II - BIOHIDROLOGIA corpo humano podemos citar como exemplos de fluídos: ar que respiramos, sangue, linfa, líquor, líquido amniótico, líquido sinovial, etc. SUMÁRIO 1. Conceito: .............................................1 2. Propriedades ........................................1 3. 2.1. Densidade ....................................1 2.2. Viscosidade ..................................1 2.3. Tensão Superficial .......................2 2.4. Pressão: ........................................2 Prensa Hidráulica ................................3 3.1. Pressão Atmosférica ....................5 3.2. Pressão Hídrica ............................5 3.3. Medidores de Pressão ..................5 3.4. Pressão Sanguínea .......................5 3.5. Medidores de Pressão Sanguínea.6 3.6. Esfigmomanômetro de mercúrio. 6 3.7. Esfigmomanômetro aneróide .......7 2. Propriedades Para entender melhor a física que age sobre os fluídos, é bom lembrar algumas propriedades destes. 2.1. Densidade A densidade (também massa volumétrica) de um corpo define-se como o quociente entre a massa e o volume desse corpo. Desta forma pode-se dizer que a densidade mede o grau de concentração de massa em determinado volume. O símbolo para a densidade é ρ (a letra grega ró) e a unidade SI é quilograma por metro cúbico (kg/m³). m kg V m3 3.8. Medidores do tipo eletrônicos/digitais. ................................8 4. Movimento e Propriedade dos líquidos 11 4.1. a) Fluxo ......................................11 4.2. ...................................................12 A 1. Conceito: Defini-se Biohidrologia como a parte da biofísica que estuda os fluídos em condições estáticas (hidroestática) e em movimento (hidrodinâmica). Para a saúde, de uma forma geral, tanto a hidroestática como hidrodinâmica são de grande importância, pois o corpo humano estático na água serve como hidroterapia, uma vez que a força do empuxo reduz a ação da gravidade, o que pode ser útil em terapias para pacientes com torções, processos inflamatórios em articulações e atletas. Os próprios fluídos do corpo, mesmo não estando exatamente estático, pode ser estudado como tal em certas condições, facilitando a compreensão de fenômenos biológicos. A hidrodinâmica está presente na função respiratória, o estudo de fluxo sanguíneo e outros fluídos. Para se entender melhor biohidro, é necessário saber alguns conceitos. Por exemplo, fluídos que são substâncias que não possuem forma definida, eles adquirem o formato do recipiente onde se encontram. Esse termo abrange tanto líquidos como gases. No ar 1,3 B kg m3 kg 1,0.103 3 agua m kg 1,06.103 3 sangue m Hg kg 13,58.103 3 m 2.2. Viscosidade Resistência interna de um fluído. É a força que deve ser feita durante certo tempo para se deslocar uma área unitária de um fluído (Heneine p. 7) É o atrito entre duas folhas imaginárias no líquido que se escoa. F .t N.s kg ou ΔA m 2 m.s Aplicações: Circulação sanguínea – diabetes. Lubrificação das articulações Medicamentos. 2.3. Tensão Superficial Tensão superficial é um efeito físico que ocorre na interface entre duas fases químicas. Ela faz com que a camada superficial de um líquido venha a se comportar como uma membrana elástica. Esta propriedade é causada pelas forças de coesão entre moléculas semelhantes, cuja resultante vetorial é diferente na interface. Enquanto as moléculas situadas no interior de um líquido são atraídas em todas as direções pelas moléculas vizinhas, as moléculas da superfície do líquido sofrem apenas atrações laterais e internas. Este desbalanço de forças de atração que faz a interface se comportar como uma película elástica como um látex. Por causa da tensão superficial, alguns objetos mais densos que o líquido podem flutuar na superfície, caso estes se mantenham secos sobre a interface. Este efeito permite, por exemplo, que alguns insetos caminhem sobre a superfície da água e que poeira fina não afunde. A tensão superficial também é responsável