foto: dreamstime.com Tecnologia O futuro estáaqui PorEvanildoSilveira AnovatecnologiadeetiquetasRFIDprometemaiorcontrole de insumos, rastreamento de medicamentos e de pessoas, alémdeagilidadeediminuiçãodedesperdícios.Masaindahá barreirasasuperar E quipe mais eficiente, menor tempo para a localização de macas, cadeiras de rodas e outros equipamentos, monitoramento da temperatura de geladeiras e câmeras frigoríficas, controle de estoque e mais segurança para o paciente. Essas são algumas das vantagens da adoção de etiquetas RFID (do inglês Radio Frequency Identification) ou identificação por radiofrequência, na gestão de hospitais. Um sistema de RFID básico é composto por um transponder, um transceptor (com decodificador) e uma antena. O primeiro nada mais é do que a própria 58 Melh res Práticas etiqueta ou tag, com um chip programado com as informações que se deseja. Ele pode ser fixado em pessoas, animais, equipamentos, embalagens, roupas ou produtos, por exemplo. O transceptor, por sua vez, é o responsável pelo controle da aquisição de dados e comunicação do sistema. Por fim, a antena emite sinais de rádio para ativar o tag e leitura de dados. Ela pode ter várias formas e tamanhos e ser instalada em locais como portas, para captar os dados de pessoas ou objetos identificados com as etiquetas que passam por ela. Nos hospitais, esse sistema pode ser usado para o controle de medicamentos, informando ao farmacêutico quando uma medicação saiu da farmácia, quando chegou ao paciente e quem o está ministrando. Na lavanderia, para o controle de enxovais, aventais e macacões cirúrgicos. As etiquetas RFID permitem a rastreabilidade de pacientes, recém-nascidos e visitantes, identificando sua movimentação em áreas permitidas e não permitidas. Servem ainda para evitar furtos de produtos e equipamentos. No Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), a tecnologia é utilizada há dois anos de diversas formas. Para controle de equipamentos móveis, como bombas de infusão, possibilitando que sua localização, movimentação e condições de uso sejam conhecidas a qualquer momento. O sistema avisa quando as bombas estão sendo higienizadas ou estão em manutenção. As etiquetas também são empregadas para controle da temperatura de geladeiras e câmaras frigoríficas, que requerem um rigoroso controle de armazenagem, com diferentes temperaturas, exigindo verificações várias vezes ao dia. “Antes da adoção das etiquetas RFID, esse trabalho era feito pessoalmente, o que o tornava mais demorado e sujeito a erros”, diz Carlos Oyama, diretor de Suprimentos do HIAE. Com a adoção da tecnologia RFID, as temperaturas são medidas constantemente e estão diretamente ligadas a um computador que gerencia o sistema. Se houver alguma alteração, o sistema envia alertas instantâneos aos gestores. Para Oyama, os resultados da adoção da tecnologia RFID são positivos, pois, segundo ele, tornou a gestão mais eficiente e diminuiu os prejuízo por mau funcionamento dos equipamentos ou erros em sua operação. “O fato de identificar a localização das bombas de infusão facilita sua vigilância e manutenção preventiva”, diz. “No caso do controle de temperatura, exercemos a vigilância e monitoramento on-line, garantindo a integridade dos produtos controlados.” O HIAE não informou o investimento necessário para implantação da tecnologia, mas afirma que o retorno é certo. “As aplicações reduzem desperdício “Todos os hospitais do mundo vão instalar a etiqueta RFID, porque ela vai substituir até certo ponto o código de barras. A questão é tempo” de tempo para localização dos ativos e de custo de mão de obra, além de perda de material estocado”, diz Oyama. “A identificação por radiofrequência será largamente utilizada na identificação de produtos em alta velocidade, evitando a leitura direta de etiquetas como é feita atualmente