TRABALHO FINAL DA PÓS EM CINEMA-UTP
SIRLEI DA SILVEIRA
Orientadora: Profa. Denize Araujo, PhD
AS HORAS: intertextualidades
O grande cineasta é aquele capaz de fundir o verbal com o visual.
Para Jean-Claude Carrière (1995 p. 25)
Virgínia Woolf escreveu Mrs. Dalloway em 1923, na casa de subúrbio londrino que dividia com
o marido Leonard. Tentava fugir dos terríveis sintomas de distúrbio mental que a perseguiram
até seu suicídio, em 1941, em Essex, ao mesmo tempo em que buscava, sem muito sucesso,
modos de inserção em algum tipo de “vida normal'. O seu universo era habitado por grandes
lembranças, uma época de grandes transformações, momento entre duas grandes guerras,
movimentos fortes que romperam com as tradições. Seu desespero existencial, retrato de uma
sociedade massificada e em crise onde o indivíduo deslocado dificilmente encontrava seu lugar,
foi tema de seu romance.
O filme As Horas, de Stephen Daldry, é uma adaptação do romance homônimo de Michael
Cunningham, que vai fazer uma referência direta à obra literária de Virginia Woolf, Mrs.
Dalloway, seu romance mais importante, e à biografia desta mesma autora, ao tratar da história
de três mulheres. É justamente na estrutura do filme As Horas, de Daldry, que residem as
incertezas de Virgínia Woolf – no excepcional trabalho das atrizes Nicole Kidman, Juliane
Moore e Meryl Streep. Tudo no filme remete à Virgínia escritora, ou seja, a frustração é o fio
condutor que as une, por exemplo, nas dificuldades frente às escolhas, indispensáveis à vida.
O cineasta utiliza as mais diversas formas intertextuais (como descreve Victor Manoel de Aguiar
e Silva em seu livro Teoria da Literatura (1988 p. 362): Intertextualidade é o diálogo de vários
textos, de várias vozes e consciências. Este dialoguismo, na sua dinâmica originaŕia é essencial
é hetero-autoral) ao adaptar para o cinema o filme As Horas em 2002, faz uso de citações,
referências conscientes e inconscientes, e inversões de outros textos. Primeiramente o filme está
ligado por eixos que interligam no tempo e no espaço com o romance Mrs. Dalloway (1923) e
obra de Michael Cunningham, o livro As Horas. As duas obras 'misturadas' vão adquirir uma
narrativa entrelaçada que ocorre em lugares e tempos diferentes. Daldry usa recursos
cinematográficos para traduzir aspectos sugeridos nos romances, tais como fluxo do pensamento
e a passagem do tempo, ou seja, ele vai sobrepor imagens e elementos das narrativas literárias,
adaptando-os às regras do cinema.
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Esse embaralhamento inicial pode confundir o espectador, porque as histórias se interrelacionam, como se o tempo e lugar fossem um só na vida dessas três mulheres, Virgínia
Woolf, Laura Brown e Clarissa Vaughan. Essa “confusão” inicial, causada pelos cortes que
movem as personagens para o passado, presente e futuro, vai se justificando quando esses eixos
essenciais se tornam claros e localizam o espectador no tempo e no espaço, apesar da ruptura que
vai permear todo o filme, o espectador é tomado pelo ritmo contínuo. A habilidade na reunião
equilibrada desses elementos, paradoxalmente, ritmo e ruptura, na combinação dos movimentos
essenciais que vão conduzir à pulsação narrativa.
O autor do livro As Horas, Michael Cunningham, insere uma anotação do diário de Virginia
Woolf , de 30 de agosto de 1923, que diz: “Não tenho tempo para descrever meus planos. Eu
deveria falar muito sobre AS HORAS é o que descobri. Como escavo lindas cavernas por trás
das personagens, acho que isso me dá exatamente o que quero, humanidade e humor,
profundidade. A idéia é que as cavernas se comuniquem e venham à tona”.