pelo efeito de capilaridade, formação de gotas e bolhas, e imiscibilidade entre líquidos polares e apolares (separação de óleo e água). http://pt.wikipedia.org/wiki/Tens%C3%A3o_superficial Líquido Tempera tura em °C Tensão superfici al em dyn/cm Mercúrio 15 487 Éter etílico 20 17 Etanol 20 22,27 Acetona 20 23,7 Ácido acético 20 27,6 Glicerina 20 63 Solução aquosa de cloreto de sódio 20 82,55 Sacarose + água 20 76,45 Água 0 75,64 Água 25 71,97 Água 50 67,91 Água 100 58,85 2.4. Pressão: Imagine dois corpos com formatos diferentes como na figura a seguir. Qual desses objetos pesa mais? O cone ou a esfera? 5 kg 5 kg Naturalmente, que seus pesos são iguais. Entretanto, se você colocar a esfera na mão direita e o cone na mão esquerda, a mão esquerda sentirá mais a ação do cone do que a mão direita. Por quê? Se ambos têm a mesma quantidade de massa? na base do recipiente é dada pela equação P = F/A. Entretanto, sabemos que; = m / V (variação da massa sobre variação do volume) e que F é m.g (produto da massa pela aceleração da gravidade). Então podemos concluir que: Isso se deve graças à Pressão. A mesma quantidade de matéria está distribuída na mão direita por uma área maior do que na mão esquerda. Isso seria como você estar em pé, sentado ou deitado. A sua massa corporal é a mesma em qualquer uma dessas condições. Entretanto quando se está em pé a superfície de contato entre você e o chão é apenas parte da área da planta do pé. Já quando se encontra deitado, a superfície de contato são área como, parte da região occipital do crânio, regiões escapulares, glúteos e calcanhares. P F m.g .A.h.g .g .h A A A Ex.1 – Sabendo-se que a densidade do mercúrio é de 13,6 g/cm3 e que ao nível do mar este líquido fica suspenso 76 cm. Qual a pressão que este exerce sobre sua base em N/m2? Adote g = 9,8 m/s2. 3. Prensa Hidráulica A pressão aplicada a um fluido dentro de um recipiente fechado é transmitida, sem variação, a todas as partes do fluido, bem como às paredes do recipiente. A B C Para sólidos, a pressão pode ser definida como, a quantidade de força que é exercida em uma área e é dada pela Equação 01. Em um elevador hidráulico uma pequena força (F1) aplicada a uma pequena área (A1) de um pistão é transformada em uma grande força (F2) aplicada em uma grande área (A2) de outro pistão (veja figura abaixo). Se um carro está sobre um grande pistão, ele pode ser levantado aplicando-se uma força F1 relativamente pequena, de modo que a razão entre a força peso do carro (F2) e a força aplicada (F1) seja igual à razão entre as áreas dos pistões. F N P ouPa ΔA m2 P1 P2 (01) O fluído contido em um recipiente exerce sobre uma secção perpendicular de área “A” uma força “F”. Pode-se caracterizar essa força por meio de pressão hidrostática, definida como: A h F P A F2 A2 ou F1 F 2 A1 A 2 F1 A1 h P Sendo um líquido de densidade “" dentro de um recipiente de área “A” e tendo altura “h”, podemos dizer que a pressão hidrostática que esse líquido exerce Ex 2 – Se o raio de A1 for de 4,0 cm e o raio de A2 for de 2,0 cm e a Força F1 for de 50 N, qual será a intensidade da força F2 no pistão? 4. UNIDADES DE PRESSÃO Em Unidades do Sistema Internacional, onde; F = Variação da força total aplicada à um elemento de área. A = Elemento da área. P rel P Essas unidades do Sistema Internacional (SI), no entanto, nem sempre são utilizadas. Por exemplo, a calibração de pneus é expressa em lb/pol2 = psi, ou a pressão atmosférica é dada em atm (atmosfera). Existem ainda as unidades dadas em função da altura de colunas de mercúrio ou água (mmHg e mmH2O, respectivamente). Várias outras unidades de pressão podem ser usadas, dependendo da região ou da intensidade deste fenômeno, mas uma unidade pode ser convertida em outra utilizando um fator de correção. A Tabela I traz diversas unidades de pressão e como converter uma unidade em outra. A pressão pode ser classificada em: estática, ou seja, que não sofre alterações ao longo do tempo, como