-se o alimento em água fria que leva a fervura; ou mergulha-se o alimento diretamente em água já fervente. No primeiro caso, os alimentos perdem parte de seus nutrientes; no segundo, as proteínas das células coagulam-se rapidamente dificultando a saída dos nutrientes. É por isso que se costuma cozinhar os legumes verdes diretamente em água fervente bem salgada. As vagens e as verduras de folhas devem ficar ao fogo somente o tempo suficiente para amolecer. devendo ser esfriadas e escorridas logo a seguir. As raízes e os tubérculos (inhame, cará, batata doce. batata) quando cozidos sem casca na água, perdem parte do seu valor nutritivo. É portanto preferível cozinhá-los com suas cascas, depois de lavados. Os alimentos cozidos na panela de pressão sofrem a ação dos vapores desprendidos pelo líquido dos alimentos, que não se perdem, criando uma área interna de muito calor. Por esse método são cozidos o feijão, as carnes mais duras, a dobradinha etc, com reduzido gasto de combustível. Cozinhar alimentos em panela fechada, sem pressão, a fogo brando, constitui outra forma de cozimento ao vapor. A evaporação dos líquido desprendidos pelos alimentos vai para a tampa da panela (mais fria) onde se condensam e tornam a cair nos alimentos que assim ficam mais tenros e saborosos. Os assados de panela são feitos assim. nerais dos legumes; pode ser utilizada para fazer sopas, caldos, sucos, feijão e arroz. 3. Os alimentos perdem parte de seus nutrientes, quando cozidos. O quadro a seguir Indica as percentagens dos nutrientes perdidos pela destruição e. no caso dos alimentos cozidos, em água, por difusão. Se a água de cozimento dos legumes for consumida. as perdas serão reduzidas à metade. A água de cozimento dos legumes (com exceção dos legumes picantes e com cheiro forte como o repolho, a couve-flor etc.) deve ser aproveitada. Para ela passaram vitaminas e sais «mi- pasteurizado Legumes c o z i d o na água c o z i d o s e m água 20 30a70 15a30 20a50 50 10a20 20 30 65 70 20 40 30 40 20 25 50 50 20 20 50 20 1ü 10 traços traços traços traços 0a10 0 0 0 20 10a20 15 20 30 10a20 Vitamina A Vitamina C Cálcio Açúcares Fósforo 20a50 30 traços 2 a 5 Vitamina PP (Niacina) Leite 20a30 20 traços 2 a 5 6 a 7 5 a 6 0 0 Vitamina B2 (Riboflavina) Peixe cozido na água cozido no vapor assado n o f o r n o frito 20a30 20a30 40 24 Vitamina B1 (Tlamina) Carne grelhada assada à estufa cozida Água Modo de cozinhar ou Processo de Conservação Proteínas Alimentos PERDAS DE NUTRIENTES APÓS O C O Z I M E N T O DOS A U M E N T O S - (PERCENTAGENS) Em que modo de preparar o alimento houve maior perda de nutrientes? Ficha-Tabela: IDADE-ANOS CALORIAS NECESSIDADES D I Á R I A S PARA O ESCOLAR E ADOLESCENTE PROTEÍNAS g GLICIDIOS LIPIDIOS g CÁLCIO mg FERRO mg R. E. mg TIAMINA B1 mg RIBOFLAVINA B2 mg NIACINA VIT. C g mg mg 400 0.8 1.1 14 20 7 a 9 1.800 38 270 64 450 10 10 a 12 2.200 46 330 78 650 10 575 1.0 1.4 16 20 13 a 19 Homens 2 800 58 420 99 550 15 750 1.2 1.6 19 30 13a 19 Mulheres 2.500 50 375 89 550 18 750 1.0 1.3 16 30 "FONTES: Publicação INCAP E — 709 1973 Manual Sur les Besoins Nutritionnels do I'Homme O M S - 1974 MISTURAS COMPLEMENTARES Alguns alimentos quando combinados em determinadas proporções, são melhor aproveitados pelo organismo. Assim, muitas combinações de alimentos que habitualmente fazemos, são de melhor aproveitamento que outras. Muitas vezes, uma dona de casa tem dificuldades para selecionar os alimentos, querendo gastar o mínimo possível e ao mesmo tempo levar à mesa uma boa alimentação para a sua família. Na tabela Misturas Complementares número 1 e 2 que segue anexo, estão misturas separadas de alimentos que se complementam uns aos outros. Ao lado das misturas básicas, de alto valor nutritivo, quando ingeridas nas proporções propostas, existem diversas opções para se ter uma refeição completa. MISTURAS COMPLEMENTARES CONTENDO CERCA DE 500 CALORIAS E 10g DE PROTEÍNAS ASSIMILÁVEIS TABELA N.° 1 COMBINAÇÕES BÁSICAS COMUNS NA ALIMENTAÇÃO BRASILEIRA COMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÍNA ANIMAL OU VEGETAL 1. carne fresca, moída 2. carne seca 3. ovo metade ou colher 1/2 colher 1 unidade 4. peixe fresco, desfiado 1 colher 5. peixe salgado, desfiado 1 colher 6. torresmo 1 colher 7. vísceras 1 colher 8. pele de porco, frita 9. folha verde (média) cozida: couve folha de mandioca e ora-pro-nobis OBS.: 1 15 gramas 2 colheres Qualquer uma das combinações básicas (à esquerda), complementada com qualquer um dos 9 alimentos (à direita), fornece 500 calorias e 10g de proteínas assimiláveis CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS MEDIDAS ADOTADAS E O PESO DO ALIMENTO EM GRAMAS MEDIDA ALIMENTO — óleo — fubá — — 1 colher " " feijão D farinha de mandioca — peixe salgado, desfiado — carne fresca, moída " 15 20 20 20 25 " 25 (todas, de qualquer animal) " 25 carne seca • 30 torresmo " 30 " 30 — peixe fresco, desfiado — vísceras — 15 * (boi. porco, aves) — PESO — arroz — macarrão 3 colheres 40 — ovo 1 unidade 50 — legume (bulbo) batata 1 unidade média 50 — folhas 4 2 2 4 2 20 20 20 20 20 alface couve folhas de mandioca folhas de abóbora folhas de beterraba folhas 5g/1 folhas 10g/1 folhas 10g/1 folhas 5g/1 folhas 10g/1 OBSERVAÇÕES: 1. As medidas e pesos correspondem ao alimento cru 2. Em todas as preparações devem ser acrescentadas 1 a 2 colheres de óleo (g) MISTURAS COMPLEMENTARES CONTENDO CERCA DE 250 CALORIAS E 5g DE PROTEÍNAS ASSIMILÁVEIS TABELA N.ª 2 COMBINAÇÕES HABITUAIS NA ALIMENTAÇÃO BRASILEIRA COMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÍNA ANIMAL OU VEGETAL 1. queijo (ralado) 1 colher (café) 2. manteiga 1 colher (chá) 3. fruta 1/2 4. melado 2 colheres (sopa) 5. amendoim (moído) 1 colher (café) 6. coco-da-baía (ralado) 1 colher (sopa) castanha-do-pará 2 7. OBS.: unidade unidades Cada uma das combinações habituais (à esquerda), complementada com qualquer um dos 7 alimentos (à direita), fornece cerca de 250 calorias e 5g de proteínas assimiláveis. CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS MEDIDAS ADOTADAS E O P E S O DO A L I M E N T O EM G R A M A S MEDIDA ALIMENTO — — leite fresco leite em pó integral — — — — — — coalhada, yogurt pão francês queijo manteiga açúcar frutas: banana ou laranja tubérculo melado amendoim moído coco ralado castanha-do-pará milho branco — — — — — — 1 2 xícara colheres (sopa) 90 ml de água 1 xícara 1 unidade pequena 1 fatia (1 dedo larg.) 1 colher (chá) 1 colher (sopa) 1/2 (pequena) 1/3 (média) 1 pedaço 5 cm x 4 cm 1 colher (sopa) 1 colher (café) 1 colher (sopa) 2 unidades 1 colher (sopa) PESO (g) 200 100 150 40 30 5 20 50 50 50 20 5 20 6 30 OBSERVAÇÃO: 1. Acrescentar, nestas pequenas refeições, meia a 1 colher (sopa) de açúcar Ficha-informativa: PROTEÍNAS O seu corpo é feito de bilhões de pequenas unidades vivas, chamadas células. A substância viva dessas células é feita de proteínas que por sua vez são feitas de aminoácidos. Cada tipo de proteína tem uma certa quantidade e uma arrumação particular dos aminoácidos que a compõem. O que nos faz diferentes de um pé de milho ou de um cachorro ou vaca é a diferença no número e no arranjo dos aminoácidos da proteína característica de cada uma dessas espécies de seres vivos. entre as proteínas da pele, do coração, do intestino, da unha, do cabelo etc. Para melhor compreender o assunto, proteínas e aminoácidos e seus importantes papéis, vamos propor-lhe um jogo com as letras do alfabeto. Existem 23 letras diferentes no alfabeto português. Você Já pensou que com apenas 23 letras do alfabeto, pode ser formada uma enorme variedade de palavras, de frases de significados diferentes? Do mesmo modo, com os 20 aminoácidos existentes, também podem ser formadas muitíssimas proteínas diferentes. Instruções para o Jogo O fato de existirem padrões determinados de quantidade e ordenação dos aminoácidos para cada tipo de proteína também explica as diferenças • Escrever o alfabeto numa tira de papel, repetindo cada letra 3 vezes. É bom colar esta tira de papel em uma cartolina, papelão ou algo parecido para facilitar o manuseio. • Colorir as vogais verde e roxo). • Guardar as letras numa caixinha ou envelope Fig Fazer duas frases com estas letras, sendo que: • 1.ª frase deverá conter todas as vogais; escrevê-la no caderno. (vermelho, azul, amarelo. Cortar as letras, separando-as uma das outras ficando assim: • • • • Na 2.ª frase deverá faltar uma ou duas vogais; escrevê-la no caderno. Agora você vai fazer dois colares com estas frases. Passe um barbante pelo centro de cada cartão com a letra. Quando chegar à última letra de cada frase, amarre as pontas do barbante com o início. 15 Exemplos: MARIA COME ANGU OBSERVAÇÃO 1: • cada letra será um AMINOACIDO; • cada frase será uma CADEIA DE AMINOÁCIDOS; • cada frase em forma de colar (círculo) será uma PROTEÍNA. O DIA ESTA BONITO Quantas letras foram usadas para formar as 2 frases? Assim como uma longa frase pode conter muitas letras, também uma proteína contém muitos aminoácidos, geralmente várias centenas. Para fazer uma frase você tem que ter o número exato de cada tipo de letra, e elas têm de ser colocadas na ordem precisa. Se a ordem das letras em uma palavra ou uma frase é modificada o que acontece?. • Experimente modificar a ordem das letras nas frases que você fez. O que aconteceu? Escreva no seu caderno. Isto também acontece se a ordem dos aminoácidos em uma proteína for mudada, a proteína fica diferente. • Procure, agora, trocar as letras de suas frases por outras, formando uma nova frase. Você pode usar outras letras da caixinha. Compare a nova frase com a frase antiga. O que aconteceu? Escreva no seu caderno. O mesmo acontece com as proteínas. Se um dos aminoácidos é trocado ou acrescentado em uma proteína, ela se torna diferente. Você já observou que toda palavra em português tem sempre uma vogai? Verifique isto em suas frases. Assim com o alfabeto tem 5 vogais (A, E, I, O, U) essenciais para formar uma palavra, existem 8 aminoácidos importantes na formação das nossas proteínas e que o nosso corpo não é capaz de fabricar. Os aminoácidos que o corpo não pode fazer são chamados AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS, isto é. são necessários, devem constar da alimentação. OBSERVAÇÃO 2: • as vogais serão os AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS; • as consoantes serão os AMINOÁCIDOS NÃO ESSENCIAIS (os aminoácidos que o corpo pode produzir). • Em sua 2.ª frase, faltam uma ou duas vogais, não é? Para que ela possa dispor de todas as vogais você terá de acrescentar novas palavras que contenham as vogais que estão faltando. Faça isto utilizando as letras da caixinha. O que aconteceu? Escreva no seu caderno. A mesma coisa acontece no corpo. Como seu organismo não produz aminoácidos essenciais, você terá de acrescentá-lo à sua alimentação ingerindo alimentos protéicos com tais aminoácidos. Para você entender melhor a importância dos aminoácidos essenciais, retire todas as vogais de suas frases. Escreva no caderno o que aconteceu. Faça, agora, um esquema sobre o que você entendeu de aminoácidos e proteínas. Qualquer dúvida, discuta com seus colegas de grupo. E se for preciso chame o professor. Agora que você já sabe um pouco de proteínas, vamos falar sobre sua importância, para que servem. Desde muito novos os seres animais e vegetais vão crescendo e se transformando. Os seres humanos quando chegam em uma determinada idade (em torno de 21 e 23 anos) param de crescer. Isto não significa que não precisam mais de comidas, que não precisam mais de proteínas, gorduras, açúcares, vitaminas e minerais. Todas as partes do corpo estão se renovando continuamente. Cada célula vive por algum tempo e depois morre e uma nova célula tem de ser fabricada para substituí-la. Por exemplo: uma hemácia (glóbulo vermelho do sangue que carrega o oxigênio) vive apenas 120 dias; depois se desgasta e uma nova célula tem de ser formada. A proteína é necessária para a formação dessas novas células. Temos que comer proteínas para reconstituir o nosso corpo. Uma criança necessita de proteína não só para repor as células gastas, mas também para crescer. Escrever no seu caderno as respostas: • Que acontece com seus sapatos depois de algum tempo de uso? • Se você não usar sapatos, a mesma coisa acontecerá com seus pés? Explicar. • Que acontece quando você tem um ferimento, uma queimadura ou quando aparece uma doença? • Que alimentos são particularmente importantes na reconstituição das partes afetadas do corpo? • Faça uma lista dos períodos de vida e das condições fisiológicas que requerem maior quantidade de proteínas, explicando porque. Ver a figura abaixo: Com quem você se parece mais: com uma vaca ou com um pé de milho? Claro que o nosso corpo é mais parecido com o de uma vaca do que com o pé de milho. Tente explicar. As proteínas do ovo e do leite materno contêm aminoácidos em quantidades exatamente iguais às requeridas pelo nosso corpo. E estas proteínas são totalmente aproveitadas pelo corpo; não há perda de aminoácidos. Já outras proteínas. especialmente as encontradas nos alimsntos vegetais possuem ou muito ou pouco de determinados aminoácidos. Se em uma determinada proteína um aminoácido essencial estiver em pequena quantidade, como mostra a figura acima. que acontecerá? Suponhamos que o aminoácido (1) que está faltando, seja a metionina, na proteína do feijão. O que acontecerá é que o aproveitamento de todos os outros aminoácidos (os 7 restantes) f i carão reduzidos também na mesma proporção. Nas proteínas dos alimentos de origem vegetal, raramente encontramos os aminoácidos na proporção necessária à construção das proteínas humanas. Visualizemos as proteínas como uma estrela de 8 raios, sendo cada raio um aminoácido Mas se o feijão for comido junto com cereais que têm uma boa quantidade de metionina, embora sejam em geral pobres em outro aminoácido essencial, a lisina, haverá uma compensação e portanto um melhor aproveitamento dos aminoácidos na construção e manutenção do nosso corpo. Duas proteínas juntas de origem vegetal, nem sempre se contrabalançam adequadamente. Os regimes vegetarianos requerem uma variada seleção e cuidadosa combinação de alimentos. O adicionamento de proteínas animais — embora em pequenas quantidades — facilita o melhor aproveitamento das proteínas vegetais. APRESENTAÇÃO Esta ficha-tabela foi organizada com a intenção de dotar os alunos de um instrumento de fácil manejo em sua aprendizagem de nutrição. Apesar de conter pequeno número de alimentos em cada grupo, a tabela tanto possibilita aos alunos opções no planejamento de sua própria refeição quanto certamente irá estimular o uso de novos alimentos em sua família. EXEMPLO DE UTILIZAÇÃO DA TABELA Uma refeição pra meninos de 10 a 12 anos DADOS DA TABELA DE COMPOSIÇÃO DOS AUMENTOS — EM 100 g ALIMENTOS CONSUMO NA REFEIÇÃO Peso (gramas) e Medidas equiv. Calorias Proteínas g Lipídios g Glicídios g 163 12.9 11.5 0.8 32.3 100 (2 ovos) 210 351 4.8 6,1 67.8 0.3 12,2 75 50 3,3 0.2 9.2 0.1 4.1 20 4 folhas 40 4 0.3 0,0 142 0.7 0.1 34.6 7 4 0.3 0.1 0.0 0.0 1.5 1.0 941 24.0 33.3 136.7 Calorias Proteínas 0 Lipídios g Ovo 163 12,9 11.5 0.8 Arroz cozido 167 2.3 2,9 Feijão cozido 67 4.4 Chicórea 20 1.7 Farinha de mandioca Glicídios 9 354 1.7 0.3 86.4 Laranja 42 0,8 0.2 10.5 Banha 902 — 100.0 — Alho 134 5.3 0.2 29.3 45 1.4 0.2 9.7 Cebola Obs.: 1. Os ovos podem ser substituidos por 75g (3 colheres/sopa) de qualquer carne fresca moída 2. Para as meninas, basta diminuir 2 colheres de arroz e 1 colher de feijão (2 laranjas) 15 (1 colher/sopa) 5 10 TOTAL 135 Ficha-Tabela: COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS MAIS USADOS NO BRASIL (Organizada a partir da tabela Composição Química dos Alimentos) COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL N.° ALIMENTO CALO PROTE LIPIDIOS RIAS INAS GLICI DIOS VITAMI VITAMI NA B2 VITAMI NA B1 FÓSFO RIBOFLA FERRO NA A TIAMINA VINA FIBRA CÁLCIO RO mg mg mg 0.06 0.26 0.20 0.09 0,08 0.01 0.07 0,06 0.06 0.06 2.3 2.0 1.4 1.7 1.2 0 0 0 0 0 65 0.07 0,04 0,9 22 0.1 4.2 0 0 0.00 0.01 0,00 0.09 0.0 0.5 0 0 409 83 3,8 1.8 5 0 0.79 0.04 0,14 0,03 15,5 0.6 1 4 g mg mg mg mmg 79.7 74.1 77,2 75,2 57.4 0.3 0.5 0.7 0.3 0.5 8 24 6 27 22 85 191 164 162 107 2.0 1.3 1.8 1.3 1.2 0 0 34 0 0 0.2 27.3 Q.8 31 49 1.4 0.0 0.6 0.0 0.0 99.5 92,0 0.0 0.0 0 174 0 14 549 296 23,2 3.5 44.8 27.2 23.0 13.7 2,9 3,8 49 13 g g g 359 365 354 369 269 6.4 12,0 9,6 12,5 9,3 0.8 1.3 2.0 1.2 2.0 113 1.6 385 356 VITAMI NA PP NIACI VITAMI NA NA C mg I. CEREAIS E DERIVADOS 01 Arroz 02 Farinha de trigo 03 Fubá de milho amarelo 04 Macarrão sem ovos 05 Pão francês I I . TUBÉRCULOS. RAÍZES E AMILACEOS 06 Batata-doce. batata-inglesa, banana-da-terra, cará, inhame, mandioca (média) III. AÇÚCARES 07 08 Açúcar refinado Rapadura IV. NOZES E OLEAGINOSAS 09 Amendoim 10 Coco-da-baía V. LEGUMINOSAS E DERIVADOS 11 Feijão 337 22.0 1.6 60,8 8.1 86 247 7.6 2 0.54 0.19 2.1 3 12 Guando 337 19.2 1.5 63,3 8.1 137 332 5.0 7 0.72 0.17 2.6 0 COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL N.° ALIMENTO CALO PROTE LIPÍDIOS RIAS INAS GUCI DIOS VITAMI VITAMI NA B2 VITAMI NA B1 FÓSFO RIBOFLA FERRO NA A TIAMINA VINA FIBRA CÁLCIO RO mg mg mg mg 87 594 330 533 650 1960 525 250 607 0.08 0.10 0.07 0.15 0.20 0,25 0.07 0.02 0.12 0.08 0.19 0.14 0.28 0.31 0.60 0.22 0.10 0.24 0.4 0.8 0.5 1.6 1.7 2.4 0.6 0.5 1.0 12 101 10 75 92 311 50 23 146 0.7 0.6 0,6 2.6 1,2 0.6 350 5 2 245 31 60 0.05 0.05 0.03 0.12 0.04 0.06 0.04 0.04 0.04 0.15 0.08 0.05 0.6 0.5 0.2 2.2 0.6 0.7 42 19 14 140 47 23 134 38 40 36 1.4 0.8 1.0 0,7 2 2 2 1100 0,21 0.01 0.04 0.06 0.08 0.04 0.03 0.05 0.6 0.2 0.3 0.6 9 5 10 8 18 96 48 15 4 8 45 33 25 18 0.5 1.8 6.3 1.6 1.0 5 46 48 38 40 0.08 0.02 0.06 0.05 0.03 0.04 0.02 0.04 0,06 0.03 0.2 3.4 1.3 0.6 0.4 61 49 326 17 219 32 22 6 20 12 6 29 12 16 26 10 13 12 7 29 15 0.6 0.7 0.4 0.4 0,8 0.2 1.0 0.9 7 26 3 37 210 23 3 0 0.06 0.04 0.03 0.03 0,05 0.02 0.03 0.05 0.02 0.04 0.05 0.04 0.06 0.03 0.04 0.04 0.2 1.0 0.2 0.3 0.4 0.2 0,4 0.5 46 218 6 46 53 5 70 3 g g g g mg 15 36 20 42 40 91 45 26 43 1.3 2.5 1.7 3.3 3.6 7.0 3.2 2.0 3.2 0.2 0.5 0.1 0.7 0.7 1.0 0.4 0.4 0.6 2.9 6.9 4.1 8.0 7.2 18.3 8.1 5.0 8.5 0.7 6,9 0.9 1.7 0.9 4.0 3.8 0.9 1.3 43 132 81 188 203 303 114 79 195 34 48 54 72 63 119 34 32 52 1.3 2.4 1.7 3,0 1.0 7.6 3.1 3.6 3,1 40 24 15 48 36 21 1.2 1.0 0.7 2.0 2.1 0.8 0.3 0.2 0.1 0.8 0.2 0.3 9.8 5,5 3.4 10.3 8.3 4.6 0.6 0.4 0.4 2.6 1.7 0.6 12 19 16 29 84 7 27 32 24 61 90 24 134 44 45 42 5.3 1.7 1.4 1.1 0.2 0.1 0.2 0.2 29,3 9.5 9.7 9.7 1.1 1.0 0,8 1.0 38 14 30 37 52 95 62 94 46 0.4 2.1 1.5 1.5 0.8 0.2 1.1 0,6 0.4 0.2 13.7 22.0 14.3 23,6 11.6 0.4 3.0 5.2 0.8 1.5 36 69 58 32 59 22 36 68 0.6 0.9 0.3 0.5 0.5 0.5 0.8 0.6 0.6 0.4 0.3 0.1 0,2 0,1 0.3 0.7 9.1 17.3 15.2 8.3 15.4 5.3 8.5 16.7 0.4 5,3 0.7 0.6 0.8 0.2 1.3 0.5 mg mg mmg VITAMI NA PP NIACI VITAMI NA NAC VI. VERDURAS-FOLHAS 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Alface Cheiro-verde Chicórea Coentro Couve Folha de mandioca Folha de beterraba Ora-pro-nobis Salsa VII. VERDURAS-FRUTOS 22 23 24 25 26 27 Abóbora Abobrinha Pepino Pimentão Quiabo Tomate VIII. VERDURAS-RAIZES E BULBOS 28 29 30 31 Alho Beterraba Cebola Cenoura IX. FRUTAS Abacaxi Abiu Araçá Bananas Caju Frutas citrica3 (laranja. limão, lima-da-pérsia. tangerina (média) 38 Goiaba 39 Maçã 40 Mamão 41 Manga 42 Melancia 43 Morango 44 Uva 32 33 34 35 36 37 COMPOSIÇÃO DE AUMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL ALIMENTO N.° CALO PROTE LIPIDIOS RIAS INAS g X 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 g GLICI DIOS VITAMI VITAMI NA B2 VITAMI NA B1 RIBOFLA FÓSFO FERRO NA A TIAMINA VINA FIBRA CÁLCIO RO 9 g mg mg mg mmg mg mg VITAMI NA PP NIACI VITAMI NA NAC mg mg CARNES-PRODUTOS E VÍSCERAS 186 441 99 268 262 136 124 220 172 121 20,4 42.0 18.0 16.6 16.4 19.9 22,0 18.1 20.3 15.8 11.0 29,0 2,4 21.8 21.2 3,8 3.3 15.9 9.5 5.4 0.0 0.0 0,0 0.0 0.0 4.4 0.0 0,0 0,0 0,9 0,0 0,0 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0 0.0 0,0 0,0 12 93 92 10 10 10 12 10 11 11 190 161 118 148 174 318 203 207 235 218 3.5 9.7 1.8 2.3 2.5 8.2 1,3 2,7 3.0 5.2 7 0 0 0 0 8551 24 0 0 146 0,08 0.08 0,08 0.12 0.14 0,24 0,07 0,88 0.99 0.44 0,17 0,95 0.14 0.15 0.20 3.01 0,15 0.21 0.24 2.29 4,7 2,8 2.4 4.7 4.7 13,0 8.0 4.7 5.3 7.4 0 0 0 0 0 26 0 0 0 15 75 193 16.6 40,2 0.5 1.8 0.0 1.4 0,0 0.0 20 190 100 250 0.7 0,9 32 0 0.15 0.08 0.10 0.31 3.2 4.6 0 0 Leite materno 45 Leite de vaca, fresco 63 Leite em pó reconstituí70 do 299 Queijo-de-minas 1.1 3.1 1.0 3,5 8.1 5.0 0.0 0.0 14 114 8 102 0.2 0,1 0 38 0.02 0.04 0,02 0.14 0.02 0,02 0 1 3.7 17.5 3.8 24,7 5.3 1,8 0.0 0,0 127 105 99 184 0.1 0.5 39 240 0.04 0.04 0.20 0.75 0.1 0.8 1 0 Boi Boi, carne seca Bucho e tripa Cabrito Carneiro Fígado Frango Porco, carne fresca Porco, carne salgada Rim X I . PESCADO 55 56 Peixe fresco Peixe salgado XII. PRODUTOS LÁCTEOS 57 58 59 60 XIII. 61 OVOS Ovo de galinha 163 12,9 11.5 0.8 0.0 61 222 3,2 530 0.10 0,30 0.1 0 884 902 883 716 0.0 0.0 0,0 0.6 100.0 100.0 99.9 81.0 0.0 0.0 0.0 0.4 0.0 0,0 0,0 0.0 0 0 2 20 0 0 3 16 0.0 0.0 0.0 0.0 0 0 0 652 0.00 0.00 0.00 0.01 0,00 0.00 0.00 0.02 0.0 0.0 0,0 0.1 0 0 0 0 2 0.3 0.1 0.8 0.0 5 5 0,2 0 0.01 0.01 0.9 0 XIV. GORDURAS 62 63 64 65 Óleo vegetal Banha Gordura de coco Manteiga XV. BEBIDAS, INFUSÕES 66 Café, infusão de OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E A SAÚDE DIAGRAMA DOS TEXTOS Unidade — OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E A SAÚDE Texto • • 1. A MORADA DO HOMEM que é morada? que importância, que significado tem ela? "A morada é o lugar onde as pessoas se escondem das tempestades e do frio Serve para a pessoa dormir e descansar" (14 anos, 6.' série) rodeia, do qual a casa faz parte. Em qualquer lugar onde se situa, a morada é afetada peias condições externas — sejam elas naturais (clima. vegetação, paisagem etc.) ou produtos da tecnologia e cultura da população (meios de transporte, fábricas, costumes de relacionamento, etc.). Para identificar as relações entre a casa e o meio, servem as seguintes reflexões: • a vida dentro de uma casa depende da constante renovação dos elementos indispensáveis a essa vida; há um contínuo movimento de entrada e saída: as pessoas que saem para trabalhar, estudar, brincar e que regressam para comer, repousar, cuidar de sua higiene; os alimentos que chegam, são transformados, consumidos e seus resíduos eliminados juntamente com outros restos da casa; a água que entra para beber, para a limpeza e que sai como águas servidas e esgoto; os equipamentos que precisam ser periodicamente substituídos. • O meio ambiente (o clima, o ar, o solo, o sol, a água existente), não só determinam as condições para o homem sentir-se bem ou não dentro da casa, como também influenciam os estilos de construção e os gastos com equipamentos das moradias. Alguns tipos de casa — pela construção e modos de conservação — podem por sua vez, tornar-se abrigo de insetos e outros animais do ambiente. "É a casa. É importante porque tem quartos, frutas, e tem a mãe que cuida da casa." (14 anos, 6.' série). "É a casa, ou minha morada, tem um estilo antigo. .. A importância que ela tem para mim é que ela protege contra o sol e a chuva. Por isso eu acho que todos necessitam de uma casa. " (13, anos, 7/ série). O professor pode verificar que as respostas acima, dadas por alunos provavelmente parecidos com os seus, mencionam as necessidades de abrigo, proteção, segurança e carinho, de alimentação, numa concepção de morada restrita ao espaço físico ocupado pela casa e aos seus habitantes. Realmente, a morada responde à necessidade de abrigo e segurança. Como todo ser vivo, o homem precisa ter o seu espaço vital, o seu território. É na morada que o homem se associa. que procria. A morada resguarda a sua intimidade; nela o homem nutre de afeto os seus filhos que aí iniciam o processo de aprender a viver. É na morada que o homem guarda, prepara e partilha o alimento; é onde busca o descanso e refaz as suas forças. A casa, porém, não é uma unidade isolada e autosuftciente Tudo o que é buscado na casa tem a ver com muitas coisas que estão além do espaço físico de uma habitação. Tem a ver com o meio que a A existência de matéria orgânica em decomposição ao redor das moradias (lixo, folhas e vegetais apodrecendo, excrementos de animais, particularmente de cavalo), cria boas condições para o desenvolvimento de ovos e larvas de moscas domésticas. Esta, por causa de seu hábito de pousar e se alimentar tanto em dejeções, como em alimentos, levam matéria fecal e germes em suas patas, na tromba e em seu corpo, a longas distâncias. As baratas também podem transportar, através de suas patas, microorganismos trazidos dos esqotos, do lixo, etc. Além das moscas e baratas, várias espécies de mosquitos são responsáveis por transmissão de doenças como a Malária, a Filariose. a Febre Amarela, a Leishmaniose. Outros não veiculam doenças mas pertubam o nosso sono e tranqüilidade. Os mosquitos desovam em águas paradas ou de pouco movimento (valas, pântanos, poças d'água, latas abandonadas, lagoas e t c . ) . Os ratos domésticos devem em geral a sua má reputação ao seu papel na transmissão da peste e do tifo murine Mas eles estão também implicados em outras doenças humanas, tais como a leptospirose que é transmitida pela urina do rato contaminando água e alimentos. A população de ratos existentes no Brasil é maior que a população humana. O rato vive tanto no meio rural quanto no urbano e necessita fundamentalmente de abrigo e alimentação. No campo ele encontra abrigo suficiente no mato, enquanto na cidade se esconde nos edifícios em construção, nos canais, na rede de esgoto e nos porões. Alimentam-se de restos de comida, dos alimentos mal guardados e do lixo, consumindo toneladas de alimento. Comem e contaminam qualquer alimento ao seu alcance. São obrigados a roer permanentemente pois seus dentes crescem 12 cm por ano. MORADA: uma concepção mais ampla A morada do homem, portanto, não se limita às quatro paredes de uma casa. As ruas, as plantas, os animais, o ar ambiente, os meios de transporte, os lugares de trabalho e os de lazer — enfim, todo o conjunto de ambientes físicos e sociais que freqüentamos cotidianamente tem a ver com o nosso morar. Os modos de morar incluem desde o nosso convívio diário com outras pessoas e demais seres vivos do ambiente (animais, vegetais e microorganismos) até o relacionamento que estabelecemos com o meio físico, os cuidados e os contatos que temos com as coleções de água, com o solo, com o sol etc. O trabalho é uma forma do homem se relacionar com o meio. O trabalho no campo — lidando com a terra, as plantas e os animais, acordando cedo, tendo o corpo como principal instrumento de trabalho — tem um lado claro ligado à relação saudável com a natureza. Mas tem também o seu lado penoso, desgastante, especialmente quando as condições são duras, quando as pessoas devem exercer sua atividade mal alimentadas, obrigadas a grandes caminhadas, às vezes muitos quilômetros, expostas ao sol. ao frio, ao vento, à chuva, e, principalmente, quando o ambiente é povoado de agentes e vetores de doenças (mosquitos, moscas, caramujos hospedeiros do Schistosoma mansoni e t c . ) . Na construção de sua casa, o homem do campo entra em contacto direto com o meio, retirando dele os materiais necessários ao seu abrigo. Algumas vezes ao derrubar árvores, destrói a morada de muitos animais que viviam na mata. Destes animais, alguns, podem se tornar ameaças à saúde indo procurar abrigo e alimento em sua casa. A água com que supre as suas necessidades, geralmente proveniente de riachos, cisternas, rios, é levada até à casa por encanamentos, ou por baldes ou outros vasilhames. Essa água — depois de usada, suja — é devolvida diretamente ao meio circundante (despejada nos quintais, nos riachos próximos, nas plantações). O destino dos dejetos (fezes, urina), também costuma ser os riachos, o mato, as valas etc. Esse modo simples e despreocupado de se desembaraçar dos dejetos redunda em poluição das águas das cisternas, dos riachos e outras coleções d'água, bem como do solo, de um modo geral. Os trabalhadores do campo, por força de seu freqüente e íntimo contato com as águas superficiais (trabalhando na lavoura, pescando, amassando barro, andando descalço etc.) — estão expostos a uma série de doenças decorrentes da poluição fecal de dois elementos essenciais para a sua vida: a água e a terra. Em 1950 64% da população brasileira morava na zona rural. (32 milhões de pessoas). Em 1970 a percentagem passou a 44% (40 milhões). Nesse período de vinte anos, a população rural cresceu 25% e a urbana elevouse quase 200%. Esse aumento da população urbana não foi resultado do surgimento de novas cidades, mas deveu-se basicamente ao êxodo do campo. A existência de inúmeras cidades grandes to recente na história, pois antigamente a parte dos homens vivia nas zonas rurais, lhando a terra e as cidades importantes poucas. é famaior trabaeram A agricultura predominava, não havia indústrias, como as que temos hoje em dia. Os artesãos trabalhavam em suas casas, por conta própria ou reunidos em pequenas oficinas. Foi apenas a partir de 1750 que se iniciou na Inglaterra a "Revolução Industrial". Máquinas foram inventadas, capazes de executar o trabalho de muitos homens com mais rapidez e rendimento: a máquina a vapor, os teares mecânicos de fiação, a locomotiva, a estrada de ferro etc. As pequenas oficinas foram substituídas por fábricas, por usinas. Milhares de homens foram levados a sair do campo, cujas terras antes destinadas ao cultivo de alimentos, foram reservadas para rebanhos de carneiros fornecedores de lã, matéria prima para as indústrias. Os homens do campo, sem muitas alternativas vieram para as cidades, trabalhar na indústria nascente. Não foi dada importância ao alojamento dos novos moradores, as condições de vida eram péssimas. As indústrias se estabeleceram nas cidades em parte porque nela moravam os homens mais ricos, com dinheiro para aplicar no novo negócio ou para comprar os produtos industriais. Em torno das indústrias. as cidades se agigantaram, a população se concentrou. Podemos dizer que a moderna Saúde Pública nasceu em conseqüência da concentração humana nas cidades. Enquanto os homens viviam principalmente na zona rural, muitas vezes separados por grandes distâncias, a propagação das doenças infecciosas pela água ou pelo contato direto do homem a homem ficava mais difícil. Se um camponês adoecia, transmitia a enfermidade ao seu círculo de familiares; a moléstia muitas vezes acabava por se limitar a esse círculo. A proximidade e a mistura das classes sociais nas cidades passou a expor toda a população ao risco de contrair uma moléstia. Como diz o provérbio: "é fácil apanhar doença na multidão". As autoridades, igualmente expostas, começaram a tomar medidas para melhorar as condições de higiene e assim dificultar o aparecimento de doenças. A crescente industrialização observada no Brasil a partir de 1.930, em que as indústrias se agrupam em torno das maiores cidades das regiões com maior potencial de desenvolvimento econômico, estimulou o êxodo da população rural, e provocou progressiva urbanização. Portanto, a concentração observada nas grandes cidades se deveu ao fato de que as possibilidades (oferta) de emprêgo também se concentraram nas cidades, e se diluíram no campo. O tamanho da população brasileira tem aumentado muito nos últimos anos. Em 1940 o Censo mostrou cerca de 41 milhões de habitantes. Hoje, 1976, a população é estimada em 107 milhões de habitantes. A distribuição dessa população nas grandes regiões é muito desigual, havendo mais indivíduos morando nas regiões economicamente mais ricas (Sudeste e Sul). Ao todo, 6 1 % dos brasileiros vivem nas regiões mais desenvolvidas, cujas áreas reunidas significam 18% da área total do País. As diferenças nas concentrações populacionais são explicáveis, em parte peias dificuldades à vida humana existentes em áreas de algumas regiões, pelas diferentes caracteristicas de clima, qualidade de solo, relevo e hidrografia, mas so- bretudo devidas a fatores históricos e sócio-econômicos — diferentes graus de desenvolvimento econômico, de distribuição de renda nas vátrias regiões-. O crescimento acelerado dos grandes centros urbanos, sem uma Infra-estrutura de serviços pú- blicos capaz de estender até à periferia um mínimo de condições de saneamento, de habitação, de atenção médica etc, agrava a cada dia a qualidade de vida dos seus habitantes, particularmente das populações que se mantêm marginalizadas em favelas e outros tipos de aglomerados, de habitações improvisadas. BRASIL — Il PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (1975-1979) SANEAMENTO ABASTECIMENTO D'AGUA SERVIÇOS DE ESGOTOS 1974 PREVISTO P/1979 POPULAÇÃO URBANA SERVIDA 39.7 milhões 60.3 milhões PERCENTAGEM DA POPULAÇÃO URBANA SERVIDA 65 % 79 % POPULAÇÃO URBANA SERVIDA 17.7 milhões 33,7 milhões PERCENTAGEM DA POPULAÇÃO SERVIDA 29 % 44 % A morada na grande cidade costuma se caracterizar, em nosso País, pelo pouco espaço para o lazer, para o contato com a natureza. Em casas e edifícios construídos muito próximos uns dos outros, a ventilação e a iluminação são insuficientes. As condições de trabalho — de operários, de técnicos, de condutores de veículos, de comerciários e outros, em fábricas, escritórios, veículo, lojas etc. — nem sempre atendem às necessidades de iluminação, ventilação, espaço, áreas verdes, silêncio, equipamento de proteção física, segurança etc, para o desenvolvimento de um trabalho satisfatório para o próprio indivíduo. O Brasil registra um dos mais altos índices de acidentes de trabalho do mundo. O fato revela que antes de tudo, novos comportamentos de maior respeito à integridade da pessoa humana são exigidos. Sendo considerado pelos alunos, problema de relevo na comunidade, fica aqui a sugestão de se investigar os fatores que contribuem para os acidentes de trabalho. O crescente aumento de veículos significa um trânsito cada vez mais difícil, acarretando grande número de acidentes, poluição, congestionamento. Árvores são derrubadas para darem espaço, tanto aos automóveis como aos edifícios. Tudo isso tem significado uma crescente ameaça à qualidade de vida. à saúde, nas grandes c i dades, apesar dos seus recursos econômicos, culturais e de assistência médica. • com relação às coisas que uma família precisa usar todos os dias. responder: — — — Situação 1.1. ALÉM DAS QUATRO PAREDES 1.ª TAREFA: — 1. No envelope 1, arquivado no BI. há várias fotografias que você poderá examinar, e, escolher aquelas que se parece mais com a sua casa. • Agora cada colega poderá: • responder por escrito às seguintes perguntas: — Para que serve a casa? — Que significa ela para você? em grupo, juntar os registros, informar aos colegas sôbre o que cada um respondeu e fazer um desenho esquemático, mostrando as ligações que se estabelecem, diariamente, entre uma casa e os lugares: — — • discutir, em grupo, as respostas dadas às perguntas anteriores; • anotar a opinião geral do grupo sobre o significado da casa. 2.ª TAREFA: 1. Todos necessitam de uma casa; mas será que para morar, uma família só precisa de sua casa? — • • fazer uma lista das atividades diárias de uma família; responder: — • o que constitui a morada de uma família? • discutir com o professor o desenho preparado e as respostas às perguntas anteriores. 3.ª TAREFA: 1. Morar: quanto custa? 2. Que esforço é necessário para manter uma família? 3. Quanto dinheiro se gasta? 4. O que constitui despesa para uma família? quais dessas atividades são também feitas fora de casa? Fazer uma lista das coisas utilizadas e gastas no dia a dia de uma família; onde são obtidas as coisas necessárias ao seu funcionamento; onde são exercidas as atividades das pessoas de uma família; para onde vão os restos da casa; considerando as ligações estabelecidas diariamente entre uma casa e o meio ambiente, responder por escrito: — Para ajudar você a lembrar-se de tudo que uma família precisa para morar, torne a examinar as fotografias arquivadas no BI. Depois cada colega deverá: • como cada uma dessas coisas chega em casa? de onde vêm elas? depois de utilizadas, para onde vão os restos e as sobras dessas coisas? para que essas coisas não faltem em casa, o que é preciso fazer? Experimente agora, junto com os colegas de grupo, fazer um orçamento doméstico de uma família: • observando a tabela abaixo, acrescentar outras despesas que o grupo achar importante; TIPOS DE DESPESAS GASTOS FAMILIARES Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e série. Situação 1.2.: SAÚDE, NUNCA TIVE E TIVE 1.' TAREFA: Moradia aluguel, imposto predial água, luz, gás, lenha etc. a) Alimentação Cuidados com a saúde Transporte Outras • • 1.ª) Você acha que tem saúde? Por que? 2.ª) O que você acha mais importante para manter a sua saúde? Por que? lembrando-se de uma família que você conhece bem, definir os seguintes dados: — número de pessoas que vivem na casa; — renda mensal do grupo familiar; 3.ª) Por que as pessoas adoecem? 4.ª) Na sua opinião, quais as doenças de que mais sofre a população de sua c i dade? Por que? discutir a quantia necessária para cada tipo de despesa, considerando os dados definidos no item anterior; 5.') Quais são as causas dessas doenças? O Grupo poderá agora: • 6.') Dessas doenças, quais as que matam mais gente? Por que? responder: — — para que tipo de despesas o grupo reservou mais dinheiro? Por que? para que tipo de despesas o grupo reservou menos dinheiro? Por que? • discutir com o professor: • anotar as conclusões. Para estudar a situação de saúde do lugar em que moram, cada colega começará respondendo individualmente e por escrito, às seguintes perguntas: b) Reunir todas as respostas do grupo e compará-las. c) Fazer um quadro com as doenças mais comuns que foram citadas, seus sintomas e suas causas: NOME DA DOENÇA SINTOMAS CAUSAS 4.ª TAREFA: Em grupo, preparar um relatório com as conclusões finais e apresentar os resultados para a turma, se houver oportunidade. d) Discutir com o professor os resultados da tarefa. 2.' TAREFA: a) Como as pessoas de sua comunidade encaram os problemas de saúde? Para saber isto, vocês deverão conversar com umas dez (10) pessoas da sua vizinhança. A conversa ficará mais interessante se vocês procurarem pessoas de profissões diferentes. Antes consultem a Ficha "Saúde, nunca tive e tive" do BI. Nelas vocês descobrirão porque essa atividade tem esse nome. Nessas conversas vocês poderão utilizar as mesmas perguntas da 1/ TAREFA. Vocês deverão também perguntar outras coisas, por exemplo: — O (a) senhor (a) acha que o seu trabalho, influi de alguma forma, na sua saúde? Por que?" "O (a) senhor (a) acha que se pode fazer alguma coisa para acabar com essas doenças aqui?" Observação: vocês deverão prestar atenção no aspecto das casas, se a água que utilizam é da rede de abastecimento, e se a casa está l i gada à rede de esgoto etc. Vocês devem anotar todas as respostas e observações verificadas. 3.ª TAREFA: a) Em grupo, vocês deverão ler e comparar todas as respostas dadas pelas pessoas. b) Fazer um quadro mostrando as doenças mais comuns que foram citadas, e suas causas. c) Responder por escrito, com a opinião de todo o grupo: Quais das doenças citadas têm relação: 1 — com o trabalho que as pessoas executam? 2 — com o tipo de alimentação? 3 — com o tipo de casa em que moram? 4 — com a água que utilizam e o destino que é dado às fezes em suas casas? d) Discutir as respostas com o professor. 4.' TAREFA: Por que será que algumas doenças são mais comuns onde vocês moram? Para ajudar vocês a refletirem sobre isso, o grupo deverá: a) Fazer um mapa do lugar onde residem: traçar as ruas, localizar as casas de vocês e dos vizinhos, os parques e jardins, os rios, lagoas, matas, e outros aspectos que existem nas redondezas, e que vocês consideram que são importantes. b) Retirar a ficha "SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA E CANALIZAÇÃO DE ESGOTOS" do BI, e verificar se na área que traçaram no mapa existe rede de distribuição de água e esgoto. Assinalar no mapa, em cores diferentes, as ruas em que se acham esses serviços, e marcar as casas que estão ligadas à rede de água e esgoto. c) Fazer uma descrição do lugar onde residem, destacando o ambiente natural (tipo de solo, regime de chuva, temperatura, tipo de vegetação, facilidade de água etc.) e os modos de viver de seus habitantes (tipos de habitação. tipos de trabalhos, tipos de diversões que utilizam etc.) e as formas utilizadas para obtenção da água. para remoção dos dejetos (fezes e urina) e do lixo. Observação: se na sua localidade não existir ainda rede de abastecimento de água e nem de esgoto, vocês poderão assinalar no mapa, as casas que dispõem de água própria, privada com descarga ou fossa, consultando antes, a ficha do BI: "DIFERENTES TIPOS DE PRIVADAS". d) Examinar bem o mapa que fizeram e o quadro das doenças mais comuns citadas por vocês e pelas pessoas com quem conversaram, e responder por escrito: sr(a) existe algum fator determinante contribuindo para que essas doenças sejam tão freqüentes? Qual? 1.°) Existe alguma relação entre as doenças citadas e os modos das pessoas morarem? Explique. 5.°) Que se pode fazer para reduzir essas doenças? 2.°) Por que essas doenças são tão comuns no lugar onde vocês residem? Anotar todas as respostas. b) 3.°) Essas doenças são também comuns em toda a localidade? Por que? Discutir as respostas dos profissionais de saúde. — 4.°) Vocês acham que se pode fazer alguma coisa para diminuir a freqüência dessas doenças? O que? ] Discutir com o professor os resultados desta tarefa. Vocês poderão também conversar com os colegas que desenvolveram a situação "VERME. TODO MUNDO TEM?", ou consultar a 5.ª TAREFA feita pelo subgrupo desta situação. 6.ª TAREFA: Agora que já sabem, por que certas doenças existem na sua localidade, vocês poderão: a) fazer um relatório de toda a atividade desenvolvida. anexando todos os dados colhidos. e a conclusão a que chegaram. b) Discutir e pedir orientação ao professor. .• TAREFA: ) Até que ponto as informações dadas pelos profissionais de saúde, correspondem àquelas colhidas por vocês nas tarefas anteriores? Para vocês terem uma visão mais ampla dos motivos por que algumas doenças são mais comuns no lugar onde residem, vocês poderão entrevistar alguns profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, educadores sanitários, e outros técnicos). Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas paio grupo com: • nome da unidade e da situação A esses guntar: • nome dos participantes do grupo e sua série. profissionais vocês poderão per- 1.°) Quais as doenças que afetam mais a população da cidade? Por que? 2.°) Quais as doenças? causas específicas dessas 3.°) E quais as doenças que matam mais? 4.°) No lugar onde residimos as doenças mais comuns são (citar as doenças do quadro que fizeram). Na opinião do Situação 1.3.: OS INVASORES Por todos os lados que olhamos, encontramos sempre lixo. Lixo na rua, lixo no chão, lixo em telhados, lixo em latas, lixo em córregos, em todo lugar se vê lixo. Que acontece com o lixo? Que procuram as pessoas no lixo? Por que dizem que o lixo deve ser depositado em um recipiente fechado (por exemplo lata de lixo) ou queimado, ou ainda enterrado? Você provavelmente saberá responder a estas perguntas, mas que tal fazer umas investigações sobre o lixo. dando uma de detetive para descobrir quem são os invasores? 1.' TAREFA: 1.' investigação — SALA DE AULA Vamos reunir o grupo, cada colega será um detetive que irá investigando na sala de aula: • Onde o pessoal está jogando o lixo? • O que há no lixo? • Quem recolhe este lixo? Para onde ele é levado? 3.ª TAREFA: 3.ª Investigação — EM CASA Em casa você poderá fazer a mesma investigação da 1." tarefa. Portanto, copie as perguntas numa folha de papel, e não esqueça de anotar suas observações. 4.ª TAREFA: Depois de feitas as investigações em sala de aula, escola e em casa, vocês poderão reunir-se novamente para: • cada detetive do grupo ler suas observações sobre o lixo da casa; • listar tudo que uma casa joga fora. OBSERVAÇÃO: Detetives, não esqueçam de anotar suas investigações. Responder por escrito: 2.ª • O que uma casa joga fora pode ter alguma utilidade? Por que? • Que buscam no lixo as pessoas ou animais que dele se utilizam? • Entre os animais, quais os que se escondem, freqüentam e se alimentam do lixo? • Desses animais, quais os que podem prejudicar sua saúde? E como? • Quais são este prejuízos? 5.ª TAREFA: • O grupo de detetives vai estudar, nesta tarefa, um dos animais que se alimentam do lixo. São pequenos, mas vorazes. Quem são? No Brasil eles já somam 3 bilhões — 30 para cada habitante — e consomem 30 mil toneladas diárias de alimentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) são "Os animais mais destruidores, astutos e adaptáveis da face da terra. São os RA- TAREFA: 2.ª investigação — ESCOLA Agora, os detetives terão como missão investigar o lixo da escola. Cada detetive do grupo ficará responsável de investigar um lugar, como: instalação sanitária, cantina, pátio e outros locais. De lápis e papel na mão anotar as observações que serão feitas em todos os cantos e lugares da escola sobre: • Onde o pessoal da escola está jogando as coisas fora? • O que o pessoal está jogando fora? • O que se faz com o lixo da escola? • Quem é o responsável pelo lixo da escola? OBSERVAÇÃO: Vocês poderão entrevistar as pessoas responsáveis pelo lixo na escola. TOS um minúsculo mas terrível e aparentemente imbatível inimigo do homem." (Reportagem que saiu no Jornal do Brasil 25/09/1975). Responder por escrito: a) Que acha o grupo; dos ratos? b) Por que os ratos são animais destruidores e astutos? c) Por que existem muitos ratos tanto na cidade como no campo? d) Onde os ratos escondem ou procuram abrigo? e) De que os ratos se alimentam? onde e por que há ratos na cidade. Por que combater os ratos? E que fazer? Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas pelo grupo com: • nome da unidade e da situação • nome dos componentes do grupo e sua série. Situação 1.4.: CIDADE OU ROÇA? 1/ TAREFA Para ajudar você a pensar sobre as diferenças existentes entre a vida na roça e na cidade, no envelope arquivado no BI, há várias fotografias que você poderá examinar a fim de responder por escrito às indagações: • Quais as diferenças entre morar na roça e na cidade com relação: f) Alguém achou rato durante as investigações na sala, escola e em casa? — g) Se achou, por que vocês imaginam que exista rato neste lugar? — — — ao tipo de trabalho e a remuneração conseguida com esse trabalho; à alimentação; às doenças e modo de tratá-las; à habitação; h) Quais os outros lugares na sua cidade que podem ter rato? Por que? 2.ª TAREFA: i) Os ratos nos prejudicam a saúde? Por que? 1. Que dizem as pessoas que estão chegando da roça? 2. Que dizem as pessoas que querem ir embora para a Capital ou para uma cidade maior? j) Que doenças os ratos podem transmitir? l) Como os doenças? ratos podem transmitir essas Para responder a essas questões, você deverá: m) Que poderia o grupo fazer para combater os ratos? • 6.ª TAREFA: Agora que os detetives descobriram os invasores, que tal: • discutir com o professor a 4.ª e 5.ª tarefa; • • fazer um relatório de todas as tarefas desenvolvidas, não esquecendo de denunciar • entrevistar uma ou duas pessoas que vieram recentemente da roça ou ainda pessoas que pretendem ir embora para a cidade grande. Pode ser que conheça alguém para entrevistar: um colega de classe, um vizinho, um conhecido ou parente; antes da entrevista, prepare algumas perguntas para fazer a essas pessoas; anotar todas as respostas. 3.ª TAREFA: levando em conta todas essas respostas, fazer um quadro, apontando as vantagens e desvantagens da vida na roça e na cidade. (ver quadro abaixo) O grupo poderá: • ler e discutir as respostas das pessoas entrevistadas: MORAR NA ROÇA VANTAGENS MORAR NA CIDADE DESVANTAGENS VANTAGENS DESVANTAGENS 4.ª TAREFA: 5.' TAREFA: 1. Será que a migração é um fato comum no Brasil? 1. Para terminar a atividade, cada colega deverá escrever a estória de uma família que já mudou de uma região para outra, explicando os motivos por que mudaram. 2. Que tal fazer um teatrinho aproveitando cada estória do colega e apresentá-lo à classe? Para o grupo refletir sobre isso. vocês deverão: • retirar do BI a ficha-informativa CRESCIMENTO URBANO E ÊXODO RURAL, ler e discutir as informações; • procurar em jornais e revistas alguma notícia sobre migração (deslocamento de pessoas de uma região para outra); • ler e discutir a notícia; fazer um comentário escrito, relacionando as informações da notícia com aquelas contidas na ficha-informativa; • 6.ª TAREFA: 1. Em grupo, preparar um relatório com as conclusões finais e apresentar os resultados para a turma, se houver oportunidade. Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da unidade e da situação; • nome dos participantes do grupo e série. responder às seguintes perguntas: Aplicação prática — Orientação preliminar — Por que as pessoas mudam de um lugar para o outro? A migração acarreta algum problema de saúde para a população? Por que? A realização das tarefas sugeridas nas situações — ALÉM DAS QUATRO PAREDES; SAÚDE. NUN- CA TIVE E TIVE; OS INVASORES; CIDADE OU ROÇA? — possibilitará aos alunos a compreensão dos conceitos enunciados no texto 1 — A MORADA DO HOMEM. Este texto será útil ao professor na orientação dos grupos de alunos que escolheram para trabalhar aquelas situações, entre as outras da unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE, apresentadas no diagrama. No banco de informações (BI), os alunos deverão encontrar as tarefas de cada situação escolhida e o material necessário para desenvolvê-las. Na situação ALÉM DAS QUATROS PAREDES os alunos deverão iniciar dizendo o significado de sua moradia. O professor notará, então, que eles têm uma concepção de morada restrita ao espaço físico da casa. Partindo das idéias dos alunos, o professor poderá ajudá-los a estabelecer relações entre a sua casa e o meio ambiente físico e social, do qual ela faz parte. Na medida em que a casa é vista como parte integrante do ambiente, relações mais complexas poderão ser estab3lecidas. Além da casa/abrigo permeável às coisas do meio, o professor indagará sobre a casa/trabalho, casa/escola, casa/lazer e sobre as trocas que se fazem entre elas. Tendo experimentado formular uma concepção mais ampla de morada, os alunos deverão calcular o orçamento doméstico de uma família. O conhecimento dos gastos familiares definidos pelos próprios alunos será ótima oportunidade para o professor discutir alguns aspectos do esforço necessário para viver com saúde. A situação SAÚDE, NUNCA TIVE E TIVE propõe aos alunos uma reflexão sobre as condições favoráveis ou não à saúde na localidade. Procurando conhecer as doenças mais comuns e suas causas, procurando saber o que pensam as pessoas da comunidade sobre o assunto, observando as condições de moradia, os alunos deverão chegar ao estabelecimento de relações entre as doenças e os modos de morar. Sempre que possível, o professor deverá participar das discussões dos grupos de alunos e tentar ajudá-los na ampliação de seus conceitos. Por exemplo: mui- tos alunos da 5.