Literatura e Filme
O romance As Horas (1998), escrito pelo norte-americano Michael Cunningham, é dividido em
capítulos, os quais tem como título os nomes das 3 personagens, as 3 protagonistas, cujas
histórias são dispostas numa ordem sequencial, de tal modo que as narrativas de suas vidas estão
intercaladas também. As obras, filme e literatura, iniciam-se com a narração do suicídio de
Virgínia Woolf e a transcrição da carta que ela deixou para o marido, Leonard Woolf, onde
percebemos traços do seu conturbado estado mental:
“ Queridíssimo,
Tenho certeza de que estou ficando louca outra vez: sinto que não
podemos passar por mais uma dessas temporadas terríveis. E
desta vez não vou me recuperar. Começo a ouvir vozes e não
consigo me concentrar. Por isso estou fazendo o que parece ser o
melhor a fazer. Você me deu toda a felicidade que eu poderia ter.
Você tem sido, sob todos os aspectos, tudo o que alguém podia
ser. Não creio que pudesse haver no mundo duas pessoas mais
felizes, até que veio essa doença terrível. Não posso mais
combatê-la, sei que estou estragando sua vida, que sem mim você
poderia trabalhar. E vai, eu sei. Você vê que nem estou
conseguindo escrever isso direito. Eu não consigo ler: o que eu
quero dizer, é que eu devo toda a felicidade que eu tive na vida a
você. Você foi imensamente paciente comigo e tremendamente
bom. Eu quero dizer isso – e todo mundo sabe. Se alguém
pudesse ter me salvado, esse alguém teria sido você. Tudo que eu
tinha se foi, exceto a certeza de sua bondade. Eu não posso
continuar estragando sua vida. Não creio que duas pessoas
poderiam ter sido mais felizes do que nós fomos.” (Virgínia,
1923, apud Cunningham, p. 11)
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Michael Cunningham fala em seu livro que “As horas” foi o primeiro título que Virginia Woolf
tinha pensado para seu romance. Uma informação significativa, à medida que representa uma
alusão explícita do autor à obra de Virginia. A trama do livro é exatamente a mesma do filme:
um dia na vida dessas três mulheres, Virginia Woolf, Laura Brown e Clarissa Vaughan, em
épocas e locais distintos, nos anos 20, 40 e anos 90.
A graça do filme está no jogo (fluxo do tempo, do pensamento das personagens) e
fundamentalmente nas referencias à escritora Virgínia. O que a princípio poderia ser considerado
como apenas uma paródia do livro de Virgínia Woolf passa a ter uma dinâmica muito
interessante, já que para a realização deste filme o autor recorre a um trabalho intertextual,
referências do material textual encontrado naquele ambiente cultural (1923, 1951 e 2001) do
trabalho do escritor Michael Cunningham, conforme consta no final de seu livro As Horas:
Ainda que Virgínia Woolf, Leonard Woolf, Vanessa Bell,
Nelly Boxall e outras pessoas da vida real apareçam neste
livro como personagens de ficção, procurei reconstituir, de
maneira a mais fiel possível, os aspectos exteriores de suas
vidas em um dia que inventei para eles, em 1923. Baseeime para ter informações, em uma série de fontes, sobretudo
em duas biografias magnificamente equilibradas e
perspicazes, Virgínia Woolf, a biography, de Quentin Bell”,
e etc. (Cunningham, 1999 p.179)
Podemos afirmar que As Horas, livro e filme, estão recheados de elementos referenciais,
representando uma alusão explícita às obras da escritora, onde prevalece o jeito de narrar - quase
uma imitação do estilo da escritora – Ambos estabelecem um jeito de narrar que é feito por meio
do fluxo de pensamento, como diz Raimundo Carrero (2005 p.117), em que as vozes interiores
parecem dialogar no silêncio das personagens, numa espécie de monólogos entrecruzados.
Em comum, literatura e filme exploram cenas do cotidiano dessas 3 mulheres - a trama do livro é
exatamente como no filme, - como diz o escritor Cunningham, ‘um dia inventado para elas’, para
Virgínia Woolf, Laura Brown e Clarissa Vaughan. As narrativas (literatura e filme) movem os
personagens para frente e para trás no tempo, levando o espectador para diferentes décadas.