por exemplo, um bloco de concreto agindo sobre uma mesa, e dinâmica, que varia com o tempo, no caso, a pressão sangüínea, que varia de acordo com as contrações produzidas pelo coração. Existem ainda, as pressões relativa e absoluta. A pressão absoluta (Pabs) significa a pressão de um fluído sobre um valor referente de pressão no vácuo ou sobre o zero absoluto de pressão. A Pressão relativa (Prel) representa o valor da pressão sobre o referente valor da pressão atmosférica, p. ex. (Figura 4). Ao nível do mar, o valor da pressão atmosférica é de aproximadamente 760 mmHg, ou 14,7 lb/in2 (psi). Isso significa que, se a Pressão relativa em um determinado recipiente é de 100 mmHg, e este se encontra próximo ao nível do mar, a pressão absoluta será de 860 mmHg. P atm FIGURA 4 – PRINCIPAIS TERMOS USADOS PARA CLASSIFICAR PRESSÃO. Tabela I – Unidades de medidas de pressão. (HALLIDAY et al., 1983). Multiplique no de Por Para obter Atm. Bar mmH2O lb/pol2 (Psi) mmHg (Torr) N/m2 (Pa) Atm. Bar mmH2O lb/pol2 (psi) mmHg (Torr) N/m2 ( Pascal) 1 1,01 1,03 x 104 14,70 760 1,01 x 105 9,87 x 10-1 1 1,02 x 104 14,50 750,06 105 9,68 x 10-5 9,81 x 10-5 1 1,42 x 10-3 7,36 x 10-2 9,80 0,068 6,89 x 10-2 7,03 x 102 1 51,72 6,89 x 103 1,32 x 10-3 1,33 x 10-3 13,59 1,93 x 10-2 1 1,33 x 102 9,87 x 10-6 10-5 1,02 x 10-1 1,45 x 10-4 7,50 x 10-3 1 5. Pressão Atmosférica É a pressão que as moléculas dos gases que compõem a atmosfera terrestre faz no corpo humano. Ao nível do mar, essa pressão é de 1 atm (760 mmHg). Na medida em que subimos uma montanha, estes gases se tornam menos densos e a altura da coluna de gás que age sobre nosso corpo fica cada vez menor, reduzindo o valor da pressão atmosférica. A pressão atmosférica é a pressão que as moléculas de ar fazem sobre nosso corpo. Quanto mais alto menor é a coluna de ar que age sobre o organismo, menor é a pressão atmosférica. Ao nível do mar essa coluna é relativamente grande e, portanto, maior a pressão atmosférica. Sob a água do mar, alem da pressão atmosférica soma-se a pressão hídrica. líquido (água, mercúrio, etc.) pode ser usado como manômetro. A diferença da 9altura entre os níveis dos dois braços “h” indica a diferença de pressão (P 1 - P2) e é dependente da densidade do líquido “” e da aceleração da gravidade “g” (Equação 02). P1 - P2 ρ.g.h (02) Existem ainda os manômetros em forma de poço ou cisterna (Figura 2.2 B) que possuem apenas um braço de aferição e o outro é substituído por um reservatório do líquido com uma abertura para receber a pressão P1. A pressão age no reservatório promovendo uma elevação do líquido acima do nível de referência. Os manômetros de mercúrio, utilizados para medir pressão sangüínea são um exemplo deste tipo de manômetro. P2 P1 Nível de referência h (A) Nível de referência P2 P1 (B) DIFERENTES TIPOS DE MANÔMETROS: (A) MANÔMETRO EM FORMA DE “U”, (B) MANÔMETRO EM FORMA DE POÇO. 6. Pressão Hídrica É a pressão que um líquido exerce em um corpo. Quando estamos imersos na água, esse líquido faz uma pressão no nosso corpo por todos os lados. Quanto maior a profundidade maior será a pressão hídrica. Para os fisioterapeutas, essa pressão sempre deverá ser levada em consideração, tanto em estudos de hidroterapia como em estudos de edemas e outros. Ela é dada por P = d. g . h (onde d é a densidade do líquido, g é a intensidade da gravidade e h é a altura da coluna de líquido que está sobre a superfície). 7. Medidores de Pressão Praticamente, existem dois tipos de configurações para medir pressões estáticas e dinâmicas (COBBOL, 1974): Manômetros e Transdutores elásticos. Manômetros são as mais simples configurações utilizadas para medir a pressão estática. Um tubo em forma de “U” (Figura 2.2 A) contendo um A maioria dos manômetros usa como referência a pressão atmosférica e dá como medida a pressão manométrica, que é a diferença entre a pressão existente em certo compartimento e a pressão atmosférica do local. Assim, a pressão manométrica será positiva se a pressão existente for maior que a atmosférica, e negativa se ocorrer o contrário. Para se determinar a pressão absoluta basta somar à pressão manométrica a pressão atmosférica local. 