ª série, durante a experiência com a versão preliminar, citaram como causas reais das doenças mais freqüentes na localidade a sujeira, a falta de higiene, a umidade etc Perguntas como: por que a sujeira? ou por que a falta de higiene? ou ainda, por que a umidade? feitas pelo professor poderão ajudar os alunos a caminhar além do aspecto aparente das causas citadas, e, chegar a relações mais profundas entre os modos de morar e a saúde. Importante, também, é que os alunos comprendam que o modo de viver das pessoas, a maneira como se relacionam com as coisas e os outros seres v i vos (inclusive os microorganismos), pode estar contribuindo para um estado permanente de ter e/ou não ter saúde. Na situação OS INVASORES pede-se aos alunos, inicialmente, uma investigação em torno do lixo. conjunto de resíduos resultantes de qualquer atividade humana, que pode servir de alimento e abrigo a ratos, dependendo do lugar onde é jogado e do material de que é composto. Essa investigação representará o ponto de partida para o estudo dos ratos e das doenças que eles transmitem. Nas discussões, o professor terá a oportunidade de observar o desenvolvimento dos alunos nas tarefas <e de questioná-los sobre qualquer aspecto que não tenha ficado claro. Na situação CIDADE OU ROÇA? Os alunos deverão discutir as diferenças existentes entre a v i da na roça e a vida na cidade, entrevistar pessoas que já tenham morado em um ou outro lugar, e. investigar as causas das migrações e suas repercussões para saúde. O professor deverá ajudá-los a preparar o roteiro para as entrevistas. Entre outros temas, é importante que eles indaguem sobre o motivo da vinda para a cidade e sobre as diferenças entre a vida na roça e na cidade. Nas discussões, o professor poderá questioná-los sobre os problemas de saúde das pessoas que moram na roça e das que moram na cidade e discutir as conseqüências das migrações para a saúde. DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Informações do BI No banco de informações, os alunos deverão encontrar as fichas-lista das tarefas das situações escolhidas e o material necessário para desenvolvê-las. Para a situação ALÉM DAS QUATRO PAREDES será necessário o seguinte material: • Fig figuras que o professor deverá previamente 16-ALÉM DAS QUATRO PAREDES selecionar em revistas, jornais, folhinhas etc, sobre: diferentes tipos de moradias, diferentes atividades humanas (incluindo as realizadas dentro da própria casa), e. diferentes pessoas em grupo ou sozinhas e em contato com o meio físico (terra, água e t c ) . Todas as figuras deverão ser arranjadas, coladas em papel e guardadas em um envelope, para manuseio dos alunos. Como exemplo dessas figuras, apresentamos os desenhos seguintes: Fig 17 - ALÉM DAS QUATRO PAREDES Fig 18 - A L É M DAS QUATRO PAREDES • ficha-literária com um texto, transcrito a seguir, extraído do livro MUTIRÃO PARA MATAR de Benito Barreto — Importante para reflexão sobre conceito de morada. Depois de realizar as tarefas, os alunos poderão ler, discutir e, até, representá-lo, se houver interesse. -Coisas de família, me explicara o Macabeu: o pai dele, Nho Constanço, de tanto gosto pelas águas tinha armado celeuma de todo tamanho em tempos do Coronel Paschoal, isso por causa só duns moradores que desaguavam no rio suas latrinas. Nho Constanço saíra de sua casa arrazoando. a invocar qualquer coisa como a alma das águas e a saúde dos peixes; isso não bastando fora ao padre, padre Dimas, até que, finalmente, um dia, sendo domingo de missa, e estando a rua cheia e enfeitado de montarias todo o Largo da Matriz, após a bênção ele tomara o lugar ao leiloeiro e falara ao povo nos seguintes termos: "Eu, Nho Constanço Valadão, nascido no arraial e eleitor livre embora que pertencente por vontade própria, e prá triunfos e derrotas, à bandeira do compadre meu, Seo Sílvio — eu vim cá e estou aqui não é prá leiloar. Eu vim aqui foi prá falar de bosta"... Apanhada assim, sem aviso, a multidão domingueira saltara do espanto à gargalhada, o discurso prometendo matéria de riso, muita graça. " . . . a cuja coisa, com perdão da palavra, e as vossas licenças, eu digo: tem aí uns filhos da comarca que tão fazendo coisa já de delongadas datas, despejando na água boa deste rio". Novas risadas, alegremente a platéia dos leilões caçoava em derredor do aterro em cujo centro levantava-se o Cruzeiro. Uns aos outros jovialmente se acusavam, apontavam-se as casas cujas sentinas no rio desaguavam. Mas aí se ouviu que alevantou-se já alterada a voz do Nho Constanço. E ele berrou o aviso seu, de muita fama e efeito: "Agora vosmicês todos prestem atenção que eu não quero ver mais riso ou arreganhos de ninguém, todos aí tratem de ouvir e me escutar Tou dando um aviso, o meu, fiquem sabendo — ele berrou: — tamos em março, o mês das últimas enchentes. A-bom, tá bom: a cheia leva e lava a sujidade. Mas eu ponho é que a pispiar de abril, eu Nho Constanço, vou cagar de porta em porta minha bosta em todas essas casas que eu tou falando prá parar com esta vergonha de sujar o rio nosso. Os cujos quais tão avisados, e eu, tou dito". Contava Silvio Guaianã que isso dito Nho Constanço desabotoara o paletó, ficara ali, trepado inteiro em cima do aterro do Cruzeiro Ninguém mais rira e grande veio a ser o movimento nos quintais aquele mês. Cada uma tratava de cavar sua sentina, comprava cal e dava do fato ciência ao mundo, porque esse Nho Constanço foi homem que aqui todos conheceram. Fazia sempre o que falava e quase sempre fazia mais do que dizia. Uma figura de legenda nos anais de Capela dos Homens. Com Almeida Barros e João do Vau, Antônio do Vau. Cafifa e o preto Maximino, formava o forte agrupamento de amigos que o lugar se conheceu desde 1940, como "os homens do Guaianã". E esses homens que faziam, via de regra, exatamente o que falavam. Mutirão para Matar — Benito Barreto Editora Interlivros — BH — MG — 1974 Para a situação SAÚDE, NUNCA TIVE E TIVE será necessário o seguinte material: • • mapa da localidade, que o professor deverá providenciar; se for impossível obter um mapa, os alunos deverão ser estimulados para que eles mesmos façam o traçado de suas redondezas; ficha-informativa SERVIÇOS DE ÇÃO DE ÁGUA E CANALIZAÇÃO TOS contendo informações sobre ções de abastecimento de água de dejetos na localidade. DISTRIBUIDE ESGOas condie remoção Esse tipo de informação será muito importante para os alunos, pois muitas das doenças comuns na região, provavelmente, estão relacionadas à contaminação do solo e da água por fezes humanas. Para obter essas informações, o professor poderá ir aos serviços de distribuição de água e canalização de esgotos e indagar: — É feito o controle da qualidade da água? Como é feito? Quem faz? Onde é feito? Com que freqüência? — A água para abastecimento sofre algum processo de purificação? Qual? Floculação pelo sulfato de alumínio e cal, filtração lenta, filtração rápida, cloração ou fluoração? Sobre a canalização do esgoto: — Qual o sistema adotado para a coleta de esgostos sanitários? — O que compõe o esgoto? — Qual a extensão total das canalizações? — Quantas ligações domiciliares existem? Quantos domicílios estão sem ligação? — Onde o esgoto é lançado? — Há tratamento do esgoto? Como é feito? Quem faz? • ficha-informativa DIFERENTES TIPOS DE PRIVADA apresentada a seguir; • ficha-informativa SAÚDE. NUNCA TIVE apresentada a seguir: Sobre a distribuição de água: — Qual é a extensão da rede de distribuição de água? — Quantos prédios estão ligados? Quantos não não estão? Por que? TIVE E Ficha-informativa: SAÚDE NUNCA TIVE E TIVE — Quais as taxas cobradas? — A água da rede provém de subsolo, rios, fontes ou açudes? — As fontes de abastecimento de água da c i dade recebem despejo de águas residuais ou de habitação? — A água dos mananciais até a cidade é conduzida em tubos ou canais abertos? " . . . saúde? Eu nunca tive muita saúde não. Nuntive e tive. Desde que nasci quando comecei a ficar rapazinho, aquele reumatismo, o joelho inchado. reumatismo, joelho d'água... Dava água no joelho, joelho inchava... capinava lavoura... Quaquer coisinha que virava, no outro dia em diante, o joelho começava a inchar. Ia para o médico tirar água. Eu nunca parei de trabalhar não. E por último que eu melhorei dessa água no joelho... desapareceu e até hoje! Na vida criando os filhos, venci". (Trecho de uma entrevista com um lavrador rural de 63 anos) Fig 19 D I F E R E N T E S T I P O S DE PRIVADAS SAÜDE NUNCA TIVE E TIVE aquele reumatismo joelho inchado água no joelho NUNCA TIVE capinava lavoura nunca parei de trabalhar criando os filhos venci e TIVE Para a situação OS INVASORES será necessário o seguinte material: • folhetos, artigos de jornais e revistas sobre os ratos e seus prejuízos para a saúde, que o professor deverá previamente selecionar Como exemplo desse tipo de material, tran crevemos a seguir, o artigo "OS INVASORES" publicado no Jornal do Brasil de 25/09/75. OS I N V A S O R E S Pequenos, mas vorazes No Brasil eles já somam 3 bilhões — 30 para cada habitante — e consomem 30 mil toneladas diárias de alimentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, são "os animais mais destruidores, astutos e adaptáveis da face da Terra". São os ratos, um minúsculo mas terrível e aparentemente imbatível inimigo do homem. São Paulo — Mais de 35 doenças altamente contagiosas, catalogadas pela Organização Mundial de Saúde, são transmitidas pelos ratos, cuja família é cada vez mais ampla. Os mais temíveis são o negro (Rattus rattus) e a ratazana de esgoto (Rattus norvegicus). A Capital Pau- lista, com seus 8 milhões de habitantes, conta com uma população roedora estimada em 125 milhões, uma média de 15 animais para cada pessoa. É uma percentagem alarmante, embora Salvador, Nápoles e Bombaim ganhem de São Paulo. RAZÕES Minimizado em sua periculosidade pelos desenhos de Walt Disney, que transformou um dos maiores inimigos do homem num animalzinho vivo, terno e heróico, o rato — indiscutivelmente inteligente, segundo pesquisas científicas — responde por danos cada vez mais graves à humanidade. Recentemente, um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirmou que os ratos praticamente estão devorando o Produto Interno Bruto de 25 nações pobres. A FAO calcula que os roedores consomem anualmente 42 milhões e 50 mil toneladas de alimentos. Na índia, ainda segundo dados da FAO, os ratos consomem 20% do total das colheitas. O rato é impulsionado, compulsivamente. por uma motivação imperiosa: roer, tudo roer Precisa roer. sem parar, pois seus quatro dentes incisivos crescem até 13 centímetros por ano. Sua tragédia reside aí: precisa limar esses dentes. a fim de impedir que assumam proporções incompatíveis com as dimensões de seu corpo. O biólogo Antônio Cavalcante, que dirige o único museu de ratos do País e estuda esses animais há mais de 30 anos. observa: — "A proliferação dessa espécie é simplesmente inimaginável. Um estudo realizado pela OMS revelou que. teoricamente, cada casal de ratos, vivendo mais de 5 anos — no Brasil sua média de vida atinge 10 anos — pode produzir até 5 milhões de descendentes. A ratazana torna-se, reprodutora aos três meses de idade, dando de cinco a 14 crias de cada vez. Sua gestação dura apenas 21 dias e o macho fica sexualmente maduro já aos dois meses de vida". O médico José Machado Filho, chefe da Seção de Campo do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo, afirma que cada rato é capaz de comer 12 quilos de alimento por ano — e de depositar durante esse período 15 mil excrementos, o que contamina uma grande quantidade de gêneros alimentícios. A OMS catalogou 35 doenças diferentes, transmitidas pelo rato. Entre elas, a peste bubônica, o tifo, a icterícia infecciosa, a triquinela, a disenteria amebiana, a hidrofobia e a leptospirose. O rato, ao morder alguém, pode transmitir a raiva. A peste bubônica é transmitida pela pulga do rato, enquanto a leptospirose — doença semelhante à hepatite — é contraída através da urina ou fezes deixadas sobre alimentos ingeridos imperceptivelmente pelo homem. O rato teme o homem mas, se faminto e em grande número, não vacila em atacar. Isso tem acontecido repetidas vezes. O menino Marcos Peixoto de Oliveira, de dois anos, num casebre do bairro de Caixa D'água, e a menina Angela Aparecida Ramos, de seis meses, numa favela do Núcleo Bandeirantes, em Brasília, foram atacados e mortos por ratos famintos, em 1971. Segundo o biólogo Antônio Cavalcante, durante a Idade Média os ratos, ao transmitirem a peste bubônica, eliminaram cerca de 30 milhões de europeus. O rato brasileiro, pelo menos o transmissor de doenças, procede da Europa. Quando os nossos colonizadores aqui chegaram, o rato existente não transmitia qualquer doença. Foi vindo nos navios que contagiou as espécies nativas, não nocivas — pelo menos do ponto de vista da saúde. EXISTÊNCIA E MORTE O roedor brasileiro vive quase 10 anos. O rato europeu, hoje combatido em diversas frentes, vive muito menos. Os Estados Unidos, com uma população de 200 milhões de habitantes, não contam com mais de 150 milhões de ratos. O rato brasileiro, pelo menos o das grandes cida- Jes, morre de velho, cego, geralmente ao tentar Invadir as ruas, durante a noite, em busca do alimentos. Morre diante de seus inimigos tradicionais: o cão, o gato, as cobras, o homem. Menos lépido, se torna presa fácil. PROLIFERAÇÃO O combate aos ratos está intimamente vinculado ao grande desenvolvimento de cada país. Nação pobre é nação invariavelmente repleta de ratos. Mas mesmo nas nações desenvolvidas a proliferação desses animais é espantosa. Nos Estados Unidos um cientista propôs que se criassem milhares de ratos machos estéreis. Crescidos, eles seriam espalhados nas áreas de grande concentração de roedores. Na França, outro cientista propôs a eliminação dos ratos através de ataques ao seu sistema nervoso: um ruído mais forte deixaria os ratos neuróticos e estéreis. Enquanto se discutem as formas de combate, os ratos prosseguem em sua escalada. Em São Paulo ocupam as ruas, casas ricas, terrenos baldios. As marginais, ao longo dos rios Pinheiros, Tamanduateí, Tietê, são os seus redutos principais. Asquerosos, grandalhões alguns, semicegos outros, a maioria toma praticamente conta da cidade durante a noite. No Ceasa. tamanha é sua capacidade de sobrevivência, eles chega- ram a mostrar uma curiosa mudança genética: aprenderam a viver numa temperatura de 20 graus abaixo de zero, nas câmaras frigoríficas. Tornaram-se mais peludos, e se constatou uma mutação na cor de seus pêlos. Essa mutação é um símbolo de sua periculosidade. Os biólogos afirmam que é hora de desmistificar a imagem criada por Walt Disney, e mostrar a dimensão do perigo oferecido por tão minúsculo inimigo do homem. Para a situação CIDADE OU ROÇA? será necessário o seguinte material: • figuras sobre a morada no meio rural e no meio urbano. Essas figuras deverão ser arranjadas e coladas em papel para manuseio dos alunos; • artigos de jornal ou revista com notícia sobre migração interna no Brasil; • ficha-informativa CRESCIMENTO URBANO E ÊXODO RURAL, transcrita a seguir: Ficha Informativa: CRESCIMENTO URBANO E ÊXODO RURAL Em 1950, a distribuição da população brasileira entre o campo e a cidade era a seguinte: 36% da população morava nas cidades (18 milhões) 64% da população morava no campo (32 milhões) Em 1970 verificou-se que: 56% da população morava nas cidades . 44% da população morava no campo (Dados de pesquisas realizadas pelo IBGE) (52 milhões) (40 milhões) Neste período de vinte anos, enquanto a população rural cresceu 25%, a urbana elevou-se quase a 200%. Esse aumento da população urbana não foi resultado do surgimento de novas cidades, mas foi devido basicamente ao êxodo do campo. A crescente industrialização observada no Brasil a partir de 1930, em que as indústrias se agruparam em torno das maiores cidades das regiões mais desenvolvidas, estimulou o êxodo das populações rurais que, paralelamente, estavam tendo menos possibilidades de emprego no campo. Portanto, a concentração observada nas grandes cidades se deve ao fato de que as ofertas de emprego também se concentravam nas cidades e se diluíam no campo. que darão origem a novos casos das chamadas parasitoses e infecções intestinais. É fácil deduzir que as condições de habitação das populações humanas, particularmente no que se refere às instalações para a remoção dos seus "excretas" (fezes e urina), e as práticas de dofecação dos moradores é que vão determinar uni ambiente com mais ou com menos probabilidade de transmissão das infecções e parasitoses intestinais. Passemos em revista os locais onde costumam ser depositadas as fezes das casas de uma comunidade brasileira — segundo as instalações existentes e os costumes dos seus moradores: OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E AS PARASITOSES INTESTINAIS a — em privadas ligadas a uma rede de esgoto; Preliminarmente, recordamos que a MORADA do homem já foi aqui conceituada, incluindo não apenas a sua casa, mas também outros lugares onde exerce as atividades do seu viver cotidiano — os locais onde trabalha, aqueles em que vai buscar o seu descanso e divertimento, a rua por onde transita. c — em vasos, urinóis, que são esvaziados em uma moita de plantas no quintal, ou nos cursos d'água próximos; Texto 2. I — OS MODOS DE MORAR E A ALTA PREVALÊNCIA DAS PARASITOSES Os parasitos intestinais — tanto os microorganismos que provocam infecções e diarréias (gastroenterites) quanto os parasitos de maior porte, como o áscaris (lombrigas), os ancilostomídeos (vermes da opilação), o estrongilóide, o schistosoma, o oxiúro e outros, encontram no aparelho digestivo do homem o abrigo e o alimento necessários ao seu desenvolvimento e às suas funções de reprodução. É, portanto, do intestino do homem — através das suas fezes — que saem para o meio exterior, os ovos e as larvas b — em privadas com fossa seca. ou sumidouro, ou fossa séptica; d — diretamente no chão, no campo da lavoura, perto das bananeiras; e — em privadas cujas manilhas despejam diretamente nos rios, córregos, lagoas, valas de irrigação e outras coleções de água. Se as fezes contendo ovos e larvas de parasitos forem encaminhadas para os locais em (a) e (b), não haverá condições para que estes sobrevivam. Nas redes de esgoto (quando as fezes passam por um tratamento) e nas fossas higiênicas, larvas e ovos não apenas ficam isolados do contato com os seus "hospedeiros" necessários como também sofrem processos que tendem a destruí-los. DIFERENTES TIPOS DE PRIVADAS Em todos os demais locais descritos em (c), (d), (e). no entanto, as oportunidades de sobrevivência dos ovos e larvas são grandes, principalmente se alguns requisitos — de temperatura, umidade, aeração, luz e de tipo e condições de solo — favorecem a sua vida até que possam penetrar em um "hospedeiro." O "hospedeiro" Fig lhe assegurará condições para o seu desenvolvimento e reprodução, a "partir da qual novos ovos e larvas, saindo com as fezes humanas para o ambiente exterior, inciarão novos ciclos, aumentando progressivamente o número de pessoas infectadas e também a carga de parasitos dos já infectados. 20 - MAPA DA DISTRIBUIÇÃO DAS HELMINTÍASES INTESTINAIS Assim, a quantidade de parasitos no meio ambiente — e portanto, o risco de infecção parasitária — depende principalmente dos recursos Fig e das opções de uma comunidade e das unidades familiares que a compõem, no que respeita à remoção dos dejetos humanos. 21 - LEVANTAMENTO FEITO PELOS ALUNOS (MAPA) Se não forem adotadas técnicas de construção de privadas higiênicas domiciliares, construídos sistemas coletivos de esgotos (com estações de tratamento dos mesmos), haverá certamente uma grande quantidade de parasitos no meio ambiente, principalmente onde as condições de temperatura, solo e umidade, favorecem a sobrevivênFig cia das formas larvárias capazes de infectar o homem. A infecção de novas pessoas e o aumento da carga de parasitos das já infectadas depende ainda dos comportamentos individuais que facilitam a entrada, no organismo das pessoas, de ovos e larvas de vários parasitos. 22-COSTUMES RELACIONADOS COM A DEFECAÇÃO E A CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS COM FEZES HUMANAS Assim, o lidar com o alimento sem prévia lavagem das mãos (com água e sabão); a exposição dos alimentos a moscas, baratas e outros veículos dos ovos e larvas presentes no ambiente; as práticas de utilização da água que não provém de um abastecimento de inteira confiança, sem o cuidado prévio de filtrar, ferver etc; o deixar fora da refrigeração alimentos nos quais os germes vivem e se multiplicam com extrema facilidade, tais como o leite, a maionese etc; o comer alimentos crus (verduras etc.) sem pré- via lavagem ou fervura, principalmente quando seus lugares de origem não merecem confiança. A seleção e adoção de comportamentos capazes de impedir ou dificultar a entrada dos pasitos no organismo humano serão facilitados pelo conhecimento da biologia e ecologia dos parasitos. Cada espécie de parasito tem suas preferências quanto às vias de acesso ao hospedeiro humano e quanto à sua localização no aparelho digestivo. 1 — QUANTO ÀS VIAS DE ACESSO: • 2 — QUANTO A LOCALIZAÇÃO NO HOSPEDEIRO: A BOCA é a porta de entrada para: a — ovos de lombrigas, tênias e de oxiúros; b — cistos de amebas; germes que causam: diarréia, febre tifóide, hepatite etc. As vias para chegar até seu "habitai" de preferência, variam também com a espécie do parasito: Todos eles entram, em geral, com o alimento e com a água de beber quando contaminados com fezes humanas. Essa contaminação se dá em geral através de mãos sujas, de poeira, de moscas. no próprio domicílio, ou através da manipulação de alimentos ou utensílios em bares ou indústrias alimentícias. Também são freqüentes as contaminações da rede de abastecimento de água pela rede de esgoto e da água de poço domiciliar pela fossa mal construída. • as lombrigas (Ascaris lumbricoides) são vermes (machos e fêmeas) que vivem no intestino delgado do homem, onde as fêmeas põem ovos. que são eliminados para o meio exterior com as fezes do seu hospedeiro. Embora seja o intestino delgado o "habitat" preferido dos vermes adultos, eles podem migrar para outros órgãos superiores, como a traquéia, ou sair pela boca e nariz das pessoas. Costumam também se aglomerar, formando novelos e causando obstrução intestinal. • Os ovos quando ingeridos por uma pessoa, ao chegarem ao intestino, libertam as larvas que perfuram a parede intestinal caem na corrente sangüínea e são levadas ao pulmão, traquéia e esôfago, de onde umas são expulsas pela tosse e outras são novamente engolidas. Estas últimas chegam ao intestino delgado onde se transformam em vermes adultos. A PELE é a porta de entrada para: a — Larvas de ancilostomídeos, de estrongilóide e do Schistosoma mansoni. A penetração da larva se dá: — no contato direto da pele com o solo contaminado (larvas de ancilostomídeos e estrongilóide entrando pelos pés descalços ou mãos que mexem na terra); — no contato da pele com água onde existem larvas do Shistosoma mansoni (através de banhos, lavagem de roupa, pescaria, trabalho em coleções de água onde existem caramujos hospedeiros do S. mansoni). b — As larvas do ancilóstomo do cão podem penetrar na pele das pessoas, embora o homem não seja hospedeiro desse verme. As larvas então se perdem e transitam sem orientação debaixo da pele, abrindo túneis, causando grande desconforto à pessoa infectada. As larvas, em sua passagem pelo pulmão, podem causar um tipo de pneumonia freqüentemente observada em crianças de áreas altamente endêmicas. A ascaridíase é a parasitose mais freqüente no Brasil, principalmente entre crianças. • os ancilostomídeos (Necator americanus e Ancylostomo duodenale) são vermes muito pequenos que vivem no intestino delgado do homem, onde as fêmeas põem ovos que são eliminados para o meio exterior através das fezes de seu hospedeiro. Em contato com o solo os ovos se desenvolvem, transformando-se em larvas que, encontrando a pele de uma pessoa, nela penetram, até atingir os vasos sangüíneos. Levadas pela corrente sangüínea, as larvas vão ter aos pulmões, e, daí à traquéia e laringe, caindo no esôfago, onde algumas são deglutidas e outras expulsas através da tosse. Neste trajeto, as larvas sofrem várias mudas e, chegando ao Intestino, transformam-se em vermes adultos (machos e fêmeas). para se alimentar, os vermes fixam-se à parede intestinal com seus- "dentes," causando feridas que ficam sangrando, quando abandonam o local. A quantidade de sangue retirada pelos vermes varia com o número de vermes existentes no Intestino. Um número elevado de vermes em uma pessoa com dieta pobre em ferro e proteínas, determina quadros graves da doença, caracterizada pela anemia e suas conseqüências: apatia, edema etc Fig Fig 2 4 - O V O DE OXIURUS Fig 25 - TÊNIA Tênia Solium 23 - CICLO DOS ANCILOSTOMIDEOS • Os oxiúros (Enterobius yermiculares) — os vermes adultos instalam-se no intestino grosso e reto. Na época da postura, as fêmeas grávidas migram para a região anal, libertando os ovos. O movimento das fêmeas nessa região produz intensa coceira. O ato de cocar e levar as mãos à boca, facilita a re-infecção, pois os ovos ficam debaixo das unhas. Trata-se de uma parasitose muito relacionada com as condições da morada — número de pessoas dormindo na mesma cama, uso da mesma roupa sem lavar, etc. Como os outros, é um verme que só pode ser tratado com medidas preventivas para toda a família. • a tênia ou solitária (Taenia solium e Taenla saginata) é um verme longo, de corpo achatado e segmentado em anéis, semelhantes ao macarrão talharim. Vive no intestino delgado do homem, onde os anéis da parte final do verme amadurecem, e cheios de ovos separam-se do res- to do verme, sendo eliminados com as fezes ou isoladamente. Esses ovos quando ingeridos pelos outros hospedeiros do verme, isto é, o boi (T. saginata) e o porco (T. solium), vão se alojar nos músculos desses animais em forma de larva, os cisticercos, que são conhecidos como "pipoca" ou "canjiquinha" da carne. Estas larvas da carne quando ingeridas pelo homem é que se vão transformar na tênia dentro do seu intestino. O desconforto produzido pela forma adulta da T. solium — que pode atingir até 9 metros de comprimento dentro do intestino do homem — é relativamente pequeno se comparado com as lesões causadas pelas formas larvárias decorrentes da ingestão dos ovos da tênia. Os ovos, se ingeridos pelo homem, produzem graves danos ao organismo humano, transformando-se em larvas (cisticercos), que se vão alojar em várias partes do corpo: olho. cérebro, coração e músculos. As conseqüências são desde dores de cabeça até ataque do tipo epilético. cegueira, paralisia, dificuldade no andar e falar. Outra espécie de tênia é a Taenia Saginata, que é mais freqüente no Brasil. O hospedeiro humano de Taenia saginata expulsa, espontaneamente, anéis do verme no intervalo entre as defecações. Esses anéis são móveis, ativos e forçam a sua própria saída. Já nos hospedeiros de Taenia solium, os anéis saem juntamente com as fezes. Esse fato permite ao homem perceber diretamente, por sua própria observação, a existência do parasita em seu organismo. • amebas e giárdias são animais unicelulares, isto é, formados de uma única célula, e por isso mesmo, só podem ser vistos através do microscópio. Tanto a ameba como a giárdia se apresentam no intestino humano, sob uma forma muito ativa, ali- mentando-se e multiplicando-se rapidamente. Esta forma chamada vegetativa não está dotada de características que permitam a sua sobrevivência fora do corpo do hospedeiro. Quando são expulsas com as fezes para o meio exterior, param de se alimentar, imobilizam-se e criam uma dupla membrana que envolve todo o seu corpo. Esta nova forma, chamada cisto, é a que lhes dá condições de resistir no meio exterior, até que sejam novamente ingeridas por um indivíduo, transformando-se na forma vegetativa, logo cheguem ao intestino do seu hospedeiro. Vimos anteriormente, que todo parasito dependi de seu hospedeiro para sobreviver e que. dentro do hospedeiro, suas ações se podem manifestar em diferentes formas de reações. Assim, amebas e giárdias podem ou não provocar uma variedade de sintomas no organismo humano. Dependendo da sua localização e do número de parasitos existentes, amebas e giárdias podem viver no intestino do homem sem produzir lesões graves. Há. por exemplo, muitos indivíduos parasitado que não apresentam nenhum sintoma. São os chamados portadores sãos, que podem ser descobertos através do exame de fezes. É muito importante o tratamento desses indivíduos, que, embora não sentindo nada, podem ser os transmissores de parasitos aos outros membros da comunidade. À doença provocada pela Entamoeba histolytica, dá-se o nome de amebíase. As formas vegetativas da ameba histolítica quando se localizam na luz do intestino grosso, isto é, dentro das tripas do seu hospedeiro, alimentando-se de bactérias e detritos, não causam nenhum sintoma. Algumas, no entanto, podem invadir as paredes do intestino, alimentando-se de glóbulos vermelhos, destruindo a parede intestinal com perda de sangue e do tecido próprio para a absorção dos nutrientes. Nesse caso, os sintomas podem ser dores abdominais, diarréias freqüen tes, fezes com muco e sangue, enjôos, vômitos, dores de cabeça. O aprofundamento das lesões pode pôr o parasito em contato com os vasos sangüíneos da parede intestinal que os levarão ao fígado, pulmão e cérebro, aumentando a gravidade das lesões. Além disso, pode ocorrer perfuração do intestino e inflamação generalizada na cavidade abdominal (peritonite). Uma ulceração da parede do intestino, por pequena que seja. favorece a invasão por bactérias que são abundantes na luz intestinal. Isso pode dar origem a infecções secundárias de conseqüências imprevisíveis, isto é, tanto a invasão pode ser contida pelo sistema de defesas do organismo quanto proliferar com maior ou menor intensidade. O tratamento para a amebíase é eficiente, mas as recaídas são muito comuns. ráveis à sua sobrevivência. Não é à toa que os vermes não vivem no estômago. Este órgão, além de apresentar condições químicas inadequadas — acidez alta, grande quantidade de enzimas (substâncias orgânicas que aceleram os processos bioquímicos do organismo) — contém alimento que ainda não foi digerido e que portanto não serve para os parasitos. Normalmente os parasitos não deveriam causar doença grave ou a morte a seu "hospedeiro", pois não lhes interessa destruir quem lhes assegura o seu alimento e outras condições de sobrevivência. No entanto, a sua presença sempre representa prejuízo para o organismo humano: a gravidade desse prejuízo depende de vários fatores, tais como o número de parasitos albergados, associações com outras espécies de parasitos, o estado nutricional, idade. As formas vegetativas da Giardia lamblia habitam os segmentos intestinais próximos ao estômago: o duodeno e princípio do jejuno. A gravidade da giardíase é geralmente menor do que a da amebíase. As giárdias aderem à parede intestinal através de suas venlosas, formando um tapete e irritando a zona onde as gorduras e substâncias solúveis em gordura são absorvidas. Conseqüentemente as fezes ficam diarréicas, r i cas em gorduras, isto é, pastosas, quase líquidas, de odor pútrido, com muito muco. De qualquer forma, a presença de parasitos, particularmente vermes no tubo digestivo, vai sempre implicar para a pessoa uma perda da alimentos. Os alimentos ingeridos, além de parte deles ser drenada para os seus "hóspedes" têm o seu aproveitamento reduzido ou dificultado. As vitaminas solúveis em gordura, principalmente a vitamina A, não são absorvidas pelo intestino. Há tratamento eficiente para a giardíase, mas este pode ser dificultado nos casos em que a parasitose se tenha estendido aos condutos biliares e à vesícula biliar. • obstrução intestinal por vermes enovelados (Ascaris) • perfuração intestinal • irritação de vários locais do intestino, provocando dores e diarréias. • O Schistosoma mansoni tem como "habitai" definitivo as veias do fígado — (Ver texto "Os modos de morar do Homem e a EsquistossomoEm resumo, os vermes e os parasitos em geral se instalam sempre onde as condições são favo- Além desses prejuízos, há outros de ordem mecânica, tais como: (Ancylostoma); Finalmente, os vermes podem migrar e se instalar em outros órgãos ou locais, como pulmão, músculos, cérebro, canais hepáticos, acarretando diversas conseqüências; ou podem também facilitar a instalação de infecções bacterianas no próprio intestino. Situação 2 . 1 . VERME, TODO MUNDO TEM? c) Cada colega deverá estudar uma das fichas consultando o quadro e respondendo às perguntas indicadas no verso das fichas. d) Em grupo, analisar as diversas situações propostas nas fichas e apresentar sugestões: 1.ª TAREFA: a) Para iniciar o estudo sobre os modos de morar do homem e as parasitoses intestinais, será interessante saber, primeiro, o que pensa cada colega do grupo sobre os vermes. Assim sendo, cada um de vocês deverá responder por escrito e individualmente às seguintes perguntas: • e) Anotar e discutir com o professor os resultados dessa tarefa. 3/ TAREFA: a) 4.°) Como a gente apanha vermes? Para o desenvolvimento das tarefas 4, 5 e 6, o grupo poderá dividir-se em 3 subgrupos, escolhendo cada um, uma das seguintes tarefas: 5.°) Por que será que existem parasitas? • exame de fezes dos colegas; Em grupo vocês deverão ler e discutir o que cada colega respondeu, e. em seguida, organizar uma lista com o nome dos vermes citados e outra indicando os prejuízos que os vermes podem causar ao organismo. • investigação das condições de abastecimento de água e remoção dos dejetos da Escola; • identificação e análise das condições de moradia, que favorecem a transmissão e existência das verminoses entre os escolares. 1.°) Você tem ou já teve vermes? 2.°) Como a pessoa descobre que tem vermes? 3.°) Os vermes prejudicam as pessoas? b) c) Cada colega deverá fazer um desenho mostrando como e por onde penetram os vermes numa pessoa. 2.' TAREFA: a) Retirar do BI as fichas OS VERMES PARASITAS INTESTINAIS E SUAS CONDIÇÕES DE VIDA NA MORADIA DO HOMEM e o quadro CONDIÇÕES DO MEIO EXTERNO QUE INFLUEM NO DESENVOLVIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DOS VERMES PARASITAS DO HOMEM. 4.ª TAREFA: O subgrupo que ficou com a tarefa "Exame de fezes dos colegas", deverá: a) organizar uma lista numerada, com o nome dos colegas que querem fazer o exame de fezes; b) consultar a ficha "EXAMES DE FEZES" arquivada no BI: • b) como o homem pode evitar a entrada dos vermes em seu corpo? Em grupo, examiná-los e discutir as informações novas. ir ao Serviço de Saúde ou Laboratório indicado na ficha, para combinar com o encarregado dos exames de fezes, o dia • c) e a hora em que poderão entregar o material para exame; e) no dia marcado, recolher os vidrinhos ou latinhas com fezes e levá-los ao laboratório; pedir instruções sobre a maneira de ser feita a coleta das fezes, para transmltí-las aos colegas que irão fazer o exame; f) no laboratório, perguntar aos técnicos se vocês poderão participar dos trabalhos de exame de fezes (será uma boa oportunidade para vocês observarem e desenharem os ovos e larvas dos vermes vistos ao microscópio) . Levar um livro de Ciências que tenha fotografias e desenhos dos vermes, de seus ovos e larvas. Comparar os desenhos do livro com as imagens vistas ao microscópio; g) procurar os resultados dos exames no dia marcado e fazer uma tabela, conforme o modelo abaixo: conseguir com antecedência vidrinhos ou latinhas para distribuir aos colegas que irão fazer o exame de fezes; d) rotular os vidrinhos ou latinhas com pedaços de esparadrapo, onde se escreverão o nome e o n.° do aluno, conforme a lista mencionada no item " a " ; N.°DE ALUNOS h) Com exame negativo Com 1 tipo de parasitose Com 3 tipos de parasitose entregar a cada colega o resultado do seu exame, perguntando àqueles cujo exame deu positivo: • colorir de amarelo as casas onde residem os alunos, cujo exame deu positivo para 1 tipo de verme; 1.°) Como você acha que apanhou vermes? • 2.°) Você já fez algum tratamento para vermes? Como foi feito o tratamento? O que você tomou? colorir de azul as casas onde residem os alunos, cujo exame deu positivo para dois tipos de vermes; • colorir de vermelho as casas onde residem alunos, cujo exame deu positivo para 3 ou mais tipos de vermes: 3.°) Você acha que só o tratamento acaba com os vermes? Por que? j) Anotar todas as respostas; i) Com 2 tipos de parasitose, retirar o mapa-planta da cidade arquivado no BI. Localizar as casas dos alunos e assinalá-las de acordo com os resultados dos exames de fezes da seguinte maneira: fazer um relatório de todas as atividades, anexando os resultados dos mapas-plantas e as conclusões do grupo. 5.ª TAREFA: O subgrupo que ficou com a tarefa: "Investiga- ção das condições de abastecimento de água e remoção dos dejetos da Escola" deverá: a) zamento, e, onde são despejados os dejetos; conversar com o Diretor da Escola ou o Secretário, para saber: • 1.°) De onde vem a água da escola? 2.°) Existe depósito de água na escola? De que tipo? quantos litros comporta? É tampado ou aberto? Observação: para a execução das tarefas b e c, vocês poderão pedir orientação a alguma pessoa entendida no assunto (bombeiro hidráulico, mestre de obra etc.) 3.°) De quanto em quanto tempo se faz a limpeza do depósito? Como é feita? d) observar e anotar como os alunos se utilizam dos sanitários e da água; Anotar todas as respostas: e) verificar de perto as condições do abastecimento de água (origem e aspecto da água utilizada na escola, se o depósito está bem protegido ou não e t c ) , anotando todas as observações: verificar se existem cola, o número, e mesmos, isto é, se do de conservação. par o filtro. Anotar. f) fazer um relatório de tudo que observaram. refletindo sobre as três questões abaixo • Será que o abastecimento de água e de remoção dos dejetos da escola estão contribuindo para a disseminação das verminoses entre os escolares? Por que? • Os modos dos professores, cantineiras. serventes e alunos se utilizarem da água e dos sanitários, também estão influindo para que os escolares tenham vermes? Por que? • A cozinha, a dispensa, onde os alimentos são guardados e a cantina, apresentam condições favoráveis à disseminação das verminoses? Há possibilidade de estarem as pessoas, ali, ingerindo alimentos contaminados por fezes? Por que? 4.°) Para onde vão os esgotos das privadas da escola? b) • • c) fazer um desenho mostrando como é o sistema de remoção dos dejetos da escola. assinalando os pontos onde encontraram alguma possibilidade de contaminação do meio ambiente por fezes. observar os lavatórios e bebedouros, o seu estado de conservação e limpeza; fazer um desenho mostrando como é o sistema de abastecimento de água da escola, assinalando os pontos onde encontraram alguma possibilidade de contaminação da água por fezes humanas ou de animais; verificar, de perto, as condições de remoção dos dejetos da escola, anotando todas as observações: • observar as privadas, o cheiro, o seu estado de conservação e limpeza; • observar, se possível, a canalização de esgoto, verificando se existe algum va- filtros ou talhas na esquais as condições dos estão em perfeito estaObservar o ato de lim- 6. TAREFA: c) n subgrupo que escolheu a tarefa "Identificação análise das condições de moradia que favorecem a transmissão e existência de verminoses entre os escolares", deverá: a) retirar do BI a ficha DIFERENTES TIPOS DE PRIVADA; b) conversar com pedreiros, mestres-de-obras e engenheiros para informar-se dos tipos de sistema de remoção de dejetos construídos comumente na localidade: • fazer um desenho mostrando como são esses sistemas; • calcular o custo de cada um deles (material e mão de obra); Perguntar aos colegas: 1.°) De onde vem a água utilizada em sua casa? 2.°) Sua casa tem privada? De que tipo? E o efluente? Se não tem privada, perguntar: 3 o ) Onde vocês fazem Para onde vão os urina)? d) TABELA DESTINO DAS FEZES NAS CASAS I" a) — Privadas ligadas à rede de esgoto b) — Privadas de fossa seca. ou sumidouro, ou fossa séptica c) — Uso de urinóis que são esvaziados no quintal ou cursos d'água d) — Privadas ligadas diretamente sobre o solo e) — Privadas com manilhas ligadas diretamente aos córregos, rios. lagoas, valas de irrigação e outras coleções d'água f) — Perto das bananeiras ou moitas no quintal g) — Outros entrevistar pelo menos 6 colegas que fizeram o exame de fezes, anotando o seu nome, endereço e as respostas obtidas. as necessidades? dejetos (fezes e apurar as respostas dos colegas entrevistados, agrupando-as de acordo com as tabelas abaixo: I N.° DE CASAS TABELA II ORIGEM DA ÁGUA PARA USO N.° DE CASAS a) — Da rede de abastecimento de água b) — Da cisterna ou cacimba ou poço c) — Da mina ou nascente d) — De rego ou córrego e) — De rios f) — Outros e) • na TABELA I, estão descritos alguns locais onde costumam ser depositadas as fezes das casas em várias comunidades brasileiras. • Assinalar na TABELA I quais os locais que favorecem a sobrevivência de ovos e larvas de vermes que saem para o meio externo. com as fezes humanas, e explicar por que os ovos e larvas de vermes podem sobreviver nesses locais. f) Responder: — Quais as condições do solo e do clima que favorecem a vida dos ovos e das larvas, que saem com as fezes para o meio externo? Identificar aquelas condições encontradas em sua região. retirar o mapa-planta da cidade arquivado no BI e identificar as casas dos colegas que foram entrevistados. Colorir de verde as casas em que os locais onde são depositadas as fezes, favorecem a disseminação da verminose; g) comparar com mapa do subgrupo "Exame de fezes," verificando se os alunos portadores de vermes residem nas casas que vocês coloriram de verde, marcando com um " x " essas casas; h) fazer uma lista de comportamentos (principalmente de crianças e jovens) que favorecem a entrada de parasitos no organismo humano (pela boca e pela pele). Dentre esses comportamentos, grifar aqueles que são mais freqüentes entre vocês. I) será que as condições de moradia dos alunos estão favorecendo a transmissão das verminoses? — Fazer um relatório sobre o que descobriram. anexando todos os dados apurados e a conclusão. 7.ª TAREFA: a) reunir todos os colegas do grupo inicial. para que cada subgrupo relate os resultados de suas tarefas e as experiências adquiri- b) fazer um relatório geral, com a conclusão final de todo o grupo: • Será que o contato com as fezes faz mal à saúde? Por que? • Que pode ser feito para reduzir o problema das verminoses? Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas pelo grupo com: • nome da unidade e da situação; • nome dos componentes do grupo e série. Aplicação prática Orientação preliminar A realização das tarefas sugeridas na situação VERME. TODO MUNDO TEM? possibilitará aos alunos a compreensão dos conceitos enunciados no texto 2 — OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E AS PARASITOSES INTESTINAIS. Este texto será útil ao professor na orientação do grupo de alunos que escolheu para trabalhar aquela situação entre as outras da unidade OS MODOS DE MORAR E A SAÚDE, apresentadas no diagrama. No banco de informações, os alunos deverão encontrar as tarefas da situação escolhida e o material necessário para desenvolvêlas. As atividades: o estudo de alguns parasitas Intestinais. a realização de exame de fezes dos colegas e a investigação das condições de abastecimento de água e remoção de dejetos na escola e nas moradias dos companheiros — será uma oportunidade de aprendizagem sobre os vermes, a partir do conhecimento da realidade dos próprios alunos. Providenciando o exame de fezes, os alunos além de estarem trabalhando em torno de um problema que toca a vida de cada um, poderão estar entrando em contato com um mundo, até então, invisível — o dos seres microscópicos. Investigando as condições de remoção de dejetos na escola e em algumas moradias, os alunos estarão a todo momento elaborando hipóteses, estabelecendo relações e procurando soluções. Nas discussões com o grupo, o professor deverá tentar compreender e aproveitar as Idéias dos alunos, relacionar as informações novas com os conhecimentos antigos, para ajudar os alunos a ampliar os seus conceitos. DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Informações do BI No banco de Informações, os alunos deverão encontrar a ficha-lista das tarefas da situação VERME, TODO MUNDO TEM? e o seguinte material: • • ficha-literária com interessante depoimento autobiográfico de Carlos Drumond de ANDRADE, publicado recentemente pela imprensa: ficha-informativa EXAME DE FEZES que o professor deverá preparar, com as seguintes informações: (BOITEMPO — III) — nome e endereço do Serviço de Saúde onde poderá ser feito o exame de fezes dos alunos: A DUPLA HUMILHAÇÃO — horário em que os alunos poderão ser atendidos; — nome e função dos técnicos que os alunos deverão procurar no Serviço de Saúde. Para preparar essa ficha, o professor deverá, antes, entrar em contato com os Serviços de Saúde existentes na localidade e informar-se em qual deles os alunos poderão mandar fazer o exame de fezes; • • mapa da localidade, que o professor deverá providenciar. Se não for possível consegui-lo, os alunos deverão ser orientados para que eles mesmos façam o traçado dos lugares onde residem; exemplares de vermes, folhetos de laboratórios, que o professor tentará encontrar para enriquecer o material de consulta dos alunos; • fichas-informativas VERMES PARASITAS INTESTINAIS E SUAS CONDIÇÕES DE VIDA. apresentadas a seguir: Humilhação destas lombrigas humilhação de confessá-las a Dr. Alexandre, sério, perante irmãos que se divertem com tua fauna intestinal em perversas indagações: "Você vai ao circo assim mesmo? Vai levando suas lombrigas? Elas também pagam entrada, se não podem ver o espetáculo? E, se ouvindo lá de dentro, as gabarolas do palhaço, vão querer sair para fora. heim? Como é que você se arranja?' Por cúmulo, mínimo verme. quinze centímetros modestos, não mais — vermezinho idiota — enquanto Zé, rival na escola, na queda-de-braço, em tudo. se gabando mostra no vidro o novelo comprovador de seu justo gabo orgulhoso: ele expeliu, entre ohs! e ahs! de agudo pasmo familiar formidável tênia porcina: a solitária de três metros. CONDIÇÕES DO MEIO EXTERNO QUE INFLUEM NO DESENVOLVIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DOS VERMES PARASITOS DO HOMEM Quadro IIl VERMES ÁSCARIS (lombrigas) Através das fezes humanas os ovos das lombrigas chegam ao meio exterior. Sob condições lavoráveis se desenvolvem: dentro de cada um se forma a larva Infestante. Nessa fase os ovos podem penetrar passivamente no corpo humano quando Ingerido ou aspirado pelo homem. ANCILOSTOMOS (Necator — verme do amarelão) Os ovos dos ancilostomídeos chegam ao meio externo através das fezes do homem. No solo. sob condições favoráveis, os ovos se desenvolvem e liberam as larvas, que passam por várias fases de desenvolvimento. até se transformarem em larvas infestantes. Essas penetram ativamente no homem quando em contato com a sua pele. TENIAS (solitárias): Taenia solium (suínos) Taenia saginata (boi) Portadores de tenlase. eliminam isoladamente ou misturados às fezes. segmentos (proglotes) do corpo da tênia Esses segmentos em contato com o solo desintegram-se, libertando cada qual grande quantidade de ovos. que se espalham no quintal. nas pastagens e nas águas Um portador de tênia pode eliminar vários proglotes por dia. 0 porco e o boi. ingerindo esses ovos passam a armazenar em sua carne a larva (cisticerco) do verme. 