com as de identificação de códigos de barras”, prevê Oyama. “Ela certamente trará benefícios de acuracidade e produtividade, permitindo a identificação e rastreabilidade dos produtos utilizados ou comercializados, o que será muito útil para os hospitais”, conclui o diretor de suprimentos do HIAE. meRCaDo aQueCiDo O interesse de hospitais na nova tecnologia está crescendo. Já existem várias empresas que desenvolvem pacotes específicos para instituições de saúde, como uma empresa de Santo André, região metropolitana de São Paulo. “Temos um pacote composto por servidor, software, leitores, antenas, tags e opções de configuração para várias aplicações”, explica o diretor da empresa Robson Ribeiro Arantes. De acordo com ele, trata-se de um sistema de rastreabilidade que utiliza etiquetas de RFID, inseridas em crachás de acesso de funcionários, pacientes e visitantes, em equipamentos como notebooks e computadores ou em documentos, caixas e páletes, por exemplo. O controle é feito com leitores de 10 metros de alcance, instalados em vários ambientes. “É possível monitorar equipamentos e aparelhagem médica, poupando recursos Melh res Práticas 59 “A identificação por radiofrequência será largamente utilizada na identificação de produtos em alta velocidade, evitando a leitura direta de etiquetas como é feita atualmente com as de identificação de códigos de barras” foto: dreamstime.com humanos empenhados em sua localização, o que desvia a atenção da equipe no atendimento direto ao paciente”, diz. Além disso, o produto facilita a identificação e controle de pessoal, tanto da equipe quanto de pacientes, com o objetivo de aumentar a segurança e reduzir as chances de erros em procedimentos. “Nosso sistema possibilita também a realização de inventário instantâneo do patrimônio do hospital (vigilância automática de bens) e de relatório de tempo de funcionários em cada seção”, diz o diretor. Outra empresa, situada em São Bernardo do Campo, desenvolveu um sistema para o Instituto Data Rio (IDR), uma instituição sem fins lucrativos que administra Unidades de Pronto Atendimento (UPA), do serviço de saúde pública do Rio de Janeiro. “A empresa desenvolveu um sistema para a UPA da cidade de Mesquita, que permite o controle patrimonial, o rastreamento de equipamentos de limpeza e o controle de medicamentos”, conta o diretor João Ricardo Tinoco. “Com o objetivo de reduzir a infecção hospitalar, jalecos e lençóis receberam chips RFID e, futuramente, artigos de limpeza também serão monitorados, assim como remédios e seringas”, explica Paulo Jarbas, gerente de Comunicação de uma empresa concorrente. Desde o início da utilização das etiquetas, foi observada redução na taxa de infecção hospitalar. “Embora ainda não se saiba de quanto foi esta redução, a expectativa é que seja em torno de 15%”, afirma Jarbas. exemPloS De aPliCaçõeS De etiQuetaS RfiD Na uPa De meSQuita (RJ) 1. MELHORAR CONTROLE LOGÍSTICO E SEGURANÇA 2. MELHORAR CONTROLE PATRIMONIAL NA LIBERAÇÃO DE MEDICAMENTOS • Bens a serem monitorados recebem tag RFID, vinculando cada um ao sistema de controle patrimonial. • Os medicamentos recebem uma tag RFID. • A prescrição eletrônica chega à farmácia e o sistema informa os medicamentos prescritos, local de armazenagem e se a quantidade é suficiente para o atendimento. • O farmacêutico realiza a identificação e informa qual prescrição será atendida. O sistema não libera o acesso aos armários que não possuírem a medicação prescrita. • Após a retirada do medicamento, o leitor RFID realiza a contagem de estoque e confere a quantidade retirada com a que foi prescrita. Caso haja diferença, o aparelho informa ao farmacêutico e envia um SMS e um e-mail para os responsáveis cadastrados. 