8. Pressão Sanguínea É a força variável que o sangue exerce nas paredes dos vasos sanguíneos. Fisiologicamente a pressão sanguínea é maior nas proximidades do coração e à medida que afasta das artérias de grande para médio e pequeno calibre ela reduz sua intensidade. Ao chegar nas arteríolas, capilares e vênulas a pressão cai a menos da metade. Durante o retorno venoso a pressão continua reduzindo, porém seu valor é muito baixo quando comparado com a pressão arterial de forma que sua medida é feita usando manômetros de água e não de mercúrio. Veja tabela a seguir. Tabela – Variação da pressão de acordo com o diâmetro e tipo de vaso. Vaso Diâmetro Art. aorta Grandes artérias Pequenas art. Arteríolas Capilares Vênulas Pequenas veias Grandes veias Veia cava 25 8 2 30 mm 8 mm 20 mm 3 10 30 Pressão (mmHg) 100 99 97 46 23 10 5 2 0 Do ponto de vista da importância médica parece que a pressão arterial tem maior aplicação. Não que a pressão venosa não seja aplicável. Valores extremos de pressão arterial podem levar o indivíduo ao enfarto, derrame cerebral e até mesmo à morte. Em especial a hipertensão tem alcançado uma significativa atenção da saúde pública. Ligas nacionais e internacionais juntaram esforços para classificar os níveis de hipertensos para traçar melhor futuros tratamentos. Tabela 4. 9. Medidores de Pressão Sanguínea Os Medidores de Pressão Sangüínea (MPS) que estão disponíveis no mercado podem ser divididos em dois grupos: invasivos e não-invasivos (WEBSTER, 1978). Tanto um tipo quanto o outro apresenta vantagens e desvantagens. Quanto aos medidores de pressão sangüínea não-invasivos, o mercado apresenta uma diversidade muito grande de equipamentos. Os mais comuns no mercado podem ser classificados em três grupos: o esfigmomanômetro de mercúrio, o esfigmomanômetro aneróide, e os do tipo eletrônico/digital. A seguir, é apresentada uma lista das principais vantagens e desvantagens destes MPS e um pouco do seu funcionamento. Não-Invasivos 9.1. Esfigmomanômetro de mercúrio. O Esfigmomanômetro de mercúrio (Figura 2.4) é um dos mais antigos MPS e até hoje tem sido bastante empregado. No entanto, logo após a introdução do primeiro protótipo no mercado pela Riva-Rocci em 1896, muitos erros na avaliação da Pressão Sangüínea, devido à problemas de desenho e técnicas, foram identificados. Primeiro, von Recklinghausen e depois Janeway demonstraram que a largura original da bainha de 5,0 cm resultou em medidas errôneas da pressão sistólica (STEWART et al; 1994). Depois, outros trabalhos mostraram que o comprimento tem maior importância do que a largura numa bainha que envolve completamente o braço, promovendo leituras que correlacionam melhor com a pressão intra-arterial. Além disso, é muito comum casos onde a bainha não seja do tamanho adequado para todos os diâmetros de braços. Para resolver este problema a British Hypertens Society recomenda que o tamanho padrão seja de 12 cm por 35 cm, além de sugerir que outros dois tamanhos especiais sejam colocados no mercado sendo um para envolver braços de crianças e outro para obesos. Apesar de muito antigo, o esfigmomanômetro de mercúrio possui grandes vantagens como aparelho para medir a pressão sangüínea: possui um longo aferidor de vidro e é fácil de ser lido; não requer reajuste; seu mecanismo simples tem consistência e aferição exatas; os modelos domésticos são leves e podem vir com tubo inquebrável; Como desvantagens podemos citar : podem ser volumosos para carregar; a coluna de vidro pode se quebrar, derramando mercúrio, caso o vidro não seja inquebrável; deve ser colocado em uma superfície plana durante a medição; medidas devem ser feitas ao nível do olho para serem mais correta; a bainha pode ser difícil de colocar no braço do