0 homem comendo a carne parasitada. crua ou mal cozida, apanha a solitária. SOLO — UMIDADE Os solos argilosos e arenosos, úmidos, sombreados. favorecem a sobrevivência e desenvolvimento dos ovos. sendo melhor a argila que a areia. Os ovos desenvolvam-se nas camadas superficiais do solo. A 3 ou mais centimentros de profundidade. são rapidamente destruídos A aeração do solo é necessária para o desenvolvimento dos ovos A escassez de oxigênio no solo devido ao processo de putrefação e fermentação de matéria orgânica. diminui a vitalidade dos ovos LUZ SOLAR — TEMPERATURA AGENTES QUIMICOS A temperatura otíma para o desenvolvimento dos ovos é de 30°C Os ovos têm elevada resistência ao frio, ao calor e aos agentes químicos. mas tem baixa resistência à luz forte e direta do sol OUTRAS CHUVAS. VENTOS E POEIRAS: Os ovos do verme são facilmente transportados de um lugar para outro. através de chuvas, ventos, poeira ATIVIDADES DE ANIMAIS Moscas e outros insetos carregam em suas patas os ovos dos áscaris a pequenas distâncias Outros animais como as aves e batráquios ingerem os ovos dos vermes e os espalham pelo solo quando defecam. disseminando a verminose Solos arenosos, ricos em húmus e outras substâncias orgânicas principalmente os terrenos preparados para cultura, com terra fofa e capazes de reter umidade — favorecem o desenvolvimento e a migração das larvas. Os solos com excesso de água (alagados, pântanos) dificultam a vida das larvas dos vermes — mas a umidade do solo e essencial Os solos mais arejado» facilitam o movimento das larvas. Para aeração do solo. contribuem as plantas — ao redor das raízes há muita difusão de ar As larvas localizam-se nas camadas menos superficiais do solo. durante o seu desenvolvimento Quando chegam ã fase de larva infestante. são atraídas pela luz e o calor: sobem para a superfície do solo e ficam aderidas pela extremidade caudal a pequenos detritos e plantas. balançando no ar a metade anterior do corpo. Os ovos e as larvas são destruídos sob a ação direta dos ralos solares. Portanto, os lugares sombreados são melhores para o seu desenvolvimento A temperatura ótima para o desenvolvimento das larvas é de 20 a 30°C. As larvas são mais ativas a temperaturas mais elevadas, entre 35 e 40° C Locais que oferecem condições ideais são aqueles de chuvas freqüentes e bem distribuídas durante os meses do ano. abrigados de insolação direta e protegidos de intensa evaporação Os ovos da tênia são bastante resistentes no meio externo, poden do sobreviver por um ano em ambiente de umidade relativa bastan te alta. assim como em águas de esgoto e efluentes de fossas sépticas por alguns meses. Pastos secos são condições favoráveis ao desenvolvimento do ovo da ténia saginata (boi — hospedeiro) Luminosidade e calor do sol são condições favoráveis ao desenvolvimento dos ovos da ténia saginata (boi — hospedeiro) 0 calor prolongado do cozimento da carne, prejudica a larva da ténia por que os cislicercos (larvas) são sensíveis ao calor, morrendo rapidamente a uma temperatura de 80°C. CHUVAS: As chuvas, além de interferir na umidade do solo. podem conduzir as larvas dos vermes, a pontos distantes, contribuindo assim para a sua distribuição em extensas áreas. Entretanto, enxurradas fortes destroem as larvas PLANTAS O sombreado das plantas conserva a umidade do solo. favorecendo o desenvolvimento das larvas ATIVIDADE DOS ANIMAIS: Os animais podem contribuir para a sobrevivência das larvas conduzindo-as a lugares muitas vezes distantes: por outro lado, podem dificultar a sobrevivência dos vermes. caso as larvas sejam ingeridas por eles São também sensíveis aos meios químicos (salmora bem forte) Os ovos. tanto da ténia saginata como da ténia solium. resistem a uma temperatura de 60° C por 10 minutos, e não resistem a temperaturas abaixo de 0° C no solo ATIVIDADES DOS ANIMAIS As aves e outros animais podem ingerir os ovos ou os proglotes carregados de ovos e depois expelilos ainda viáveis com suas fezes Os ovos imaturos são resistentes a digestão, o que facilita a sobrevivência e a disseminação da verminose a extensas áreas Texto 3. OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E AS DIARRÉIAS Todos conhecemos e já ouvimos falar de diarréia. Ao se aproximar a estação quente os jornais publicam farto noticiário a respeito do assunto. É comum a mãe dizer que seu filho não está muito bem, por causa da diarréia, desanda ou disenteria. Em alguns lugares, referindo-se aos vômitos associados à diarréia, o povo lhe dá o nome de gastroenterite. Qual seria a causa da diarréia? Por que é tão freqüente em determinados ambientes? Por que tem conseqüências tão sérias, algumas vezes? As diarréias podem ser de origem alimentar (alimentos estragados, frutas verdes, alimentos secos causando irritação no aparelho digestivo. alimentos mal cozidos e t c ) ; origem emocional (sustos, fortes emoções, grande ansiedade, podem provocar uma diarréia); origem medicamentosa (certos medicamentos podem ter um efeito secundário de desarranjo intestinal); origem verminótica (alguns vermes podem provocar irritação das paredes do intestino e outras perturbações que resultam em diarréia); e origem infecciosa (bactérias, virus e outros germes são os causadores das diarréias mais graves). Vamos referir-nos especialmente às diarréias de origem infecciosa, mas sem perder de vista que as diarréias acham-se tão ligadas aos modos de morar do homem que são praticamente decorrentes deles, e em geral, constituem um sinal da contaminação fecal do meio ambiente. Na verdade essa contaminação fecal pode ser vista como o fator desencandeante delas, pois, como em quase todas as doenças, as que se manifestam por diarréias atacam mais facilmente os indivíduos com baixa resistência, quase sempre com nutrição deficiente, É por isso que a diarréia ocorre, na maioria das vezes, entre crianças de menos de 5 anos de idade, seres mais jovens que ainda não desenvolveram suficientemente as suas defesas naturais. Quanto menores as crianças, mais facilmente têm diarréias e mais sérias são as conseqüências. Doenças diarréicas são a maior causa da mortalidade de crianças de 0 a 4 anos de idade, no Brasil. Apesar de ainda serem freqüentes na idade escolar e pré-escolar (as "dores de barriga" que até parecem normais à população), crianças, nessa época da vida só muito raramente chegam a morrer em razão disso. São tantas as doenças da infância, que se manifestam por diarréia que, dizem os médicos, o intestino é o ""termômetro" da saúde das crianças. Em grande parte, as doenças diarréicas são infecciosas, isto é, decorrem de microorganismos patogênicos (do grego pathos, moléstia; gênesis, geração), por contaminação de alimentos ou de objetos que as crianças levam à boca. Esses microorganismos patogênicos são eliminados pela criança doente em suas fezes. Quando não existe um sistema adequado de abastecimento de água canalizada e rede de esgoto para evitar a contaminação do meio através daquelas fezes, todas as outras crianças desse meio estão expostas a contrair a doença. Às vezes, crianças bem nutridas, com maior resistência. podem ser portadoras sadias, isto é, têm esses microorganismos patogênicos, não adoecem, mas contaminam o meio. Outras, depois de tratadas e curadas, ainda podem eliminar germes por um certo período de tempo. A diarréia debilita as crianças, prejudicando a Naturalmente, as más condições de vida correspondem a uma série enorme de fatores e circunstâncias de natureza biológica, sócio-econômica e cultural. A discussão desses fatores e seu reconhecimento como as causas das doenças que provocam diarréias são passos muito importantes para a compreensão mais real e objetiva do problema. São inúmeros os exemplos de populações inteiras em que os índices anuais de diarréias foram drasticamente reduzidos através da promoção da qualidade de vida, ou seja, melhoria das condições de trabalho, de moradia e de alimentação. A diarréia está intimamente ligada às condições nutricionais por sua vez ínterrelacionadas com as defesas naturais do corpo humano. Convém, portanto, considerar no estudo do problema, s i multaneamente, os modos de morar, de alimentar e de defender-se. sua nutrição. Como geralmente as mais expostas são as mal nutridas e de baixa resistência, ocorre um ciclo: criança mal nutrida é freqüentemente atacada por diarréias, piorando cada vez mais o seu estado nutricional. O quadro abaixo tenta esquematizar a relação entre todos esses fatores. I — A morada do homem e os modos de viver dos microorganismos que provocam diarréias O desconhecimento dos modos de viver dos micróbios (do grego mikrós, pequeno; bios, vida) pode impedir a população de tomar medidas preventivas para a proteção das crianças. Os microorganismos que mais freqüentemente provocam infecções intestinais com diarréias são, entre outros, as Shigellas, as Salmonelas, a Escherichia coli e diferentes virus. Entre as infecções por salmonelas estão incluídas as febres tifóides. Sua redução depende de abastecimentos de água tratada, filtrada ou fervida. A melhoria da qualidade da água alcançada nos Estados Unidos da América do Norte, no final do século passado, conseguiu reduzir de maneira significativa as diarréias provenientes de febres tiroides. As salmonelas encontramse tanto em águas contaminadas com fezes de animais e de pessoas, como em alimentos contaminados, sejam carne fresca, ovos e leite. Esses meios, ricos em nutrientes, constituem para os microorganismos em geral, patogênicos ou não, ótimo ambiente de proliferação. Para que haja uma infecção em adultos é necessária a ingestão dé várias centenas de milhares de germes ao passo que para uma criança a dose infecciosa mínima é consideravelmente menor. O clima e a estação do ano influem no aparecimento de mais casos de diarréias. As temperaturas de verão são propícias ao aumento dos germes patogênicos causadores de infecções intestinais. A época das chuvas facilita a poluição da água. Fig 35 -CAIXA DÁGUA SERRA PELADA, ES O tratamento da água não se mostrou por si só tão eficiente na redução de todas as infecções entéricas, que causam diarréias por que nem só pela água são veiculados os germes. As infecções por Shigellas, por exemplo, reduziram-se com a quantidade maior de água disponível para uso de cada família. Portanto há indicações de que. um primeiro passo para o controle das diarréias seria o fornecimento abundante para cada moradia e, a seguir o tratamento da água. À população cabe reivindicar e manter seu abastecimento de água. exercendo uma ação cooperador com os órgãos de saúde e saneamento, quanto à vigilância sobre o manancial e sua conservação. A abundância de água disponível na moradia permite a construção de privadas mais confortáveis, a manutenção da limpeza dos sanitários, da cozinha e de todos os utensílios e produtos utilizados na preparação da comida, sendo ainda condição indispensável para que as pessoas sigam os preceitos de higiene que a Escola propõe aos seus alunos, tal como lavar as mãos com sabão ao sair da privada. Portanto, parece lógico que os esforços educativos em lugares onde não haja essa abundância de água se dirijam para a capacitação das pessoas e grupos sociais em obter água e, para a adoção de hábitos de higiene através de conhecimentos e experiências vivenciais. O conhecimento dos modos de viver dos microorganismos (por exemplo, o de que a água constitui um meio de multiplicação de micróbios) ó essencial para que haja a compreensão da relação existente entre os hábitos de higiene e a defesa da saúde. Há que distinguir, dentre as práticas de higiene, as que são impostas pelo consumo, pelos padrões de beleza e da moda, pelas aspirações de conforto e aquelas que realmente constituem defesa da saúde. Assim, passar um pano úmido ou jogar água numa instalação sanitária escolar ou doméstica, pode causar uma aparência de limpeza e asseio mas, do ponto de vista de Saúde Pública, o efeito não é satisfatório. Como diz um microbiologista "micróbrio não morre afogado". O uso do sabão junto com a água é que vai dificultar a vida dos micróbios no meio exterior, para onde vieram, através das fezes de seus hospedeiros humanos ou animais. Os microorganismos existentes na água sucumbem a altas temperaturas, e a fervura da água torna-se, assim, entre outros métodos, uma proteção eficiente contra as diarréias provenientes da ingestão de água contaminada. Crianças pe- quenas, pessoas idosas e convalescentes de qualquer idade constituem, de modo geral, um grupo mais vulnerável às infecções, daí necessitarem de cuidados especiais quanto ao tratamento da água. Entre o tratamento da água e sua ingestão pelas pessoas há de se cuidar que ela não seja novamente contaminada. O depósito de água para beber em casa, na Escola, no ambiente em que vivemos pode, de acordo com a freqüência e a maneira como é lavado, constituir-se ou não num meio de proliferação de germes patogênicos A maneira como se utiliza o depósito de água para beber pode tornar a contaminá-la, depois do seu tratamento. Fig 36 - FILTRO COM TORNEIRA Os depósitos de água para o abastecimento de um bairro, assim como as caixas d'água domiciliares, precisam estar protegidos contra a contaminação com as fezes humanas e de animais, incluindo as aves. Depósitos desprotegidos podem conter até animais em decomposição com prejuízo para a saúde dos usuários da água. Limpeza regular com sabão ou produtos químicos tais como cloro, mantém a potabilidade da água nos depósitos de onde se fará a distribuição aos usuários. A ingestão casual de água de lagoas e riachos fortemente contaminados por esgotos de casas e de pocilgas, entre outros, tem sido a causa de infecções entéricas graves com ocorrência de diarréias. O papel das moscas na disseminação de matéria fecal com Shigela por todos os cantos da moradia, especialmente em alimentos e utensílios de cozinha, bicos de mamadeira e chupetas de bebês, não pode deixar de ser enfatizado no estudo das diarréias e de sua prevenção. A grande promiscuidade entre pessoas e animais (porco, cão, gato e principalmente aves) favorece a disseminação das Salmonelas. As intoxicações alimentares provenientes de Salmonelas e shigelas são menos freqüentes quando as refeições se fazem em casa com alimentos de origem doméstica, sob cuidados higiênicos da pessoa que os manipula. As infecções alimentares são causadas em muito maior freqüência por produtos que requeiram muita manipulação, em especial se forem conservados durante horas em temperatura ambiente favorável à proliferação das bactérias. Por outro lado, é evidente risco para a saúde ingerir alimentos manipulados por pessoas portadoras de germes patogênicos, as quais igno- rando o próprio estado, e as maneiras de transmissão das infecções intestinais, não adotam por isso, práticas de higiene. Cabe às Prefeituras a fiscalização do cumprimento das posturas municipais relativas à higiene da produção, manipulação e venda de alimentos em estabelecimentos industriais e comerciais, matadouros etc. Os consumidores, esclarecidos a respeito da maneira de viver dos microorganismos que provocam diarréias, complementarão essa ação fiscalizadora dando natural preferência aos locais em que se possam munir de produtos que ofereçam maior proteção à sua saúde. Il — A desidratação e a mortalidade infantil A palavra diarréia vem do grego diárrhoia, frouxo e do latim diarrhoea, escoamento. O efeito mais dramático da diarréia é a desidratação. Desidratação significa perda de líquidos. A perda de líquidos pelas fezes é às vezes acompanhada de febre, náuseas, vômitos, diminuindo ainda mais a água e os sais minerais do organismo. A água é essencial à vida humana. A sensação de sede faz o indivíduo despertar para a necessidade de ingerir líquido. Se ele não atende logo, o corpo continua a protestar cada vez com mais energia, impedindo que o indivíduo desenvolva qualquer atividade. A desidratação por diarréia grave, em criança pequena, que perde água com muito mais facilidade que o adulto e não sabe dizer ainda que tem sede, necessita atenção imediata de quem estiver cuidando dela. O corpo da criança emite ainda outros sinais para expressar a gravidade do que se está passando: • febre acima de 38° C; • fezes líquidas freqüentes e abundantes; • fezes com consistência e cheiro diferentes; • pús ou sangue nas fezes; • vômitos de jato, esguichado; • extremidades frias; • palidez; • barriga flácida; perda de elasticidade da pele; • expressão de dor e sofrimento; • abatimento geral, prostração; • olhos encovados com círculos escuros em volta (olheiras) etc. Nessa situação o médico deve ser consultado o quanto antes. Enquanto não for atendida pelo médico a mãe da criança deve suspender o alimento, seja mamada ao seio ou de mamadeira. Não dar leite ou qualquer alimento que contenha gordura. Suspender todos os alimentos sólidos. Iniciar imediatamente a ingestão de solução hidratante com mistura pronta comprada na farmácia, obedecendo às instruções, para o preparo, que vêm na bula. O soro fisiológico ou a solução hidratante devem ser dados em pequenas quantidades (colheradas) e a intervalos curtos a cada 10 ou 15 minutos, para que o organismo consiga reter. Convém tirar a roupa da criança e cobri-la apenas com um lençol. Se estiver com frio, uma manta leve. Não se consegue baixar a temperatura, se a criança estiver muito agasalhada. No caso de não haver soro fisiológico ou solução hidratante comprada na farmácia, não usar remédios, começar imedatamente a dar água fervida e resfriada, com uma pitada de sal e outra de açúcar. É importante que o médico veja a criança com a maior urgência possível. Nem todas as diarréias são graves. Algumas são benignas e curam-se facilmente se forem tratadas desde o início. Mesmo nos casos benignos convém procurar o médico. Além disso, que deve fazer a mãe, em caso de diarréia não muito grave, enquanto a criança não for vista pelo médico? • não dar outro); nenhum remédio (antibiótico ou • caso esteja mamando no seio somente, deixa-a continuar a mamar. Se mamar menos que de costume, tanto melhor. Caso esteja recebendo alimentos sólidos, retire-os. Na maioria dos casos de diarréias, o leite humano dá bons resultados; • caso esteja recebendo mamadeira além de mamar no seio, suspenda a mamadeira e deixe-o mamar só no seio; • caso esteja recebendo só mamadeira, dilua o leite à metade. Nessa diluição, empregue água previamente fervida. Deixe o bebê mamar a menor quantidade que possa satisfazê-lo. Se tiver fome com a mamadeira d i luida, alimente-o com mais freqüência; • caso tome mamadeira e alimentos sólidos, retire todos os sólidos. Se não tiver apetite para a mamadeira e se não houver melhorado em um dia, dilua o leite até à metade, e proceda como no caso anterior. A criança que é amamentada no seio materno tem mais resistência às infecções intestinais e sofre menos diarréias do que aquela que foi desmamada precocemente por sua mãe. O leite materno assegura ao lactente as proteínas de que ele precisa para se desenvolver e resistir às infecções. A criança que é alimentada ao seio materno é uma criança bem nutrida. Pelo leite materno são transmitidas ao lactente as defesas que a mãe adquiriu em sua vida. A alimentação ao seio, onde os modos de morar do homem são desfavoráveis à saúde, em casas sem água e esgoto, é mais segura, porque elimina em parte os problemas de preparação da mamadeira, limpeza, proteção dos bicos contra as moscas. fermentação de restos de leite. A vacinação contra tétano, difteria, coqueluche, paralisia infantil, sarampo, tuberculose, varíola, nos primeiros meses de vida contribui para aumentar as defesas contra essas infecções e a preservar o estado nutricional que por sua vez pode aumentar a resistência contra as infecções intestinais. A atenção pré-natal às gestantes em todas as gestações e a preparação dos jovens para as funções de pai e mãe constituem passos importantes na prevenção das diarréias e da desnutrição infantil. Durante o atendimento pré-natal a gestante poderá procurar • orientação e assistência para a sua nutrição no período de gestação a fim de que ela seja suficiente em propiciar o crescimento do feto e o aleitamento prolongado sem prejuízos para o seu próprio organismo; • informações sobre necessidades alimentares da criança no primeiro ano de vida e calendário de vacinações; • informações sobre a legislação brasileira de proteção à maternidade e infância e os seus direitos especiais. A redução das diarréias infantis não está na dependência apenas de conhecimentos. Tampouco constituem as diarréias uma determinação geográfica a qual temos que nos submeter. As más condições de vida de numerosos grupos populacionais nas várias regiões do País, e particularmente os modos de morar sem água e esgoto, são os responsáveis pela magnitude do problema. "A investigação Interamericana sobre a mortalidade da criança, realizada com critérios uniformes em 15 cidades das Américas, no período de 1968 a 1971, sob os auspícios da Organização. Pan-Americana da Saúde, pôs em destaque as elevadas taxas de mortalidade dessas doenças, na maioria das cidades estudadas, como se pode ver na Tabela I. Tabela I. Mortalidade por infecções entéricas (doenças diarréicas) entre menores de 5 anos de idade, 1968-1971, em 15 cidades das Américas Cidade Taxas por 100.000 menores de 5 anos de ¡dade San Salvador (El Salvador) Recife (Brasil) Resistência (Argentina) La Paz (Bolívia) Cali (Colombia) São Paulo (Brasil) Monterrey (México) Medellin (Colombia) Cartagena (Colombia) Ribeirão Preto (Brasil) Santiago (Chile) San Juan (Argentina) Kingston (Jamaica) São Francisco (Estados Unidos da América) . Sherbrooke (Canadá) 1.193,9 1.023,3 687,6 653,5 504,9 492,4 487,7 446.9 375.6 283.8 253,6 253.6 220,9 20.9 3,3 Fonte: Puffner, R R . & Serrano, C.V. Características de Ia mortalidad en Ia ninez. Publicação Científica da OPS n.° 262. Washington, D.C. (1973), pg. 146. A mortalidade por infecções entéricas entre crianças de menos de 5 anos de idade ainda se apresenta extremamente elevada no Brasil, mesmo em cidades ricas como São Paulo e Ribeirão "Preto, onde as taxas foram, respectivamente, 149 e 86 vezes maiores do que a registrada na área de Sherbrooke, Canadá". Fonte: Oito doenças Transmissíveis de Importância no Brasil. Diálogo Médico, Ano 2, n.° 2. Situação 3 . 1 . POR QUE A DIARRÉIA? 2.°) Que sugestões práticas dar a uma mãe de uma criança com diarréia? 1.ª TAREFA: a) 3.°) Como resolver o problema das diarréias quando elas se repetem em uma mesma família? Por que será que as pessoas têm diarréia? O que será que as pessoas pensam sobre o assunto? E vocês? 4.°) Como investigar em uma casa, os fatores determinantes da diarréia? Responder por escrito e individualmente, às seguintes perguntas: 1.°) Que sabe você sobre a diarréia? 3.ª TAREFA: 2.°) Quem sofre mais de diarréia? Crianças ou adultos? Por que? a) 3.°) O que provoca diarréia nas pessoas? b) c) O grupo poderá fazer uma pesquisa entre as mães da localidade para informar-se dos casos recentes de diarréia, anotando: 4.°) O que é preciso fazer para não ter diarréia? • número de moradores em cada casa visitada; 5.°) Como as pessoas tratam as diarréias 9 • número de pessoas que tiveram recentemente diarréia; • nome e idade dessas pessoas acometidas de diarréia; • origem e quantidade aproximada de água gasta em cada casa por dia; • o destino dos dejetos (fezes e urina) e do lixo. em cada casa. Em grupo, vocês deverão ler e discutir todas as respostas dadas, e, em seguida, fazer duas listas: a primeira lista deverá conter tudo aquilo que pode provocar diarréia segunda, as maneiras de tratá-la. Discutir com o professor. 2.ª TAREFA: a) Retirar do BI a ficha Os MICRÓBIOS CAUSADORES DAS DIARRÉIAS E SUAS CONDIÇÕES DE VIDA. b) Em grupo, examiná-la e discutir as informações novas. c) Responder em grupo: 1.°) Conhecendo-se as condições necessárias à vida das bactérias, sugerir medidas para eliminá-las do meio ambiente. b) Antes de fazer a pesquisa, o grupo poderá preparar um roteiro de perguntas para as entrevistas com as mães e consultar as f i - ' chás DIFERENTES TIPOS DE PRIVADAS, e, SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA E CANALIZAÇÃO DE ESGOTOS, arquivadas no BI. c) Durante as entrevistas, o grupo deverá observar detalhadamente os modos de morar das pessoas e anotar todas as observações e respostas obtidas. 3.ª TAREFA: a) Casas visitadas (endereços) b) Depois, reunir todos os dados completar a tabela abaixo: Em grupo, ler e discutir as respostas das pessoas entrevistadas. N.° de moradores Pessoas com diarréia Origem da água Quantidade aproximada de água gasta p/pessoa obtidos e Destino dos Dejetos e Lixo Analisar as informações tabeladas e as observações feitas nas casas visitadas. Responder: 3.°) Qual a quantidade de água consumida por pessoa diariamente em cada uma das casas visitadas? 1.°) É grande o n.° de pessoas com diarréia? Por que? Para saber isso, dividir a quantidade aproximada de água gasta diariamente na casa, pelo número de seus moradores. Será interessante fazer um cálculo para cada uma das casas visitadas e depois comparar com os dados fornecidos na tabela abaixo: 2.°) Que acha o grupo da fonte de origem da água? Há possibilidade de estar-se usando água contaminada por fezes? Por que? CONSUMO MÍNIMO DE ÁGUA, POR PESSOA, DIARIAMENTE (De acordo com as recomendações da Agência para o Desenvolvimento Internacional — AID) CONSUMIDOR ZONA Homem Rural Urbana LITROS POR PESSOA POR DIA 100 200 — 250 4.°) Que acha o grupo dos sistemas de remoção de dejetos adotados nas casas ( v i s i t a d a s ? Há possibilidade de as fezes, assim removidas, contaminar o solo e a água? Por que? c) 5.°) Até que ponto a maneira de as pessoas limparem suas casas, prepararem seus alimentos, tratarem a sua água e cuidarem das crianças, podem estar influindo no aparecimento das diarréias? 5/ TAREFA: a) Em grupo, vocês poderão também, fazer uma pesquisa nos Serviços de Saúde para saber se as doenças diarréicas constituem um grave problema na localidade. Para isso, poderão preparar um roteiro de perguntas, de acordo com o que interessam saber sobre as diarréias. Antes, vocês devem rever o que fizeram nas primeiras tarefas para verificar as dúvidas existentes, e, as que vocês gostariam de esclarecer. 6.ª TAREFA: a) Reunir o grupo e fazer um gráfico de acordo com os dados apurados no item b da 5.ª tarefa, mostrando o número de casos de diarréia por grupo de idade e o n.° de doentes tratados mais de uma vez no mesmo período . Pedir ajuda e orientação ao professor. b) Discutir as respostas do médico ou outro profissional da saúde. Entre as coisas que eles falaram, o que foi novidade para vocês? Para isso. vocês devem consultar a ficha DIARRÉIA arquivada no BI. e. verificar os endereços dos Serviços de Saúde que deverão procurar; os nomes das pessoas que poderão atendê-los e em que horários. b) Nos Serviços de Saúde, deverão investigar e anotar: número das pessoas atendidas com diarréia durante um certo período de tempo (um mês, 6 meses ou um ano), por grupo de idade (de 0 a 4 anos, de 5 a 10 anos, de 10 a 15 anos. mais de 15 anos). Anotar também o período do ano em que ocorreu maior n.° de casos de diarréia, a freqüência das recaídas entre os doentes tratados e o tipo de tratamento recomendado pela Unidade Sanitária. Perguntar, ainda, se tem havido aumento ou diminuição dos casos de diarréia nos últimos anos. Se for possível, pedir os endereços dos doentes que tiveram mais de uma recaída após o tratamento e visitá-los em suas casas, outro dia. Conversar com algum profissional da saúde (médico, enfermeira, farmacêutico, educadora ou visitadora sanitária etc.) para obter mais informações sobre as doenças diarréicas. 7.ª TAREFA: a) O grupo deverá fazer um relatório, com as conclusões que tiraram durante a execução das tarefas. Observação: arquivar no BI o relatório, e as tarefas desenvolvidas pelo grupo com: • nome da unidade e da situação: • nome dos componentes do grupo e sua série. Aplicação prática Orientação preliminar A realização das tarefas sugeridas na situação POR QUE A DIARRÉIA? possibilitará aos alunos a compreensão dos conceitos enunciados no texto 3 — OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E AS DIARRÉIAS. Este texto será útil ao professor na orientação dos alunos que escolheram para trabalhar aquela situação entre as outras da unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE, apresentadas no diagrama. No banco de informações, os alunos deverão encontrar as tarefas da situação escolhida e o material necessário para desenvolvê-las. Os alunos iniciarão as tarefas, dizendo o que sabem sobre o assunto. Depois deverão discutir algumas informações sobre microorganismos, entrevistar pessoas da população e fazer um levantamento dos casos de diarréia nos Serviços de. Saúde da localidade. O professor deverá estimular os alunos a expressar seus conceitos, antes de procurar qualquer informação. Os conhecimentos dos alunos deverão ser valorizados, já que fazem parte das suas experiências de vida. Muitos deles provavelmente irão dizer o que outros já disseram: "a diarréia é uma doença que ataca mais as crianças, que comem com as mãos sujas, bebem pouca água. não ligam se o alimento está sujo ou contaminado, fazem muita mistura de doces etc. O seu organismo não se desenvolveu bastante, ele é fraco" (aluna de 6.ª série); ou que "podemos através da diarréia perder água o que pode enfraquecer o nosso organismo e é capaz de dar desidratação e, enfim, causar a morte" (aluna de 6.ª série). As respostas dos alunos deverão ser questionadas pelo professor. Por exemplo: por que comer com as mãos sujas dá diarréia? Que pode ter o alimento contaminado? E o alimento sujo? Por que a perda de água enfraquece o organismo? O que pode contaminar o alimento e as mãos? Que devemos fazer para não contaminar o meio ambiente? DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Informações do BI — No banco de informações, os alunos deverão encontrar a ficha-lista das tarefas da situação POR QUE A DIARRÉIA? e o seguinte material: • ficha-informativa DIARRÉIA, que o professor deverá preparar com as seguintes informações: — nome e endereço dos Serviços de Saúde que os alunos poderão visitar; — nome dos médicos e outros profissionais de saúde que poderão ser entrevistados pelos alunos; horário em que os alunos poderão ser atendidos. Para preparar essa ficha, o professor deverá, antes, entrar em contato com os Serviços de Saúde locais (hospitais, unidades sanitárias etc.) e verificar a possibilidade de serem os alunos atendidos para as entrevistas e coleta de dados. • ficha-informativa OS MICRÓBIOS CAUSADORES DAS DIARRÉIAS E SUAS CONDIÇÕES DE VIDA. apresentada a seguir. OS MICRÓBIOS CAUSADORES DAS DIARRÉIAS E SUAS CONDIÇÕES DE VIDA | __ DIARRÉIAS INFECCIOSAS ( G a s t r o e n t e r i t e , D i s e n t e r i a , Desanda) AGENTES CAUSADORES DAS DIARRÉIAS INFECCIOSAS LUGARES ONDE SAO ENCONTRADOS OS AGENTES CAUSADORES MEIO DE TRANSMISSÃO Microorganismos ou micróbios pa- • Fezes de pessoas doentes com •ingestão de água e alimentos (principalmente: leite, carne, diarréia ou fezes de pessoas togênicos, principalmente as bacsadias, mas portadoras das verduras, ovos) contaminados térias: bactérias patogênicas, quando com microorganismos de fedepositadas diretamente no zes. • Shigella solo; ou em outros locais que permitam a contaminação do •Mãos, objetos e utensílios de • Salmonela meio ambiente. algum modo contaminados com microorganismos de fe• Fezes de alguns animais * e zes. aves que vivem em comum com as pessoas. • Moscas que pousam em fezes e lixo, transportando nas patas matéria fecal com bactérias patogênicas. II — CONDIÇÃO DE VIDA DAS BACTÉRIAS ÁGUA As bactérias como todos os seres vivos precisam de água para viver. TEMPERATURA Cada espécie bacteriana tem sua maior atividade a uma determinada temperatura. Por exemplo: um grupo de bactérias (as bactérias do solo), são mais ativas aos 25°C; as bactérias patogênicas têm sua maior atividade aos 37°C e ainda um terceiro grupo (as bactérias da ferFig mentação), são mais ativas aos 70—80°C. A maioria das bactérias têm sua atividade interrompida a 0°C. O frio não mata as bactérias, somente inativaas. As bactérias patogênicas podem viver durante meses em refrigeração. Altas temperaturas matam as bactérias. A temperatura de 60°C é suficiente para matar a maior parte das bactérias causadoras de doenças. À temperatura de água fervente, isto é, 100°C, todas as bactérias ativas são eliminadas. (Ver desenho abaixo) 37 - ATIVIDADES DAS BACTÉRIAS E TEMPERATURAS CRÍTICAS RELATIVAS À UTILIZAÇÃO DOS ALIMENTOS Adaptado do Documento Abril 2, outubro de 1976. LUZ As bactérias crescem mais no escuro ou em luz fraca. Luz forte inativa (enfraquece) os micróbios. Bactérias expostas diretamente aos raios solares morrem. OXIGÊNIO O oxigênio é necessário para a vida de um grande número de bactérias. Algumas bactérias patogênicas (por exemplo, Shigella e Salmonela) morrem por falta de oxigênio. Outras bactérias, no entanto, não necessitam de oxigênio. SUBSTANCIAS QUÍMICAS Para viver as bactérias precisam também de encontrar em seu meio ambiente, certas substâncias químicas — mais ou menos ácidas — numa combinação própria para cada tipo de bactéria A alteração desse meio, com a introdução de produtos químicos, dificulta a vida das bactérias. Por isso, o uso do sabão, desinfetantes e outros produtos de limpeza matam os micróbios. Texto 4. OS M O D O S DE M O R A R HOMEM E A ESQUISTOSSOMOSE DO Os modos de morar do homem, isto é, os modos de se relacionar com o meio ambiente, não apenas na casa também em outros lugares onde exerce as atividades do viver cotidiano, representam um dos três principais fatores da existência da esquistossomose como doença endêmica. Os outros dois fatores são a existência de caramujos hospedeiros do verme Schistosoma mansoni e a de pessoas infectadas pelo verme. Estima-se que da nossa população de 107 milhões de habitantes cerca de 8 milhões são doentes de esquistossomose. A DOENÇA ESQUISTOSSOMOSE O homem é uma das moradas do verme SCHISTOSOMA MANSONI A fase inicial da doença esquistossomose pode passar despercebida ou ser confundida com outras doenças que também provocam febres e dores. Essa fase inicial corresponde à penetração dos vermes no organismo humano pela pele, até a sua localização nas veias do fígado, onde se instalam como em sua casa. Os vermes encontram abrigo, proteção, .e alimento necessários no aparelho digestivo do homem. Os vermes adultos, macho e fêmea, se acasalam e aí viverão o resto de suas vidas que pode durar mais ou menos 30 anos. Na época da postura dos ovos, os Schistosoma, unidos aos pares, emigram para as extremidades das veias do intestino. As fêmeas têm certamente, o que se chama instinto de conservação da espécie. Como se soubessem que os ovos precisam sair do organismo do homem para que o embrião do novo verme neles contido tenha oportunidade de chegar ao meio externo com as fezes do hospedeiro e assim continuar o seu ciclo vital, aproximam-se das paredes intestinais e ali os depositam. Alguns ovos rasgando a mucosa da parede intestinal caem na luz do intestino, juntam-se às fezes com as quais são expulsos do corpo do hospedeiro. Outros ovos ficam retidos nos tecidos: ou permanecem na própria parede do intestino ou são levados pela corrente sangüínea, encalham no fígado e, mais raramente, em outros órgãos. Alguns desses ovos, antes de morrerem provocam à sua volta a formação de áreas de tecido morto, fibrosadas, endurecidas, que impedem o fígado de realizar plenamente as suas funções numerosas e vitais. A fibrose do fígado pode ser muito grave, causando por sua vez o aumento do tamanho do baço, anemia, barriga d'água e dilatação das veias em torno do umbigo, nas virilhas, no estômago e no esôfago. Mas nem só os ovos do verme produzem prejuízos ao homem. Também os vermes adultos mortos podem causar perturbações. Precisam ser levados em consideração, também, quando se quiser estabelecer a responsabilidade dos prejuízos causados pela doença, o organismo do hospedeiro e as suas reações ao verme. Muitos aspectos da esquistossomose permanecem ignorados e continuam a ser pesquisados. Um deles, ainda não totalmente esclarecido, exprime-se na questão: — "por que em certos* indivíduos se desenvolvem formas graves da doença, até o quadro clínico que se chama "barriga d'água" ao passo que em outros se observa por muitos anos, ausência de sintomas?" Algumas pessoas não "sentem" a doença. Aquelas que só pegam um pequeno número de vermes podem permanecer sem qualquer alteração do seu estado normal de saúde por bastante tempo. Na fase crônica da esquistossomose são várias as queixas dos pacientes enumeradas a seguir por ordem de freqüência: diarréias periódicas, às vezes acompanhadas de muco. sangue e cólicas; alternância de períodos de diarréia com outros de prisão de ventre; dificuldade em digerir certos alimentos; náuseas; tonturas, dores de cabeça, emagreeimento, fraqueza e esmorecimento. Pessoas nas quais a doença evoluiu até apresentar formas graves submetem-se a intervenções cirúrgicas que lhes evitam a morte. O tratamento dos doentes destruindo os ovos e os vermes interrompe a evolução da doença e permite regressão das lesões e dos sintomas quando não houve dano importante nos órgãos atingidos. Existem medicamentos eficazes para a cura da doença embora todos apresentem alguns inconvenientes. O tratamento não é vacina. Uma pessoa tratada e curada, se tiver contato com um foco de transmissão pode ter a doença novamente. A TRANSMISSÃO DA ESQUISTOSSOMOSE O ovo do SCHISTOSOMA sai do corpo humano para o meio exterior a fim de continuar o seu ciclo vital na água O ovo do Schistosoma mansoni alcança o meio exterior com as fezes do seu hospedeiro-homem. Se essas vão para um sistema de esgoto ou para uma fossa e não encontram mais a superfície do solo ou a água, os ovos nela contidos perecem. Se as fezes são jogadas na superfície do solo, longe de qualquer coleção de água, ou fora do alcance de chuvas, pode acontecer que os ovos de Schistosoma morram sob a luz e calor do sol. Mas, se as fezes são depositadas às margens de poças, valas, coleções dágua como lagoas, córregos ou encaminhadas até a água por manilhas ou enxurradas os ovos aí sobrevivem, eclodem e as larvas se desenvolvem e continuam o seu ciclo vital. O caramujo é SCHISTOSOMA morada temporária do verme Para que haja a transmissão da esquistossomose são necessárias: a) a presença da fonte de infecção, isto é, homem doente eliminando ovos do verme em suas fezes; b) a ação do homem em lançar suas fezes na superfície das águas; c) a presença de coleções de água doce em condições favoráveis à ruptura dos ovos e sobrevivência das larvas. A partir dessa fase de larva (o miracidio) o verme precisa continuar o seu desenvolvimento dentro da lesma de um caramujo que constitui assim a sua segunda morada por um período curto de algumas semanas. Nem todos os caramujos servem de morada temporária para o verme Schistosoma. No Brasil só os do gênero Biomphalaria (diz-se bionfalária) servem para ele. Portanto, só nas localidades onde é encontrado esse tipo de caramujo pode haver esquistossomose, pois a doença não passa diretamente de homem para homem. Grande parte do território do Brasil apresenta condições geográficas favoráveis a esses caramujos. A introdução da espécie Biomphalaria em áreas onde até agora ela não existe vai portanto depender do exercício ou não de uma vigilância pela população. Igualmente, depende da ação do homem a instalação do caramujo em áreas antes semi-áridas, mas onde a irrigação passou a permitir sua sobrevivência e proliferação. Fig 38 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE MOLUSCOS HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS DO SCHISTOSOMA MANSONI NA AMÉRICA DO SUL Das 19 espécies de planorbídeos encontrados no Brasil, apenas três podem transmitir a doença. A Biomphalaria glabrata se distribuí por extensas áreas, especialmente em Minas Gerais e Bahia, e é boa transmissora onde quer que se encontre. Á Biomphalaria straminea, embora presente em muitas áreas, só é boa transmissora no Nordeste Brasileiro. A Biomphalaria tenagophila é a transmissora em São Paulo e Rio de Janeiro. FONTE: PARAENSE, W L. Universidade de Brasília. Instituto de Ciências Biológicas — Departamento de Biologia Animal — Laboratório de Parasitologia. Os caramujos estão sujeitos a uma grande variação de número dependendo de regime de chuvas e estiagens, enxurradas, correnteza da água, nutrientes encontrados para sua alimentação, presença de animais que com eles competem etc. Embora a presença de caramujos seja freqüente em coleções naturais de água como riachos e brejos, especialmente nas suas margens, ela costuma ser mais abundante, isto é, tem um maior número de exemplares, em criadouros artificiais construídos pelo homem. As valas de irrigação, de horta, especialmente de agrião ou de bananais, de canaviais, ou de drenagem urbana, poços de olaria, por exemplo, são em geral, entre outros, bons criadouros de caramujos. Estes vivem bem em temperaturas entre 20°C e 30°C, tolerando variações grandes entre o dia quente e noite fria. Mas, as temperaturas acima de 28°C são ideais para a penetração da larva do Schistosoma no caramujo, seu desenvolvimento dentro dele e liberação de suas cer cárias na água. A desova dos caramujos é posta em plantas, protegidas com uma placa gelatinosa que a cobre totalmente. A desova é visível a olho nu e é facilmente encontrada no verso das folhas de agrião bravo por exemplo. Patos domésticos comem caramujos. Alguns peixes, como a tilápia, o apiarí e outros estão sendo experimentados como competidores de caramujos. Há grande interesse em se descobrir seres vivos (plantas ou animais) que naturalmente diminuam a população de caramujos. Destes, nem todos resistem à infecção pelo parasita Schistosoma. Alguns adoecem e morrem. A espécie Biomphalaria glabrata, a mais importante na transmissão da esquistossomose, no Brasil, se infecta bem e geralmente não é prejudicada pelo verme. Evidentemente a presença de caramujos hospedeiros é essencial para a circulação do verme Schistosoma mansoni e para a propagação da esquistossomose numa área. Mas não se trata de uma doença que "vem" do caramujo. A fonte de infecção é o homem. É seu modo de viver — o destino que dá às fezes, suas relações com as águas contaminadas que determinam se os locais onde existem caramujos v i rão a se tornar ou não áreas endêmicas de es- quistossomose. A expansão da esquistossomose A cercaria do Schistosoma sai do caramujo para encontrar um hospedeiro humano que será a sua morada definitiva A esquistossomose, ora em expansão no Brasil, não é nativa aqui, provavelmente foi introduzida em nosso País pelos escravos trazidos da África. O surto de propagação recente está fundamentalmente ligado às migrações internas no País, associadas ao déficit de habitações providas de água e esgoto. Os centros urbanos e as áreas rurais da periferia das cidades têm sido focos de atração de trabalhadores que migram das zonas endêmicas menos desenvolvidas. Assim se explica o aparecimento da esquistossomose nas áreas rurais do vale do Paraíba, no norte do Paraná, para onde ocorreram muitos trabalhadores do nordeste brasileiro e de Minas Gerais; em núcleos de desenvolvimento agrícola (irrigação) no Ceará, na Bahia, bem como o aparecimento de focos importantes da doença na periferia das grandes cidades que atraem mão-de-obra em toda parte — Belo Horizonte, Salvador, Recife, São Paulo e muitas outras. Em todos os casos essas populações migrantes não somente d e i xam de encontrar habitação com um mínimo de saneamento como também conservaram seus padrões rurais de relacionamento com o meio — jogando as fezes no próprio espaço utilizado para morar e se servindo de água contaminada. Na Amazônia até o momento se conhecem apenas focos isolados de caramujos hospedeiros, mas o intenso movimento migratório de pessoas o r i u n das de áreas endêmicas para aquela região, sem prévio tratamento, causa apreensão aos estudiosos do problema da esquistossomose pois, se a doença já é muito difícil de ser controlada em áreas onde há alguma abundância de água, se for instalada na Amazônia será praticamente i n controlável . Cada caramujo pode eliminar uma imensa quantidade de cercárias do mesmo sexo que a larva que o infectou. Alguns caramujos são penetrados por larvas de ambos os sexos e portanto expelem cercárias fêmeas e machos. As cercárias saem pela pele da lesma do caramujo e caem na água onde nadam ativamente com o auxílio de uma cauda própria. As cercárias têm mais energia e poder de penetrar num hospedeiro humano durante cerca de 8 horas. Depois desse prazo podem ainda viver na água até dois dias, mas já perdem as forças e não conseguem mais penetrar na pele do hospedeiro, o que d e mandaria grande vigor. Nas horas de calor e sol quente as cercárias têm mais atividade nadando para a superfície da água atraídas pela luz. Exatamente nessa ocassião é que as pessoas e principalmente as crianças se sentem mais d i s postas a nadar, brincar com água e se aproximar dos focos de infecção da doença. A cercaria ao penetrar na pele do hospedeiro humano pode provocar irritação e coceira. No processo de penetração a cercaria perde a cauda em forma de nadadeira, já que esta não lhe é mais necessária, pois a corrente sangüínea a levará até as veias do fígado onde vai completar o seu desenvolvimento para alcançar a vida adulta, procriar e morrer. A vida do parasita Schistosoma mansonl é difícil e complicada, com dois períodos dentro de hospedeiros (o homem, o caramujo) e dois períodos de vida livre na água [larva-miracídio e larva cercaria). Tem a seu favor fatores biológicos: a multiplicação intensa dos caramujos e sua resistência às condições adversas; o imenso número de cercárias que se podem originar de uma só larva-miracídio e o avantajado número de ovos que uma fêmea adulta produz por dia, durante muitos anos. dentro do intestino humano. Pode ter ou não ter a seu favor os modos de agir do homem 3uando ele prove a sua morada — o destino que dá aos seus ejetos (fezes e urina), como utiliza as águas naturais que existem em seu ambiente; quando trata de sua saúde; quando investiga o que se passa ao seu redor; quando se informa e discute o assunto com os grupos sociais a que pertence e se organiza para agir. Os planos de combate à vem, portanto, considerar: 1. esquistossomose de- a necessidade de melhoria das condições de habitação, principalmente no que concerne ao suprimento de água potável e às instalações para sua utilização doméstica assim como a um sistema de remoção h i g i ênica dos excreta (fezes e u r i n a ) ; 2. a necessidade de mudança de certos costumes e práticas que determinam (a) a poluição fecal dos cursos d'água; (b) a criação de novos focos e o aumento da população de caramujos no ambiente (modificações nos cursos d'água que redundam em condições favoráveis aos caramujos; diminuição da vazão d'água, remansos e t c ) , (c) oportunidades para a infecção (banho, lavagem de roupa, e outras atividades em coleções d'água onde existem caramujos e às quais podem chegar fezes humanas); 3. a necessidade de divulgar e de orientar a aplicação de medidas anti-caramujos, com prioridade para as novas áreas que se abrem à agricultura irrigada; 4. a necessidade de criar condições para que o tratamento dos doentes não seja uma medida vã. O controle dos caramujos por meio das substâncias moluscocidas (que os matam) — dada a extensão da área onde elas teriam que ser aplicadas; às características biológicas dos caramujos (por exemplo, a possibilidade de autofecundação) que os tornam capazes de repovoar inteiramente uma coleção de água em poucos meses, o que obriga a aplicação repetida cada três meses, e tendo em conta o custo das substâncias — é uma tarefa extremamente difícil. A experiência em todo o mundo mostra o fracaso das tentativas de controle da esquistossomose apenas com as armas específicas dos moluscocidas (para a eliminação dos caramujos) e do medicamento contra os Schistosoma. É indispensável dispor de recursos para as medidas de abastecimento de água não contaminada e de implantação de sistemas higiênicos de remoção dos excretas. Também indispensável é um adequado esclarecimento da população sobre a doença, sobre os modos de transmissão e os meios e técnicas possíveis de controlá-la. QUAL SERIA O PAPEL DA POPULAÇÃO NO COMBATE A ESQUISTOSSOMOSE? Basicamente, seria contribuir para: evitar a poluição das águas pelas fezes e fugir ao contato com as águas já contaminadas. Isto implica ações em pelo menos dois níveis: o nível individual e o nível coletivo. As medidas mais importantes dependem da consciência da ação coletiva, para reclamar, apoiar e suplementar os recursos públicos. Estes seriam destinados à Infra-estrutura indispensável ao controle das doenças decorrentes da poluição fecal, isto é, um mínimo de medidas de saneamento (abastecimento de água potável e sistema de remoção higiênica dos dejetos). Tais medidas, de acordo com os recursos disponíveis, podem ser: (a) para os excreta — desde as fossas mais simples, porém de acordo com os requisitos mínimos de higiene ditados pelo conhecimento de como se transmite a esquistossomose — até serviços mais sofisticados de esgotos, e (b) para a água — desde poços, cisternas ou outras captações de água domiciliares ou não, construídas de acordo com as instruções de saúde pública (Secretaria de Saúde, FSESP e outros órgãos de saúde) até abastecimentos coletivos de água, realizados com a contribuição financeira da população. Qualquer que seja a solução adotada para que se mostre eficiente no controle da esquistossomose e melhoria dos níveis de saúde, é indispensável que todos — como indivíduos ou grupos sociais — estejam conscientes das razões e também das limitações dessas medidas quando não apoiadas por uma série de outros comportamentos, familiares e individuais. Assim a necessidade de tomar consciência da importância de se preocupar com comportamentos aparentemente insigificantes, como por exemplo: não deixar que poças d'água se formem em torno de habitações, pois os caramujos conseguem viver nas poças e, sobretudo as crianças podem facilmente contaminar-se nelas; lim- par os leitos dos riachos, das valas, para suscitar o aumento da velocidade e a força da água, e assim, dificultar a fixação dos caramujos nas margens e no fundo. Os caramujos alimentam-se de vegetação dentro das águas, e de matéria trazida, pela água. dos chiqueiros de porcos e das plantações de cana, por exemplo. Deve haver cuidado portanto. para que o resto das comidas dos porcos, rica em matéria orgânica, não chegue até as águas. Para os homens obrigados a trabalhar dentro da água suspeita de contaminação, o uso de botas e luvas impermeáveis pode diminuir o risco de pegar a doença. Nas regiões endêmicas, onde as atividades de trabalho, de banho e de recreação precisam ser. inevitavelmente, realizadas nas águas existentes, impõe-se um mínimo de cuidado — o levantamento dos cursos d'água existentes, com os pontos de despejo dos dejetos. presença de caramujos, etc. — para se localizarem sítios menos perigosos e onde um mínimo de proteção dessas águas seja possível. Situação 4 . 1 . H2O 2.' TAREFA: a) Retirar do BI a ficha-informativa CONDIÇÕES DE VIDA DO SCHISTOSOMA, VERME PARASITA DO HOMEM. b) Em grupo observar o desenho da ficha, discutir as informações e responder: • c) Discutir com o professor e anotar a conclusão. O que as pessoas de sua localidade pensam sobre a "xistosa"? a) Oue outros Se a pessoa com quem você estiver conversando disser que se pode pegar a "xistosa" entrando em contato com a água, perguntar também: 3.°) Como e onde se pega "xistosa"? 4.°) Por que existe "xistosa" em sua localidade? • Reunir o grupo: b) ler e discutir as respostas de cada colega Para saber isto. cada colega do grupo deverá entrevistar duas pessoas que estejam em contato com água de rios, lagoas, etc. — lavando roupa, pescando, trabalhando na lavoura, tomando banho etc. Na entrevista fazer as mesmas perguntas formuladas na 1.ª tarefa (perguntas 1.ª 2.ª, 3.ª e 4.ª). nomes 2.°) Como pode uma pessoa saber que tem "xistosa"? • O que deve ser encontrado em uma coleção de água, para que ela seja um foco de transmissão de esquistossomose? 3.ª TAREFA: Para começar o estudo da "xistosa", vocês poderão responder individualmente às seguintes perguntas: 1.°) Que é "xistosa"? tem? b) desenhar um quadro mostrando como as pessoas podem apanhar "xistosa" em sua localidade. E MAIS ALGUMA COISA? 1.ª TAREFA: a) • Por que continua a ter contato com a água? Observar e anotar as condições de moradia das pessoas especialmente quanto ao destino dado aos dejetos (fezes e urina). Consulte c) 4.ª antes a ficha Diferentes tipos de privadas que está arquivada no BI. Reunir o grupo: Quem pode dar mais informação sobre a "xistosa"? O que dizem os Serviços de Saúde? • ler as respostas dadas pelas pessoas entrevistadas e discutir as condições de moradia observadas; a) Para saber Isto, planejar uma visita a um órgão de saúde. No BI existe uma ficha "XISTOSA" que vocês poderão consultar. • fazer um desenho, explicando como as pessoas costumam pegar e transmitir a "xistosa." b) No Serviço de Saúde: 5.ª TAREFA: 1.°) Conversar com médicos e outros profissionais de saúde para ter uma idéia mais completa sobre: TAREFA: Na sua localidade, onde se pode pegar a "xistosa"? Onde existem os caramujos da "xistosa"? a) Desenhar o caramujo da "xistosa" b) Em grupo, fazer um mapa da localidade, destacando os cursos d'água (rios, lagoas, regos etc.) onde podem ser encontrados os caramujos. c) d) os motivos por que ela é endêmica na região; • o que favorece a existência dos caramujos transmissores em determinados lugares (ter à mão o mapa preparado na 3." tarefa); a conveniência de se tratar os doentes que são forçados a freqüentar os focos de transmissão. 4.°) Pedir informação sobre o esquema de controle da esquistossomose prevista para aquela área: medidas de saneamento básico (água domiciliar e adequado sistema de remoção de dejetos — fezes e urina), tratamento dos doentes, controle dos caramujos, educação da população etc. 2.°) Há locais protegidos por vegetação, às margens desses cursos d'água. onde algumas pessoas defecam? Discutir com o professor os resultados dessa tarefa e apresentar o mostruário com as conchas de moluscos, os desenhos e os mapas. • 2.°) Pedir fotografias para ver ovos. miracídios, cercárias ou Schistosoma adulto, ou se possível, ver no microscópio o ovo do Schistosoma. 3.°) Pedir informação sobre a localização dos vermes no organismo humano. 1.°) Para onde vão os dejetos (fezes e urina) das moradias que estão à beira dos cursos d'água? e) a doença esquistossomose; • Montar um mostruário com as conchas de vários tipos de caramujos aruá, ( caracol) caramujo de horta,' moluscos existentes na sua região, destacando aqueles tipos que servem como hospedeiros do verme da esquistossomose. Responder por escrito: 3.°) Por que as pessoas que freqüentam esses locais para lavar roupa, trabalhar ou tomar banho podem apanhar "xistosa"? • c) Em grupo fazer um relatório da visita ao Serviço de Saúde. 6.' a) TAREFA: Agora que vocês já sabem muita coisa sobre a "xistosa" vocês poderiam, em grupo, discutir: • como a população pode participar do combate à esquistossomose, na localidade? b) Anotar as conclusões. c) Discutir com o professor. 7.' TAREFA: Fazer um relatório reunindo todos os resultados das tarefas (anotações, desenhos, mapas, mostruário e conclusões). Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas pelo grupo com: • nome da unidade e da situação; • nome dos componentes do grupo e série. Aplicação prática Orientação preliminar A realização das tarefas sugeridas na situação H2O E MAIS ALGUMA COISA?, possibilitará aos alunos a compreensão dos conceitos enunciados no texto 4 — OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E A ESQUISTOSSOMOSE. Este texto será útil ao professor na orientação dos alunos que escolheram para trabalhar aquela situação entre as outras da unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE, apresentadas no diagrama. No banco de informações, os alunos deverão encontrar as tarefas da situação escolhida e todo o material necessário para desenvolvê-las. Os alunos deverão exprimir os seus conhecimentos sobre a doença e discutir as informações novas sobre o verme Schistosoma mansoní; investigar os conceitos das pessoas da comunidade, principalmente daquelas que estão vivendo o problema da esquistossomose; fazer um traçado dos cursos d'água onde podem ser encontrados caramujos; descrever as condições de remoção dos dejetos das moradias à beira desses cursos d'água e ir a um Serviço de Saúde buscar outras informações sobre essa verminose. Durante o desenvolvimento das tarefas, o professor notará que os alunos já têm algumas noções sobre a doença; por exemplo: "a xistosa é uma doença contagiosa que dá mais nas crianças que as mães levam para os rios, onde elas lavam roupa"; "a gente pode apanhar xistosa se ficar descalço na água parada"; "a xistosa é doença que vem do caramujo"; "a pessoa que tem xistosa sente fraqueza, dor nas pernas, tem sangue nas fezes" etc. Em geral, os conhecimentos expressos pelos alunos sobre as manifestações da doença e o seu mecanismo de transmissão, são frutos de experiências vividas, ou de informações obtidas por divulgação oral ou escrita. Entretanto, nas experiências anteriores as informações adquiridas não têm permitido aos alunos compreender perfeitamente a existência de mioroorganismos nas fezes humanas, ou" a existência, por assim dizer, venturosa do parasito Schistosoma mansoní, ora dentro de seus hospedeiros, ora na água em forma larvária. principalmente àqueles que nunca tiveram acesso a um microscópio, e que por isso mesmo constróem suas explicações a partir do que podem ver e sentir. Esta a razão por que o estudo da esquistossomose deverá partir das situações concretas em que vivem os alunos. O professor deverá captar e aproveitar o que os alunos já trazem consigo como conhecimentos, modos de sentir e definir a doença, modos de enfrentar e resolver os problemas do viver cotidiano. Quanto mais concreta for a situação de aprendizagem do ciclo de transmissão da esquistossomose, mais oportunidades haverá para elaboração de hipóteses e indagações a respeito do objeto em estudo. O contato em classe ou extra-classe dos alunos com os caramujos hospedeiros e suas desovas; com caramujos não hospedeiros do parasita; com ovos do Schistosoma mansoni vistos em microscópios; com cercárias vistas a olho nu, saindo de caramujos capturados em um foco e colocados em vidros transparentes com água; a observação das condições de moradias quanto aos sistemas de água e remoção dos dejetos, tipos de trabalho e de lazer da população — criará oportunidades para a ação e reflexão, para a descoberta das relações de causa e efeitos, para a redefinição das situações que geram o problema da esquistossomose na localidade. Fig Ao final, espera-se que os alunos possam confrontar os seus conhecimentos anteriores com as novas informações e descobertas; e cheguem à conclusão de que o problema da esquistossomoose está relacionado aos modos de morar do homem, sugerindo medidas de combate. 