VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil Soja e Desenvolvimento: uma análise comparativa entre os estados da Bahia e do Tocantins. Angela Cristina dos Santos Carvalho(Faculdade Metropolitana de Marabá-PA) Docente [email protected] Ronie Carlos Magalhães Chagas(Facimp) Docente [email protected] Oriana de Almeida Trindade(NAEA - UFPA) Docente [email protected] Tema: Soja e Desenvolvimento. Introdução: A expansão recente da soja sob o território brasileiro tem sido alvo de debates nacionais e internacionais, quanto aos impactos sócio-econômicos e ambientais. Esse debate tem uma análise plural que conjuga os conceitos de desenvolvimento econômico à mitigação dos impactos ambientais. A problemática existente não está condicionada somente à preservação do meio ambiente, mas também à redução das desigualdades regionais e estaduais em que se encontram as regiões mais pobres brasileiras. Objetivo: Esse trabalho tem como objetivo principal estudar de forma comparativa os estados da Bahia e do Tocantins, sob a análise do desenvolvimento econômico nos municípios com soja e sem soja. Metodologia: Buscou-se avaliar se os índices de desenvolvimento social e econômico para os municípios com soja de cada estado são melhores ou em que média estão quando comparados aos municípios sem soja para cada estado em análise. A estratégia norteadora do trabalho está na divisão de cada unidade de referência, o estado, em duas categorias: municípios com soja e sem soja. Dessa forma foi possível avaliar de forma objetiva o desempenho de cada estado, entre os anos de 1990 e 2000. A análise dos dados de todo o universo em análise foi dividida em dois momentos. Primeiro foi realizada a análise econômica, onde se procurou perceber o peso dos indicadores de crescimento econômico, com as VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil variáveis PIB e valor adicionado para cada setor econômico nas categorias municípios com soja e sem soja. No segundo momento, foi realizada a análise social, através do método da análise multivariada (análise fatorial), onde foram reunidas 9 variáveis para cada categoria, com soja e sem soja de cada estado em observação. Dessa forma, procurou perceber se, os municípios com soja tem um desempenho maior ou menor, em função do PIB, para assim capturar os efeitos desse fenômeno e identificar a participação dos setores econômicos no PIB de cada estado em análise. Na abordagem social, foi realizada a análise fatorial dos anos de 1991 e 2000, a partir de dados secundários do IBGE e IPEA, com base municipal, a fim de reunir as variáveis socioeconômicas selecionadas, em fatores que expliquem ou classifiquem o desenvolvimento econômico. Resultados: Dessa forma, foi possível hierarquizar os municípios através da criação do índice que reflete os fatores, os quais explicam o maior número de variáveis correlacionadas dentro do universo de análise. Os municípios com soja na Bahia, em 2000, foram caracterizados mais agrários, com uma riqueza e concentração de renda relativamente maior, quando comparada com os municípios sem soja. Vale ressaltar também que a soja na Bahia está somente concentrada no Oeste Baiano, principalmente nos municípios de Barreiras e de Luís Eduardo Magalhães e que nesses municípios a cadeia produtiva da soja é completa, ou seja, o processamento é realizado nessa região. O estado de Bahia apresentou 14% dos municípios, com soja, com o índice de médio a muito alto para o desenvolvimento, enquanto que os 45% municípios sem soja apresentaram esse mesmo índice. 43% dos municípios com soja e 55% dos municípios sem soja apresentaram o índice de baixo à muito baixo para o desenvolvimento. Para o município de Barreiras, onde se concentram as duas multinacionais de processamento de soja, da Bunge e da Cargill, apresentou o quinto melhor índice de desenvolvimento do estado em 1991, com 0,45 e em 2000, o segundo maior índice do estado da Bahia, com 0,60, apresentando um crescimento de 33%. Já para o estado de Tocantins, segundo os indicadores de desenvolvimento social, 81% dos municípios com soja e 33% dos municípios sem soja em Tocantins apresentaram índices de médio a muito alto. Enquanto que, 19% dos municípios com soja e 67% dos municípios sem soja apresentaram índices de baixo a muito baixo. Conclusões: Para a região Norte, dos estados com presença significativa de soja (Tocantins, Rondônia e Pará) constatou-se que o estado de Tocantins apresentou um dos melhores índices de desenvolvimento para os municípios com soja. A ocupação de soja em Tocantins resulta em 70% de participação da ocupação VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém – PA – Brasil por soja na região Norte, em área plantada. Para a região Nordeste, os municípios com soja apresentaram um melhor desenvolvimento quando comparados aos municípios sem soja. No entanto é observado que a região apresentou o menor desenvolvimento entre as regiões da recente ocupação por soja no território brasileiro. Observa-se que na Bahia apesar da concentração do complexo agroindustrial da soja no Oeste Baiano, o desenvolvimento tem um alcance reduzido ao limite de alguns municípios. Este fato poderá ser visualizado quando comparado os índices de desenvolvimento do município de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães com os demais municípios com soja do estado. REFERÊNCIAS: CANO, W. Desconcentração produtiva regional do Brasil – 1970 - 2005. São Paulo; UNESP, 2008. DALL’ AGNOLL, A. et. al. O complexo agroindustrial da soja brasileira. Londrina: [s.n], 2007. (Circular Técnica n. 43). DINIZ, C. C. Repensando a questão regional brasileira: tendências, desafios e caminhos. In: CASTRO, Ana Célia (Org.).Desenvolvimento em debate: novos rumos do desenvolvimento no mundo. Rio de Janeiro: BNDES, 2002, p. 239-274. EVANS, P. Além da monocultura institucional: instituições, capacidades e o desenvolvimento deliberativo. Sociologia. Porto Alegre, 2003, p. 20-63. HADDAD, P.R.org. Economia regional: teorias e métodos de análise. Fortaleza, BNB.ETENE, 1989.