paciente com uma só mão; bulbo pode ser difícil de ser comprimido; A medida da pressão sangüínea indireta geralmente é feita com o esfigmomanômetro, ligado à uma bolsa, que pode ser inflada através de uma pequena bomba de borracha, como indica a Figura 2.4. A bolsa é enrolada em volta do braço, à um nível aproximadamente igual ao do coração, a fim de assegurar que as pressões medidas sejam mais próximas às da aorta. A pressão do ar contido na bolsa é aumentada até que o fluxo sangüíneo através das artérias do braço seja bloqueado. A seguir, o ar é gradualmente eliminado da bolsa ao mesmo tempo que se usa um estetoscópio para ouvir a volta das pulsações ao braço (sons Korotkoff). Os primeiros sons ocorrem quando a pressão do ar contido na bolsa se iguala à máxima pressão sangüínea (Pressão Sistólica). Neste instante, o sangue começa a fluir e os sons ouvidos através do estetoscópio são produzidos pelo fluxo sangüíneo na artéria. Assim, a altura da coluna de mercúrio lida corresponde à pressão manométrica sistólica. A medida que o ar é eliminado, a intensidade do som ouvido através do estetoscópio aumenta e logo depois vai diminuindo vagarosamente. A pressão correspondente ao último som audível é a Pressão Diastólica, isto é, a menor pressão sangüínea (OKUNO, 1986). Preparo do paciente para a medida da pressão arterial 1. Explicar o procedimento ao paciente 2. Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente calmo 3. Evitar bexiga cheia 4. Não praticar exercícios físicos 60 a 90 minutos antes 5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos antes 6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado 7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito 8. Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4° espaço intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido 9. Solicitar para que não fale durante a medida Procedimento de medida da pressão arterial 1. Medir a circunferência do braço do paciente 2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço 3. Colocar o manguito sem deixar folgas acima da fossa cubital, cerca de 2 a 3 cm 4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial 5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, desinflar rapidamente e aguardar 1 minuto antes da medida) 6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula do estetoscópio sem compressão excessiva 7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica 8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mmHg por segundo) 9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação 10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff) 11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa 12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero 13. Esperar 1 a 2 minutos antes de novas medidas 14. Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente 15. Anotar os valores e o membro ESFIGMOMANÔMETRO DE MERCÚRIO. 9.2. Esfigmomanômetro aneróide O Esfigmomanômetro Aneróide (Figura 2.5), possui um funcionamento muito simples, e praticamente mecânico. Um pequeno balão sofre deformações quando inflado, sua elevação faz mover um sistema de engrenagens com um ponteiro fixo que marca a pressão. É um dos mais difundidos, suas vantagens são: leves e mais baratos; mais portátil que o esfigmomanômetro de mercúrio; aferição funciona em qualquer posição; alguns modelos são de fácil leitura; existem certas bainhas que podem ser colocadas com uma só mão; alguns pode já vir com estetoscópio ou acoplador para tal; podem apresentar deflação automática para aumentar a exatidão; pino de aferição para identificar a necessidade de ajuste; Apesar das considerações acima, o esfigmomanômetro aneróide tem apresentado grandes problemas e desvantagens : delicado, de mecanismo mais complicado; deve ser calibrado a partir do esfigmomanômetro de mercúrio ao menos uma vez por ano; pode sofrer danos facilmente; requer reparos e reajustes; bulbo pode ser difícil de ser