39 Agentes biológicos que limitam a população do caramujo hospedeiro do Schistosoma manso- ni. Tilapia Peixe que se alimenta de vegetação onde os caramujos fazem a sua desova. Calda Resíduos de fibras mortais para o caramujo. Pato doméstico. Come o caramujo Pomacea haustrum Caramujo não transmissor que compete por alimento e espaço com as espécies transmissoras. Saponarias Plantas que envenenam o caramujo. A observação do povo, aliada a dos pesquisadores pode levar à descoberta e uso de outros agentes biológicos capazes de controlar a população de caramujos transmissores. Apiari (Astronotus ocellatus) Come o caramujo. DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Informações do BI Fig 4 6 - 0 TRAJETO DE VIDA DO SHISTOSOM No banco de informações, os alunos deverão encontrar a ficha-lista das tarefas da situação H2O E MAIS ALGUMA COISA? e o seguinte material: • ficha-informatlva "XISTOSA", que o professor deverá preparar com as seguintes informações para os alunos: — nomes e endereços dos Serviços de Saúde que os alunos deverão procurar; — nomes dos médicos e outros profissionais de saúde que poderão ser entrevistados; — horários em que os alunos poderão ser atendidos Para preparar essa ficha, o professor deverá, antes, entrar em contato com os serviços de Saúde da localidade e verificar a possibilidade de 6erem os alunos atendidos para as entrevistas e coleta de informações. • • Schistosoma Ovo do Schistosa: (o macho tendido abrigando num canal a fêmea; dal o nome de schisto = tendido). Macho e fêmea adultos do parasita, acasalados, vivendo nas veias do aparelho digestivo das pessoas que sofrem de esquistossomose Ovos postos pelêmea atraves sam a parede daeias intestina e caem no tubojestivo (intest no). Junto com azes saem par fora do organismo humano, par uma fase de vida e. Outros ovo vão para o fígado pessoa, preju dicando e agrava) a situação d doente ficha-informativa DIFERENTES TIPOS DE PRIVADAS, já apresentadas na aplicação prática do texto 1; O doente de esquistossomose: ficha-informativa CONDIÇÕES DE VIDA DO SCHISTOSOMA, VERME PARASITA DO HOMEM. apresentada a seguir: ajuda a propagação da doença — quando as fezes contendo ovo são deixadas no chão, próximo à água doce e p a l levadas pel chuva (4), enxurrada, ou manilha de esgoto. Quando forem jo gadas diretamente na água (1). impede a propagação da doença se os ovos contidianas suas feze morrem no buraco de uma fossa (2) ou na rede de esgotos bem construídos; quando os ovos morrem dessecados em solo seco sem chuvas, longe de qualquer água (3). I Texto 5. OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E A DOENÇA DE CHAGAS O homem, assim, vive em meio de muitas outras espécies que procura ou pode selecionar. Na sua incessante busca de progresso é ele que, não raro, invade e conquista os ambientes naturais de outros seres, para aí se instalar ou buscar benefícios, ameaçando-os. extinguindo-os ou favorecendo-lhes a existência. I — A MORADA DO HOMEM EM COMUM COM OUTROS SERES Il — A DOENÇA DE CHAGAS O homem quase sempre divide com outros seres vivos, o seu ambiente, o seu espaço. À sua volta estão as plantas, os animais domesticados, os insetos, os pássaros, o ar, a água, o solo e o mundo invisível de micróbios. Conforme o local, o clima, as necessidades vitais, animais e vegetais compartilham a morada do homem, estabelecendo com este uma relação de maior ou menor dependência, ajudando-o ou prejudicando-o. O lugar e o tipo de material que as pessoas escolhem para construir suas casas, o destino que é dado às fezes e ao lixo — tudo isso vai determinar a presença ou não de insetos, como baratas, barbeiros, percevejos, pulgas, piolhos, dentro da moradia. No terreiro e na plantação, a presença de moscas, mosquitos, formigas, também é determinada pela forma de tratamento dispensada aos dejetos, ao lixo, às águas servidas. Ratos, morcegos, gambás, aranhas, escorpiões e t c , aproximam-se da casa à procura de alimento e de abrigo, geralmente encontrados nos paióis, galinheiros, lixo e porões. Por outro lado, há o cuidado do homem em criar perto de si animais, gatos, cães, galinhas, patos, pombos. abelhas, além de manter, para exploração econômica suínos, bovinos etc. Cultiva ainda uma série de plantas para alimentação ou ornamentação . A doença de Chagas é um exemplo de como a morada do homem lhe pode trazer sérios problemas de vida e afetar a sua saúde. Em nosso País 5 a 10 milhões de habitantes são por ela acometidos. A doença de Chagas é causada por um parasito pequeniníssimo, o Trypanosoma cruzi, que vive no sangue e em órgãos internos do homem e de alguns mamíferos. Para se perpetuar, o Trypanosoma cruzi precisa viver em dois hospedeiros: em um mamífero (homem, rato, gambá, tatu e outros) e em um inseto, o "barbeiro", também conhecido como chupão, bicudo, fincão, procotó etc. Ao que parece, de início, os tripanosomas viviam apenas no inseto; adaptaram-se aos mamíferos na medida em que estes se relacionaram com os "barbeiros". Embora se conheçam muitos insetos semelhantes, no que toca à doença de Chagas, só se consideram os "barbeiros", que se alimentam do sangue de animais vertebrados isto é, barbeiros hematófagos (do grego haima, sangue e phagein, comer). Outras espécies, as de fitófagos (do grego phyton, planta e phagein, comer) que se nutrem da seiva de plantas, ou as de predadores que devoram outros insetos não conseguem albergar os tripanosomas da doença de Chagas. Os barbeiros hematófagos podem alimentar-se do sangue de vários vertebrados, como aves. répteis e mamíferos, mas é somente dentro destes últimos que se desenvolve bem o Trypanosoma cruzi e portanto a doença de Chagas. Fig 47 - MAPA DAS ÁREAS DE DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL III — A MORADA DO HOMEM E OS "BARBEIROS" Primitivamente, os barbeiros viviam apenas nas matas, nos campos e nos cerrados. Eram animais silvestres, alimentavam-se do sangue de tatus, gambás, macacos, morcegos, aves etc. Mas ocorreram mudanças no ambiente: os homens foram chegando. Com o homem vieram cães, gatos e outros animais domésticos. Der- FONTE: M. SAÚDE 1975 rubaram-se matas, prepararam-se campos para a lavoura e a criação. A atividade do homem mudou o ambiente. Sua morada, com as criações, o armazenamento de provisões e os resíduos do sua alimentação (lixo), atraiu roedores e gambás. Os barbeiros, que antes se alimentavam do sangue de animais silvestres, adaptaram-se às mudanças, podendo também se alimentar do sangue do homem, do gato, do cão. Foram-se aproximando da habitação do homem, e, logo passaram a morar dentro de sua casa. Outros barbeiros vieram no pêlo dos ratos e gambás, nas penas dos pombos, ou foram transportados Fia pela própria migração do homem, sob a forma de ovos, ninfas ou insetos adultos, levados em malas, roupas, balaios de galinhas, arreios, feixes de lenha etc. 49 Das diferentes espécies de barbeiros hematófagos, algumas adaptaram-se muito bem às casas de pau-a-pique ou de enchimento, porque elas se parecem com as tocas de animais da floresta: são casas sem reboco, sem caiação, com cobertura de capim, escuras e cheias de frestas, oferecendo boas condições para o barbeiro se alojar nos buracos das paredes e, aí, bem protegido, pôr os seus ovos e criar a sua prole. Essa casa do homem passou também a ser a casa do barbeiro, bicho do mato acostumado aos paus de árvores, às tocas de tatus e ninhos de aves. Caberia aqui perguntar a razão de tal tipo de casa, elemento principal na aproximação do homem com o barbeiro. Porque, na verdade, tal aproximação não se concretiza em certas regiões, como o sul dos Estados Unidos, onde sempre houve barbeiros e tripanosomas nos ambientes silvestres. Ali, a colonização, o desmatamento, as migrações não se acompanharam da construção de casas adequadas aos insetos, e, praticamente não há doença de Chagas humana. Existem inúmeras espécies de barbeiros transmissores, quase uma centena, dispersas por todo o continente americano, do sul dos Estados Unidos ao sul da Argentina. Há espécies ainda restritas ao ambiente silvestre (ninhos e tocas de animais),, outras totalmente adaptadas às casas dos homens (espécies domiciliares). Outras, ainda, são intermediárias: dão-se bem nas oasas de pau-a-pique, mas preferem morar no quintal: nos galinheiros, nos ocos das árvores, nos forros dos telhados, em ninhos de pardais, de pombos e morcegos, ou se Instalam nos paióis e porões. Todos, entretanto procuram f i car próximos à sua fonte de alimento: o sangue do homem e de outros vertebrados. É uma dependência tão grande, que os barbeiros aprendem a migrar quando a fonte de sangue se desloca, ou a suportar alguns meses de jejum, quando, por exemplo, se alimentam em aves que passam uma estação fora dos ninhos. IV — A TRANSMISSÃO DA DOENÇA DE CHAGAS Nem todos os barbeiros hematófagos transmitem a doença de Chagas, pois, ao nascer, esses insetos não possuem o Trypanosoma cruzi em seu intestino. O barbeiro, somente ao chupar o sangue de um animal ou pessoa "reservatório" dos tripanosomas, passará a ter esses parasitos no seu corpo. Os parasitos sofrem um processo de desenvolvimento e pouco a pouco vão se localizando no intestino do barbeiro, sob formas capazes de infectar outros mamíferos. Os barbeiros costumam defecar imediatamente após sua refeição de sangue. São essas fezes, e não a picada em si, que transmitem os parasitos antes localizados no intestino. É geralmente à noite, durante o sono das pessoas ou animais, que os barbeiros vão procurar seu alimento, picando o rosto ou as partes descobertas. Após se saciar e defecar, eles abandonam o local e a reação da picada provoca coceira. Diferenciação pela cabeça de "barbeiros" sugadores de sangue (C), e outros tipos encontrados no Brasil. Em (A) tem-se um predador, que se alimenta de outros insetos. Em (B) o esquema é de um fitófago, que se alimenta de seiva das plantas. A tromba do hematófago (C) fina e reta, sendo a cabeça bem comprida. Se as fezes depositadas contêm os parasitos, o ato de cocar pode contaminar o orifício da picada, a parte interna das pálpebras ou qualquer ferimento existente na pele. O parasito invade os tecidos, e, está consumada a transmissão. Um mesmo barbeiro infectado pode contaminar diversas pessoas, dado que os tripanosomas podem permanecer em seu interior multiplicandose indefinidamente. Figs 50 51 A casa do homem e as casas dos "barbeiros". — no ambiente silvestre em equilíbrio, os "barbei ros" circulam entre ninhos de aves e tocas de mamíferos. Fig 52 O desmatamento gera desequilíbrio reduzindo a flora e a fauna. Os "barbeiros" se vem privados de abrigo e de sua fonte de alimento. Fios 54 55 Fig 53 O homem se instala próximo dos locais de des matamento Os "barbeiros" desalojados procuram abrigos próximos à casa e na própria casa do homem. O próprio homem se expõe como alimento para os "barbeiros" Como se vê, a transmissão da doença de Chagas só se faz através do sangue, que vai infectar o barbeiro, e, as fezes deste que vão infectar o homem. De homem a homem não existe contágio, a não ser que haja contaminação através do sangue infectado. Por exemplo: transfusão de sangue de um indivíduo chagásico a um indivíduo não chagásico. Uma outra possibilidade de transmissão de homem a homem é durante a gravidez, em que os tripanosomas no sangue de mãe chagásica podem vir a infectar o filho no interior do útero. Trata-se da transmissão congênita, felizmente bastante rara, no tocante à doença de Chagas humana. V — COMO É A DOENÇA DE CHAGAS Poucos dias após a transmissão, dá-se a fase inicial ou aguda da doença, que dura de um a três meses e é mais notada em crianças pequenas Caracteriza-se por febre, batimentos mais rápidos do coração e inchaço no corpo, mas geralmente passa despercebida, sem sintoma especial. Quando a doença é descoberta nesta fase, seu tratamento apresenta grande eficácia, pois os tripanosomas permanecem circulando no sangue e são mais vulneráveis aos medicamentos. Passada a fase inicial, os tripanosomas entrarão em equilíbrio com o organismo do seu hospedeiro, procurando aninhar-se na intimidade de alguns órgãos internos, especialmente o coração, esôfago e o intestino, aí ocasionando lesões dè maior ou menor gravidade. Boa parte dos chagásicos, felizmente, atinge idades avançadas sem se molestar com a doença, quando não ocorre lesão em nenhum órgão. Quando o acometido é o coração, órgão que mais põe em risco a vida dos chagásicos, a ação lesiva dos tripanosomas irá destruindo progressivamente as fibras cardíacas e o órgão vai ficando deficiente em sua capacidade de bombear sangue. Poderão ainda acontecer irre- gularidades nos batimentos, crescimento do órgão, represamentos de sangue pelo corpo, formação de coágulos indesejáveis na circulação, etc. As lesões cardíacas são as maiores responsáveis pelas mortes na doença de Chagas, freqüentemente vitimando súbita e inesperadamente pessoas adultas entre 20 e 50 anos. Já o esôfago, se atacado, aumenta de calibre e diminui sua capacidade de movimentar os alimentos para o estômago; a pessoa manifesta dificuldade de engolir alimentos sólidos, É O chamado mal de engasgo ou embuxamento No intestino, a doença poderá acarretar aí uma dilatação e a dificuldade de expelir as fezes. Conseqüentemente, a pessoa pode passar longos períodos sem defecar. Ao contrário do que muitos pensam, a doença não causa feridas na pele. O nome Chagas refere-se ao grande médico e pesquisador brasileiro Carlos Chagas, que, em 1907, encontrou pela primeira vez os parasitos no intestino dos barbeiros, e, pôde diagnosticar ^e estudar os primeiros casos humanos da doença. Carlos Chagas deu ao parasita o nome de Trypanosoma cruzi em homenagem a Oswaldo Cruz, um outro grande cientista,- seu companheiro de trabalho A doença também é conhecida como Tripanosomíase americana, por que só ocorre no continente americano. Até o momento, o tratamento específico da doença de Chagas é de precária eficiência, mormente na fase crônica. Ocorrendo lesões, os cuidados dirigem-se mais a atenuá-las, como instituição de repouso, hábitos de vida e medicamentos que melhorem as condições de trabalho do coração. Para o esôfago e intestinos, além de dietas especiais, podem ser feitas operações corretoras dos sintomas. Não existindo, ainda, uma vacina eficaz, a prevenção da doença se faz pelo combate aos barbeiros e cuidados relativos às transfusões de sangue. VI — COMO COMBATER A DOENÇA DE CHAGAS Conhecida a cadeia de transmissão da doença. um primeiro passo para o seu combate é identificar-lhe os elos fracos, isto é, os meios mais Fig suscetíveis de intervenção. Estes são: o barbeiro e as casas cujas condições favorecem a Instalação deste inseto. 56 A doença de Chagas é um dos melhores exemplos de relação entre a saúde do homem e a sua morada. A transmissão de tripanosomas ao homem pelo barbeiro praticamente só se verifica dentro da casa. onde o inseto se alojou em busca de alimento. mas aos barbeiros que procuram sempre esconder-se em pilhas de lenha e entulhos, para fugir à luz. O afastamento de animais domésticos e ratos de dentro de casa é outro cuidado importante que ajuda a diminuir os motivos de domiciliação dos barbeiros. Cabe ao homem construir adequadamente e resguardar sua morada. Paredes rebocadas sem frestas e rachaduras, teto de telha, pisos firmes e destituídos de fendas, dificultam ou mesmo impossibilitam a invasão dos barbeiros. Também a limpeza periódica dos móveis, porão, quintal e boa insolação dos aposentos criam proble- Em regiões onde a espécie de barbeiro é aquela que tanto vive bem dentro das casas quanto no quintal, no campo ou nas matas próximas da casa. são necessários também certos cuidados. Deve-se manter uma vigilância constante no quintal. É preciso ficar atento ao que se passa em torno da casa, verificar os paus de cercas do - i quintal e todos os outros lugares onde os barbeiros podem aninhar-se, proteger-se, esconder-se e colocar seus ovos. Numa casa já com barbeiros, é necessária sua eliminação, através do uso de inseticidas. Den- tre estes, o mais eficaz tem sido o BHC que é aplicado nas paredes internas da casa e tem uma ação de um a dois meses. Trata-se de um inseticida pouco tóxico para as pessoas e fácil de ser usado. Borrifação com BHC — contra o "barbeiro" da doença de Chagas. Emprega-se Bomba Excelsior de pressão descontínua, que tem manivela, palheta agitadora e capacidade para 14 litros. Usa-se 350 g. de BHC a 30% de isomerogama em 10 litros de água. Se o BHC disponível não for a 30% é necessário refazer o cálculo substituindo 30% pela dosagem encontrada, tal como: Deve ter no mínimo 0,5 g de isomerogama por m2 de superfície borrífável. O gasto de inseticida varia mais de acordo com as condições da casa do que do seu tamanho. Assim pode-se borrifar poucos esconderijos de "barbeiro" num casarão e muitos esconderijos em casinha pequena de cobertura de sapé. O efeito residual do BHC varia de acordo com o clima da localidade e é de cerca de 45 dias. O combate aos barbeiros no Brasil, tem s i do feito pelo Ministério da Saúde, através da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), ou por órgãos estaduais como a SUSEM de São Paulo. dores. A captura desses insetos tem sido proposta e executada em várias regiões pelos próprios moradores, que os enviam em caixas de fósforos às autoridades sanitárias regionais, através da rede escolar. A população, incentivada e auxiliada pela Administração (até mesmo a escolar), pode e deve participar ativamente desse combate. Além do esforço de cada um para melhorar a sua habitação, grande ajuda resultará do estímulo ao trabalho dos guardas sanitários que pesquisam ou vão expurgar as casas. Da maior importância é a vigilância, que a comunidade pode exeroer sobre a presença dos barbeiros nas casas e arre- A prevenção da transmissão da doença de Chagas pela transfusão de sangue deve ser exigida em todos os hospitais do Brasil. Mediante rigorosos exames de doadores de sangue, ou mesmo o tratamento prévio de sangues suspeitos, evitar-seiam lastimáveis acidentes que podem resultar numa doença até mais grave do que a que motivou a transfusão. Situação 5 1 BICUDO, PROCOTÓ, CHUPAO OU BARBEIRO? b) No caminho da escola para casa, cada um de vocês deverá observar as casas e as diferenças entre elas, os espaços entre uma casa e outra, as diferentes maneiras de cuidar de uma casa. Se sentir necessidade, você poderá fazer uma visita a uma dessas casas e, aproveitando a oportunidade, entrevisitar um dos moradores. Mas não se esqueça de preparar, antes, algumas perguntas. c) Para terminar essa tarefa, o grupo deverá fazer um desenho, ou então, uma maquete • representando os tipos mais comuns de casas da localidade. 2." TAREFA: a) Que bichos você encontra com freqüência em sua casa? Enumere todos esses bichos anotando em colunas como o exemplo seguinte: 1.' TAREFA: Como é a sua casa? Como são os arredores dela? Quem cuida de sua casa? Por que? Como são esses cuidados? Como são as outras casas em sua localidade? Para desenvolver essa tarefa: a) cada colega deverá pegar uma folha de papel e tentar responder às perguntas anteriores, usando frases curtas. As respostas devem ser colocadas uma abaixo da outra, fazendo uma seqüência; depois ler para o grupo as suas respostas; e discutir com os outros companheiros as diferenças percebidas. Bicho Tipo O que come Onde ó encontrado Por que vive ali Formiga inseto folhas, açúcar no quintal na terra achou comida e espaço não Gato mamífero leite, carne, passarinho por toda foi compra- depende OBSERVAÇÃO: Pedir auxílio ao professor, para classificar o bicho (2-' coluna). Para completar o quadro acima, cada colega deverá copiá-lo em uma folha à parte e, se necessário, levá-lo para casa. b) É animal desejável Por que ó ou não desejável? come mantimentos e plantas companheiro, pega ratos mas é reservatório de infecção da doença de Chagas, provoca alergia em certas pessoas Depois de preenchidas as colunas acima. vocês deverão fazer um outro quadro contendo todos os animais conhecidos como indesejáveis e a maneira de eliminá-los ou afastá-los de casa. Como exemplo, apresentamos o seguinte quadro: Bicho Controle (combate) Rato Todas as medidas para tirar o alimento dele; usar gatos e ratoeiras Pulga Lavar os animais domésticos; usar inseticida; limpeza e insolação dos ambientes c) Quem tiver interesse poderá preparar uma pequena coleção com os animaizinhos encontrados em casa. O professor poderá darlhes instruções de como capturar e conservar o bichinho. Para animais maiores, usar figuras ou modelos de barro ou gesso. 3." TAREFA: Bicudo, procotó, chupão, chupança ou barbeiro? b) Cada um de vocês deverá, também, conversar com algumas pessoas da comunidade para saber o que elas pensam sobre os barbeiros. Para isso, fazer-lhes as mesmas perguntas já respondidas por vocês. Anotar todas as respostas. c) A partir das respostas dos colegas de grupo e das pessoas entrevistadas, o grupo deverá preparar um quadro mostrando os hábitos dos barbeiros, o seu alimento, o lugar onde vivem, a sua importância e as suas relações com a casa do homem. d) O grupo poderá, também, procurar um exemplar, um desenho ou retrato do barbeiro para mostrar a seus colegas e guardar no BI. 4.- TAREFA: Existe a doença de Chagas na sua localidade? Por que? Como se pode pegar esta doença? Que você já ouviu falar do barbeiro? Onde ele vive? Como é a doença de Chagas? Que ela ocasiona? De que se alimenta? Como nos protegemos dessa doença? Qual é a sua importância? Para desenvolver essa tarefa: Como e por que os barbeiros vêm para dentro de casa? a) cada colega deverá responder por escrito. as perguntas acima. Depois ler as respostas para o grupo e discutf-las. b) Cada um de vocês deverá, também, conversar com pessoas da comunidade para saber o que elas pensam sobre a doença. Para isso, fazer-lhes as mesmas perguntas já respondidas por vocês. c) Se a doença de Chagas existir na localidade. o grupo poderá: Ouais os lugares da casa preferidos pelo barbeiro? Por que? Existe barbeiro em sua localidade? Por que? Para desenvolver essa tarefa: a) Cada colega deverá responder às perguntas acima, por escrito. Depois ler as respostas para o grupo e discutí-las. • pesquisar os lugares onde existem barbeiros; • — estudar a possibilidade de montagem de um serviço de notificação de barbeiros na Escola: esclarecer e demonstrar aos colegas como capturar os barbeiros; — escolher aqueles que serão responsáveis pelo recebimento dos barbeiros; — estabelecer contato com órgãos de saúde para onde deverão ser encaminhados os barbeiros (SUCAM — SUSEM — Postos de Saúde e t c ) ; — combinar as providências. 5/ TAREFA: Que mais vocês gostariam de saber sobre os barbeiros e sobre a doença de Chagas? Existem insetos parecidos com os barbeiros mas qua não transmitem a doença de Chagas? Como são os seus hábitos? Agora o grupo deverá: a) Retirar do BI a ficha-informativa O "BARBEIRO" E O PARASITA DA DOENÇA DE CHAGAS". b) Ler e discutir as informações novas, relacionando-as com os dados colhidos durante o desenvolvimento das tarefas anteriores. c) Discutir com o professor e anotar a conclusão. 6" TAREFA: Preparar, em grupo, um relatório com os resultados das tarefas. Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas pelo grupo com: • nome da unidade e da situação • nome dos participantes do grupo e sua série. Aplicação prática Orientação preliminar A realização das tarefas sugeridas na situação BICUDO, PROCOTÓ. CHUPÀO OU BARBEIRO? possibilitará aos alunos a compreensão dos conceitos enunciados no texto 5 — OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E A DOENÇA DE CHAGAS. Este texto será útil para o professor na orientação do grupo de alunos que escolheu para tra- • balhar aquela situação entre as outras da unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE, apresentados no diagrama. No banco de informações (BI), os alunos deverão encontrar as tarefas da situação escolhida e o material necessário para desenvolvê-las. Nas atividades, os alunos deverão retratar a sua moradia e as outras da localidade; enumerar os animais que se encontram nos arredores da casa, classificando-os em desejáveis ou não; exprimir os seus conhecimentos sobre o barbeiro e a doença de Chagas; conversar com algumas pessoas sobre o assunto. Depois, discutir algumas informações sobre o parasita e o vetor da doença de Chagas, relacionando-as com os dados colhidos nas primeiras tarefas. Se a doença de Chagas 'existir na localidade, o professor deverá estimular e orientar os alunos para pesquisar os lugares onde são encontrados barbeiros e estudar a possibilidade de se criar um serviço de notificação de barbeiros na escola. Um Serviço de Saúde deve ser contactado e as providências tomadas em conjunto. Nas discussões com o grupo, o professor ficará atento às idéias e modos de pensar dos alunos. Procurará, junto com eles, os pontos semelhantes entre os conhecimentos antigos — frutos de suas experiências de vida — e as novas informações, colhidas durante o desenvolvimento das tarefas. DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Informações do BI No banco de informações, os alunos deverão encontrar a ficha-lista das tarefas da situação BICUDO, PROCOTÓ. CHUPAO OU BARBEIRO? e o seguinte material: • • um exemplar, desenho ou retrato do barbeiro, inseto transmissor da doença de Chagas, que o professor tentará conseguir em um Serviço de Saúde: ficha-informativa O "BARBEIRO" E O PARASITA DA DOENÇA DE CHAGAS, apresentada a seguir. Ficha-informativa: O "BARBEIRO" E O PARASITA DA DOENÇA DE CHAGAS A doença de Chagas é causada por um parasita pequeniníssimo, o Tripanosoma cruzi, que só pode ser visto através de microscópio. No microscópio, o tripanosoma é visto como na figura: tem um corpo alongado e curvo, que vai se afinando nas pontas, onde existe uma cauda comprida e fina, que é chamada de flagelo. Este flagelo serve para o tripanosoma se movimentar de um lado para o outro. Fig. 57 Tripanosoma cruzi: aumentado 5.500 vezes. Para se perpetuar o Tripanosoma cruzi precisa viver no sangue e em órgãos internos de dois hospedeiros: um mamífero (homem, rato, gambá, tatu e outros) e um inseto, o barbeiro, também conhecido como chupão, bicudo, fincão, procotó etc. Ao que parece, de início, os tripanosomas viviam apenas no inseto; adaptaram-se aos mamíferos na medida em que estes se relacionaram com os barbeiros — bicho acostumado ao mato. Embora se conheçam muitos insetos se- ' melhantes, no que toca à doença de Chagas, só se consideram barbeiros, os que se alimentam do sangue de animais vertebrados, isto é, os "barbeiros'' hematófagos (do grego haima, sangue e phagein, comer). Outras espécies, as de fitófagos (do grego phyton, planta e phagein, comer), que se nutrem de seiva de plantas, ou as de predadores que devoram outros insetos não conseguem albergar os tripanosomas da doença de Chagas. Os barbeiros hematófagos podem alimentar-se do sangue de vários vertebrados, como aves, répteis e mamíferos, mas é somente dentro destes últimos que se desenvolve bem o Tripanosoma cruzi e portanto a doença de Chagas. O quadro abaixo mostra através de que animais circula o parasita da doença. COLUNA 1 COLUNA 2 COLUNA 3 0 barbeiro se alimenta do sangue dos seguintes animais: 0 parasita da doença de Chagas é encontrado nos seguintes animais (hospedeiros naturais) : 0 parasita da doença de Chagas não é encontrado nos seguintes animais: da casa: homem cão gato camundongo morcego galinha passarinho da casa: homem cão gato camundongo morcego do quintal: do quintal: rato porco cabra gambá rato-esgoto rato de campo tatu galinha tatu peba tatu rabo mole morcego cobaia pato peru galinha pombo das matas e cerrados: ouriço macaco de cheiro sagüi cotia paca cobaia guariba tatu esquilo tamanduá rato d'água cuica mucura irará aves da casa: galinha passarinho do quintal: rato porco cabra gambá rato-esgoto rato de campo tatu galinha tatu peba tatu rabo mole morcego cobaia • • • • pato peru galinha pombo das matas e cerrados: ouriço macaco de cheiro sagüi cotia paca cobaia guariba tatu esquilo tamanduá rato d'água cuica mucura irará aves das matas a cerrados: de uma maneira geral todas as aves Fig 59 A "cafua" construída pelo homem em ambiente anteriormente silvestre poderá se tornar um abrigo seguro para o "barbeiro". O próprio morador e os animais que o acompanham serão as novas fontes de alimento do inseto. Investigue quais dos animais acima podem ser reservatórios do Trypanosoma cruzi. Fig 58 Andando em uma mata, campo ou cerrado, você pode não ver o 'barbeiro", por ser um inseto pequeno que se esconde dos inimigos. Mas, pela observação de seus possíveis abrigos e de suas fontes de alimento entenderá que o "barbeiro" é um animal de hábitos silvestres. Por que então o "barbeiro" abandona o seu ambiente natural e se domicilia na casa do homem? lação resistente de tratamento. esquemas O esquema que se segue visualisa o processo de aparecimento de bacilos resistentes à estreptomicina: O BCG (bacilo de Calmette e Guérin) é a vacina contra a tuberculose. Como outras vacinas, ela consiste em fazer com que a pessoa tenha um contato com o bacilo enfraquecido, sem o perigo de contrair a doença. A partir desse contato, seu organismo desenvolve uma defesa contra possíveis contatos posteriores. Ela é aplicada sob a forma de injeções na pele, em crianças (mesmo as de baixa idade) e adolescentes ou em adultos sujeitos a risco especial de adoecimento. Esta vacina (BCG intradérmica) provoca uma reação no local da aplicação, que termina por formar uma crosta que, quando se desprende, descobre uma pequena ferida. Esta lesão é semelhante à da vacina antivariólica, só que sua evolução é mais lenta. Dentro de mais ou me- nos três meses observa-se no local da aplicação uma cicatriz plana do diâmetro de um lápis comum. A proteção conferida pelo BCG intradérmico dura cerca de 10 anos. A maioria dos homens entra em contato com o bacilo de Koch e não fica tuberculoso. Se o organismo reage, consegue controlar o bacilo, embora o pulmão passe a guardar o sinal deste primeiro contato. Talvez os dois fatores mais importantes na instalação da doença sejam o contato íntimo com pessoa tuberculosa e as más condições de vida. Uma evidência da importância das condições sociais está na diminuição da mortalidade por tuberculose observada neste século em todos os países que melhoraram o nível de vida. Fig que exigirá novos 61 Fig 62 Entretanto, se as condições sociais são fatores determinantes do adoecimento por tuberculose, elas não impedem a sua cura, pois os medicamentos específicos existentes hoje em dia são tão poderosos que eliminam os bacilos da tuberculose mesmo de doentes em condições orgânicas desfavoráveis. O que cada um de nós pode fazer como medida de prevenção? O bacilo de Koch, não resiste ao soi, portanto os ambientes arejados onde bate sol, dificultam a vida do bacilo. Muitas medidas são utilizadas em um programa de controle da tuberculose. Por exemplo, os exames de escarro das pessoas com tosse persistente e a radiografia dos pulmões de certos grupos mais sujeitos ao contágio (pessoas que vivem com um tuberculoso, membros da equipe de saúde). b) c) Escrever um relatório com a conclusão final: • a tuberculose constitui um problema sério na sua comunidade? Por que? • Será que a tuberculose está de alguma forma relacionada com os modos de morar do homem? Por que? • Que medidas podem ser tomadas na comunidade para evitar a tuberculose? Discutir com o professor e pedir esclarecimentos sobre o que não entenderam. nelas, não dormir recebendo o ar nem a tosse de outras pessoas à noite" (Nacisa, 5.ª série); "não ficar perto dessa pessoa, dormir em quartos separados, não respirar o mesmo aroma" (Sônia, 5ª série). Partindo das respostas dos alunos, o professor poderá questioná-los: por que não ficar perto do doente? Por que dormir em quarto separado? Por que não receber a tosse? Que pode haver na tosse? Que pode haver no ar? etc. Informações do BI Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas pelo grupo com: No banco de informações, os alunos deverão encontrar a flcha-llsta das tarefas da situação QUE É A TUBERCULOSE? e o seguinte material que o professor deverá providenciar: • nome da unidade e da situação; • • nome dos participantes do grupo e sua série. Aplicação prática Orientação preliminar A realização das tarefas sugeridas na situação QUE É A TUBERCULOSE?, possibilitará aos alunos a compreensão dos conceitos enunciados no texto 6 — OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E A TUBERCULOSE. Este texto será útil ao professor na orientação dos alunos que escolheram para trabalhar aquela situação entre as outras da unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE, apresentadas no diagrama. No banco de informações, os alunos deverão encontrar as tarefas da situação escolhida e o material necessário para desenvolvê-las. Nas atividades, os alunos deverão dizer o que pensam sobre a tuberculose, entrevistar pessoas da população e médicos ou outros profissionais da saúde sobre o assunto. No início, o professor deverá estimular os alunos a expressar seus conceitos, valorizando os seus conhecimentos. Muitos deles provavelmente já sabem que, para evitar a tuberculose, é preciso: "dormir em quarto separado, com ja- ficha-informativa TUBERCULOSE, com as seguintes informações para os alunos: — nomes e endereços dos Serviços de Saúde que os alunos poderão procurar; — nomes dos médicos e outros profissionais de Saúde que poderão ser entrevistados pelos alunos; — horários em que os alunos poderão ser atendidos. Para preparar essa ficha, o professor deverá, antes, entrar em contato com os Serviços de Saúde e verificar a possibilidade de serem os alunos atendidos para as entrevistas e coleta de dados. • Ficha-informativa com alguns dados do texto OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E A TUBERCULOSE; • materiais, tais como: dados estatísticos sobre a tuberculose no Brasil ou no Estado, artigos de jornais, revistas etc, para consulta dos alunos, quando necessário. O questionamento ajudará os alunos a refletir sobre a doença, suas causas e suas relações com os modos de morar do homem. DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES AS DEFESAS DO HOMEM DIAGRAMA DOS TEXTOS Unidade — AS DEFESAS DO HOMEM Texto 1. A VIDA E O MEIO Introdução As defesas, vontade de viver INTRODUÇÃO: Cada ser vivo está rodeado de outros seres v i vos ou inanimados com os quais se relaciona. São relações de dependência, de dominação, de trocas, de agressão, de defesa. O esforço pela vida é um nunca cessar de ajustamentos entre o ser vivo e o seu meio, seja para conseguir energia e oxigênio para o funcionamento de seus processos vitais, seja para conquistar, delimitar e construir o seu espaço vital, seja para preservar a própria integridade e a continuação de sua espécie. Ao longo da história do mundo, os seres vivos evoluem numa contínua adaptação ao meio ambiente, meio esse que igualmente muda a cada Instante, produto que é de todos os seres que o compõem. Os animais, em geral, se movimentam até encontrar um meio favorável. Já os vegetais dependem da sorte: suas sementes ou demais formas de reprodução, quando transportadas pelo vento ou por outros agentes, sobrevivem e se desenvolvem ao cair em meio favorável, caso contrário acabam por sucumbir. Os seres vivos não estão distribuidos por acaso em diferentes partes do mundo. Para cada espécie há um tipo de região mais apropriada. As condições de clima, umidade, regime de chuvas e de ventos, qualidade do solo ou água e os demais seres vivos, tudo isso em seu conjunto é que constitui um meio ambiente, que pode ser favorável ou não à sobrevivência de cada espécie. O esforço de adaptação dos seres vivos ao meio ambiente é tão grande que mesmo em regiões secas, onde a escassez de água torna difícil a presença de vegetais e animais, inclusive o homem. existem plantas que são capazes de retirar e reter a água do ambiente, oferecendo assim uma alternativa para a vida de muitos outros seres. O sisal, cacto existente em várias áreas secas da Bahia, assim o faz. Extremamente equipado à sobrevida na seca, consegue criar um pequeno mundo, protegendo, alimentando e fornecendo água a algumas aves, formigas, ratos, coelhos e outros mamíferos de maior porte. A umidade retida ao seu redor, ou entre suas folhas carnudas, cria condição de vida para cogumelos, térmitas e pequenos besouros. Aranhas ali se instalam alimentando-se de pequenos insetos. Os roedores albergam as pulgas, que por sua vez podem albergar bactérias causadoras de doenças como a peste. Vários animais se nutrem daqueles que se nutrem da planta. Outros comem as dejeções e carcaças dos anteriores. A sombra e a matéria orgânica em decomposição, favorecem o surgimento de omtras espécies vegetais menores, que proporcionarão mais abrigo e comida às criaturas "moradoras" do sisal. E o homem encontra no sisal o seu sustento: alimenta com ele alguns animais e, sobretudo, tira do sisal as suas fibras, que beneficia e vende para tecelagem, produzindo assim outros bens de consumo e subsistência. Fig 63 - DEPENDÊNCIAS DA BROMÉLIA Como o sisal, a bromélia (planta que vive sôbre pedras ou árvores, muito apreciada como planta ornamental) oferece alternativas para a vida de muitos outros seres vivos. Assim, em determinado meio ambiente, onde animais e vegetais lutam por sobreviver, as mais variadas relações são estabelecidas; influem aí tanto fatores físicos do meio, quanto as características e necessidades peculiares a cada espécie. Há uma competição constante na disputa pelo alimento, pela água, pelo espaço vital. As mudanças são constantes e obrigatórias, resultantes da própria dinâmica de viver e morrer de cada indivíduo. É quase impossível a existência de um meio ideal. Algumas criaturas destroem outras para alimentar-se: são os predadores. Outras espécies vivem à custa de espécies diferentes, causando-lhes algum prejuízo mas não necessariamente a morte: são os parasitas. Outras albergam-se num hospedeiro sem aparenter ente fazer-lhe mal, nutrindo-se do que este consegue para alimento: são os comensais. Há ainda inúmeros tipos de cooperação, em termos de procura de alimento, de provisão de abrigo, de defesa do grupo. Estes tipos de relações, mais a fome, superpopulação e epidemias são, entre outros, fatores limitantes à expansão indefinida das espécies. As relações com o meio são, portanto, extremamente dinâmicas; em todas as formas de vida, encontram-se o trabalho e o esforço para viver. Do ponto de vista da Bioquímica e da Fisiologia, a vida é um processo dinâmico de desequilíbrio, em que partículas orgânicas (moléculas) submicrqscópicas estão em contínua atividade para captar e liberar energia no meio ambiente. Dentro desta visão, a morte seria o equilíbrio, a inércia, a parada bioquímica. As células, unidades elementares da vida, estarão vivas enquanto capazes de trabalhar a energia do meio, realizando com êste trocas de água, de gases, de moléculas orgânicas e inorgânicas. Neste trabalho, a energia captada pelos organismos através dos processos de nutrição, é armazenada na intimidade das células e gradualmente liberada conforme as necessidades vitais, mediante reações químicas de combustão. Tais reações dependem geralmente do oxigênio, que também é retirado do ambiente, resultando desse pro- cesso — denominado respiração celular — a energia e os produtos que o organismo devolve ao meio — água e gás carbônico. A respiração é um importante indicador de v i talidade; significa um intercâmbio de moléculas e de energia entre as células e o ambiente. Respirar implica em constante procura de oxigênio pelos seres vivos, que têm de retirá-lo do ar, da água. Já no meio exterior, as reações e relações se sucedem, como o aproveitamento do gás carbônico pelos vegetais verdes (produzindo o oxigênio pela fotossíntese), a redistribuição da água, a decomposição de partículas orgânicas mortas ou excretadas, etc. Fala-se de interação do ser vivo com o meio ambiente. Realmente, cada ser encontra-se imerso no seu meio, numa estreita ligação. Posso dizer que o meu meio começa com o ar que respiro, pelo qual estou envolvido, e que por sua vez, transita até a intimidade do meu corpo, fazendo parte dele e estando necessariamente implícito na minha própria existência. Da mesma forma, poderia eu viver sem a água que me circunda, que entra e sai de mim? Meu meio é ainda a vegetação, a luz solar, a terra. No corpo, porém, cada célula resguarda a sua individualidade e o seu espaço próprio, dentro de uma teia de relações de todas as células entre si. Dessa interação resulta o meio interno, um mini-meio gerado na intimidade daquele corpo — com seus espaços, sua temperatura, a pressão entre as células, a circulação de água, oxigênio e nutrientes etc. Há um grande trabalho na regulação desse meio interno, assim como no provimento de condições ótimas de funcionamento para cada célula ou parte do corpo. Voltando ao exemplo da respiração, sabemos que esta função é desempenhada no homem por toda uma complexa aparelhagem que capta, por sucção o ar do ambiente; filtra-o; aquece-o e o leva a pequenos recipientes no interior dos pulmões. Dão-se aí trocas gasosas entre o ar e o sangue, este recebendo oxigênio enquanto libe- ra gás carbônico que volta ao ambiente pelo ato de expiração. O sangue "oxigenado." será bombeado pelo coração e levado pela rede de vasos sanguíneos a todas as partes do organismo, difundindo-se o oxigênio por todas as células, Inclusive as do próprio coração e as da musculatura que movimenta os pulmões. Nos organismos unicelulares, a célula viva, isolada, tem também o seu próprio ambiente, com o qual se relaciona através de trocas, movimentações, mudanças de forma etc. Mas, a interação seres unicelulares-ambiente é muito menos complexa do que a interação seres multicelulares-ambiente. A vida é função do meio, por essência e por qualidade. Em outras palavras, minha vida apareceu e se mantém por que forarn e têm sido favoráveis e propícias as condições e circunstâncias do meio em que vivo. Por outro lado, esta mesma vida pode ser melhor ou pior segundo a qualidade desse meio, no seu conjunto ou nas suas partes. O meio se integra na criatura viva. E cada ser, por sua vez faz parte de seu meio. Como conseqüência, não pode existir dissociação ou separação entre o ser vivo e seu meio. É a história do peixe fora d'água. Numa concepção ecológica e ampla, o meio faz parte do peixe, inclusive porque o peixe é constituído a partir dos elementos do meio. O universo é o grande meio. Cada mundo, cada estrela é uma partícula com características próprias, relacionando-se uns com os outros no espaço, segundo as leis e forças universais constituindo um conjunto harmônico e dinâmico. Deve-se levar isso em conta na compreensão do meio mais próximo de cada ser vivo — o ambiente terra — que vem se transformando lenta (*) DUBOS, R. — "O homem e seu ambiente. Conhecimentos biomédicos e ação social". Organização PanAmericana de Saúde. Publicação Científica n.° 131, 1966. e continuamente no concerto das relações siderais imediatas. O movimento periódico das marés, sob a influência da lua e do sol, ou as mudanças de clima conforme explosões na superfície do sol são exemplos dessas relações com os outros corpos do universo. No ambiente terra, cada espécie possui um "território" ou espaço mais ou menos delimitado no qual se dispersa. Os mecanismos reguladores dessa dispersão resultam não só das condições ambientais mas também da espécie em questão. Entre estas, predominam as características orgânicas (uma espécie aquática ou terrestre, por exemplo), e sua capacidade para atender às necessidades básicas de alimento, auto-preservação e continuidade da espécie. Assim, todos os seres vivos — e o homem talvez mais do que os outros — estão empenhados na conquista e na defesa de um espaço próprio. O seu meio mais próximo, com o qual se liga e do qual depende mais imediatamente, no presente Programa convencionamos chamar de morada. Na morada é onde se realizam os esforços do indivíduo para viver. É o ponto de partida para toda a ação que vise a saúde. AS DEFESAS, VONTADE DE VIVER Os mais fortes sobrevivem. Eles suportam a fome, as pragas, a guerra, senão indefinidamente, pelo menos muito mais do que os seres "comuns". Os sobreviventes continuam sua vida e passam suas mensagens para novas gerações. (*) No pequeno mundo de uma lagoa, a Biomphalaria glabrata, caramujo transmissor da esquistossomose, luta por sobreviver. Com seus movimentos lentos, é presa relativamente fácil para alguns peixes e aves que dele se alimentam. A lentidão também é responsável, muitas vezes. por enormes dificuldades no encontro da comida. Dezenas de bactérias e larvas procuram penetrar e albergar-se no caramujo. O próprio Schistosoma causa-lhe graves lesões. Não raro vêm longos períodos de seca, ou chega o homem tornando o meio insuportável com seus pesticidas ou resíduos industriais. Mesmo assim a espécie, tem resistido e até prosperado em amplas regiões Aparentemente tão frágil e exposto, o caramujo vai lançando mão de suas capacidades de defesa e tem encontrado as respostas ou soluções para todas essas ameaças. Refugiando-se no interior de sua concha, abrigando-se sob vegetações onde sua cor o disfarça, mergulhando na água e ali permanecendo longos Fig 64 Antena direita do caramujo inchada com a penetração de miracidios do Schistosoma. (*) Cousteau, J. — "The ocean world", vol. VII, pág. 24, 1.ª Ed. 1973. períodos, por exemplo, ele confunde alguns inimigos. Nos tempos difíceis é capaz de passar muito tempo em jejum. No seu meio interno, desenvolve um sistema de células de defesa e de produção de substâncias que antagonizam a penetração de parasitas. Defende-se do ressecamento do meio penetrando no barro do leito da lagoa por vários centímetros e durante muito tempo. Quando as condições do meio se recuperam, o caramujo sobrevivente se "desenterra" e recomeça sua vida normal. A preservação da espécie é assegurada através da incrível fecundidade do caramujo e dos milhares de ovos que põe. Finalmente, em última instância, diante de grandes devastações e perigos, o caramujo lança mão da auto-fecundação. Tratando-se de um animal hermafrodita (que possui os dois sexos no mesmo organismo, ao mesmo tempo), um único caramujo remanesoente é capaz de se auto-fecundar e pode, sozinho, repovoar o meio, embora não o faça em condições normais. Comportamento e defesa são inseparáveis entre os seres vivos. Luta pela sobrevivência, vontade de viver e auto-preservação são outras expressões para garantir a continuação da espécie. Faltando a vontade de viver, segundo Cousteau (*), um animal poderia não empregar mais nenhum de seus mecanismos de defesa tornandose facilmente uma presa para outro animal. Esta vontade de viver está presente em cada espécie. Numa concepção mais ampla, praticamente todos os processos vitais seriam processos de defesa, desde que implicados num esforço pela sobrevivência e por um "melhor viver". É oportuno que se retomem aqui as idéias iniciais sobre a Saúde e a sua busca. Os mecanismos de defesa funcionam basicamente segundo o princípio de afastar ou eliminar a ameaça, aproximando ou valorizando o que beneficicia. O estudo das defesas pode levar à melhor compreensão do binômio Vida-Saúde por intermédio de duas proposições interdependentes: 1) a idéia de trabalho pela vida. O esforço do indivíduo pela integração no ambiente, supõe a \ percepção do meio e as respostas dadas a este ambiente, tudo isto implicando gasto de energia e luta; 2) a idéia de escolha. O ser vivo interpreta, julga, ou se posiciona diante do meio e de suas necessidades, num determinado momento, escolhendo a resposta mais apropriada. Exemplificando com uma situação corriqueira: quando ocorre a elevação da temperatura ambiente, o corpo é informado e procura ajustar-se através de uma série de respostas, tais como perda de água pelos poros, procura de uma sombra, o abanar-se com as mãos etc. A perda de água acarreta a desidratação do meio interno, o que gera a sensação de sede, ou seja, uma informação de que a água que saiu precisa ser reposta. Inicia-se um trabalho de procura da água e escolha quanto à sua temperatura, potabilidade, quantidade a ser tomada etc. Este exemplo se aplica praticamente a todos os seres vivos da terra, em graus de maior ou menor complexidade. Cada espécie viva tem sua constituição própria e se dispersa num certo tipo de meio, apresentando também defesas peculiares. Tais defesas assumem variadíssimas formas, conforme a espécie, o meio e as necessidades. Podem ser simples envoltórios como a casca das árvores, órgãos altamente especializados como o ferrão dos escorpiões, a capacidade de jejum encontrada no caramujo, a velocidade dos cavalos, a construção da colméia pelas abelhas, o choro dos bebês, as invenções inteligentes do homem etc. Vê-se, então, que as defesas podem dividir-se em duas categorias: a) as capacidades ou equipamentos inatos, ou seja, aqueles que cada ser já possui ao nascer, fruto da evolução de sua espécie. Seriam, praticamente, todos os compartimentos naturais do ser vivo, em especial aqueles mais ligados à proteção contra as ameaças do meio; b) as capacidades ou equipamentos adquiridos, no decorrer da experiência de vida de cada ser, .baseados essencialmente na capacidade de aprender. São fundamentados nas defesas inatas, mas dependem de mecanismos internos muito complexos, estando, portanto, mais restritos ao homem e aos animais superiores. Pode-se exemplificar com a capacidade desenvolvida por um cão em defender-se de pessoas armadas com facas, ou com uma criança aprendendo a trancar a porta de sua casa ou a andar de bicicleta. Para certos estudiosos dos seres vivos, as origens do julgamento, das correlações, da capacidade de discriminação e talvez de inteligência podem ser buscadas entre as defesas inatas e as adquiridas pela aprendizagem. A vida se desenrola numa seqüência de indagações e respostas, numa sucessão de desafios. Maiores oportunidades terão por certo, as espécies e os indivíduos melhor equipados, capazes de maior percepção de seu ambiente, de julgamentos mais rápidos e acertados, de respostas mais eficientes. Tanto melhor se puderem escolher o meio ambiente mais favorável ou puderem torná-lo mais adequado- Também aqueles que conseguirem prever e se antecipar às situações, em especial, às de ameaça. E ainda os que puderem fazer provisões de recursos e energia para situações inesperadas. Cabe, então, refletirmos ainda uma vez sobre as proposições iniciais do Programa, uma vez que saúde e educação interagem e se completam no trabalho pela sobrevivência do homem. É necessário equipar este homem e exercitar-lhe a sensibilidade e a capacidade de julgamento, abrir-lhe a visão do meio e dos valores que nortearão suas respostas. O próximo texto desta unidade procura descrever, situar e exemplificar, no nível biológico, alguns dos mais significativos instrumentos de defesa inatos dos animais. O último texto tratará mais de perto do homem e as suas defesas adquiridas. Antes de prosseguirmos, entretanto, à guisa de uma aproximação mais con- ereta e pessoal do problema, seria importante refletir sobre as seguintes indagações: • discutir com o professor e anotar a conclusão. 1) 2.' TAREFA: 1. De que depende o sucesso de um ato de defesa? 2) 3) Quais os principais perigos que já passei em minha vida? Por que? Como foram resolvidos? Quais as ameaças mais freqüentes em minha vida atual? Que conseqüências podem trazer? Como está funcionando o meu corpo? E o ambiente em que vivo? Que ameaças ao meio em que vivo eu consigo identificar? 4) Quais são os seres mais indefesos que conheço? Por que? 5) Quais são os menos indefesos? Por que? Situação 11 O grupo deverá: • discutir a pergunta acima; • planejar uma situação de perigo para um companheiro do grupo, o qual deve saber apenas que terá que enfrentar um perigo criado pelos outros colegas; • observar e anotar todas as reações do colega ao tentar defender-se do perigo; • discutir as reações do colega, anotando todas as partes do corpo envolvidas no ato de defesa; • distinguir as diferentes etapas desse ato e explicar por que o companheiro teve ou não sucesso; • discutir com o professor e registrar a conclusão. 3.ª TAREFA: 1. Nos arredores de sua casa, nas ruas, nos lugares que freqüenta, que tipo de perigos você costuma enfrentar? 2. A que tipo de perigos estão expostas as pessoas de sua localidade? PERIGO À VISTA 1." TAREFA: 1. 2. 3. Que entende você por defesa? Que faz você como defesa no seu dia a dia? Quais dessas defesas estão relacionadas à sua saúde? Por que? Agora você poderá: • responder às perguntas acima; • ler e discutir as respostas de cada colega; • em grupo, fazer uma lista com as defesas do dia a dia praticadas por todos os colegas; • • assinalar na lista, as defesas que vocês consideram como aprendidas da experiência de vida; procurar lembrar-se de outros tipos de defesas (por exemplo: defesas com as quais já nascemos) e listá-las; O grupo poderá: • fazer uma lista dos acidentes que costumam acontecer em casa e na escola; • investigar na localidade outros perigos que as pessoas enfrentam: — — — • retirar do BI a ficha-informativa PERIGO A VISTA e ler as instruções para a investigação; visitar os órgãos de saúde, as fábricas e outros locais de trabalho indicados na ficha, para obter os dados sobre os acidentes mais comuns e suas causas; registrar as informações colhidas nesses locais; fazer uma tabela mostrando os acidentes mais comuns e o grupo de idade mais atingido em cada tipo; • discutir com clusão. o professor e anotar a con- 4.ª TAREFA: 1. Por que aqueles acidentes ou perigos atingem as pessoas de sua localidade? 2. Que faz ou pode fazer a coletividade para ter sucesso na defesa de sua saúde? 3. Existem soluções que sua coletividade não pode pôr em prática? Quais? Por que? Em grupo, vocês poderão: • discutir as perguntas acima; • listar as soluções apropriadas a cada um dos perigos enfrentados pela população local, de acordo com a lista e a tabela dos perigos preparados na tarefa anterior; • • em seguida, classificar as soluções listadas em: — soluções individuais; — soluções da coletividade; discutir com o professor e anotar a con-. clusão final. 5.ª TAREFA: Em grupo: • preparar um relatório com os resultados das tarefas e as conclusões; • apresentar para a turma se houver oportunidade. Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas pelo grupo com: • nome da situação e da unidade; • nome dos participantes do grupo e série. Aplicação prática Orientação preliminar A realização das tarefas sugeridas na situação PERIGO À VISTA, possibilitará aos alunos a compreensão de alguns conceitos enunciados no texto 1. A VIDA E O MEIO. Este texto, além de conter aberturas à elaboração de novas situações, servirá para o professor orientar os alunos que escolheram aquela situação, entre as outras, da unidade AS DEFESAS DO HOMEM, apresentadas no diagrama. No banco de informações, os alunos encontrarão a ficha-lista das tarefas da s i tuação escolhida e todo o material necessário para desenvolvê-las. Os alunos deverão começar as atividades, dizendo o que pensam sobre defesas e o que fazem como defesa para a saúde, no seu dia a dia. Em seguida, procurarão criar uma situação de perigo para um dos colegas e observar todas as reações do companheiro, enquanto este se livra da ameaça. Finalmente, discutirão os acidentes que ocorrem com mais freqüência em casa e na escola, investigarão os perigos para a saúde, enfrentados pelas pessoas da localidade, a fim de sugerir soluções individuais ou coletivas, adequadas a cada um dos perigos. O professor notará que os conceitos de defesa expressos pelos alunos são fruto de suas experiências de vida. É bem provável que definam defesas, como outros alunos já o fizeram, por exemplo: "defesa é um combate contra alguns seres vivos"; "defesa é evitar que algo aconteça, é a prevenção contra alguma coisa"; "defesa é proteger-se contra inimigos, animais ferozes"; "defesa é quando lutamos contra alguma coisa e usamos algum objeto qualquer"; "defesa é livrar-se do perigo, salvar alguma coisa"; "defesa é a proteção da gente"; "defesa é quando estamos nos defendendo de alguma coisa, por exemplo, a doença"; "para me defender eu presto atenção ao trânsito, evito quedas"; "eu estudo e trabalho"; "eu tomo vacina"; "para me defender eu me alimento bem"; etc. (depoimentos de alunos de 5.ª série, colhidos durante a experiência com a versão preliminar deste Programa) . Atento às respostas dos alunos, o professor po- derá ajudá-los a distinguir, entre as defesas que praticam no seu dia a dia, as que são inatas e as aprendidas. Durante o planejamento da s i tuação de perigo, o professor orientará os alunos para que utilizem materiais não muito perigosos, disponíveis na sala de aula, de modo que a situação criada não ofereça maiores ameaças. Importante também é discutir com os alunos as reações do companheiro que enfrentou o perigo. Por exemplo: inicialmente ele usou os sentidos para perceber as ameaças e, em seguida, com os membros, procurou afastar o perigo. Assim, todos compreenderão que o êxito de um ato de defesa depende não só da percepção da ameaça mas também da resposta apropriada. Ao final, o professor poderia perguntar aos alunos: • que pode cada um de nós fazer? • que pode ser feito pela coletividade, a fim de encontrar soluções adequadas às ameaças locais? DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Informações do BI • O sangue No banco de informações, os alunos deverão encontrar, além da ficha-llsta das tarefas da situação escolhida, a ficha-informativa PERIGO A VISTA, que o professor preparará com os seguintes dados: • As respostas celulares à agressão: • nome, endereço e horário de atendimento dos Serviços de Saúde, que os alunos visitarão para pesquisa sobre os acidentes mais comuns na localidade; • indicação de locais de trabalho, de diversão e outros, que também poderão ser visitados pelos alunos para investigar os tipos de acidentes de maior ocorrência. Para preparar essa ficha, o professor entrará previamente em contato com os Serviços de Saúde locais (Pronto Socorro, Unidades Sanitárias, Ambulatórios e t c ) , a fim de informar-se em qual deles os alunos poderão obter dados sobre acidentes mais comuns. Nos Serviços de Saúde, indagar também em que locais de trabalho, de diversão etc, têm ocorrido mais acidentes e verificar a possibilidade de os alunos fazerem, aí, uma visita. Texto 2. OS PROCESSOS NATURAIS DE DEFESA Os sentidos Preparando as respostas As respostas • A pele e outras barreiras naturais do corpo • Os músculos e o esqueleto • A barreira linfatica — cicatrizacão — inflamação • Os anticorpos • O papel do meio interno • O trabalho pela vida • A defesa da espécie OS SENTIDOS Nós tomamos conhecimento do mundo à nossa volta através de nossos órgãos dos sentidos; eles são canais através dos quais recebemos informações contínuas e detalhadas acerca do ambiente, produzidas por cheiros, gostos, impulsos tácteis, temperatura, sons, vibrações, luz etc. Quando as condições do ambiente estão estáveis e estamos adaptados aos nossos lugares e situações comuns, nosso corpo fica como que "desligado", com seus sentidos amortecidos. Não nos "impressionamos" diante daquilo que vemos continuamente ao nosso redor, na nossa casa, nos caminhos que percorremos, no dia-adia da sala de aula. Entretanto, chamam imediatamente a atenção as imagens diferentes nesse contexto familiar, como o aparecimento de um aluno novo na classe ou o movimento inusitado de máquinas modificando a paisagem. Analogamente, vivemos mais ou menos "desligados" dos sons familiares que nos cercam (rui- dos das coisas da casa, das ruas da cidade} barulhos próprios dos matos, dos rios, do mar). mas percebemos prontamente qualquer sensação auditiva estranha ou inesperada, aguçandose nossa curiosidade ou nossa atenção. Os órgãos dos sentidos estão particularmente alerta às mudanças do ambiente, atendendo a necessidade de contínua adaptação do organismo. De um modo geral, os sentidos operam através de detectores, do latim ("detegere" que significa descobrir),das situações e mudanças do ambiente. Os detectores mais ou menos complexos segundo o órgão ou a espécie em questão, constituem-se basicamente de uma parte receptora (capaz de receber o estímulo) e uma parte emissora (capaz de conduzir a informação captada) . Nos animais superiores os sentidos fazem parte do complexo sistema nervoso que integra e coordena praticamente todas a funções do organismo. O sistema nervoso funciona principalmente através de mecanismos elétricos e químicos conjugados. Os receptores para o gosto, no homem por exemplo, são compostos de conjuntos celulares (papilas gustativas) situados na boca, língua e parte da garganta, que geram um impulso elétrico especial cada vez que são atingidos por uma solução química qualquer (sal, ácidos etc.). Há impulsos nervosos especiais para o doce. o amargo, o ácido e o salgado (os 4 sabores Tundamentais) e para as combinações entre eles. A origem do impulso do gosto é química, por exemplo, o sabor "ácido" depende de substâncias capazes de liberar íons (partículas) de hidrogênio, enquanto que o "amargo" se origina de substâncias compostas de sais de alto peso molecular. O processo de detecção se inicia com transformações químicas e físicas que se operam na célula sensitiva. Uma "informação" vai ser emitida. No nosso exemplo, as papilas gustativas, a partir destas transformações iniciais, são capazes de gerar impulsos elétricos que serão enviados por filetes nervosos a partes específicas do cérebro e a outros lu- gares do sistema nervoso. Esta "informação" deverá produzir não apenas a sensação do sabor em questão, mas ainda outras mensagens, como a ordem para produção de saliva, para mastigação, etc. (ver esquema). O corpo do homem possui uma infinidade desses receptores ou sensores, distribuídos por toda a pele, envoltórios internos, paredes de vasos e de vísceras, e muitos outros tecidos, sem se falar naqueles especiais que estão nos olhos, ouvidos e nariz. São geradas milhões de informações a cada momento, a grande maioria das quais não chega ao nível da consciência. O processo geral de recepção dos estímulos é fundamentalmente o mesmo para todos os sentidos. No homem, os sentidos mais utilizados e desenvolvidos são a visão e a audição. A visão é soberana em nossa relação imediata com o meio, informando-nos da forma, posição, tamanho, cor, movimento etc, de tudo que nos rodeia. A audição assume importância básica na relação com os outros homens através da palavra falada. Os sentidos supõem cuidados especiais. A avitaminose "A", por exemplo, bastante comum entre nossas crianças, prejudica a recepção de estímulos luminosos pelos sensores dos olhos. gerando um tipo de cegueira. Raramente os sentidos operam sozinhos. A percepção do ambiente em geral se faz com a cooperação e integração de alguns ou de todos os sentidos atuando simultaneamente. Por exemplo, todos nós notamos, ao sentir o cheiro da comida que aguardamos, como o paladar e o olfato estão próximos entre s i . A falta ou limitação de um sentido, permanente ou temporária, pode ser compensada pelo aguçamento e desenvolvimento de outro sentido. O exercício e o cuidado dos sentidos podem melhorar sua atuação. Os sentidos são também usados, e muito, para proporcionar prazer e emoções. Fig 65 -O SENTIDO DA AUDIÇÃO (1) martelo (2) bigorna (3) estribo (4) tímpano (5) ouvido interno (1) martelo, (2) bigorna, (3) estribo, ossinhos incumbidos da transmissão das vibrações sonoras captadas pelo tímpano (4) no ouvido interno (5), as vibrações são convertidas em impulsos elétricos que são levados pelos neurônios aos centros auditivos no cérebro. Fig 6 6 - 0 SENTIDO DO GOSTO As terminações sensitivas sobre as papilas da nossa língua são, cada uma delas, sensíveis a um único sabor, e se encontram agrupadas: a linha marrom escura limita a zona sensível ao adocicado (a ponta e os bordos); a cinza, sensível ao salgado; a marrom mais claro limita a zona sensível ao sabor ácido (só os bordos); a preta a do amargo. Fig 67 Fig 68 Esquema de como se realiza a recepção e a emissão de uma informação gustativa. a) partículas (1) de um alimento qualquer dissolvendo-se na água da saliva liberam ions de hidrogênio (2). b) as células gustativas, entrando em contato com os ions liberados, começam a sofrer transformações físico-químicas capazes de gerar impulsos elétricos. c) os impulsos gerados sairão das células por filetes que se reunirão, integrando um nervo capaz de enviá-los ao cérebro e a outros locais do sistema nervoso. Fig 69-SENTIDO DA VISÃO O cristalino e os líquidos transparentes do olho formam sobre a retina uma imagem invertida dos objetos. A coróide negra impede a luz de se refletir nas paredes. O nervo ótico (ver fig.) leva ao cérebro as mensagens da retina. PREPARANDO AS RESPOSTAS Diante de uma informação ou estímulo procedente do meio, a resposta de uma célula ou organismo poderá variar segundo muitos fatores. Recebido o estímulo, decorrerá sempre um Intervalo mais ou menos rápido em que se processa um julgamento acerca da resposta mais apropriada. Da duração desse momento e do acerto (quanto ao tipo) da resposta muitas vezes vai depender a continuação da vida. Fig 70 As duas figuras mostram resultados diferentes de um mesmo problema. O macaco é capaz de "refletir" sobre a situação e chegar a uma resolução, rapidamente. A galinha só chegará ao alimento (contornando o obstáculo) após inúmeras tentativas, que acabarão possibilitando o seu "aprendizado". Diante de um gato, o passarinho voa desabaladamente em fuga. A percepção do estímulo gato realizou-se através da imagem visual de suas formas e movimentos, talvez também do ruído ou do cheiro do gato. A resposta voar dependeu da chegada da informação e de sua interpretação pelo passarinho, acionando-se então o comando, a força muscular e a circulação de energia que resultaram no vôo. Mas nem sempre o passarinho irá voar ao pressentir o gato. Talvez ele somente saltite, ou grite. Talvez ataque ele próprio o gato, ou simplesmente permaneça quieto, em vigilância. São reações diferentes, algumas até opostas entre si, apesar de tratarse do mesmo estímulo. Um "algo mais" toma parte na resposta do passarinho, assim como se fosse uma mudança de humor. É resultado das influências do meio interno, que podem ser devidas tanto ao estado de equilíbrio orgânico, como à concorrência de outras necessidades, ou mesmo a comportamentos aprendidos na experiência do animal. Poderíamos dizer que o julgamento se processa através de um sistema de perguntas e respostas: — isso me faz bem ou mal? — Como e onde está agindo o estímulo? — Já tive essa experiência antes? — Quais são os equipamentos e habilidades para dar uma resposta mais adequada para a presente situação? Obviamente, tal processo ocorre de uma maneira automática e instintiva na quase totalidade das vezes, pois os seres em geral não "pensam" diante dos milhões de estímulos que recebem por dia. Aliás, nem mesmo o homem o faz, como decorrência da necessidade de economizar energia. Ocorre ainda que os seres vivos " f i l tram" os estímulos que os rodeiam, não levando em conta aqueles sem importância. Aliás, o reconhecimento da importância do estímulo já é uma operação de julgamento, assim como o "não levar em conta" já é um tipo de resposta . A capacidade de julgamento vai depender dos circuitos químicos e elétricos desenvolvidos por cada espécie no decorrer de sua evolução (os equipamentos inatos) assim como da experiência vivida e acumulada pelo indivíduo. A interpretação das mensagens recebidas do ambiente ou do meio interno é realizada em diferentes níveis do sistema nervoso, conforme a complexidade do "problema" em questão. Um dos mecanismos para respostas mais simples, e comuns nos animais superiores, é denominado de reflexo, ilustrado na figura 72. Como a própria palavra quer dizer, imagina-se que o estímulo é recebido por estruturas muito simples, imediata e automaticamente. O exemplo ao lado é o do "martelinho" do médico sobre o tendão do joelho, mas poderíamos pensar tamFig bém no arrepiar da pele quando nela encostamos gelo, ou pronto fechamento da pupila do olho quando saimos para a claridade. São respostas que não necessitam ir ao cérebro para se completarem, economizando a energia de "pensar" uma resposta. Praticamente todos os comandos de nossas ações operam sob reflexos, que são programados geneticamente e transmitidos de pai a filho. As regulações internas do corpo obedecem a um sistema nervoso especial; de comando automático e independente da consciência e da vontade: o sistema nervoso autônomo. 71 1. estímulo: o médico bate sobre o tendão (2) do músculo da perna. 3. o estímulo é enviado pelo nervo sensitivo. 4. o estímulo chega à porção posterior ("sensitiva" da medula espinhal). 5. as células sensitivas da medula, tendo recebido o estímulo, enviam-no às células motoras da parte anterior da medula. 6. é gerada uma ordem motora que é enviada pelo nervo motor. 7. a ordem motora é recebida pelo músculo que se contrai. 8. como "resposta", o pé se movimenta para frente. O cérebro não é envolvido neste processo. Pela pesquisa de reflexo, o médico verifica se os nervos, o sistema motor ou os circuitos internos estão bons, assim como o eletricista testados circuitos de uma rede elétrica. Mecanismos mais complexos envolvem maior número de circuitos nervosos, como na figura 72. Aqui, além de reflexo (1), (2), (3). haverá ainda a recepção do estímulo no cérebro, desencadeando-se uma série de processos e operações, como a participação dos olhos, a identificação mental do estímulo, a seleção da melhor resposta etc. Participam aqui, integradamente, vários sistemas e circuitos diferentes, inclusive a memória, que nesse exemplo irá "alimentar" o processo com informações armazenadas, a respeito do problema. Outras operações ao nível do cérebro irão programar e acionar a seqüência de operações nervosas musculares, circulatórias etc, das quais irá finalmente resultar a resposta (11). Fig 72 (2) Na medula: recebido o estímulo, provoca o reflexo (3) (arrepiar a pele) e envia a mensagem (4) para o cérebro. (5) Emitida a ordem para o olho problema. verificar" o (6) O olho apreende a imagem do inseto, que é traduzida no cérebro (7). Origina-se uma mensagem (8) que se transforma num impulso motor (9) para os músculos (10) da outra mão desenvolverem a resposta final (11) A partir dos dois exemplos ilustrados, pode-se pressupor a grande complexidade do conjunto de equipamentos e operações envolvidas no ajustamento dos indivíduos ao ambiente. Já presente nos seres unicelulares, onde reações químicas e elétricas promovem as modificações necessárias à sobrevivência, um sistema regulador de respostas vai ficando cada vez mais complexo e sofisticado, à medida em que se aproxima dos animais superiores e do homem. Esta evolução é condicionada fundamentalmente pela evolução do SISTEMA NERVOSO, em especial de sua parte central, e principalmente o cérebro. No caso do homem, as funções aí realizadas são praticamente incontáveis, pois bilhões de unidades nervosas — os neurônios — ligados entre si por fibras nervosas, se organizam e se integram das mais diferentes maneiras. Os neurônios são células altamente diferenciadas, capazes de receber impulsos elétricos, sofrer modificações químicas e transformar esses impulsos em novos impulsos elétricos. O trabalho dos neurônios exige grande consumo de energia e oxigênio, o que explica como os indivíduos mal nutridos podem apresentar deficiências no sistema nervoso. Como são muito "nobres", os neurônios não são substituídos quando morrem. Por isso, havendo lesões nervosas, falta de oxigênio ou mesmo envelhecimento, a diminuição do número de neurônios fatalmente origina diminuição da capacidade nervosa do indivíduo. O sistema nervoso dos animais superiores pode dividir-se em cen- tral (cérebro e medula) e periférico (nervos e unidades nervosas do restante do corpo. No cérebro, na parte mais superficial — o córtex — são produzidas a consciência dos sentidos e as ordens motoras conscientes. Mais para o interior estão as estruturas ligadas aos processos vitais do meio interno, controlando a respiração, pressão do sangue, digestão etc. Cada parte do corpo encontra-se projetada numa área do cérebro, na medida do seu papel e de seu uso na vida. A figura mostra o mapeamento do córtex cerebral em esquema. Fig 7 3 - 0 MAPA CORTICAL DO CORPO O receber e emitir impulsos, o interpretar os sinais recebidos, o distribuir e recombinar informações, o integrar e acionar mecanismos diversos de resposta são funções do sistema nervoso, como um grande e maravilhoso computador. Uma função especial será a de armazenar as informações recolhidas no decorrer da vida, ou seja, a memória. Cada vez que um animal reage a um estímulo qualquer, tal reação deixa uma marca em seu sistema nervoso. Esta marca é a memória. Sua natureza é fundamentalmente química, estando ligada a proteínas especiais e ácidos nucléicos. A memória fica tanto mais viva, quanto mais intensa for a reação, ou quanto mais vezes for repetida. Caracteristicamente, a da nova marca fica associada ao resultado da reação, que pode ser agradável ou desagradável, conveniente ou inoportuno, certo ou errado etc. Um dos mecanismos fundamentais do processo de aprendizagem baseia-se exatamente na constante experimentação, o ensaio-erro. Por ele são armazenadas as experiências ou observações de cada situação nova, catalogadas conforme os valores dos resultados, mediante a percepção dos sentidos, do meio interno, ou dos dois: foi bom? Acertei? Deu resultado favorável? Ficou bonito? Sinto-me melhor? Outro exemplo de ensaio-erro pode ser visto na figura do labirinto, em que a repetição da experiência acabará por levar ao caminho mais curto que afinal será definitivamente aprendido. O desenho acima ilustra a importância relativa das diferentes partes do corpo humano em termos de representação cortical. O desenho mostra uma secção do córtex motor do hemisfério direito, visto de frente. As células nervosas das áreas numeradas controlam os músculos da parte do corpo indicada acima delas. Os lábios (4) ocupam mais espaço do que o pescoço (8); os dedos (9-13) das mãos, mais do que os dos pés (22). Existe um mecanismo importantíssimo que envolve memória, nas células especiais de defesa de muitos organismos. Trata-se da capacidade que têm estas células em reconhecer as estruturas moleculares presentes no organismo. A célula reconhece as proteínas próprias daquele organismo, mas não reconhece as estranhas, podendo neste caso desencandear-se uma reação de defesa. (É como o cão de guarda, que fica calmo na presença de pessoas familiares, mas Fig 74-APRENDIZAGEM POR ENSAIO E ERRO experiência para ver como um animal encontra o seu caminho em um labirinto. Coloca-se a formiga na entrada do labirinto, ficando o seu formigueiro na saída. Na primeira tentativa de retornar ao formigueiro, a formiga usa algumas vias sem saída; após vários ensaios, ela acha o caminho mais curto (linha pontilhada) e não se esquecerá. late para as estranhas). Às vezes este mecanismo funciona erradamente e as células de defesa "interpretam" como estranhas algumas partes do próprio organismo, gerando fenômenos ou doenças de auto-agressão (certos tipos de reumatismo) . Outro fato curioso, relacionado, com esse tipo de memória celular é o procedimento de defesa utilizado por alguns invasores do cor- po humano, como o esquistossômulo (larva penetrante do Schistosoma mansoni): logo após a penetração pela pele, essa larva começa a formar um envoltório ou uma capa em torno de si mesma, com proteínas exatamente iguais às do hospedeiro. Disto resulta um verdadeiro disfarce, que não deixa que as células defensivas do organismo invadido estranhem o invasor... Informações genéticas poderiam ser entendidas como "memória". Todos os caracteres de uma espécie são armazenados numa única célula e transmitidos de geração em geração, através da reprodução. Nessas informações está contido o programa para a formação do novo ser. A idéia de programa é multo Importante para o funcionamento da memória, especialmente naquelas operações mais complexas. O programa é o roteiro que ordena as etapas, combinações e seqüências de operações a serem realizadas. Na reprodução, havendo deficiências genéticas (faltas, comunicações inoportunas, modificações físicas ou químicas e t c ) , o novo ser poderá resultar deformado, monstruoso ou Incapaz para a vida. Isto tem sido evidenciado através de certas doenças genéticas do homem (hemofilia, albínismo etc.) dos efeitos de medicamentos teratogênicos (que produz monstros) como no caso da talidomida, ou experimentalmente fazendo irradiações ou "micro-operações" em bactérias. Freqüentemente, o preparo de uma resposta implica ou pressupõe novas perguntas, É O voltar ao meio, à busca de informações adicionais ou compliementares, sem as quais a resposta seria Ineficaz ou correria o risco de estar errada. São exemplos: o provar, uma caminhada para reconhecer um terreno, a procura no dicionário do significado de uma palavra (decodificação). A atenção é uma atitude de abertura maior às mensagens. A observação, a experimentação e a curiosidade são outras formas de assimilação do meio, encontradas em homens e animais. O "ficar atento" aumenta muito a capacidade de dar respostas mais adequadas, a ter comportamentos mais inteligentes. O sucesso da defesa dependo da percepção da ameaça e da resposta apropriada . Uma reflexão final é sumamente necessária. O "Preparando Respostas", é um assunto que deve ser abordado de maneira ampla e global. Há de (*) de DUBOS. R. "O Homem e seu Ambiente." O P A S . , Pub. Cient. N.ª 131, 1966 considerar-se que. mesmo em se tratando de um simples reflexo, ou de uma resposta celular. há sempre uma infinidade de fatores envolvidos, sejam genéticos, constitucionais ou ligados ao ambiente. Do ponto de vista do homem, entra em jogo, ainda, todo um complicadíssimo mundo consciente e inconsciente de processos mentais, emoções e espiritualidade, tornando impossível encontrar razões simples para as respostas, por mais evidentes que estas sejam. Cabe aos educadores, antes de tudo, compreender e aceitar que o educando tem capacidades para preparar as suas próprias respostas. AS RESPOSTAS A causa mais comum de doença no mundo moderno é provavelmente a incapacidade de responder com êxito às rigorosas exigências de adaptação às modificações da vida, por serem agora estas modificações tão freqüentes e tão rápidas. Por esta razão, compreender os mecanismos da adaptação e desenvolver técnicas e atitudes que a facilitem, tornaram-se duas das mais graves responsabilidades. (*) A resposta é a parte final e mais concreta da defesa. É a prática da solução encontrada pelo ser vivo diante de uma solicitação ou estímulo, numa determinada situação. As respostas são muito variadas para cada indivíduo e dependem não só dos equipamentos de defesa disponíveis, como das características do estímulo, dos fatores do meio externo e interno etc. São respostas tanto a secreção do suor, a fuga de um animal, a pele grossa de um lavrador, o disparo de um tiro, como uma planta virar-se para o sol. Resposta sempre significa trabalho, reação. Mesmo equipamentos aparentemente estáticos. como a pele, são na realidade extremamente dinâmicos no sentido, por exemplo, de sua constante renovação. As respostas, portanto, reque- rem energia — a sua "qualidade" pode estar estreitamente ligada ao estado nutricional do indivíduo. É imperioso que se entenda aqui não apenas aquela nutrição em termos da energia dispendida no momento da resposta, mas sobretudo a de natureza protéica, participante da construção do Indivíduo e de seus equipamentos. Como reação, praticamente todas as respostas atuam como um novo estímulo do meio, redundando em outras reações, que por sua vez podem funcionar como novos estímulos. É um vaivém à procura de equilíbrio. Em outras palavras, cada ação ou resposta de um ser vivo provoca uma repercussão no meio, cujas conseqüências podem voltar ou recair sobre o agente da ação. Importante pensar nisto para a educação, para a saúde, para a vida. As respostas raramente são isoladas; em geral há componentes múltiplos e cooperação entre os mecanismos. Assim, as defesas contra o frio, nos animais, implicam em crescimento de pelos, mobilização de gorduras, procura de abrigo e t c , que geralmente atuam combinadas entre s i . Na verdade, cada resposta implica a mobilização direta ou indireta de quase todo o organismo, desde a fase de peroepção do estímulo. E a qualidade da resposta estará na dependência de todos os processos anteriores, inclusive a capacidade genética do indivíduo e o preparo que teve durante a sua vida. Cada momento e cada resposta dependem dos momentos e respostas anteriores. Resposta é aquilo que faço, quando sou desafiado, estimulado ou ameaçado; quando luto por v i ver. É a ação. Ensinar a viver é ensinar a responder. Nos textos seguintes serão dados alguns exemplos típicos de respostas inatas e adquiridas, ao nível dos seres vivos em geral. Pretende-se nesta fase uma abertura para o reconhecimento e a compreensão das defesas naturais, como instrumentos da ação mais ampla do homem (texto final). Curiosidade, observação, experimentações e outras iniciativas pertinentes à criatividade de alunos e professores serão não apenas desejáveis, como altamente necessárias ao desenvolvimento desta parte do trabalho e ao alcance de seus objetivos. A PELE E OUTRAS BARREIRAS NATURAIS DO CORPO Todos os seres vivos possuem barreiras naturais contra a invasão de elementos estranhos no seu corpo. Cada célula tem a sua membrana protetora, os vegetais sua casca. Os animais superiores têm a pele, barreira impermeável para os micróbios; as vias respiratórias revestidas de cílios, de pelos e de muco, que dificultam a penetração de partículas e microorganismos, a saliva com substâncias germicidas; no estômago, a secreção de ácido clorídrico que elimina inúmeros tipos de micróbios e impede o crescimento de outros, o mesmo acontecendo com a bile na parte alta do intestino; os olhos protegidos pela secreção lacrimal que contém uma substância (lisozima) capaz de destruir bactérias. A pele é um importantíssimo órgão de defesa, desenvolvendo inúmeras funções. Cobrindo a superfície do corpo, a pele, simultaneamente, o separa e o liga ao meio externo. Protege-o da penetração de microorganismos, de irradiações do ambiente, dos danos causados por agentes químicos (alcalinidade, gases) e físicos (ventos, impactos). A pele contém os fluidos do corpo e participa muito ativamente na manutenção do "balanço de água" (equilíbrio hídrico) do organismo, regulando as perdas de água através de mecanismos como a eliminação de suor. Como barreira mecânica, a pele apresenta camadas sucessivas de células com diferentes atribuições. No homem, estas camadas são três. contando-se de fora para dentro: epiderme, derme e tecido subcutâneo A epiderme é uma lâmina fina e muito compacta. Suas células mais externas estão mortas e formam uma ótima capa protetora. Nos locais de maior carga sobre a pele, a epiderme pode alcançar grande desen- Fig 76 volvimento, como nas solas dos pés daqueles que andam descalços ou nos "calos" das mãos de lenhadores e capinadores. Em alguns animais. a barreira da epiderme é tão desenvolvida que fica praticamente intransponível, como em elefantes e rinocerontes. A epiderme está em constante renovação, descarnando suas células da superfície mais externa e formando novas f i leiras na base. Aí se formam e encontram células especiais de cor amarronzada (melanócitos) que aumentam sob a influência de exposições ao sol, dando o "bronzeado" da pele, que é uma resposta contra as irradiações solares em excesso. A derme é uma camada logo abaixo, formada por tecido elástico, comportando muitos vasos sangüíneos, nervos e músculos. É responsável pela nutrição e elasticidade da pele, e também pela participação desta na regulação da temperatura. Esta função se realiza através da dilatação ou constrição dos vasos sangüíneos da derme, possibilitando maior ou menor perda de calor. Além disto, no frio há contração dos músculos e a pele se "arrepia", diminuindo a perda de calor. O tecido subcutâneo é a camada mais profunda, rica em tecido fibroso e células de gordura, É uma espécie de colchão para as outras camadas, participando da resposta contra o frio e absorvendo impactos exteriores. A gordura acumulada tem ainda funções de reserva. A pele desenvolve anexos, que participam de suas funções. Pelos, penas, cabelos, unhas, chifres, esporas e cascos derivam, principalmente, das diferenciações da epiderme e exercem marcantes funções de defesa conforme a espécie. Muitas vezes esses anexos se tornam formidáveis equipamentos de defesa ou são peças fundamentais para o cumprimento de outras funções (as penas para o vôo. por exemplo). Dois tipos principais de glândulas encontram-se na pele do homem. As sudoríparas, glândulas que segregam o suor, contribuem para eliminar água (combatendo assim o calor excessivo) e alguns resíduos do sangue, além de participar na regulação do meio interno. As glândulas sebáceas, que ficam próximas à raiz dos pêlos, segregam uma substância gordurosa que lubrifica e impermeabiliza a pele, protegendo-a contra invasores e auxiliando o isolamento térmico. Há também secreções especiais que produzem odores, muito importantes entre alguns animais, para reconhecimento entre s i . A pele é ainda defesa ao exercer as funções sensitivas concernentes a temperatura, pressões, tato e dor. Milhões de receptores específicos e terminações nervosas espalham-se por toda a pele, concentrando-se mais em sítios especiais Como, por exemplo, os corpúsculos do tato nas pontas dos dedos da mão do homem. A pele resguarda a privacidade e a individualidade das pessoas. A aparência da pele é de grande relevância quanto ao reconhecimento do indivíduo no seu meio. A pele reflete ainda o estado geral de saúde, indicando mudanças de temperatura, reações alérgicas, sufusões hemorrágicas, impregnação por pigmentos de bile etc. Com relação à nutrição, é importante o papel da pele, que é onde se dá a ativação da vitamina D através de irradiações solares. A pele se ressente bastante na avitaminose A (quebradiça) e na desnutrição protéica (pele fraca, cabelos "raquíticos" e descoloridos). As agressões físicas e por microorganismos à pele do homem resultam em ferimentos, escaras, inflamações, reações descamativas. A limpeza da pele auxilia na remoção de uma infinidade de partículas irritantes ou invasores vivos que a ela se agarram a todo momento. Os tecidos de revestimento interno do corpo e as membranas envoltoras dos órgãos exercem também uma série de funções defensivas. Lembre-se a verdadeira "filtração" do ar inalado, através dos pêlos e o muco da árvore respiratória, ou, ainda, o maravilhoso trabalho seletivo da mucosa (película de revestimento) intestinal durante a absorção de alimentos. MÚSCULOS E ESQUELETO Correr. saltar, sorrir, respirar, segurar, bater, esquivar-se e muitas outras "expressões de vida" estão ligadas ao movimento e sustentação que dependem dos músculos e dos ossos nos animais superiores. De modo mais geral, significam força, trabalho, postura e posição. Quase sempre os ossos estão ligados à musculatura chamada "esquelética", que se responsabiliza pelos movimentos mais externos do corpo. Músculos e ossos respondem pela maior parte do peso corporal e definem o tamanho do corpo, através de seu crescimento. Este depende de informações genéticas (hereditariedade) mas também de fatores do meio, como de exercícios e nutrição. Ao longo da evolução, músculos e ossos sofreram adaptações conforme as necessidades e circunstâncias ambientais pertinentes a cada espécie. Assim, certas aves tornaram-se melhores voadoras que outras, deixaram de desenvolver-se os membros de alguns répteis, o homem começou a andar sobre dois pés e aprendeu a usar seu polegar. Os músculos são os responsáveis essenciais pelos movimentos. Eles são basicamente constituídos por células muito compridas que têm a capacidade de contrair-se diante de um estímulo físico-químico, voltando ao tamanho original depois de certo tempo (descontração) — são as fibras musculares. Esta capacidade se deve à presença de proteínas especiais no interior das fibras, denominadas actina e miosina. Para a contração da fibra, sua membrana permite a entrada e saída de elementos químicos como Cálcio e Oxigênio, ocorrendo combustão de moléculas energéticas armazenadas na intimidade (geralmente glicose ligada a átomos de Fósforo) . Como efeito desta reação as moléculas de actina e miosina deslizam entre si e a fibra se encurta (contração). Do somatório das contrações das fibras resulta a contração do músculo. O mecanismo básico do movimento é esse encurtar-relaxar de cada músculo. Movimentos complexos do corpo são resultantes de combi- nações entre músculos diferentes, ou de diversificação na orientação de grupos de fibras do mesmo músculo. Existem 3 tipos diferentes de músculos nos ver- OUADRO I tebrados: conforme a constituição física, o tipo de função e o comando nervoso para sua contração. São os músculos esqueléticos, os lisos e o músculo cardíaco. O quadro I resume suas diferenças: Comparação entre os três tipos de músculos de um vertebrado. Músculo Tipo de fibra Comando nervoso Local de ação e exemplos Esquelético estriadas Voluntário Geralmente ligados aos oss o s . Movimentos externos do corpo. Braços, pernas, asas, pálpebras. Liso não e s triadas Autônomo (não v o luntário) Vísceras, vasos. Contrações do intestino, bexiga, pupilas, vesícula. Cardíaco estrias especiais. Autônomo. Contração das cavidades do coração. Os músculos são órgãos de trabalho por excelência, cuja função essencial é dar respostas. No descobrir e analisar o movimento de cada parte do seu corpo pode estar uma riquíssima atividade para que o aluno melhor compreenda as interações estímulo-resposta, coordenação, cooperação, esforço pela vida, defesas. Bombear incessantemente o sangue pelo corpo, conduzir a urina, as fezes e o alimento, piscar os olhos, acomodar continuamente as lentes dos olhos, expandir e esvaziar os pulmões, produzir palavras, são outros trabalhos musculares ligados ao movimento. Mas os músculos também protegem os órgãos internos (parede da barriga), traduzem expressões e fisionomias, são reservas de (•) Veja-se, para analogia, o "Ciclo econômico das enfermidades", OPAS/OMS 194. energia. Esta última função é valiosa para a compreensão de fatos muito graves ligados à desnutrição: os indivíduos sub-alimentados geralmente têm poucos recursos e dependem de trabalho muscular ("braçal") para viver. Freqüentemente não ingerem calorias suficientes e o organismo acaba precisando decompor as proteínas musculares para obter combustível. Enfraquece-se com isto a musculatura e a capacidade de trabalho necessariamente diminui, redundando em menor rendimento, diminuição de recursos e menos comida. (*) Do exercício sistematizado (treinamento), podese obter maior capacidade de força e controle para os músculos esqueléticos. Isto se comprova na própria experiência esportiva e também através de testes e observações microscópicas que mostram estarem as unidades contrateis do músculo "treinado" muito mais desenvolvidas que as do "não-treinado". O exercício muscular depende estritamente de um bom suprimento de nutrientes e Oxigênio, portanto, de sangue. Várias doenças degenerativas do coração estão, por isso, relacionadas ao pouco uso dos músculos periféricos, porque tal ociosidade não apenas diminui a solicitação do coração (diminui o "treinamento") como, principalmente, deixa de queimar calorias que acabam se transformando em placas de gordura altamente perniciosas ao aparelho cardiovascular. O cansaço muscular se deve, principalmente, ao acúmulo de substâncias derivadas do trabalho efetuado, sendo necessários algum tempo e uma boa circulação para haver drenagem desses resíduos. Doenças como o tétano intoxicam o mecanismo de comando muscular, resultando um quadro terrível de contração permanente do músculo até que cesse o efeito tóxico. Na paralisia infantil o comando nervoso é "cortado" ao nível de sistema nervoso central e as ordens para contração não chegam ao destino (o músculo fica paralítico e flácido). No alcoolismo avançado, na sífilis e avitaminose " B " há também degeneração no nervo de comando, resultando fraqueza e tremedeiras musculares. Os ossos são o principal sistema de sustentação da maioria dos vertebrados. Ligam-se à musculatura esquelética e participam dos principais movimentos voluntários. Há ossinhos especiais destinados a transmitir as vibrações sonoras no ouvido médio (figura 65), enquanto outros ossos formam verdadeiras carapaças de proteção mecânica (o crânio, a caixa torácica). Os ossos podem ser arcabouço para órgãos voadores (asas), podem participar da finíssima aparelhagem da mão do homem, podem sustentar os dentes para a mastigação ou ajudar os movimentos de respiração. Apesar de o esqueleto ser um símbolo da morte, o tecido ósseo é bem vivo. Mesmo constituído em grande parte de materiais inertes (Cálcio e Fósforo formando sais duros para sustentação), os ossos são tecidos bem vivos, especialmente sua porção mais interna, a medula. Ali estão numerosos vasos sangüíneos e desenvolve-se uma intensa atividade na produção de sangue e de células de defesa. Nas aves os ossos são mais leves (facilitando o vôo) e podem servir de reserva de ar. Ao se quebrar um osso, haverá formação de um tecido de regeneração dos dois lados da fratura, desde que próximos, em que a deposição de sais minerais acabará por reconstituir a integridade original. O crescimento ósseo, no homem, vai aproximadamente até os 21 anos. A boa saúde dos ossos depende de' nutrição adequada, exigindo-se proteínas, Cálcio, Fósforo e vitamina D. As reservas ósseas destes elementos podem ser mobilizadas por uma solicitação do organismo. Em certas doenças glandulares, na avitaminose D ou na carência de Cálcio haverá ou má formação dos ossos ou expoliação de seus constituintes, resultando ossos fracos, deformados e esponjosos (raquitismo). A BARREIRA LINFÁTICA Se microorganismos ou partículas estranhas conseguem vencer as defesas da pele e outras barreiras mais externas, encontrarão em nosso corpo um outro sistema defensivo, a barreira linfática. Trata-se de um conjunto de tubulações (vasos linfáticos) e filtros (nódulos linfáticos) que se distribuem por todos os recantos do organismo, conduzindo a linfa, um líquido cristalino com funções de defesa. Muitas vezes, quando temos uma pequena inflamação num dedo do pé, por exemplo, não tardam a aparecer as conhecidas ínguas na região da virilha. É a reação • Io sistema linfático, procurando drenar as bactérias da infecção e impedir que elas invadam outros territórios do corpo. A linfa banha todas as células do corpo, recolhendo elementos estranhos e ajudando a difusão dos nutrientes vindos pelo sangue. Sua composição é semelhante à do plasma sangüíneo, mas contém menos proteínas. A circulação da linfa se faz da periferia para o centro do corpo, através dos vasos linfáticos. Estes vasos são muito delicados e de paredes muito permeáveis, facilitando a recepção de partículas. A linfa não circula bombeada por órgãos como o coração, mas seu movimento é devido à contração dos músculos próximos, "massageando" os vasos linfáticos. No interior dos vasos encontram-se pequenas válvulas que orientam o movimento da linfa numa só direção, não a deixando voltar. Os vasos vão se encontrando e formando outros e terminam finalmente abrindo-se num canal maior, o "dueto torácico", que desemboca no sistema venoso, próximo do coração. De espaço em espaço os vasos linfáticos são interrompidos pelos nódulos, que são corpúsculos como pequenos grãos de feijão destinados a filtrar a linfa. Dentro destes nódulos encontram-se não apenas redes de tecido fibroso para filtração, mas um completo exército de células de defesa, especialmente os linfócitos. Estas células atacam, englobam e digerem partículas estranhas, sendo capazes, ainda, de produzir anticorpos (ver texto correspondente). São os nódulos que aparecem na reação das ínguas, significando que ali está ocorrendo um processo de luta. A linfa, filtrada nos nódulos, segue seu caminho em direção ao coração. Podemos perceber muitos dos nódulos mais externos, apalpando-os na virilha, nas axilas, sob a mandíbula e nas regiões mais laterais do pescoço. Células cancerosas podem transitar pela linfa e se desenvolver nos nódulos. É por isso que na operação de retirada de um tumor canceroso o cirurgião procura, também, remover os nódulos linfáticos da região, buscando prevenir o aparecimento de novos tumores que poderiam derivar das células malignas eventualmente retidas. Fig 1. 2. 3. 4. 77-VASOS E GÂNGLIOS LINFÁTICOS veia subclávia esquerda veia subclávia direita ducto torácico nódulos Estendem-se pelo corpo e formam uma rede entre os nódulos. Aqui estão alguns desses nódulos linfáticos (4). Do dueto torácico, a linfa é drenada para as veias subclávias Fig 78 Rede de vasos linfáticos e gânglios em uma parte do rosto. Os gânglios formam uma segunda linha de defesa contra a infecção. O sistema linfático participa muito da drenagem dos líquidos existentes entre as células. Infecções no próprio sistema linfático (a erisipela, por exemplo) ou a obstrução dos vasos por parasitas (na filariose) acarretam enorme redução no retorno da linfa, que se acumula nos espaços intercelulares, formando um tipo de edema ou "inchaço". Os linfáticos do intestino participam ativamente do processo de absorção das gorduras, conduzindo as gotículas absorvidas para o sangue. Após uma refeição gordurosa, a linfa fica leitosa devido à presença da gordura em grande quantidade. Outros órgãos "linfáticos" são o timo e o baço. O timo é bastante desenvolvido na criança ao nascer, reduzindo-se seu tamanho com a idade. Sua função primordial é controlar e organizar a produção de linfócitos. O baço atua como um grande nódulo linfático, além de produzir, armazenar e eliminar elementos do sangue. Finalmente há as amigdalas e adenóides, que são tecidos linfáticos dispostos estrategicamente à entrada da garganta e fossas nasais. Exercem aí a função de verdadeiras sentinelas avançadas, detectando e procurando deter os milhões de invasores que diariamente chegam pela água, objetos e alimentos levados à boca, ou pelo ar inspirado pelo nariz. As famosas "inflamações de garganta" constituem geralmente uma etapa importante da defesa do organismo, procurando evitar a progressão de germes ou vírus agressores para tecidos internos mais nobres. Por isto a indicação de operações para a retirada de amigdalas e adenóides é um problema delicado que deve ser analisado friamente. Simplesmente extrair amigdalas inflamadas pode resolver aborrecimentos de momento, mas à custa de perdas preciosas na defesa do organismo. As indicações para tais cirurgias são precisas e de alçada do médico competente. O SANGUE As pessoas dão ao sangue um papel de vital importância para o bom funcionamento do organismo. Sabem que uma hemorragia pode levar à morte, que a cor do sangue reflete um estado de saúde ou debilidade orgânica, que o sangue ralo ou grosso não é normal etc. No entanto, a maioria dessas pessoas não é capaz de explicar ou relacionar o estado ou a qualidade do sangue com os seus modos de viver e, principalmente de se alimentar. Realmente, é o sangue que mantém e sustenta o corpo com vida, e, como diz um aluno de 5.ª série, "o sangue é o próprio movimento do corpo". É o sangue, no seu movimento de vaivém constante, que leva a todas as células do organismo o oxigênio, a água, os nutrientes e os hormônios, recolhendo dos tecidos o gás carbônico e os resíduos das células, para eliminação através do suor, da respiração e da urina. Além disso, o sangue assume um relevante papel na defesa do organismo contra os agentes externos, através dos glóbulos brancos (leucócitos), na produção de anticorpos e no controle da temperatura do corpo. O sangue é formado por uma porção líquida, chamada plasma, que contém em suspensão 3 espécies de células: os glóbulos brancos (leucócitos), os glóbulos vermelhos (hemáclas) e as plaquetas (trombócitos). O plasma é a parte líquida do sangue não coagulado. O soro é a parte líquida do sangue após a coagulação e tem cor amarelo-crístalino. O soro e o plasma são elementos diferentes. O plasma tem em sua composição uma proteína que é fundamental para a coagulação do sangue, que não existe no soro. A quantidade de proteínas do plasma está na dependência do tipo de alimentação ingerida. Várias pesquisas têm demonstrado que nas populações onde há baixo consumo de proteínas, há também baixo teor de proteína no sangue. Uma dieta alimentar pobre em proteínas provoca a saída de água do interior dos capilares, infiltrando-se nos tecidos e causando um tipo de edema. O edema ou inchaço é muito comum em pessoas subnutridas, dando a impressão de que estão gordas. As hemácias ou glóbulos vermelhos são os carregadores do oxigênio do ar inspirado pelos pulmões. Sua cor vermelha se deve a uma substância que contém, a hemoglobina, composta de proteína e ferro. A hemoglobina é a principal responsável pelo transporte de oxigênio. Ela tem a capacidade de retirar o oxigênio de ambientes em que a concentração deste gás é muito alta (pulmões) e cedê-lo em locais de baixa concentração (células e tecidos). Quando o sangue se apresenta na cor vermelho vivo é porque está carregado de oxigênio, ao contrário, quando está carregado de gás carbônico, a sua cor é vermelho-escuro. Este último é o sangue de retorno, conduzido pelas veias, o sangue venoso. Voltando aos pulmões repete-se a oxigenação das hemácias e elimina-se o gás carbônico, voltando o sangue à coloração vermelho vivo. Todo esse movimento resulta do trabalho de bombeamento constante do coração. É necessário um número imenso de hemácias em atividade. Elas são produzidas pela medula óssea e vivem de 2 a 4 meses. Findo esse tempo, o organismo as considera "velhas" e as destrói no baço, reaproveitando a hemoglobina para síntese de novas hemácias. Se o número de hemácias diminui, além de um certo limite, dá-se a anemia, com prejuízo da função de oxigenação e acarretando repercussões negativas em todo o corpo. As anemias podem ocorrer por perda de sangue, espoliação (por vermes), falta de produção (doenças da medula óssea, carência alimentar de ferro), excesso de destruição (doença do baço) etc. O combate às anemias necessita levar em conta, portanto, a causa das mesmas. Em lugares de grandes altitudes onde o ar é rarefeito, para compensar a falta de oxigênio, as pessoas tem um número maior de hemácias circulando no sangue. Os glóbulos brancos, como função principal, defendem o organismo contra infecções e agentes estranhos, auxiliando ainda na reparação dos tecidos. São células bem diferenciadas, podendo classificar-se em neutrófilos, linfócitos, monócitos, basófilos e eosinófilos, de acordo com a forma e a função específica de cada tipo. Participam na formação de anticorpos, têm capacidade de fagocitose e podem migrar ativamente para fora dos vasos, atraídos pela infecção (ver inflamação). O aumento exagerado de glóbulos brancos é sinal freqüente da ocorrência de infecção. Isto pode ser detectado por um exame de sangue, que informa sobre a quantidade dos diferentes focos de glóbulos brancos. Estas informações auxiliam a verificação da gravidade do processo e sua fase evolutiva, bem como fornecem indicações sobre o tipo possível de agente agressor. As plaquetas são pequenos corpúsculos derivados de grandes células produzidas na medula óssea e a sua função essencial é a coagulação. A perda de sangue chama-se hemorragia. Pode ser aguda, devido a ferimentos e arrebentamentos de órgãos, ou crônicas (mais lentas, geralmente nas vísceras como o intestino). O organismo procura manter sempre constante o volume de sangue e nas hemorragias de maior gravidade tenta ajustar-se à diminuição deste volume através de aceleração dos batimentos cardíacos, contração dos vasos da periferia, uso de reservas etc. Moleza e cansaço fácil, são sintomas decorrentes de hemorragias e servem para obrigar o corpo a economizar energias. Em determinados casos, a única maneira de corrigir os efeitos dramáticos "de uma hemorragia é a transfusão de sangue. Entretanto, tal procedimento não pode ser adotado indiscriminadamente de uma pessoa para outra, pois há o perigo de graves acidentes, por incompatibilidade nos tipos de sangue. Outro risco nas transfusões é a transmissão. entre pessoas, de doenças como a sífilis, doença de Chagas e hepatite. AS RESPOSTAS CELULARES A AGRESSÃO Fig 79-FAGOCITOSE (INGESTÃO DE PARTÍCULAS ESTRANHAS): Se microorganismos agressores conseguem vencer as barreiras mecânicas e químicas mais externas do organismo, surgirão defesas internas cujo papel pode ser decisivo no resultado final da luta (doença). Trata-se de algumas substâncias circulantes (principalmente "anticorpos") e um grande número de células de defesa, com maior ou menor especialização, destinadas a circulação como soldados e vigilantes ou ao trabalho fixo, como porteiros e sentinelas. Há ainda aquelas capazes de ser os lixeiros. Há mensageiras e fabricantes de armamentos. Há professoras e carcereiras. Desta curiosa configuração "profissional" depreende-se que há uma grande variedade de tais células, com seus papéis definidos e situações de cooperação e dependência, tudo como se se tratasse de uma cidade assaltada por invasores ou ladrões. A comparação procede, acentuando-se a imagem de trabalho pela sobrevivência. As informações que se seguem devem ser trabalhadas num conjunto maior, ao lado dos textos sobre sangue, anticorpos, inflamação e cicatrização, com plena liberdade para outras aberturas. a juízo do Professor. As principais células específicas de defesa derivam do mesmo tecido do embrião. Suas atividades, como já foi dito, são variadíssimas, mas sempre obedecendo ao processo geral de estímulo-resposta. Como estímulo aparecem os microorganismos, partículas de substâncias tóxicas e restos celulares. Todas estas células têm um primórdio de memória e uma capacidade de reconhecimento para estruturas "próprias" ou "estranhas". A resposta é afastar, destruir, isolar ou eliminar o invasor. Uma das mais efetivas defesas celulares é a fagocitose, em que a célula procura o invasor e a ele se adere. Em seguida engloba-o e lança sobre ele poderosas substâncias que tentam digeri-lo (fig. 7 9 ) . Praticamente todas as célu- (g) outras vezes é a partícula que mata a célula. Ias do organismo podem realizar a fagocitose, mas as principais são os glóbulos brancos do sangue e as células conjuntivas. Os glóbulos brancos são verdadeiros soldados, acercando-se rápida e corajosamente de qualquer invasor. Nas fases iniciais da infecção predominam os glóbulos brancos "neutrófilos", que atacam violentamente o sem maior seletividade, sendo ótimos fagocitadores. Geralmente morrem muitos neutrófilos nas lutas com bactérias, formando-se o pus. Os germes, por sua vez, respondem aos neutrófilos e outras células de defesa secretando substâncias capazes de intoxicá-las, ou então conseguindo sobreviver e lesá-las mesmo depois de fagocitados. As células conjuntivas ou reticuloendoteliats exercem inúmeras funções de- fensivas, empregando a fagocitose. Podem encontrar-se afixadas como sentinelas na parede de vasos capilares ou linfáticos, prontas a deter invasores vindos pela corrente. Outras são células enormes denominadas macrófagos, com grande capacidade fagocitária. Aparecem em menor número que os neutrófilos, podendo circular pelo organismo ou permanecer fixas em pontos estratégicos como nódulos linfáticos, vasos do fígado etc. Algumas vezes, em condições especiais, os macrófagos se unem, formando uma só e potente célula de defesa, denominada "célula gigante." Outras atividades diferentes da fagocitose podem ser exercidas por células como