Para transpor e traduzir esta estrutura (vozes interiores das personagens, silêncio, o fluxo de
tempo e espaço), o cineasta vai produzir um enredo estruturado em três linhas narrativas,
utilizando recursos cinematográficos específicos (flashback, cortes, lapsos temporais, elipses,
etc), e acima de tudo vai explorar o talento das protagonistas do filme. Há elementos
considerados cruciais, que nos permitem reconhecer a mesma narrativa, o mesmo estilo dos
escritores que a inspiraram – inclusive a técnica de fluxo de consciência, técnica comum
utilizada pelos escritores daquela época.
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FILME AS HORAS
Ao transpor para a tela, algumas personagens foram suprimidas e outras reduzidas. Buscando
preencher esse mesmo papel na narrativa fílmica, Stephen Daldry cria diálogos e determinados
personagens (em especial Richard, interpretado por Ed Harris e Julia, a filha de Clarissa
Vaughan, interpretada por Claire Daines) ganham um maior espaço, preenchendo lacunas da
narrativa que, no livro, ficavam a cargo das 'loucuras' das próprias personagens principais.
Daldry vai evocar referenciais da literatura de Virgínia Woolf para construir suas protagonistas
(Virgínia, Laura e Clarissa) e modelá-las, não pela lógica da realidade ou pelas exigências da
narrativa – mas pela mente de Virgínia Woolf. O que se percebe é que as protagonistas têm
características que se assemelham às da autora de Mrs. Dalloway, quase que numa imitação da
escritora. No final das contas, são representações do universo psíquico de Virgínia, carregado de
desilusões e angústias.
A todo momento as personagens fazem uma reflexão do seu existencial atual que é resultado
daquilo que elas vivenciaram em outras épocas e representam as facetas de Mrs. Dalloway, ou
seja: quem escreveu a história (Virgínia), quem leu (Laura) e quem viveu (Clarissa).
PROTAGONISTAS DO FILME AS HORAS
Arredores de Londres, no ano de 1923, em Richmond
Virgínia Woolf (Nicole Kidman) escreve seu romance Mrs. Dalloway, em 1923, tentando
transferir aos seus personagens os terríveis sintomas de distúrbio mental que a perseguiram até
seu suicídio, em 1941: a personagem Clarissa sai de casa para comprar flores para sua festa e
repensa sua vida e sua decisão de não se casar com quem se apaixonara.
Los Angeles, no ano de 1951
LAURA BROWN (Juliane Moore), casada com Dan Brown, tem um filho Richie, de seis anos,
saudável e amoroso e está grávida do segundo filho, uma menina. Fã ardorosa de Virgínia Woolf
(está lendo Mrs. Dalloway), ela procura desempenhar seu papel da melhor maneira possível,
confeccionando um simples bolo de aniversário para o marido, em sua bela casa que lhe
proporciona conforto e segurança. Porém, por trás desta aparente felicidade esconde-se uma
mulher frágil, insegura e que tenta o suicídio. No final, libertando-se daquilo que a faz sofrer,
foi capaz de abandonar tudo isso para ressignificar sua existência, mudando-se para o Canadá e
assim driblando a depressão e o suicídio.
Nova York, ano de 2001
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CLARISSA VAUGHAN (Meryl Streep), editora, protótipo de mulher liberal, moderna, que em
Manhattan compra flores e prepara uma festa para um amigo e ex-amante Richard Brown, poeta,
gay e aidético terminal, que acaba de ganhar um prêmio literário. A 'super' mulher está em crise,
vulnerável, acaba sofrendo uma crise nervosa ao falar de Richard Brown (filho abandonado de
Laura Brown).: percebe qu sua vida lhe foi subtraída, pois percebemos que os fatos relacionados
a outras personagens lhe roubaram sua própria vida, por exemplo, quando vemos seu ex-marido
Richard dependente dos seus cuidados.
A interligação entre as três personagens acima é a frase com a qual Virgínia Woolf irá iniciar
seu novo romance Mrs. Dalloway, Laura Brown lê a primeira frase do romance Mrs. Dalloway
e Clarissa Vaughan a repete, o que de certa forma incorpora a personagem, ao sair de casa
afirmando que irá ela mesma comprar as flores.