comprimido; pode não trabalhar muito bem com indivíduos que têm a audição comprometida; Contudo, apesar da grande utilização deste aparelho, a maioria vem sendo empregada de forma inadequada, ora pela carência de técnica apropriada, ora pela ausência de uma manutenção adequada. Para avaliar a efetividade destes aparelhos, SPLADING et al. (1996) investigaram 350 esfigmomanômetros. O levantamento revelou que 41,82% possuíam erros sistemáticos maiores que 4 mmHg (valor limite aceito pelo Inmetro segundo autores), 28,18% puderam ser reajustados e 30% foram colocados fora de circulação, pois não obtiveram, após o ajuste, um erro inferior ou igual ao limite aceito. Também observou-se, que 38% possuíam erros de linearidade, 10,9% apresentaram erros de zero e 12,7% de erros de ganho. ESFIGMOMANÔMETRO ANERÓIDE, FUNCIONAMENTO À ESQUERDA E APLICAÇÃO À DIREITA. 9.3. Medidores do tipo eletrônicos/digitais. Devido a enorme variedade destes produtos, não se pode dizer que todos apresentam uma certa característica ou falha especifica, assim sendo, serão citadas as principais vantagens e desvantagens de forma bem generalizada. Vantagens: alguns tem o aferidor e estetoscópio contidos em uma só unidade; requerem pouca destreza manual; fáceis de serem usados; bons para pessoas como pouca audição; geralmente são fáceis de carregar; podem inflar e desinflar automaticamente; mostrador fácil de ser lido; podem vir com indicador de erros; podem medir o pulso e a freqüência cardíaca; Desvantagens: de mecanismo complexo, frágeis e delicados; a exatidão pode ser influenciada pelos movimentos do corpo; devem ser checados e reajustados mais de uma vez por ano; podem ser caros; requer baterias, reparos e reajustes de fabricação; Apesar do elevado número de MPS eletrônicos/digitais disponíveis comercialmente, pouquíssimos trabalhos têm sido feitos para avaliar a efetividade e/ou funcionamento destes aparelhos em condições biológicas (O’BRIEN et al., 1990). Três destes são mais comuns no mercado; os acústicos ou transdutores sonoros (TSD), o oscilométricos e o fotopleitismográfico, que utiliza sensores ópticos. Os medidores de pressão sangüínea indiretos aqui chamados de “acústicos” utilizam um microfone bastante sensível para captar os sons de Korotkoff primeira e quinta fase e fornecer as pressões sistólica e diastólica respectivamente. A maioria deles não é recomendada para pacientes que apresentam hipertensão sistólica isolada ou distúrbios na complacência dos vasos. Estudos indicam que há uma boa correlação, aceita pela American Association for Advancement of Medical Instrumentation (AAMI), entre as leituras obtidas por profissionais treinados e estes aparelhos (PALATINI et al. 1994). Os aparelhos chamados oscilométricos atuam de forma semelhante ao do esfigmomanômetro, sendo composto de uma bainha que envolve o braço e um mecanismo para inflar e desinflar automaticamente. O aparelho conta com sistema eletrônico que mede o sinal das oscilações da pressão exercida pela parede dos vasos na bainha, e este sinal é processado por um conjunto de algorítimos fornecendo as pressões sistólicas e diastólicas além da freqüência cardíaca e outros parâmetros (KIM-GAU, 1996). KAUFMANN et al. (1996) verificaram a correlação entre equipamentos de mesma marca e de marcas diferentes. Segundo autores, as concordâncias entre esses equipamentos são aceitáveis de acordo com normas da AAMI. RITHALIA et al. (1994) estudaram a correlação entre os aparelhos oscilométricos e a pressão intra-arterial. Foi obtida uma correlação de r = 0,99 para pressão sistólica, 0,97 para pressão diastólica e 0,99 para freqüência cardíaca. Entretanto, lembram que todo cuidado deve ser tomado para que o braço do paciente permaneça estacionário, pois pequenos movimentos podem provocar falsas leituras (RITHALIA et al., 1994). Um aparelho do tipo oscilométrico pode ser visto na Figura 2.6. Invasivos Quanto aos MPS invasivos, é muito difícil classificá-los