linfócitos e filbroblastos Os linfócitos são glóbulos brancos que geralmente aparecem após os combates Iniciais dos neutrófilos. Se os neutrófilos são menos específicos, atacando todo e qualquer invasor, os linfócitos são capazes de reconhecer e "memorizar" mais sofisticadamente as características do agente agressor, produzindo reações defensivas elaboradas e de maior duração. Assim, os chamados linfócitos B produzem anticorpos capazes de destruir ou neutralizar inúmeras agressões, enquanto os linfócitos T são células memorizadoras por excelência, altamente capacitadas a reconhecer os agressores, atacá-los diretamente ou provocar em outras células respostas altamente específicas, mesmo muito tempo depois do contato inicial. Os linfócitos T e B cooperam entre si, estimulando-se e estabelecendo um balanço numérico em que, segundo as circunstâncias, ora predomina um, ora o outro. No caso de células malignas do câncer, os linfócitos ficam atentos à sua presença, procurando destruí-las tão logo apareçam. Ocorrendo um cochilo nesta vigilância, as células cancerosas podem então multiplicar-se, formando os tumores. Uma das maneiras de prevenir certas doenças que dependem de tais "cochilos" é tentar estimular a produção de células de defesa competentes, através da administração ao organismo de B.C.G. e outras substâncias. Por outro lado, irradiações e cer- tos remédios (corticoesteróides, por exemplo), induzem uma redução no número e competência das defesas celulares, favorecendo infecções. Os fibroblastos são outras células de defesa, capacitadas a produzir de imediato fibras protéicas longas e fortes com que preenchem o espaço anteriormente ocupado por tecido morto. Participam portanto na cicatrização. CICATRIZAÇAO E INFLAMAÇÃO São respostas localizadas, para diferentes agressões, envolvendo a integração e cooperação de diversos mecanismos. Seu estudo é bastante oportuno por se tratar de processos defensivos muito presentes na vida do jovem, além disso visíveis e interessantes. Cicatrização da pele Quando ocorre um corte na pele, sem infecções e outras complicações, desencadeia-se o processo de cicatrização, destinado a fechar a abertura e recuperar no maior grau possível as funções que ali eram realizadas. Uma seqüência de eventos se desencadeia após o corte. Surge o sangramento, proveniente dos vasos seccionados, através do ferimento. O excesso de sangue escorre para o exterior, fazendo uma lavagem local. Dá-se a coagulação (ver desenho) do sangue e o sangramento vai parando. O coágulo ocupa todo o interior da ferida, como uma massa colante e compacta, que aproxima e liga ao bordas do corte. Para o interior do coágulo acorrem pequenos brotos celulares, derivados das paredes dos vasos capilares ao redor. As células desses capilares começam também a dividir-se, aumentando a produção dos brotos celulares que serão os responsáveis pela reconstrução dos tecidos. Na superfície do processo o coágulo torna-se duro e impermeável, formando a "casca" protetora que se percebe nestes ferimentos. Chegam ao coágulo outras células de reconstrução, os fibroblastos, que formarão fibras e traves de sustentação do novo tecido. Chegam ainda alguns neutrófilos e macrófagos, com a finalidade de fagocitar resíduos e ainda exercerem vigilância contra possíveis germes invasores. A partir dos brotos celulares, irão se formar, no interior do coágulo, novos vasos sangüíneos (por recanalização) que logo começam a conduzir sangue e a nutrir melhor o processo. Vasos vizinhos invadem a região e se ligam aos recémformados. Fig 80-CICATRIZAÇAO DA PELE: (a) pele cortada, ferida (b) enchimento da ferida com o coágulo. externa inicialmente mais fina e depois na espessura normal. Nas fases finais, o trabalho é de saída dos fibroblastos, remoção dos resíduos e deposição de fibras nos espaços restantes. Finalmente há uma retração das fibras formadas. restando apenas uma lâmina de tecido que é a cicatriz. Em situações normais, todo processo dura de 8 a 10 dias. Os "pontos" dados pelo médico em um ferimento aberto ou corte operatório, objetivam aproximar as bordas do corte e facilitar a cicatrização. A cicatrização é um importante trabalho de defesa, ilustrando a interação e cooperação entre vários equipamentos e processos (sangue, trabalho celular, coagulação). A boa cicatrização só ocorre sob condições razoáveis de nutrição e na ausência de infecção. Pode também ser prejudicada por atritos e impactos na região, que arrebentam os delicados vasos em formação provocando pequenas hemorragias. Estas retardam o processo e geram uma lâmina fibrosa muito maior do que o necessário. Tais conhecimentos embasam a boa prática da limpeza dos ferimentos e sua proteção com ataduras de gase. Inflamação (c) migração de elementos celulares e formação de novos vasos sangüíneos no interior do coágulo. O epitéllo da superfície do corte se aproxima tendendo ao fechamento. (e) diminuição dos vasos e da proliferação celular. (d) ligação dos vasos Remoção de partículas e deposição de tecido pelos fibroblastos. contração do processo através do tecido fibroso, restando a cicatriz Na superfície do corte, as células da epiderme se movimentam e se reproduzem, de uma borda em direção à outra, reconstituindo-se a camada Um pequeno ferimento na perna. Rompe-se a pele e bactérias agressoras penetram rapidamente, localizando-se no tecido subcutâneo. A primeira reação do organismo ferido é contrair rapidamente os vasos ao redor do "acidente", dilatando-os em seguida, objetivando trazer mais sangue para o local. A região torna-se quente e avermelhada. A parede dos vasos dilatados fica mais permeável e começa a exsudar plasma e células que invadem a área provocando entumescimento. As bactérias procuram reproduzir-se e lançar no meio substâncias capazes de lesar o tecido ao redor e as células de defesa. Deixando os capilares, os glóbulos brancos neütrófilos são logo atraídos pelas bactérias e dirigem-se para elas procurando fagocitá-las. Esta fase de dilatação de vasos e saída de material está ligada a fatores químicos e nervosos. A inflamação pode resolver-se neste ponto, se as bactérias forem destruídas. Prolongando-se o processo por mais tempo, dar-se-á formação de pus, com grande acúmulo de neutrófilos e bactérias mortas, além de restos celulares e líquido do exsudato. Trata-se do "furúnculo", no caso da pele. Esta fase pode provocar grande destruição de tecido, e o processo "vir à furo" (extravasar-se para o exterior da pele). Se houver prosseguimento da luta. as bactérias serão drenadas pelos linfáticos, produzindo reação nos nódulos linfáticos à jusante (a "íngua"). As bactérias podem ganhar terreno, espraiando-se pelos tecidos ao redor (flegmões) ou abrindo outras frentes de combate (antrazes). Ou então invadir grandes áreas contíguas (abcesso) e mesmo tomar livremente a corrente sangüínea (septicemia). Tudo isto ocorre em alguns dias. caracterizando as inflamações agudas. Outros processos podem ser bem menos exuberantes, mas arrastarem-se lentamente por semanas e meses. como a tuberculose "crônica". Nos processos agudos predominam as células neutrófilas. Nos crônicos encontramos mais os linfócitos e macrófagos. A evolução da inflamação depende de um verdadeiro balanço entre o invasor (seu número. sua maior ou menor capacidade de agressão) e o invadido (condições gerais de defesa, resistência à invasão). Vencidas as bactérias, macrófagos e vasos linfáticos esvaziam a área. chegando finalmente os fibroblastos e outros equipamentos de reposição. OS ANTICORPOS Muitas doenças infecciosas, como o sarampo, a caxumba, a coqueluche e a paralisia infantil só ocorrem uma vez na vida da pessoa. Uma vez curado da primeira infecção, o organismo desenvolve uma grande resistência a novas investidas dos agentes causadores da doença, embora estes continuem a povoar o meio ambiente e a atacar pessoas suscetíveis (que não possuem a resistência contra aquele agente). Pode-se di- zer que esta resistência decorreu de um processo de aprendizado acerca do invasor e do desenvolvimento de defesas específicas contra eles ou seus produtos de ataque (principalmente "toxinas"). Juntamente com as defesas celulares, os anticorpos são os mais importantes responsáveis por este tipo de resistência, que é também chamada de imunidade. Os anticorpos formam-se no transcurso de uma infecção, principalmente a partir dos linfócitos B (ver "As respostas celulares à agressão"), permanecendo circulantes no sangue ou, mais raramente, afixados em alguma parte do corpo. De modo geral, os linfócitos B tomam contato com o agente agressor e resgistram as características da superfície do mesmo. Ao fabricarem as moléculas do anticorpo nelas imprimem estas características em "negativo", de modo que o anticorpo se amolda perfeitamente à superfície do agressor, à maneira da chave na fechadura certa. Se uma infecção está ocorrendo pela primeira vez, a produção de anticorpos é mais lenta, porque os linfócitos têm que "aprender" a fabricá-los. Entretanto, uma segunda agressão resulta em pronta e maciça produção de anticorpos, porque os linfócitos "memorizaram" as características do invasor e já têm um "programa" ou uma "matriz" para a resposta imediata. Ao vacinar uma pessoa estamos simplesmente induzindo a produção de anticorpos ou células competentes contra determinado agente (que pode ser uma bactéria, um produto bacteriano, um vírus etc.) As "vacinas" nada mais são que o agente invasor (ou parte dele) cientificamente preparado de forma a provocar a produção deste tipo de defesa, mas sem causar os incovenientes da doença. Quando muito poderão causar uma pequeníssima reação, uma mini-doença, como no caso da vacina antivariólica ou a do sarampo. A introdução da vacina no organismo, "ensina-o" a reconhecer e defender-se do agente. Algumas vacinas necessitam de 3 ou mais doses para conseguir um volume suficiente de anticorpos. que permanecerão em ação por períodos variáveis. conforme o tipo de vacina. Após esse tempo os anticorpos começam a ser eliminados, havendo então a conveniência de uma dose "extra" de vacina, à qual o organismo responde prontamente produzindo altos níveis de anticorpos. Esta dose suplementar é o chamado reforço. Os anticorpos são moléculas protéicas, chamadas imunoglobinas. Existem em categorias diferentes conforme o tamanho, tempo de vida, função etc. Algumas delas conseguem passar de mãe para filho durante a gestação, conferindolhe, ao nascer, importantíssima proteção contra algumas agressões do meio. Estes anticorpos permanecem de 2 a 3 meses e então o organismo da criança tem que fabricar os seus próprios, a partir de uma doença ou da vacinação. Isto explica porque é muito raro uma criancinha adoecer de sarampo, coqueluche ou caxumba, por exemplo, durante o primeiro mês de vida. Justifica, também, a conveniência de vacinaremse as gestantes contra o tétano, para proteger os recém nascidos com anticorpos que possam passar pela placenta. A ação das imunoglobulinas (anticorpos) é muito variável. Algumas ligam-se aos germes, matando-os ou envolvendo-os. Outras neutralizam toxinas microbianas ou venenos como o de cobras e escorpiões. Há as que se concentram mais nas secreções, e as que ativam importantes mecanismos defensivos conhecidos como "complemento". Outras ainda são responsáveis por manifestações de alergia tais como a febre do feno, a urticária e algumas formas de asma. Presumivelmente a diversidade das imunoglobulinas ocorreu porque, no curso da evolução, cada uma foi responsável por algum valor de sobrevivência. Podemos preparar anticorpos artificialmente e usá-los em situações de emergência, como no caso de picaduras de cobras venenosas. Tratase do soro, que neste exemplo seria o soro anti-ofídico, capaz de neutralizar o veneno circulante e impedir a progressão de seus efeitos. A preparação do soro é usualmente feita em cavalos, que recebem doses não mortais do veneno e passam a produzir enormes quantidades de anticorpos circulantes. O soro retirado do sangue desses cavalos é que, com seus anticorpos, será o remédio salvador. A produção de anticorpos relaciona-se também à condição nutricional, especialmente a nutrição protéica. Prova disto são os resultados menos favoráveis de vacinações realizadas entre crianças desnutridas quando comparadas a crianças normais. O PAPEL DO MEIO INTERNO No homem e nos animais superiores, as funções vitais e de defesa se integram e se completam, na dependência da manutenção de uma certa harmonia do meio interno. Assim, os sentidos do tato e do gosto ficam "anestesiados" quando a temperatura do órgão (língua, dedos) encontra-se próxima dos 20° centígrados. Em outro exemplo, se a taxa de glicose no sangue permanecer aquém dos 60 miligramas/centímetro cúbico (normal = 80 a 120), a pessoa tende a entrar em profunda apatia e pode mesmo perder a consciência. A função do presente texto, é mais a de relembrar a presença do meio interno no funcionamento dos demais processos de defesa e, com algumas aberturas, retomar o papel defensivo de algumas funções vitais. A água do corpo exerce inúmeras funções e constitui de 60 a 70% do peso corporal. Ela envolve cada célula do organismo e assim participa intimamente da vida (trocas, excreções) de todas as células. Participa da respiração (conduzindo gás carbônico), da disgetão (solubilizando partículas), da excreção de sais na urina, etc. Está presente no sangue nos espaços entre as células e dentro das células. O balanço da água do corpo é extremamente dinâmico: a que entra no organismo é ingerida (líquidos e alimentos) ou produzida pelas reações de combustão interna. A que sai é expelida pela urina, fezes, gotículas expiradas, suor e células descarnadas. A entrada e a saída são reguladas, principalmente, pela satisfação da sede em contrapartida ao funcionamento dos rins e ao suor. Em condições normais, se houver excesso de água no corpo, mecanismos reguladores dos rins permitirão maior saída de água na urina, dandose o contrário quando há necessidade de retenção. A temperatura do organismo é regulada por uma série de mecanismos interdependentes, como a circulação, a evaporação de água pela pele etc. O homem é um animal de temperatura constante, ou seja, que não sofre alterações apesar das variações do ambiente. Tal constância é uma importante defesa que resguarda o bom funcionamento dos órgãos e tecidos, mas que exige muito trabalho em sua manutenção. A elevação anormal de temperatura pode significar um estado infeccioso ou a presença de reações anormais do meio interno. Os sensores de temperatura em nossa pele fornecem continuamente informações sobre a temperatura do meio ambiente, capazes de nos levar a atitudes de defesa, como vestir um paletó. A circulação do sangue, participa diretamente do suprimento de oxigênio e nutrientes para todas as células, assim como conduz elementos de defesa, retira resíduos, conduz informações através de hormônios, ajuda no controle da temperatura e no balanço da água. A circulação será mais rápida na atividade e mais lenta durante o repouso, suprindo seletivamente cada órgão de maior ou menor volume de sangue de acordo com as circunstâncias (mais sangue para as pernas, por exemplo, quando se está correndo). Essas variações se conseguem graças a modificações de força e freqüência nos batimentos cardíacos, aliados a contrações e dilatações musculares na parede dos vasos. Há respostas defensivas da circulação quando diminui o teor de oxigênio ou glicose no sangue, produzindo-se um ajustamento que consiste em aumentar a velocidade circulatória. A respiração, além do já discutido papel na obtenção e distribuição de oxigênio aos tecidos, colabora no balanço da água e na manutenção de um estado ótimo de "acidez" no organismo. A respiração em alta freqüência indica, em geral. que o organismo está com excesso de acidez e em busca de uma correção deste problema. A excreção de urina é da maior importância nos processos de balanço de água, no controle de acidez e na retenção ou eliminação de substâncias circulantes. Os rins dependem estreitamente de um bom funcionamento da circulação. pois praticamente todo o seu trabalho se faz sobre o sangue. A presença de substâncias tóxicas no interior do organismo solicita diversos mecanismos de defesa. Ao nível do tubo digestivo, as reações de vômito e as diarréias procuram expulsar, mecanicamente, material indesejável. Ao nível de algumas células do fígado, partículas tóxicas circulantes serão desdobradas, neutralizadas ou conjugadas a compostos inofensivos, processos esses que nos defendem de muitos medicamentos tomados em excesso ou mesmo dotados de poder agressor ao organismo. A regulação do meio interno é automática e inconsciente. Os circuitos nervosos das vísceras fazem parte do sistema nervoso autônomo, que independe do controle da vontade. Existem receptores especializados para cada função (medir teor de pressão do sangue, por exemplo), unidades integradoras ou reguladoras e os nervos que conduzem as ordens de resposta, fazendo, neste exemplo, o coração e os vasos ajustarem seu funcionamento numa faixa adequada de pressão. Os centros nervosos reguladores das funções "vitais" como pressão do sangue, digestão, função urinaria, respiração, e t c . situam-se nas partes baixas do cérebro, interagindo com esferas mais altas que se relacionam com respostas mais complexas e voltadas para o ambiente, como temperatura do corpo, agressividade, fome, sede, desejos e outros comportamentos ou estados emocionais. Esta interação explica, por exemplo, como o estado emocional medo pode desencadear respostas defensivas de aceleramento cardíaco, suor, respiração apressada, etc. A regulação do meio interno depende também de uma série de hormônios, que são substâncias químicas secretadas por glândulas internas. A ação dos hormônios é bem mais lenta e mais duradoura que a dos impulsos nervosos. Seu destino e funções são bastante específicos. As partículas dos hormônios têm uma superfície com relevo especial, tornando-as capazes de se encaixarem em receptores do órgão a que se destinam, desencadeando determinada reação. Os hormônios interagem entre si, estimulando ou reprimindo uns a formação de outros. De modo geral, alcançado o efeito pretendido com a secreção de um hormônio, este efeito vai provocar uma diminuição na produção, que por sua vez voltará a maiores níveis se o efeito diminuir. Há vários hormônios: para regulação do metabolismo do corpo (tireóide), para retenção de líquido (anti-diurético), hormônios estimuladores das funções sexuais, reguladores da pressão sangüínea, reguladores das taxas sangüíneas de cálcio e glicose etc. Um bom exemplo da integração de vários mecanismos defensivos e reguladores pode ser dado por um gato diante de um cão. O gato ameaçado terá como defesas e mecanismos reguladores, entre outros: — excitação visual, auditiva e olfativa da presença do cão, associando "perigo" — estimulação das glândulas supra-renais, que descarregam substâncias (catecolaminas) ativadoras das funções cardíacas e respiratórias; — aceleramento cardíaco, respiração mais profunda, aporte maior de sangue nos órgãos de defesa, diminuição de sangue na pele, maiores taxas de oxigênio circulante etc. Tais reações sofrem interação com centros nervosos mais a l tos do cérebro, despertando agressividade, medo, etc. Há ainda acionamento de processos metabólicos (elevação das taxas de glicose no sangue, por exemplo). No seu todo, este é um quadro de um complexo de reações em cadeia, frente a uma ameaça, denominado quadro de "stress" (expressão inglesa que significa violência, vigor, pressão). O exemplo mostra, não apenas e interação e interdependência dos vários mecanismos, mas sobretudo dá uma idéia do enorme trabalho de todo o organismo frente a certas ameaças. O TRABALHO PELA VIDA Não podemos compreender nenhum ser vivo senão dentro do contexto de seu meio natural. É ai que ganha significado cada equipamento de sobrevivência, cada tipo de reação. É importante retomar sempre a idéia de que o meio e os seres estão em contínua mudança, e que a sobrevivência é uma questão de ajustamentos sucessivos. que requerem energia e trabalho. O texto que se segue pretende refletir um pouco sobre alguns problemas concretos que a vida propõe aos seres vivos, completando-se assim o significado de suas defesas. A obtenção de alimentos representa provaivelmente o primeiro dos trabalhos pela vida. Visa a incorporação da energia capacitando o crescimento e reparação de células e tecidos. Cada ser realiza essa procura segundo os equipamentos e habilidades que possui ou desenvolve. A l gumas espécies desapareceram ou tendem a desaparecer porque não encontraram alternativas de alimentação quando seu meio mudou ou foi mudado. Músculos, sentidos, movimentação, destreza, instinto, memória, tudo se liga ao trabalho pela comida. Defender-se da fome não somente ocupa uma grande parte da vida dos seres, como influencia diretamente o desenvolvimento de equipamentos, habilidades e comportamentos. A comida define o lugar da morada, a distribuição das espécies, o tamanho das populações. Os seres melhor alimentados podem defender-se com mais eficiência. (Convém retomar estas reflexões à luz das atividades e conceitos levantados na unidade "Os alimentos e a saúde"). A defesa do território tem essencialmente o mesmo significado de ter uma morada. A origem deste significado, segundo biólogos, é a própria e natural agressividade do meio, que ameaça a individualidade e o indivíduo. A morada nada mais é do que uma defesa, que amplia e completa as defesas naturais do ser vivo contra clima, irradiações, invasores. Seres mais bem dotados de defesas individuais naturais dependem menos da morada, como acontece com tubarões e delfins. O território próprio assegura a liberdade de expansão do indivíduo e maiores recursos de defesa. Estar em casa significa estar bem, sem (ou com poucas) ameaças. Em minha casa eu sou "mais eu". À conquista do território segue-se todo um trabalho por sua manutenção e defesa. Muros, paredes, cuidados higiênicos, mecanismos de alarme, v i gilância etc, estão presentes na defesa do território de várias espécies animais. Ao estudarmos "A morada do homem" pudemos refletir sobre a correlação de uma série de doenças comuns à nossa espécie, por causa de nossos modos de morar. Resistir aos agressores supõe todo o trabalho interno contra microorganismos, mas também o desenvolvimento de equipamentos, atitudes e comportamentos contra os chamados "inimigos naturais". Fugir, esconder-se, confundir, contraatacar, modificar o meio. são alguns exemplos de resistências oferecidos por várias espécies animais aos seus inimigos. Os sentidos assumem aqui um papel dos mais relevantes, detectando o adversário. Instinto, reflexos e memória, participam no desencadeamento de respostas adequadas. Se um animal não consegue fugir ou despistar seu agressor, resta apenas enfrentálo e tentar resistir. As agressões entre diferentes espécies animais estão basicamente ligadas ao território e a o alimento. Dentro da mesma espécie intervém igualmente o sexo. Caçar e ser caçado, comer e ser comido, perseguir e ser perseguido são fatos corriqueiros e "naturais" no meio dos bichos. Na ecologia do homem as coisas ficam muito mais complexas. Os cuidados com o corpo estão largamente difundidos entre os animais, através da postura, do exercício, do repouso e de "práticas de hi- giene", sem contar a boa alimentação. Trata-se de garantir um bom funcionamento do organismo, mantendo-o em boas condições para defender-se, conseguir o alimento e realizar o sexo. Muitos animais se exercitam através de movimentações e "brincadeiras". Outros treinam suas defesas, aguçam unhas e dentes, simulam lutas entre si. A boa postura é continuamente procurada para a economia de energias, evitando-se contrações musculares desnecessárias. O repouso visa a recuperação de energias, sendo o sono a sua forma mais completa. Durante o sono as funções vitais básicas reduzem-se ao mínimo possível e a atividade dos sentidos mantém-se apenas em nível de perceber sinais de alarme muito urgentes. Os animais cujas defesas implicam ação imediata ou que estão muito ameaçados, apresentam sono leve. Os animais melhor protegidos como o porco-espinho, podem dormir profundamente. O sono e o repouso protegem contra o desgaste excessivo, facilitando grandemente a re-harmonização do meio interno após períodos de atividade. As práticas de higiene se encontram em vários insetos, peixes, aves e animais superiores. Os bichos se lavam, se assopram, se agitam se espanam ou se cocam, procurando manter em bom estado a superfície de seu corpo. Livram-se assim de muitos parasitas e de partículas irritantes (os patos empregam muito tempo acertando suas penas e lubrificando-as com uma secreção gordurosa impermeabilizahte). É notável como tais práticas de limpeza realmente ganham mais significado nos indivíduos bem sucedidos quanto às suas necessidades básicas. A medida que a fome, a presença do inimigo e a falta de respostas ameaçam agudamente e mais de perto, esse tipo de "higiene" vai perdendo o sentido e deixando de ser praticado. Importante ainda é a "linguagem" do corpo — a postura, o desempenho das atividades, o bom funcionamento "vegetativo" (comer, evacuar, dormir) e, ainda, no homem, o humor, a vontade de fazer as coisas e o interesse — indicadora do seu próprio estado de saúde. As expressões corporais são verdadeiras mensagens para o meio, incluindo-se aqui fisionomias, gestos e movimentos. Havendo doença, fala-se em sintomas e sinais. Sintoma é aquilo que o indivíduo sente como manifestação da doença: dor, fraqueza, "formigações" etc. Sinais são manifestações visíveis e sensíveis para o meio, como mudanças da cor da pele, sangramentos externos, edemas e feridas. A febre é um dos sinais mais freqüentes nas doenças infecciosas. Entre as abelhas, por exemplo, a comunicação é fundamental. Na procura do alimento, a abelhaoperária, depois de localizá-lo. volta à colméia e através de uma dança com movimentos e ritmos precisos informa às companheiras o local (direção e distância) da fonte alimentar. Fig 82- A DANÇA DA ABELHA A comunicação entre os seres é parte essencial de seus ajustamentos, como instrumento de solicitações, de cooperação, de abertura ao sexo. Sons, gestos, emissão de odores, posturas e outras formas de expressão permitem que os indivíduos emitam suas mensagens e que as espécies se entendam. A troca de informações tem o sentido genérico de defesa, uma vez que representa economia de esforços no reconhecimento de situações. Fig 81 - TRABALHO PELA VIDA As termites (formigas brancas) vivem em sociedades; cada sociedade possui uma rainha, um rei e numerosos soldados e operários. Vê-se acima (através de um vidro) uma rainha (no centro, em forma de salsicha), operárias que a alimentam e se ocupam de seus ovos. O rei está em cima, à direita. A dança da abelha informa suas operárias sobre a localização de uma fonte de alimento que encontrou. A abelha indica o local em referência à posição do sol. Se executa a dança fora da colméia (a), a direção reta da dança apontará diretamente para a fonte de alimento. Se realiza sua dança dentro da colméia (b), se orientará por gravidade e o ponto diretamente acima da cabeça toma o lugar do sol. O ângulo X é o mesmo para ambas as danças. A distância entre a origem do alimento e a colméia é indicada pela velocidade com que executa a dança. A cooperação entre os seres evoluiu, em várias espécies, para a organização de grupos sociais. Colmeias, formigueiros, bandos de aves e comunidades humanas são algumas formas de defesa em grupo, que surgiram como respostas ao problema da obtenção do alimento, da conquista de espaço e da ameaça dos inimigos comuns. As vantagens da vida em grupo supõem um grande esforço adicional de adaptação, porque o indivíduo é compelido a aproximar-se e trocar concessões com seu semelhante. Da unidade (coesão) e organização do grupo é que resultará sua eficiência. Freqüentemente os interesses individuais são confrontados com os do grupo. A preservação da própria individualidade e da privacidade, dentro do grupo, são problemas novos e pertinentes, assim como o exercício de uma liberdade individual muito ampla. Desagregação, epidemias, superpopulação e falta de alimentos e espaço encontram-se entre as principais ameaças ao grupo. Competição e disputas intergrupais podem gerar dizimação ou expulsão de um deles de seu território. das formas de defesa da espécie é a seleção natural. Por este processo, diferentes fatores naturais adversos interagem com os indivíduos, eliminando os mais fracos e menos dotados e permitindo a sobrevivência dos "fortes". A DEFESA DA ESPÉCIE Mostra a biologia que a grande maioria das espécies surgidas na Terra já desapareceu, principalmente por causa de sua própria inabilidade em responder às mudanças do meio. Cada indivíduo, a par de sua própria vontade de viver. traz em seu íntimo um fortíssimo chamado à reprodução. É um apelo da espécie que enfrenta os desafios do ambiente como qualquer ser isolado. Por isso trabalha, no decorrer das sucessivas gerações, provendo a sua auto-preservação através de lentos ajustamentos ao meio e da contínua estimulação de seus indivíduos à procriação. Participam do aprimoramento ou degeneração da espécie um grande número de fatores do meio. notadamente as possibilidades alimentares. as condições do clima e os inimigos naturais. Uma A rã verde "Hyla goeldii" carrega seus ovos numa bolsa das costas. O hipocampo (cavalo marinho) abriga os seus em uma bolsa na barriga. Ambos estão protegendo suas crias durante as primeiras fases de seu desenvolvimento. Na verdade, muitos morrem prematuramente e só sobrevivem os melhor adaptados Fig 85 As espécies procuram, ainda, a preservação à custa da produção de grande número de descendentes em cada geração (o caso da enorme quantidade de filhotes numa desova de peixe ou do elevado número de ovos expelidos pelos vermes, por e x e m p l o ) . Outras formas de preservação são observadas na constante procura de ambientes mais favoráveis à sobrevivência, realizadas por populações inteiras de animais, através de migrações. Há, também, em várias espécies. a capacidade de produzir indivíduos dotados de altíssima resistência às adversidades do meio: são as formas de resistência, encontradas, por exemplo, entre amebas e giárdias (animais u n i celulares). quando as condições ambientais (acidez, ressecamento e t c . ) não estão propicias. Tais formas são dotadas de fortíssimo envoltório, boas reservas de nutrientes e capacidade de reprodução, podendo retornar à forma " v e g e t a t i v a " tão logo o meio se torne adequado. A reprodução entre os seres vivos pode ser sexuada ou assexuada, sendo esta última mais p r i m i t i v a . A reprodução sexuada se caracteriza pelo concurso de duas células, uma masculina e uma feminina, que se unem para formar a c é lula inicial do novo indivíduo, enquanto que na assexuada a célula inicial provém de uma única célula. Interessa-nos mais a reprodução sexuada. por ser a forma usada pelo homem. A realização desta função será aqui denominada sexo, para simplificação. Para as espécies primitivas, o sexo é uma questão puramente automática, envolvendo basicamente processos químicos de atração entre os s e r e s . Para as espécies animais superiores, incluindo o homem, o sexo torna uma verdadeira recompensa do viver ( * ) . estando ligado a forte motivação e prazer. As etapas do sexo assumem então variadíssimas formas para cada espécie. implicando condutas, gestos, dispêndio de energia. definição de território e t c . A comunicação entre os parceiros toma um significado de con(*) Cousteau, J. — "Instinct and Intelligence". World Publ ( U S A ) . 1.ª edição, pág 34. 1973 quista. em várias espécies, ocasionando o acasalamento mesmo após a reprodução. A descoberta do sexo faz-se paulatinamente desde o nascimento, com a descoberta do próprio corpo e paralelamente à do mundo (meio) . O exercício pleno da reprodução supõe, também, a maturidade orgânica, fato esse que participa do processo de seleção natural (aqui. os menos capazes já teriam sido eliminados nas etapas anteriores de sua vida) . A diminuição da atividade sexual nos indivíduos mais velhos ou naqueles acometidos de certas doenças é outra forma de defesa da espécie contra produtos conceptuais mal formados. Há que considerar-se também que a atração entre machos e fêmeas obedece a uma série de estímulos dos dois e do ambiente; definindo-se assim condições melhores ou piores para a procriação. Cabe t a m bém refletir que a atração por parceiros mais fortes, sadios ou capazes (para o homem haveria ainda outros valores como beleza, generosidade. altruísmo, posição e sucesso) faz parte de um tipo de seleção. A busca do parceiro, a escolha. a aceitação, todo um processo de reconhecimento compõe a fase inicial do relacionamento sexual. O sexo é basicamente regulado através de mecanismo hormonal, em estreita conexão com o sistema nervoso. Os hormônios masculinos e femininos não apenas estimulam e controlam os caracteres sexuais do organismo (órgãos genitais. conformação do corpo, localização de pêlos e penas, tipo de voz e t c ) , como regulam a produção de células e o processo de reprodução (gestação, oviposição. aleitamento, interesse sexual e t c ) . Os sentidos têm papel fundament a l , sobressaindo o tato e o olfato entre os mamíferos. Modificações gerais do meio interno são estabelecidas, por exemplo, na fêmea grávida ou na ave que está "chocando". Existe um delicadíssimo balanço entre os hormônios, regulado por determinação genética e por fatores ambientais, definindo etapas muito precisas na vida sexual. Um bom exemplo é o ciclo menstrual da mulher. O ato sexual é o ápice da busca entre os parceiros. abrindo a perspectiva do encontro entre as células de reprodução do macho e da f ê m e a . Jogos amorosos, carinho, ternura, excitação contatos, todo um ritual acontece como preparação ao ato, nas formas mais variadas entre as espécies. Ao nível do homem, o sexo tem uma grande significação individual indo além do contexto meramente biológico. Ao lado da conotação de prazer, surge a de realização pessoal (em termos de desempenho e capacidade), a de autoreconhecimento e de reconhecimento através do parceiro. Depreendemos que o sexo implica considerável volume de trabalho e de energia. Existem i m portantíssimas relações entre a reprodução e o estado nutricional. Defesas, esforço, alimento, saúde e ambiente assumem notável sentido relativamente ao sexo. A fase de vida e o interesse dos alunos dão margens para a discussão e enriquecimento acerca de todos esses temas a partir do estudo da reprodução. Fecundação. gravidez, abortamento, parto, cuidados com a prole e doenças venéreas seriam outros tópicos. entre muitos mais, dos quais o Professor poderia esperar bastante interesse e trabalho em classe. Situação 2 . 1 . 1.ª — • as observações anotadas dão alguma pista para você descobrir por que seus colegas comportam-se dessa ou daquela maneira? discutir com os outros colegas do grupo os achados de cada um e anotar a conclusão. Agora, cada colega poderá: • preparar um cartaz com bolas de mais ou menos 6 cm de diâmetro, em diferentes cores (amarelo, vermelho, verde, azul); • escolher um local bem iluminado e prender ali um cartaz; • calcular uma distância de 5 a 6 metros do cartaz e com um giz traçar no chão um círculo; • escolher um colega do meter ao seguinte t e s t e : — dentro do círculo, o as cores das bolas, direito, ora o olho os dois olhos; grupo para se subcolega deverá dizer -ora usando o olho esquerdo, e depois • repetir a experiência com os outros colegas, trocando cada vez o cartaz; • observar o desempenho de cada um e anotar as diferenças encontradas; • discutir com o professor e registrar a conclusão. CABRA CEGA TAREFA: "Olho por o l h o " Cada colega deverá: Em seguida, o grupo deverá: • • observar os colegas do próprio grupo e os outros que estão na sala de aula, v e r i f i c a n do a posição em que se colocam e as expressões faciais de cada um quando escreve, lê, copia do quadro-negro, ou, ouve o professor; anotar o que chamou mais a atenção e r e s ponder à seguinte indagação: • retirar do BI a ficha-ínformativa TÉCNICA PARA APLICAÇÃO DO TESTE DE A C U I D A DE VISUAL; • ler as instruções com atenção; • pedir a colaboração do professor na aplicação do t e s t e ; • observar e anotar como se saiu cada colega durante o teste; • discutir com os colegas e o professor, e, registrar a conclusão. 2.ª TAREFA: "Cabra-cega" O grupo deverá realizar a seguinte experiência: • colocar vendas nos olhos de dois colegas; • providenciar alguns objetos de formas e consistências variadas e pedir aos colegas de olhos vendados que os identifiquem; • discutir, em grupo, as reações dos colegas de olhos vendados; • formar um círculo em volta de um colega de olhos vendados a uma distância de mais ou menos dois metros e fazer o seguinte exercício: — • cada colega do círculo deverá chamar pelo nome o colega de olhos vendados e êste apontar aquele que o chamou e ir ao seu encontro; repetir a mesma experiência com mais dois ou três colegas e não se esquecer de mudar de posição na roda; • observar as reações de cada colega de olhos vendados e discutir com eles a experiên-, cia, e, como se sentiram; • anotar a conclusão. Uma sugestão: • 3.' conversar com um cego ou mesmo um velho, deficiente da vista: seria uma ótima TAREFA: "Pare, olhe, escute" Cada colega deverá: • tapar os ouvidos com bolas de algodão e fazer o seguinte jogo: — • anotar a conclusão. Depois o grupo poderá: • oportunidade de discutir a importância dos sentidos. pedir a um dos colegas para ditar em voz natural 2 ou 3 frases para que os outros escrevam. Retirar o algodão dos ouvidos e verificar o que cada um escreveu; discutir a experiência; relatar o que cada um sentiu e anotar a conclusão. Em seguida, o grupo poderá: • fazer um minuto de silêncio, com os olhos fechados; • anotar todos os ruídos que ouviram; • interpretar cada barulho, discutir as diferenças e anotar a conclusão. Sugestão: • tentar comunicar-se com um surdo-mudo; será também uma ótima oportunidade de discutir sobre a importância dos sentidos. No BI você encontrará a ficha-informativa LINGUAGEM MANUAL DOS SURDOS com o alfabeto, os algarismos e algumas palavras, que poderá ajudá-los na comunicação com pessoas surdas. 4.ª TAREFA: "Tira prova" Agora cada colega deverá: • responder: • retirar do BI os vidros com rótulo SENTIDOS; — • identificar o conteúdo de cada vidro, cheirando-os. e. anotar em um papel o tipo de líquido; que sentidos são mais usados na relação com cada uma das coisas do meio ambiente? — qual a importância dos sentidos nas atividades do dia a dia? • comparar as respostas dos colegas e verificar se houve coincidências; • discutir com o professor e anotar a conclusão. Em seguida, experimentar: 6.' TAREFA: • com um palito, provar o conteúdo de cada um dos vidros; O grupo poderá: • verificar se o gosto corresponde ao líquido identificado pelo cheiro; • comentar as descobertas e escrever a conclusão. • discutir e anotar a conclusão. 5.ª TAREFA: "Sombra e água fresca" Agora, você deverá: • descrever o que costuma fazer, em um dia, os lugares onde mais gosta de estar e as coisas do meio ambiente que fazem parte da sua vida. • preparar um relatório contendo os resultados das tarefas e a conclusão final do grupo; • apresentar para a turma se houver oportunidade. Observação: arquivar o relatório e as tarefas desenvolvidas no BI com: • nome da unidade e da situação; • nome dos componentes do grupo e a série. Situação 2.2 O LEVA E TRAZ 1.' TAREFA: Em Grupo: Primeiramente, cada um de vocês deverá observar o próprio corpo e o corpo do seu colega para verificar: • ler e discutir o que cada um escreveu; • partindo da descrição de cada colega, fazer duas listas: — o que fazemos no nosso dia a dia; — como se pode sentir o movimento do sangue no corpo; — — em que lugares se sente mais facilmente o sangue e por que. as coisas do meio ambiente que fazem parte de nossa vida. Em seguida cada colega deverá: • — fazer um desenho mostrando o movimento do sangue no corpo; • apresentar o desenho para os outros colegas do grupo, explicando-o; • discutir em grupo todos os achados e anotar a conclusão. 2.' TAREFA: O grupo deverá: • discutir as perguntas acima; • fazer uma lista das doenças que podem ser descobertas através do exame de sangue. Em seguida, o grupo poderá: Cada colega deverá agora, responder por escrito as seguintes perguntas: — Que o sangue leva e traz? — Para que ele percorre tantos lugares? — De que é ele constituído? — Será que o sangue pode ser considerado um instrumento de defesa do organismo? Por que? — Será que todas igual? Por que? — Que fatores podem influir na qualidade do sangue das pessoas? • anotar suas respostas, uma após as outras; • ler suas respostas para os colegas de grupo; • discutir as respostas de todos os companheiros; • discutir com o professor. as pessoas têm sangue 3/ TAREFA: — Por que, hoje em dia, é comum os médicos pedirem exame de sangue de seus clientes? — Pode-se detectar alguma doença através do exame de sangue? Que doenças? Que tipo de informações, pode fornecer um exame de sangue? • retirar a ficha-informativa EXAMES DE SANGUE do BI, ler, comparar e discutir os resultados dos exames de sangue apresentados; • conseguir em casa algum exame de sangue, de qualquer pessoa, para tentar interpretá-lo na sala de aula; • discutir e registrar a conclusão do grupo sobre o assunto. O grupo poderá ainda: • entrevistar um médico ou visitar um laboratório de análises clínicas, para complementar o estudo sobre o sangue. 4.ª TAREFA: Em grupo, vocês deverão: • retirar a ficha-informativa GRUPOS SANGÜÍNEOS, arquivada no BI; • ler com atenção as informações nela contidas e discutir; • guardar novamente a ficha no BI e tentar fazer o seguinte jogo: — cada colega deverá escrever em uma folha de papel o seu nome e o grupo sangüíneo a que pertence. Caso você não saiba qual o seu tipo de sangue. escolha como se fosse seu, um dos grupos sangüíneos básicos, ou seja: GRUPO A GRUPO B me do colega doador e o seu respectivo grupo sangüíneo; • GRUPO AB • GRUPO O em seguida, cada colega fará a mesma pergunta, anotando também na sua folha de papel o nome e o tipo de sangue do doador; um dos colegas deverá iniciar o jogo dizendo o seu grupo de sangue e perguntando quem lhe poderá doar sangue para uma transfusão sem perigo de acidente. Anotar na folha de papel o no- NOME DO COLEGA RECEBEDOR GRUPO DE SANGUE DO RECEBEDOR Agora, o grupo poderá: • retirar novamente a ficha-informativa GRUPOS SANGÜÍNEOS do BI e: — — comparar o quadro que fizeram com o quadro da ficha informativa; verificar se há riscos de acidentes por incompatibilidade nos grupos sangüíneos, no quadro que fizaram; fazer a apuração dos resultados, elaborando o seguinte quadro: NOME DO COLEGA DOADOR Apresentar os resultados para a turma, se houver oportunidade. Observação: arquivar o relatório e os resultados das tarefas no BI com: • nome da unidade e da situação; • nome dos componentes do grupo e da série. Situação 2.3. • GRUPO DE SANGUE DO DOADOR discutir os resultados do quadro e registrar a conclusão do grupo. O QUE É, O QUE É: PEGA E NAO DEIXA PEGAR? 5.ª TAREFA: V TAREFA: Preparar um relatório dos trabalhos desenvolvidos, selecionando as informações que possam ser úteis à vida do dia a dia da maioria das pessoas. 1) Você já se vacinou alguma vez? 2) Que é vacina? Para que serve? 3) Que vacinas você já tomou? Que aconteceu? Cada colega poderá: • responder por escrito às parguntas acima; • ler e discutir as respostas com os colegas de grupo; • discutir com o professor e anotar a conclusão; 2.' TAREFA: 1) Vacina não deixa pegar? Por que? de 30 anos, que também deverão preenchêlas, informando sobre as doenças que já t i veram e as vacinas tomadas; seria interessante, ainda, tentar obter essas mesmas Informações de algumas crianças menores de 3 anos, junto às suas mães; apurar os resultados por grupo de idade (crianças menores de 3 anos, colegas, pessoas com mais de 30 anos) e discutir com os companheiros as diferenças encontradas; discutir com o professor e registrar a conclusão; Agora você deverá: • 3/ Uma sugestão: Por que não aproveitar a oportunidade e fazer um pequeno arquivo pessoal com os seus documentos de saúde? As tabelas que você preparou são um bom começo. TAREFA: 1) Que são as vacinas? preencher as tabelas abaixo: TABELA I Cada colega deverá: TABELA • retirar do BI a ficha-informativa O QUE SÃO AS VACINAS; • ler e discutir com os colegas as informamações novas; • procurar explicações para suas experiências anteriores com as doenças. Por exemplo: porque determinada doença você só apanha uma vez na vida? Porque quem toma aquela vacina não pega aquela doença? e t c ; II Observação: se você tiver dificudades em lembrar-se das doenças que já teve e das vacinas que tomou, peça informações em casa, à sua mãe ou a outra pessoa. • discutir com os colegas de grupo as explicações levantadas e registrar a conclusão. 4.ª TAREFA: • 1) Onde encontrar informações sobre o programa de vacinação na localidade? Distribuir cópias das duas tabelas para outros colegas e algumas pessoas com mais Agora você poderá: • retirar do BI a ficha-informativa VACINAS e verificar que Serviços de Saúde são indicados para uma pesquisa de grupo; • planejar com os outros colegas uma visita ao órgão de Saúde para obter informações sobre as vacinas disponíveis na localidade, o programa de vacinação do Serviço, as doenças infecto-contagiosas que mais ocorrem na localidade etc. Procurar ainda o calendário de vacinação; • • • registrar todas as informações obtidas naquele local; consultando o calendário de vacinação e os dados colhidos durante a segunda tarefa (principalmente as tabelas I e II. "Doenças que já tive e Vacinas que já tomei" das crianças menores de 3 anos) comparar as idades recomendadas pelo calendário e as idades em que aquelas crianças se vacinaram. Anotar as diferenças encontradas; discutir com o professor as atividades desenvolvidas e anotar a conclusão. • Comparar e discutir os resultados dos cálculos; • listar os prejuízos de quem tomou a vacina (por exemplo, as reações indesejáveis etc.) e os prejuízos da doença relacionada à vacina; comparar as duas listas; • discutir com o professor e anotar a conclusão. 6.ª TAREFA: Em grupo: • discutir os benefícios das vacinas para a comunidade e preparar um relatório com as conclusões finais; • se houve.- oportunidade, apresentar os resultados para a turma. Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da situação e da unidade; • nome dos participantes do grupo e série. 5.ª TAREFA: Situação 2 4 QUEDA DE BRAÇO 1) Qual o custo de uma vacina? 1.ª TAREFA: O que faz você movimentar-se? 2) Qual o custo de uma doença? Cada colega deverá: O grupo poderia: • fazer o cálculo do preço de uma vacina aplicada: preço do produto e da aplicação; • fazer o cálculo do custo de algumas doenças relacionadas àquelas vacinas: despesas para o diagnóstico, para o tratamento e outras despesas. Observação: procurar informações em farmácias, serviços de saúde, etc. • observar cada parte de seu corpo e tentar fazer exercicíos de flexão com os braços, as pernas e o tronco; • observar os outros colegas e os movimentos que fazem; • discutir com os companheiros as observações de cada um; • responder, em grupo, à pergunta inicial; • discutir com o professor e anotar a conclusão. — boliche: no pátio da escola, Improvisar um boliche com 5 latas dispostas da seguinte maneira: Agora você poderá: • A uma distância de 5 metros, dois colegas deverão jogar, por 3 vezes, uma bola de meia ou de borracha de-diâmetro mais ou menos igual a 10 cm. O vencedor será aquele que derrubar o maior número de latas (se houver empate, repetir as jogadas ou contar melo ponto para cada u m ) , realizar as seguintes competições com seus companheiros: — queda de braço: com os cotovelos apoiados na carteira, dois colegas deverão cruzar os pulsos para medir forças. O vencedor será o que conseguir obrigar o adversário a dobrar o antebraço; — corrida: no pátio da escola, dois colegas deverão apostar uma corrida; ganha a disputa aquele que chegar primeiro ao ponto previamente determinado; Observação: conversar com o professor e os colegas e combinar a realização das competições no pátio ou outro lugar da escola. — equilíbrio: dois colegas deverão medir quem é capaz de equilibrar por mais tempo um cabo de vassoura na ponta dos dedos; Anotar em uma tabela (ver exemplo abaixo) os resultados, marcando um ponto para o vencedor da competição e 1/2 ponto em caso de empate. N.ª da Competição 1 2 3 Nome dos colegas Altura dos colegas Queda de braço Corrida João 1.20 m 1 1 eu 1,17 m Pedro 1,18 m eu 1.17 m 1 Marcos 1,19 m 1 eu 1.17 m 1 TOTAL DE PONTOS QUE EU FIZ: Equilíbrio 1 2 1/2 1/2 1 1/2 1 2 2 1 1 Soma de pontos 1/2 1 1 4 1/2 Boliche 1 3 1 • responder: 2/ — Cada colega deverá: — — • Que colegas ganharam de você na queda de braço, na corrida, no equilíbrio e no boliche? Será que existe alguma relação entre altura, força e coordenação muscular? Os colegas que ganharam na queda de braço e corrida foram os mesmos que venceram o boliche e o teste de equilíbrio? Houve diferenças? Por que? . Qual a importância da prática freqüente de um determinado exercício muscular? Discutir as respostas com o professor e anotar a conclusão. TAREFA: • observar e tocar a pele de diferentes partes de seu corpo: braços e mãos, pernas e pés, lábios e parte interior da boca, face, testa e t c ; • anotar todas as diferenças sentidas em relação a: aspecto, cor, grossura, temperatura; • discutir com os companheiros as observações e impressões de cada um; • anotar a conclusão. O grupo poderá: • examinar e acabar de completar o seguinte quadro: A pele, suas funções e a defesa Local Função Capacidade de defesa contra: ponta do dedo detectar temperatura fogo, calor, gueimadura de frio etc. língua • . . . sentir cheiro . . sola do pé resistir a pressões . » . • • • » • . poeira, ciscos pálpebra apalpar a forma das coisas • • • sentir odor • • • . . . • • • • • • • • • * • • • • • Agora você deverá: • Discutir com o professor e anotar a conclusão. • lembrar-se de um ferimento na sua pele: desde o início até a cicatrização (se algum colega estiver machucado, aproveite e faça uma observação direta no local ferido); • anotar o que ocorreu na pele durante o processo de cura do ferimento; • preparar um relatório com as conclusões f i nais do grupo; • discutir as anotações de cada colega e registrar a conclusão do grupo. • apresentar para a turma os resultados das tarefas, se houver oportunidade. Depois o grupo poderá: • • Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: procurar saber ou mesmo lembrar-se do que acontece quando alguém "quebra" o braço; • nome da situação e da unidade; discutir: • nome dos participantes do grupo e série. — o que "quebra"? Situação 2.5. — como fica o braço? — o que o médico faz? Pelo nome da situação, pode-se perceber que o assunto é sexo. Não só sexo, mas também o corpo e a reprodução. Que lhe interessaria aprender, estudar ou esclarecer sobre o assunto? — como ocorre a recuperação do braço? • registrar a conclusão do grupo. 3.ª TAREFA: Agora vocês poderão: • retirar do BI a ficha-informativa ALGUMAS NOTAS SOBRE O ESQUELETO, OS MÚSCULOS E A PELE; • ler e discutir as informações novas, relacionando-as com as atividades desenvolvidas; • responder: Esta será uma situação diferente das outras. Você e seus colegas decidirão o que fazer de acordo com as experiências e os interesses de cada um. Apenas para facilitar o trabalho do grupo apresentamos algumas sugestões: • atividades preliminares sobre temas vinculados ao relacionamento sexual entre homem/mulher. Por exemplo: — entrevistar várias pessoas de diferentes idades sobre namoro, casamento, ato sexual, procriação; — evocar e analisar os conteúdos de fotonovelas e novelas de rádio e televisão; — visitar uma maternidade: a sala de parto e o berçário; — observar e fazer algumas anotações da reprodução de outros mamíferos; — dominar o vocabulário específico do assunto, procurando em dicionários e em — Que faz você para aprimorar sua pele seus músculos e ossos? 4.