Em comum essas três mulheres, Virgínia Woolf e as outras personagens Laura Brown e Clarissa
Vaughan tem são situações corriqueiras vividas por todo ser humano, mas que se processa em
meio ao fluxo de consciência.
Os olhares dos atores e os “closes” são utilizados para mostrar a inadequação do tempo e do
espaço das personagens, por exemplo, na personagem de Juliane Moore, Laura Brown, suas
expressões faciais são fortes e marcantes; em muitos momentos o silêncio, também funciona
como uma narrativa, preenche o vazio e ocupa o espaço, traduzindo para o telespectador para
onde a trama caminha.
Cunningham e Daldy fazem um paralelo entre a vida da Virgínia, escritora e as vidas das
protagonistas, remetendo a um mundo em movimento, “o mal-estar pós-moderno”,
(do embate
do moderno e pós-moderno) característica de uma época de grandes transformações, crise do
individualismo, o desespero existencial. Àquele século complexo e contraditório, de processos
intelectuais flutuantes, retrato de uma sociedade massificada e em crise, onde o indivíduo,
deslocado, dificilmente encontrava seu lugar. (Dictionary, Web); o que Jean Carrière (1995)
chama de “sensação de um passado acumulando atrás de nós”.
Pois, para o mesmo autor, (p.107) “….. Sem se aproximar, nem mesmo de forma remota, dos
monossegundos dos cientistas, que são frações de tempo não apenas imperceptíveis, mas
efetivamente inimagináveis, a montagem possibilita uma relação altamente refinada entre o
tempo e a duração... o tempo que pode ser medido e dissecado na moviola, proporciona o
cinema jogar com o tempo de tão variadas formas, às suas necessidades e permutações. Para o
cineasta Jean Carrièrre ( fazer perceber o desenrolar do tempo, principalmente quando é preciso
indicar que se passam 15 dias, três semanas, décadas, - o tempo literário (que aparece de diversas
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formas, com idas e vindas) e organizar este tempo embaralhado e encontrar um ritmo que
permita contar uma história pelo calendário, segundo aquele autor pode transformar em um
intransponível quebra-cabeça.
Articulados paralelamente na montagem, a música, os cortes mostram a simultaneidade de ações
na rotina das protagonistas, como realizar pequenas tarefas do lar, dando a impressão de
continuidade, que é na verdade um falso ritmo, fragmentado, mas que entrelaçado é contínuo,
restabelecendo uma ordem cronológica dos fatos.
O texto cinematográfico está estruturado de maneira a organizar o material temporal no nível
interno da sua narrativa - vários tempos nos quais as perspectivas dos personagens se entrelaçam
- oscilações entre os fatos do presente e os do passado e futuro. O tempo marca inexoravelmente
a vida das protagonistas das As Horas (com todos os deslocamentos imagináveis, atalhos,
truques, flashbacks) vão justapor as imagens e sobrepor elementos da narrativa sobre outro.
Essa desordem temporal, aglutinando esses tempos: tempo presente, que retorna ao passado e
projeta fatos futuros num ambiente marcado por incertezas e rupturas é que se insere as
protagonistas das Horas de Daldry.
O filme “As Horas” integra duas obras literárias, portanto,estamos diante da literatura e do
cinema: as quais fazem referência à escritora Virgínia Woolf. O filme se baseia na
intertextualidade e por isso mesmo exige do telespectador referenciais para sua compreensão;
apresenta movimentos lentos intercalados com movimentos frenéticos, elipses que deixam o
espectador confuso.
Sandra Jatahy (p. 221) explica que a literatura é a narrativa que confere à produção maior
liberdade ficcional, que encontra forma e expressão diferente da fala real. Aquilo do que se fala
não precisa ter acontecido. Mas, para o leitor, o efeito de real criado pelo texto o faz reportar-se
também a um outro tempo e espaço, entrando no domínio narrado e captando e ressemantizando
a coerência de sentido proposta pelo autor. Há mais liberdade ficcional do lado da produção e da
recepção, sendo uma forma mais ‘solta’ de expressão do imaginário. Os diálogos entre livros e
filmes estão estabelecidos, reportando-se este discurso às imagens que tem ressonância na
bagagem imaginária do leitor.