do mesmo modo que os não-invasivos, pois os aparelhos que fazem a medida da pressão sangüínea de forma invasiva fazem também a de diversos outros parâmetros como pH, pressão de CO2 (PCO2), pressão de O2 (PO2), temperatura, etc. Tal fato parece bastante coerente quando se leva em conta os riscos que o paciente corre quando se faz medidas invasivas apenas para se obter poucas informações. FIGURA – MEDIDOR DE PRESSÃO SANGÜÍNEA DO TIPO OSCILOMÉTRICO. Diferente dos MPS convencionais, os medidores eletrônicos/digital fotopletismográficos medem a pressão na artéria digital, por isso apresenta certas vantagens como a bainha sendo menor é mais fácil de ser inflada e menos desconfortável. Utilizando um detector óptico, o aparelho é capaz de captar as variações do volume sangüíneo que ocorrem durante a deflação da bainha. Isso faz com que o pulsar sangüíneo na falange distal altere a absorção dos raios infravermelhos (IV) no sensor óptico (SANTIC et al., 1995) (Figura 2.7). Um exemplo de medidor de pressão fotopletismográfico eletrônico/digital pode ser visto na Figura 2.8. ` FIGURA – ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DO SENSOR DE PRESSÃO DO TIPO FOTOPLETISMOGRÁFICO Como é de se esperar, estes aparelhos são precisos em sua maioria, porém, utilizam um líquido de interface (geralmente soro fisiológico heparinizado) entre o sangue e o elemento sensor. Este líquido apresenta certa complacência além de sofrer ação do atrito ao percorrer o cateter, reduzindo o verdadeiro valor da pressão. Além disso, a presença de microbolhas de ar no líquido funciona como filtro passa-baixas (SYKES et al., 1991). Isso seria evitado se o sensor estivesse em contato físico direto com o sangue, no entanto, existem certos obstáculos, como riscos de infecção, rejeição, tamanho do sensor e choque elétricos. Existem basicamente três tipos de sensores para medir pressão sangüínea direta por efeitos elétricos: resistivos, capacitivos e indutivos (GUYTON, 1993). Na Figura 2.10 A uma placa metálica é colocada a alguns milésimos de centímetros acima de uma membrana. Quando a membrana movese para fora, a capacitância aumenta entre a placa e a membrana e vice-versa. Essa alteração pode ser registrada por meios eletrônicos. Na Figura 2.10 B, uma pequena peça de ferro repousa sobre a membrana, que pode ser deslocada para cima no interior de uma bobina. O movimento da peça metálica altera a indutância da bobina, o que também é registrado eletronicamente. Finalmente, na Figura 2.10 C, uma resistência muito delgada é conectada à membrana. Quando esse filamento é esticado ainda mais, ocorre um aumento na resistência, e quando comprimido, diminui. Essa alteração pode ser medida mais uma vez, eletronicamente. transdutor Figura – Medidor de pressão fotopletismográfico eletrônico/digital FIGURA 2.10 – TIPOS DE SENSORES DE MPS DIRETA, A) CAPACITIVO B) INDUTIVO C) RESISTIVO. Como vantagem dos MPS direta sobre os medidores de forma indireta pode citar: Apresentação de um sinal contínuo no tempo, promovendo um número maior de informações; Medidas mais precisas; Podem ser utilizados juntamente com outros sensores para obter outros parâmetros; Como desvantagens: Apresenta uma técnica de difícil aplicação; Geralmente requer um meio líquido de interface, o que pode permitir a infusão de bolhas de ar na corrente sangüínea causando riscos ao paciente; Aumenta os riscos de infecções; Susceptibilidade a interferências eletromagnéticas e radiofreqüência. 2º. Fluxo (vazão) variação de volume sobre variação de tempo. 