Título: Efeito da hidrólise por β-glicosidase na absorção, capacidade antioxidante e atividade anticarcinogênica in vitro de polifenóis de diferentes variedades de manga (Mangifera indica L.). Resumo: Introdução e objetivos: A etapa de deglicosilação por β-glicosidases auxilia a absorção de polifenóis derivados da dieta pelo organismo humano, a qual poderia influenciar as propriedades anticarcinogênicas destes compostos. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da hidrólise de polifenóis da polpa da manga pela enzima β-glicosidase na atividade antioxidante, efeito anticarcinogênico e absorção in vitro de polifenóis. Metodologia: Polifenóis foram caracterizados por CLAE e espectrometria de massa, antes e após a hidrólise enzimática (0.17 mg β-glicosidase 1000 KU/g polpa de manga / 4 h / 35°C). A capacidade antioxidante foi determinada pelo ensaio ORAC. Os efeitos antiproliferativos do extrato fenólico das variedades de manga Ataulfo, Haden, Kent, Francis e Tommy Atkins e frações do extrato da variedade Ataulfo foram avaliados em modelos in vitro de cultura de células humanas de câncer de cólon (HT-29) e mama (MDA-MB-231), por contagem de células. A absorção intestinal foi avaliada em modelo in vitro de monocamada de células de adenocarcinoma de colón humano Caco-2. Monocamadas de células foram incubadas por 2h no compartimento apical com extratos controle e hidrolisado. Resultados: Polifenóis da polpa de manga (controle) incluíram ácido gálico, mangiferina, derivados de ácidos fenólicos e galotaninos, enquanto ácido gálico, caféico, ferúlico, p-coumárico, p-hidroxibenzóico, mangiferina e galotaninos consistiram os principais compostos fenólicos do extrato hidrolisado. Quando incubadas com o extrato hidrolisado, ácido gálico, caféico, ferúlico, p-coumárico, vanílico e p-hidroxibenzóico foram detectados no compartimento basolateral das monocamadas de células, enquanto apenas ácido gálico foi detectado quando tratadas com extrato controle. Polifenóis de elevado peso molecular (mangiferina e galotaninos) não foram transportados. Polifenóis da polpa (controle) de todas as variedades inibiram a proliferação de células humanas de câncer de cólon (0-27 μg de ácido gálico equiv./mL) e de mama (0-24 μg GAE/mL) em até 99.8 e 89.9 %, respectivamente. Apesar de a hidrólise enzimática ter aumentado a absorção de polifenóis de manga, não houve aumento significativo na atividade antioxidante, no conteúdo fenólico e na supressão do crescimento de células cancerosas de colón e mama. Ademais, ambas as frações fenólicas enriquecidas com polifenóis de baixo (138-194 Da) e elevado (422; 788-1852 Da) peso molecular inibiram o crescimento de células cancerosas de colón (HT-29) e mama (MDA-MB-231) na mesma extensão (0-20 μg GAE/mL). Conclusões: Concluiu-se que polifenóis de polpa de manga de diferentes variedades exibiram efeitos anticarcinogênicos em modelos in vitro, os quais não seriam necessariamente dependentes da hidrólise pela β-glicosidase.