60 Melh res Práticas • Quando algo é removido, os leitores instalados nas portas das unidades detectam a tag e realizam a consulta ao banco de dados do sistema de patrimônio. • Se o item estiver com o status de “liberado”, o leitor aciona a lâmpada verde sinalizando a liberação do item. Caso contrário, o leitor aciona a lâmpada vermelha e o alarme, informando ao vigilante que o item não tem autorização para sair. *Fonte:http://brasil.rfidjournal.com/perguntas_frequentes etQiuetaS RfiD e CÓDigo De baRRaS. o Que é melHoR?* Etiqueta RFID não é necessariamente “melhor” do que o código de barras. São tecnologias diferentes com diferentes aplicações que às vezes se sobrepõem. A grande diferença é que o código de barras é uma tecnologia de linha de visão, ou seja, é preciso orientá-lo em direção a um leitor para que seja lido. A identificação por radiofrequência (RFID), por sua vez, dispensa a linha de baRReiRaS a SuPeRaR Norma Gen 2, EPC Gen 2 ou EPC C1G2 são abreviações de Electronic Product Code Class 1 Generation 2 ou Códigos de Produtos Eletrônicos Geração 2 Classe 1. Ele substitui o Universal Product Code (UPC) ou Código Universal do Produto, o antigo código de barras, criado em 1963 e ainda usado nos rótulos de mercadorias, mas já considerado ultrapassado. As vantagens parecem ótimas, mas, além do investimento inicial, ainda existem algumas barreiras para adoção das etiquetas em larga escala. Segundo Arantes, a tecnologia é uma tendência. “Todos os hospitais do mundo vão instalar a etiqueta RFID, porque ela vai substituir até certo ponto o código de barras. A questão é tempo – o código de barras demorou 20 anos para chegar aos supermercados”. Entre os desafios, estão as padronizações, desenvolvimento de fornecedores e prestadores de serviços de instalação e manutenção da tecnologia. “Acredito que a maior dificuldade seja a questão da prestação de serviço”, diz Arantes. “O Brasil está criando o brasil-id, um padrão que vai virar lei e todo produto no País vai precisar de uma etiqueta RFID. Hoje temos 50 empresas de grande porte fazendo os teste de larga escala em conjunto com o governo”, finaliza. Para Paulo Jarbas, toda mudança traz prós e contras. “Quando se implanta um sistema como esse, existe uma resistência visão – os tags podem ser lidos desde que estejam dentro do alcance do leitor. Uma desvantagem do código de barras é a dificuldade de digitalizar um item individualmente quando o rótulo está rasgado, sujo ou ausente. Contudo, é improvável que no curto prazo a tecnologia RFID substitua completamente o código de barras, barato e eficaz para diversas aplicações. “As aplicações reduzem desperdício de tempo para localização dos ativos e de custo de mão de obra, além de perda de material estocado” natural das pessoas, pois ocorrem mudanças de processos. Por isso é fundamental um cuidado especial com a gestão de mudanças e recursos humanos. O trabalho de treinamento da equipe e o envolvimento da alta administração são fatores críticos de sucesso”, diz. Carlos Oyama, do HIAE, considera a tecnologia promissora, mas em processo de maturação. “Ela não é utilizada em todos os setores, pois ainda não é infalível. Em aplicações em que há muita interferência com metais e sinais elétricos, podem haver falhas na leitura, e determinadas falhas não são toleráveis, como no centro cirúrgico”, explica. “Outra questão está relacionada ao custo de implantação pelos fabricantes de insumos, pois a medida que o produto tiver um menor valor, mais relevante se torna o custo da etiqueta. A miniaturização do produto é outra dificuldade, pois as restrições físicas podem dificultar a introdução de RFID”. MP Políticaeditorial:Zelandopelaimparcialidadedoconteúdoeditorial,osnomesdasempresasquefornecemprodutosparahospitaisnãosãomencionados nostextos,excetuando-seoscasosemqueaomissãopossacomprometeroentendimentodoleitor.Oscontatosdaempresaentrevistadapoderãoser obtidoscomaredaçãodarevista. Melh res Práticas 61