10. Movimento e Propriedade dos líquidos 10.1. Q Fluxo Comumente as pessoas têm dificuldades em entender a diferença entre velocidade e fluxo (vazão). Antes de fazer essa diferenciação, é preciso rever alguns conceitos: Escoamento permanente: se a velocidade do fluído for constante em relação ao tempo, ou seja, se todos os elementos infinitesimais de V do fluído que passarem por um determinado ponto O1 tiver sempre a mesma velocidade (ver figura 01). Líquido incompressível: se sua densidade não varia ao longo do fluxo, caso contrário ele é compressível. Fluído ideal: se o fluído for incompressível e não apresentar resistência ao movimento. O2 O1 V 3 m /s ou l /s t Uma vez feita essas observações, veja a figura a seguir. Observe a partícula na posição x1 no instante t1. Note que após t ela se encontra na posição x2 no instante t2 percorrendo x. Portanto a velocidade da partícula será: v = x /t Isso é diferente de fluxo porque diz respeito unicamente à partícula desenhada. Agora imagine que o tubo esteja cheio dessas partículas e que todas o percorrem com velocidades constantes. Haverá então um fluxo (vazão) Q que é dado por: Q = V / t Note que V quer dizer volume e não velocidade e que pode ser dado pelo produto da área da base A pela altura x (coloque o tubo na vertical para ver isso). v2 R V = A. x v1 então A Q V A.x t t Como x/t é igual a velocidade v temos que: Q = A.v , ou seja, a área vezes a velocidade da partícula. Note que nesse caso consideramos todas as partículas caminhando uniformemente a uma mesma velocidade. A R x1 t1 x 10.2. TEOREMA DE BERNOULLI x2 t2 Agora, veja um esquema mais complexo. Fig. 01 – Escoamento Permanente. 1º. Velocidade é variação da posição de um móvel sobre variação do tempo. v x m/s t Se o fluído for ideal e o escoamento permanente, o fluxo será constante ao longo do tubo, pois não haverá perda de fluído. Então temos Q1 = Q2, ou seja, A1.v1 = A2.v2. Sendo A2 menor que A1, quanto mais estreito for o tubo mais rápido o fluído escorrerá. Uma vez que as partículas estão em movimento, apresentam uma energia cinética. Ec = ½ m.v2, entretanto, não é de interesse medir essa energia de uma massa como um todo, mas sim, de uma relação massa/volume, ou seja, densidade. mv 2 Ec mv 2 Ec v 2 Ec 2 V V2 V 2 Como os tubos encontram-se desnivelados, existe também, uma energia potencial gravitacional. Epg = m.g.h que também é de interesse na relação massa/volume. Ep g m.g.h Ep g V Ep g m.g.h .g.h V V Também, existe o trabalho realizado sobre o líquido (força x deslocamento) que pode ser medido na relação massa/volume da seguinte maneira. T F .x T F .x T F .x F P V V V A.x A Então, temos 3 formas diferentes de energia agindo sobre o fluído que podem promover o escoamento. A energia cinética, a energia potencial e a pressão. Pela teoria da conservação da energia, nada se perde dentro do tubo, apenas há transformação de uma energia em outra. Então temos. Ec1 + Epg1 + P1 = Ec2 + Epg2 + P2 1 2 1 v1 .g.h1 P1 v 22 .g.h2 P2 2 2 10.3. P1 A1 v1 x1 A2 v2 P2 x2 h1 h2 10.4. b) Lei de Poiseulle Quando os Fisiologistas colocam que a velocidade do sangue é diretamente proporcional à quarta potência do raio ele está se referindo à lei de Poiseulle que diz: V(r) = C.(R2 – r2). Para entender essa lei, temos que nos livrar da condição estabelecida anteriormente que acredita que o escoamento é perfeito e que não existe resistência da parede dos vasos sobre o líquido. Isso ocorre sim e no vaso sanguíneo não é diferente. Observe o esquema da figura a seguir. Existem 3 partículas P1, P2 e P3. Todas estão no mesmo instante t1 no mesmo plano porem, distantes r n do eixo central do vaso. Mesmo que o fluxo seja constante, essas partículas, em condições reais, vão apresentar velocidades diferentes. Quanto mais se aproximam das paredes, menor será a velocidade que eles apresentam, pois existe maior resistência enquanto que a medida que se afastam das paredes a resistência é menor. Logo encontrar sua maior velocidade no centro. Acompanhe isso na lei acima. Quando é necessário fazer um estudo levandose em conta todo o sangue sem pensar nas partículas ou hemácias, faz-se uma média das velocidades e trabalha-se como se todas as partículas andassem a essa velocidade. Mas quando se quer estudar o movimento das partículas do sangue em um único vaso, levamos em consideração a Leis de Poiseulle. P3 r3 R P2 r2 r1 A P1