ª TAREFA: Em grupo: • discutir o significado dos músculos, do esqueleto e da pele para as defesas de nosso corpo; UM HOMEM E UMA MULHER livros a definição e a explicação de termos como: bolsa d'água, cordão umbilical, placenta, fecundação, espermatozóide, ovulação, óvulo, zigoto, período fért i l , orgasmo, obstetrícia, ginecologia, esterilidade, impotência, frigidez e t c ; • nome da situação e da unidade; • nome dos participantes do grupo e série. Aplicação prática Orientação preliminar — — • discutir as informações das fichas O PERÍODO FÉRTIL NAS MULHERES e O CALENDÁRIO DA GRAVIDEZ, arquivadas no BI; usando um calendário, procurar calcular o período fértil de uma mulher com um determinado ciclo menstrual; pesquisar em jornais, revistas e livros ou, de outra maneira, alguns temas, tais como: respiração e alimento do feto dentro do ventre materno; adolescência: transformações do corpo e namoro; exame pré-nupcial, atendimento à gestante no período pré-natal, parto; doenças venéreas; defeitos congênitos: hereditários ou não; prostituição, virgindade, machismo, homossexualismo; controle da natalidade, e t c ; atividade de síntese — um debate sobre o sexo com a participação de toda a classe e de algumas pessoas de confiança do grupo. Como o tema é amplo, o grupo poderia escolher e convidar para o debate pessoas de diferentes áreas e informar-lhes, antecipadamente, os interesses e dúvidas dos colegas. Depois de desenvolver o trabalho: • discutir em grupo como a reprodução pode ser vista dentro da unidade AS DEFESAS DO HOMEM; • preparar finais. um relatório com as conclusões Observação: arquivar no BI o relatório das atividades desenvolvidas com: A realização das tarefas sugeridas nas situações — CABRA CEGA, O LEVA E TRAZ, O QUE É. O QUE É: PEGA E NÃO DEIXA PEGAR? QUEDA DE BRAÇO. UM HOMEM E UMA MULHER — possibilitará aos alunos a compreensão de alguns conceitos contidos no texto 2 — OS PROCESSOS NATURAIS DE DEFESA. Este texto, além de conter aberturas à elaboração de novas situações, servirá para o professor orientar os alunos que escolheram umas ou outras, apresentadas no diagrama da unidade AS DEFESAS DO HOMEM. No banco de informações (BI),«os alunos encontrarão a ficha-lísta das tarefas de cada situação escolhida e o material necessário para desenvolvê-las . Na situação CABRA-CEGA os .alunos deverão realizar várias atividades que envolvem os seus sentidos: o teste de acuidade visual e uma experiência com cores para identificar colegas daltônicos; um jogo com olhos vendados e outro com os ouvidos tampados para verificar a capacidade tátil e auditiva de cada companheiro; uma experiência para identificar líquidos usando apenas o olfato e o paladar. Ao final, os alunos discutirão e tirarão as suas conclusões sobre a importância do uso dos sentidos nas atividades do dia a dia. 0 professor fará o teste de acuidade visual, usando a escala optométrica, apresentada ao f i nal desta aplicação prática. Além das instruções contidas na ficha-informativa TÉCNICA PARA A APLICAÇÃO DO TESTE DE ACUIDADE VISUAL (ver informações no BI), será oportuno esclarecer que: 1 — o professor deverá dependurar a escala optométrica na parede à altura já determinada pelos alunos; entretanto, verificará, antes, se a altura demarcada está correta; 2 — o professor poderá preparar os alunos para o teste, explicando e demonstrando o que vai fazer e pedindo a cada um que indique a direção da abertura do gancho ( I — I ) : para cima ou para baixo, para a direita ou para a esquerda; 3 — durante a aplicação do teste, o professor observará os seguintes itens: • se a criança óculos; usar óculos, testar com os • testar sempre o olho direito (OD) primeiro e depois o olho esquerdo (OE), a fim de evitar possíveis confusões na anotação; • usar um lápis preto para indicar o sinal a ser lido de modo a não obscurecer o sinal indicado; • começar de cima para baixo, indicando 2 ou 3 sinais, por linha, sem estabelecer rotina. Os "ganchos" devem ser indicados de maneira incisiva e rápida: mudar ritmicamente de um sinal para outro evitando apressar o aluno, mas sem se demorar demasiadamente; • mostrar maior número de sinais das últimas linhas (20/30; 20/20, 20/15); • se o aluno titubear em alguma resposta, indicar um número maior de sinais, estimulando-o, para verificar se realmente é falha da visão; • anotar como resultado do teste, o percentual da última linha lida sem dificuldade; registrar separadamente os resultados de OD e OE; • verificar com o grupo de observação as anotações feitas; • encaminhar ao oculista o aluno (ou comunicar a seus pais) que não é capaz de identificar os sinais das linhas: 20/200, 20/130, 20/100, 20/80, 20/60, 20/50. Na experiência com as bolas coloridas, os alunos que tiverem dificuldade de distinguir as cores, especialmente o vermelho do verde, poderão ser daltônicos, isto é, portadores de uma doença de origem genética que afeta as células da retina (película interna do olho) responsáveis pela recepção e diferenciação das cores. O professor participará, ainda, da discussão final: o uso dos sentidos nas atividades do dia a dia. Analisando, junto com os grupos de alunos, uma atividade cotidiana qualquer — comer, por exemplo — o professor poderá ajudá-los a lembrar-se de quais dos sentidos fizeram uso naquela atividade e, a partir daí, reconhecer a importância dos órgãos dos sentidos na vida de cada um. Na situação o LEVA E TRAZ, os alunos deverão expressar seus conhecimentos sobre o sangue e suas funções, a partir da observação do próprio corpo; ler e discutir algumas informações sobre os exames de sangue e os grupos sangüíneos, além de fazer algumas atividades em torno desses dois assuntos. O professor estará atento aos conceitos emitidos pelos alunos. Por exemplo, um deles disse: "o sangue é o próprio movimento do corpo" (aluno de 5.º série que participou da experiência com a versão preliminar- deste Programa). Por que não discutir essa idéia ou outras tantas que surgirem, solicitando aos alunos mais explicações? Assim, o professor terá oportunidade de entender as idéias de seus alunos. Depois, poderia entregar-lhes algumas informações sobre o sangue, retiradas do texto Os Processos Naturais de Defesa, e estimulá-los a procurar relações entre as novas informações e os seus conhecimentos anteriores. O professor poderá também entrar nas discussões sobre os exames de sangue e grupos sangüíneos, propondo questões que levem os alunos a encontrarem, por si mesmos, as soluções para as suas dificuldades. Na situação O QUE É, O QUE É: PEGA E NAO DEIXA PEGAR?, os alunos deverão iniciar as atividades dizendo o que já sabem sobre as vacinas. Depois promoverão um inquérito entre colegas, crianças menores de 3 anos e adultos maiores de 30 anos, para obter dados sobre as doenças que já tiveram e as vacinas tomadas. Em seguida, lerão algumas informações sobre as vacinas e discutirão os dados novos, relacionando-os com os conhecimentos anteriores. Farão também, uma pesquisa sobre as vacinas nos Serviços de Saúde locais, onde poderão procurar um calendário de vacinação. Deverão ainda calcular o custo de uma vacina e o da doença a ela relacionada, além de discutir os seus benefícios para a comunidade. O professor ouvirá os conceitos expressos pelos alunos, estimulá-los-á a realizar o inquérito e a discutir os resultados. Como a maioria das vacinas apareceu há pouco tempo, verificar-se-ão as diferenças nos resultados quanto aos grupos de idade, o que constituirá ótima oportunidade de se fazerem comparações. Também poderá incentivar os alunos a buscarem informações nos Serviços de Saúde locais e examinar com eles os dados obtidos; discutir, ainda. os cálculos acerca do custo de uma vacina e o da doença a ela relacionada — o que possibilitará o reconhecimento da sua importância na prevenção das doenças. No caso do tétano por exemplo: a) • • Custo da vacina antitetânica: em uma farmácia verificar o seguinte: preço de uma ampola de anatox tetânico . . . . Cr$ preço da aplicação de uma injeção intramuscular Cr$ Total por dose: Cr$ Custo de 3 doses: Cr$ Lembrar que, nos Postos de Saúde, esta vacinação é gratuita para o público e que seu custo, para o Governo, pode ser estimado entre 20 a 30% do preço levantado na farmácia. b) Custo da doença: inicialmente notar que o tétano é uma doença grave, cujo tratamento. geralmente longo, deve ser realizado em hospital, e demandando quase sempre mais de 20 dias de internação. Verificar também que o tal tratamento implica uso de diversos medicamentos e equipamentos, além da v i gilância constante por parte de enfermagem especializada e que irá variar conforme cada caso. Para fins práticos da situação entretanto, poderse-ia supor, como custo mínimo aproximado para o tratamento de um tetânico adulto: • preço de 1 diária hospitalar comum multiplicado por 20 dias de Internação Cr$ • preço de 500cc de soro glicosado a 5% X 10 frascos Cr$ preço de 40.000 unidades de soro antitetânico (dose total) Cr$ • • preço de uma ampola relaxante (Valium ou Diempax) X 60 doses . . . Cr$ • preço de diária de uma enfermera X 20 dias . . Cr$ preço de uma consulta médica X 10 consultas Cr$ • TOTAL Comparar os custos: — vacinação tratamento Cr$ Será importante verificar, paralelamente, alguns dados acerca da letalidade dessa moléstia, que chega a mais de 80% de mortes entre crianças com tétano umbilical e a mais de 30% dos outros tétanos. (*) Esta pesquisa reforça as idéias anteriores, pois mostra que o preço da doença instalada pode ser ainda muito maior. Trabalhos análogos se experimentariam em relação a outras doenças preveníveis, como a difteria, a paralisia infantil e o sarampo. Na situação QUEDA DE BRAÇO, os alunos começarão por observar e experimentar os movimentos que o seu corpo é capaz de fazer e, participar, dois de cada vez, das competições sugeridas: queda de braço, corrida, boliche e equilíbrio. Depois, poderão discutir as funções da pele, analisar os processos de cicatrização de uma ferida e a consolidação de uma fratura óssea. além de estudar algumas informações sobre os músculos, o esqueleto e a pele. O professor ficará atento às explicações dos alunos e, com eles, discutirá os resultados das competições. A queda de braço e a corrida medem especialmente a força, enquanto que o boliche e o equilíbrio, a coordenação muscular. É importante lembrar que não existe uma relação (*) (Veronesi, R. — "Tétano" — in Doenças Infecciosas e Parasitárias. Ricardo Veronesi e colab.. Guanabara Koogan Ed., 6.ª edição, 1976). direta entre a força e a coordenação: assim, os alunos que venceram as provas de equilíbrio ou o boliche nem sempre vencerão a queda de braço ou a corrida. Além disso, cabe ressaltar que o treinamento ou exercício de uma parte do corpo favorece o seu desenvolvimento. A situação UM HOMEM E UMA MULHER não está necessariamente presa, a uma série de tarefas predeterminadas, diferindo assim das outras propostas neste Programa. Como o tema é o sexo, achamos que seria mais interessante os próprios alunos formularem a situação, de acordo com as experiências, os interesses, as curiosidades, as descobertas e dúvidas — peculiares à fase de desenvolvimento que estão vivendo. As sugestões apresentadas poderão servir de apoio à determinação das atividades pelos alunos, sem no entanto limitar ou excluir outros assuntos de interesse do grupo. Para a discussão final — o significado da reprodução no todo da unidade AS DEFESAS DO HOMEM — o professor poderá entregar aos alunos algumas informações do texto OS PROCESSOS NATURAIS DE DEFESA — subtexto A DEFESA DA ESPÉCIE — para ajudá-los a fazer uma reflexão mais ampla sobre a reprodução, função vital de todas as espécies. DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Informações do BI: — No banco de informações, os alunos deverão encontrar as fichas-listas das tarefas das situações escolhidas e o material necessário para desenvolvê-las. No tocante à situação CABRA-CEGA, será utilizado o seguinte material: • • • PREPARATIVOS PRÉVIOS: a) folhas de papel de várias cores (vermelho. azul, amarelo e t c ) , para o preparo do cartaz que será usado na respectiva experiência; objetos de formas e consistências variadas, por exemplo: borrachas, canetas, lápis, pedrinhas, pedaços de panos e de espumas, folhas, frutas e t c ; vidros rotulados SENTIDOS com líquidos diferentes, por exemplo: leite, água com polvilho ou maizena; água com açúcar ou sal; azeite ou óleo de cozinha; óleo de rícino; café e tintura de iodo; vinagre, chá e t c Ficha-informativa: TÉCNICA PARA A APLICAÇÃO DO TESTE DE ACUIDADE VISUAL O teste de acuidade visual é um recurso relativamente simples para medida da visão, detectando pessoas com dificuldade visual. Sua aplicação é indicada como um pré-requisito para o encaminhamento ao exame oftalmológico. 1. 2. MATERIAL NECESSÁRIO: — Escala optométríca — que consta de um cartaz com símbolos de diferentes tamanhos. Essa escala deve estar em poder do professor. 3. Oclusor — feito de papelão duro ou de madeira bem lixada. Na falta do oclusor, pode-se usar uma colher de sopa. O oclusor ou a colher, também deve estar com o professor. escolher um local para a aplicação do teste, com as seguintes características: — ter uma distância mínima de cinco metros de comprimento; — ser iluminado, sem ofuscamento (a luz deve vir de trás ou dos lados do colega que vai ser testado); — ser local razoavelmente quieto, para evitar o desvio de atenção; b) marcar na parede onde será dependurada a escala optométrica, à altura que corresponda ao nível da linha dos olhos dos colegas que se submeterão ao teste; c) riscar no chão uma linha paralela à tabela, a uma distância de 5 metros. APLICAÇÃO DO TESTE: Cuidados especiais: — o colega a ser submetido ao teste deverá ficar em pé, com os calcanhares sobre a linha traçada no chão, diretamente em frente à tabela; — os sinais da Escala, indicados pelo professor, serão identificados, usando primeiro o olho direito, depois o olho esquerdo; — o próprio examinando segurará o oclusor ou a colher tampando o olho que não está sendo testado; — o olho não deverá ser apertado com o oclusor ou com a colher, pois qualquer pressão sobre o globo ocular pode prejudicar a visão. Para o desenvolvimento da situação O LEVA E TRAZ, será necessário o seguinte material: • ficha informativa — O SANGUE — que o professor deverá preparar, retirando algumas informações sobre esse assunto do texto OS PROCESSOS NATURAIS DE DEFESA; • ficha informativa EXAMES DE SANGUE, apresentada a seguir: Observações: — — • O professor fará a aplicação do teste de acuidade visual, colocando ele mesmo a escala no lugar previamente determinado pelos alunos, e, em seguida dando início ao teste. O grupo de alunos observará e registrará as reações de cada colega durante o teste. ficha-informativa LINGUAGEM MANUAL DOS SURDOS, apresentada a seguir: Fig. 86 Ficha-informativa: EXAMES DE SANGUE O sangue, por sua condição de "leva e traz", se presta a fornecer numerosas e valiosíssimas informações sobre o estado e o funcionamento do corpo. Pequenas quantidades de sangue podem ser retiradas de uma veia e submetidas a testes e medidas capazes de dizer se algo não vai bem, ou se algo está acontecendo. Para exemplificar, relacionamos aqui alguns tipos de exames: a) Dosagens físicas do sangue: contagem do número de células e verificação do seu tipo; dosagem da hemoglobina circulante; verificação da capacidade de transporte do oxigênio e gás carbônico; verificação da viscosidade do sangue; de seu teor de água; da sua acidez etc. b) Dosagens chamadas bioquímicas: medida das quantidades de hormônios e enzimas circulantes (detectam por exemplo, problemas da tireóide, ou esclarecem distúrbios do crescimento); medida da glicose do sangue (verificação do diabetes); da uréia (funcionamento dos rins); de gorduras; estudo das proteínas circulantes etc. c) Procura de microrganismos circulantes, como o agente da malária; bactérias; Trypanosoma cruzi da doença de Chagas e outros. d) Exames imunológicos: nesse tipo de exame, procura-se detectar anticorpos existentes contra determinadas doenças, que podem indicar uma infecção atual ou passada. De mo- mos. Têm capacidade de fagocitose e são muito ativos. do geral, coloca-se o soro do paciente em contato com reagentes específicos para cada doença ou grupo de doenças. Havendo anticorpos circulantes, estes se combinarão com os reagentes colocados, produzindo um fenômeno físico determinado, ou seja: mudança de cor, precipitações, aglutinação de partículas etc. — Eosinófilos: são células dotadas da capacidade de fagocitar de modo mais lento. Um aumento do número de eosinófilos no sangue está associado às reações alérgicas do organismo. A seguir, apresentamos algumas informações, valores e exemplos relativos aos exames de sangue mais comuns: — Basófilos: têm capacidade de fagocitose, embora não sejam muito ativos nessa função. Hemácias ou hemálias: no homem, cada mm3 de sangue contém em média 5 milhões de hemácias, enquanto que na mulher 4,5 milhões. A cor das hemácias ou glóbulos vermelhos, é dada por uma substância rica em ferro chamada hemoglobina. A percentagem de hemoglobina no sangue de um adulto normal é de 15% a 17% (quer dizer: 15 g de hemoglobina para cada 100 g de sangue). — Linfócitos: são capazes de fagocitose, embora não sejam particularmente ativos nessa função. Nas áreas de inflamação só aparecem tardiamente, estando relacionados com a defesa por meio de anücorpos. • • O número de leucócitos (glóbulos brancos) em um adulto normal é de 5.000 a 10.000 por mm3 de sangue. Há vários tipos de leucócitos e o seu aumento exagerado, indica que existe um processo infeccioso instalado no organismo da pessoa. A tabela abaixo mostra a percentagem dos diversos leucócitos no sangue de um adulto normal, o que constitui a chamada leucometria diferencial: TIPO DO LEUCÓCITO Eosinófilos . . . . . . . Monócitos Percentagem do número total de leucócitos 55 a 65% 2 a 3% cerca de 0,5% 25 a 35% 3 a 10% — Funções dos leucócitos: — Neutrófilos: constituem a 1 . a linha de defesa celular contra a invasão de microrganis- — Monócitos: após travessar a parede dos capilares e penetrar no tecido conjuntivo, o monócito torna-se muito ativo na fagocitose. • Resultados dos exames de sangue encontrados em pessoas com algumas doenças, para uma comparação com os dados fornecidos anteriormente: ANEMIA FERROPRIVA Resultado Hemátias Hemoglobina . . . . . Leucometria global . . . Leucometria diferencial: Linfócitos Monócitos Basófilos Eosinófilos Neutrófilos 4.000.000 p/mm 3 10% SEM ALTERAÇÃO Aqui há deficiência de hemoglobina por falta de ferro na dieta ou por consumo exagerado de hemoglobina. O n.° de hemátias também tende a baixar. real de 2.500 linfócitos por mm3 de sangue, o que está dentro do normal. Entretanto, 50% de linfócitos em um indivíduo com 20.000 leucócitos por mm3 de sangue, traduz na realidade 10.000 linfócitos isto é, aumento anormal dos linfócitos que caracteriza um processo infeccioso. (Na leucometria diferencial, o n.° de eosinófilos poderá estar aumentado, indicando que a causa da anemia seria a verminose). VERMINOSES Resultado Hemátias Hemoglobina Leucometria global Leucometria diferencial: Linfócitos Monócitos Basófilos Eosinófilos Neutrófilos SEM ALTERAÇÃO 8.000 p/mm 3 25% 3% 0,5% 15% 55% Note-se o aumento de eosinófilos, células que parecem participar ativamente na defesa contra os vermes. Este quadro é comum nas fases iniciais da esquistossomose e também na estrongiloidose. Aparece ainda em alguns estados alérgicos. OUTROS VALORES EM EXAMES DE SANGUE NORMAL: • • • Glicose no sangue: 80 — 120 mg % Bilirrubinas (pigmento biliar): até 1,0 g % Uréia: 15 a 45 mg % • Total de proteínas circulantes: 6 — 8 g % Tempo para coagulação: 4 a 8 minutos OBSERVAÇÕES: • Nas contagens leucocitárias deve-se levar em conta não apenas a percentagem de cada tipo celular, mas também o número total de cada célula. Por exemplo: 50% de linfócitos em um indivíduo com 5.000 leucócitos por mm3 de sangue, traduz uma concentração (*) FONTE: Revista A Saúde do Mundo, julho de 1968. • Leucometria global: significa o número total dos glóbulos brancos existentes em 1 mm3 de sangue examinado; • Leucometria diferencial: indica a percentagem de cada tipo de leucócito existente em cada mm3 de sangue examinado. Ficha-informativa OS apresentada a seguir: GRUPOS SANGÜÍNEOS, Ficha-informativa OS GRUPOS SANGÜÍNEOS* Foi em 1901 que o Dr. Karl Landsteiner, de Viena, observou que misturando-se tipos diferentes de sangue de animais ocorria uma aglutinação dos glóbulos. Ele demonstrou que o mesmo se dava com o sangue humano e, trabalhando então com grande série de amostras, determinou os grupos sangüíneos básicos A, B, AB, O, que desde então são utilizados para os casos de transfusão de sangue. Através de um simples teste, misturando-se as amostras de sangue de duas pessoas, pode-se ter a certeza que não ocorrerá uma aglutinação, o que tornaria a transfusão perigosa e às vezes mortal. O teste é feito da seguinte maneira: quando se mistura uma gota de sangue de uma pessoa com a de outra, pode-se observar através do microscópio que as hemácias se unem umas às outras formando monticulos. Quando isso ocorre, dizemos que houve aglutinação, indicando que o sangue dessas duas pessoas é incompatível, isto é, não combinam. Outras vezes, quando o sangue de duas pessoas é -misturado sem que seja observada qualquer aglutinação, dizemos que os sangues são compatíveis, isto é, combinam, podendo portanto, processar-se a transfusão sem risco de acidentes. O quadro abaixo mostra possíveis combinações dos grupos sangüíneos A, B, AB, O. O sangue ti- GRUPO SANGÜÍNEO DO RECEBEDOR po O é um doador universal, isto é, pode doar sangue para qualquer um dos outros tipos; o tipo AB é um recebedor universal, ou seja, pode receber sangue de qualquer outro tipo, mas não pode ser doador a não ser para outra pessoa que seja tipo AB. GRUPO SANGÜÍNEO DO DOADOR GRUPO 0 GRUPO A GRUPO B GRUPO AB GRUPO 0 GRUPO A GRUPO B GRUPO AB OBSERVAÇÃO: — As bolas vermelhas indicam que o sangue do doador é compatível com o do receptor, podendo portanto fazer-se a transfusão sem perigo de ocorrer aglutinação; — As bolas pretas indicam que o sangue do doador é incompatível com o sangue do receptor, havendo portanto perigo de acidentes (choques) durante a transfusão. O fator RH encontrado em sangue humano é também aglutinante. A transfusão de sangue RH positivo em pessoa com RH negativo sensibiliza-a, de modo que uma segunda transfusão pode acarretar reações perigosas e de graves conseqüências. Mães com RH negativo podem dar à luz a uma ou duas crianças sadias, e, em seguida terem filhos atingidos por uma doença hemolítica, ou filhos que morrem após o nascimento. Hoje em dia a ciência consegue prevenir este problema, "vacinando" a mãe após o nascimento do primeiro filho. O que acontece é que o organismo da mãe "estranha" o sangue diferente do fi- lho, fabricando anticorpos contra ele. Como a quantidade de anticorpos é pequena na primeira gestação, o primeiro filho não sofre doença hemolítica, mas os seguintes ficam sujeitos a sofrê-la. A "vacina" de que falamos é capaz de neutralizar esses anticorpos e deve ser dada logo após o parto. Para o desenvolvimento da situação O QUE É, O QUE É: PEGA E NÃO DEIXA PEGAR? será necessário o seguinte material: • ficha-informativa — VACINAS — que o professor deverá preparar com os seguintes dados: — nome, endereço e horário tos dos Serviços de Saúde visitarão para obter dados disponíveis na localidade, vacinação etc. de atendimenque os alunos sobre vacinas programas de A fim de preparar essa ficha, o professor entrará previamente em contato com os Serviços de Saúde locais e informar-se-á em qual deles os alunos poderão fazer a pesquisa; • ficha-informativa QUE apresentada a seguir: SÃO AS VACINAS, Ficha-informativa: QUE SÃO AS VACINAS Os glóbulos brancos são células do sangue que se especializam nas defesas do organismo contra agentes estranhos. Existem diferentes tipos de glóbulos brancos. Alguns têm a capacidade de fagocitose: a célula ataca qualquer invasor e a ele se adere; em seguida engloba-o e lança sobre ele poderosas substâncias para digeri-lo. Outros glóbulos brancos são capazes de reconhecer e memorizar as características do agente agressor, produzindo reações defensivas mais elaboradas e de maior duração, através da produção de anticorpos ou, reconhecendo o invasor e atacando-o. Anticorpos são moléculas protéicas capazes de destruir germes, neutralizar toxinas produzidas pelos micróbios, ou venenos como os da cobra. Se determinada infecção está ocorrendo pela primeira vez, a produção de anticorpos é mais lenta, porque os glóbulos brancos têm que aprender a fabricá-los. Entretanto, uma segunda agressão resulta em pronta e maciça produção de anticorpos, porque aqueles glóbulos brancos "memorizaram" as características do invasor e já têm um "programa" para a resposta imediata. Ao vacinar uma pessoa, estamos simplesmente induzindo a produção de anticorpos ou de células competentes contra determinado agente (que pode ser uma bactéria, um produto bacteriano, um vírus e t c ) . As vacinas nada mais são que o AGENTE INVASOR (ou parte dele) cientificamente preparado de forma a provocar a produção desse tipo de defesa, mas sem causar os inconvenientes da doença. Quando muito, causam uma pequeníssima reação, uma "mini-doença", como no caso da vacina antivariólica ou do sarampo. A introdução da vacina no organismo, então, "en- sina-o" a reconhecer e defender-se do agente. Alguns tipos de vacinas necessitam de 3 ou mais doses para conseguir um volume suficiente de anticorpos, que permanecerão em ação, por períodos variáveis. Após esse tempo, os anticorpos começam a ser eliminados, havendo então a conveniência de uma dose "extra" de vacina, à qual o organismo responde prontamente produzindo altos níveis de anticorpos. Essa dose "extra" ó o chamado reforço. Alguns anticorpos conseguem passar de mãe para filho durante a gestação conferindo à criança ao nascer, importantíssima proteção contra algumas agressões do meio. Estes anticorpos duram 2 a 3 meses e então o organismo da criança tem que fabricar os seus próprios, a partir de uma doença ou vacinação. Isto explica porque é muito raro uma criança, durante o 1.° mês de vida, adoecer de sarampo, coqueluche ou cachumba. Explica também a grande conveniência de vacinarem-se as gestantes contra o tétano, para proteger os recém-nascidos com anticorpos passados pela placenta. A alimentação natural dos bebês, isto é, com leite materno, transfere e eles alguns anticorpos da mãe e os tornam menos vulneráveis às infecções. Podemos preparar anticorpos artificialmente e usá-los em situação de emergência, como no caso de picaduras de cobras venenosas. Trata-se do "soro", que neste exemplo, seria o soro antiofídico, capaz de neutralizar o veneno circulante e impedir a progressão dos seus efeitos. A preparação do soro é usualmente feita em cavalos que recebem doses não mortais do veneno e passam a produzir enormes quantidades de anticorpos circulantes. O "soro" retirado do sangue desses cavalos é que — com seus anticorpos — será o remédio salvador para o homem. Para o desenvolvimento da situação QUEDA DE BRAÇO será necessária a ficha-informativa ALGUMAS NOTAS SOBRE O ESQUELETO, OS MÚSCULOS E A PELE, apresentada a seguir: Ficha-informativa: ALGUMAS NOTAS SOBRE O ESQUELETO, OS MÚSCULOS E A PELE Esqueleto (Do grego skeletós, isto é, ántropos skeletós, 'homem seco, múmia', conjunto de ossos e cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo d06 animais vertebrados; ossatura, ossamenta. Os ossos compõem o principal sistema de sustentação da maioria dos vertebrados. Ligam-se à musculatura esquelética e participam dos principais movimentos voluntários. Há ossinhos especiais destinados a transmitir as vibrações sonoras no ouvido médio, enquanto outros ossos formam verdadeiras carapaças de proteção mecânica (o crânio e a caixa toráxica). Os ossos podem, ainda, ser arcabouço para órgãos voadores (asas), podem participar da finíssima aparelhagem da mão do homem e podem sustentar os dentes para a mastigação ou ajudar a movimentação da respiração. Apesar de o esqueleto ser o símbolo da morte, o tecido ósseo é bem vivo. Mesmo sendo constituído, em grande parte, de materiais inertes, tais como os sais de cálcio e fósforo, os ossos mostram grande atividade especialmente na sua porção mais interna — a medula. Aí estão numerosos vasos sangüíneos e há intensa produção de sangue e células de defesa. Músculo (Do latim musculu, diminutivo de mus, rato. A contração de um músculo sob a pele dá a impressão de um ratinho que se esgueira): órgão constituído pela reunião de muitas fibras cujas contrações determinam os movimentos de várias partes do corpo dos animais. A capacidade de contração das fibras musculares se deve à presença de proteínas especiais no interior das fibras. Essas proteínas são denominadas actina e miosina. Quando um estímulo nervoso chega à fibra, inicia-se uma série de reações químicas. Como efeito dessas reações as moléculas de actina e miosina deslizam entre si e a fibra se encurta ou se contrai. A contração de várias fibras provoca a contração do músculo. O mecanismo básico do movimento é esse encurtar-relaxar de cada músculo. Movimentos complexos do corpo sempre resultam de combinações entre músculos diferentes ou de diversificação na orientação de grupos de fibras do mesmo músculo. Existem três tipos diferentes de músculos nos vertebrados; conforme a constituição física, o tipo de função e o comando nervoso para sua contração. São os músculos esqueléticos, os lisos e o músculo cardíaco. O quadro abaixo sintetiza suas diferenças: Quadro: Comparação entre os tros tipos de músculos de um vertebrado. Músculo Tipo de fibra Comando nervoso Local de ação e exemplos Esquelético estriada Voluntário Geralmente sobre ossos. Movimentos externos do corpo. Braços, pernas, pálpebras. Liso não estriada Autônomo (não voluntário) Vísceras, vasos. Contrações do intestino, bexiga, pupilas, vesícula. Cardíaco estrias especiais Autônomo Contração das cavidades do coração. Pele: membrana mais ou menos espessa que reveste exteriormente o corpo humano, bem como o dos animais vertebrados e o de muitos outros. A pele é um importantíssimo órgão de defesa que desenvolve inúmeras funções. Os animais entram em contato com o meio externo através da pele que cobre toda a superfície do seu corpo. A pele protege o corpo da penetração de microrganismos, das irradiações do ambiente, das injúrias de agentes químicos e físicos. A pele participa muito ativamente da manutenção do balanço da água no organismo, regulando as perdas de água através de mecanismos como a eliminação do suor. Como barreira mecânica, a pele apresenta camadas sucessivas de células com diferentes atribuições. No homem estas camadas são três, contando-se de fora para dentro: epiderme, derme e tecido subcutâneo. A epiderme (do grego 'por cima da pele') é uma lâmina fina e muito compacta. Suas células mais externas estão mortas e formam uma ótima carapaça protetora. Nos locais de maior carga sobre a pele, a epiderme pode desenvolver-se muito, como nas solas dos pés daqueles que andam descalços ou nos calos das mãos de lenhadores e capinadores. Em alguns animais, a barreira da epiderme é tão desenvolvida, que fica praticamente intransponível, como em elefantes e rinocerontes. A epiderme está em constante renovação, descarnando suas células da superfície mais externa e formando. novas fileiras na base. Aí se formam células especiais de cor amarronzada — os melanócitos — que aumentam sob a influência de exposições ao sol, dando o bronzeado da pele. O tecido subcutâneo (do latim 'debaixo da pele') é a camada mais profunda, rica em tecido fibroso e células de gordura.É uma espécie de colchão para as outras camadas, participando da resposta contra o frio e absorvendo impactos exteriores. A gordura acumulada tem ainda funções de reserva de nutrientes. A derme (do grego 'pele') é uma camada logo abaixo, formada por tecido elástico, rico em vasos sangüíneos, pontas de nervos e músculos. A derme é responsável pela nutrição e elasticidade da pele; participa, ainda, da regulação da temperatura do corpo. Esta função se realiza através da dilatação ou constrição dos vasos sangüíneos da derme, possibilitando maior ou menor perda de calor. Além disto, no frio há contração dos músculos da derme e a pele se arrepia, diminuindo a perda de calor. Ficha-informativa: O PERIODO FÉRTIL NA MULHER A pele desenvolve anexos que participam de suas funções. Pêlos, penas, cabelos, unhas, chifres, esporas e cascos são, em geral, modificações da epiderme. Constituem, muitas vezes, formidáveis equipamentos de defesa para as espécies animais. Quando ocorre um corte na pele desencadeia-se o trabalho de cicatrização, destinado a fechar a abertura e recuperar no maior grau possível as funções que ali eram realizadas. O esquema seguinte apresenta as etapas da cicatrização de uma ferida quando não ocorre infecção: Para o desenvolvimento da situação UM HOMEM E UMA MULHER, sugerimos: • ficha-informativa A REPRODUÇÃO, que o professor poderá elaborar retirando algumas informações sobre esse assunto do texto 2 — OS PROCESSOS NATURAIS DE DEFESA; • fichas-informativas O PERIODO FÉRTIL NA MULHER e o CALENDÁRIO DA GRAVIDEZ, apresentadas a seguir: Se a mulher conhece a duração de seu período menstrual mais longo, poderá usar a tabela abaixo para constatar, sem cálculos aritméticos, seu primeiro e último dias férteis. O primeiro dia da menstruação é contado como dia 1. Assim, no calendário, uma mulher com um período normal de 28 dias, que começar a menstruação no dia 1.°, terá seu primeiro dia fértil a 10 daquele mês e o último a 17. Um registro de seus ciclos durante 12 meses, é indispensável neste cálculo do Duração do Período menstrual 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 dias dias dias dias dias dias dias dias dias dias dias ritmo e leva em conta uma possível margem de erro. Primeiro dia de fertilidade 6.° 7.° 8.° 9.° 10.° 11.° 12.° 13.° 14.º 15.° 16.° dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia ultimo dia de fertilidade 13.° 14.° 15.° 16.° 17.° 18.° 19.° 20.° 21.° 22.° 23.° dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia • A parte sombreada mostra o periodo fértil da mulher. O CALENDÁRIO DA GRAVIDEZ — segundo Naccele NÚMEROS NEGROS: Data da última regra. NÚMEROS EM COR: Data provável do parto Jan Out 1 8 2 9 3 10 4 11 5 12 6 13 7 14 8 15 9 18 10 17 11 18 12 19 13 20 14 21 15 22 16 23 17 24 18 25 19 26 20 27 21 28 22 29 23 30 24 31 25 1 26 2 27 3 28 4 29 5 30 6 Fev. Nov 1 8 2 9 3 10 4 11 5 12 6 13 7 14 8 15 8 16 10 17 11 18 12 19 13 20 14 21 15 22 16 23 17 24 18 25 19 26 20 27 21 26 22 29 23 30 24 1 25 2 26 3 27 4 28 5 Mar. Dez 1 6 2 7 3 8 4 9 5 10 6 11 7 12 8 13 9 14 10 15 11 16 12 17 13 18 14 19 15 20 16 21 17 22 18 23 19 24 20 25 21 26 22 27 23 28 24 29 25 30 26 31 27 1 28 2 29 3 30 4 5 10 6 11 7 12 8 13 9 14 10 15 11 16 12 17 13 18 14 19 15 20 16 21 17 22 18 23 19 24 20 25 21 26 22 27 23 28 24 29 25 30 26 31 27 1 28 2 29 3 30 4 11 15 12 16 13 17 14 18 15 19 18 20 17 21 18 22 19 23 20 24 21 25 22 26 23 27 24 28 25 1 26 2 27 28 4 29 5 30 6 13 20 14 21 15 22 16 23 17 24 18 25 19 26 20 27 21 28 22 29 23 30 24 31 25 1 26 2 27 3 28 4 29 5 30 6 31 7 Dez. 31 5 Abr Jan 1 6 2 7 3 8 4 9 Mai. Fev 1 5 2 6 3 7 4 8 5 9 6 10 7 11 8 9 13 10 14 Jun Mar 1 8 2 9 3 10 4 11 5 12 6 13 7 14 8 15 9 16 10 17 11 18 12 19 Jul. Abr 1 2 8 3 9 4 10 5 11 6 12 7 13 8 14 9 15 10 16 11 17 12 18 13 19 14 20 15 21 16 22 17 23 18 24 19 25 20 26 21 27 22 28 23 29 24 30 25 1 26 2 27 3 28 4 29 5 30 6 31 Ago. Mai 1 2 9 3 10 4 11 5 12 6 13 7 14 8 15 9 16 10 17 11 18 12 19 13 20 14 21 15 22 16 23 17 24 18 25 19 26 20 27 21 28 22 29 23 30 24 31 25 1 26 2 27 3 28 4 29 30 6 31 Set. Jun 1 2 9 3 10 4 11 5 12 6 13 7 14 8 15 9 16 10 17 11 18 12 19 13 20 14 21 15 22 16 23 17 24 18 25 19 26 20 27 21 28 22 29 23 30 24 1 25 2 26 3 27 4 28 5 29 6 30 Out. Jul. 1 8 2 9 3 10 4 11 5 12 6 13 7 14 8 15 9 16 10 17 11 18 12 19 13 20 14 21 15 22 16 23 17 24 18 25 19 26 20 27 21 28 22 29 23 30 24 31 25 1 26 27 3 28 4 29 5 30 6 Nov. Ago. 1 8 2 9 3 10 4 11 5 12 6 13 7 14 8 15 9 16 10 17 11 18 12 19 13 20 14 21 15 22 16 23 17 24 18 25 19 26 20 27 21 28 22 29 23 30 24 31 25 1 26 2 27 3 28 4 29 5 30 6 Dez. Set 1 7 2 8 3 9 4 10 5 11 6 12 7 13 8 14 9 15 10 16 11 17 12 18 13 19 14 20 15 21 16 22 17 23 18 24 19 25 20 26 21 27 22 28 23 29 24 30 25 1 26 2 27 3 28 4 29 5 30 6 1 Texto 3. O HOMEM E AS SUAS DEFESAS O homem e suas defesas O grupo social como defesa do homem Ciência e tecnologia O homem e seu melo Conclusão: a procura da saúde O homem e suas defesas: Ao longo de sua história, o homem tem sido uma espécie bem sucedida sobre a Terra. A população humana tem aumentado progressivamente, bem como a duração média da vida do homem, em muitas regiões. A espécie alastrou-se por to^ Nov. C Jan. Fev 31 7 Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. 31 7 Ago. Set. 31 7 Out. dos os rincões do planeta e tem conseguido sobreviver em regiões e condições praticamente inviáveis para outros animais. Sob este aspecto o homem tem superado as demais criaturas viventes, colocando muitas delas a seu serviço. Embora muito longe de tornar-se um "senhor da natureza", ele na realidade dominou alguns setores e modificou ambientes, conquistando espaços e energia. Muitos fatores tornaram-se responsáveis pela ascensão do homem. Pode-se dizer que os equipamentos biológicos e as capacidades inatas da espécie foram o alicerce que sofreram lentos e progressivos ajustamentos, no decorrer da evolução. O desenvolvimento da vida de grupo e o aprimoramento das funções intelectuais, interde- pendentes e paralelos, ao longo das gerações, por milhões de anos, consolidaram o nascimento da tecnologia moderna, com todas as suas conseqüências. Pode-se dizer que as conquistas do homem foram na maioria embasadas nas necessidades de defesa. No decorrer do texto "O homem e suas defesas" tentar-se-á estimular a lembrança e o reconhecimento de algumas destas conquistas, com ênfase maior nas grandes indagações do Programa: — "como pode o homem, esse homem que hoje é o meu aluno, conquistar e assegurar os valores mais pertinentes à sua vida? "Que defesas, que aptidões deveria desenvolver, aqui e agora, frente às ameaças de seu meio e às necessidades do seu ser? Que fazer hoje pela sua saúde? Que deverá fazer ele no futuro para a saúde dos seus filhos?" As defesas naturais do homem foram os instrumentos iniciais de sua caminhada durante milhares de anos. Pele, esqueleto, anticorpos, sentidos, enfim o organismo inteiro participou do tremendo esforço que garantiu a sobrevivência da espécie humana enquanto muitas outras desapareceram. Não se contando o desenvolvimento do cérebro e da inteligência — conquistas maiores do homem — uma série de características biológicas apresentaram enorme significado, diferenciando-o e dando-lhe vantagens. Poderiam ser citadas três das mais relevantes: 1. a capacidade de comer de "tudo" — Não dependendo somente de algumas poucas fontes de alimento, o homem pode suportar mais facilmente as mudanças de ambiente que as espécies com necessidades alimentares mais restritas. Caules, raízes, leite, frutos, moluscos, folhas, ovos, Insetos, tubérculos, carnes variadas, crustáceos e mais uma infinidade de alimentos, têm sido as alternativas alimentares do homem isoladamente ou em múltiplas combinações; 2. o polegar oponível — É uma das maiores con- Cl Nilson, L. "As descobertas do homem", Nórdica Ed. (Rio), pág. 153, 1974. quistas do homem. Trata-se de posição al- tamente diferenciada do polegar nas mãos, com musculatura que possibilita sua oposição aos demais. Com isso o homem pode "segurar" as coisas e valorizar movimentos finíssimos e de grande habilidade, que, praticamente, não são encontrados nos outros animais. Além do aspecto motor acima mencionado, o polegar oponível possibilitou ao homem ter uma face mais delicada do que a que teria se tivesse que utilizar a boca para segurar objetos. Parece que esse fato foi de Importância fundamental na emissão de sons diferenciados pela boca, de grande contribuição para o desenvolvimento da linguagem. 3. andar sobre dois pés — Esta capacidade, como as demais, desenvolveu-se pela evolução. Ao colocar-se de pé, embora isto lhe custe uma carga maior sobre a coluna, o homem adquiriu uma série de vantagens, tais como enxergar mais longe, podendo divisar melhor as ameaças, a comida, o abrigo. Também ficou com as mãos livres para o trabalho e a luta, além de usá-las para tatear o ambiente e comer. O cérebro e a inteligência — O grande salto do homem foi o desenvolvimento de seu sistema nervoso. Esse grande conjunto de células e fibras, que na espécie humana é relativamente muito mais volumoso que em qualquer outra, possibilitou o desenvolvimento da mais notável capacidade biológica: a de raciocinar usando símbolos. Este talento é que nos permite emitir e receber informações codificadas, arquivar e desenvolver técnicas, combinar os símbolos e dados em inúmeras sínteses novas,(criar)desenvolver a Arte, a Ciência e a Filosofia, "É através do cérebro que entendemos o mundo sendo capazes também de construí-lo e modificá-lo no bom e no mau sentido, por caminhos e formas impossíveis para outras espécies(*). Alguns primórdios de inteligência podem ser encontrados em vários animais capazes de realizar algumas operações mentais, tais como memorizar experiências e encontrar algumas soluções para problemas simples. Afetividade e emoções grosseiras são observadas entre cães, delfins e elefantes, assim como a decodificação de alguns sinais. Os animais se comunicam, alguns até de maneira sofisticada (abelhas) . O homem, entretanto, pensa, cria e usa uma linguagem. O desenvolvimento do cérebro humano e de suas inúmeras funções depende, em parte de uma série de circunstâncias e dispositivos biológicos. É interessante enumerar alguns para se perceber melhor como ocorre a cooperação entre os diferentes compartimentos do organismo. A resistência e a conformação anatômica da caixa craniana foram fundamentais para permitir o desenvolvimento e excelente proteção do cérebro. O cérebro do homem é, relativamente, o maior entre todos os animais, com maior número de neurônios e circuitos. O córtex (sede da consciência) é mais desenvolvido, assim como certas áreas ligadas à vida afetiva e às emoções (lobos frontais e temporais). Em compensação, áreas mais primitivas como os núcleos de olfato (rinencéfalo) tiveram pouca representatividade, sendo muito mais desenvolvidas em outros animais. Para conter um cérebro grande desenvolveu-se um crânio volumoso. Para permitir um crânio volumoso desenvolveram-se, de forma muito especial, os ossos da bacia da mulher possibilitando o nascimento (parto) de criança, especialmente em relação à saída da cabeça. E, ao nascer, a caixa craniana da criança é bastante elástica e possui espaço entre os ossos, fatores que facilitam o parto. Além disso a cabeça do homem tem muitas possibilidades de crescer após o nascimento pois os referidos espaços irão sofrer o processo de ossificação muito lentamente. O suprimento de sangue ao cérebro é extraordi- nariamente aperfeiçoado. O consumo de oxigênio é ali muito maior que em qualquer outra parte do corpo, assim como o de energia (especialmente sob forma de glicose). Para o bom desenvolvimento do cérebro é fundamental um contínuo aporte de nutrientes durante o período em que os neurônios estão sendo formados, especialmente na gestação e nos primeiros meses de vida após o parto. As proteínas são essenciais. Nesta fase o indivíduo desenvolverá ou não os equipamentos necessários às suas funções cerebrais de toda a vida, porque depois não haverá nova formação de neurônios. A nutrição (principalmente protéica) terá papel decisivo na capacitação do novo ser. A natureza procura defendê-lo através de uma perfeita nutrição durante a gestação à custa do organismo da mãe, tirando desta as proteínas e outros nutrientes essenciais. Por isso a gestante necessita ter um estado nutricional e um suprimento alimentar satisfatórios e adequados. Após o nascimento, a melhor defesa natural é o leite materno, com suas proteínas rigorosamente adequadas ao organismo da criança em termos de absorção e digestibilidade. A sabedoria da natureza é imensa,dotando a mãe de uma fonte perfeita de proteína e outros nutrientes — o leite —, procurando garantir o abastecimento mínimo e adequado para um período tão crítico para a criança. Outro fator importante para o desenvolvimento do aprendizado e outras funções mentais do homem é a duração relativamente longa da infância, maior na espécie humana que em qualquer outra. Por exemplo, a infância do boi ou do cão é muitíssimo mais curta. O lento amadurecimento comporta possibilidades muito mais amplas de aprendizado, mas se faz à custa de uma maior dependência da criança em relação aos pais e ao grupo social. O aprendiz precisa ser protegido, sustentado e alimentado. Quanto mais evoluído ou "civilizado" o grupo social, maior dependência da criança, maior quantidade de ensinamentos a incorporar. Assim, o índio assume as funções de adulto muito mais cedo que a criança dos países desenvolvidos. Algumas considerações acerca da inteligência e de seu papel entre as defesas do homem A ascensão da espécie humana deu-se, fundamentalmente, através da inteligência e do conhecimento, seus processos mais evoluídos de defesa. Na história dos homens e no decorrer da vida de cada homem, o saber e o conhecimento vão ocupando, pouco a pouco, os lugares primordiais dentre as defesas de que dispõe para sobreviver A criança vai, paulatinamente, conhecendo e aprendendo o mundo ao seu redor, incorporando novas experiências, questionando informações recebidas e observando por conta própria. O mesmo vai ocorrer com os diferentes grupos sociais, quanto às relações entre seus membros e interação com o ambiente natural e social. O conhecimento registra e arquiva numa seqüência lógica as sucessivas informações, lado a lado, com as respostas possíveis para cada situação. O julgamento se faz de acordo com as perspectivas mais amplas da pessoa e não apenas diante de uma necessidade imediata. Assim numa determinada circunstância, a necessidade fome poderá ser satisfeita somente em parte se a pessoa resolve dividir com outra a comida disponível naquele instante (defesa da coletividade). A vida ó um constante aprender em situações, de novos repertórios de respostas, de alternativas de ação. No caso do homem, a resposta pode ser elaborada, reelaborada e escolhida a mais adequada àquele desafio, naquele momento da vida, de acordo com seus interesses, motivações e possibilidades de opção. Essa capacidade de utilizar o aprendido para resolver problemas novos, de dar respostas diferentes a desafios variados, rápida e eficientemente, é o produto da Inteligência, da capacidade de aprender, da experiência. Mas a inteligência vai muito além desta simples aprendizagem. Ela inclui o encontro de relações entre causas e efeitos, a capacidade de correlacionar diferentes partes das informações já memorizadas e a habilidade de encontrar rapidamente respostas ou soluções para novas situações. As constantes e inesperadas mudanças do meio, criando repetidamente novos desafios, são, talvez, a origem do conhecimento. À medida que se aprimoram o conhecimento e a inteligência, os comportamentos pré-programados vão perdendo significado. Ao invés de simplesmente transmitir geneticamente, de uma para outra geração, informações que rapidamente se tornam obsoletas, o homem pode transmitir criticamente e conscientemente informações selecionadas através da tradição e da educação. CIÊNCIA E TECNOLOGIA O conhecimento e a inteligência ampliam as defesas naturais e capacitam o homem a criar novas defesas. Surgem os alimentos sintéticos, as cidades sob as águas, os ossos sintéticos, os armamentos militares e os aparelhos para hospitais. O desenvolvimento da ciência e da tecnologia pelo homem dependeu sempre, cada vez mais, do aprimoramento dos mecanismos de aprendizagem codificada e dos meios de comunicação. O progresso científico e tecnológico, muito lento no princípio da história do homem, garantiu-se e ganhou impulso nas próprias conquistas, acelerando-se violentamente nos últimos 200 anos e "explodindo" nos últimos 50. O avanço tecnológico é hoje um dos maiores fatores de supremacia de um país sobre outro. O conhecimento técnicocientífico gera riquezas, sendo ao mesmo tempo resultado de grandes investimentos; está, pois, intimamente ligado a outras formas de poder. Para efeitos práticos, uma reflexão sobre o surgimento, o uso e as perspectivas de defesas ligadas à ciência e à tecnologia poderia ser fruto do próprio trabalho dos alunos. Com o envolvimento de outras áreas do ensino em atividades co- nexas, alguns temas básicos poderiam ser estudados, por exemplo: O GRUPO SOCIAL COMO DEFESA DO HOMEM Dentre os motivos mais importantes para que o homem se associe em grupos, poderiam ser citados: a) b) A energia: fontes disponíveis. Emprego, transformação. Acumulação. Alternativas. Funções no organismo e na comunidade. História do uso pelo homem. Tecnologia da obtenção. Distribuição e consumo por diferentes países. A comunicação: meios de comunicação, sua evolução, seu uso, seu papel. Como armazenar informações. Processamento de dados, Razões e conseqüências da evolução dos meios de comunicação. Crítica da "comunicação de massa" (propaganda, doutrinações etc). c) Os transportes: história. Os transportes como defesa. Por que os transportes dependem da energia e da comunicação. Conseqüências dos transportes para as pessoas e comunidades. d) A tecnologia da saúde: avanços técnicos no campo da saúde. Métodos de prevenção e detecção de doenças. Tecnologia dos diagnósticos (microscópio, RX, dosagens químicas, eletrocardiograma e t c ) . Fabricação, emprego e modo de ação de vacinas, soros e remédios. Operações, transplantes e próteses. Saúde pública e diagnóstico de saúde de uma comunidade. Sistema de saúde. Outras sugestões poderiam abranger os campos da morada, da nutrição, da previdência social etc. Em paralelo, será fundamental o desenvolvimento de todo um trabalho crítico sobre os temas, abordando sempre os benefícios e os custos de cada avanço tecnológico. E sobretudo, aqui, os riscos e problemas que podem advir, levandose em conta que o uso da tecnologia pode ter diversos fins: o mesmo tipo de energia pode curar o câncer ou explodir toda uma cidade... a) obtenção e provisão de alimento; b) divisão de trabalho — coperação e especialização; c) proteção do território comum e particular. É interessante que o professor procure desenvolver os motivos acima à luz de sua própria experiência de vida, e em função da idéia geral das defesas. Igualmente oportuno seria o levantamento dos mecanismos de organização e funcionamento do grupo social (a cidade em que mora), incluindo governo, leis, abastecimento, estruturação física e comunicação. Mais específica ainda será a retomada do conceito geral de saúde (ver "Morada" e primeira parte), analisando-se aqui todo o trabalho pela saúde que se desenvolve no grupo social. Esta idéia faz pensar, também, numa saúde da comunidade (ou saúde de um povo), com todo um contexto de sintomas e sinais, de doenças e t c : O povo está doente ou sadio? É feliz? Como estão seu crescimento, sua nutrição, suas defesas? Que competidores e ameaças são mais presentes ou foram mais marcantes em sua história? De que forma a minha comunidade, inserida num meio, interage com ele? Detectados alguns problemas de minha comunidade, que respostas estão sendo ou podem ser acionadas? Por que? Como? Comunicação e comportamentos psico-sociais são defesas características do homem, especialmente no seu contexto grupai. Palavras, expressões escritas e orais, posturas, gestos e sinais são alguns recursos de comunicação que unem e entrosam as pessoas no grupo. Em qualquer grupo existem sempre os comportamentos de ajustamen- to entre os indivíduos, entrando em jogo diversos fatôres, como poder, desejos, agressividade, necessidades biológicas, frustrações, fantasias, angústias etc. Na procura de defesa, ocorrem movimentos de agregação e aproximação de amigos, repulsão ou eliminação de inimigos. Simpatia, afinidade, interesses ou idéias comuns reúnem pessoas, resultando em clubes, associações, igrejas e sindicatos. A partir das capacidades de defesa desenvolvidas no correr da própria evolução, o homem realmente distanciou-se das demais espécies pela aptidão de pensar e aprender através da experiência da vida, no processo de socialização. O pensar (refletir) sobre o que acontece, procurando entender e dar sentido às coisas, a atenção e a constante vigilância sobre o ambiente, o amadurecimento da crítica e da capacidade de escolha, constituem extraordinários, recursos só encontrados no homem. Dentro do grupo social, tais "recursos" condicionam a existência de diferenças reais ou potenciais entre os indivíduos, surgindo aqueles mais ou menos capacitados ao "sucesso". A conquista de "posições" sociais gera todo um esforço que envolve capacidades pessoais, situação econômica, aquisição de conhecimentos e habilidades etc. Segurança pessoal, território, bens de consumo e produção, estabilidade emocional, provimento alimentar e garantia de direitos (liberdade) são, dentre várias outras, razões pelas quais o homem luta dentro de seu grupo social. Entre grupos ou entre povos, repetem-se (de maneira mais complexa) os mecanismos de ajustamento das pessoas. O poder coloca alguns povos em vantagem sobre outros, surgindo todo um relacionamento de competições, dependências e dominações. As guerras são sempre resultantes da busca do poder (ou de mais poder). São extremamente complicados os mecanismos de defesa dos povos, envolvendo poderio militar, con(*) Behar, M "La Nutricion y el futuro de Ia humanidad" Crônica de Ia OMS. 30 : 151-154, 1976 dição econômica, estratégias desenvolvidas pela inteligência, abastecimento de alimentos e energia etc. Para ilustrar alguns dos pontos expostos, podemos lembrar o que aconteceu com os índios do continente americano, após a chegada dos espanhóis, há cerca de 400 anos, exemplo retirado de uma conferência do Prof. Moisés Behar, chefe do Serviço de Nutrição da OMS(*). "Os Maias, da Guatemala, haviam alcançado um alto grau de civilização e parece que nunca tiveram graves problemas de desnutrição. A base de sua alimentação era, e continua sendo até hoje, o milho e o feijão. Eles completavam sua dieta com frutas, verduras e carne procedente de animais selvagens. Suas práticas agrícolas seriam consideradas primitivas hoje em dia, mas tinham toda a terra que necessitavam e empregavam um eficiente sistema de rodízio de terrenos, que consistia em roçar áreas selvagens, cultivá-las durante alguns anos e mudar-se depois para outra região. Com isto mantinham o equilíbrio ecológico sem esgotar a terra e obtinham todo o alimento necessário. As crianças eram amamentadas por suas mães até cerca dos três anos de idade, depois passavam a consumir a mesma comida da família. Chegaram então os espanhóis, venceram e subjugaram a população e cultivaram as melhores terras com produtos agrícolas destinados, em sua maior parte, à exportação. Este sistema de cultivo dos espanhóis manteve-se até os nossos dias. Amplas zonas florestais foram desmatadas para que se plantasse algodão, açúcar e café, assim como para criar gado de corte. Com isto as exportações aumentavam e os ricos ficavam mais ricos ainda. Aos índios deixaram-se as terras altas das montanhas, que é tudo o que possuem até hoje, isto quando possuem alguma terra. Ou- tro problema consiste no costume que os espanhóis passaram para os índios, de subdividir a propriedade familiar quando os filhos a herdam dos pais. Atualmente as glebas são muito pequenas para as necessidades das famílias, que se vêm obrigadas a explorar sua terra ao máximo, chegando a cultivar, depois do desmatamento, terrenos muito escarpados. Isto tem provocado uma rápida erosão do solo, reduzindo ainda mais a superfície de terras cultiváveis. Todo o país se ressente com isto e a erosão das montanhas provoca inundações com prejuízo das colheitas comerciais e do povo. Mas não se pode culpar os habitantes das montanhas pela deficiência de suas práticas agrícolas. Eles têm que comer. Sua dieta se baseia no milho e no feijão mas, hoje em dia, não dispõem de quantidade suficiente destes alimentos. As frutas e verduras são enviadas para os mercados das cidades e existem poucos animais selvagens. As outras fontes de proteína, tais como aves, ovos, leite e t c , são muito caras, especialmente para quem vive de uma agricultura de subsistência e tem pouco dinheiro para gastar. Além disto tudo, a influência da cultura estrangeira, que foi se infiltrando nesta sociedade, levou as mães a desmamarem seus filhos cada vez mais cedo, privando-os de sua melhor fonte de alimentos e contribuindo para sua desnutrição na infância. Esta combinação de fatores é a causa do estado de má nutrição da maior parte deste povo, e tende a perpetuar-se". O HOMEM E SEU MEIO À medida em que o homem foi transformando o seu meio-ambiente, novos problemas surgiram, exigindo novas soluções. Realmente, a ocupação do espaço disponível criou antagonismos entre as ambições dos grupos humanos. Além de se defenderem dos predadores, começaram a se defender do próprio homem. Uma cadeia de agressões mútuas culminou com a produção de armas nucleares. A preocupação do homem com a proteção de seus campos e rebanhos o conduziu à fabricação de substâncias que, além de matarem os competidores do seu alimento, poluem a água, o ar e os próprios alimentos, e finalmente, envenenam a si mesmo. Os remédios que matam e afugentam os parasitos não são completamente inofensivos ao homem. Enquanto prejudicam o parasito, prejudicam também o hospedeiro. Exemplo: no caso da esquistossomose não se descobriu, ainda, um remédio que mate o parasito sem alterar alguns órgãos do corpo. O homem é o único ser vivo que realmente modifica o meio em que vive. Os demais seres vivos usam o meio ambiente na luta pela sua subsistência, mas não têm capacidade para mudar esse meio ambiente. O homem sim é capaz — tanto de levantar cidades onde antes se estendiam pântanos, como de transformar em desertos extensas áreas anteriormente cobertas de matas e povoadas de muitas variedades de animais. Tanto é capaz de controlar muitas doenças através da modificação do ambiente (redução ou eliminação de criadouros de mosquitos transmissores da malária, da filariose, da febre amarela e t c ) , como de criar condições para a transmissão de doenças (poluição do solo e dos cursos d'água, criação de focos de transmissão da esquistossomose e t c ) . As grandes cidades, principalmente as cidades que crescem desordenadamente, sem planejamento adequado, são outras transformações do ambiente que trazem consigo novos e graves problemas para a saúde da população: aumento da tensão emocional que condiciona problemas de saúde mental e social; aumento dos acidentes de trânsito, da criminalidade, além de áreas onde se agravam as doenças transmissíveis. A trama das relações entre as populações humanas e o meio ambiente é tão complexa que, para não nos perdermos, mencionaremos agora apenas algumas das relações mais simples, mais primárias, que explicam alguns problemas de saúde mais importantes para a grande maioria da nossa população: • o despejo dos dejetos humanos no solo e nas coleções d'água, sem prévio tratamento dos mesmos, determina a prevalência, em números cada vez mais altos, de doenças gastrointestinais, de verminoses, de esquistossomose etc.; • o tipo de construção e os padrões de conservação e utilização da moradia podem impedir ou favorecer a existência de "inquilinos" dentre os quais o "barbeiro", que se destaca por seu papel de transmissor da doença de Chagas, e os ratos, implicados na transmissão de várias doenças, inclusive a peste bubônica; • o desmatamento e os métodos irracionais de cultivo da terra são responsáveis pelo escasseamento da água e pelo empobrecimento do solo, resultando em sérios problemas para a sobrevivência e a saúde das populações; • a poluição do ar com resíduos industriais provoca um grande número de doenças respiratórias de fundo alérgico e irritativo; • o despejo de resíduos industriais nos rios, torna as águas impróprias para utilização pela população, além de provocar mortandade de peixes, tornando impossível a vida animal; • o uso indiscriminado de pesticidas, além de criar problemas de desequilíbrio ecológico, envenena os alimentos, com conseqüências sérias para a saúde do homem. Fig 87 A PROCURA DA SAÚDE Não oferecemos uma conclusão nesta unidade, mas sim uma abertura final, com a retomada da proposição básica do Programa: o esforço pela saúde, mais especificamente, a saúde no quadro de vida, de interesses e da potencialidade individual e social dos alunos de 1.