Virgínia se apropria de uma técnica muito utilizada pelos grandes autores do século XIX para
escrever seu romance mais famoso, Mrs. Dalloway – a técnica de fluxo de consciência,
característica da escrita da época, refletida em seu romance. Percebe-se que de um jeito ou de
outro os autores daquele século foram seus inspiradores. Quanto mais referências o espectador
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possui, maior conhecimento terá da obra, e obviamente, de compreender a complexidade dos
personagens e no caso aqui, em quem foram inspirados, e assim terá maior domínio da trama do
filme.
Daldry vai utilizar recursos cinematográficos para transpor para o cinema a mesma técnica
utilizada por Cunningham, a que inspirou Virgínia Woolf e que agora inspira Daldry. Ele se
beneficia da estratégia pós-moderna: da paródia, de citações – de alusões textuais e visuais,
encontrados no romance As Horas. O modo como estas cenas se fundem sugere a indefinição,
um reforço à digressão.
Tanto na literatura como no filme Virgínia Woolf, Laura Brown e Clarissa Vaughan acordam ao
mesmo tempo, como se não houvesse um intervalo de muitos anos separando as três narrativas.
Em comum, literatura e filme estão recheados de elipses (que inquietam e provocam o
telespectador) e lapsos temporais intencionais – são esses os elementos fundamentais que dão
profundidade às narrativas. s.
As narrativas de inserção são compostas pela justaposição de planos pertencentes as ordens
espaciais ou temporais diferentes, cujo objetivo é gerar uma espécie de representação simultânea
de acontecimentos. Todos esses segmentos autônomos que, ao serem articulados e interligados,
dão sentido ao conjunto narrativo, ou seja, ao filme As Horas. Não só as cidades aparecem como
elementos que transportam o telespectador no tempo, mas, vários fatos e costumes daquela época
e ainda fatos relacionados ao mundo pós-moderno, época de grandes movimentos, em que ouvese a nova música de Debussy e de Millaud, assiste-se ao teatro de Pirandello, ao cinema de
Chaplin, já se fala da psicanálise de Freud, do relativismo de Einstein e etc. É nesse contexto
sócio-cultural que a autora de Mrs. Dallaway se insere.
Os constantes “flashs” de memória e o vai-e-vem entrelaçado do enredo de cada personagem
expressam esse recurso de representação simultânea de acontecimentos subtraídos. Esses
“flashs”, essa mistura de linguagem, com a adoção de recursos extra-cinematográficos,
constroem um dialogismo intertextual presente no filme As Horas, sugerindo que todo texto é
uma rede de informações, ou como diz Carrière (1995, p. 37) Nossa imaginação individual
deriva de outra imaginação, mais vasta e mais antiga do que nós mesmos... ”.
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BIBLIOGRAFIA
BOSSI, Alfredo. Literatura comparada.
CARRERO, Raimundo. Os segredos da ficção: um guia da arte de escrever narrativas
– Rio de Janeiro, 2005
CARRIÉRE, Jean-Claude – A linguagem secreta do cinema; tradução Fernando
Albagli e Benjamim Albagli. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995
CUNNIGHAM, Michael. As horas. São Paulo: Companhia das Letras, 2003
PASSAVENTO, Sandra Jatahy. De razões e Sentimentos: O Quartilho na tela. A
história vai ao cinema. Organização de: Marilza de Carvalho Soares e Jorge Ferreira,
2001
WOOLF, Virginia. Mrs. Dalloway. Tradução de Mário Quintana. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira: 1980.
FILMES
MRS. DALLOWAY. Direção: Marleen Gorris. Reino Unido, Estados Unidos, Holanda:
First Look Pictures Releasing, 1997
AS HORAS, Direção: Stephen Daldry. Estados Unidos, 114 minutos, Scott Rudin
Productions, 2002
INTERNET
www.roteirodecinema.com.br/manuais/reflexõesdeumroteirista – acesso em 01.11.2012
www.ppgll.ufba.br, acesso em 22.07.2012
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AS HORAS: intertextualidades - TCC On-line