° grau das escolas brasileiras. A saúde deve ser buscada no contexto da vida, na trama de relações entre o indivíduo, a comunidade e o ambiente. É fundamental que a "ação para a saúde" se desenvolva nestas três dimensões, o que tem implicações imediatas para o professor. Ele, professor, inserido num sistema maior que a escola; participante (queira ou não) de todo um processo de relações, trocas e ajustamentos, no qual a educação deve configurar o seu papel. O professor-gente, com suas necessidades, anseios e limitações. Até que ponto consciente de sua própria saúde? Até que ponto consciente do papel assumido, ou coerente com tal papel? Até que ponto eficaz, em meio a tantos outros agentes competidores e indutores da conduta de seus alunos? Com que força para pretender mesmo um simples não fumar, quando as pessoas já vivem sufocadas pela fumaça dos outros e envolvidas pelas sedutoras promessas da publicidade dos cigarros? Ou ainda, com que poder para estipular valor às práticas do asseio corporal, quando as necessidades de alimento, de morada, de segurança e de afeto não estão sendo atendidas? Tais reflexões ressaltam uma outra dimensão da realidade da saúde: à dimensão dada pelo contexto mais amplo, econômico-social e das instituições. A educação para a saúde pode revelarse tarefa das mais difíceis e desafiantes para o professor, nem sempre capaz de ver as situações em toda a sua complexidade. As dificuldades encontradas na educação para a saúde refletem todo um processo de movimentos e de trocas entre o homem e seu meio. São as mesmas dificuldades da vida. Ao admiti-lo, o professor compreende que o desafio precisa ser aceito, mesmo com o risco de fracasso. Os resultados demorarão a mostrar-se. Não dependem somente de sua ação em uma relação linear com os alunos, mas sim de modificações que possam provocar no meio e nos fatores que geram e alimentam os problemas de saúde. Em "à procura da saúde" voltaremos a premissas já descortinadas no decorrer dos textos anteriores, agora à luz do trabalho a que nos propomos. Como denominador comum, apresentarão todas elas um caráter evocativo e geral, cabendo ao professor desenvolvê-las e propor outras. Às gerações adultas compete não apenas assegurar a saúde presente da criança mas também, e principalmente, dar-lhe meios de encontrar suas próprias soluções no esforço por viver com saúde. O esforço pela saúde é necessário em todas as atividades e em todos os momentos da vida. Qualquer comportamento do homem repercutirá a curto ou a longo prazo, direta ou indiretamente, para bem ou para o mal, na sua saúde; a educação para a saúde não pode, pois, ser concebida dissociada da vida das pessoas, mas sim no contexto amplo das necessidades, desejos, sonhos e potencialidades individuais; numa comunidade e num ambiente, com suas relações e interações. Saúde necessária, hoje e agora, para as respostas de agora e para o provimento do amanhã. A saúde do homem não se divide em compartimentos distintos como o do "biológico", do "psíquico" e do "social". Cada indivíduo responde às suas necessidades, aos estímulos do ambiente e aos agentes de doença, como um todo. A saúde de cada indivíduo depende por sua vez, de uma ou outra forma, da saúde dos outros que o cercam. Qualquer relação de dominação ou de expoliação do homem pelo homem é por exemplo lesiva à saúde da coletividade, assim como a doença de uma pessoa terá sempre repercussões sobre outras pessoas. Da mesma forma, a saúde do homem não pode ser assegurada fora da saúde do meio em que vive. As transformações produzidas no ambiente pela tecnologia, mesmo quando feitas com a intenção de gerar benefícios, como as grandes barragens, a irrigação e t c , sempre significam responsabilidades assumidas. Devastações, poluição e explosões nucleares, entre outras, são ameaças altamente presentes no mundo de hoje. É arriscado e ineficiente situar a saúde apenas em contraposição à doença. Esta é somente uma pequena parcela perceptível da "não-saúde", especialmente para aqueles mais carentes em condições de vida e educação. A maioria das pessoas não consegue por exemplo, reconhecer a fome crônica, o desemprego, a ansiedade, como doenças. A ação para a saúde é responsabilidade de todos. Tanto é responsável pela saúde o agente de vacinação como o professor, o empresário, como o pai de família. A classe médico-farmacêutica, por estar mais perto das ações curativas, tem sido investida com maior responsabilidade pelos destinos da saúde das populações. Mas fica cada vez mais evidente que sua responsabilidade precisa ser compartilhada por outros setores técnicos e por alguma forma de representação da população. As ações especificas de alcance preventivo devem ser estimuladas e exigidas em todos os setores da atenção à saúde. Retomando algumas das idéias já enunciadas nos textos da primeira parte, recordamos que qualquer aprendizado em saúde só se processará de modo significativo na vigência de um mínimo de condições, em especial: • que o professor e aluno caminhem juntos, daquele partindo toda uma coerência de vida e de atitudes em relação a este. Tal coerência, em saúde, supõe inclusive todo um trabalho pessoal de revisão de conceitos, de hábitos e t c ; • que se possa levar em conta a realidade de vida do aluno, num contexto de interesses, desejos, linguagem e necessidades. De outra forma o ensino se torna ineficaz e violento, pois o aluno já traz para a escola, de seu mundo e de sua história, toda uma bagagem de experiência e conhecimento que será o melhor (ou o único) material utilizável numa formulação ou reformulação de vida. Nesta bagagem encontram-se todas as defesas naturais da espécie, inclusive muitas já desenvolvidas, todas suscetíveis de aprimoramento ou de reforço; • que jamais o professor se conforme de ser um mero veiculador de informações, o que fatalmente redundaria em fracasso e descrédito para o trabalho educativo. Folhetos, cartazes, cartilhas e dizeres nunca fizeram educação em saúde; podem ser no máximo simples instrumentos de limitadas possibilidades. A transmissão de conceitos e informações elaboradas por outros, no nível técnico-médico não faz saúde, nem muda comportamentos. A utilização de ameaças, coerções ou medo não é compatível com a dignidade humana, nem leva ao desenvolvimento da inteligência e da competência para viver; • que o professor reconheça os limites da própria ação, para que não se venha a gerar uma expectativa falsa de resultados. As limitações à educação para a saúde, já ventiladas, são geralmente decorrentes do meio ambiente do aluno e do educador. Mudanças nesse nível, em geral, escapam à ação educativa imediata, mas podem ser possíveis a prazos mais longos; • que o professor aceite que um certo nível de ansiedade será praticamente inevitável em seu trabalho pela saúde dos alunos, não apenas como resultado da própria expectativa, como das tensões internas e externas que o envolvem. Ao aluno, objeto de nosso trabalho, ao mesmo tempo que um maravilhoso instrumento gerador de saúde na comunidade, caberá a primazia da ação. Do crescimento de seu corpo jovem, do seu potencial genético, de seu caráter e de sua interação saudável com o meio e com os outros homens é que vai resultar a qualidade do esforço empreendido. De seu próprio trabalho, poderá ele expandjr-se no reconhecimento do seu " e u " crescendo co*mo ser humano, em busca da vida. Caminhar com ele, já foi dito, numa relação de respeito e diálogo. Descobrindo com ele, na medida do possível, o mundo, as coisas, ele mesmo. Num exercício constante de sua atenção e de sua sensibilidade. Sem maiores pretensões, trabalhar com ele na descoberta da saúde, em sua dimensão mais ampla, a partir de seu próprio contexto de vida, de seu corpo, de sua morada, das coisas que tem para comer. Buscando com ele reconhecer e enfrentar os perigos que o rondam, revelando-lhe o trabalho pela vida. — as que descrevem a ação do homem para a defesa de sua saúde; • Em destaque, como chamamento especial e final desta Unidade, cabe lembrar que nas atividades propostas para o trabalho dos alunos virá certamente o melhor e mais rico instrumento educativo. Apenas como sugestão final, embasada na experiência anterior deste mesmo Programa, propõe-se ao Professor que procure levantar em todas as atividades, paralelamente às tarefas específicas, a crítica do que foi feito de modo a resultar numa escolha, opção ou apreciação. O exercício da crítica é educação para a saúde, na medida em que solicita o Homem, no seu mais digno e específico conteúdo de razão. A conseqüência imediata será, então, a abertura ao exercício do ser, premissa maior da dignidade e da saúde do homem. Situação 3 . 1 . discutir com o professor e anotar a conclusão. 2.ª TAREFA: Que notícias estão sendo comentadas pelas pessoas de sua casa, por seus amigos e vizinhos? Em casa vocês deverão: • procurar em jornais e revistas da semana outras notícias sobre saúde; ler os artigos encontrados e fazer um comentário escrito; • tentar ouvir e ver notícias de saúde no rádio, televisão e cartazes de rua; anotar as informações obtidas; • conversar com os pais, amigos, vizinhos sobre o assunto de algumas notícias; anotar a opinião das pessoas. ATENÇÃO: SAÚDE É NOTICIA! 1.ª TAREFA: Na sala de aula, o grupo poderá: Todos os dias, rádio, TV, jornais, revistas, dão notícias relacionadas com a saúde. Que tipo de notícias estão sendo publicadas? Que assuntos são mais discutidos? • Cada colega deverá: • retirar do BI o envelope SAÚDE É NOTICIA com notícias de jornais e revistas; • ler algumas notícias sobre saúde e fazer um resumo, por escrito, do assunto tratado; • trocar com os colegas alguns resumos e, a seguir, discutir em grupo o assunto de cada notícia; • comentar as notícias que cada colega leu e ouviu; discutir as opiniões das pessoas com quem cada um conversou: — as notícias despertaram interesse nas pessoas? Por que? Houve diferentes interpretações de uma mesma notícia? Por que? • fazer uma classificação das notícias, como na tarefa anterior: quais notícias tratam mais de perigos ou problemas para a saúde? Quais notícias falam mais da ação para a defesa da saúde? • Discutir com o professor e anotar a conclusão. tentar classificar as notícias. Por exemplo: 3.ª TAREFA: — as que descrevem os perigos ou problemas para a saúde em um determinado local; 1) Que você achou da leitura e discussão das notícias? 2) As notícias que vocês leram estavam relacionadas à saúde ou à doença? mais 4) Qual a relação entre o fumo e doenças circulatórias? 3) Qual o significado da divulgação de notícias sobre saúde? 5) A fumaça de cigarros em ambientes fechados prejudica as pessoas que não fumam? 4) Entre as informações divulgadas pelos diversos meios de comunicação, pode-se encontrar estímulos a práticas prejudiciais à saúde? Dar exemplos. Cada colega deverá: 5) • responder por escrito às perguntas acima; • ler e discutir as respostas com os colegas do grupo. Há divulgação de problemas de saúde existentes na sua área? Por que? Agora, o grupo poderá: Cada colega deverá: • responder por escrito às perguntas acima; • ler e discutir as respostas com os colegas de grupo; • discutir com o professor e anotar a conclusão. • retirar a ficha-informativa FUMO E SAÚDE, arquivada no BI; • ler e discutir as informações novas; • registrar a opinião do grupo sobre o fumo e suas conseqüências; • discutir com o professor. 4.ª TAREFA: Em grupo preparar um relatório com as conclusões finais e apresentar os resultados para a turma se houver oportunidade. Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da situação e da unidade; • nomes dos participantes do grupo e série. Situação 3 2. FUMAR, POR QUE? 1.ª TAREFA: 1) Por que as pessoas fumam? 2) Fumar faz mal à saúde? Por que? 3) Qual a relação entre o fumo e doenças pulmonares? 2.ª TAREFA: Será interessante entrevistar algumas pessoas para saber suas opiniões e conhecimentos sobre o hábito de fumar. Para isso, o grupo deverá dividir-se em 3 subgrupos: — um subgrupo entrevistará pessoas que fumam; — um subgrupo entrevistrá pessoas que não fumam; — um subgrupo entrevistará um ou mais médicos. • O subgrupo encarregado de entrevistar pessoas que fumam, poderá fazer entre outras, as seguintes perguntas: — Por que você fuma? — Com que idade começou a fumar? — Quantos cigarros você Quanto lhe custa isso? fuma por dia? Exemplo: 1 . a QUESTÃO: Por que você fuma? — Você acha que o cigarro pode afetar a sua saúde? Por que? Respostas Obtidas — Você sente que o fumo, de alguma forma, já está lhe prejudicando? (se responder sim, perguntar: Como? Por que?) N.° de pessoas que responderam Por que gosto . . . Por que me acalma . Não sei por que . . Etc — Você acredita que toda informação sobre fumo e saúde é verdadeira? Por que? 2 1 3 — Você conseguiria parar de fumar? Por que? • O subgrupo encarregado de entrevistar as pessoas que não fumam, poderá fazer, entre outras, as seguintes perguntas: — A seu ver, quais as razões que levam as pessoas a fumar? — Você já fumou alguma vez? (se responder sim, perguntar: por quanto tempo fumou? e por que parou?) • discutir e analisar os resultados da apuração e anotar a conclusão a que chegaram; • discutir com o professor. 4.ª TAREFA: O grupo reunido poderá: • — Você acha que o cigarro prejudica a saúde? Por que? — os argumentos com que as pessoas justificam o hábito de fumar; — Você acha que a fumaça do cigarro prejudica as pessoas que não fumam? • O subgrupo encarregado de entrevistar algum médico, deverá preparar com antecedência as perguntas de maior interesse e relativas às dúvidas do grupo para complementar o presente estudo sobre o fumo. — Pedir orientação ao professor,. se necessário. 3.ª TAREFA: Cada subgrupo deverá: • fazer a apuração dos questionários aplicad09 de acordo com as respostas obtidas, da seguinte maneira: apresentar e discutir os resultados obtidos pelos subgrupos, tendo em vista principalmente: — os argumentos sobre os direitos das pessoas que não fumam; — os argumentos médicos sobre o fumo e suas conseqüências; • anotar a conclusão do grupo; • discutir com o professor. 5.ª TAREFA: Em casa cada colega deverá: • procurar propagandas de cigarros em revistas, cartazes e t c ; • se for possível, colar cada propaganda em uma folha de papel, fazer um comentário e levá-lo para discussão em classe. Agora o grupo poderá: • analisar as propagandas reunidas pelos colegas e responder: — você concorda com as idéias apresentadas nas propagandas? Por que? Agora você poderá: • responder por escrito às perguntas acima; • em grupo, ler e discutir as respostas de cada colega; • anotar a opinião do grupo sobre o assunto. 2.ª TAREFA: Cada colega poderá: — que existe de comum em todas as propagandas de cigarro? Por que? • conversar com algumas pessoas da localidade para saber o que elas pensam sôbre o câncer; • anotar a opinião das pessoas; • em grupo, discutir as opiniões das diversas pessoas e compará-las com a opinião inicial do grupo sobre o assunto. — de que modo as propagandas influenciam as pessoas? Por que? • Discutir as respostas com o professor e anotar a conclusão. 6.ª TAREFA: O grupo deverá: O Grupo poderá: • • Retirar do BI a ficha-informativa CÂNCER e verificar os Serviços de Saúde da localidade que poderão ser visitados pelo grupo, para uma pesquisa; • no Serviço de Saúde indagar, entre outras coisas: fazer um relatório com as conclusões finais e apresentar os resultados para a turma, se houver oportunidade. Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da unidade e da situação; • nomes dos participantes do grupo e a série. Situação 3.3. PODE-SE PREVENIR UMA DOENÇA? 1.ª TAREFA: — Qual a incidência de câncer na localidade? — Quais os tipos de câncer mais comuns em homens? E em mulheres? — Quais as primeiras manifestações do câncer? 1) Que você sabe sobre o câncer? 2) O que provoca o câncer? Por que? — Qual a importância da identificação do câncer no seu estágio inicial? 3) Que você sabe sobre os meios de evitar e de tratar o câncer? — Existe algum programa de prevenção do câncer na localidade? — As pessoas utilizam esse Serviço? que? Por • Anotar todas as informações fornecidas pelo Serviço; • em sala, reunir todos os dados e preparar uma nova ficha-informativa sobre o câncer com as informações dos órgãos de saúde locais. O grupo poderá: • retirar do BI os relatórios finais de cada situação estudada; • ler e interpretar as tarefas desenvolvidas e as conclusões de cada relatório; • comparar, em cada relatório, as idéias inicialmente expressas pelos colegas (em geral na 1. a tarefa da situação de estudo) com as conclusões finais: em quais situações houve evolução de conhecimentos? Como? Por que? Anotar os resultados desse estudo comparativo; • à partir dos relatórios, tentar classificar as situações segundo as unidades MORADA, ALIMENTOS e DEFESAS, e, explicar porque cada situação está mais relacionada a uma determinada unidade; • procurar estabelecer relações entre as situações de cada unidade; depois procurar relações entre as situações das diferentes unidades; anotar os achados; • responder: 3.ª TAREFA: O grupo deverá: • retirar do BI a ficha-informativa PREVENÇÃO DO CÂNCER; • ler e discutir as informações da ficha; • comparar as informações novas com os conhecimentos anteriores do grupo; • registrar a conclusão final. 4.ª TAREFA: Em grupo, preparar um relatório com os resultados das tarefas, a opinião final do grupo sôbre o assunto e algumas sugestões sobre as formas de prevenção do câncer. — Que relações existem entre as situações estudadas e a nossa saúde? — Que todo esse estudo tem a ver com a saúde das pessoas do lugar onde moramos? Observação: arquivar no BI o relatório e as tarefas desenvolvidas com: • nome da situação e da unidade; • nome dos participantes do grupo e série. — Que modificações ocorreram a partir desse trabalho em nosso modo de pensar, ver e julgar o meio em que vivemos? • Situação 3.4. MÃOS A OBRA! Discutir com o professor e registrar as conclusões. 1.ª TAREFA: 2.ª TAREFA: Vamos dar uma olhada no que já foi feito pela turma? Que trabalhos estão sendo desenvolvidos no momento pela classe? Cada colega poderá: • • • • conversar com colegas de outros grupos para informar-se dos tipos de trabalho que estão sendo desenvolvidos; anotar as informações obtidas; indagar a um dos grupos de colegas que relações existem entre a situação ora em estudo e as outras já estudadas, cujo tema o grupo conhece; anotar as respostas; discutir com os companheiros de um dos grupos sobre o significado desse tipo de estudo para a vida e a saúde de cada um; anotar as conclusões; • comparar as opiniões dos colegas dos outros grupos com as interpretações do próprio grupo apresentadas na 1. a tarefa; registrar as diferenças encontradas; • discutir com o professor e anotar as conclusões. 3.ª TAREFA: Que temos a fazer daqui para frente? O grupo poderá: • indagar aos colegas se já experimentaram alguma evolução tanto nos seus conhecimentos como nos comportamentos, a partir do estudo das situações; anotar as opiniões. — às situações em que foram estudados fatos relacionados à experiência de vida de cada um; O grupo poderá: • reunir todos os dados obtidos na primeira etapa desta tarefa; • discutir e analisar cada informação obtida, quanto: — ao tipo de trabalho: qual o assunto da situação? A que unidade pertence? Quais as maneiras adotadas para o seu estudo? — às relações entre as situações: que relações existem entre as situações de uma mesma unidade? Que relações podem ser estabelecidas entre as situações das diferentes unidades? — às relações entre o trabalho desenvolvido e a saúde: qual o significado das unidades ALIMENTOS, MORADA, DEFESAS — para o estudo de saúde? Qual o significado da aprendizagem em saúde? reler os relatórios de cada uma das situações estudadas pela turma e retomar as informações obtidas durante as conversas com os colegas para tentar fazer uma síntese do trabalho desenvolvido pela turma, prestando atenção: — às situações em que se estudaram problemas de saúde locais; — às situações em que o tema de estudo permitiu uma maior compreensão da condição de vida e saúde das pessoas da localidade. Agora o grupo poderá: • discutir as seguintes questões: — Que precisamos fazer para a defesa de nossa saúde e da saúde das pessoas da localidade? Que cada um de nós pode fazer? Que pode ser feito pela coletividade? — Que precisamos ainda estudar para podermos participar mais ativamente do trabalho pela saúde? • Escrever as propostas de ação para a saúde e dar idéias de novas situações de estudo. Depois reunir todas as sugestões do grupo, apresentá-las à classe e fazer dessa atividade um motivo comum de constante trabalho pela saúde. Vamos? Mãos à obrai Aplicação prática gumentos de cada um dos grupos; e finalmente, analisar o conteúdo das propagandas de cigarros. O professor eventualmente discutirá com os alunos a fim de saber o que pensam sobre as conseqüências do fumo para a saúde, e, deverá questioná-los de modo a que eles possam estabelecer relações entre o fumo e a saúde, tomando por referência a ficha-informativa. Observará ainda, as interpretações dos alunos sobre o conteúdo da publicidade a respeito de cigarros, e intervirá, para chamar a atenção quanto aos pontos comuns entre os diversos tipos de propaganda: apelos ao poder, ao sucesso etc. Orientação preliminar: A realização das tarefas sugeridas nas situações — ATENÇÃO: SAÚDE É NOTICIA! FUMAR, POR QUE? PODE-SE PREVENIR UMA DOENÇA? MÃOS A OBRA! — possibilitará aos alunos a compreensão de alguns conceitos contidos no texto 3: O HOMEM E SUAS DEFESAS. Este texto, além de conter aberturas à elaboração de novas situações, servirá para o professor orientar os alunos que escolheram umas ou outras apresentadas no diagrama da unidade AS DEFESAS DO HOMEM. No banco de informações (BI), os alunos deverão encontrar as tarefas de cada situação escolhida e o material necessário para desenvolvê-las. Na situação ATENÇÃO: SAÚDE É NOTICIA! os alunos poderão trabalhar com notícias sobre saúde, publicadas em jornais, revistas e t c ; conversar com várias pessoas sobre o assunto noticiado e discutir o significado da sua divulgação, para a defesa da saúde. O professor poderá discutir com os alunos para perceber como interpretam as diversas informações, propondo novas questões que os ajudem a ampliar as suas idéias e a descobrir o significado da situação em estudo no conjunto da unidade AS DEFESAS DO HOMEM. Na situação FUMAR, POR QUE? os alunos deverão dizer o que pensam sobre o fumo; estudar algumas informações relativas ao assunto; entrevistar três grupos de pessoas: as que fumam, as que não fumam e alguns médicos; discutir os ar- Na situação PODE-SE PREVENIR UMA DOENÇA? os alunos deverão dizer o que sabem sobre o câncer; investigar o que as pessoas da localidade pensam sobre a doença; fazer uma pesquisa nos Serviços de Saúde locais; finalmente, ler e discutir algumas informações sobre a prevenção do câncer. O professor deverá discutir com os alunos a dimensão do problema do câncer na localidade. Poderá, ainda, propor questões que os levem a pensar na prevenção, de uma maneira geral, como uma das possíveis ações para a saúde. Na situação MÃOS A OBRA! os alunos deverão fazer uma síntese de todo o trabalho desenvolvido pela turma, estudando os relatórios já concluídos e conversando com os colegas que estão trabalhando em outras situações. Tendo uma visão geral do Programa e seus resultados, os alunos poderão sugerir novas situações de estudo e traçar alguns projetos de ação para a saúde na localidade, além de discutir os resultados com toda a turma. Se um dos maiores problemas de saúde identificados na localidade estiver relacionado com as doenças parasitárias ou deficiências nutricionais, por exemplo, o grupo poderia pensar na necessidade de se incluir, no Programa, tópicos de estudos referentes à: tecnologia simplificada e diversificada de saneamento básico (água e esgoto) adaptada às condições naturais (tipo de solo, clima, regime de chuvas, coleções de água), e às condições econômicas. E, além disso, pensar também em projetos tais como a organização de associações, grupos de vizinhanças, cooperativas, mutirões, para: investigar as soluções alternativas quanto aos problemas de saúde locais e trabalhar na prevenção de doenças, através da vacinação, da melhoria da nutrição e da habitação. O professor notará que a situação MÃOS À OBRA! foi planejada para classes em que as três unidades (Alimentos, Morada, Defesas) estão sendo aplicadas simultaneamente (ver UM PROGRAMA DE SAÚDE PARA AS ESCOLAS DE 1.° GRAU), e em que os grupos de alunos vêm tendo oportunidade de fazer mais de uma escolha, isto é, de desenvolver mais de uma situação. Se o professor não tiver optado pelo desenvolvimento simultâneo das três unidades e nem possibilitado aos grupos de alunos o estudo de mais de uma situação, deverá fazer algumas modificações, de modo a adaptá-la ao seu caso. O estudo dessa situação será iniciado após a 2. a ou 3. a opção dos alunos e poderá dar melhores resultados se a equipe que a escolher for constituída de elementos provenientes dos diferentes grupos da sala. O professor ajudará, criando condições para o desenvolvimento de todas as tarefas, e participando da apresentação final do grupo, como coordenador dos debates. As propostas apresentadas assim como a sua discussão em classe podem constituir para o professor importante instrumento de avaliação do Programa, quando, então, poderia perguntar-se a si próprio: • Até que ponto os meus alunos ampliaram seus conhecimentos sobre a saúde? • Até que ponto experimentaram novos modos de ver e julgar a realidade em que vivem? • Quais foram as conseqüências dessas transformações? • Qual o meu desempenho como professor durante a aplicação das situações? • Que atitudes desenvolvi? • Que atitudes poderia ter desenvolvido? DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES Informações do BI: No banco de informações, os alunos deverão encontrar as fichas-listas das tarefas das situações escolhidas e o material necessário para desenvolvê-las. No tocante à situação ATENÇÃO: SAÚDE É NOTICIA! será utilizado o seguinte material: notícias relacionadas com as situações de estudo deste Programa, que o professor deverá procurar em jornais, revistas etc. e reuni-las em um envelope. Para o desenvolvimento da situação FUMAR, POR QUE?, será necessária a ficha-informativa FUMO E SAÚDE, apresentada a seguir: Ficha-informativa: FUMO E SAÚDE I — O HABITO DE FUMAR, A INDÚSTRIA DO TABACO E A SAÚDE EM NOSSA SOCIEDADE Até o começo do século XX não havia grande consumo de cigarros e estes não constituíam ameaça à saúde pública. O tabaco era consumido principalmente por homens, em forma de charutos, de fumo para mascar ou para cachimbo, de rape para cheirar. O cigarro se impôs como grande artigo de consumo depois do automóvel, do avião e do telefone. O índice de aumento da produção foi constante até 1950 quando vieram a público as primeiras suspeitas sobre os prejuízos para a saúde que se associam ao hábito de fumar cigarros. Mas, só em 1962 as autoridades britânicas declaram oficialmente que o cigarro prejudica a saúde contribuindo para o aumento de câncer no pulmão, do enfisema e da bronquite pulmonares e de doenças cardiovasculares. Em 1964, o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos divulgou o relatório do Comitê nomeado pelo Presidente Kennedy com aprovação da comunidade científica e da indústria do fumo. O relatório foi taxativo: o hábito de fumar cigarros é prejudicial à saúde. A partir de então, a população americana tem sido advertida do fato, pela inscrição obriga- tória daquela frase nos maços de cigarros. O Governo continuou a apoiar a produção de tabaco e a receber impostos, mas deixava a critério do cidadão tomar medidas de segurança para a sua própria saúde. A Inglaterra proibiu a propaganda de cigarros e a Itália mesmo sendo detentora do monopólio estatal do fumo em seu território, seguiu seus passos. Os países escandinavos aumentaram os impostos tornando o cigarro mais caro. Todas as pesquisas científicas que vêm sendo feitas desde então reiteram os achados anteriores e descobrem fatos novos, mas há ainda pontos obscuros. Um dos fatos recentes é de que os não fumantes que inalarem a fumaça dos cigarros dos fumantes são também muito prejudicados, pelos fenóis e piridinas nela contidos. Os governos de vários países têm tomado medidas para assegurar o direito dos não fumantes proibindo o fumo em lugares públicos e em transportes. Pais têm sido alertados para não exporem suas crianças, no ambiente doméstico, à fumaça de cigarros. Já há evidências de que o monóxido de carbono contido na fumaça de cigarro diminui a capacidade do sangue distribuir oxigênio. A Associação de Segurança de Vôo dos Estados Unidos, a partir desse conhecimento, exigiu que na cabine de pilotos não haja fumaça de cigarro, pois a capacidade destes, em responder aos desafios de uma emergência, poderia estar debilitada pela diminuição da distribuição de oxigênio em seus organismos. Além disso, as Companhias de Aviação fazem um apelo aos pilotos para deixarem de fumar ao menos*quatro horas antes do vôo. As investigações indicam: • há relação entre o número de cigarros fumados por dia e a incidência de câncer no pulmão; • o risco de câncer do pulmão é bem menor para os fumantes de charutos e cachimbos contanto que não inalem a fumaça. Mas o risco de tumores da boca, da traquéia, da laringe e do esôfago persiste para fumantes de charutos e cachimbos; aumenta muito se a pessoa além disso consome excessivamente álcool; • o risco de câncer do pulmão aumenta proporcionalmente ao consumo de cigarro: quanto mais jovem é o indivíduo quando começa a fumar e a inalar mais profundamente a fumaça, mais elevado é o risco; • fumar cigarros de filtro reduz o risco para a saúde; • os efeitos do hábito de fumar quando se combinam com outros fatores de risco de doenças das artérias coronárias tais como a pressão alta, o elevado nível de colesterol e a obesidade parecem ser ainda maiores do que o efeito de cada um dos diferentes fatores de risco considerados por separado; • o fumo ó fator de agravamento da saúde de pessoas com tendências à úlcera gástrica; • a mulher grávida que fuma pode prejudicar o feto impedindo o seu desenvolvimento pleno; • a ingestão de contraceptivos orais pela mulher fumante pode aumentar o risco de prejuízos ao seu sistema circulatório; • os riscos regridem se a pessoa deixar de fumar. No plano político-econômico, muitos países estão computando os benefícios e os malefícios do hábito de fumar: • a agroindústria do tabaco, a manufatura, distribuição e propaganda de cigarros envolvem considerável parcela de mão-de-obra de muitas regiões e têm valor importante na economia; • os danos provocados pelo fumo à saúde da população acarretam despesas médicas, hospitalares, farmacêuticas. Faltas ao serviço, invalidez temporária, diminuição da energia vital e morte prematura debitam pesados ônus sociais e econômicos; • os governos nacionais e locais arrecadam quantias significativas para sua economia de impostos sobre o fumo. No plano médico-científico investigam-se a extensão dos prejuízos à saúde e os aspectos químicofísicos da queima do tabaco em diferentes tipos de cigarro, procurando uma conciliação dos interesses econômicos com a defesa da saúde, mas até o presente momento não há nada que tenha surgido como alternativa. A nicotina é responsável pelo aumento do ritmo do coração, da pressão sangüínea e da velocidade da contração miocárdia. Age sobre o sistema nervoso autônomo. Não se sabe como é o papel do fumo na gênese das doenças cérebrovasculares (derrame, arteriosclerose e outras) mas há evidência de que o fumo aumenta o fluxo sangüíneo no cérebro e diminui a resistência cerebrovascular. O alcatrão contido no fumo ó responsável pelas alterações no aparelho respiratório. Além das substâncias presentes no fumo constatou-se que o grau de calor produzido pela queima do tabaco também influi e explica as diferenças do risco em se fumar cigarro, charuto e cachimbo ou "narguilé" (ver item II desta ficha). A educação da população dirige-se principalmente aos jovens que não adotaram ainda o hábito de fumar, e secundariamente aos já fumantes para que abandonem o hábito. Conteúdos ameaçadores nos textos de esclarecimentos a população não têm-se mostrado eficazes em conseguir que fumantes deixem de fumar. A informação séria e científica tem sensibilizado maior número de pessoas para que adotem comportamentos de defesa à sua saúde. A classe módica é a que tem agi- do mais significativamente para se afastar do fumo: médicos ingleses, canadenses e americanos acima de 40 anos constituem um dos grupos que apresenta maior índice de abandono do antigo hábito e entre os jovens, o maior índice de não fumantes . Il — DOS MALEFÍCIOS DO FUMO Ruy Faria — São Paulo, SP "Reacende-se a campanha contra o fumo em toda parte. Entre nós o Exmo. Sr.. Ministro da Saúde, Dr. Almeida Machado, apesar de fumante, apoiou publicamente medidas tendentes a limitar a publicidade do fumo e do álcool. Nos Estados Unidos a American Câncer Society acusou o Congresso de não proteger o povo norte-americano do perigo representado pelo fumo. Não resta dúvida de que ambos estão certos: é preciso reduzir o consumo de cigarros por todos os meios, pois os médicos conhecem bem os malefícios do vício de fumar. Convenhamos porém que, como todo vício, o fumo é muito difícil de ser abandonado; sou insuspeito para falar, porque fumei por longos anos e deixei há cerca de 10 anos apenas. Além do mais, conviria realmente que todos deixassem de fumar? Raciocinemos: sem falar no desequilíbrio agrícola e comercial que isto implicaria, analisemos a conduta do fumante em si. Além do desejo Inicial de auto-afirmação na jovem e no rapaz, o fumo logo se transforma num vício, isto é, numa compulsão. Ora, as compulsões são mecanismos que o ego tem de defender-se contra a ansiedade, que é, como se sabe, mortífera. Privado do fumo a pessoa irá fatalmente apegar-se ao álcool e a outros tóxicos; portanto, "dos males, o menor" Será o fumo um mal menor? Vejamos. É preciso distinguir três maneiras diferentes de fumar: a) de maneira social, esporádica, apenas; b) como um vício moderado, que não chega a atingir 10 ou 20 cigarros por dia; c) de maneira neurótica, a do grande viciado, que acende um cigarro no outro e come e dorme fumando. Estes últimos são os grandes candidatos ao câncer do pulmão, como é sabido. Além do mais, já faz cerca de 17 anos que o Instituto Sloan Kettering para Pesquisa do Câncer, de Nova York, publicou um relatório muito interessante para seus associados e acionistas. Distinguia ali também três maneiras de fumar, mas eram diferentes das já citadas: a) fumadores de cigarros; b) fumadores de charutos; c) fumadores de cachimbos. O Instituto Sloan Kettering, já naquela época, estava impressionado com o fato de que as estatísticas médicas apontavam o cigarro como indiscutível fator etiológico do carcinoma broncogênico do pulmão em grandes fumantes, mas não o charuto nem o cachimbo Por que? Convinha investigar. Foi o que o Instituto fez. A análise química revelou alto teor de betafenantreno, volátil e solúvel cancerígeno para o camundongo, na fumaça do cigarro, mas não na do charuto ou do cachimbo. Já estava aí uma diferença notável. A primeira idéia que ocorreu foi que a causa estivesse no papel, pois tabaco todos três queimam. O papel de cigarros foi queimado experimentalmente e não produziu betafenantreno. Qual poderia ser uma outra diferença? De pesquisa em pesquisa descobriram uma outra, e notável também: a temperatura da brasa. No cigarro ela é de cerca de 650 graus centíarados; no charuto e cachimbo, é da ordem de 450 graus; cerca de 200 graus de diferença! Faltava então a prova decisiva: os cientistas queimaram experimentalmente o tabaco nas duas temperaturas: a 650°C houve grande produção de betafenantreno. O passo seguinte foi testar todos os filtros e piteiras filtrantes existentes no mercado dos Estados Unidos; nenhum deles revelou o betafenantreno, que é altamente volátil e difusivel. Como é também altamente solúvel em água, só piteiras úmidas o retêm, como as do "narguilé" dos árabes, que lavam a fumaça com água antes de aspirarem-na Em São Paulo, um jovem da colônia síria patenteou uma piteira-filtrante com água, que retinha todo o betafenantreno, segundo atestado do Instituto Adolfo Lutz publicado em todos os jornais da época. Infelizmente, seu uso náo se generalizou, como era de desejar. É digno de menção aqui que o câncer do pulmão não acomete os fumadores de "narguilé". Desse modo, em que ficámos? "Fumar ou não fumar?", eis a questão, como diria o príncipe da Dinamarca. Depois que o Instituto Sloan Kettering publicou seu relatório, o Congresso Americano obrigou os fabricantes de cigarros a inscrever nos maços "que o produto pode fazer mal à saúde", não fazendo o mesmo com os charutos e cachimbos, é claro. Foi considerável também o número de pessoas, inclusive mulheres, que mudaram do cigarro para os outros tipos de tabaco, embora menos elegantes. O Instituto Sloan Kettering descobriu ainda uma outra coisa interessante: se o cigarro for fabricado bem grosso (como um charuto) a temperatura da brasa cai para 450°C e o betafenantreno desaparece; mas o cigarro grosso é deselegante e não encontra público feminino ou masculino. O Instituto tinha esperanças que a Química descobrisse uma substância que, sem ser cancerígena, misturada ao fumo, baixasse a temperatura da brasa dos cigarros para 450°C, mas essa substância aparentemente até hoje ainda não foi descoberta. Resta portanto, para os cautelosos, mudar para o cachimbo, que é elegante e perfumado ou para o charuto (nem uma cousa, nem outra), mas aparentemente não para as cigarrilhas, que também são elegantes mas são finas e possivelmente têm brasa quente, produtora de betafenantreno. Para terminar, com betafenantreno ou sem betafenantreno, uma cousa que é preciso verberar veementemente é o fumar inveterado das mulheres durante toda a gravidez, como se vê com tanta freqüência nos dias de hoje. O resultado são crianças de baixo peso, que não sobrevivem e que enchem de trabalho inútil nossos berçários. Que- rem fumar? que fumem à vontade; não somos contra, como se viu até aqui; mas fora da gravidez, que diabo! Durante a mesma é crime, quernos parecer". (Texto extraído do Jornal da Assoc. Médica Brasileira — JAMB) Para o desenvolvimento da situação PODE-SE PREVENIR UMA DOENÇA? será necessário o seguinte material: • ficha-informativa CÂNCER, que o professor deverá providenciar com os seguintes dados: — nome, endereço e horário de atendimento dos Serviços de Saúde que os alunos visitarão para uma pesquisa sobre o câncer. A fim de preparar essa ficha, o professor entrará previamente em contato com os serviços de Saúde locais e informar-se-é em qual deles os alunos poderão obter dados sobre o câncer. • Ficha-informativa PREVENÇÃO DO CÂNCER, apresentada a seguir: Ficha-informativa: PREVENÇÃO DO CÂNCER "As células do corpo humano, em termos gerais são como tijolinhos que constituem os organismos vivos, sofrem constante renovação, sendo substituídas por novas células com finalidades próprias e dentro de um controle natural regido por leis biológicas. Esta renovação de células destina-se principalmente a substituir células mortas, bem como a cicatrizar ferimentos. O câncer, de difícil definição, pode ser descrito como uma desordenada multiplicação de células que foge ao controle do organismo, e não tem função de substituição de células mortas, nem de cicatrização de ferimentos. Fig. 88-CÂNCER — REPRODUÇÃO CELULAR: ORDEM E DESORDEM CRESCIMENTO NORMAL (1) CRESCIMENTO ANORMAL tecido normal, mostrando talha (2) as células se dividem ordenadamente (3) a divisão celular completa o tecido (2) (3) a desordenada multiplicação das células o câncer se aiaslra, dentro do tecido O corpo humano é composto por diferentes tipos de tecidos. Se um deles se rompe, e ferido por exemplo, as células vizinhas se dividem para preencher a falha Quando ocorre uma reprodução desordenada, surge o câncer. Estas células cancerosas possuem algumas particularidades que as diferenciam das células normais, sendo principalmente a "autonomia", isto é, multiplicam-se continuamente, mesmo na ausência do agente que deu início a esta multiplicação. Como crescem continuamente, penetram nos órgãos vizinhos, como as patas do caranguejo na areia. Assim, quando uma pessoa se queima ou se fere com uma faca, por exemplo, as células vizinhas, que não foram machucadas, multiplicam-se até recobrirem e cicatrizarem a ferida. Depois disso a multiplicação das células pára. No câncer, a multiplicação continua, atuando como parasita que vive às custas do organismo hospedeiro. O tempo necessário para que uma célula normal se transforme em célula cancerosa, de um modo geral, é bastante longo, podendo levar vários anos. Para que esta transformação aconteça, é necessário que as células normais sofram uma série de provocações mecânicas (atritos, machucaduras etc.) físicas (irradiações por raio X, por raios ultravioleta, por bombas atômicas, por metais radiativos, queimaduras), ou químicas (alcatrão do cigarro, derivados das anilinas e corantes, derivados do petróleo e dos motores de automóveis, fumaça das fábricas, ação de inseticidas e t c ) . A atuação dessas substâncias deve ser prolongada e repetida para a formação da célula cancerosa. Como estas transformações levam bastante tempo, temos a oportunidade de prevenir o câncer, procurando descobrir células que estão sofrendo transformações. Isto é possível em todos os órgãos externos. Esta é a razão por que as pessoas devem ir periodicamente (uma vez ao ano) ao seu médico, para fazer um exame preventivo. Existem vários centros médicos destinados à prevenção do câncer feminino. Com a contínua evolução da ciência, em breve seremos capazes de realizar a prevenção do câncer em vários órgãos. De outra parte, quando o câncer começa a se desenvolver pode assumir a forma de um caroço ou ferida, que cresce e não cicatriza. Na maior parte das vezes não doem e podem passar despercebidos. A maneira que temos de encontrar esses cânceres iniciais, além de irmos ao consultório dos médicos, constitui-se em nos examinarmos a nós mesmos, à procura de caroços que aparecem e feridas que não cicatrizam. De um modo geral, estas manifestações podem ser devidas a outras doenças. Se for câncer, entretanto, ele será curado se for descoberto e tratado no seu início". (Texto preparado por um grupo de técnicos da Divisão Nacional do Câncer — MS com a participação de médicos e professores do RGS) Para o desenvolvimento da situação MÃOS A OBRA! o material a utilizar serão os relatórios finais das situações que já foram estudadas pelos diversos grupos de alunos. DOCUMENTAÇÃO DE APOIO I - Ecologia e Saúde: Il - Saúde Pública, Parasitologia e Microbiologia: 1. DORST, Jean — Antes que a natureza morra. São Paulo, Editora Edgard Blucher/ Editora da USP, 1973, 432 p. 2. AGUESSE, Pierre — Chaves da Ecologia. Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira. 1972, 138 p. 3. Biological Science Curriculum Study (BSCS). Ecologia. Versão Verde. Vols. I e I I . São Paulo, EDART. Livraria Editora da Universidade de São Paulo, 256/198 p. 4. CÂNDIDO, Procópio Ferreira de Camargo e outros — Crescimento e Pobreza. São Paulo, Edições Loyola, 1976, 158 p. 5. FERRI, Mário Guimarães — Ecologia o Poluição. São Paulo, Coleção Prisma. Editora Melhoramentos/Lrvraria Editora da Universidade de São Paulo. 1. REY, Luiz — Manual de Parasitologia. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan. 2. VERONESI, R. — Doenças Infecciosas e Parasitárias. Guanabara-Koogan, Ed. Rio de Janeiro, 6.a E d . , 1976. 3. PESSOA, S. B. e VIANNA MARTINS, A. — Parasitologia Médica. Guanabara, Ed. Rio de Janeiro, 10.a E d . , 1976. 4. LACAZ, Carlos da Silva e outros — Introdução à Geografia Médica do Brasil. São Paulo, Editora Edgard Blucher/Editora da USP, 590 p. 5. CARRERA, Messias — Entomologia para você. São Paulo, EDART, Livraria Editora da Universidade de São Paulo, 185 p. 6. STANIER, Roger y DOUDOROFF, Michael — Mundo dos Micróbios. São Paulo, Editora Edgard Blucher, Editora da USP, 1969, 742 p. 7. LEAVELL, H. & CLARK, E. G. — Medicina Preventiva. Rio de Janeiro. Editora Mc Graw Hil! do Brasil Ltda./MEC. 8. DIAS, E. e DIAS, J. C. P. — Doenças de Chagas — Noções. Serviço Nacional de Educação Sanitária (Rio), 2. a Ed., 1968. 9. ROJAS, R. A. — Curso de Epidemiologia. Ediciones de La Universidad de Chile, Santiago, 2.ª Ed., 1964. 10. MILWARD DE ANDRADE, R. — Ecologia da Esquistossomose. Revista Brasileira de Malariologia de Doenças Tropicais XI: 171-218, 1959. 11. Organização Panamericana de Saúde — Profilaxia das Doenças Transmissíveis. 11. a edição. Publicação Cientifica n.° 268 — Washington, D.C., 1973, 358 p. 12. PUFFER, Ruth Rice & SERRANO, Carlos V. — Características de Ia mortalidad en Ia ninez Datos selecionados del livro. Organização Panamericana de Saúde. Washington, D.C. 1973, 38 p. 13. MACEDO, Filho Allyrio — Doenças Transmissíveis. 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DELAUNAY, A. — L'Immunologie. Press. Univers. France, Paris, 1. a Ed., 1969. VI - Revistas de Interesse para um Programa de Educação eSaúde no 1º grau: VII - Centros de Informação sobre Saúde e Educação: 1. O CORREIO DA UNESCO — Fundação Getúlio Vargas — Praia de Botafogo, 188. 20 000 Rio de Janeiro — RJ. 2. A SAÚDE DO MUNDO — Organização Mundial de Saúde. Av. Appia, 1.211 — Genebra, 27. Suiça. 1. BIREME — Biblioteca Regional de Medicina, Rua Botucatu, 862 — Caixa Postal, 20.381, Vila Clementino, 01 000 — São Paulo — SP. OBS.: Na BIREME se encontra a Unidade de Vendas de Publicações da OMS/OPS. Pode-se pedir catálogo e assinar periódicos. 2. Fundação Carlos Chagas — Setor de Edições. Departamento de Pesquisas Educacionais. Rua Cardeal Arcoverde, 1.847 — 05 407, São Paulo — SP. 3. Divisão Nacional de Educação Sanitária (DNES). Ministério da Saúde — Brasília/DF. — Documentos da IV Jornada Brasileira de Estudos de Educação em Saúde — Inéditos. — Arquivos: material recolhido da aplicação da revisão preliminar deste Programa-Manual "Educação e Saúde", provenientes de escolas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Bahia e de uma revisão com professores do curso de Licenciatura Parcelada em Ciências e Matemáticas. (CECIMIG/FAEUFMG). Inéditos, 1977. Composto e Impresso na MINAS GRAFICA EDITORA LTDA Rua Timbiraa. 2.062 — PABX 226-4822 Belo Horizonte — MG